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Hiperparatireoidismo
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
2. Fisiopatologia......................................................................................................4
3. Manifestações clínicas....................................................................................... 9
4. Diagnóticos.......................................................................................................12
5. Tratamento........................................................................................................14
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 3
Saiba mais! A calcitonina é uma proteína com 32 aminoácidos,
secretada pelas células parafoliculares da glândula tireoide em resposta aos
altos níveis de cálcio. Suas ações são opostas às do PTH. A calcitonina inibe
rapidamente a reabsorção no osso, levando, assim, a uma redução transitória
nos níveis séricos de cálcio.
2. FISIOPATOLOGIA
O PTH é um hormônio de 84 aminoacidos e liga-se a seu receptor especifico no
rim e nos ossos, ativando a adenilciclase e fosfolipase C-β1 de maneira independen-
te. Ele é um dos reguladores mais importantes da captação e da liberação de cálcio
pelo osso. Uma vez que ocorre a queda da concentração de cálcio no liquido extra-
celular, atingindo níveis abaixo do normal (hipocalcemia), as glândulas paratireoides
são diretamente estimuladas por essa queda para promover aumento da secreção
do PTH.
Nos ossos, o PTH atua aumentando a reabsorção de sais ósseos e libera grande
quantidade de cálcio no liquido extracelular, restabelecendo os níveis normais desse
mineral. Da mesma forma que a queda do cálcio estimula a produção e secreção de
PTH, o aumento da concentração de cálcio (hipercalcemia) promove a diminuição da
secreção do PTH, levando à deposição do cálcio nos ossos e neoformação óssea.
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 4
Entretanto, como o suprimento de cálcio nos ossos é limitado, sua ingestão deve
ser balanceada com a excreção pelo trato gastrointestinal e pelos rins. Nesses dois
locais do corpo, o regulador mais importante da reabsorção de cálcio é, também, o
PTH.
↓ [Ca++]
↑ Ativação da
↑ PTH
vitamina D3
Assim, o PTH regula a concentração plasmática do cálcio por meio de três efeitos
básicos: (1) por estimular a reabsorção óssea; (2) por promover a ativação da vitami-
na D, que aumenta a reabsorção intestinal de cálcio; e (3) por aumentar, diretamente,
a reabsorção de cálcio nos túbulos renais.
Reabsorção renal
de cálcio
Vitamina D3
PTH estimula Reabsorção óssea
estimula
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 5
Outro minério que influencia o PTH é o fosfato. Quando ocorre o aumento do fos-
fato plasmático, há o estimulo para a secreção do PTH, o que aumenta a reabsorção
do cálcio pelos túbulos renais e, desse modo, diminui a excreção de cálcio. No caso
de redução da concentração plasmática do fosfato, ocorre o oposto: sempre que o
PTH plasmático estiver aumentado, ocorrerá a diminuição da reabsorção tubular de
fosfato e a maior excreção de fosfato.
O PTH pode ter participação significativa na regulação da concentração de fosfa-
to, mediante dois efeitos: (1) o PTH provoca a reabsorção óssea, lançando grandes
quantidades de íons fosfato, provenientes dos sais ósseos, no líquido extracelular,
e (2) o PTH diminui o transporte máximo de fosfato pelos túbulos renais, ocorrendo
perda de maior proporção de fosfato na urina.
Enquanto a variação dos níveis de fosfato sérico, no líquido extracelular, podendo
atingir valores bem abaixo do normal (até trez vezes mais), não provoca efeitos ime-
diatos importantes sobre o organismo. Em contraste com isso, até leves aumentos
ou quedas do cálcio sérico no líquido extracelular, podem causar efeitos fisiológicos
preocupantes e imediatos.
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 6
Se liga! A hipocalcemia causa excitação do sistema nervoso e
tetania.
Quando o nível de cálcio nos líquidos corporais se eleva acima do normal, o sis-
tema nervoso fica deprimido e as atividades reflexas do sistema nervoso central
são lentificadas. Além disso, o aumento da concentração do cálcio iônico diminui
o intervalo QT do coração e provoca falta de apetite e constipação, provavelmen-
te, em decorrência da contratilidade deprimida das paredes musculares do trato
gastrointestinal.
Esses efeitos depressores começam a aparecer quando o nível sanguíneo do
cálcio se eleva acima de 12 mg/dL, podendo ser intensificados à medida que o nível
desse elemento passa dos 15 mg/dL. Quando o nível do cálcio ultrapassa 17 mg/ dL
no sangue, é provável a ocorrência de precipitação dos cristais de fosfato de cálcio
por todo o corpo.
O PTH pode ser controlado pela modulação aguda, que é regulada pelo cálcio e a
modulação a longo prazo, feita pelo cálcio e pela forma ativa da vitamina D.
Figura 4. Autorregulação entre cálcio, fósforo, calcitriol e PTH no metabolismo das glândulas
paratireóides.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 7
Se liga! O hipoparatireoidismo é caracterizado pela persistente
redução de secreção do paratormônio, seguida de hipocalcemia e hiperfosfa-
temia. Já o hiperparatireoidismo é o resultado da hipersecreção persistente do
paratormônio, podendo ser primário, secundário e terciário.
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 8
produzindo excesso de hormônio, mesmo quando a causa desse excesso de produ-
ção já foi solucionada. Geralmente, são nódulos autônomos de tecido paratireoideo
(crescimento monoclonal de uma ou mais glândulas previamente hiperplásicas), que
se desenvolvem enquanto o paciente sofre de hiperparatiroidismo secundário.
3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Hipoparatireoidismo
Os principais sinais e sintomas são diretamente atribuídos à redução do cálcio
ionizado (hipocalcemia), resultando em aumento da excitabilidade neuromuscular. O
sinal de trousseau e Chvostek marcam a excitabilidade neuromuscular.
O sinal de Chvostek é a contração dos músculos perilabiais, ou até de toda a fa-
ce em casos mais severos, desencadeada pela percussão do mesmo lado do nervo
facial em seu trajeto anterior ao pavilhão auricular. Importante lembrar que 10% dos
indivíduos normais podem ter este sinal positivo. Já o Sinal de Trousseau é a indu-
ção da contração dos músculos do antebraço com flexão do punho e articulação
matacarpolafangeana, extensão das articulações interfalangeanas e adução do pole-
gar (espasmo carpopedal), ao inflar-se o esfingomamômetro 20 mmHg acima 20 da
pressão sistólica por 3 minutos. Até 4% dos indivíduos normais podem ter este sinal
positivo.
Hipoparatireoidismo Hiperparatireoidismo 9
Além disso, a deficiência de PTH pode causar aumento da densidade mineral ós-
sea. Acredita-se que esse achado decorra de importante diminuição da remodelação
óssea, impedindo o reparo de microfraturas e resultando em acúmulo de um osso
super-maduro, predisposto à fraturas. No entanto, risco de fraturas em pacientes
com hipoparatireoidismo é desconhecido.
HIPOPARATIREOIDISMO
Hipocalcemia
↑ excitabilidade
neuromuscular
Parestesia
Chvostek Trousseau Ansiedade Hiperreflexia
perioral
Estridor Prolongamento
Convulsão Tetania
laríngeo de QT
Hiperparatireoidismo
Como principais sinais e sintomas, temos, principalmente, o envolvimento ós-
seo intenso, presente em 30% dos casos, se manifestando por ossos dolorosos e
osteíte fibrosa cística, litíase renal de repetição, presente em 20% dos pacientes; e
Síndrome Neuropsiquiátrica, em cerca de 3% dos casos, como depressão, confusão
mental e hiperreflexia profunda. Outros sintomas são fadiga, letargia e desconfortos
abdominais.
Hiperparatireoidismo Primário – atualmente, o diagnóstico é feito antes do surgi-
mento dos sintomas, cerca de 30-40% dos pacientes encontram- se assintomáticos
Assintomático Nefrolitíase
Primário
HIPOPARATIREOIDISMO
4. DIAGNÓTICO
Hipoparatireoidismo
A suspeita de que o paciente tem hipoparatireoidismo deve ser levantada quando
o paciente apresentar baixos níveis de cálcio iônico, principalmente, diante de valor
persistentemente alterado após confirmação laboratorial. Nesta confirmação labo-
ratorial, deve-se acrescentar dosagem de fósforo, magnésio, vitamina D e PTH, além
do cálcio total e da albumina sérica.
Hiperparatireoidismo
O diagnóstico é feito pela demonstração de níveis séricos elevados de cálcio e
de PTH intacto (PTHi), e por níveis normais ou aumentados de cálcio urinário, em
indivíduos com função renal normal. Em até 15% dos pacientes, os níveis séricos
de PTH sofrem uma queda, mantendo-se dentro da faixa superior de normalidade;
mas, esses valores são inadequados com relação aos níveis séricos de cálcio, que
se encontram elevados. Uma amostra de urina de 24 horas pode ajudar a excluir o
diagnóstico de hipercalcemia hipocalciúrica familiar benigna (HHFB), que resulta em
aumento dos níveis sanguíneos de cálcio e de PTHi, mas com baixa concentração de
cálcio urinário.
Embora a relação do clearance de cálcio- creatinina (Ca/Cr) seja tipicamente
menor do que 0,01 em pacientes com HHFB, a relação é geralmente superior a
0,02 em indivíduos com HPT primário. A HHFB é uma condição geralmente benig-
na, transmitida de modo autossômico dominante, que não pode ser corrigida pela
paratireoidectomia.
A dosagem de cálcio total (valor aproximado de referência: 8,5-10,5mg/ dL) sofre
a influência dos níveis de proteína sérica, especialmente da albumina. Já a dosagem
de cálcio ionizado (valor aproximado de referência: 1,14-1,30mmol/L) reflete o cálcio
livre da ligação protéica, sendo assim um parâmetro mais fiel da calcemia. Para as
coletas de cálcio total ou ionizado, recomenda-se um jejum mínimo de cerca de 4
horas.
O achado mais freqüente na avaliação laboratorial de um paciente portador de
HPT é de hipercalcemia resultante de níveis elevados de PTH (valor aproximado
Figura 6. Resumo dos possíveis achados na avaliação dos níveis de cálcio ionizado e PTH intacto.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Hiperparatireoidismo Primário
Diagnóstico - Elevação do cálcio no soro > 10,4mg/dL Normal: 8,5 e 10,2 mg/dL
- Elevação do HPT O hiperparatireoidismo primário, mesmo assintomático, pode se
associar com aumento de risco para doenças cardiovasculares, diabetes e fraturas
osteoporóticas.
Hipoparatireoidismo
O tratamento foca em prevenir as complicações agudas e crônicas, tais quais: a
tetania, as convulsões, o aumento do intervalo QT no eletrocardiograma, devem ser
tratados emergencialmente, em ambiente hospitalar, com administração intravenosa
de gluconato ou cloreto de cálcio. O tratamento de manutenção consiste na correção
da calcemia, através da administração de cálcio e vitamina D sintética 1a-hidroxilada
por via oral.
Hipocalcemia aguda grave (cálcio total: < 7,0 mg/dl ou Ca+2 < 0,7 mmol/l): admi-
nistração intravenosa emergencial de gluconato de cálcio 10-30mL diluídos em 150
mL de soro glicosado a 5% em 10 minutos. Após esse período, realizar infusão lenta
de 0,5-1,5 mg de cálcio elementar/Kg/hora.
HIPOPARATIREOIDISMO
Correção da calcemia
Hipocalcemia aguda
Hipocalcemia aguda grave Manutenção
moderada
Carbonato de
cálcio VO
Hiperparatireoidismo
Hiperparatireoidismo Primário - o tratamento pode ser medicamentoso, para
aqueles pacientes assintomáticos, ou cirúrgico, para os pacientes sintomáticos: pa-
cientes com osteoporose, idade inferior a 50 anos e cálcio sanguíneo 1mg/dL acima
do valor referencial.
Tratamento Medicamentoso: Alendronato oral, melhora a densidade mineral
óssea, diminui os marcadores bioquímicos da remodelação óssea; Cloridrato de
Cinacalcet, bloqueia a secreção do PTH, normaliza o Ca sanguíneo, não aumenta a
densidade mineral óssea. Para pacientes na menopausa é indicada a reposição hor-
monal, pois ajuda na supressão da reabsorção óssea, redução da excreção urinária
de cálcio e aumento da densidade óssea, sendo a droga de escolha Raloxifeno, um
modulador seletivo do receptor estrogênico, que diminui os marcadores bioquímicos
da remodelação óssea.
Alendronato de sódio
Paratireoidectomia
70mg 1x/semana
Medicamentoso Cirúrgico
Primário Hidratação
Diurético
Calcitriol
Terciário
Paratireoidectomia
Chvostek
Ansiedade Hipocalcemia aguda grave Gluconato de cálcio IV
Estridor laríngeo
Parestesia perioral Hipocalcemia aguda moderada Gluconato de cálcio IV
Hiperreflexia
Trousseau Manutenção Vitamina D VO
Tetania
Carbonato de cálcio VO
Sinais e sintomas Tratamento
Convulsão
Prolongamento de QT
Hipoparatireoidismo
Assintomático
Hiperparatireoidismo Paratireoidectomia
Primário
Primário
Nefrolitíase Alendronato de sódio
70mg 1x/semana
Insuficiência
Sinais e sintomas Tratamento
renal crônica
Calcitriol
Fraqueza muscular Secundário
Terciário Paratireoidectomia
Prurido
Diurético
Dor óssea Crise aguda
HIdratação
Sanar
Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770