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Prazo – 6 hrs
CONDIÇÕES
-Sangue total heparinizado
VOLUME RECOMENDÁVEL
– 2 mL
QUESTIONÁRIO
– Informar na requisição de exames :
1) Horário da coleta.
2) Se foi feito repouso de 15 minutos antes da coleta.
3) Se fez uso de oxigenoterapia; há quanto tempo.
4) Se tem algum sintoma como fadiga, falta de ar, tonteira e/ou outros.
5) Se faz uso de alguma medicação, qual?
6) Se tem algum problema respiratório (asma, enfizema, pneumonia, outros).
COLETA
– Seringa própria.
– Puncionar a artéria radial.
– Deixar que o sangue flua para a seringa e, imediatamente após a
coleta, observar e retirar qualquer bolha de ar. Vedar a seringa.
CONSERVAÇÃO
– Enviar na própria seringa, em 10 minutos a temperatura ambiente ou até 1 hora após a coleta
em gelo reciclável. Vedar a seringa ou vedar a agulha com rolha de borracha.
CRITÉRIOS DE REJEIÇÃO
– Amostra com mais de 1 hora de coleta
– Amostra sem vedação da agulha.
– Fora do gelo (após 10 minutos de coleta).
– Seringa com bolha de ar dentro.
COMENTÁRIOS
Introdução
Esse pequeno manual tem como objetivo ajudar o Clínico Veterinário a interpretar os
resultados dos exames de gasometria e eletrólitos sanguíneos realizados pelo Laboratório
Santé.
Esse material foi formulado a partir da consulta aos principais livros-texto sobre o assunto, e
representa um resumo das principais alterações hidroeletrolíticas e ácido-básicas que
comumente são encontradas em cães e gatos e suas possíveis conseqüências nas diversas
enfermidades que acometem essas espécies.
Esperamos, através de uma leitura rápida e agradável desse manual, ajudá-lo no diagnóstico
correto e tratamento adequado de seus pacientes, resultando assim na aceleração de suas
recuperações e na plena satisfação do seu cliente.
Eletrólitos
Sódio
O sódio (Na+) é encontrado principalmente no fluido extracelular (FEC), tendo grande
participação na regulação de seu volume e da pressão osmótica (osmolalidade). O volume do
FEC é determinado pela quantidade total corpórea de sódio, ao passo que a osmolalidade e a
concentração de sódio no FEC são determinadas pelo balanço hídrico. Na regulação do sódio
e da água corpórea é de suma importância a influência da aldosterona, hormômio anti-
diurético, angiotensina, catecolaminas e peptídeo atrial natriurético nos rins.
O aumento da concentração plasmática de sódio (hipernatremia) é resultante do aumento de
sua ingestão, ou diminuição do consumo e perda excessiva de água. Ao contrário, a diminuição
da concentração plasmática de sódio (hiponatremia) resulta do aumento de sua perda ou
hiperidratação.
A principal causa de hipernatremia é o vômito com perda excessiva de água e pouco sódio.
Outras causas são: hiperadrenocorticismo (doença de Cushing), restrição ao consumo de
água, intoxicação por sal, perda excessiva de água pura (hiperventilação ou diabetes insípido),
perda de fluidos hipotônicos (insuficiência renal, diurese pós-obstrutiva, diabetes melito) e
administração exagerada de soluções hipertônicas e de bicarbonato de sódio. Os sinais
clínicos da hipernatremia podem aparecer quando os níveis plasmáticos estão acima de 170
mmol/L e compreendem em fraqueza, sede extrema, irritabilidade, depressão, ataxia,
mioclonias e coma.
Potássio
O potássio (K+) é encontrado quase que em sua totalidade no meio intracelular, sendo que
somente 5% estão presentes no FEC. Esse cátion é responsável pelas manutenções do
volume intracelular e do potencial de membrana, e as concentrações intracelular de potássio e
extracelular de sódio são mantidas ativamente pela bomba de sódio-potássio-ATPase, cuja
função é levar o potássio para o interior da célula e o sódio para o exterior. As alterações nas
funções das células eletricamente excitáveis (tecido nervoso e muscular) iniciam-se em
concentrações superiores a 6,5 mmol/L ou abaixo de 2,5mmol/L, quando ocorrem
desequilíbrios entre as concentrações intra e extracelulares desse íon. A regulação da
concentração plasmática do potássio é feita principalmente pelos rins; 90% a 95% é excretado
pela urina e 5% a 10% pelas fezes, suor e saliva, sendo que a aldosterona é o hormônio que
participa dessa regulação.
Há condições em que o potássio pode ser erroneamente interpretado como aumentado, entre
elas, a hemólise em cães da raça akita, os quais têm grandes quantidades de potássio intra-
eritrocitário. Desse modo, a estocagem prolongada do sangue desses animais não é indicada.
Outro exemplo é a leve diferença da concentração desse íon no soro em relação ao plasma.
Devido à liberação de potássio pelas plaquetas durante a coagulação, o soro tende a possuir
valores cerca de 0,2 mmol/L mais altos que o plasma. Do modo contrário, existem fatores que
podem levar à pseudo-hipocalemia, como a hiperlipidemia e a hiperproteinemia.
Cálcio
O cálcio (Ca) é um mineral que tem importância na manutenção da homeostase, tendo funções
na contração muscular, coagulação sanguínea, atividade enzimática, excitabilidade neuronal e
secreção hormonal, além de ser o componente principal estrutural do tecido ósseo. O cálcio é
regulado pelo paratormônio (PTH), calcitonina e vitamina D, portanto, alterações nesses
hormônios causam o aumento (hipercalcemia) ou a diminuição (hipocalcemia) do cálcio
plasmático. A maior parte do cálcio corpóreo se localiza na matriz óssea inorgânica (99%), e o
restante encontra-se na membrana plasmática e retículo endoplasmático celular (0,9%) e no
FEC (0,1%). Desse total de cálcio extracelular, cerca de 56% correspondem à forma
biologicamente ativa desse mineral (cálcio ionizado – Ca2+). O restante (34%) pode ser
dividido em cálcio ligado à proteína albumina e cálcio quelado com ânions, como por exemplo,
citrato, fosfato, bicarbonato e lactato (10%). Essas duas últimas frações, por serem
biologicamente inativas, podem sofrer reduções quantitativas, com diminuição da quantidade
total de cálcio, sem que ocorram alterações clínicas significativas, portanto, faz-se importante a
mensuração do Ca2+. Por exemplo, em casos de hipoalbuminemia, a fração de cálcio ligada à
proteína e o cálcio total diminuem, mas não há a redução da fração ionizada. Devido a isso,
deve-se realizar a correção dos valores de Ca2+, relacionando-os com as quantidades de
proteína total ou de albumina.
A hipercalcemia tem como sinais clínicos a poliúria, polidipsia, vômitos, fraqueza muscular,
bradicardia e depressão do SNC. As causas compreendem: hiperparatireoidismo primário (em
cães, acompanha urolitíase e o PTH está alto), intoxicação por vitamina D, doenças
granulomatosas, doença de Addison (? Ca total – em 25% a 60% dos cães), insuficiência renal
aguda ou crônica (hipercalcemia é causada pela insuficiência renal e vice-versa),
hiperproteinemia (? Ca total). Em cães, as principais causas de hipercalcemia são tumores
(linfomas, adenocarcinomas de sacos anais, mielomas). O jejum é imprescindível para a
análise do cálcio, pois a lipemia pode levar à falsa hipercalcemia.
Cloro
O cloro (Cl-) representa dois terços dos ânions plasmáticos, e juntamente com o sódio, é um
dos responsáveis pela manutenção do equilíbrio osmótico do plasma, sendo que variações das
quantidades de água ou sódio podem causar mudanças na concentração do cloro, caso não
haja alterações de pH plasmático. A determinação do cloro também é de grande utilidade na
avaliação de distúrbios ácido-básicos, pois em geral, alterações na concentração do cloro
ocorrem à custa de modificações no outro principal ânion plasmático, o bicarbonato (HCO3-).
Sendo assim, concentrações elevadas de cloro (hipercloremia) estão associadas com a
diminuição de bicarbonato, como na acidose metabólica, ao passo que reduções dos níveis de
cloro (hipocloremia) são concomitantes com aumentos nos níveis de bicarbonato, como na
alcalose metabólica. Portanto, quando a interpretação da hemogasometria tiver como objetivo a
avaliação ácido-básica, também devem ser levadas em conta as alterações plasmáticas do
bicarbonato e dióxido de carbono (CO2).
Bicarbonato
O bicarbonato (HCO3-), junto com o dióxido de carbono (CO2), compreende no sistema
tampão mais importante no compartimento extracelular. Os tampões funcionam como uma
primeira linha de defesa do organismo contra variações na concentração de íons hidrogênio
(H+), portanto, são os pares que aceitam o H+ para minimizar as alterações de pH impostas
pala adição deste pelo metabolismo ou pela perfusão insuficiente. Devido à importância na
regulação do equilíbrio ácido-básico e pela razão do bicarbonato ser calculado a partir da
mensuração do dióxido de carbono e do pH, esse íon será abordado adiante, juntamente com
os gases sanguíneos.
Gases Sanguíneos
A maior parte das reações químicas do organismo é dependente da manutenção da quantidade
de hidrogênio (H+) dentro de limites bem estreitos. Portanto, fora desses limites, as enzimas
que catalisam essas reações deixam de funcionar de modo adequado, colocando a vida do
paciente em risco. Como a concentração de hidrogênio no sangue é muito pequena (40
nanomoles/L), e devido ao organismo ser tão sensível a variações irrisórias na concentração
desse íon, optou-se por trabalhar com escalas logarítmicas, que “comprimem” grandes
variações em pequenos números. Portanto, o pH é definido como o logaritmo negativo da
concentração de íons hidrogênio no sangue, e sendo assim, uma variação de pH de 7,4 para
7,1 significa que a concentração de hidrogênio dobrou de 40 para 80 nanomoles/L.
O dióxido de carbono (CO2) é o único ácido que pode ser exalado pelos pulmões, e apesar do
CO2não ser um ácido, ele é interpretado como tal, devido à formação do ácido carbônico após
sua combinação com água. Aproximadamente 5% do total de CO2 transportado pelo sangue
ocorrem na forma de solução física no plasma, dependendo diretamente da pressão parcial de
CO2 (pCO2) existente. A determinação da pCO2 é útil para a identificação e determinação da
gravidade de desequilíbrios respiratórios ácido-básicos (acidose ou alcalose respiratória). O
termo hipocapnia significa que a pCO2 está menor que os valores de referências, enquanto a
hipercapnia advém de valores acima dos de referência para a espécie.
Cerca de 90% do CO2 plasmático, sob ação da enzima anidrase carbônica, transformam-se
em ácido carbônico, que a seguir se ioniza, formando o ânion bicarbonato (HCO3-). A
quantidade de HCO3- pode ser considerada igual à quantidade total de CO2 no plasma (tCO2),
sendo que este constituinte é calculado satisfatoriamente no plasma ou no soro, a partir da
medição da pCO2 e do pH. A sua determinação é útil para a identificação e determinação da
gravidade de desequilíbrios metabólicos ácido-básicos (acidose ou alcalose metabólicas).
Existem algumas situações em que os valores de HCO3- podem estar elevados, como na
alcalose metabólica (acompanha alcalemia e hipocloremia), acidose respiratória parcialmente
compensada (acompanha acidemia e hipercapnia) e terapia com bicarbonato de sódio.
A alcalose metabólica tem como causas, as situações que causem perda de íons cloro, como
vômitos (perda de HCl) e terapia com diuréticos eliminadores de cloro ou potássio. A alcalose
pode produzir aumentos significativos na quantidade de HCO3- plasmático (moderado: 27 a 32;
grave: >32).
A hipercapnia, além de ser a causa da acidose respiratória, pode aparecer como compensação
pulmonar da alcalose metabólica, sendo que para cada 1,0 mEq/L de elevação do HCO3-,
podemos encontrar aumento de cerca de 0,7 mmHg da pCO2.
Quando os valores plasmáticos de HCO3- estão diminuídos, podemos suspeitar que o paciente
encontra-se com acidose metabólica (acompanha acidemia com hipercloremia ou
normocloremia) ou com alcalose respiratória parcialmente compensada (acompanha alcalemia
e hipocapnia).
A hipocapnia também pode surgir como compensação pulmonar da acidose metabólica, sendo
que para cada 1,0 mEq/L de decréscimo do HCO3-, pode haver redução de 0,7 mmHg da
pCO2.
O oxigênio (O2) é pouco solúvel no plasma, portanto, para um transporte eficiente de oxigênio
para os tecidos, faz-se necessário um pigmento chamado hemoglobina (Hb), localizado nas
hemácias. Devido à baixa solubilidade do O2, somente uma pequena quantidade dele dissolve-
se no plasma, no entanto, essa quantidade eleva diretamente quando a pressão parcial de
oxigênio (pO2) aumenta. A quantidade de O2 que se liga à hemoglobina chama-se conteúdo
de O2 e também é diretamente proporcional à pO2. Valores de pO2 arterial abaixo de 80
mmHg estão relacionados com baixa saturação da hemoglobina (SO2<95%), condição
chamada hipóxia ou hipoxemia.
A quantidade de hemoglobina também é importante na oxigenação do sangue, e está reduzida
em situações de anemia (hemorragia, hemólise ou diminuição da eritropoese), na qual a
quantidade de hemácias está diminuída (baixo hematócrito – Ht), provocando
consequentemente, diminuição da quantidade máxima de O2 que pode ser transportada no
sangue, chamada de capacidade de O2.
Metabólitos
Lactato
O lactato sanguíneo é um subproduto da glicólise anaeróbica. Todas as células do corpo
trabalham em processos aeróbicos. Quando o oxigênio é fornecido de maneira inadequada às
células, o lactato é acumulado. À medida que o lactato sanguíneo aumenta, ele pode ser usado
como biomarcador para indicar que está ocorrendo perfusão e oxigenação inadequadas das
células do corpo.
Existem dois tipos de hiperlactatemia: lactato tipo A e tipo B. A hiperlactatemia do tipo A ocorre
por causa da hipoperfusão do tecido, enquanto o tipo B ocorre por causa de uma disfunção
celular que não é capaz de utilizar o oxigênio fornecido ou talvez uma diminuição na
depuração. Independentemente da causa, quando o lactato sanguíneo aumenta, isso indica
que as células estão em um estado anaeróbio.
OBS: Mesmos com o exame físico normal o animal esteja deprimido, fazer lactato.
A causa subjacente do aumento do lactato deve ser investigada. Normalmente, a
hiperlactatemia é uma indicação de hipoperfusão, portanto, é importante abordar os problemas
de perfusão por meio de suporte adicional de fluidos ou suporte da pressão arterial com
vasopressores. Todas as clínicas veterinárias devem utilizar lactato para pacientes veterinários
com doenças ou lesões. Os consultórios gerais que atendem a um paciente atropelado por
trauma de carro que chega ao hospital devem monitorar o lactato. Apesar de todos os
parâmetros do exame físico e da pressão arterial serem normais, o paciente ainda pode
precisar de suporte de fluidos agressivo para reverter o choque e fazer com que a perfusão do
paciente volte ao normal.