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Hipocalemia

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Hipocalemia
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DEFINIÇÃO

O potássio é o principal cátion do compartimento intracelular. No compartimento


extracelular sua concentração é baixa variando normalmente entre 3,5 e 4,5 mEq/l. Determina-se
hipocalemia quando o potássio está abaixo de 3,5 mEg/L. Em valores < 3,0 mEq/L considera-se
como hipocalemia grave e muito grave se abaixo de 2,8 mEg/L. Alguns autores sugerem a seguinte
classificação: hipocalemia leve, quando a concentração de K+ plasmático está entre 3,5 e 3 mEq/l,
moderada entre 3 e 2,5 mEq/l e grave abaixo de 2,5 mEq/l.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O quadro clínico, dependente principalmente da hipotonia muscular, caracteriza se por


astenia, fraqueza muscular, parestesias, paralisias, íleo adinâmico, irritabilidade, letargia, com
arritmias cardíacas tipo bigeminismo e/ou trigeminismo, e risco de parada cardíaca em sístole.

Em situações crônicas, a redução do potássio pode levar a instalação de diabetes insipidus


nefrogênico, com poliúria aquosa e polidipsia), denominada nefropatia hipocalêmica.A hipocalemia
pode alterar a eletrofisiologia cardíaca, a arritmia mais comum é a extra-sístole, que pode ser atrial
ou ventricular. A fibrilação ventricular é o principal mecanismo de morte súbita.

Alterações no ECG: (1) Onda T aplainada e aumento do intervalo QT. (2) Aumento da
onda U. (3) Onda U proeminente, maior que a onda T. (4) Desaparecimento da onda T + onda U
proeminente. (5) Onda P apiculada e alta. (6) Alargamento do QRS (raro).

MECANISMOS DE HIPOPOTASSEMIA

As necessidades diárias de potássio de uma pessoa normal são de 40-100 mEq/dia (ou 3-
7 g de KCl por dia), que corresponde a cerca de 0,5-1,5 mEq/kg/dia. Os principais alimentos que
contem potássio são: damasco seco, pêssego seco, figo seco, passa, banana, soja, levedura de
cerveja, carne bovina, salmão, amendoim, dentre outros.
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As principais causas são: entrada insuficiente (geralmente por hidratação parenteral


inadequada) ou perdas excessivas por poliúria (período poliúrico da insuficiência renal aguda ou por
ação de diuréticos) ou por diarreia e fístulas digestivas; doença de Cushing, síndrome de Conn e
desvio iônico (alcalose) também podem levar à queda do K+ plasmático.

Algumas situações fazem o K entrar na célula como: uso de insulina na cetoacidose


diabética, pico de adrenalina no estresse (cirúrgico, traumático), alcalose metabólica, hipotermia,
hipertireoidismo, dentre outros.

A pseudo-hipocalemia é rara, geralmente mais observada em pacientes com leucemia


mieloide aguda, com alta contagem leucocitária, quando o sangue do paciente é demorado de ser
analisado pelo laboratório, fazendo com que os mieloblastos consumam o potássio plasmático,
reduzindo falsamente o K. Na suspeita de pseudo- -hipocalemia, deve-se colocar o tubo de coleta
no gelo, ou então separar rapidamente o plasma das células por centrifugação.

DIAGNÓSTICO

Na constatação da hipocalemia, deve-se procurar sua causa. Algumas causas são mais
fáceis de identificar, como a baixa reposição de potássio, vômitos, diarreia, uso de diuréticos,
insulina. Se não for possível a identificação, deve-se dosar o potássio urinário, se < 20 mEq/L sugere
etiologia extrarrenal (como diarreia, baixa ingesta); porém se > 30 mEq/L fala a favor de perda renal
(diuréticos, poliúria, hipoMg, etc).

TRATAMENTO
O tratamento consiste na administração de K+ de maneira empírica. A administração pode
ser por via oral (KCI xarope ou drágeas, ascorbato de K+ em comprimidos efervescentes) ou por via
endovenosa (aumentando se a concentração de K+ nas soluções eletrolíticas usuais ou na forma de
solução polarizante).

Cada ampola contém 10 ml, o que dá 1 g de KCl. Em cada grama de KCl existe 13 mEq de K+

A preferência é por via oral; a via venosa é indicada para intolerância gastrointestinal (GI),
perdas GI importantes e em casos de hipocalemia grave. Embora a reposição intracelular do K+
possa requerer grandes quantidades, o K+ deve ser administrado lenta e cuidadosamente, para não
produzir concentração excessiva no sangue que possa determinar parada cardíaca.
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Exemplos de prescrição

Via oral: xarope de KCl a 6% na dose de 15-30 ml, três vezes ao dia, ou KCl a 10% via oral 10-20
ml, três vezes ao dia

Via intravenosa: 210 ml de Salina 0,45% (ou SF 0,9%) + 40 ml de KCl a 10% – em bomba infusora,
IV, em 4h.

* O esquema usual consiste na administração de 40 a 60 rnEq/l por via endovenosa a velocidades


não maiores que 30 a 40 mEq/hora.

Em casos de não ocorrer melhora em 72h, deve-se suspeitar de depleção de magnésio associada.
Confirmada esta hipótese, indica-se a reposição de sulfato de magnésio 2-3 g/dia.

REFERÊNCIAS

1. Cecil, Tratado de Medicina Interna , 25ª Ed., 2016.


2. Harrison Medicina Interna, 19ª Ed., 2015.
3. Ceneviva R, Vicente YAMVA. Equilíbrio hidroeletrolítico e hidratação no paciente cirúrgico.
Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 287-300.
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