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Fisiologia do Sangue

Grupos Sanguíneos
• A administração de sangue de um doador para um receptor exige o
conhecimento dos grupos sanguíneos. O recebimento de um sangue
incompatível pode produzir uma reação imunológica séria ou fatal.
• Os sistemas foram criados baseados na presença de antígenos
específicos chamados aglutinogênios no eritrócito.
• Um antígeno é um corpo estranho, pode ser uma substância ou
parte de uma célula, que induz a uma resposta imune que ativa
linfócitos, que produzem, dentre outros fatores, anticorpos.
Sistema ABO
• Sistema ABO: cada grupo contém anticorpos (aglutininas) contra
antígenos do grupo não presente.
• Tipo A: possui aglutininas anti-B
• Tipo B: possui aglutininas anti-A
• Tipo O: possui aglutininas anti-A e anti-B (doador universal)
• Tipo AB: não possui aglutininas (receptor universal)
Sistema RH
• Assim como no sistema ABO, o sistema Rh é definido com base nos
antígenos que estão presentes na superfície das hemácias. Foi assim
chamado em alusão ao macaco Rhesus, o animal experimental no
qual ele foi primeiramente isolado
• Uma pessoa Rh negativo não produz anticorpos anti-Rh, a menos que
seja exposta ao antígeno Rh, geralmente através de transfusão de
sangue ou durante a gravidez.
Eritroblastose Fetal
• A incompatibilidade materno-fetal resulta
quando uma mulher Rh negativo e um homem
Rh positivo geram um filho. Se o genótipo do
homem for DD, 100% de sua prole será Rh
positiva e se o genótipo for Dd, 50% da prole
será Rh positiva.
Hematócrito

Hematócrito: é a % de
sangue composto por
células pós centrifugação.
Homem = 40 - 50 %
Mulher = 38 - 40 %
Plasma
• líquido cor de palha composto de água (91%) e compostos químicos (9%),
especialmente proteínas. "Soro" se refere ao plasma sanguíneo no qual os
fatores de coagulação (como a fibrina) foram removidos naturalmente..
• São 4 as principais proteínas plasmáticas:
• Albumina: importante na manutenção do equilíbrio osmótica do sangue, sua
perda pode levar ao choque.
• Globulina: contém anticorpos e está envolvida no mecanismo de imunidade do
organismo. Existe 3 tipos: alfa, beta e gama. A gamaglobulina é a fração
anticorpo.
• Fibrinogênio: importante para o processo de coagulação
• Protrobina: importante para o processo de coagulação.
Soro
• O soro sanguíneo é obtido através da coagulação do sangue. Significa
que o soro sanguíneo não possui os fatores de coagulação do sangue
total, que foram consumidos pela coagulação. Normalmente
utilizados para testes sorológicos e pesquisa de anticorpos. O plasma
só pode ser mantido se um anticoagulante for adicionado
Hemácias
Hemácias
• São os glóbulos vermelhos, também conhecida como eritrócito possuí
a função principal de transporte de hemoglobina que, por sua vez
leva oxigênio aos pulmões. Além disso, as hemácias contém grande
quantidade de anidrase carbônica (enzima responsável pela
eliminação de CO2).
• As hemácias são produzidas na medula de praticamente todos os
ossos até os 5 anos de idade, o fêmur e a tíbia deixam de produzir
hemácias com aproximadamente 20 anos de idade. O íleo, costelas,
vértebras e externo continuam a produzir hemácias até o final da
vida.
• Quantidade de hemácias obedece a um limite estreito (5.200.00mm3 ± 300.000 no homem e
4.700.000 mm3 ± 300.000 nas mulheres. Necessitando:
• Ser adequado para a oxigenação dos tecidos;
• Não podendo ser excessivo a ponto de dificultar a circulação.
• A diminuição da quantidade de oxigênio
• Qualquer condição que cause da quantidade de oxigênio transportado para os tecidos,
normalmente aumenta a produção de hemácias.
• Assim, quando uma pessoa fica anêmica em conseqüência de hemorragia, a medula óssea, inicia a
produção de hemácias de imediato.
• O aumento na quantidade também ocorre em altas altitudes, insuficiência cardíaca e pulmonar.
• O principal estímulo para a produção de hemácias, nos estados de baixa oxigenação é o hormônio
eritropoetina.
• 90% da eritropoetina é produzida pelos rins e o restante é quase que todo produzido pelo fígado.
• A eritropoetina começa a ser formada em minutos após o estímulo de hipóxia, atingindo sua
produção máxima em 24h, porém, novas hemácias só começam a aparecer 5 dias após o estímulo.
Controle da Produção de hemácias
Anemias
• A vitamina B12 e o ácido fólico são essências para a maturação das hemácias.
Assim, o estado nutricional tem papel fundamental na reposição das hemácias,
estas vitaminas participam da síntese do DNA da nova célula. A deficiência na
absorção ou na ingestão de vitamina B12 e ácido fólico pode causar maturação
anormal das hemácias e assim, produzir um estado de anemia.
• Além destas vitaminas, o ferro é essencial para a formação da hemoglobina.
O corpo humano possui 4 a 5 gramas de ferro, 65% deste está presente na
hemoglobina. 30% é armazenado no fígado e o restente participa de processos
de oxidação. A anemia devido à falta de ferro é denominada anemia ferropriva
• Anemia significa deficiência de hemoglobina no sangue, que pode ser causada
pela redução no número de hemácias ou pela redução no teor celular de
hemoglobina.
• Anemia por perda sanguínea:
Após hemorragia rápida , o organismo repõe a porção líquida em um a
3 dias, porém isto leva a diminuição da concentração de células no
sangue. Se outra hemorragia não ocorrer, a concentração de hemácias
dentro de 3 a 5 semanas.
Anemia microcítica hipocrômica: na perda crônica de sangue, a pessoa
não consegue absorver ferro suficiente na mesma velocidade que é
perdida, ficando a pessoa com uma quantidade de hemácias diminuída.
• Anemia aplásica:
A aplasia de medula óssea (medula deixa de produzir células) está
relacionada a falta de medula óssea funcionante. Ocorre com pessoas
expostas a radiação gama, raio X, produtos químicos industriais e
alguns medicamentos.
• Anemia Megaloblástica:
Se houver deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, ocorre a
produção lentificada de eritroblastos na medula óssea. Como
conseqüência, as hemácias crescem de modo excessivo e tomam forma
anômala, sendo denomindas megaloblastos. Estas células não são
produzidas em quantidade suficiente, se rompem com facilidade, de
modo que o paciente muitas vezes necessita com urgência de
quantidades adequadas de hemácias.
Anemia perniciosa: ocorre em pessoas que possuem atrofia da mucosa
gástrica e não produzem o chamado “fator intríseco”, importante para
a absorção da vitamina B12, é um tipo de anemia megaloblástica.
A anemia megaloblástica ocorre também em pessoas que sofreram
gastrectomia
Anemias hemolíticas
Refere-se a anormalidades na hemácia, muitas vezes hereditárias,
tornam as células frágeis a ponto de se romperem ao passar por
capilares, especialmente do baço. Embora o número de hemácias seja
normal, ou até algumas vezes maior, o tempo de vida é curto e as
células são destruídas de maneira mais rápida do que são produzidas,
promovendo anemia grave.
Esferocitose hereditária: as hemácias são muito pequenas e esféricas,
ao invéz do disco bicôncavo normal. Não tem estrutura flexível e se
rompem facilmente. Origina-se na deficiência de espectrina, uma
proteína da membrana do eritrócito. Tratamento: Esplenectomia.
Anemia falciforme: ocorre em 0,3 a 1% dos
indivíduos negros, nesta patologia hereditária,
ocorre a produção de uma hemoglobina
anormal, denominada hemoglobina S. Quando
esta hemoglobina é exposta a baixas
concentrações de oxigênio, ela precipita longos
cristais no interior das células, isto alonga a
hemácia, conferindo-lhe o aspecto de foice. A
crise é rápida e frequentemente leva à morte.
Glóbulos Brancos
• Leucócitos, também chamados glóbulos brancos, são as unidades móveis da
defesa do organismo. São produzidos na medula óssea e nos tecidos linfáticos.

Polimorfonucleares:

 Neutrófilos
 Eosinófilos
 Basófilos

 Mononucleares:

 Monócitos (macrófagos, quando no tecido)


 Linfócitos
 Plasmócitos (diferenciação dos linfócitos B)
Classificação pela presença de grânulos
Gênese dos leucócitos
• Os granulócitos e os monócitos são produzidos somente na medula óssea, já
os linfócitos e plasmócitos são produzidos principalmente em tecidos
linfogênicos como baço, timo e outros tecidos linfóides.
• Os leucócitos produzidos na medula, ficam armazenado nela mesmo. Vários
fatores estimulam a liberação dessas células para o sangue. Normalmente
há cerca de 3x mais leucócitos armazenados na medula do que circulantes
pelo sangue.
• Granulócitos e monócitos pertencem a linhagem mielocítica, derivando
do mieloblasto.
• Linfócitos e plasmócitos pertencem a linhagem linfocítica, começando à
partir do linfoblasto.
Macrófagos e Neutrófilos
• Os neutrófilos e os macrófagos são as principais células que atacam invasores
como vírus, bactérias e outros agentes nocivos.
• Os neutrófilos são células maduras que podem atacar e destruir bactérias e vírus,
mesmo que estejam presentes na corrente sanguínea.
• Os macrófagos quando no sangue circulante são chamados de monócitos, que são
células imaturas com pouca capacidade de combater agentes infecciosos. Porém
quando adentram aos tecidos aumentam em 5x seu tamanho e passam a ser
chamados de macrófagos, com alta capacidade de fazer fagocitose.
• Estas células deslocam-se pelos espaços teciduais por movimento amebóide
(pseudopodos) e são atraídos por quimiotaxia para o local da infecção.
• Quimiotaxia: recrutamento de células de defesa apara um local inflamado, em
resposta a agentes que causam atração.
• Fagocitose: é a função mais importante dos neutrófilos e macrófagos, significa
ingestão.
• Os leucócitos são seletivos a agentes estranhos devido a:
• Células do organismo são lisas, diferente dos agentes invasores, dificultando a
fagocitose
• As células do hospedeiro são revestidas com proteínas que repelem os fagócitos
• Os células fagocitárias podem possuir anticorpos (no caso da imunidade
adquirida) que reconhecem os agentes agressores.
• Os macrófagos teciduais são a primeira linha de defesa, sendo os neutrófilos a
segunda linha de defesa. Uma segunda invasão de macrófagos constitui a 3ª.
linha de defesa e o aumento na produção de granulócitos e monócitos a 4ª. linha
de defesa (imunidade inata).
Mediadores
• Citocinas
• Interleucinas
• Interferons
• Fator de necrose tumoral
• Prostanóides
• Prostaglandinas
• Prostaciclinas
• Tromboxano
• Histamina
• Bradicinina
Fagocitose:
Quimiotaxia
Monócito

Macrófago
Neutrófilo
Eosinófilos
• Os eosinófilos constituem 2 a 3% do de todos os leucócitos
sanguíneos. Eles são fracos como fagócitos e apresentam pouca
quimiotaxia. Comparando-se aos neutrófilos, os eosinófilos tem
pouca importância na defesa contra os tipos habituais de infecção.
• Os eosinófilos migram em grande quantidade para os locais onde
ocorrem infecções parasitárias. Apesar dos parasitas serem muitos
grandes, em sua maioria, os eosinófilos podem fixar-se a estes e
matar muitos deles, por liberar substâncias tóxicas.
• Os eosinófilos tendem a se acumular em tecidos em resposta a
uma resposta alérgica, como por exemplo na asma.
Eosinófilo
Basófilos e Mastócitos
• Os basófilos são conhecidos por liberar heparina e histamina em
tecidos onde ocorrem reações alérgicas. As imunoglobulinas tendem
a fixar-se sobre os basófilos.
• Os basófilos têm similaridades funcionais com os mastócitos, mas são
células distintas: os mastócitos são células do tecido conjuntivo que
não entram em circulação: seus grânulos são menores mais
abundantes do que os basófilos.
Basófilos
Mastócitos
Linfócitos
Existem 2 tipos de imunidade adquirida: imunidade humoral e
imunidade celular. Ambas são induzidas por antígenos.
• Imunidade humoral: neste tipo de imunidade os linfócitos B
produzem anticorpos (imunoglobulinas), que são moléculas capazes
de atacar especificamente o agente invasor.
• Imunidade celular: ocorre pela ativação de linfócitos, que passam a se
chamar linfócitos T, destinados a destruir o agente invasor. Os
linfócitos T estimulam a produção de mais linfócitos, de macrófagos,
de células natural killer, linfócitos T citotóxicos.
Tipos de linfócitos:
• Linfócitos B: produtores de anticorpos, se transformam em
plasmócitos que possuem ainda mais capacidade de síntese de
anticorpos.
• Linfóditos T: existem vários subtipos
• Citotóxico: induzem apoptose de células infectadas do hospedeiro
• Auxiliar: proliferam após contato com os antígenos ativando outras células.
• Supressor: produzem mensageiros químicos que inibem a actividade das
células B e T quando a infecção se encontra debelada
• Reguladores: São células T que evitam as doenças auto-imunes.
• Memória: Células que ficam inativas, mas com a capacidade de resposta a
nova exposição ao mesmo antígeno
• Natural Killer: atacam a célula hospedeira sendo importantes para o controle
de tumores e de infecções virais
Leucemias
As leucemias são divididas em 2 tipos gerais, as linfogênicas e as mielogênicas.
• Linfogênica: iniciam-se pela produção descontrolada de células cancerosas em
tecidos linfóides, disseminando-se pelo organismo.
• Mielogênica: inicia-se pela produção de células cancerosas na medula óssea que se
dissemina para todo o corpo, células leucêmicas são produzidas por diversos órgãos.

As células leucêmicas não são funcionais e não proporcionam a proteção dos


leucócitos normais..
A leucemia provoca dor, tendência a fraturas, anemias graves, hemorragias e, o
principal, a multiplicação rápida de células leucêmicas esgota as reservas nutricionais
do organismo, principalmente aminoácidos e vitaminas, causando deterioração rápida
das proteínas normais do organismo.
Plaquetas
Plaquetas: são diminutos discos redondos ou ovais. São formadas na medula
óssea. A concentração normal de plaquetas no sangue fica entre 150.000 e
300.000 por microlitro.
Hemostasia: prevenção contra perda de sangue.
Sempre que um vaso é seccionado ou se rompe, a hemostasia é
feita por diversos mecanismos, incluindo:
1) Espasmo vascular: ocorre uma vasoconstrição local, diminuindo o
fluxo sanguíneo e a hemorragia. Isto é mediado por reflexo nervoso,
liberação de mediadores locais e de plaquetas.
2) Formação de tampão plaquetário: quando a ruptura do vaso é
pequena ela pode ser estancada por um tampão plaquetário e não por
um coágulo sanguíneo.
3) Formação de um coágulo sanguíneo.
4) Crescimento do tecido fibroso que repara permanentemente o
tecido.
Mecanismo de tampão plaquetário:
Quando entra em contato com a superfície vascular lesada, as
plaquetas, de imediato, alteram drasticamente suas características.
Começam a inchar, assumem formas irregulares, com numerosos
prolongamentos, ocorre a liberação de grânulos contendo fatores
ativos, tornam se pegajosas e aderem-se às fibras de colágeno,
secretam tromboxano A2, que ativa plaquetas vizinhas ,que aderem-se
ao tampão, aumentando a produção de tromboxano A2 e atraindo mais
plaquetas.
Coagulação do sangue:
O 3º. Mecanismo da hemostasia é a formação do coágulo. Substâncias ativadoras
provenientes tanto da parede vascular, como das plaquetas aderem a parede
vascular lesada dando início ao processo de coagulação.

Existem 3 etapas essências no processo de coagulação:


1) Em resposta a ruptura do vaso ocorre uma complexa cascata de reações químicas,
envolvendo mais uma dúzia de fatores coagulantes, resultando num complexo de
substâncias ativadas, denominado ativador da protrombina.

2) Este ativador cataliza a protrombina (substrato produzido fisológicamente pelo


fígado) em trombina.

3) A trombina atua como enzima convertendo o fibrinogênio em filamentos de


fibrina, que retém em sua malha, plaquetas, células sanguíneas e o plasma,
formando o coágulo.
• A via intrínseca, ou sistema intrínseco, da coagulação é estimulado pelo contato entre
o sangue e o colágeno subendotelial ou um corpo estranho, ela é desencadeada pelo
contato do fator XII com algo que não corresponda a parede de um vaso sanguíneo,
por exemplo, colágeno, metal ou vidro, os quais possuem a superfície negativamente
carregada. Após o contato, este fator torna-se ativo e é capaz de ativar do fator XI; o
fator XI ativado ativa o fator IX, que por sua vez ativa o fator VIII e este ativa o fator X.
A partir do fator X ativado entra-se na via comum. A precalicreína e o cininogênio de
alto peso molecular também participam, propagando a coagulação.
• Na via extrínseca da coagulação ocorre inicialmente a ativação do fator VII, através de
seu contato com a tromboplastina presente no citoplasma de células teciduais e
também do endotélio, visto que esta substância é liberada após qualquer lesão que
provoque o rompimento destas células. O fator VII ativado, aliado aos íons de cálcio,
também ativa o fator X e desencadeia a via comum.
• Na via comum, o fator X ativado age em conjunto ao fator V, aos fosfolipídios
plaquetários e mais íons de cálcio para formar um aglomerado de moléculas (ativador
da protrombina) capaz de ativar a protrombina, transformando-a em trombina. A
trombina, por fim, é quem ativa o fibrinogênio transformando-o em fibrina.
Coagulação
Hemofilia: é uma doença hemorrágica que afeta apenas pessoas do
sexo masculino, causada pela deficiência no fator VIII de coagulação
(85% dos casos) ou do fatox IX de coagulação(15% dos casos). Fatores
antihemofílicos A e B
Na hemofilia, um sangramento por trauma, como uma extração de
dente, por exemplo, pode durar semanas. O tratamento seria a
administração dos fatores antihemofílicos purificados. Em alguns
casos transfusão.

Trombocitopenia idiopática: pessoas com esta patologia, sem causa


aparente, sangra da mesma maneira que um hemofílico, porém,
apenas em capilares. Ocorrem pequenos sangramentos e formam-se
pequenas manchas púrpuras pela pele chamadas púrpura
trombocitopênicas. Parece ser uma doença autiimune.

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