Você está na página 1de 10

Monitor: Cosme Nogueira

Aula 6: Células do Sangue


O sangue está contido em um compartimento fechado, o aparelho circulatório, que o mantém em
movimento regular e unidirecional pelas contrações rítmicas. Ele é formado pelo plasma (parte
líquida) e glóbulos sanguíneos (eritrócitos ou hemácias, as plaquetas (fragmentos do citoplasma
dos megacariócitos da medula óssea) e vários tipos de leucócitos.

Quando o sangue é colhido por punção nervosa e tratado por anticoagulantes como a heparina e
centrifugado, identifica-se várias camadas. O plasma é amarelado e translúcido. A camada inferior
são os eritrócitos, cor vermelha. A camada do meio são os leucócitos com cor acizentada. Por cima
tem as plaquetas. O hematócrito permite estimar o volume de sangue em relação ao sangue total.

O sangue é um meio de transporte. Os leucócitos desempenham várias funções de defesa e é uma


das primeiras barreiras contra a infecção, percorrem constantemente o corpo, atravessam por
diapedese a parede das vênulas e capilares e concentram-se rapidamente nos tecidos atacados
por microrganismos, onde desempenham suas funções defensivas. Diapedese é a saída ativa de
leucócitos para fora do sistema circulatório, por movimentos ameboides. O sangue transporta
O2 ligado a hemoglobina dos eritrócitos e o CO2 ligado a hemoglobina e a outras proteínas ou
dissolvidos no plasma. O plasma também transporta nutrientes e metabólitos dos locais de
absorção ou síntese. Transporta escórias para serem removidos pelos órgãos excretores.
Transporta hormônios e de troca de mensagens químicas entre órgãos, além de papel regulador.

- Transporta oxigênio.
- Hormônios
- Papel regulador na distribuição de calor, no equilíbrio do PH e no equilíbrio osmótico dos tecidos.

Composição do Plasma

É uma solução aquosa que contém componentes de pequeno e de elevado peso molecular (10%).
As proteínas plasmáticas – albuminas (alfa, beta e gamaglobulinas), as lipoproteínas e as proteínas
que participam da coagulação do sangue (protrombina e fibrinogênio) - (7%) e os sais orgânicos
(0,9%) e o restante é componentes orgânicos, aminoácidos, vitaminas, hormônios e glicose.

Os componentes de peso molecular estão em equilíbrio no plasma com o líquido intersticial dos
tecidos, devido as paredes dos capilares e das vênulas.

A albumina faz o papel de manutenção da pressão osmótica, sintetizada no fígado. As


gamaglobulinas são anticorpos (imunoglobulinas). A coagulação, além das plaquetas, depende de
16 proteínas plasmáticas e algumas enzimas e cofatores enzimáticos envolvidos na formação do
coágulo. Além disso, as enzimas plasmáticas responsáveis pela destruição do coágulo são também
responsáveis pela restauração dos vasos.

Coloração das células

Para o estudo das células do sangue é feito o esfregaço, que são corados com misturas especiais –
Eosina (corante ácido – cor rosa), azul-de-metileno (corante básico – azul) e azures (azurófilas –
cor púrpura).
Eritrócitos

São anucleadas e contém grande quantidade de hemoglobina, proteína transportadora de O2. Não
saem do sistema circulatório, como os leucócitos, permanecem sempre nos vasos. Tem forma de
disco bicôncavo e isso aumenta a superfície de contato que facilita as trocas de gases. São flexíveis
e passam pelas bifurcações dos capilares mais finos, onde sofrem deformações temporárias, mas
não se rompem. A proteína hemoglobina é básica, logo são acidófilos e se coram por eosina. A
forma bicôncava é mantida por proteínas do citoesqueleto e ligadas à membrana da hemácia,
como espectrina, anquirina, actina, proteína 4.1 e banda 3. As anormalidades dessas proteínas
levam a formação de eritrócitos deformados como esferocitose e eliptocitose hereditária.
Eritrócitos usam a energia derivada da glicose, sendo 90% degradados pela via anaeróbica
(lactato) e 10% pela via pentose-fosfato.

Quando saem da medula óssea, saem como eritrócitos imaturos (reticulócitos) com certa
quantidade de ribossomos e quando corados, devido ao RNA, eles ficam basófilos, corados em
azul. A hemoglobina (proteína conjugada com ferro) é formada por 4 subunidades, cada uma
contendo um grupo heme ligado a um polipeptídio. O grupo heme é um derivado porfirínico
contendo Fe². Existem 3 hemoglobinas normais devido a variações nas cadeias polipeptídicas (A1,
A2 e F).

A Hb A1 (97%) e a Hemoglobina A2 (2%) no adulto normal. A F é a hemoglobina fetal. Quando é


apenas o feto, a hemoglobina F é 100% e vai reduzindo progressivamente até ficar 1% no adulto.
Ela é avida pelo oxigênio, já que o feto não tem contato com o ar.

Nos pulmões, onde a pressão de O2 é alta, cada molécula de hemoglobina se combina com 4
moléculas de O2, uma para cada Fe, formando a oxi-hemoglobina. O oxigênio é transferido para
os tecidos e a pressão de O2 baixa.

A combinação com o CO2 é chamada de carbamino-hemoglobina que é facilmente reversível nos


pulmões, mas a maior parte é transportada dos tecidos para os pulmões, dissolvida no plasma.

Durante a maturação na medula óssea, o eritrócito perde o núcleo e as outras organelas, não
podendo renovar suas moléculas. Ao cabo de 120 dias, as enzimas já estão em nível crítico, o
rendimento dos ciclos metabólicos geradores de energia é insuficiente e o corpúsculo é digerido
pelos macrófagos, principalmente no baço.

Leucócitos

São incolores, de forma esférica quando em suspensão no sangue e tem a função de proteger o
organismo contra infecções. São produzidos na medula óssea ou em tecidos linfoides e ficam no
sangue, até irem para os tecidos. Classificados em granulócitos e agranulócitos.

Granulócitos têm núcleo de forma irregular e mostram no citoplasma grânulos específicos


envoltos por membrana no microscópio, como: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Além desses
grânulos, possuem alguns corados em púrpura que são os lisossomos.
Agranulócitos – forma mais regular e o citoplasma não possui grânulos específicos. São os
linfócitos e os monócitos.

Constantemente os leucócitos deixam os capilares e vênulas por diapedese, passando pelas


células endotelias e morrendo no tecido conjuntivo, por apoptose. Os restos celulares são
removidos pelos macrófagos, sem desencadear resposta inflamatória. Quando os tecidos são
invadidos por microrganismos, os leucócitos são atraídos por quimiotaxia, algumas substancias
dos tecidos, do plasma e dos microrganismos provocam essa resposta migratória dos leucócitos
para o local de maior concentração dos agentes quimiotáticos. O aumento de leucócitos
leucocitose e leucopenia à diminuição do número de leucócitos no sangue. A contagem de
leucócitos pode indicar doenças existentes, como a análise morfológica do núcleo e citoplasma
dos leucócitos.

Neutrófilos ou Polimorfonucleares

Têm núcleos formados por 2 ou 5 lóbulos (comum 3), ligados entre si por finas pontes de
cromatina. A célula mais jovem possui núcleo em forma de bastonete curvo e não segmentado. No
sexo feminino, aparece um pequeno apêndice com forma de raquete. Ela contém a cromatina
sexual, constituída por um cromossomo X heterocromático que não transcreve genes. No
citoplasma apresenta grânulos específicos e azurófilos. Os lisossomos contêm proteínas e
peptídeos destinados à digestão e morte de microrganismos e os grânulos específicos (maiores e
eletro densos) além das enzimas, possuem também componentes para reposição de membrana e
auxiliam na proteção da célula contra agentes oxidantes. Elas possuem uma matriz rica em
proteoglicanos sulfatados, importantes para manter o grânulo em estado quiescente.

Célula em estágio final de diferenciação, realizando uma síntese proteica muito limitada. Poucos
perfis do retículo endoplasmático rugoso, raros ribossomos livres, poucas mitocôndrias e aparelho
de Golgi rudimentar.

Eosinófilos

Menores que os neutrófilos, com 1-3% do total de leucócitos. Com o mesmo tamanho dos
neutrófilos. Seu núcleo em geral é bilobulado. Nele, o retículo endoplasmático, as mitocôndrias e
o aparelho de Golgi são pouco desenvolvidos. Principal característica é a presença de granulações
que se coram pela eosina (acidófilas).

Paralelo ao eixo maior do grânulo encontra-se um cristaloide ou internum alongado, eletron-


denso. Que contêm a proteína arginina, básica, responsável pela acidofilia. A camada que envolve
o internum é o externum ou matriz e é rica em proteína catiônica eosinofílica, peroxidase
eosinofílica e neurotoxina derivada de eosinófilos. A proteína catiônica e a neurotoxina são
ribonucleases, com atividade antiviral e promove o aparecimento de poros nas células alvo (ação
citotóxica), induz a desgranulação de mastócitos e basófilos e modula negativamente a atividade
linfocitária. A peroxidase está envolvida na geração de espécies reativas de oxigênio, mecanismo
de defesa. Elas podem acabar promovendo danos teciduais quando liberadas. Os eosinófilos
liberam citocinas também e mediadores inflamatórios lipídicos que exarcebam a resposta
inflamatória. Além de apresentarem antígenos para os linfócitos.

Basófilos
Núcleo volumoso, com forma retorcida e irregular, com aspecto da letra S. Os granulócitos são
mais eletro-densos que acabam obscurecendo o núcleo. Contêm filamentos ou partículas
alongadas. São encontrados em pouca quantidade no sangue. São metacromáticos como os
mastócitos. Contêm histamina, fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos, e heparina,
que é responsável pela metacromasia do grânulo. Possuem receptores para a imunoglobina E (IgE)
na membrana. Promovem a liberação dos grânulos a partir dos estímulos que promovem a
expulsão dos grânulos dos mastócitos. Mastócitos e Basófilos se originam de precursores
diferentes na medula óssea. Os basófilos também secretam citocinas (IL-4, IL-13) e leucotrienos,
que são mediadores inflamatórios.

Linfócitos

Responsáveis pela defesa imunológica do organismo. Reconhecem moléculas estranhas presentes


em diferentes agentes infecciosos, combatendo-as por meio de resposta humoral (produção de
imunoglobulinas) e resposta citotóxica mediada por células. Os núcleos são bem escuros, devido a
cromatina disposta em grumos.

O citoplasma é pequeno e apresenta nos esfregaços como um anel delgado em volta do núcleo.
Pode conter grânulos azurófilos, como nos monócitos e granulócitos. A duração da vida pode
variar de dias até anos. Elas podem ser B e T, com diversos subtipos. Os linfócitos podem voltar
dos tecidos para o sangue, recirculando continuamente.

Monócitos

Tem núcleo ovóide, em forma de rim ou de fechadura. O arranjo da cromatina é pouco denso, o
que leva a ser mais claro o núcleo. Além de conter de dois ou três nucléolos. O citoplasma do
monócito é basófilo e contém grânulos azurófilos (lisossomos) muito finos, que podem preencher
o citoplasma todo e aparentar ser cinzento. Possuem pequena quantidade de ribossomos e RER
pouco desenvolvimentos. Há muitas pequenas mitocôndrias e o aparelho de Golgi é grande,
participando da formação dos grânulos azurófilos. A superfície celular mostra muitas micro
vilosidades e vesículas de pinocitose.

Os monócitos representam uma fase na maturação da célula mononuclear fagocitária originada na


medula óssea. Elas passam para o sangue e ficam por alguns dias para depois atravessarem por
diapedese e transformam em macrófagos. Eles fazem parte do sistema mononuclear fagocitário
ou sistema histiocitário.

Plaquetas

Corpúsculos anucleados, com forma de disco derivados de células gigantes e poliploides da


medula óssea, os megacariócitos. Elas promovem a coagulação do sangue e auxiliam a reparação
da parede dos vasos sanguíneos, evitando perda de sangue. Permanecem no sangue por 10 dias.
Nos esfregaços aparecem em grupos aglutinados. Apresentam uma parte transpartente
(hialômero) o qual contém grânulos corados em púrpura que constituem o cromômero. Possuem
um sistema de canais, o sistema canalicular aberto, que se comunica com invaginações da
membrana plasmática da plaqueta. Importante, pois facilita a liberação de moléculas ativas que
são armazenadas nas plaquetas. Os microtúbulos mantém as formas ovoides das plaquetas. O
hialômero contém microfilamentos de actina e moléculas de miosina responsáveis pela formação
de filopódios (prolongamentos finos) e pela contração das plaquetas. Possuem uma camada
externamente formada por glicoproteínas e glicosaminoglicanos para a adesividade das plaquetas.
O granulômetro, mais escuro, possui uma variedade de grânulos delimitados por membrana,
algumas mitocôndrias e inclusões de glicogênio. Os grânulos delta armazenam ADP e ATP e
serotonina retirada do plasma sanguíneo. Os grânulos alfa são maiores contêm fibrinogênios e
fator de crescimento plaquetário, que estimula as mitoses no músculo liso dos vasos sanguíneos e
a cicatrização das feridas. Os grânulos menores (grânulos Lambda) são lisossomos carregados com
as enzimas usuais dessas organelas.

Anemias – Caracterizada pela baixa concentração de hemoglobina no sangue, ou pela presença de


hemoglobina não funcional, o que resulta em oxigenação reduzida para os tecidos. As anemias
podem ser causadas por hemorragia, produção insuficiente de eritrócitos pela medula óssea,
produção de eritrócitos com pouca hemoglobina e destruição por eritrócitos.

Eritrócitos normais são chamados macrócitos, enquanto as menores são denominadas micrócitos.
O aumento na concentração de eritrócitos é chamado de eritrocitose ou policitemia.

Carbo-hemoglobina é a reação com o monóxido de Carbono (CO). Agentes oxidantes, como os


nitritos, podem transformar o Fe² da hemoglobina em Fe³, formando a meta-hemoglobina,
composto que não tem afinidade pelo oxigênio.

Neutrófilos
Constituem a primeira linha de defesa do organismo, fagocitando, matando e digerindo bactérias
e fungos. O aumento de neutrófilos é neutrofilia e pode indicar uma infecção bacteriana, pode
estar associada ao estresse, exercício físico intenso ou ingestão de certos medicamentos.
Enquanto estão no sangue circulante são esféricos e não fagocitam, mas se tornam ameboides e
fagocitários tão longo encontrem um substrato sólido sobre o qual possam emitir pseudópodos.

O antígeno é rodeado e ocupa um vacúolo e logo a seguir, os grânulos específicos situados nas
proximidades fundem suas membranas com a dos fagossomos e esvaziam seu conteúdo no
interior destes. Em seguida os grânulos azurófilos descarregam suas enzimas no fagossomo, onde
matam e digerem os microorganismos. O ph ácido gerado pelas bombas de prótons localizados na
membrana matam as bactérias. Durante a fagocitose, há um aumento brusco e acentuado no
consumo de oxigênio, devido a produção de hidrogênio (peróxido de oxigênio) e o superóxido.
Algumas enzimas atacam as paredes das bactérias, a lactoferrina é ávida por ferro e nutre a
bactéria. Quando a bactéria não é morta e nem todos os neutrófilos sobrevivem à ação
bacteriana, pode aparecer um liquido viscoso, com neutrófilos mortos, o pus.

Eusinófilos
Fagocitam e digerem complexos de antígenos com anticorpos que aparecem em casos de alergia,
como a asma. Esses granulócitos são atraídos para as áreas de inflamação alérgica pela histamina,
produzida pelos basófilos e mastócitos. Lá, promovem a desgranulação nestas células e liberam
mediadores inflamatórios. Não são células especializadas para a fagocitose de microrganismos.
Sua atividade defensiva é realizada pela liberação seletiva do conteúdo de seus grânulos para o
meio extracelular e pela fagocitose e destruição de complexos antígeno-anticorpo.
Plaquetas
Quando a parede do vaso é lesada, inicia-se o processo de hemostasia (impedir a perda do
sangue), promovendo a coagulação do sangue. Fases da plaqueta:
- Agregação Primária – Descontinuidades do endotélio produzidas por lesão vascular são seguidas
pela absorção de proteínas do plasma sobre o colágeno adjacente. As plaquetas também aderem
ao colágeno, formando um tampão plaquetário.
- Agregação Secundária – As plaquetas do tampão liberam ADP, que é um potente indutor da
agregação plaquetária, fazendo aumentar o número de plaquetas do tampão.
- Coagulação do Sangue – Fatores do plasma + cerca de 13 proteínas dão origem a fibrina e
formam uma rede fibrosa tridimensional, que aprisiona eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Forma-
se assim o coágulo sanguíneo, mais consistente e firme do que o tampão plaquetário.
- Retração do Coágulo – O coágulo faz grande saliência para o interior dos vasos, mas logo se
contrai.
- Remoção do coágulo –

Hemocitopoese

É o processo contínuo e regulado de produção de células do sangue, que envolve renovação,


proliferação, diferenciação e maturação celular. As células do sangue são renovadas pela
proliferação mitótica de células localizadas nos órgãos hemocitopoéticos.
As primeiras células sanguíneas do embrião surgem (ao redor do 19º dia de gestação), no
mesoderma do saco vitelino. Esta fase é a mesoblástica, caracterizada pelo desenvolvimento de
eritoblastos primitivos e ocorre no interior de vasos sanguíneos em desenvolvimento. O fígado
também faz papel de órgão hemocitopoético, ele desenvolve eritoblastos, granulócitos e
monócitos; as primeiras células linfoides e megacariócitos aparecem. A hemocitopoese é muito
importante durante a vida fetal, com um pico de atividade entre 3-4 meses de gestação. Outros
órgãos como o baço, timo e linfonodotos contribuem para a hemocitopoese, na produção de
linfócitos.

No segundo mês de vida, a clavícula começa a se ossificar e começa a formação de medula óssea
vermelha, dando início a fase medular da hemocitopoese. Na vida pós natal, os eritrócitos,
granulócitos, linfócitos, monócitos e plaquetas se origem de células troncos da medula óssea
vermelha. Cada tipo de glóbulo formado, recebe um nome: eritropoese, granulocitopoese,
linfocitopoese, monocitopoese e megacariocitopoese. Essas células passam por diversos estágios
de diferenciação e maturação na medula óssea, antes de irem para o sangue.

Os órgãos são classificados como primários (medula óssea e timo) e secundários. Todas as células
provém da medula, mas os linfócitos T migram para o timo e se diferenciam lá, enquanto o B
diferencia-se na medula. Nos órgãos secundários, eles proliferam.

Células-tronco, fatores de crescimento e diferenciação

As células-tronco originam células filhas que seguem dois destinos: permanecem na medula para a
auto-renovação ou outras se diferenciam em outros tipos celulares com características
especificas. A decisão pela auto-renovação é aleatória (modelo estocástico), ou necessidade do
organismo (modelo indutivo). Ela ocorre via interações célula-célula ou por meio de fatores
secretados (fatores de crescimento, outras citocinas) e resulta na ampliação ou repressão da
expressão de genes.

Células-tronco são caracterizadas como:

- Capacidade de auto-renovação
- Capacidade de gerar uma ampla variedade de tipos celulares
- Capacidade de reconstituir o sistema hemocitopoético

Células pluripotentes
Essas células são as primeiras e surgem outras linhagens a partir dela: Células linfoides (formam
linfócitos) e Células mielóides (origina os eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas)

Células progenitoras
Células que produzem as células precursoras (blastos). Nelas, as características diferenciais
aparecem pela primeira vez, pois as células são indistinguíveis. As células-tronco se multiplicam
apenas o suficiente para manter sua população. As células progenitoras podem originar outras
células progenitoras e também células precursoras, mas as precursoras só origem células
sanguíneas maduras.

A hemocitopoese depende do microambiente adequado e fatores de crescimento


hemocitopoéticos, que regulam a proliferação, a diferenciação e a apoptose de células imaturas,
assim como a atividade funcional. Um desses fatores são as interleucinas, citocinas e fatores
estimuladores de colônias. Exemplo o G-CSF que estimula a proliferação dos granulócitos, mas
junto com a IL-3 aumenta a formação de megariócitos.

Medula óssea

É um órgão difuso, porém volumoso e ativo. É encontrada no canal medular dos ossos longos e
nas cavidades dos ossos esponjosos. Possui a medula óssea vermelha (hematógena), deivido aos
inúmeros eritrócitos em fase de maturação e a amarela (rica em células adiposas e que não
produz células sanguíneas). Quando o indivíduo é criança, é todo composto por células vermelhas,
mas vão diminuindo com um tempo. No adulto, é encontrado no esterno, vértebras, costelas e
etc.

Vermelha - É constituída por células reticulares, associadas a fibras reticulares. Elas juntas
formam uma esponja, percorrida por numerosos capilares sinusóides. Entre as células reticulares
existe um número variável de macrófagos, células adiposas e muitas células hemopoéticas. Além
de colágeno, existe fibronectina, laminina e proteoglicanos na matriz extracelular. A hemonectina
e as outras duas grifadas interagem com receptores celulares, fixando as células. Além de produzir
células do sangue, a medula óssea armazena ferro sob a forma de ferritina e de hemossiderina,
no citoplasma dos macrófagos. A ferritina é constituída de ferro + a proteína apoferritina. Outra
função da medula óssea vermelha é a destruição de eritrócitos envelhecidos.

A liberação de células maduras da medula para o sangue é controlada pelos fatores de liberação,
moléculas produzidas em respostas às necessidades dos organismos (conjunto de proteínas do
plasma que atuam em sucessão, como uma cascata, para identificar e destruir invasores),
hormônios e certas toxinas bacterianas.
Maturação dos eritrócitos
Célula madura é a que atingiu um estágio de diferenciação que lhe permite exercer todas suas
funções especializadas. O processo básico de maturação da série eritrocítica ou vermelha é a
síntese de hemoglobina e a formação de um corpúsculo pequeno e bicôncavo, que oferece o
máximo de superfície para as trocas de oxigênio. .

Sequência:

1. O volume da célula diminui


2. O núcleo também diminui de tamanho e acromatina torna-se cada vez mais condensada,
até que o núcleo se apresenta picnócito e finalmente é expulso da célula.
3. Os nucléolos diminuem de tamanho e depois tornam-se invisíveis no esfregaço
4. Há uma diminuição de polirribossomos (diminuição da basofilia) e um aumento de
hemoglobina (aumento da acidofilia) no citoplasma
5. A quantidade de mitocôndrias e de outras organelas diminui.

Na ordem são chamadas: proeritroblastos, eritroblastos, basófilos, eritroblastos, policromáticos,


eritroblastos ortocromáticos, reticulócitos e hemácias.

Proeritroblasto é uma célula grande que apresenta todos os elementos característicos de uma
célula que sintetiza intensamente proteínas. As proteínas sintetizadas destinam-se a reconstituir o
tamanho da célula que se divide ativamente e formar a hemogoblina. O ferro é trazido para os pro
e os outros eritroblastos pela transferrina, uma proteína plasmática transportadora de ferro
(endocitose).

Eritroblasto basófilo – Eritroblasto policromático


É uma célula ainda menor, com um núcleo com cromatina mais condensada. Já possui
hemoglobina suficiente para ter uma acidofilia citoplasmática.

Eritroblasto ortocromático – Citoplasma acidófilo, com cromatina condensada chamada de


picnócito. Nessa fase que perde o núcleo. A parte anucleada (reticulócito) apresenta algumas
mitocôndrias e muitos polirribossomos, que ainda sintetizam hemoglobina. Não há sintése
proteica pela falta de núcleo. Os reticulócitos saem da medula óssea e vão para o sangue, onde
ficam por 1 dia até ficarem maduros.

Durante a eritropoese, fatores como GM-CSF e IL-3 são muito importantes. O hormônio
eritropoietina produzido e secretado por células intersticiais que previne a apoptose de
precursores e é essencial para a diferenciação, estimulando a síntese de hemoglobina. Ela estimula
a saída precoce de reticulócitos da medula para o sangue. Um estímulo para que as células renais
secretem eritropoietina é a baixa tensão de O² no sangue.

Granulocitopoese –
No processo de maturação dos granulócitos ocorrem modificações citoplasmáticas caracterizadas
pela síntese de muitas proteínas acondicionadas em grânulos azurófilos e específicos. As
proteínas desses grânulos são produzidas no RER e acabam no aparelho de Golgi, em dois estágios
sucessivos: O primeiro na produção de grânulos azurófilos e contêm enzimas do sistema
lisossomal. No segundo, ocorre uma modificação na atividade sintética da célula, com a produção
das proteínas dos grânulos específicos. Lá contêm diferentes proteínas, conforme o tipo de
granulócito.

Maturação dos Granulócitos

Mieloblasto é a célula mais imatura já determinada para formar exclusivamente os três tipos de
granulócito. Quando recebem grânulos específicos, se chama promielócito neutrófilo, eosinófilo
ou basófilo, conforme o tipo de granulação presente. Os estágios seguintes são: mielócito, o
metamielócito, o granulócito com núcleo em bastão e o granulócito maduro (neutrófilo,
eosinófilo e basófilo).

Mieloblasto – Citoplasma basófilo e com grânulos azurófilos.


Promielócito – Menor que o mieloblasto, mais basófilo e com grânulos específicos (neutrófilos,
eosinófilos e basófilos) ao lado das outras granulações.
Mielócito – Aumenta a quantidade de grânulos específicos e desaparece a basofilia, formando os
mielócitos neutrófilo, basófilo e eosinófilo.
Metamielócito – Começa a surgir lóbulos, mas para o neutrófilo existe uma fase intermediária, o
neutrófilo com núcleo em bastonete.

Cinética da produção de neutrófilos

Levam 11 dias do mieloblasto até a sua fase de maturação. Ocorrem 5 divisões mitóticas durante o
processo. Fatores de crescimento: Gm-CSF, IL-3 e G-CSF. Passa por diferentes compartimentos
anatômicos e funcionais:
1. Compartimento Medular de formação – dividido em compartimento mitótico (produção de
neutrófilos) e compartimento de amadurecimento
2. Compartimento Medular de Reserva – Contém neutrófilos maduros, mantidos por um período
variável, antes de penetrar no sangue.
3. Compartimento circulante – Formado pelos neutrófilos suspensos no plasma e circulando nos
vasos.
4. Compartimento de Marginação – Contidos nos vasos, mas não circulam. Estão colocados forma
da circulação por vasoconstrição ou ligados a moléculas no endotélio dos vasos.
Compartimento de marginação e circulante tem a mesma quantidade de neutrófilos.
5. Tecido conjuntivo possui uma parte de neutrófilos e morrem após 4 dias por apoptose.

Cinética da Produção de Outros Granulócitos


Os eosinófilos permanecem menos de 1 semana no sangue, mas existe um pool na medula que
pode ser utilizado quando necessário. Fatores importantes: IL-3, IL-4 e IL-9.

Maturação dos Linfócitos e Monócitos


Difíceis de serem estudadas, pois não apresentam grânulos específicos nem núcleos lobulados,
que facilitam a distinção entre os diversos estágios dos granulócito. A medida que os linfócitos
maturam, sua cromatina se torna mais condensada, os nucléolos se tornam menos visíveis e a
célula diminui de tamanho. Eles recebem receptores específicos que podem ser identificados por
meio de técnicas imunocitoquímicas.

Linfócitos
Se originam no timo e nos órgãos linfoides periféricos trazidas da medula. A célula mais jovem é o
linfoblasto que forma o prolinfócito, que formam linfócitos maduros.
O Linfoblasto é a maior célula da série linfócitica. Com citoplasma basófilo e sem granulações
azurófilas. Apresenta dois ou três nucléolos.
Prolinfócito é menor do que a célula anterior, podendo conter granulações azurófilas. Dá origem
direta ao linfócito circulante. Alguns fatores: IL-1 à 9, menos o 3, 7 e 8.

Monócitos
Os monócitos são células intermediárias destinadas a formar os macrófagos. A célula jovem é o
promonócito, é encontrado na medula, parecida com o mieloblasto. Apresentam RE e Golgi
desenvolvido. Com numerosos grânulos azurófilos finos (lisossomos). Os promonócitos dividem-se
duas vezes e viram monócitos e depois migram para o tecido conjuntivo, atravessando a parede
das vênulas e capilares, e se diferenciam em macrófagos. Alguns fatores: GM-CSF, M-CSF e IL-3.

Origem das plaquetas

Originada pela fragmentação do citoplasma dos megacariócitos. Os megacarioblastos com núcleo


é poliploide, contendo até 30x a quantidade normal de DNA, citoplasma homogêneo e basófilo.
Fatores: GM-CSF, IL-3 e IL-11.

Megacariócito – Tem núcleo lobulado e cromatina grosseira, sem nucléolos visíveis. Citoplasma
abdundante e levemente basófilos. Contém numerosas granulações que formam os cromômeros
das plaquetas. É rico em RERL e durante a maturação aparecem grânulos que se formam no Golgi
e se distribuem por todo o citoplasma. São percursores do hialômero das plaquetas e contêm
diversas substâncias ativas, como o fator de crescimento derivado das plaquetas, o fator de
crescimento dos fibroblastos, von Willebrand que provoca a adesão das plaquetas a alguns
substratos e o fator IV das plaquetas (que favorece a coagulação do sangue). Surgem membranas
lisas que formam as membranas das plaquetas. Fatores: IL-6, IL-7 e trombopoetina.

Trombopoetina é um hormônio produzido pelo fígado que estimula a proliferação e a


diferenciação de progenitores de megacariócitos. Estimula o desenvolvimento de linhagens
eritróide e mielóide. Quando injetados em animais, há uma aceleração de produção de plaquetas
e uma expansão dos progenitores hematopoéticos de todas as linhagens. Sem trombopoetina
ocorre o inverso. Sendo assim, ele é o principal regulador do megacariócito e da produção de
plaquetas.

Você também pode gostar