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2024
Nacional ENARE | Reumatologia | 2024
Reumatologia
SÉRGIO CANABRAVA
Manual de Clínica Médica
para concursos
01
– Sérgio Canabrava –
○ Membro do Departamento de
Catarata do Centro Oftalmológico de Minas Gerais
Diferente dos demais cursos, que oferecem apenas 50%, o MedAULA direciona
70% do conteúdo para Pediatria, GOB, Preventiva e Cirurgia, pois essas 4 matérias
representam 80% dos pontos das provas.
AGRADECIMENTO DO AUTOR
Assim como o trabalho do aluno, a preparação das apostilas do MedAULA foi
árdua, porém, gratificante.
Qualquer dúvida, crítica ou sugestão, você pode utilizar o link “Professores” dentro da sala de
aula virtual ou enviar um email para atendimento@medaula.com.br.
Manual de Reumatologia para Concursos - Volume 1/ Editor
Sérgio Canabrava - Primeira Edição - Belo Horizonte - MG.
Med e_Learning Cursos Interativos, 2023. 88 p. Ilustradas.
ISBN
CDU: 617.7
CDD 617.7
Esta obra é protegida pela lei número 9.610 dos Direitos Autoriais de 19 Em vigor a lei número 10.693, de 1 de Julho de 2003, que altera os arti-
de Fevereiro de 1998, sancionada e publicada no Diário Oficial da União gos 184 e 186 do Código Penal em acrescenta Parágrafos ao artigo 525
em 20 de Fevereiro de 1998. do Código de Processo Penal.
1 CORTICOIDES 6
4 ESPONDILOARTRITES 25
5 OSTEOARTRITE (OA) 34
9 FEBRE REUMÁTICA 67
10 SÍNDROME DE SJÖGREN 72
11 VASCULITES 75
12 GOTA 85
Veja a seguir os temas mais cobrados desta apostila baseado nos concursos citados:
REUMATOLOGIA
LES 17,3%
Osteoartrite 14,2%
Espondiloartrites 11,2%
Gota 8,0%
Vasculites 3,9%
Fibromialgia 2,7%
REUMATOLOGIA ENARE
Dermatomiosite
Gota
Artrite reumatoide
Endocrinologia 2a3
Reumatologia 2a3
Nefrologia 1a2
Neurologia 1a2
Infectologia 1a2
Psiquiatria 1a2
Hematologia 0a1
Gastroenterologia 0a1
Pneumologia 0a1
Outros 3a4
Sérgio Canabrava
CORTICOIDES
REUMATOLOGIA NAS PROVAS DE 2021
As provas de 2021 para entrada em 2022 foram um pouco atípicas com
relação ao módulo de Reumatologia, com relação ao quesito número de
1 Introdução .................................................................... 6 questões. Vários concursos não apresentaram nenhuma questão sobre a
2 Efeitos colaterais ....................................................... 7 matéria.
REUMATOLOGIA NO ENARE
Com relação ao ENARE 2023, foi mais um ano previsível. Foram 3 questões
de Reumato, ou seja, dentro da média história. Com relação aos temas,
também não tivemos surpresas: gota, febre reumática e vasculite (artrite
reumatoide).
ENARE 2021:
- Vasculite (arterite temporal)
- Artrite reumatoide
ENARE 2022:
- Gota
- Vasculite (Tromboangeíte obliterante)
- Dermatomiosite
1. INTRODUÇÃO
Os glicocorticoides são hormônios esteroides produzidos no córtex
da medula suprarrenal, sendo que o cortisol é o principal hormônio corticos-
teroide produzido pelo nosso organismo. Lembre-se de que o cortisol é um
hormônio de estresse e prepara o organismo para sofrer e combater insultos,
além de possuir ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Portanto, a dica
para a prova é: o cortisol aumenta a disponibilidade de glicose e energia e
eleva a pressão arterial.
Existem várias formulações sintéticas de corticoides, as mais usadas
na prática médica são prednisona, prednisolona, hidrocortisona, dexameta-
sona, metilprednisolona e beclometasona (via inalatória).
Os corticoides sintéticos são mais potentes que o cortisol natural,
01
exceto pela hidrocortisona que apresenta potência semelhante.
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Corticoides
QUESTÃO EXEMPLO
r Reumatologia 9
Sérgio Canabrava
SINOPSE DOS
ANTICORPOS
1. INTRODUÇÃO
1. Introdução .................................................................... 9
Anticorpos antinucleares Este é um capítulo importante para o estudo da reumatologia, pois
2. 9 os anticorpos estão associados com a maioria das doenças reumatológicas,
(AAN – ANA – FAN) ..................................................
principalmente as contidas nesta apostila.
2. ANTICORPOS ANTINUCLEARES
(AAN – ANA – FAN)
O primeiro item que o aluno precisa saber é que ele poderá encon-
trar os termos fator antinuclear (FAN) ou ANA (antinuclear antibody) como
sinônimo dos anticorpos antinucleares.
Para as provas, esses anticorpos são relevantes nas doenças reumáticas au-
toimunes, apesar de eles também estarem presentes em outras patologias,
como as hepatites autoimunes e tireoideopatias. Eles ajudam a acertarmos
questões de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), esclerose sistêmica, Doença
Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC), Síndrome de Sjögren (SS), polimiosite
e dermatomiosite.
Eles podem estar presentes em um pequeno percentual da popu-
lação aparentemente sadia (13%). Esta frequência é maior em mulheres e
aumenta com a idade.
O número mágico!
Na prática clínica, são considerados positivos os títulos superiores a
1:80, ou seja 1:160, 1:320, 1:640 etc.
02
a resultados de FAN negativos. Nesses casos, o exame deve ser repetido três
meses após a retirada do medicamento.
Reumatologia 10
Sinopse dos anticorpos
PADRÕES DE
FLUORESCÊNCIA -
PATOLOGIAS
ANTÍGENOS Passo 3: Fracionamento do FAN
RELACIONADAS
FAN Agora é importante saber se esses autoanticorpos específicos
estão presentes e por que eles estão associados a determinadas doen-
DNA de dupla hélice
ças. Portanto, é o momento de realizarmos o fracionamento do FAN. Por
Periférico LES ou de hélice única, his-
exemplo, o anti-SM é o anticorpo mais específico para lúpus. Já a presença
tona e RNA
anti-Ro e anti-La é muito sugestivo de Síndrome Sjögren.
DNA de dupla hélice
LES, AR, lúpus indu-
Homogêneo ou de hélice única, his-
AUTOANTICORPOS CONTRA ANTÍGENOS EXTRAÍDOS
zido por drogas
tona e RNA
DO NÚCLEO
Pontilhado
LES, DMTC SM, RNP Anti-SM Anticorpo mais específico do LES.
grosso
Também é muito específico para LES. Asso-
Pontilhado
SS, LES SS-A (Ro) SS-B (La) ciado com nefrite lúpica. É o único anticorpo
fino nuclear Anti-DNA dupla
do lúpus que está associado à atividade da
hélice doença, pois ele flutua de acordo com ativi-
Pontilhado fino
Pessoas saudáveis ---- dade ou remissão da doença.
denso
Anti-RNP Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC)
Nucleolar ES Proteínas nucleolares
S. Sjögren, lúpus neonatal com BAVT congê-
Síndrome de Proteínas de Anti-SS-A (Ro)
Centromérico nito e lúpus cutâneo subagudo.
CREST centrômeros
Anti-SS-B (La) S. Sjögren.
Anti-histona Lúpus fármaco induzido.
Anti-P Psicose lúpica e depressão.
Anti-Scl 70 Esclerodermia – forma difusa.
Anti-Jo -1 Polimiosite e dermatomiosite.
Reumatologia 11
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Anti-ScI 70
Os anticorpos anti-ScI 70 estão relacionados à esclerose sistê-
mica forma DIFUSA. É importante lembrar que sua presença aumenta
cerca de 17 vezes o risco de desenvolvimento de fibrose pulmonar em
pacientes com essa doença, o que implica a necessidade de monitori-
zação mais frequente da função pulmonar. Além disso, sua positividade
não está relacionada ao envolvimento cardíaco, renal, ou sobrevida da
doença.
Anticentrômero
Os anticorpos anticentrômero são mais encontrados em pa-
cientes com esclerose sistêmica forma LIMITADA, além de serem associa-
dos com hipertensão pulmonar. Eles também estão positivos em grande
parte dos casos de síndrome de CREST. Lembre-se de que pacientes an-
ticentrômero-positivos apresentam prognóstico mais favorável, pois não
apresentam as características mais graves da esclerose sistêmica DIFUSA.
No entanto, este anticorpo, associa-se associa-se à esclerose sistêmica
LIMITADA e à forma de síndrome de CREST.
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ARTRITE REUMATOIDE
(AR)
1. Introdução .................................................................. 12 PRINCIPAIS QUESTÕES EM PROVAS SOBRE AR
Fator reumatoide e anticorpos anti-CCP, manifestações
2. Epidemiologia ............................................................ 13 clínicas, manifestações articulares, manifestações
3. Patogênese da AR ..................................................... 13 extra-articulares e critérios diagnósticos.
4. Manifestações clínicas da AR .............................. 14 Antes de iniciarmos o capítulo, é relevante que o aluno saiba quais são os
principais tópicos abordados sobre artrite reumatoide em concursos. Por-
5. Manifestações articulares da AR ....................... 15
tanto, é importante saber que o fator reumatoide elevado indica pior prog-
6. Manifestações extra-articulares da AR ........... 17 nóstico e que os anticorpos anti-CCP são muito específicos para a doença.
Além disso, a diferenciação entre as manifestações clínicas da AR (dor arti-
7. Diagnóstico da AR ................................................... 18
cular que melhora com o movimento) e da osteoartrite (dor articular que
8. Tratamento da AR .................................................... 20 piora com o uso da articulação) também é de grande importância. Com
relação às manifestações extra-articulares, deve-se compreender que a
9. Tratamento inicial .................................................... 22
coluna lombar e a torácica são raramente acometidas, mas que a cervical
10. Falha na terapêutica ................................................ 22 (C1-C2) é a queridinha dos examinadores. Por fim, fecharemos o capítulo
discutindo critérios diagnósticos da American College e da EULAR. Você ob-
11. Tratamento cirúrgico .............................................. 22
servará que são dois quadros, um com os critérios antigos de 1987 e outro
12. Tratamento na gravidez ......................................... 22 mais recente. Para provas, lembre-se sempre de que os critérios recentes
13. Síndrome de Felty ..................................................... 23 são indicados para diagnóstico precoce da AR.
O que é o “Pannus”?
03
Pannus é a proliferação (hipertrofia e hiperplasia) da membrana sinovial
secundária a um processo inflamatório.
r 13 www.medaula.com.br
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2. EPIDEMIOLOGIA Além disso, ele também é encontrado em outras doenças do tecido co-
nectivo, por isso sua especificidade não é tão alta quanto os anticorpos
A artrite reumatoide acomete principalmente pacientes entre anti-CCP. Estes últimos, que serão estudados logo a seguir, é o que está em
35 a 55 anos, 4ª a 6ª década de vidas. A proporção é maior entre as mu- alta para os concursos de residência!!!
lheres 3:1, com diminuição da diferença em faixas etárias acima de 65
anos. A incidência da doença antes dos 45 anos em homens é rara. Anticorpos anti-CCP (anti peptídeos
Não podemos nos esquecer da relação com HLA-DR4 em 70%
dos casos e a frequência até quatro vezes maior em parentes de primeiro
citrulinados cíclicos)
grau de indivíduos afetados, pois esse tema é sempre cobrado em pro- Para provas de residência, precisamos saber que os anticorpos
vas!!! anti-CCP e o FR podem ser encontrados no soro de pacientes bem antes
Entre os fatores de risco relatados, temos tabagismo, exposi- da doença clínica surgir. Além disso, deve-se ressaltar que o tabagismo
ção à sílica e consumo de café. Já o estrogênio, como anticoncepcional, está quase que exclusivamente relacionado com a AR positiva para o fa-
seria um fator protetor. tor reumatoide e para o anticorpo anti-CCP. Este último parece exacerbar
a resposta inflamatória sinovial.
Além disso, o anticorpo anti-CCP é muito específico para a ar-
Relembrar é viver!!!
trite reumatoide; a sua presença indica fortemente a possibilidade da
HLA (antígeno leucocitário humano) são antígenos codificados pelo doença. O mesmo não acontece com o fator reumatoide, que é pouco
complexo principal de histocompatibilidade (MHC) que se localiza no específico, podendo ser positivo em diversas outras doenças. Este pará-
cromossomo 6. Eles participam em funções imunológicas especificas, grafo é de suma importância para as provas!!!!
por isso relacionam-se com o processo de rejeição de transplantes e
doenças autoimunes. Muito específico para artrite reumatoide. Tende a
Anti-CCP aparecer de forma mais precoce, além de ser fator
de pior prognóstico.
3. PATOGÊNESE DA AR
Fator Pouco específico, mas valores elevados indicam
A inflamação das membranas sinoviais (sinovite), que acaba reumatoide pior prognóstico da artrite reumatoide
determinando a erosão da cartilagem articular e do osso subcondral, é a
principal causa da patogenia da AR. Acontece um processo inflamatório
na membrana sinovial (sinóvia) que é autossustentável. Esse processo As quimiocinas
leva às deformidades articulares típicas da patologia. O seu concurso
pode perguntar sobre como se inicia a inflamação e como ela continua. As quimiocinas (leucotrieno B4, C3a e C5a) atraem os neutrófi-
No entanto, as respostas ainda não estão claras. Sabe-se que existe uma los para o local da inflamação.
predisposição genética. Pelos últimos estudos, existe um gatilho, por
exemplo, um agente infeccioso ou o tabagismo, que estimula o sistema QUESTÃO EXEMPLO
imunológico do indivíduo geneticamente predisposto.
O processo imunológico não é interrompido após iniciado.
Linfócitos CD4+ migram para a membrana sinovial (sinóvia). A partir daí, 1. Hospital das Forças Armadas - HFA - O fator reumatoide, au-
eles ativam os macrófagos e linfócitos B. Nesse momento, o processo de toanticorpo reativo com a fração Fc da IgG, é encontrado em
autoperpetuação do processo inflamatório tem início, pois a produção e mais de 66% dos adultos com artrite reumatoide. Sobre ele, po-
a liberação desordenada de citoquinas (TNF-alfa) e quimiocinas são res- demos afirmar que:
ponsáveis por tal manutenção.
a) Não estabelece o diagnóstico de artrite reumatoide
b) É útil como teste de triagem para a enfermidade
Harrison c) Títulos elevados não se relacionam com a gravidade do quadro
d) Costuma estar ausente nos pacientes com vasculite reumatoide
A frase deste quadro foi retirada do Harrison – Medicina Interna. Tra- e) É um teste com alta especificidade e baixa sensibilidade para a
ta-se de uma importante apresentação sobre a patogênese da AR. En- doença
tenda, pois será cobrado em várias questões e, muitas vezes, o exami-
nador tentará confundir o aluno afirmando que ocorre uma inflamação Esta questão é típica sobre fator reumatoide. Sozinho, o fator
óssea, mas na verdade o processo inflamatório principal ocorre nas reumatoide não estabelece o diagnóstico da patologia! Portan-
membranas sinoviais e cartilagem. to, letra “A”. Como já estudamos, na verdade, os títulos altos de
FR indicam pior prognóstico do paciente. Trata-se de um autoan-
“As características patológicas da AR são a inflamação e proliferação ticorpo que está presente em 70 a 80% dos pacientes, mas com
sinovial, as erosões ósseas focais e o afinamento da cartilagem baixa especificidade, pois é encontrado em outras patologias
articular.” (síndrome de Sjögren, sarcoidose, hepatite B, hanseníase, sífi-
lis, calazar, endocardite bacteriana subaguda, esquistossomose,
Seguindo o estudo da patogênese da AR, ainda estudaremos malária, mononucleose, tuberculose, hepatopatias crônicas, lú-
o fator reumatoide, os anticorpos anti-CCP, as quimiocinas e os fatores pus, fibrose pulmonar idiopática e até mesmo em pacientes hígi-
ambientais. dos). Justamente por isso, ele não serve para triagem da doença.
Lembre-se sempre de que, a alta especificidade para AR é igual
à anti-CCP. A sua presença indica fortemente a possibilidade da
Fator Reumatoide (FR) doença. Por fim, ele costuma estar presente nos pacientes com
vasculite reumatoide.
O fator reumatoide é um autoanticorpo, na maior parte das ve-
zes, do tipo IgM, que reconhece a porção Fc de anticorpos IgG. Ele é produ-
zido por linfócitos B, que se transformam em plasmócitos. A sua importân-
cia está no fato de ser detectado no sangue de 70 a 80% de pacientes com
a doença. É importante lembrar que títulos altos indicam pior prognóstico.
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Artrite reumatoide (AR)
QUESTÃO EXEMPLO
Forma clássica da artrite reumatoide
Artrite simétrica crônica das pequenas articulações das mãos (interfa- 2. UFF - Acerca da artrite reumatoide, a afirmativa correta é:
langeanas proximais e metacarpofalangeanas), das pequenas articu-
lações dos pés e punhos, poupando as articulações interfalangeanas a) A dor nas articulações acometidas que melhora com o movimen-
distais das mãos. to é a sua manifestação mais comum
b) A maioria dos pacientes apresenta poliartrite, com febre, linfoa-
denopatia e esplenomegalia
c) Os sintomas específicos surgem de forma súbita, afetando as
articulações do pescoço, e das mãos, joelhos e pés, de forma
assimétrica
d) A rigidez generalizada é rara, e praticamente desaparece nos pe-
ríodos de inatividade e/ou de repouso prolongado
e) A rigidez matinal de mais de uma hora de duração representa
uma manifestação quase invariável da doença
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Artrite reumatoide (AR)
Punhos Joelhos
O comprometimento simétrico dos punhos acontece na gran- Também são articulações diartrodiais com derrames articula-
de maioria dos pacientes. Entre as deformidades, temos o punho em res comuns, que percebemos pelo sinal da tecla (paciente em decúbito
“Dorso de Camelo”. Pode haver, também, compressão do nervo me- dorsal e joelho estendido, percebe-se a flutuação ou sensação de que a
diano, levando à síndrome do túnel do carpo. Utilizamos duas mano- patela afunda).
bras semiológicas para precipitar os sintomas: Tinel e Phalen. Fique atento ao cisto de Baker da artrite reumatoide (também
pode ocorrer em pessoas sem doença articular), pois sempre é cobrado
em concursos de residência. Ele simula, clinicamente, a trombose veno-
sa profunda quando se rompe, ou seja, com dor e edema (síndrome de
pseudotromboflebite). O tratamento pode ser realizado através de infil-
tração articular com corticoides.
Coluna cervical
(Muito cobrado em concursos!)
r Reumatologia 17
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Nódulos subcutâneos
QUESTÃO EXEMPLO
Os nódulos reumatoides subcutâneos são a principal manifes-
4. Universidade Federal do Piauí - UFPI - Embora o comprometi- tação extra-articular da doença. Eles estão presentes em cerca de 20 a
mento da coluna dorsal ou lombar seja raro na artrite reuma- 35% dos casos (varia com a referência) e são associados a altos títulos
toide, a coluna cervical é frequentemente acometida, sendo a de fator reumatoide. São mais frequentemente encontrados nos casos
articulação mais comprometida: graves, não são dolorosos e indicam doença cronicamente ativa.
a) C1-C2
b) C2-C3
c) C3-C4
d) C4-C5
e) C6-C7
Cotovelos Vasculite
O acometimento mais comum nestes casos é a contratura em A vasculite cursa com a forma cutânea leucocitoclástica, que
flexão. No entanto, o encarceramento dos nervos ulnar e radial pode são micro infartos acastanhados nas polpas digitais e unhas. Já a forma
acontecer. Pouca relevância para as provas!!! necrosante grave afeta as pequenas e médias artérias e não é diferenciá-
vel da encontrada na poliarterite nodosa clássica. Esta última forma pode
evoluir para vasculite necrosante sistêmica, comprometendo múltiplos
Articulações cricoaritenoides órgãos e tecidos. Para provas, precisamos saber que a vasculite reumatoi-
de é mais comum em pacientes com doença crônica, teste positivo para
Os pacientes com estridor, rouquidão e disfagia podem ser as-
fator reumatoide e hipocomplementemia. Além disso, sua incidência é
sociados ao acometimento dessas articulações. No entanto, também é
rara, não afetando mais do que 1% dos casos.
um achado muito raro.
Manifestações cardíacas da AR
6. MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES
Antes de tudo, devemos saber que a causa mais comum de
DA AR morte em pacientes com AR é a doença cardiovascular. Isso será pergun-
tado em sua prova!!! A doença arterial coronária e a Insuficiência Cardía-
A artrite reumatoide é uma doença sistêmica, e, consequente- ca Congestiva (ICC) são mais comuns do que na população geral, sendo a
mente, teremos manifestações extra-articulares. Para concursos, é im- ICC até duas vezes mais frequente nesses pacientes. Já a pericardite é a
portante lembrar que elas são encontradas principalmente em pacientes mais comum manifestação cardíaca da artrite reumatoide. Em geral, são
com altos títulos de fator reumatoide e/ou anti-CCP. Não se esqueça, FR pacientes soropositivos e apresentam nódulos reumatoides.
e o anti-CCP altos são indicativos de pior prognóstico da doença!!! A bioquímica do derrame pericárdico apresenta aumento de
Neste tópico, discutiremos as seguintes manifestações: cutâ- proteínas e LDH, diminuição da glicose, queda do complemento e pre-
neas, cardíacas, neurológicas, renais, pulmonares e oftalmológicas. sença de fator reumatoide.
As outras manifestações são IAM por vasculite das coronárias,
nódulos reumatoides no miocárdio e distúrbios de condução.
Nódulos Reumatoides = Principal manifestação extra-articular
da doença.
Manifestações renais da AR
Manifestações cutâneas da AR Apesar de os rins serem poupados na artrite reumatoide, a glo-
merulonefrite mesangial é o achado histopatológico mais comum em
biópsias.
As manifestações cutâneas são os nódulos subcutâneos, o eri-
As anormalidades normalmente são associadas às drogas uti-
tema palmar, a vasculite necrosante e os infartos acastanhados distais.
lizadas no tratamento. Entre as drogas, podemos citar: D-penicilamina,
sais de ouro e AINEs. No entanto, atualmente não se usa mais D-penicila-
mina e sais de ouro.
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Artrite reumatoide (AR)
Manifestações neurológicas da AR
A vasculite reumatoide da “vasa nervorum”, como na poliarte-
rite nodosa (PAN), pode originar mononeurite múltipla, evoluindo com
perda sensitiva difusa em uma ou mais extremidades. Não esquecer de
que pode estar associada à queda do punho ou pé.
Já o sistema nervoso central não é comumente afetado. Por
fim, a síndrome do túnel do carpo pode ocorrer devido à proliferação de
uma membrana sinovial, causando compressão neuronal.
Manifestações pulmonares da AR
A doença pleural é a forma mais comum de acometimento do
aparelho respiratório na artrite reumatoide. O paciente pode cursar com
dor torácica pleurítica, dispneia e efusão pleural. O derrame pleural e a
pleurite são complicações sistêmicas clássicas da AR. No derrame, en-
contramos exsudato com fator reumatoide positivo e níveis baixos de
glicose, de complemento e do pH.
Episclerite.
QUESTÃO EXEMPLO
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3 Artrite simétrica (> 6 semanas) Simétrico bilateral Fator reumatoide positivo ou anti-
corpos anti-CCP altamente positi- 3
Edema em punho, metacarpo- vos (> 3 vezes ULN)
Artrite de articulações de mãos
4 falangeana ou interfalangeana
e punhos (> 6 semanas) PCR normal e TSE normal 0
proximal Reagentes de
fase aguda PCR anormal e TSE anormal 1
5 Fator reumatoide IgM elevada
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Artrite reumatoide (AR)
Antes de iniciarmos o tópico de tratamento da AR, vamos discutir um Pronto, agora vamos iniciar o estudo do tratamento da AR. Ele
pouquinho sobre a DAS-28, pois essa classificação vem sendo cobra- baseia-se em duas classes de medicamentos. As anti-inflamatórias e as
da em provas. Para que se aperfeiçoe o tratamento das artropatias imunomoduladoras.
inflamatórias, é necessária a avaliação periódica da resposta clínica Imediatamente após o diagnóstico, uma droga modificadora da
e laboratorial ao esquema terapêutico instituído. Como a patologia doença (DMARDs), principalmente o metotrexato, deve ser prescrita e
é multifatorial, os parâmetros clínicos e laboratoriais, isoladamente, o tratamento ajustado para atingir a remissão. Essas drogas imunomo-
não são capazes de reproduzir satisfatoriamente o nível de atividade duladoras (metotrexate, hidroxicloroquina, sulfassalazina, leflunomida)
inflamatória em determinado momento. Por isso, foram criados esses também têm efeito anti-inflamatório, mas o mais importante é que são
índices para melhorar esse acompanhamento, e um deles é a DAS-28. capazes de alterar o curso da doença. Por isso, são chamadas de drogas
A DAS-28 é uma simplificação da DAS (Disease Activity Score). Esta antirreumáticas modificadoras de doença (DMARDs).
última baseia-se no índice articular de Ritchie – IAR (53 articulações As drogas de efeito anti-inflamatório (salicilatos, AINES, glico-
ponderadas com relação à dor). Já a DAS-28 utiliza apenas 28 arti- corticoides e inibidores seletivos da Cox-2) foram as responsáveis pelo
culações sem ponderar a intensidade da dor. Mas, Sérgio, devemos melhor controle dos sintomas de dor e inflamação da AR. Portanto, essas
aprender todos esses índices? Sugiro que saibam ao menos que eles drogas controlam os sintomas da doença, mas não alteram o curso da
servem para avaliar a atividade da doença. patologia!!!
Os imunossupressores (ciclofosfamida, azatioprina e ciclos-
porina) são medicamentos prescritos em vasculite reumatoide necro-
sante ou em casos refratários às DMARDs. Outras drogas que podem ser
utilizadas, nesses casos, são os medicamentos biológicos: neutralizado-
res do TNF-alfa (etanercepte, infliximabe, adalimumabe, golimumabe,
certolizumabe pegol), inibidor da interleucina 6 (tocilizumabe), bloquea-
dor da coestimulação do linfócito T (abatacepte), depletor do linfócito B
(rituximabe).
r Reumatologia 21
MEDAULA | 2023
DMARDs (Drogas Modificadoras da Os AINEs inibem a enzima ciclooxigenase (COX) que participa do pro-
cesso inflamatório. O grande problema é que a COX-1 é responsável
Atividade da Doença) pela proteção da mucosa gastroduodenal, da função plaquetária e re-
nal, sem participação na inflamação. Somente a COX-2 é responsável
Iniciar o mais breve possível as DMARDs após o diagnóstico pela produção das prostaglandinas durante a inflamação, além de pa-
com o intuito de diminuir o aparecimento de erosões ósseas e o avanço pel fisiológico com a COX-1 na proteção renal.
da incapacidade. Eles são divididos em sintéticas e biológicas.
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Artrite reumatoide (AR)
Já os corticoides intra-articulares podem ser utilizados quando com pelo menos dois esquemas de DMARDs sintéticas. Elas devem ser
o tratamento sistêmico não conseguiu diminuir a inflamação de uma ou utilizadas em associação com uma droga sintética, preferencialmente o
mais articulações. metotrexato.
Outra indicação são os pulsos mensais de metilprednisolona
em casos sistêmicos graves como a vasculite necrosante.
11. TRATAMENTO CIRÚRGICO
9. TRATAMENTO INICIAL A cirurgia está indicada na AR intratável com deformidades que
levam à impotência funcional. A artrodese corrige a subluxação atlanto-
-axial grave. Já a sinovectomia ou tenosinovectomia com ressecção das
Medidas gerais proeminências ósseas lesivas aos tendões é indicada para aliviar a dor
intratável das articulações de punho, cotovelo e metacarpofalangeanas.
As medidas gerais de repouso articular e fisioterapia são de
suma importância no tratamento atual. O paciente deve ser informado
sobre o papel dos exercícios e da proteção articular para que possa dedi- 12. TRATAMENTO NA GRAVIDEZ
car-se às atividades de prevenção de deformidades articulares.
Durante a gravidez, cerca de 75% das pacientes apresentarão
melhora total dos sintomas da AR, mas, em geral, retornam após o parto.
Tratamento farmacológico inicial A leflunomida e o metotrexato (DMARDs sintéticas) são contraindicadas
na gestação, pois são teratogênicas. A primeira deve ser suspensa dois
A terapêutica farmacológica atual na maioria dos pacientes
anos antes e a segunda três meses antes. Já, segundo o Harrison, a hi-
com AR deve incluir o uso de:
droxicloroquina e a sulfassalazina são as DMARDs mais seguras nesse pe-
ríodo, mas deve-se ter atenção sobre o seu uso. Com relação aos surtos,
AINE + METOTREXATO que podem ocorrer durante a gravidez, devem ser tratados com baixas
doses de prednisona. Com relação aos agentes biológicos, os estudos
Obs.: Na prática clínica, associa-se corticoide em doses baixas na fase ainda são insuficientes para sua indicação nesse período.
inicial. No entanto, isso não costuma ser cobrado em provas. Ficar
atento!
ODP (Organização do Pensamento) do tratamento da
Isso deve ocorrer logo no diagnóstico para se evitar erosões artrite reumatoide
ósseas e dano articular, que são de rápida progressão nas fases iniciais
da AR. Como sabemos, o efeito das DMARDs pode demorar de 6 a 12 1. Iniciar um AINE associado ao metotrexato imediatamente após o
semanas para começar. Por isso, deve-se associar um anti-inflamatório diagnóstico da doença para evitar as erosões
para controlar os sintomas iniciais. Na prática clínica, no Brasil, comu- ósseas e o dano articular. Essas alterações são de rápida progressão
mente também se associa um corticoide em baixa dose, por exemplo, nas fases iniciais da AR. A abordagem atual indica iniciarmos com AINE
prednisona 10 mg/dia. + Metotrexato.
2. Paciente com maior risco para efeitos colaterais gastrointestinais =
iniciar com AINE inibidores seletivos da COX-.
10. FALHA NA TERAPÊUTICA 3. Necessidade de uso de inibidor seletivo da COX-2 ou misoprostol,
que é a medida de maior eficácia na prevenção
Drogas imunossupressoras de eventos gastroduodenais por AINE.
4. Paciente com fator de risco para descompensação renal (ICC grave,
Os imunossupressores são drogas utilizadas em casos de mani- renal crônico, HAS de difícil controle,
festações extra-articulares, como na vasculite necrosante. Não devemos hipovolêmico) = glicocorticoide de baixa dose no lugar dos AINEs.
confundir vasculite necrosante das pequenas e médias artérias com vas- 5. Uso de imunossupressores (ciclofosfamida/azatioprina) é prescrito
culite cutânea leucocitoclástica. Esta última determina apenas pequenos em casos de vasculite reumatoide
infartos acastanhados nas unhas e polpas digitais. necrosante.
As drogas imunossupressoras são ciclofosfamida, azatioprina, 6. Os agentes biológicos são utilizados nos casos que não respondem à
ciclosporina. associação DMARDs sintéticos.
r Reumatologia 23
MEDAULA | 2023
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Artrite reumatoide (AR)
r Reumatologia 25
Sérgio Canabrava
ESPONDILOARTRITES
(Antigas espondiloartropatias soronegativas)
1. INTRODUÇÃO
As espondiloartropatias soronegativas (fator reumatoide nega-
1. Introdução .................................................................... 25 tivo), hoje, denominadas espondiloartrites, são patologias que têm muitas
2. Espondilite anquilosante (EA) ............................... 25 características em comum com relação à apresentação clínica, à forma de
lesão e aos achados laboratoriais.
3. Artrite psoriásica ....................................................... 31
Enteroartrites (antigas artropatias Principais espondiloartrites
4. 32
enteropáticas) .............................................................
- Espondilite anquilosante;
6. Síndrome de Reiter – Artrite reativa ................... 32
- Artrite reativa (Síndrome de Reiter);
- Artrite psoriásica;
- Artropatias enteropáticas.
- Lesão das enteses (ponto de união entre o tecido fibroso dos ligamentos,
tendões e aponeuroses e o tecido ósseo em todos os tipos de articula-
ções).
- Tendência à hereditariedade.
QUESTÃO EXEMPLO
04
2. ESPONDILITE ANQUILOSANTE (EA)
O termo espondilite significa “inflamação da vértebra”, enquanto anqui-
losante significa “fusão”. Então, temos inflamação com fusão da vértebra.
É uma doença inflamatória crônica que acomete principalmente as
articulações de esqueleto axial, com fator reumatoide negativo (daí o nome
espondiloartropatia soronegativa) que acomete progressivamente as articu-
lações sacroilíacas e vertebrais. Para concurso, precisamos saber que se trata
Reumatologia 26
Espondiloartrites
Reumatologia 27
MEDAULA | 2023
Coluna em “Bambu”
É a ossificação completa das sínfises vertebrais da coluna. Os
sindesmófitos crescem e por ossificação endocondral fazem ponte com
os corpos vertebrais adjacentes.
QUESTÃO EXEMPLO
Observe como os examinadores adoram o tema “articulação sa- Observe na imagem como as vértebras estão “fundidas” em
croilíaca”. Portanto, pensar em alteração radiográfica na espon- uma fase avançada da doença.
dilite anquilosante é o mesmo que pensar em alteração dessa
articulação. Assim, nossa resposta é a letra “C”. Vamos prestar
atenção também na letra “B”, em provas de residência, se en- Manifestações clínicas da EA
contrarmos “diminuição dos espaços intervertebrais”, temos de
pensar em osteoartrite. Normalmente, temos um quadro de um paciente do sexo mas-
culino com vinte e poucos anos que relata dor lombar persistente (> 3
meses, que pode durar até o paciente procurar o médico), insidiosa e
Articulações diartrodiais associada à rigidez matinal (descreve persistir por várias horas após se
levantar) e que é aliviada pela atividade física.
Semelhante à artrite reumatoide, as articulações diartrodiais
também são acometidas pelo processo de sinovite com formação de
Pannus (tecido conjuntivo que invade e destrói as estruturas articulares). Lembre-se de que toda dor articular devido à doença inflamatória (es-
No entanto, atinge principalmente as articulações axiais (ombro, quadril pondilite, artrite reumatoide etc.) é aliviada com a atividade física. Já
e interapofisárias), diferentemente da AR. a dor articular por desgaste, como na osteoartrite, tem seu quadro
piorado pelo exercício.
Articulações periféricas
O paciente também pode citar dor nos quadris, nádegas e om-
Normalmente, manifestam-se como oligoartrite assimétrica, bros, além de sintomas gerais, anorexia, perda ponderal e febre. A dor
predominantemente de membros inferiores, e são comuns em menos lombar que acorda o paciente à noite ajuda a diferenciar a origem infla-
de 30% dos casos. matória das causas mecânicas.
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Espondiloartrites
RECORDAR É VIVER!
Oftalmológicas
A Rigidez matinal, de mais de uma hora, é um A uveíte anterior aguda e recorrente ocorre em até 40% dos
achado frequente nas artrites inflamatórias e pacientes, sendo mais comum naqueles com HLA-B27. É importante res-
serve para diferenciação com as artrites não in- saltar que não existe relação entre a patologia ocular e a gravidade da
flamatórias. Melhora com o movimento. Artrite doença. Por fim, trata-se da manifestação extra-articular mais comum.
Artrite
simétrica crônica das pequenas articulações das
reumatoide mãos (interfalangeanas proximais e metacarpofa-
langeanas), das pequenas articulações dos pés e
Neurológicas
punhos, poupando as articulações interfalangea-
nas distais das mãos. A síndrome da cauda equina é a principal manifestação neuro-
lógica da EA. Ela é insidiosa e pode provocar dor e fraqueza em membros
Dor articular que piora com o uso da articulação. inferiores, com hiporreflexia e flacidez, além de perda sensorial dos der-
Osteoartrite Rigidez matinal com duração menor do que 30 mi- mátomos sacrais.
nutos pela manhã.
r Reumatologia 29
MEDAULA | 2023
1. Dor lombar maior que 3 meses e que melhora com exercício, e não Na presença dos três critérios clínicos isolados (New York Cri-
com o repouso. teria) ou do critério radiológico também isolado, temos um diagnósti-
2. Limitação dos movimentos da coluna lombar. co provável, mas ainda não confirmado. O fator reumatoide é negativo,
3. Diminuição da capacidade de expansão do tórax. como em todas as demais artrites soronegativas deste capítulo (Síndro-
4. Sacroileíte (Critério Radiográfico): me de Reiter, artrite psoriásica e artropatias enteropáticas). Já o VHS está
• Bilateral / estágios 2-4; aumentado, mas não tem correlação com a atividade da patologia.
• Unilateral / estágios 3-4. O HLA-B27 está presente em cerca de 90% dos casos de EA nas
referências para concursos. Portanto, a presença desse antígeno forta-
lece o diagnóstico. Já a ausência em um caso característico aumenta a
No entanto, esses critérios são pouco sensíveis para quadros suspeita de doença inflamatória intestinal coexistente.
leves ou iniciais. Por isso, mais recentemente também foram propostos
os critérios da Assessment of Spondyloarthritis Internacional Society
(ASAS) para a espondiloartrite axial e periférica. Para provas, o candi- No entanto, como no Brasil predomina uma população não caucasia-
dato precisa saber que esses critérios da ASAS são importantes para o na, a positividade de HLA-B27 é menor, assim podemos encontrar pa-
diagnóstico de casos iniciais ou leves. Além disso, eles são aplicáveis em cientes com EA e HLA-B27 negativo.
indivíduos com 3 ou mais meses de dor nas costas e com idade de início
menor do que 45 anos. Vamos relembrar o HLA de algumas outras patologias reuma-
tológicas:
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Espondiloartrites
QUESTÃO EXEMPLO
6. SES - RJ - Homem jovem de 22 anos procura atendimento médico com queixas de lombalgia bilateral há mais ou menos dois meses e dificul-
dade para flexionar lateralmente a coluna vertebral. É levantada a hipótese diagnóstica de espondilite anquilosante. A espondilite anquilo-
sante deve ser diferenciada de outras causas de dor lombar. Nesse caso, o que melhor aponta para esse diagnóstico é:
Sabemos que a espondilite anquilosante acomete principalmente pacientes jovens (< 40 anos) e com início arrastado (maior que 3 meses). No
entanto, os sintomas que mais falam a favor são rigidez matinal, melhora da dor com exercício e limitação da flexão da coluna vertebral. Desses
três últimos, somente a limitação da flexão da coluna vertebral foi citada. Portanto, nossa resposta é a alternativa “D”. Apesar de muitos alunos
questionarem a parte da idade do paciente, somente um jovem de 22 anos com lombalgia bilateral não indica EA.
Tratamento da EA
O tratamento da espondilite anquilosante tem por objetivo minimizar o aparecimento das deformidades articulares, aliviar a dor, além de
diminuir o desconforto e a rigidez. As medidas gerais são dormir em decúbito dorsal, realizar prática de exercícios físicos e manter uma postura ereta
no dia a dia. Neste tópico, discutiremos também: AINEs, corticoides e neutralizadores TNF-alfa.
AINEs
Os AINEs são a principal terapêutica utilizada para a EA, pois podem diminuir a rigidez, aliviar a dor e diminuir a progressão radiológica da
doença (inclusive a fusão de vértebras), se usados de maneira contínua.
A indometacina e a fenilbutazona foram os primeiros utilizados no tratamento da EA. No entanto, atualmente, vários outros já se mostra-
ram efetivos, como diclofenaco, naproxeno, piroxicam, celecoxib, meloxicam, ibuprofeno etc.
Corticoides
Os corticoides sistêmicos não são utilizados na espondilite anquilosante, pois podem piorar a osteoporose justarticular e vertebral asso-
ciada à patologia. A aplicação intra-articular é utilizada para alguns casos de sacroileíte e de artrite periférica.
Neutralizadores do TNF-alfa
Os estudos mostram que o infliximabe, etanercepte, adalimumabe e golimumabe trazem resultados satisfatórios no controle dos sinto-
mas com reduções rápidas, permanentes e profundas de todos os parâmetros clínicos e laboratoriais da atividade da doença. No entanto, devido
ao custo, aos efeitos colaterais (distúrbios hematológicos, infecções graves – tuberculose disseminada, exacerbações de ICC e manifestações de
LES) e à falta de estudos de longo prazo, esses medicamentos são indicados somente em pacientes com diagnóstico definitivo e doença ativa que
não responderam ao uso prévio de AINES. Lembre-se de que, como estes medicamentos podem causar tuberculose disseminada, deve-se realizar
a prova tuberculínica.
r Reumatologia 31
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Em provas, para pensarmos em artrite psoriásica, é necessário que o Surgimento de pequenos pontos he-
Sinal de Auspitz ou sinal
paciente tenha a psoríase! Portanto, se você está em dúvida em uma morrágicos após remoção das esca-
do orvalho sangrante mas.
questão e o examinador não deixou claro que o paciente tem a doen-
ça, não marque artrite psoriásica!
Tratamento da artrite psoriásica
O tratamento será de acordo com a gravidade da artrite. Nas
formas leves, o tratamento deve ser realizado apenas com AINEs. Nessa
patologia, diferentemente da artrite reumatoide, os agentes modificado-
res da doença (metotrexate e sulfassalazina e anti-TNFs) são importantes
no controle das formas refratárias ou recidivantes. Os corticoides sistê-
micos não são utilizados e os intra-articulares somente em casos selecio-
nados.
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Espondiloartrites
Doença de Whipple
QUESTÃO EXEMPLO
A doença de Whipple caracteriza-se por artrite, diarreia, sero-
7. UERJ - Mulher, 67 anos, procura ambulatório de clínica médica site, perda ponderal, hiperpigmentação cutânea e linfadenopatia. Trata-
queixando-se de artralgia de início recente, assimétrica, acome- -se de uma lipodistrofia intestinal.
tendo joelho direito e as articulações interfalangeanas distais,
com rigidez matinal. Relata também lesões em placas eritêma-
to-escamosas bem demarcadas nos cotovelos, joelhos e couro Enterocolites infecciosas (Shigella, Yersinia,
cabeludo há mais de 10 anos, em acompanhamento com derma- Campylobacter e Salmonella)
tologista. Ao exame, apresentava-se com artrite no joelho direi-
to. Diante do caso, o diagnóstico é de artrite do tipo: Neste caso, temos uma artrite reativa que ocorre cerca de qua-
tro semanas após a doença intestinal. Os principais agentes que podem
a) Reativa causar a infecção intestinal são Shigela, Yersinia, Campylobacter e Salmo-
b) Psoriásica nella.
c) Reumatoide
d) Degenerativa
Doença celíaca
Neste quadro, temos uma típica questão de artrite psoriásica.
Perceba que estamos diante de um paciente com lesão cutânea Alguns pacientes com doença celíaca podem cursar com artrite
eritêmato-escamosa localizada em cotovelo, joelhos e couro ca- em coluna lombar, ombros, joelhos e quadris.
beludo, acompanhada de poliartrite assimétrica inflamatória.
Importante voltar ao texto e fixar as cinco formas de apresenta- 5. SÍNDROME DE REITER –
ção desta patologia. Lembre-se das dicas típicas dos concursos
para as outras patologias reumatológicas que poderiam te con- ARTRITE REATIVA
fundir: (Artrite + Conjuntivite + Uretrite)
- Espondilite anquilosante: Homem jovem com dor lombar que A Síndrome de Reiter é caracterizada por Artrite + Conjuntivite
melhora com o movimento e piora com o repouso e evolui com + Uretrite. A artrite reativa caracteriza-se por um processo inflamatório
quadro insidioso de mais de 3 meses. articular, estéril que tem origem em um processo infeccioso a distância.
- Artrite reumatoide: Artrite simétrica crônica das pequenas Relaciona-se ao HLA-B27, assim como todas as outras espondiloartropa-
articulações das mãos (interfalangeanas proximais e metacar- tias soronegativas deste capítulo. O pico de incidência ocorre entre os 20
pofalangeanas), das pequenas articulações dos pés e punhos, e 30 anos. A tríade é mais encontrada em pacientes com infecção prévia
poupando as articulações interfalangeanas distais das mãos. (1 a 4 semanas) por Shigella e Chlamydia.
- Osteoartrite/Osteoartrose: Dor articular que piora com o uso
da articulação. Rigidez matinal menor do que 30 minutos.
Síndrome de Reiter
- Artrite Reativa + Uretrite + Conjuntivite.
4. ENTEROARTRITES (ANTIGAS
ARTROPATIAS ENTEROPÁTICAS) Principais agentes relacionados à artrite reativa
- Shigella, Salmonella (forma pós-disentérica);
As artropatias enteropáticas são consideradas doenças arti-
- Chlamydia Trachomatis (forma pós-venérea).
culares inflamatórias associadas a condições intestinais em sua origem.
As principais patologias são Doença de Crohn (DC), retocolite ulcerativa
(RCU), doença celíaca e doença de Whipple.
Clínica da Síndrome de Reiter –
Doença Intestinal Inflamatória (DII) Artrite reativa
Na maioria das vezes, a artrite reativa aparece após 1 a 4 se-
O paciente com DII pode cursar com duas formas de artropa-
manas de um episódio de infecção (diarreia) ou uma doença venérea. O
tias. A primeira é a artropatia periférica que está presente em 20% dos
quadro normalmente é oligoarticular, assimétrico, com acometimento do
pacientes com DC e 5% dos pacientes com RCU. Os sintomas normalmen-
membro inferior (pés, joelhos, e principalmente o joelho) e parte inferior
te são abruptos, migratórios, com acometimento de grandes articulações
da coluna. As apresentações menos comuns são dactilites, tendinites, sa-
e normalmente com manifestações intestinais presentes.
croileíte e acometimento ascendente da coluna vertebral. Com relação à
É importante ressaltar que essa primeira apresentação não
Síndrome de Reiter, na maioria das vezes, o início se dá com uma uretrite,
tem relação com o HLA-B27 e a patogenia é desconhecida. Deve-se tratar
seguida por uma conjuntivite e, por fim, a artrite.
o distúrbio intestinal primário.
A segunda forma se refere às manifestações axiais (coluna
vertebral). A principal apresentação é a espondiloartropatia que pode Diagnóstico da Síndrome de Reiter –
cursar com sacroileíte e, em algumas vezes, com espondilite grave. Di-
ferentemente da primeira forma, aqui o HLA-B27 está presente em até
Artrite reativa
70% dos pacientes. Essa forma é indistinguível da espondilite anquilosan-
O diagnóstico da artrite reativa é sempre clínico e de exclu-
te e o tratamento é o mesmo. Como todas as doenças deste capítulo, ela
são, visto que ainda não existe um exame complementar confirmatório.
também tem o FR negativo.
É importante ressaltar que devemos encontrar uma história de infecção
diarreica ou venérea entre 1 e 4 semanas antes da artrite!
r Reumatologia 33
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QUESTÃO EXEMPLO
a) Conjuntivite
b) Irite
c) Ceratite
d) Neurite
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Sérgio Canabrava
OSTEOARTRITE - OA
1. INTRODUÇÃO
Antes de começarmos o capítulo, apresentaremos um enunciado
que exemplificará as principais características de um paciente com osteoar-
1. Introdução .................................................................... 34 trite. Fique atento, pois esta patologia vem sendo cada vez menos cobrada
em concursos.
2. Fisiopatologia da OA ................................................ 35
3. Quadro clínico e exame físico da OA ................. 35
QUESTÃO EXEMPLO
4. Articulações acometidas na OA ........................... 36
1. UFPR - Maria tem 53 anos e apresenta quadro de sobrepeso. Pro-
5. Diagnóstico da osteoartrite .................................. 37 cura o ambulatório com queixa de dor articular em mãos e joelhos
6. Tratamento da OA ..................................................... 38 que pioram com a movimentação ao longo dia. Relata também
rigidez matinal nas articulações que melhora em menos de 20 mi-
nutos com as atividades da manhã. Ao exame, observam-se nódu-
los nas articulações interfalangeanas distais das mãos. Ao raio-X
de coluna, observa-se: redução do espaço articular, esclerose do
osso subcondral, cistos subcondrais e presença de osteófitos. O
diagnóstico mais provável é:
a) Artrite reumatoide
b) Osteoartrite
c) Espondilite anquilosante
d) Psoríase
r
0535
Osteoartrite de coluna cervical. Além da diminuição do espaço ar-
ticular, observe a presença de osteófito indicado pela seta.
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Osteoartrite - OA
QUESTÃO EXEMPLO
Paciente típico
O típico paciente com osteoartrite é um indivíduo do sexo feminino,
de meia-idade ou idoso, com sobrepeso, que se queixa de dor e rigidez
nas articulações acometidas, acompanhado de progressiva limitação
de função.
Como lembrar?
Lembre-se do alfabeto. Nele, a letra “B” de Bouchard é mais proximal
do que a letra “H” de Heberden, que é mais distal!
r Reumatologia 37
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- Padrão de dor: mecânico na osteoartrite (piora com movimento) 5. UFPE - Um paciente de 57 anos apresenta-se ambulatorialmente
versus inflamatório nas doenças inflamatórias (melhora com o mo- com história de dor em joelho direito há 4 meses. Relata rigidez
vimento); matinal de 25 minutos. Durante a deambulação, há intensifi-
- Presença de manifestações sistêmicas: normalmente ausentes na cação da sintomatologia dolorosa. Ao exame do joelho direito,
osteoartrite; percebe-se crepitação à movimentação ativa. Qual o diagnóstico
- Sinais inflamatórios exuberantes ao exame físico: geralmente não mais provável?
verificados na osteoartrite;
- Alterações laboratoriais: elevação importante das provas de ativi- a) Osteoartrite
dade inflamatória e presença de autoanticorpos não fazem parte do b) Artrite reumatoide
quadro clínico habitual da osteoartrite; c) Pseudogota
- Alterações radiográficas: embora sejam inespecíficas, a sua presen- d) Condromatose sinovial
ça junto ao quadro clínico aponta para o diagnóstico. Outras doenças
podem apresentar achados radiográficos diferenciais; Questão fácil. O aluno não pode confundir artrite reumatoide com
- Padrão de acometimento articular: o acometimento de articulações osteoartrite. O primeiro quadro apresenta melhora da dor com a
atípicas para a osteoartrite primária, como metacarpofalângicas, pu- movimentação, já a OA cursa com piora da dor com a atividade.
nhos, cotovelos, ombros ou tornozelos deve levar à suspeita e à inves- Para ficar ainda mais didático, o examinador poderia utilizar o ter-
tigação de causas secundárias. mo “instabilidade ao descer escadas”, visto que é típico de osteoar-
trite de joelhos. A crepitação observada à mobilização passiva da
articulação pode ser até mesmo audível e estar presente em 90%
O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) estabeleceu crité- dos pacientes com osteoartrite do joelho, denotando a existência
rios classificatórios para a osteoartrite de mãos, quadril e joelhos (tabelas de um espessamento sinovial e/ou irregularidade das superfícies
articulares. Portanto, a resposta é a letra “A”.
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Osteoartrite - OA
6. TRATAMENTO DA OA
QUESTÃO EXEMPLO
O tratamento da osteoartrite inclui orientações para perda de
peso e exercício físico, terapia farmacológica, terapia intra-articular e 6. SURCE - Paciente do sexo feminino, 45 anos, trabalha como em-
tratamento cirúrgico. pregada doméstica, queixa-se de dor lombar crônica, de caráter
mecânico, sem sinais de alarme, com exacerbação há 02 sema-
nas. Relaciona a dor ao trabalho. Ao exame físico, apresenta so-
Importante sobre o tratamento da Osteoartrite brepeso, dor difusa à palpação da região lombar paravertebral
sem irradiação. Ausência de pontos-gatilhos. Restante do exame
Diferente do LES (Cloroquina) e da Artrite Reumatoide (Metotrexato),
físico sem alterações. Além da perda de peso, o que deve constar
a osteoartrite não apresenta nenhuma droga modificadora da evolu-
no plano terapêutico da paciente?
ção da doença!
a) Prescrição de analgésico opioides
Terapia farmacológica b) Realização de exercício físico aeróbico e alongamento
c) Prescrição de antidepressivos por pelo menos 6 meses
A principal indicação da terapia medicamentosa no tratamento d) Afastamento das atividades laborais até melhora do quadro álgico
da osteoartrite é o controle da dor. Outra finalidade seria modificar a
evolução da doença, embora nenhuma das medicações disponíveis até o Paciente do sexo feminino com dor lombar de caráter mecânico,
momento possa comprovadamente alterar a história natural da osteoar- ou seja, que piora com a movimentação. Estamos diante de um
trite. típico quadro de osteoartrite em seu estágio inicial, com exacer-
bação há 2 semanas e com ausência de pontos-gatilho. Como
observamos, o tratamento inicial destes pacientes é a perda de
Terapia sistêmica peso e a realização de exercícios físicos. Portanto, letra “B”. Não
confundir com a artrite reumatoide, quadro no qual iniciamos
As medicações utilizadas por via oral ou parenteral incluem com drogas modificadoras da doença (DMARDs) desde o início.
analgésicos comuns, Anti-Inflamatórios Não Hormonais (AINH), analgé- Nenhuma das medicações disponíveis até o momento pode,
sicos opioides, agentes modificadores da estrutura do tecido conectivo e comprovadamente, alterar a história natural da osteoartrite.
drogas potencialmente modificadoras da doença osteoartrósica.
r Reumatologia 39
MEDAULA | 2023
9.
A letra “A” cita corretamente a localização dos nódulos de He-
berden e Bouchard, mas está errada, porque esses nódulos são
característicos apenas da osteoartrite, e não da artrite reuma- 10
Os sindesmófitos crescem e toide. A letra “B” também está errada, porque, na verdade, a
por ossificação endocondral fa- osteoartrite é uma doença degenerativa crônica, multifatorial
Osteófitos: proeminências ósseas zem ponte com os corpos ver- e progressiva que atinge as articulações sinoviais com diferen-
na borda do osso. Típicas da osteo- tebrais adjacentes. Essa ligação tes possibilidades de acometimento da cartilagem, conduzindo
artrite. entre os corpos vertebrais pro- à dor crônica e alterações funcionais. Dessa maneira, é errado
vocará a “coluna em bambu” dizer que a osteoartrite é uma consequência natural do processo
da espondilite anquilosante. de envelhecimento. A letra “C” é a alternativa correta. Portanto,
lembre-se de que, de todas as articulações, a coluna é a mais
acometida, mas, das articulações periféricas, os joelhos são mais
acometidos, principalmente em mulheres. A letra “D” já pode
ser descartada de cara, por causa da palavra “sempre”. Além
disso, é importante lembrar que o tratamento da osteoartrite
inclui orientações para perda de peso e exercício físico. Por úl-
timo, as alterações radiológicas da osteoartrite são osteófitos,
redução do espaço articular e esclerose do osso subcondral. Não
confunda osteófitos e sindesmófitos, que é a pegadinha da al-
ternativa “E”. Os sindesmófitos são encontradas na espondilite
anquilosante e são responsáveis por fazerem as “pontes” entre
os corpos vertebrais para formar a “coluna em bambu”.
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LÚPUS ERITEMATOSO
SISTÊMICO - LES
1. Introdução ................................................................... 41 QUESTÃO CONCEITO!!!
2. Patogênese .................................................................. 41 Esta questão da Universidade Federal de Santa Catarina é muito inte-
3. Manifestações clínicas do LES ............................. 41 ressante para introduzirmos o capítulo de LES. Leia com calma:
06
abordados ao longo da questão:
r 41 www.medaula.com.br
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2. PATOGÊNESE
Apesar das causas do LES ainda não terem sido totalmente
esclarecidas, admite-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais
participem do desencadeamento da doença.
Fatores genéticos
O sistema MHC (major histocompatibility complex), composto
pelos antígenos HLA, é um importante determinante da autotolerância.
Diferenças genéticas no HLA podem predispor à seleção positiva de al-
guns linfócitos T autorreativos.
De uma forma geral, a incidência de LES é maior em indivíduos
com alguns antígenos HLA específicos sendo os mais importantes o DR2
e o DR3, podendo-se ainda citar o B8, DQA1 e DQB1. Pode parecer de
pouca relevância, mas o candidato encontrará questões sobre esses antí-
genos!!!! Erupção malar em asa de borboleta ou em vespertílio: poupa regiões
periorbitárias e sulcos nasogenianos. Presente em 50% dos casos. Fre-
quentemente precipitada pela exposição solar. Apesar de altamente
Fatores ambientais sugestivo de LES, não é específico, podendo ocorrer em outras con-
dições como reações a drogas, dermatomiosite juvenil, dermatite se-
Diversos fatores ambientais podem ser necessários para a ex- borreica e acne rosácea.
pressão clínica da doença. São exemplos:
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
QUESTÃO EXEMPLO
a) Esclerodermia
b) Dermatomiosite
c) Lúpus eritematoso sistêmico
d) Granulomatose de Wegener
r Reumatologia 43
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DERMATOMIOSITE - POLIMIOSITE
Trata-se de miopatias inflamatórias idiopáticas. Cursam com desen-
volvimento inexplicável de um processo inflamatório não supurativo
na musculatura esquelética, que se manifesta por FRAQUEZA MUS-
CULAR PROXIMAL E SIMÉTRICA. Apresenta uma predominância em
mulheres como na maioria das doenças reumatológicas, excetuando-
-se algumas vasculites e a espondilite anquilosante (homem jovem
com dor lombar ao acordar e que melhora com a atividade física e
piora com o repouso).
Importante
Segundo o Harrison, a nefrite é habitualmente a manifestação mais
grave do LES. Qualquer pessoa com suspeita de lúpus deve ter um
exame de urina solicitado. Normalmente, os pacientes com formas
proliferativas causadoras de dano renal cursam com hematúria e
proteinúria, podendo levar à morte. O tratamento é com corticoides
sistêmicos em altas doses e imunossupressores potentes, como a ci-
clofosfamida e o micofenolato mofetil.
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
a) Artralgia
b) Linfadenomegalia
c) Erupção cutânea facial
d) Comprometimento renal
r Reumatologia 45
MEDAULA | 2023
a) Anti–U1-RNP
b) Anti–DNA fita simples
Manifestações neurológicas c) Anti–histona
d) Anti–ribossomal P
O diagnóstico de manifestações neurológicas devido ao LES e) Anti-Sm
envolve a exclusão rigorosa de eventos secundários a outras situações
clínicas como distúrbios metabólicos, infecções ou uso de medicamen- Esta questão apresenta uma manifestação neurológica do lúpus:
tos. O espectro das manifestações neuropsiquiátricas é muito variável, a psicose lúpica. O anticorpo da psicose e da depressão é o an-
podendo acometer os sistemas nervoso central e periférico. O subcomitê ti-ribossomal P. Ela foi inserida neste ponto da apostila apenas
do Colégio Americano de Reumatologia classificou 19 síndromes neurop- para introduzir o conceito sobre os anticorpos do LES. Este tema é
siquiátricas relacionadas à doença lúpica. MUITO cobrado em provas de residência e será estudado ao lon-
go do capítulo. Portanto, fique atento às principais associações:
Síndromes neuropsiquiátricas relacionadas ao - Anti DNA dupla-hélice: nefrite lúpica.
lúpus eritematoso sistêmico - Anti-histonas: lúpus farmacoinduzido.
- Anti-P: psicose lúpica
Sistema nervoso central
- Estado confusional agudo;
- Distúrbios cognitivos (mais frequente manifestação do LES relacio-
nada com o SNC); Manifestações oculares
- Psicose; (Pouquíssima relevância para provas!)
- Desordens de humor;
- Desordens de ansiedade; As complicações oculares secundárias ao Lúpus Eritematoso
- Cefaleia; Sistêmico (LES), geralmente aparecem nos pacientes cuja doença encon-
- Doença cerebrovascular; tra-se em atividade.
- Mielopatia; A síndrome seca associada ao lúpus (Sjögren secundário) é a
- Desordens do movimento; manifestação mais comum e ocorre em 15% dos pacientes. Conjuntivite
- Síndromes desmielinizantes; e episclerite ocorrem em 10% e a vasculite retiniana, em apenas 5% dos
- Convulsões; casos, mas, devido à possibilidade de causar perda definitiva da visão em
- Meningite asséptica. poucos dias, é a mais importante das manifestações oculares. Quando
há envolvimento de nervos, pode produzir estrabismo e diplopia. É im-
Sistema nervoso periférico portante lembrar que alguns medicamentos utilizados no tratamento e
controle do LES (corticoides) podem causar alterações como catarata e
- Neuropatia craniana;
glaucoma.
- Polineuropatia;
- Plexopatia;
- Mononeuropatia simples/múltipla; Manifestações gastrointestinais
- Polirradiculoneuropatia inflamatória aguda (Guillain-Barré); (Pouquíssima relevância para provas!)
- Desordens autonômicas;
- Miastenia gravis. O lúpus eritematoso sistêmico pode acometer qualquer parte
do trato gastrointestinal (TGI). Os sintomas podem resultar do envolvi-
A cefaleia é um sintoma bastante comum que ocorre em cerca mento primário da doença ou de complicações da terapia.
de 25% dos pacientes. Geralmente é semelhante à enxaqueca e respon- A área mais frequentemente acometida é a cavidade oral, onde
siva a analgésicos. Cerca de 10% dos pacientes costumam apresentar podem ser diagnosticadas úlceras de mucosa e diminuição da saliva.
convulsões. Os sintomas são variados e incluem dor e distensão abdominal,
Mais de 60% dos pacientes com lúpus desenvolvem manifes- vômitos, constipação ou diarreia. Os pacientes com LES também podem
tações psiquiátricas como disfunção cognitiva e alteração de personali- apresentar diversas infecções no TGI, como candidíase, hepatite B ou C,
dade, depressão e psicose lúpica que, apesar de ocorrer em apenas 5% herpes etc. Além disso, as medicações usadas no tratamento do LES tam-
dos pacientes, é um critério diagnóstico da doença e muito cobrado em bém podem causar efeitos adversos no TGI, caracterizados por náuseas,
provas. úlceras, dor abdominal, diarreia, esteatose hepática e quadros mais graves
de hepatite e pancreatite.
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
Manifestações hematológicas coagulação: sangramentos, por reação dos anticorpos com os fatores
da coagulação ou tromboses por reação com fosfolipídios (síndrome do
As anormalidades hematológicas estão quase sempre presen- anticorpo antifosfolípide secundária, que estudaremos em um capítulo
tes nos pacientes com lúpus ativo. Elas podem ser notadas em fases pre- separado, não se associa ao lúpus).
coces, precedendo outras manifestações da doença. As três linhagens
celulares da medula óssea podem ser acometidas.
No baço, podemos encontrar as “lesões em casca de Cebola” que é
Os leucócitos são os mais frequentemente atingidos, poden-
forte indício do LES. Trata-se de fibrose perivascular. Portanto, se en-
do-se observar uma leucopenia em cerca de 50% dos pacientes lúpicos,
contrado esse termo em provas, deve-se pensar em lúpus.
atingindo valores entre 2.000 a 4.000 leucócitos/mm3 como manifesta-
ção inicial. Felizmente, leucopenias graves, com repercussão clínica e
maior susceptibilidade a infecções são menos comuns e estão relaciona-
das à atividade da doença. Pode-se ainda observar leucocitose em situa-
ções infecciosas ou devido à utilização de elevadas doses de corticoides.
A anemia é bem frequente em qualquer estágio do lúpus e pode ser:
Pulmonar Pleurite
Geral Atralgia, mas lembre-se de que a artrite, e não a artralgia, é que é critério diagnóstico!
r Reumatologia 47
MEDAULA | 2023
Lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em relevo geralmente em vespertílio ou asa de
1. Eritema malar
borboleta.
Lesão eritematosa bem delimitada, infiltrada, com escamas queratóticas aderidas e tampões folicula-
CUTÂNEAS
2. Lesão discoide
LESÕES
Exantema cutâneo como reação não usual à exposição à luz solar, principalmente em face, antebraços
3. Fotossensibilidade
e região do decote.
4. Úlceras orais/nasais Úlceras orais ou nasofaríngeas, usualmente indolores, observadas pelo médico.
Artrite não erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas, caracterizadas por dor e ede-
5. Artrite ma ou derrame articular. As articulações das mãos são as mais acometidas. Geralmente transitórias e
recidivantes, raramente determinam deformidades.
Pleurite (caracterizada por história convincente de dor pleurítica, ou atrito auscultado pelo médico
6. Serosite ou evidência de derrame pleural) ou pericardite (documentado por eletrocardiograma, atrito ou evi-
dência de derrame pericárdico).
Proteinúria persistente (> 0,5 g/dia ou 3+) ou cilindrúria anormal. A nefrite ocorre em cerca de 50%
7. Comprometimento renal dos casos. Como a gravidade desse comprometimento é variável, ela deve ser tratada precoce e ade-
quadamente para se evitar a insuficiência renal.
8. Alterações neurológicas Convulsão (na ausência de outra causa) ou psicose (na ausência de outra causa).
Anemia hemolítica ou leucopenia (menor que 4.000/ml em duas ou mais ocasiões) ou linfopenia
9. Alterações hematológicas (menor que 1.500/ml em duas ou mais ocasiões) ou plaquetopenia (menor que 100.000/ml na au-
sência de outra causa). Presente em mais de 50% dos casos.
Anticorpo antifosfolípide;
10. Alterações imunológicas Anti-SM;
Anti-DNA nativo.
Título alterado de anticorpo antinuclear (FAN) por imunofluorescência indireta ou método equivalen-
te, em qualquer época, e na ausência de drogas conhecidas por estarem associadas à síndrome do
11. Anticorpos antinucleares (FAN)
lúpus induzido por drogas. Segundo o Harrison, apresenta uma prevalência de 98%, sendo, portanto,
o melhor teste de triagem.
Esses critérios foram desenvolvidos com o objetivo de uniformizar os estudos científicos da doença e, embora raro, é possível termos pacientes
que não apresentam 4 dos 11 critérios de classificação. Sintomas gerais como febre, emagrecimento e fadiga podem estar presentes em até 90%
dos casos, sendo a fadiga o mais comum dos sintomas. Manifestações como vasculites, sintomas oculares, hepato, espleno e linfadenomegalia
também podem ocorrer, principalmente quando a doença está em fase ativa.
QUESTÃO EXEMPLO
5. SES – DF – Uma paciente de 35 anos de idade, afrodescendente, comparece à consulta por apresentar artrite, anemia e rash em asa de
borboleta na face. Realizou exames laboratoriais. Em relação a esse caso clínico e com base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue
o item a seguir:
a) Certo
b) Errado
Questão tranquila! A leucopenia é esperada nos pacientes com LES. Não se esqueça de que as questões do SES-DF são apenas com “certo”
e “errado”.
a) Certo
b) Errado
A segunda questão deste caso clínico foi um pouco mais difícil, pois o examinador colocou unilateral ao invés de assimétrica. A artrite do LES
é simétrica, ou seja, acomete bilateral (dois punhos, dois dedos, etc).
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
Obs.: a artralgia passou a ser critério diagnóstico quando presente em duas ou mais articulações com rigidez matinal maior que 30 minutos. O
FAN, o anti-DNA dupla hélice e o anti-SM foram separados em 3 critérios individuais e não mais apenas um critério. O diagnóstico continua sendo
realizado com a presença de 4 critérios positivos.
QUESTÃO EXEMPLO
7. PUC - RS - Mulher, 30 anos e com teste positivo para anticorpo antinuclear, é candidata à inclusão em coorte de pacientes com lúpus erite-
matoso sistêmico. Que conjunto de critérios tornaria essa paciente elegível para este estudo?
Esta questão é um dos tipos mais frequentes em provas de residência sobre LES. São as questões sobre os critérios diagnósticos da American
College of Rheumatology. Infelizmente, encontraremos muitas questões diretas como esta. Seguindo o raciocínio da questão, observe que
a alternativa “D” apresenta três critérios diagnósticos para o LES: Trombocitopenia (alteração hematológica), derrame pleural (serosite) e
úlceras orais. Portanto, nossa resposta. Com relação aos outros itens citados na questão, mas que não estão presentes nos critérios diag-
nósticos, podemos citar: neutropenia não está presente, mas sim a linfopenia ou a leucopenia; fenômeno de Raynaud, pode estar presente
no LES, mas não como critério; hematúria não está presente, mas sim anemia hemolítica e, por fim, fibrose pulmonar não está presente.
Realmente estamos diante de uma questão chata!!!
SURCE - Paciente feminina, 24 anos, apresenta-se no ambulatório de clínica médica com queixa de dor e inchaço articular iniciados há 3 meses.
Acometia inicialmente, as articulações interfalangeanas proximais - ARTRITE e evoluíram, com adição ao longo dos meses, para joelhos e cotove-
los - ARTRITE, associado à rigidez matinal de 30 minutos. (...) Há 4 dias procurou serviço de emergência por quadro de uma semana de tosse seca,
dispneia e dor torácica ventilatório-dependente - PNEUMONITE. (...), creatinina de 2,1 mg/dL - NEFRITE. Sumário de urina com 15 leucócitos por
campo e 10 hemácias por campo. Proteínas 3+ - NEFRITE, (...). FAN de 1:320 – FAN POSITIVO, padrão pontilhado grosso, (...).
Perceba que estamos diante de um provável quadro de lúpus (nefrite, pneumonite, FAN positivo e artrite). Portanto, de uma vez por todas, para
ser LES, não é necessário ter eritema malar, lesão discoide ou úlceras orais entre os critérios diagnósticos!
r Reumatologia 49
MEDAULA | 2023
a) Febre Reumática
Entendendo o FAN/AAN b) Lúpus Eritematoso Sistêmico
c) Epilepsia
Precisamos entender que o FAN é importante para o diagnóstico do
d) Artrite Idiopática Juvenil
LES. Além disso, ele pode ser fracionado em anti-RO, anti DNA etc. Esse
fracionamento é cobrado em concursos e deve ser muito estudado!
Apenas introduzindo o conceito de febre reumática. A frase que te
Outro ponto importante é relacionado ao FAN negativo e ao FAN po-
fez acertar a questão é: “movimentos involuntários de MMSS, que
sitivo. Esse termo refere-se à titulação, ou seja, FAN acima de 1:80
melhoravam com o sono, além de incoordenação motora e labilidade
(1:160, 1:320...) é considerado positivo. Pronto, agora depois dessa
emocional”, ou seja, coreia.
introdução, fique atento ao texto a seguir.
Deve-se ressaltar também que os termos fator antinuclear (FAN) e an-
ticorpo antinuclear (AAN), são utilizados, muitas vezes, como sinôni-
mos nas provas. A referência Harrison utiliza apenas AAN.
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
Nos raros casos da doença com pesquisa de FAN negativa, Não existe relação entre os títulos de FAN e a atividade da do-
particularmente com lesões cutâneas fotossensíveis e outros critérios, ença, mas o objetivo desta questão é comentarmos sobre as
recomenda-se o fracionamento do FAN para tentar encontrar os anticor- provas de atividade inflamatória, muito presentes nas doenças
pos da doença (anti-SM, anti-P etc.). Não se preocupe, esses anticorpos reumáticas. Também conhecidas como provas de fase aguda
serão estudados ao longo do capítulo! Nessa situação, os pacientes tam- inflamatória, essas substâncias sofrem alterações frente a di-
bém devem ser avaliados de acordo com a suspeita clínica e presença de versos estímulos que causam dano tecidual. Incluímos nesses
anticardiolipina e anti-P ribossomal (psicose lúpica), que, algumas vezes, estímulos processos inflamatórios agudos ou crônicos, como in-
pode resultar em FAN negativo. A pesquisa de anticorpos como anti-D- fecções, neoplasias, trauma, infartos teciduais ou artrites infla-
NA nativo, anti-Sm, anti-RNP e células LE pode contribuir para melhor matórias. As alterações séricas dessas provas de inflamação são
caracterização laboratorial do quadro. A especificidade de cada anticor- acompanhadas de outros fenômenos gerados pelas citocinas
po varia conforme o tipo de colagenose, sendo os anticorpos anti-Sm e como febre, anorexia, sonolência, letargia, perda muscular, au-
anti-DNA altamente específicos para LES. Lembre-se de que o anti-Sm, mento da produção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)
anti-Ro, anti-La etc., são fracionamentos do FAN. Não se preocupe, pois e, em casos crônicos, desenvolvimento da anemia de doença
estudaremos todos mais à frente. crônica. As provas que sofrem elevação são a Proteína C Reativa
(PCR), a velocidade de hemossedimentação (VHS), o fibrino-
gênio, a a1-antitripsina, a haptoglobina e a ferritina. Mas há
marcadores que diminuem como a albumina e a transferrina.
São indevidamente chamadas de “provas de atividade reumá-
tica”, pois não são específicas dessa categoria de doenças. E
mesmo o termo “prova de atividade inflamatória” não é de todo
correto, pois elas podem estar relacionadas também a situações
não inflamatórias. Sua importância diagnóstica é limitada, pres-
tando-se mais para monitorização da atividade de doenças ou
do seu tratamento. A velocidade de hemossedimentação cor-
responde à medida da velocidade do empilhamento espontâneo
das hemácias durante o período de uma hora, quando colo-
cadas em um tubo na vertical (mm/h). É uma medida indireta
da atividade das proteínas de fase aguda. O processo pode ser
acelerado pela presença de proteínas como o fibrinogênio em
quadros agudos, ou por imunoglobulinas em quadros crônicos.
É bastante sensível, mas pouco específica. Exceção deve ser feita
a valores muito elevados, próximos a 100 mm/h, verificados na
arterite temporal, processos infecciosos graves e algumas neo-
plasias.
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MEDAULA | 2023
Padrões do FAN/AAN
Pronto! Já fizemos o primeiro exame e a titulação por imuno-
fluorescência já está positiva, ou seja, maior do que 1:80. Agora, o FAN ou
AAN (anticorpo antinuclear), como é descrito no Harrison, apresenta qua-
tro padrões de fluorescência antinuclear. Portanto, além dos concursos
cobrarem o fracionamento do FAN (anti-Ro, anti-DNA etc.), eles também
cobram os padrões a seguir:
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
Sinopse dos autoanticorpos (fracionamento do FAN) associados ao LES e a outras doenças reumatológicas
1. Anticorpo antinuclear A nossa referência para concurso Harrison, coloca em sua tabela de autoanticorpos para LES, o anticorpo antinucle-
(AAN/FAN) ar. Nela, este anticorpo apresenta uma prevalência de 98%, sendo o melhor teste de triagem para a doença.
2. Anti-DNA dupla-hélice É o anticorpo mais característico do LES, com forte associação com nefrite lúpica. Apresenta boa especificidade e
(nativo) está presente em 50 a 83% dos casos. Também utilizado como marcador para atividade da doença!
Apesar da detecção do anticorpo anti-Sm ocorrer apenas em 15 a 40% dos pacientes com LES, sua positividade é
3. Anti-Sm
diagnóstica para LES, pois ainda não foi relatada em pacientes com outras colagenoses. É considerado por alguns
(Smith) como patognomônico de lúpus eritematoso sistêmico.
Associação com hipersensibilidade cutânea, lúpus neonatal com BAVT congênito e lúpus subagudo. Em provas,
4. Anti-Ro (SSA)
tipicamente associado com Síndrome Sjögren.
Quando há positividade ao anticorpo anti-La/SSB, concomitantemente ocorre positividade aos anticorpos anti-
5. Anti-La (SSB)
-Ro/SSA. Tipicamente associado com Síndrome Sjögren.
10. Antifosfolipídeo Inibe a protrombina. Pronto, agora podemos fechar o nosso raciocínio do “introduzindo conceitos” apresentados
(Anticoagulante lúpico/ neste capítulo e entendendo o motivo dos pacientes com síndrome do anticorpo antifosfolipídeo cursarem com
Anticardiolipina) trombose arterial/venosa e com abortos de repetição.
QUESTÃO EXEMPLO
10. ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ - AMP - Em relação aos anticorpos do LES, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Anticorpos antinucleossomos são os principais anticorpos em pacientes com lúpus induzido por drogas
b) O anticorpo anti-Ro é o responsável pelo lúpus neonatal
c) O anticorpo anti-Ro está associado com lesões de lúpus cutâneo subagudo
d) Os anticorpos anticardiolipina fazem parte dos Critérios de Classificação do Colégio Americano de Reumatologia para diagnóstico do LES
e) O anticorpo anti-DNA está ligado à ocorrência da lesão renal
Questão exemplo para mostrar ao candidato que os concursos abordam alguns anticorpos relacionados ao LES.
Letra “A” - Pacientes com Lúpus Induzido por Drogas (LID) podem desenvolver anticorpos antinucleossomo e anticorpos anti-histonas, sendo
que os anticorpos antinucleossomo são marcadores mais específicos para o diagnóstico de LID. Anticorpos antinucleossomo estão presentes
principalmente em pacientes com lúpus induzido por hidralazina (41%) e quinidina (58%), conforme você verá em “LÚPUS FARMACOINDU-
ZIDO”. Já o anti-histonas é o mais sensível, presente em até 95% dos casos. Letras “B” e “C” - O anti-Ro ou anti-SSA está associado à hiper-
sensibilidade cutânea, à lúpus neonatal com BAVT congênito e à lúpus subagudo. Letra “E” - O anti-DNA é o anticorpo mais característico do
LES, com forte associação com nefrite lúpica. A resposta incorreta é a alternativa “D”. As alterações de anticorpos presentes nos Critérios de
Classificação do Colégio Americano de Reumatologia para diagnóstico do LES são: FAN, antifosfolípide, anti-SM e anti-DNA nativo.
Obs.: Importante lembrar que os critérios novos (SLICC 2012) já incorporam os anticorpos anti-fosfolípide (anticoagulante lúpico e anticardiolipina).
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Dermatomiosite - Anti-Jo
Osteoartrite - Não se associa com autoanticorpos, apesar do FR estar presente em até 40% da população idosa
6. LABORATÓRIO NO LES
Além da possibilidade de se observar anemia de doença crônica (normocítica e normocrômica), leucopenia, linfopenia, plaquetopenia e
alterações do sedimento urinário como descrito nos critérios diagnósticos e nas manifestações clínicas do LES, a avaliação laboratorial pode reforçar
o diagnóstico.
A velocidade de hemossedimentação (VHS) geralmente está aumentada e seus títulos são tanto maiores quanto for a atividade da doença.
A proteína C reativa pode estar normal ou levemente elevada na atividade lúpica.
A dosagem do complemento no LES é um importante indicativo da atividade da doença, sendo a presença de hipocomplementenemia (CH
50, C3 e C4) um forte indício de injúria renal, pois a nefrite lúpica é a manifestação que cursa com os menores níveis séricos de complemento.
Considerando que a radiação UVB é a principal causa de fotossensibilidade, protetores solares com FPS ≥ 15 devem ser utilizados e rea-
plicados diariamente. Os bloqueadores solares de amplo espectro podem trazer benefício adicional pela capacidade de proteção contra UVA em
algumas lesões como as subagudas, bem como no melhor prognóstico relacionado a lesões renal e trombocitopênica.
Independentemente do órgão ou sistema afetado, o uso contínuo de antimaláricos como o difosfato de cloroquina ou o sulfato de hidroxi-
cloroquina é indicado com a finalidade de reduzir atividade da doença e tentar poupar o uso de corticoides. A manutenção da droga em pacientes
controlados reduz a possibilidade de novo surto de atividade. A melhora do perfil lipídico, como a redução do colesterol sérico, elevação do HDL-co-
lesterol, e redução do risco de trombose são benefícios adicionais atribuídos ao uso de antimaláricos.
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
Corticoide e o LES
Usar sempre na menor dose e pelo menor tempo possível.
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Lúpus eritematoso sistêmico - LES
QUESTÃO EXEMPLO
QUESTÃO EXEMPLO
14. IPSEMG - Considerando-se as doenças reumatológicas, é INCOR-
13. AMRIGS - Assinale a droga que mais frequentemente induz pa- RETO afirmar que:
cientes à síndrome semelhante ao Lúpus.
a) A nefrite do lúpus eritematoso sistêmico, quando ocorre em
a) Minociclina criança, não leva à insuficiência renal
b) Hidralazina b) A parotidite de repetição pode estar associada a causas reuma-
c) Procainamida tólogicas
d) Quinidina c) Essas doenças podem ser causa de febre de origem indetermi-
e) Clorpromazina nada
d) O diagnóstico da doença de Behçet é feito a partir de lesões af-
O uso do anti-hipertensivo hidralazina está relacionado ao lúpus tosas recorrentes em mucosa oral ou genital, uveíte, vasculite,
induzido por drogas, que, geralmente, se manifesta com altera- sinovite ou meningoencefalite
ções cutâneas, articulares e de serosas. Uma característica im-
portante para provas é que o anti-DNA dupla hélice raramente Embora seja mais raro, o Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil
é positivo nesses casos; contudo, o anticorpo anti-Histona está (LESJ) apresenta basicamente as mesmas características do lúpus
presente em 90 a 100% dos pacientes! Portanto, alternativa “B” do adulto. O LESJ é a terceira doença mais frequente nos ambu-
está correta. latórios de reumatologia pediátrica, seguido pela febre reumá-
tica e artrite idiopática juvenil. As manifestações clínicas iniciais
mais frequentes do LESJ compreendem febre prolongada, falta
10. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO de apetite, perda ponderal, comprometimentos articular, cutâ-
neo e renal. Caracteristicamente, o LESJ inicia sempre até os 16
JUVENIL (LESJ) anos de idade, o que corresponde a 20% do total de pacientes
com lúpus. A principal diferença entre a forma juvenil e adulta é
As duas próximas questões de fixação foram colocadas com o o comprometimento renal, que é mais frequente, mais grave e
objetivo de discorrer rapidamente sobre o Lúpus Eritematoso Sistêmico mais precoce na forma juvenil. Portanto, a resposta da questão
Juvenil (LESJ), pois se trata de um tema pouco frequente nas provas. O é a alternativa “A”. Esse acometimento renal geralmente ocorre
que veremos nas questões é que a principal diferença entre as formas nos dois primeiros anos de doença, ocorrendo em 70 a 100% dos
juvenil e adulta é o comprometimento renal, que é mais frequente, pacientes. Os pacientes podem também apresentar hipertensão
mais grave e mais precoce na forma juvenil. Esse acometimento renal arterial, edema e insuficiência renal. A biópsia renal é indicada
geralmente acontece nos dois primeiros anos de doença, ocorrendo em nos pacientes com manifestações renais persistentes ou graves,
70 a 100% dos pacientes. Os glomérulos são os principais alvos renais a fim de se individualizar o tipo de nefrite e propor um tratamen-
da doença e, clinicamente, pode provocar o desenvolvimento de quais- to específico. Os critérios diagnósticos utilizados para o lúpus eri-
quer das síndromes glomerulares conhecidas, incluindo hematúria e tematoso sistêmico juvenil são os mesmos do lúpus do adulto,
proteinúria isoladas, cilindrúria, síndrome nefrítica, síndrome nefrótica e o tratamento bastante similar, devendo-se, no entanto, focar
e glomerulonefrite rapidamente progressiva. um pouco mais no acompanhamento do crescimento e desen-
volvimento do paciente e nas vacinações. E lembre-se: deve-se
sempre evitar a aplicação de vacinas de vírus vivos em pacientes
em uso de corticosteroides e imunossupressores. As demais al-
Importante para LES e LESJ em provas!
ternativas da questão estão corretas, chamando atenção para a
letra “B”, em que a parotidite de repetição pode estar associada
A principal causa de morte, em paciente com lúpus no adulto e no
à Síndrome Sjögren.
LESJ, é o acometimento do sistema nervoso central e dos rins. Sendo
a renal, a principal causa de morte pela atividade da doença.
r Reumatologia 57
Sérgio Canabrava
ESCLEROSE SISTÊMICA –
ESCLERODERMIA
1. INTRODUÇÃO
1. Introdução .................................................................... 57
O tema esclerose sistêmica é pouco cobrado nas provas de resi-
2. Classificação da esclerodermia ............................ 58 dência, por isso, baseado na didática Med AULA de foco, esse será abordado
3. Manifestações da esclerodermia ......................... 59 de forma mais focada do que os capítulos de Artrite Reumatoide, Espondi-
loartrites e LES , que são os mais abordados nos concursos.
4. Exames complementares ...................................... 61
5. Autoanticorpos ........................................................... 61 A intenção dos professores do MedAula é fazer você acertar as questões
de prova. E, para isso, tentamos sempre colocar algumas dicas típicas
6. Tratamento da esclerodermia .............................. 62 sobre as diversas patologias. Para provas, eu gostaria que vocês pensas-
sem sempre em esclerodermia quando encontrassem questões sobre fe-
nômeno de Raynaud associado a espessamento de pele, esclerodactilia
ou alterações esofageanas. Mas lembrem-se de que pensar não é igual à
patognomônico, ou seja, a sua chance de acertar é grande, mas existem
outras causas deste fenômeno, entre elas: hipertensão pulmonar, lúpus,
tromboangiite obliterante, dermatomiosite, artrite reumatoide, uso de
betabloqueadores e pianistas.
QUESTÃO EXEMPLO
a) LES
b) Esclerodermia
c) Granulomatose de Wegener
d) Esclerose lateral amiotrófica
Portanto, perceba que o que nos fez acertar a questão foi o fenôme-
no de Raynaud em mulher! Os outros sintomas são inespecíficos e
podem aparecer em outras patologias reumatológicas. Agora, já po-
07
demos iniciar o estudo do capítulo com a seguinte mensagem:
Reumatologia 58
Esclerose sistêmica – esclerodermia
- Mãos e pés arroxeados com a mudança de temperatura: fenô- IMPORTANTE: O Harrison, principal referência para as provas de clí-
meno de Raynaud; nica médica, não utiliza os critérios da American College. Este livro
- FAN positivo, ou seja, > 1:80: assim como no LES, os anticorpos descreve que o endurecimento da pele, com distribuição simétrica, as-
antinucleares (FAN) estão presentes em praticamente todos os sociado a manifestações orgânicas viscerais já “fecha” o diagnóstico.
pacientes com esclerodermia; Portanto, fique atento com a sua prova!
- Padrão de FAN anticentromérico, ou anticorpo anticentrôme-
ro: padrão típico de esclerodermia na forma limitada da doença.
- Tomografia computadorizada de pulmão hiperlucente e pa- QUESTÃO EXEMPLO
drão em vidro fosco difuso: esta é a descrição das alterações
fibróticas pulmonares da doença. A doença acomete as porções 3. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF - Em certa afecção,
periféricas nos dois terços inferiores pulmonares. Típica descri- é comum observar-se, com frequência, a seguinte associação clí-
ção cobrada em provas e apresentada no Harrison. nica: fenômeno de Raynaud, placas telangiectásicas nas mãos,
disfagia e calcinose cutânea. Identifique-a:
Agora, veja algumas características não citadas nesta questão:
a) Lúpus eritematoso sistêmico
- Endurecimento de pele: alteração típica da esclerodermia; b) Dermatomiosite
- Hipertensão, acompanhada de aumento da creatinina em até c) Poliarterite nodosa
dois meses do uso de corticoides em altas doses: crise renal es- d) Esclerodermia sistêmica
clerodérmica precipitada pelo uso de corticoides. Além de preci- e) Lúpus eritematoso cutâneo crônico
pitarem a crise, esses medicamentos não alteram a progressão
da doença. Portanto, devem ser utilizados com muita cautela nos Questão fácil, inserida somente para fixação da esclerodermia sis-
pacientes com esclerodermia. têmica. Fenômeno de Raynaud, placas telangiectásicas, disfagia e
calcinose cutânea, temos de pensar nessa patologia. Perceba que
Agora sim, você sabe o que é e o que não será importante duran- o examinador não diferencia entre esclerose difusa ou cutânea li-
te o estudo deste capítulo!!! mitada – CREST, mas nós diferenciamos para você:
C = calcinose
Reumatologia 59
MEDAULA | 2023
R = fenômeno de Raynaud
Manifestações vasculares
E = alterações da motilidade esofágica O fenômeno de Raynaud é a manifestação vascular que o can-
S = esclerodactilia didato deve fixar para as provas. Lembre-se de que sua prevalência é em
T = telangiectasias torno de 90% na esclerose sistêmica, e pode levar a úlceras digitais e ne-
croses, que, quando cicatrizam, são chamadas de cicatrizes estelares.
Portanto, faltou ele citar apenas a esclerodactilia para comple-
tarmos a síndrome CREST – esclerose cutânea limitada. Mas,
professor, algumas vezes eu encontrarei o termo “escleroder- Fenômeno Raynoud com úlceras digitais indica alta probabilidade de
mia sistêmica”, podendo o examinador referir-se tanto à ES ser esclerodermia. O Raynoud do LES, da AR ou idiopática
difusa quanto à ES limitada – CREST? não ulceram!
Sim!!! Portanto, fique atento aos vários sinônimos de esclero-
dermia em sua prova! As 3 fases do fenômeno de Raynaud são, na sequência: pali-
dez, cianose e hiperemia. Não se esqueça de que, na forma limitada da
doença, esse fenômeno precede em anos o aparecimento do restante da
sintomatologia, e na forma difusa esse intervalo é geralmente menor que
3. MANIFESTAÇÕES DA ESCLERODERMIA 1 ano.
Fenômeno de Raynaud.
Manifestações osteoarticulares
A manifestação osteoarticular mais importante é a artralgia,
principalmente a que acomete as mãos, sobretudo na forma difusa.
Além disso, é um sintoma que geralmente é precoce e frequente.
Esclerodactilia, com deformidade nas poupas digitais com afinamento Lembre-se de que a forma difusa é aquela que tem acometimento
bem definido. Perceba na radiografia as deformidades ósseas presen- visceral precoce (pulmões, coração, trato GI, rins), enquanto a forma
tes com a evolução da doença. Portanto, além do fenômeno de Ray- limitada é a CREST (calcinose, Raynaud, esofagopatia, esclerodatilia,
naud, esclerodactilia também é uma boa dica para esclerodermia nos telangiectasias).
enunciados das questões.
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Esclerose sistêmica – esclerodermia
QUESTÃO EXEMPLO
Alveolite fibrosante Típica questão de crise renal esclerodérmica. Observe que estamos
- Mais frequente na ES difusa
(lesão intersticial pulmonar) diante de um paciente em uso de imunossupressor forte (ciclofos-
famida – será estudado ao longo do capítulo) que é utilizado em
paciente com quadro grave de esclerodermia (cutâneo extenso e
Importante – hipertensão pulmonar doença intersticial pulmonar progressiva, por exemplo).
O paciente evolui com aumento súbito dos níveis pressóricos, eleva-
Não tenha dúvida! Em questões sobre reumatologia, encontrou hi- ção de ureia e creatinina, plaquetopenia e esquizócitos (anemia he-
pertensão pulmonar? Saiba que dentre as doenças reumatológicas, molítica microangiopática), portanto, falando a favor de crise renal
essa alteração mais se associa com a esclerodermia! esclerodérmica. Portanto, o captopril é a nossa resposta.
RELEMBRAR É VIVER!
Manifestações gastrintestinais
Professor, e os autoanticorpos antinucleares (AAN/FAN)? Eles
estão presentes apenas no lúpus? O envolvimento gastrintestinal na esclerodermia ocorre mais
na forma de disfunção esofágica e manifestações anorretais, sendo o
Não! Lembre-se de que eles podem estar presentes em outras patolo- acometimento intestinal bem menos comum. O refluxo gastroesofágico
gias, inclusive na esclerodermia. Assim, como no LES, o FAN também é a alteração digestiva mais importante e geralmente é sintomático.
está presente em praticamente todos os pacientes com esclerodermia. Portanto, fique atento quando a questão citar a pirose como um sintoma
do paciente.
Mas, Sérgio, se eles estão presentes em praticamente todos os A hipomotilidade é o sintoma cardinal do envolvimento intes-
pacientes com esclerodermia e lúpus, para que eles servem? tinal pela esclerodermia (questão de prova!), causando retardo signifi-
cativo no trânsito intestinal e levando à constipação. A estase propicia
supercrescimento bacteriano, com sintomas como diarreia, distensão
Lembre-se do capítulo de LES. O FAN serve como triagem. Tanto para abdominal, flatulência, perda de peso e má nutrição.
o LES quanto para a Esclerodermia, ou seja, é muito difícil encontrar-
mos um paciente com FAN negativo nessas patologias.
r Reumatologia 61
MEDAULA | 2023
ANTICORPOS NA ESCLERODERMIA
Anticorpos Características
Papel protetor quando presente na es-
clerose sistêmica, mas associado com
Anticentrômero
hipertensão pulmonar na forma limi-
(Antikinetochore)
tada. Característico da forma cutânea
limitada.
Capilaroscopia ungueal, apresentando-se normal na foto à esquerda
e com os bulbos dilatados à direita. Eles podem estar presentes em popu-
Anticorpos antinucleares
lação sadia. Mais comum em mulheres
(ANA – AAN - FAN)
mais velhas
Manometria
Aumenta em 17 vezes o risco de fibro-
Anti-Scl-70
A manometria é uma técnica mais sensível para o diagnóstico do RGE. se pulmonar. Característico da forma
(Antitopoisomerase-I)
A radiografia gastroduodenal tem, no entanto, a vantagem de não ser cutânea difusa.
uma técnica invasiva. Veja a frase a seguir, pois é típica das questões
Não está associado a nenhuma forma
relativas ao resultado da manometria em pacientes com escleroder- Anti-U3RNP
da doença nem às manifestações clíni-
mia: (Antifibrilarina)
cas
“Contrações preservadas no terço superior do esôfago, hipoperistalse
Anti-THRNP Hipertensão pulmonar
nos dois terços distais do corpo do esôfago e hipotonia do esfíncter
esofagiano inferior.” Predispõe doenças renais e envolvi-
Anti-RNA polimerase III mento cutâneo rapidamente progres-
sivo e crise renal esclerodérmica.
QUESTÃO EXEMPLO
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Esclerose sistêmica – esclerodermia
r Reumatologia 63
Sérgio Canabrava
SÍNDROME DO
ANTICORPO
1. Introdução .................................................................... 63 ANTIFOSFOLÍPIDE
2.
3.
Anticorpos antifosfolípides (AAF) ....................... 64
Patogenia da SAF ....................................................... 64
(SAF)
4. Efeitos obstétricos .................................................... 64 1. INTRODUÇÃO
5. Diagnóstico da SAF ................................................... 64 A síndrome antifosfolípide é uma doença autoimune não infla-
matória caracterizada por eventos trombóticos vasculares. A síndrome
6. Manifestações clínicas da SAF .............................. 65
define-se por tromboses arteriais ou venosas recorrentes com história de
7. Síndrome antifosfolípide catastrófica ............... 66 mortalidade ou morbidade gestacional associada à presença do anticorpo
antifosfolípide (SAF). Portanto, para provas, é de suma importância lembrar-
8. Tratamento e profilaxia da SAF ............................ 66 -se das tromboses e dos abortos recorrentes, pois são dicas para o candidato
acertar a questão!!!
QUESTÃO EXEMPLO
08
Lembre-se de que o anticorpo antifosfolípide é um dos 11 critérios diag-
nósticos do LES. Além disso, são necessários 4 ou mais critérios para “se-
larmos” o diagnóstico de lúpus.
Reumatologia 64
Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF)
2 – Gravidez:
• Um ou mais abortos de fetos morfologicamente normais após a
10ª semana de gestação;
Imagem apenas ilustrativa. Paciente com SAF não tem sífilis como
• Um ou mais partos prematuros de neonato morfologicamente
na imagem, mas apenas uma falsa positividade no VDRL.
normal antes de 34 semanas devido eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou
insuficiência placentária;
Anticorpos antifosfolípides (AAF) cobrados em provas! • Três ou mais abortos consecutivos e espontâneos antes da 10ª
semana de gestação.
- Anticoagulante lúpico (AL);
- Autoanticorpo anticardiolipina (ACL); CRITÉRIOS LABORATORIAIS PARA SAF
- Autoanticorpo anti- β2 glicoproteína I (A 2GPIβ).
1. ANTICOAGULANTE LÚPICO POSITIVO;
2. Anticorpo anticardiolipina IgM e IgG em médios ou altos títulos,
QUESTÃO EXEMPLO medidos pelo ELISA (maior que 40GPL ou acima do percentil 99);
3. Anti-Beta glicoproteína 1 IGG e ou IGM em títulos acima do percen-
2. FUNDAÇÃO JOÃO GOULART - RJ - Diante de um paciente jovem til 99 medidos pelo ELISA.
com episódios trombóticos de repetição, deve-se considerar as
seguintes possibilidades diagnósticas, EXCETO: Obs.: A presença de pelo menos um critério clínico e um laboratorial
assegura o estabelecimento do diagnóstico, mesmo com outras cau-
a) Deficiência de antitrombina III sas de trombofilia.
b) Síndrome antifosfolípide
c) Deficiência de proteína C
d) Hemoglobinúria paroxística noturna QUESTÃO EXEMPLO
e) Deficiência de vitamina D
3. UFG - Que critério clínico NÃO pertence à definição da Síndrome
Perceba que na questão acima todas as doenças são pró-coagu-
do Anticorpo Antifosfolípide?
lantes em algum período. Paciente com história de tromboses de
repetição não especificada na questão, se venosas ou arteriais. No
a) Tromboflebite superficial de membros inferiores
entanto, considerando as alternativas colocadas na questão, os exa-
b) Prematuridade < 34 semanas por pré-eclâmpsia severa
minadores estão se referindo a tromboses venosas. A única alter-
c) Perda fetal > 10 semanas de causa inexplicada
nativa não associada à trombose é a deficiência de vitamina D, que
d) Trombose de artéria mesentérica
causa alterações ósseas e não evolui com tromboses. A deficiência
de antitrombina III e proteína C são importantes causas de trom-
As questões sobre síndrome do anticorpo antifosfolípide não
boses venosas. A síndrome de anticorpo antifosfolípide está asso-
são muito cobradas em concursos. Um dos formatos de cobran-
ciada tanto com tromboses venosas e arteriais. Aproveite a questão
ça, assim como no LES, na AR e nas demais doenças reumatoló-
para uma revisão sobre a hemoglobinúria paroxística, que é uma
gicas, é sobre os critérios diagnósticos. A tromboflebite super-
doença clonal, com potencial de leucemização que evolui com fre-
ficial de membros inferiores não faz parte dos critérios da SAF,
quência com tromboses venosas, principalmente em região de veia
mas, sim, a trombose vascular. Portanto, a resposta errada é a
porta. A resposta é letra “E”.
alternativa “A”.
Reumatologia 65
MEDAULA | 2023
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Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF)
4. ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ - Em uma mulher que apre- 5. SES - SC - Em relação à síndrome antifosfolipídeo, assinale a al-
senta altos títulos de anticorpos antifosfolípides é provável o en- ternativa incorreta:
contro das alterações abaixo, EXCETO:
a) As complicações obstétricas/fetais incluem abortos recorrentes
a) Trombocitose e ocorrência precoce de pré-eclâmpsia
b) Trombose arterial b) Caracteriza-se por ocorrência de episódios trombóticos arterial
c) Trombose venosa e/ou venoso
d) Abortos recorrentes c) Independentemente do número de eventos trombóticos, a indi-
e) Alargamento do tempo de tromboplastina parcial ativado cação de anticoagulação oral é por um ano
d) É comum a presença de plaquetopenia e TTPa alargado
Como discutido ao longo do capítulo, a trombocitose não é uma
Como acabamos de ler, o tempo de anticoagulação é controver-
alteração esperada na síndrome do anticorpo antifosfolípide, e
so, normalmente, se o paciente cursa com mais de um episódio,
sim a plaquetopenia/trombocitopenia, que é comum nestes pa-
recomenda-se a anticoagulação por toda a vida. Portanto, a al-
cientes. Portanto, a resposta é a letra “A”. São considerados cri-
ternativa errada é a letra “C” - Independentemente do número
térios diagnósticos para síndrome de anticorpo antifosfolípide:
de eventos trombóticos, a indicação de anticoagulação oral é
por um ano.
- Tromboses de repetição: estas tromboses podem ser arte-
riais ou venosas, cerca de 70 a 75% delas são venosas, mas
também é associado a tromboses arteriais, em particular
em território cerebral e de artéria mesentérica;
- Abortamentos de repetição;
- Presença de anticorpos antifosfolípides.
7. SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE
CATASTRÓFICA
A síndrome antifosfolípide catastrófica tem como critérios
diagnósticos: evidência de envolvimento de pelo menos 3 órgãos ou sis-
temas, desenvolvimento de sintomas em múltiplos órgãos em menos de
1 semana, confirmação histopatológica de oclusão de pequenos vasos
em pelo menos 1 órgão ou sistema, confirmação laboratorial de algum
anticorpo antifosfolípide.
É importante lembrar que o diagnóstico dessa síndrome só é
confirmado na presença dos 4 critérios.
r Reumatologia 67
Sérgio Canabrava
FEBRE REUMÁTICA
IMPORTÂNCIA PARA AS PROVAS
1. INTRODUÇÃO
A febre reumática é uma complicação tardia de uma faringoamig-
dalite pelo estreptococo do grupo A de Lancefield em indivíduos genetica-
mente predispostos. Geralmente, a faringite ocorre 2 a 4 semanas antes do
início dos sintomas de febre reumática. A principal complicação dessa infec-
ção é o acometimento cardíaco, que resulta em alta morbidade e mortalida-
de.
Lembre-se de que a febre reumática acomete principalmente
crianças, adolescentes e adultos jovens (faixa etária entre 5 e 14 anos, po-
dendo estender até 22 anos) e que, uma vez identificada a infecção pelo
estreptococo do grupo A, é fundamental que seja realizada adequada profi-
laxia. Esta profilaxia será discutida ao longo do capítulo.
09
A dica para acertar as questões de FR é lembrar da chamada poliar-
trite migratória (associada à febre) e da coreia. A primeira é a manifestação
mais frequente da doença e a segunda é a principal manifestação neurológi-
ca do quadro. Além disso, o paciente com febre reumática pode apresentar
acometimento cardíaco e de pele. Todos eles serão discutidos à frente.
A poliartrite migratória é caracterizada por envolvimento de vá-
rias articulações em rápida sucessão, como joelhos, tornozelos, cotovelos
e punhos. Geralmente, as pequenas articulações são poupadas. A dor é o
Reumatologia 68
Febre reumática
Reumatologia 69
MEDAULA | 2023
3. DIAGNÓSTICO DA FR
O quadro a seguir servirá apenas para conhecermos os crité-
rios maiores da FR antes de estudarmos cada um deles. Posteriormente,
teremos um tópico específico para aprendermos como fazer o diagnósti-
co da doença.
Critérios da Organização
Algumas
Mundial de Saúde baseado
características
nos critérios de Jones
Geralmente a primeira e a mais
Artrite
frequente manifestação.
A cardiomegalia é a manifestação
radiológica mais comum da cardi-
Cardite te. Já o comprometimento mitral
é a principal manifestação da car-
dite.
Diferentemente das outras mani-
festações, pode ter períodos de
Coreia
latência de até oito meses após as
infecções estreptocócicas.
Manifestação clínica menos co-
Nódulos subcutâneos
mum.
Assim como os nódulos subcutâ-
Eritema marginatum ou anular. A borda externa da lesão é elevada e Eritema marginatum neos, o eritema marginatum está
nitidamente demarcada com evolução gradual da pele até atingir a associado à cardite.
normalidade no centro da lesão.
QUESTÃO EXEMPLO
QUESTÃO EXEMPLO
3. UNIFESP – Menino, 7 anos de idade, iniciou com artrite em joelho
2. UFRN - Adolescente feminina, 13 anos, apresenta há 15 dias movi- esquerdo há 5 dias, artrite em joelho direito há 2 dias e artrite em
mentos involuntários de MMSS, que melhoravam com o sono, além tornozelo direito há 1 dia. Exame físico: artrite em joelho e torno-
de incoordenação motora e labilidade emocional. A mãe relata epi- zelo direitos, com dor à mobilização dessas articulações. Exames
sódio semelhante aos 9 anos, que teve duração autolimitada e não laboratoriais: VHS = 50 mm/h, PCR = 15 mg/dL. O achado que cor-
necessitou de tratamento. Refere ainda artralgia de punhos, joelhos robora o diagnóstico de febre reumática é:
e tornozelos. Nega febre e lesões de pele. A adolescente tem FAN
1:80, pontilhado fino; hemograma e provas de fase aguda normais; a) fotossensibilidade
ASLO, Fator reumatoide e Anti-DNA negativos. Diante desse quadro b) exantema
clínico, o diagnóstico provável é: c) adenomegalia
d) sopro sistólico em foco mitral
a) Febre Reumática
b) Lúpus Eritematoso Sistêmico Questão tranquila, pois fotossensibilidade, exantema e adeno-
c) Epilepsia megalia não está entre os critérios diagnóstico de febre reu-
d) Artrite Idiopática Juvenil mática. O sopro sistólico também não está, mas fala a favor de
comprometimento da mitral, ou seja, da cardite. Portanto, seria
Como acabamos de discutir, a Coreia de Sydenham é tão impor-
tante na febre reumática que ela, por si só, permite o diagnóstico
da doença. Portanto, a frase que nos fez acertar a questão é: “mo-
Para estabelecer diagnóstico de FR, são utilizados os critérios
vimentos involuntários de MMSS, que melhoravam com o sono,
de Jones, propostos pela primeira vez em 1944. Eles foram submetidos
além de incoordenação motora e labilidade emocional”, ou seja,
a várias revisões, sendo a última ocorrida em 2015, pela American Heart
coreia. Além disso, ainda apresenta artralgia em várias articula-
Association (AHA). Existem também os critérios de Jones modifica-
ções e encontra-se dentro da faixa etária para a doença (5 a 14
dos pela OMS. Eles raramente são cobrados em provas de residência!
anos). Portanto, ficamos com febre reumática.
Agora, vamos falar do FAN, conceito estudado no capítulo de LES.
Os testes de titulação por imunofluorescência devem ser iniciados Critérios de Jones modificados pela
em uma diluição de 1:40. Na prática, uma pequena quantidade de
pacientes com LES podem ter títulos menores que 1:40. No en-
AHAem 2015
tanto, para as provas, devemos considerar apenas acima de 1:80 Atualmente, os critérios incluem quatro componentes:
(1:160, 1:320...). Títulos até 1:80 indicam teste fracamente posi-
tivo e podem ser vistos em pacientes com AR, espondilite, lúpus 1. Manifestações maiores;
discoide, vasculite necrotizante, Sjögren, hepatite crônica ativa, 2. Manifestações menores;
tuberculose, malignidades e idade maior que 60 anos. Assim, títu- 3. Divisão entre duas populações (baixo risco e moderado/alto
los de FAN de 1:160 ou mais (1:320, 1:640) indicam a presença de risco)
LES ativo em provas de residência. 4. Evidência de infecção anterior pelo estreptococo β-hemolí-
tico do grupo A.
70 www.medaula.com.br
Febre reumática
1º surto de FR
Recidiva de FR (FR recorrente) 4. EXAMES COMPLEMENTARES PARA
- 2 critérios maiores; ou
- 2 critérios maiores; ou FEBRE REUMÁTICA
- 1 maior + 2 menores; ou
- 1 maior + 2 menores.
- 3 menores. Os exames complementares que ajudam no diagnóstico da fe-
bre reumática são eletrocardiograma, ecocardiograma (a insuficiência
Para o diagnóstico de febre reumática, orienta-se que, havendo evi- mitral pode ser detectada, mas não pode ser considerada como critério
dência de infecção anterior pelo estreptococo do grupo A (determina- ecocardiográfico para o diagnóstico de cardite), cintilografia miocárdica,
da pela elevação dos títulos de antiestreptolisina -O, ASLO), a presen- biópsia endocárdica (nódulos de Aschoff) e testes laboratoriais.
ça de duas manifestações maiores ou de uma maior e duas menores é Sobre este assunto, é importante que o candidato se lembre
indicativo de uma alta probabilidade de febre reumática. da confirmação da infecção estreptocócica, principalmente através do
teste rápido para o antígeno estreptocócico, com a utilização do anti-
corpo antiestreptolisina O (ASLO). Os anticorpos contra esses antígenos
Critérios Organização Mundial de Saúde geralmente atingem seu pico após 4 a 5 semanas de infecção, o que, nor-
malmente, coincide com a 2ª ou 3ª semana de febre reumática.
Os critérios de Jones foram revistos pela OMS. Para provas, precisamos
saber que eles se destinam ao diagnóstico das recorrências da febre
reumática em pacientes com cardiopatia reumática crônica. Portanto, Nódulos de Aschoff: são nódulos característicos da febre reumática
pensou em critérios de Jones modificados pela OMS, pensou em recor- encontrados no miocárdio. Eles são constituídos de granulomas de
rência de FR!!! macrófagos modificados em volta do material fibrinoide. Os nódulos
de Aschoff situam-se no interstício entre os feixes de miocardiócitos e,
frequentemente, próximos a vasos.
5. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA FR
O diagnóstico diferencial da febre reumática deve ser feito com
várias doenças que cursam com artrite febril na criança, adolescente e
adulto jovem, como artrite reumatoide juvenil, lúpus, endocardite infec-
ciosa, artrite reativa não estreptocócica e, principalmente, artrite reativa
pós-estreptocócica.
r Reumatologia 71
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Sérgio Canabrava
SÍNDROME DE SJÖGREN
IMPORTÂNCIA PARA AS PROVAS
As questões sobre síndrome Sjögren versam principalmente sobre:
1. Introdução ...................................................................... 72
- Manifestações extraglandulares;
Critérios diagnósticos - Associação com linfoma não Hodgkin;
2. 73
para a síndrome de Sjögren ................................................ - Anticorpos anti-Ro e anti-La.
Exames complementares
3. 73 Obs.: o tema é muito raro nas provas!!
na síndrome de Sjögren .......................................................
Manifestações clínicas
4.
da síndrome de Sjögren ...............................................
73 1. INTRODUÇÃO
5. Tratamento da síndrome de Sjögren ................... 74 A síndrome de Sjögren, ou síndrome seca, é uma doença inflama-
Prognóstico e diagnósticos tória crônica, sistêmica e autoimune, que acomete as glândulas exócrinas,
6. 74 principalmente lacrimais e salivares. Ela predomina em mulheres durante
diferenciais da síndrome de Sjögren ....................
a quinta e sexta décadas de vida, e pode apresentar manifestações sistê-
micas. Além disso, pode ser primária, quando não está associada a doenças
autoimunes, ou secundária, quando é encontrada associada a artrite reuma-
toide, lúpus, esclerose sistêmica e outras doenças.
A principal dica para as provas é lembrar que pessoas portadoras
de síndrome de Sjögren têm risco maior de desenvolver neoplasia linfoide,
e que os anticorpos relacionados a essa síndrome são anti-Ro e anti-La.
QUESTÃO EXEMPLO
a) Púrpura de Henoch-Schoönlein
b) Doença de Kawasaki
c) Parotidite infecciosa
10
d) Síndrome de Sjögren
e) Parotidite epidêmica
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2. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA A avaliação lacrimal pode ser realizada através do teste de
Schirmer, mas lembre-se de que a presença de diminuição na secreção
A SÍNDROME DE SJÖGREN lacrimal não é diagnóstico para ceratoconjuntivite seca.
O teste de rosa bengala é capaz de evidenciar áreas de desepi-
A síndrome de Sjögren geralmente tem um curso variável e telização corneana e conjuntival, sugerindo um possível olho seco.
muitos dos sintomas são inespecíficos. Assim, o diagnóstico da doença Também existem testes para avaliação salivar, como sialome-
geralmente é difícil e tardio. Segundo o Consenso Americano-Europeu, o tria e sialografia, que avaliam respectivamente a taxa de fluxo salivar e a
qual inclui a avaliação de manifestações subjetivas e objetivas da síndro- anatomia das glândulas salivares.
me seca, presença de autoanticorpos anti-Ro (SSA) e anti-La (SSB), além Por fim, a biópsia de glândula salivar menor é um exame fun-
de achados histopatológicos de glândulas salivares menores. damental para o diagnóstico de síndrome de Sjögren.
A questão exemplo a seguir cobra os anticorpos relacionados
com a síndrome de Sjögren; portanto, fixe essa informação, pois ela será
cobrada em sua prova! 4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA
SÍNDROME DE SJÖGREN
QUESTÃO EXEMPLO As manifestações clínicas encontradas na síndrome de Sjögren
podem ser glandulares, articulares, pulmonares, cutâneas, oculares, re-
2. UFPE - Quais abaixo são os anticorpos mais relacionados com a nais e neuromusculares. É importante lembrar da dica em relação às ma-
síndrome de Sjögren? nifestações clínicas dessa doença, que é uma tríade que constantemente
surge nas provas: boca seca, aumento de parótidas e hiperemia ocular.
a) Anti-Ro e anti-La As manifestações glandulares incluem principalmente envolvi-
b) Anti-Sm e Anticentrômero mento ocular, com ceratoconjuntivite seca, e envolvimento orofaríngeo,
c) Anti-Ro e Anti-Sm com xerostomia e disfagia. As principais manifestações sistêmicas são
d) Anti-RNP e Anti-La fadiga, febre baixa, mialgia e artralgia.
Cerca de metade dos pacientes desenvolve artrite durante o
Como acabamos de estudar, os anticorpos mais característicos da curso da doença, podendo preceder as manifestações secas. A artrite
síndrome de Sjögren são os da alternativa “A”: Anti-Ro e Anti-La. usualmente vem acompanhada de rigidez matinal e sinovite.
As principais manifestações cutâneas são púrpura, eritema
anular e eritema pérnio-símile. Lembre-se de que as lesões cutâneas na
3. EXAMES COMPLEMENTARES NA síndrome de Sjögren primária possuem associação com anti-Ro e anti-La,
e que o fenômeno de Raynaud é a manifestação cutânea mais comum.
SÍNDROME DE SJÖGREN
Exames complementares podem ajudar no diagnóstico da Relembrando:
síndrome de Sjögren, e podem ser identificados anemia moderada de
doença crônica, leucopenia sem trombocitopenia, aumento do VHS, PCR O fenômeno de Raynaud não é exclusivo da síndrome de Sjögren, es-
normal e hipergamaglobulinemia. tando presente em várias outras situações como o uso de betabloque-
Além disso, os anticorpos anti-Ro e anti-La estão presentes na adores, na hipertensão ocular, na esclerodermia e em pianistas. É o
grande maioria dos casos, mas não são específicos da síndrome de Sjögren. sintoma de apresentação na esclerose sistêmica em 30% dos casos,
Esses anticorpos estão associados com doença de início precoce e de longa mas pode estar presente em 80 a 90% desses pacientes. Nos pacientes
duração e manifestações clínicas mais exacerbadas. O fator reumatoide tam- com LES está presente em 20%. Já nos pacientes com dermatomiosite,
bém pode ser encontrado em grande parte dos pacientes. 30%. Por sorte, a maioria dos pacientes com Raynaud apresentam epi-
sódios leves e infrequentes. O tratamento está reservado para os ca-
Os anticorpos anti-Ro/SS-A e anti-La/SS-B estão presentes, respec- sos graves e é realizado com antagonistas dos canais de cálcio (nifedi-
tivamente, em, aproximadamente, 95 e 87% dos pacientes com a pina, anlodipina). Ele manifesta-se com três fases diferentes (Raynaud
forma primária da síndrome. Esses autoanticorpos NÃO SÃO ESPE- trifásico), que começa pela vasoconstrição, com palidez e cianose, e
CÍFICOS para síndrome de Sjögren, visto que podem estar presentes finaliza com a reperfusão e com o rubor.
no LES, AR, polimiosite e em pessoas saudáveis. Contudo, uma vez Ainda podemos dividir o fenômeno de Raynaud em primário e em
que estão negativos, o diagnóstico fica menos provável, devido à alta secundário. No primeiro caso, ele é precipitado por temperaturas
prevalência. frias e estresse emocional. Ocorre na ausência de doença, sendo mais
comum em mulheres saudáveis entre 15 e 30 anos de idade. Nesses
casos, não há sinais de gangrena ou de necrose tecidual. A capilaros-
PATOLOGIAS SINOPSE DOS AUTOANTICORPOS copia é normal, assim como o exame físico.
Síndrome Sjögren Anti-Ro/Anti-La. Já o fenômeno de Raynaud secundário está associado a uma doen-
ça que altera o fluxo sanguíneo devido danos aos vasos, interferin-
- CREST/forma limitada = anticentrômero; do com o controle neural da circulação. Nesses casos, pode ocorrer
Esclerodermia - Forma difusa = anti-Scl70 ou antipoiso- necrose da ponta dos dedos e perda destas - reabsorção digital. As
merase. causas secundárias mais associadas ao fenômeno de Raynaud são es-
LES - Anti-DNA dupla hélice; clerodermia, LES, S. Sjögren e dermatomiosite.
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Síndrome de sjögren
3. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG - A doença neurológi- 4. UFG - Síndrome de Sjögren primária, quando comparada com
ca está entre as manifestações sistêmicas mais comuns da Sín- outras doenças, apresenta risco maior de desenvolver:
drome de Sjögren. Dentre estas, pode-se citar a:
a) Linfoma
a) Neuropatia periférica sensorial b) Mieloma múltiplo
b) Convulsão c) Sarcoma
c) Miastenia gravis d) Leucemia
d) Depressão
Se você se lembrou da dica, acertou a questão! Quando pensamos
Questão bem direta sobre a síndrome de Sjögren. A neuropatia em síndrome de Sjögren, devemos nos lembrar de linfoma não Ho-
periférica sensorial é a mais comum manifestação neurológica da dgkin. Portanto, a alternativa correta é a letra “A”: linfoma.
doença. Ela é causada por dano aos neurônios sensitivos da raiz
dorsal e do gânglio gasseriano, o que pode levar a alterações graves
da propriocepção. Portanto, a resposta é a letra “A”.
5. TRATAMENTO DA SÍNDROME DE
SJÖGREN
O tratamento da síndrome de Sjögren ainda não possui agen-
tes capazes de modificar a evolução da doença. Ele pode ser dividido em
4 grupos de acordo com o tipo de medicamento: repositores, tópicos ou
orais, imunomoduladores, imunossupressores e biológicos.
Prática reumatológica
No Brasil, estão disponíveis rituximabe, abatacepte, infliximabe, eta-
nercepte, adalimumabe, golimumabe e certolizumabe pegol. Mas
esses agentes não têm indicação de bula para o tratamento da S.
Sjögren. As evidências de eficácia e segurança são frágeis, nem o go-
verno, nem a saúde suplementar pagam essas drogas nessa situação.
Portanto, usa-se os imunossupressores convencionais em caso de do-
ença grave, sobretudo ciclofosfamida em pulsoterapia.
6. PROGNÓSTICO E DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS DA SÍNDROME DE
SJÖGREN
O prognóstico da síndrome de Sjögren depende de alguns fa-
tores de risco, como aumento do volume das parótidas, esplenomegalia,
adenopatias e vasculite cutânea. Esses fatores de risco estão principal-
mente relacionados com o desenvolvimento de doença hematológica
maligna e linfoma. Entretanto, somente 5% dos pacientes desenvolverão
esse tipo de complicação.
Os principais diagnósticos diferenciais da síndrome de Sjögren
são infecção pelo vírus da hepatite C, sarcoidose, hemocromatose, lipo-
proteinemias, HIV, dentre outros.
A questão que estudaremos a seguir é sempre cobrada nas
provas, e o aluno deve se lembrar da complicação mais marcante da sín-
drome de Sjögren.
r Reumatologia 75
Sérgio Canabrava
VASCULITES
IMPORTÂNCIA PARA AS PROVAS
1. INTRODUÇÃO
As vasculites são patologias que se caracterizam por inflamação
associada a áreas de necrose da parede dos vasos sanguíneos, acarretando
dano tecidual.
As manifestações clínicas são diversas e variam de acordo com o
tipo de vasculite. No entanto, muitas vezes encontraremos sintomas cons-
titucionais, como febre, mal-estar, mialgia, artralgia e perda ponderal, pois
11
esses sintomas são comuns a todas as vasculites.
A patogênese das vasculites envolve mecanismos imunológicos, e,
na maioria dos casos, não se identifica o antígeno responsável. Além disso,
algumas vasculites, principalmente as de pequenos vasos, têm seu diagnósti-
co definido ou sugerido quando é identificado o chamado ANCA, ou anticor-
po citoplasmático antineutrófilos. Elas são importantíssimas para as provas,
pois são questões frequentes. Portanto, precisamos saber que a Poliangeite
Microscópica (PAN microscópica), a Síndrome de Churg-Strauss e a Granulo-
matose de Wegener são as “vasculites do ANCA”.
Reumatologia 76
Vasculites
- p-ANCA (perinuclear) à PAN Microscópica e Síndrome de Churg-S- Vasculite com predomínio de pequenos vasos
trauss.
- c-ANCA (citoplasmático) à Granulomatose de Wegener. 1. Granulomatose de Wegener ou granulomatose com poliangeite;
- a-ANCA (atípico) à Lúpus, Artrite Reumatoide, HIV. 2. Poliangeite microscópica (PAN microscópica);
3. Síndrome de Churg-Strauss;
4. Púrpura de Henoch- Schönlein ou anafilactoide;
5. Vasculite Crioglobulinêmica;
6. Vasculite Cutânea Leucocitoclástica ou por hipersensibilidade.
Reumatologia 77
MEDAULA | 2023
Arterite de Takayasu
QUESTÃO EXEMPLO
A arterite de Takayasu é uma vasculite que acomete a aorta e
seus ramos, prevalecendo em mulheres. 4. UNICAMP - Homem, 32 anos, caucasoide, refere episódios de ar-
Para acertarmos as questões sobre esse tema, o examinador trite envolvendo joelhos e tornozelos há 2 anos. Há um ano pas-
citará os itens a seguir: mulher com idade entre 15 e 25 anos, claudicação sou a apresentar episódios recorrentes de turvação visual com
de extremidades ou de membros superiores, diminuição de pulso nas comprometimento da acuidade. Antecedentes pessoais: trombo-
artérias braquiais, diferença de pressão arterial maior do que 10 mmHg se venosa profunda em membro inferior direito e lesões ulceradas
nos membros superiores, sopro sobre artérias subclávia e aorta abdomi- orais há 6 meses. Exame oftalmológico: uveíte posterior bilateral.
nal e estenoses e oclusões da aorta, seus ramos ou artérias proximais dos A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA MAIS PROVÁVEL É:
membros superiores na arteriografia.
Portanto, resumindo, a dica para o diagnóstico clínico é: “mu- a) Artrite reumatoide
lher jovem que desenvolve diminuição ou ausência de pulsos periféricos, b) Gota
discrepância na pressão arterial e sopros arteriais”. Além disso, o diag- c) Espondilite anquilosante
nóstico é confirmado com a angiografia. d) Arterite de células gigantes
O tratamento deve ser feito com corticoides e, também, pode- e) Doença de Behçet
-se utilizar metotrexate.
Até agora, vimos a arterite temporal e a arterite de Takayasu. Veja que o examinador apresentou três dicas para acertarmos
Guarde o seguinte: essas são as únicas vasculites que predominam em a questão: úlceras orais, uveíte posterior bilateral e trombose
mulheres. venosa profunda. A TVP pode estar presente em 30% dos pa-
cientes com a doença. Portanto, a resposta correta é a letra “E”:
doença de Behçet.
QUESTÃO EXEMPLO
3. SEC. DO ESTADO DE SAÚDE DE SANTA CATARINA - SES - SC - Ca- Observações da prática em reumatologia
rolina, 25 anos, queixa-se de cefaleia, tonteira e claudicação de
membros superiores. O exame físico mostra sopro em ambas as - Os inibidores dos fatores de necrose tumoral alfa (infliximabe e ada-
artérias carótidas e região umbilical e ausência de pulsos femo- limumabe) têm sido usados nos casos de uveíte e nas manifestações
rais. Em relação à possível doença de Carolina, é incorreto afir- mucocutâneas refratárias.
mar: - Para as úlceras orais, também é recomendado o tratamento com
colchicina 0,5 a 1,5 mg/dia. A colchicina também é o tratamento de
a) Geralmente incide em mulher, com quadro inicial começando primeira escolha na pseudofoliculite.
antes dos 30 anos
b) A hipertensão está muito associada e é decorrente do acometi-
mento da artéria renal Síndrome de Cogan
c) A causa dos sintomas é o baixo fluxo e não a embolização
d) Trata-se de uma vasculite que predomina nos vasos de pequeno A síndrome de Cogan predomina por volta dos 25 anos de ida-
calibre de, e acomete a aorta e seus ramos de médio e pequeno calibres.
e) A claudicação de Carolina é explicada pela estenose das artérias
ilíacas ou femorais Dica para a prova – síndrome de Cogan: alterações vestíbulo auditi-
vas + ceratite intersticial.
Não há como ter dúvida na alternativa errada! Colocamos esta
questão para que você aprenda com as outras afirmativas; portan- O diagnóstico se baseia no quadro clínico e na angiografia, que
to, não deixe de lê-las com atenção. Uma mulher jovem que apre- demonstra estenoses e aneurismas.
senta isquemia crônica de membros, ausência de pulsos proximais O tratamento da síndrome de Cogan é feito com corticoides
e sopro carotídeo só pode ter arterite de Takayasu, uma vasculite tópicos, quando o acometimento é exclusivamente ocular, e corticoides
de grandes vasos, que compromete especialmente a aorta e seus sistêmicos, quando existe acometimento vestíbulo auditivo.
ramos. É comum a presença de sintomas constitucionais, como
perda de peso, febre, mialgia. O tratamento é feito com predniso-
na e, se necessário, procedimentos de revascularização. Portanto,
3. VASCULITES COM PREDOMÍNIO
letra “D” é a incorreta. DE VASOS DE MÉDIO CALIBRE
As vasculites com predomínio de vasos de médio calibre mais
cobradas em concursos de residência são poliarterite nodosa clássica,
Doença de Behçet doença de Kawasaki, vasculite isolada do SNC e tromboangeíte oblite-
rante.
A doença de Behçet é uma vasculite associada ao HLA-B51 que
prevalece entre 25 a 35 anos, é mais grave nos homens jovens, e acome-
te vasos de qualquer calibre, mas, principalmente, as artérias pulmonar Poliarterite nodosa clássica (PAN clássica)
e cerebral e vasos de pequeno calibre. Lembre-se de que tromboflebites
A PAN clássica acomete somente vasos de médio e pequeno
superficiais, raramente com eventos embólicos, são comuns.
calibre, e não envolve a microvasculatura. Sendo assim, é importante
Para o seu diagnóstico, devem ser identificadas úlceras orais asso-
você saber diferenciá-la da PAN microscópica, que envolve a microvascu-
ciadas a pelo menos 2 dos 4 seguintes critérios: úlceras genitais, pseudofoli-
latura e causa uma síndrome pulmão-rim.
culite e lesões acneiformes, uveíte anterior com hipópio e patergia.
A PAN clássica prevalece em homens entre 40 e 60 anos, e está,
O tratamento da doença de Behçet é variado, dependendo do
muitas vezes, associada à sorologia positiva para o vírus da hepatite B.
grau de acometimento sistêmico do paciente. Sendo assim, podem ser
Seu diagnóstico é realizado quando se identificam os seguintes
utilizados corticoides associados ou não a sulfassalazina, talidomida, aza-
critérios: perda de peso maior que 4 kg, livedo reticular, dor testicular, as-
tioprina, ciclofosfamida, aspirina e imunossupressores.
tenia e mialgia, mononeurite múltipla, hipertensão arterial diastólica de
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Vasculites
QUESTÃO EXEMPLO
Um homem de meia-idade com sintomas constitucionais inespecí- 6. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO -
ficos associados a uma neuropatia periférica (parestesias em arte- Criança de 4 anos de idade é trazida para a consulta com história
lhos e anestesia em pé), dor testicular e sorologia para hepatite B; de 4 dias de febre alta, apresentando 2 a 3 picos diários (38 a
precisamos pensar logo em Poliarterite Nodosa Clássica. As outras 39,8ºC). Encontra-se inapetente e prostrada. Ao exame clínico,
dicas são hipertensão arterial, insuficiência renal, nódulos sub- observa-se erupção cutânea macular e eritematosa com carac-
cutâneos, anemia e aumento do VHS. Em 30% dos casos, existe terísticas polimórficas, acompanhada por congestão bilateral da
associação dessa vasculite com a infecção pelo vírus da hepatite B, conjuntiva ocular, hiperemia da mucosa oral, “língua em fram-
geralmente com HBeAg e DNA viral positivos! As lesões nodulares boesa” e edema endurado nas mãos e pés. O diagnóstico pro-
constituem um tipo de paniculite com aspecto semelhante ao eri- vável é:
tema nodoso, muitas vezes ulcerado.
E já adiantando para não se esquecer: a única vasculite que CON- a) Sarampo
SOME o complemento, especificamente o C4, é a vasculite crio- b) Escarlatina
globulinêmica! c) Doença de Kawasaki
Outra vasculite que pode alterar o complemento é a Doença de d) Rubéola
Kawasaki (DK). Você verá adiante que na DK os níveis de C3 po- e) Mononucleose infecciosa
dem estar aumentados na primeira semana.
Esta criança menor de 5 anos apresenta o diagnóstico da doen-
ça de Kawasaki, pois cursa com febre (obrigatório) associada a 4
outros critérios: eritema polimorfo, congestão conjuntival bilate-
ral, hiperemia de mucosa oral e língua (língua em framboesa) e
Doença de Kawasaki edema endurado das mãos e pés.
Perceba que na doença de Kawasaki a congestão conjuntival é BI-
A doença de Kawasaki tem um diferencial das vasculites que já LATERAL, indolor e não exsudativa. Muitos concursos tentam te
estudamos até agora: ela tem maior prevalência em meninos menores de 5 confundir neste aspecto. A vasculite que apresenta lesão ocular
anos. Cerca de 80% dos casos ocorrem em pacientes com essa idade. normalmente unilateral é a Granulomatose de Wegerner, porém
Seu diagnóstico é feito quando são identificados pelo menos 5 incide em uma faixa etária mais velha, por volta dos 40 anos.
dos 6 critérios a seguir: febre (38º a 40º por 5 dias), exantema polimorfo Além dos demais sintomas serem completamente diferentes, na
(ainda no primeiro dia), congestão ocular, língua em framboesa ou em Granulomatose de Wegener a lesão ocular costuma ser doloro-
morango, eritema e edema palmo-plantar (após 5 dias de doença) e lin- sa, podendo simular até mesmo um pseudotumor da órbita.
fadenopatia cervical aguda não supurativa. Lembre-se de que a presença
da febre é obrigatória para se fechar o diagnóstico.
r Reumatologia 79
MEDAULA | 2023
Vasculite isolada do SNC Aposto que você não caiu na pegadinha! Não é por que citam
(raríssimo em provas!) a presença de tabagismo e fenômeno de Raynaud que a res-
posta tem que ser tromboangeíte obliterante! A resposta des-
A vasculite isolada do SNC acomete mais homens e não possui ta questão é dada pela arteriografia: estenose vascular, com ou
critérios diagnósticos definidos. Sendo assim, seu diagnóstico é de exclu- sem pontos de oclusão, dilatações pós-estenóticas, aneurismas
são. arteriais e circulação colateral com comprometimento da aorta e
O quadro clínico envolve a presença de cefaleia, sinais neuro- seus ramos, especialmente a carótida e a subclávia, ou seja, es-
lógicos focais, convulsões, desorientação, amnésia e distúrbio comporta- tamos falando da arterite de Takayasu. É importante lembrar que
mental. na tromboangeíte obliterante as principais artérias acometidas
A angiografia cerebral pode ajudar no diagnóstico e demons- são as de médio e pequeno calibre, especialmente das extremi-
trar áreas de estenose e aneurismas irregulares das artérias cerebrais de dades dos membros superior e inferior, geralmente poupando o
médio e pequeno calibres. Além disso, a biópsia pode demonstrar uma território proximal. Além disso, acomete principalmente homens
vasculite granulomatosa. fumantes com idade média de 30 anos, e cursa com isquemia
Essa vasculite tem possibilidade de evolução maligna e deve digital e ausência de pulsos digitais. Portanto, quadro totalmente
ser tratada imediatamente com corticoides e ciclofosfamida. diferente desta questão!
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Vasculites
a) Autoexplicativa! Todos os exemplos citados podem cursar Nesta questão, estamos diante de uma vasculite que acomete
com “síndrome pulmão-rim”. Seria interessante lembrarmos pequenos vasos e cursa com síndrome pulmão-rim (capilarite
ainda da leptospirose e do lúpus eritematoso sistêmico. pulmonar e glomerulonefrite), sintomas constitucionais, mo-
b) O c-Anca encontra-se positivo em 97% dos casos de Gra- noneurite múltipla, e ANCA positivo. Como não há referência
nulomatose de Wegener e o anticorpo antimembrana basal de acometimento do trato respiratório superior como rinite e
glomerular é patognomônico da Síndrome de Goodpasture sinusite (Wegener) ou presença de asma e eosinofilia (Churg-S-
(maiores detalhes na apostila de nefrologia), um importante trauss), ficamos com a poliangeite microscópica.
diagnóstico diferencial para o paciente desta questão.
c) Nem toda leucocitose é infecciosa! E este paciente apre-
senta vários sinais e sintomas que sugerem muito mais uma Síndrome de Churg-Strauss
síndrome vasculítica. Portanto, esta alternativa está errada!
d) Exatamente como descrito nesta alternativa: a PAN clás-
A síndrome de Churg-Strauss é dividida em 3 fases: prodrômi-
sica não atinge os pulmões, pois acomete somente os vasos
ca, eosinofílica e vasculítica. É uma doença rara, que acomete mais ho-
de médio e pequeno calibres, excluindo a microvasculatu-
mens.
ra, portanto não causa glomerulite ou capilarite pulmonar
O seu diagnóstico pode ser feito quando se identificam pelo
(hemoptise) como ocorre na Granulomatose de Wegener
menos 4 dos 6 critérios a seguir: asma, eosinofilia, mononeurite múlti-
ou mesmo na PAN microscópica.
pla, infiltrado pulmonar migratório, anormalidades dos seios paranasais
e) Para diagnóstico de Granulomatose de Wegener, devem
e eosinófilos extravasculares na biópsia. Portanto, a dica para acertar a
estar presentes 2 dos 4 critérios seguintes: (1) inflamação
questão é: paciente com crises asmáticas associadas à mononeurite múl-
nasal ou oral com coriza purulenta ou sanguinolenta e úl-
tipla.
ceras orais; (2) RX de tórax com nódulos, infiltrados fixos
Lembre-se de que o p-ANCA está positivo em 70% dos casos e
ou cavitações; (3) Urina rotina anormal, com presença de
a IgE está elevada na maioria dos casos. O tratamento é feito com corti-
hematúria microscópica com ou sem cilindros hemáticos e
coides.
(4) biópsia mostrando infiltrado granulomatoso em artéria
ou perivascular.
r Reumatologia 81
MEDAULA | 2023
- PAN microscópica;
- Síndrome de Churg-Strauss;
- Granulomatose de Wegener;
- Doença de Goodpasture;
- Lúpus;
- Leptospirose.
QUESTÃO EXEMPLO
10. FUNDAÇÃO ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP - Mulher de 49 anos, asmática, apesar do uso de corticoide inalatório e beta-agonista
inalatório de longa duração, apresenta mais de 4 exacerbações por ano. O pneumologista prescreve inibidor de LTD4. Quinze dias após
início da droga, a paciente inicia febre, mal-estar, anorexia, fraqueza muscular no membro inferior direito, dificuldade de abduzir o polegar
esquerdo, dispneia e infiltrados pulmonares, com aparecimento de nódulos subcutâneos em membros inferiores. O quadro clínico sugere
o diagnóstico de:
a) Granulomatose de Wegener
b) Púrpura de Henoch-Schönlein
c) Síndrome de Churg-Strauss
d) Síndrome de Sjögren
Nesta questão, o examinador apresenta um paciente com crises asmáticas, que pioram mesmo com corticoide e beta-agosnista, associa-
das à mononeurite múltipla (dificuldade de abduzir o polegar esquerdo). Se encontrarmos essas duas “dicas” em uma prova de residência
médica, devemos pensar em síndrome de Churg-Strauss. Só faltou o examinador colocar a eosinofilia com níveis acima de 1.000 células. Aí
ficaria muito fácil!!!
Púrpura de Henoch-Schonlein
QUESTÃO EXEMPLO
A púrpura de Henoch-Schönlein é a vasculite mais comum da
infância, com incidência entre 3 e 20 anos de idade. Ela tem caráter au- 11. FUNDAÇÃO JOÃO GOULART - HOSPITAIS MUNICIPAIS - João Pe-
tolimitado, geralmente 4 a 6 semanas, o que faz de seu tratamento uma dro, 5 anos, história recente de IVAS, ainda em uso de amoxicilina,
simples conduta observacional. é admitido no consultório médico com relato de máculas eritema-
Para as provas, é importante que você saiba que essa vasculite tosas que evoluíram para petéquias e púrpuras em pernas, dorso
está associada à hiperprodução de IgA e deposição tecidual de imuno- dos pés e mãos, genitália, lábios e pálpebras. Sua mãe descreve
complexos. ainda a presença de febre baixa, dor abdominal discreta e artrite
O seu diagnóstico é feito quando é identificada a tétrade: púr- de joelhos que dificulta a marcha. Nos exames laboratoriais, ob-
pura palpável, hematúria, dor abdominal e artralgia. Portanto, se a ques- serva-se hematúria microscópica e imunoglobulina A elevada no
tão mostra um paciente jovem com esses sintomas, você deve se lembrar soro. O diagnóstico mais provável e o tratamento mais adequado
da púrpura de Henoch-Schönlein. são:
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Vasculites
Vasculite crioglobulinêmica
Para provas de residência, é importante que você se lembre que a vasculite crioglobulinêmica tem a hepatite C como principal causa, cursa
com púrpura palpável e é a única vasculite que está associada ao consumo do complemento.
Além disso, lembre-se de que a glomerulonefrite membranoproliferativa representa 80% das lesões renais nessa doença e sua presença é
sinal de pior prognóstico. Mas, felizmente, apenas 10 a 30% dos pacientes com vasculite crioglobulinêmica desenvolverão doença renal.
QUESTÃO EXEMPLO
12. UFPR - Vasculite é um processo clínico patológico caracterizado por inflamação e dano aos vasos sanguíneos. Um grupo amplo e hetero-
gêneo de vasculites pode resultar desse processo. Com relação às vasculites e às suas respectivas alterações clínico-laboratoriais, numere
a primeira coluna com a segunda.
1. Poliarterite nodosa
2. Poliangeíte com granulomatose (Wegener)
3. Poliangeíte microscópica
4. Takayasu
5. Vasculite por IgA (Henoch- Schönlein)
( ) Vasculite necrotizante acometendo pequenos vasos (capilares, vênulas e arteríolas); glomerulonefrite e capilarite pulmonar; ANCA anti-
mieloperoxidase positivo.
( ) Vasculite de pequenos vasos caracterizada por púrpura palpável (mais comumente localizada nas nádegas e membros inferiores), artral-
gias, sinais e sintomas gastrointestinais e glomerulonefrite.
( ) Vasculite granulomatosa com envolvimento do trato respiratório alto e baixo associada com glomerulonefrite; ANCA antiproteinase 3
positivo.
( ) Arteriografia com a presença de aneurismas de artérias de pequeno e médio calibre no rim, fígado e vasculatura visceral.
( ) Estenose de artérias de médio e grande calibre com forte predileção pela aorta e seus ramos.
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta na coluna da direita, de cima para baixo.
a) 5–3–1–4–2
b) 3–5–1–2–4
c) 4–3–5–1–2
d) 3–5–2–1–4
e) 5–1–2–4–3
Esta é uma questão interessante, pois testa vários conhecimentos estudados sobre as vasculites ao longo do capítulo. Veja as respostas a
seguir.
- Poliarterite nodosa = Arteriografia com a presença de aneurismas de artérias de pequeno e médio calibre no rim, fígado e vascu-
latura visceral.
- Poliangeíte com granulomatose (Wegener) = Vasculite granulomatosa com envolvimento do trato respiratório alto e baixo associa-
da com glomerulonefrite; ANCA antiproteinase positivo.
- Poliangeíte microscópica = Vasculite necrotizante acometendo pequenos vasos (capilares, vênulas e arteríolas); glomerulonefrite
e capilarite pulmonar; ANCA antimieloperoxidase positivo.
- Takayasu = Estenose de artérias de médio e grande calibre com forte predileção pela aorta e seus ramos.
- Vasculite por IgA (Henoch- Schönlein) - Vasculite de pequenos vasos caracterizada por púrpura palpável (mais comumente localizada
nas nádegas e membros inferiores), artralgias, sinais e sintomas gastrointestinais e glomerulonefrite. Portanto, letra “D”.
r Reumatologia 83
MEDAULA | 2023
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Vasculites
r Reumatologia 85
Sérgio Canabrava
GOTA
O tema gota estava praticamente esquecido nas principais provas de resi-
dência médica nos últimos anos. No entanto, em 2016, ele voltou com for-
ça total, sendo cobrado na prova da AMRIGS, da UFG e do PSU de Minas
1. Introdução .................................................................... 85 Gerais. Por sorte, são questões fáceis que a simples leitura deste capítulo
capacitará o candidato para o tema!
2. Crises agudas .............................................................. 85
3. Diagnóstico da gota .................................................. 86
1. INTRODUÇÃO
4. Tratamento da gota e da crise aguda ................. 86
A gota é uma forma de artrite que acomete homens jovens na 4ª
década de vida. Ela causa episódios súbitos e graves de dor que afeta em
geral uma articulação de cada vez. Com maior frequência, a primeira articu-
lação do dedo maior do pé (hálux) é a inicialmente acometida, chamando-se
podagra. É importante ressaltar que afeta principalmente as articulações dos
membros inferiores, sendo os membros superiores nos quadros crônicos. A
gota, em geral, não “passa” de uma articulação para outra.
O ácido úrico é uma substância que se forma normalmente quando
o organismo decompõe produtos de excreção denominados purinas. Em ge-
ral, ele dissolve-se no sangue e passa para a urina através dos rins. Na pessoa
com gota, os níveis de ácido úrico no sangue ficam tão altos que se formam
cristais de ácido úrico (cristais de urato monossódico), que se depositam nas
articulações e em outros tecidos, causando inflamação do revestimento da
articulação (sinóvia), levando à gota.
2. CRISES AGUDAS
Veja uma típica descrição de um paciente com crise aguda de gota.
É assim que será cobrado em sua prova:
12
1ª articulação metatarsofalangeana acometida.
Reumatologia 86
Gota
4. TRATAMENTO DA GOTA E DA
CRISE AGUDA
O tratamento deve ser dividido em dois: tratamento da crise
aguda e a terapia hipouricêmica.
Reumatologia 87
MEDAULA | 2023
Pirofosfato de cálcio
Gota
(pseudogota)
QUESTÃO EXEMPLO
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ATENÇÃO! Questões e Comentários no Aplicativo e no Sistema!
Para maior fixação, após cada capítulo estudado, acesse ao seu aplicativo Med AULA ou ao nosso site e faça
as questões do tema que você acabou de estudar. Isso será importante para a sua fixação. Veja como acessar:
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