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CURSOS

DE
ATUALIZAÇÃO
CÁLCULOS
FARMACÊUTICOS
2020 ©
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei
nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou
qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios
(eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da
obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.

Título | Cálculos Farmacêuticos


Editor | Karen Nina Nolasco
Diagramação| Microart Design Editorial
Projeto gráfico e capa | Fabrício Sawczen
Revisor Ortográfico | Microart Design Editorial
Conselho Editorial | Caio Vinicius Menezes Nunes
Paulo Costa Lima
Sandra de Quadros Uzeda
Silvio Jose Albergaria da Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)

R811f Lage, Ariane.


Cálculos Farmacêuticos / Ariane Lage, Lívia Rocha e Marina Anunciação.– 1. ed.– Salvador,
BA : Editora Sanar, 2020.
108 p.; il..
E-Book: PDF
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-87930-52-7
1. Atualização. 2. Cálculos Farmacêuticos. 3. Farmácia. I. Título. II. Assunto. III. Lage, Ariane.
IV. Rocha, Lívia. V. Anunciação, Marina.
CDD 615
CDU 615
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Farmácia.
2. Farmácia.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LAGE, Ariane; ROCHA, Lívia; ANUNCIAÇÃO, Marina. Cálculos Farmacêuticos. 1. ed. Salvador, BA:
Editora Sanar, 2020. EBook (PDF; ?? Kb ou Mb). ISBN 978-65-87930-52-7.

Editora Sanar S.A


R. Alceu Amoroso Lima, 172 – Salvador Office &
Pool, 3ro Andar – Caminho das Árvores
CEP 41820-770, Salvador – BA
Tel.: 0800 337 6262
atendimento@sanar.com
www.sanarsaude.com
AUTORES
ARIANE BATISTA LÍVIA MARIA VALENTE
LAGE ROCHA ALVES
Farmacêutica pela Universidade do Es- Farmacêutica pela Universidade do Es-
tado da Bahia - UNEB (2012). Especialista tado da Bahia – UNEB (2011). Especialis-
em Avaliações de Tecnologia em Saúde ta em Manipulação Farmacêutica pela
(UFBA). Atualmente é Farmacêutica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Secretaria Municipal de Saúde de Salva- (UFRJ). Atualmente atua na Assistência
dor e Supervisora da Equipe de Farmácia Farmacêutica do Município de Salvador
de Oncologia do Hospital Santa Izabel. e como membro da Comissão de Farmá-
cia e Terapêutica (CFT).

MARINA ANUNCIAÇÃO
Farmacêutica pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA). Especialista em Farmá-
cia Magistral, Homeopatia e Cosmetolo-
gia Avançada. Atua como Docente na em
cursos de graduação e pós graduação
em Farmácia, Biomedicina e Estética.
Preceptora de estágios curriculares, extra
curriculares e Mentorias. Consultora em
Assuntos Regulatórios nas áreas de Dro-
garia e Farmácia Magistral.
APRESENTAÇÃO
Caros alunos,

No campo da saúde, existe uma intersecção entre a biologia e a matemá-


tica, a partir do momento em que se sabe que o uso do medicamento e o
desfecho terapêutico são intimamente relacionados com a dose. Apesar de
ser uma área de conhecimento básica, nem todos os profissionais dominam
e se sentem seguros quanto a essas habilidades e as consequências dessa
realidade podem envolver eventos indesejados ao paciente.

Desse modo, esta apostila foi elaborada como parte integrante do Curso de
atualização em cálculos farmacêuticos e ao final dela você será capaz de
compreender o raciocínio analítico relacionado aos cálculos envolvendo me-
dicamentos.

Bons estudos!
SUMÁRIO
1. FUNDAMENTOS DE CÁLCULOS FARMACÊUTICOS 7

2. CÁLCULOS BÁSICOS: MATEMÁTICA BÁSICA 8


2.1 REGRA DE TRÊS 8
2.2 PORCENTAGEM 11
2.3 CONCENTRAÇÃO PERCENTUAL 11
2.4 RAZÃO E PROPORÇÃO 16

3. TIPOS DE UNIDADES DE MEDIDA 18


3.1 SISTEMA INTERNACIONAL DE MEDIDAS (SI) 18
3.2 SISTEMA APOTECÁRIO 20
3.3 SISTEMA AVOIRDUPOIS 21
3.4 UNIDADES DE USO DOMÉSTICO 21
3.5 MÉTODOS DE MEDIDA 22

4. CONVERSÃO DAS UNIDADES DE MEDIDA 24


4.1 CONVERSÃO DAS UNIDADES DE TEMPERATURA 25
4.2 CÁLCULOS DE GOTAS 26
4.3 DENSIDADE 27

5. OUTRAS UNIDADES DE MEDIDA 30


5.1 NÚMERO DE MOL 31
5.2 EQUIVALENTES E MILIEQUIVALENTES 34
5.3 OSMOLARIDADE 38
5.4 MOLARIDADE, MOLALIDADE E NORMALIDADE 39

6. CONCENTRAÇÃO E DILUIÇÃO 44
6.1 PARTES POR MILHÃO (ppm) E PARTES POR BILHÃO (ppb) 46

7. CÁLCULOS APLICADOS A DROGARIAS 48


7.1 LEGISLAÇÃO 48
7.2 CÁLCULO DE DOSE 49
7.3 CÁLCULOS PARA DISPENSAÇÃO DE INSULINA 54
7.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS – PARTIÇÃO DE COMPRIMIDO E MÚLTIPLAS
TOMADAS (DOBRAR COMPRIMIDOS) 55
SUMÁRIO
8. CÁLCULOS APLICADOS À FARMÁCIA MAGISTRAL 57
8.1 FORMAS FARMACÊUTICAS 58
8.2 FATOR DE CORREÇÃO E FATOR DE EQUIVALÊNCIA 59
8.3 MANIPULAÇÃO DE CÁPSULAS 64

9. CÁLCULOS APLICADOS A PORTARIA 344/98 70


9.1 QUANTIDADES MÁXIMAS PARA DISPENSAÇÃO 73

10. CÁLCULOS APLICADOS A RESOLUÇÃO


RDC 20/2010 75

11. PARÂMETROS DO PACIENTE PARA CÁLCULO DE


DOSE 77
11.1 PACIENTES PEDIÁTRICOS 78
11.2 PACIENTES GERIÁTRICOS 82

12. CÁLCULOS APLICADOS A FARMÁCIA HOSPITALAR 84


12.1 CÁLCULOS DE DILUIÇÃO E RECONSTITUIÇÃO 84
12.2 TERAPIA DE HIDRATAÇÃO VENOSA (THV) 90
12.3 DILUIÇÃO DE GERMICIDAS E SANEANTES 92
12.4 CÁLCULOS DE PREPARAÇÕES ONCOLÓGICAS 93

13. CÁLCULOS PARA NUTRIÇÃO PARENTERAL 94


13.1 COMPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO 96
13.2 PRECIPITAÇÃO DE CÁLCIO E FÓSFORO 98

REFERÊNCIAS 104
Fundamentos
de Cálculos
Farmacêuticos 1
É comum e fundamental o uso de cálculos em geral no contexto da área far-
macêutica, desde a prática tradicional até a especializada, como no campo
de pesquisa e desenvolvimento1. Essas áreas de conhecimento se referem a:

▶ Cálculos físico-químicos no processo de fabricação;


▶ Cálculos de pureza microbiológica;
▶ Cálculos farmacocinéticos e de farmacodinâmica;
▶ Dosagem de medicamento;
▶ Cálculos de Farmacotécnica.

Cada área tem consigo a base fundamental da evidência científica que a


subsidia, e no que envolve o medicamento, o farmacêutico tem papel de
protagonista, não apenas na execução destes cálculos, como também na
orientação da equipe multiprofissional dentro da qual está inserido.

Cálculos Farmacêuticos 7
Cálculos Básicos:
Matemática
Básica 2
Algumas habilidades matemáticas básicas são fundamentais antes de co-
meçarmos a tratar especificamente dos cálculos farmacêuticos. Dessa ma-
neira, neste capítulo vamos revisitar algumas destas propriedades matemá-
ticas!

2.1 REGRA DE TRÊS


Processo prático para resolução de problemas que envolvam duas ou mais
grandezas, diretamente ou inversamente proporcionais.

Atenção! Os dados devem de uma mesma grandeza devem


estar na mesma unidade!

PASSO A PASSO
1. Agrupar as grandezas da mesma espécie em colunas, manten-
do na mesma linha as grandezas de espécies diferentes em cor-
respondência.
2. Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamente
proporcionais.
3. Montar a regra de três e resolver a equação.

Cálculos Farmacêuticos 8
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Paciente M.C.R. tomando Azitromicina 500mg por 3 dias, totalizando 1500mg
por tratamento. Qual a dosagem final do tratamento, se o paciente fosse to-
mar por 7 dias?

1º) Agrupando grandezas:

Dosagem por Tratamento (mg) Dias de Tratamento

1500 3

X 7

2º) Identificando as relações:

Dias de Tratamento Dosagem por Tratamento

3 1500
7 X

As grandezas são diretamente proporcionais, pois


aumentando os dias de tratamento, a dosagem
também aumenta.

3º) Resolvendo a equação:

3 1500
=
7 𝑋𝑋

3 1500
7 𝑋𝑋

3𝑋𝑋 = 1500 . 7
1500.7
𝑋𝑋 =
3

10500
𝑋𝑋 =
3
𝑋𝑋 = 3500mg

Portanto, a dosagem final do tratamento de 7 dias é de 3500mg.

Cálculos Farmacêuticos 9
Exemplo 2:
Você é gerente de uma Farmácia Magistral e precisa reduzir o tempo de pro-
dução de sua empresa. Um manipulador experiente produz 600 cápsulas de
Omeprazol 20mg em 8h de trabalho. Com a contratação de outro profissio-
nal, em quanto tempo essa mesma quantidade de cápsulas será produzida?

1º) Agrupando grandezas:

Carga Horária Quantidade Manipulada

8 1

X 2

2º) Identificando as relações:

Carga Horária Quantidade Manipulada

8 1
X 2

As grandezas são inversamente proporcionais, pois


aumentando o número de manipuladores, a carga
horária diminui.

3º) Resolvendo a equação:

8 1
=
𝑋𝑋 2

X 1
=
8 2

2𝑋𝑋 = 8 . 1

8
𝑋𝑋 =
2

𝑋𝑋 = 4

Portanto, com os dois manipuladores,


. a produção de 600 cápsulas será
de 4h.

Cálculos Farmacêuticos 10
2.2 PORCENTAGEM
As porcentagens constituem um aspecto essencial dos cálculos farmacêu-
ticos. O farmacêutico frequentemente utiliza como uma forma conveniente
para expressar a concentração do princípio ativo ou de um material inativo
em uma preparação farmacêutica1.

O termo “por cento”, e seu sinal correspondente %, significa “por uma cen-
tena”. Assim, 50 por cento (50%) significa 50 partes em cada 100 do mesmo
item.

𝑥𝑥
𝑋𝑋% =
100
Solução 9%: 9g de soluto em 100mL de solvente (volume final).

Água boricada 5%: significa que a cada 100 mL de solução, temos 5g de áci-
do bórico, ou seja, 5g em 100 mL.

Quando efetuamos os cálculos, as porcentagens são normalmente altera-


das para frações decimais equivalentes. A mudança é realizada retirando-se
o sinal por cento (%) e dividindo-se o número expresso por 100:

12,5
12,5% = = 0,125
100
Lembrando -se de que, no processo inverso (alterar uma fração decimal para
uma porcentagem), o número é multiplicado por 100 e o sinal por cento
(%) é acrescentado.

2.3 CONCENTRAÇÃO PERCENTUAL

2.3.1 PORCENTAGEM PESO-VOLUME (P/V)


A porcentagem de uma preparação líquida (solução, suspensão, loção etc.)
expressa o número em gramas de soluto em 100mL de solução ou prepara-
ção líquida. As expressões peso-volume são baseadas na suposição de que
uma solução ou líquido possui uma densidade específica de 1, como se fosse
a água. A partir disso, 100mL de solução ou do líquido, presumivelmente, pe-

Cálculos Farmacêuticos 11
sam 100g e, dessa forma, são utilizados como base para calcular a porcenta-
gem peso-volume. Ex: Uma solução de NaCl 0,9% contém, 0,9g de NaCl em
100mL de solução, cujo solvente quando não é explicitado, é a água. Quando
uma solução porcentual é expressa em p/V, fica implícito que se refere a g
%, isto é, gramas de soluto em 100 mL de solução. Portanto não é necessário
colocar a unidade de medida, NaCl 0,9 g %, basta NaCl a 0,9 %1.

Volume (mL) X % (expresso como um decimal)=gramas(g)de soluto.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Quantos gramas de glicose são necessários para preparar 2.000mL de uma
solução a 5%?

1ª Forma de Resolver esta Questão:

5𝑔𝑔
5% =
100𝑚𝑚𝑚𝑚
5𝑔𝑔 𝑥𝑥𝑥𝑥
= =
100𝑚𝑚𝑚𝑚 2000𝑚𝑚𝑚𝑚

100 . x = 5 . 2000

x = 100g

2ª Forma de Resolver esta Questão:

5
5% = = 0,05
100

2000 𝑥𝑥 0,05 = 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏

Cálculos Farmacêuticos 12
São necessários 100g de glicose para preparar a solução a 5%.

Exemplo 2:
Foi prescrito para um paciente internado na enfermaria de um hospital, gli-
cose 20g IV de 12/12 horas. Na farmácia está disponível a apresentação de
Glicose 50%, ampola 20mL. Quantas ampolas serão necessárias para esse
paciente?

50% = 50g em 100mL


50g ------------- 100mL
𝑥𝑥 g ------------- 20mL
50.20
𝑥𝑥 =
100
X = 10g de glicose

Serão necessárias 02 ampolas de 12/12h.

2.3.2 PORCENTAGEM VOLUME-VOLUME (V/V)


Os líquidos são normalmente medidos por volume, e a porcentagem de
concentração indica o número de partes de volume de um componente
contido no volume total da solução ou preparação líquida. Expressa quan-
tos mL de um soluto numa forma líquida há em 100 mL de solução final.
Ex. Álcool Etílico a 70% (V/V), significa que foi misturado a proporção de 70
mL de etanol puro com 30 mL de água1.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 3:
Qual é a porcentagem de concentração V/V de uma solução de 800g de um
líquido com densidade específica de 0,800 em uma quantidade de água
suficiente para preparar 4.000mL?

Cálculos Farmacêuticos 13
800𝑔𝑔 𝐻𝐻20 = 800𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 0,800
𝑚𝑚
𝑑𝑑 =
𝑣𝑣 800𝑚𝑚𝐿𝐿 1
800𝑔𝑔 𝑥𝑥 𝑥𝑥 100
0,800 = OU 0,800 4000𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑣𝑣

𝑣𝑣 = 1000𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 25% 𝑉𝑉/𝑉𝑉

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖, 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡:


4000𝑚𝑚𝑚𝑚 100 (%)
=
1000𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑥𝑥 (%)
𝑥𝑥 = 25% 𝑉𝑉/𝑉𝑉, resposta.

2.3.3 PORCENTAGEM PESO-PESO (P/P)


A porcentagem peso-peso indica o número de partes de peso de compo-
nente ativo contidos na massa total da solução ou mistura considerada
como 100 partes de peso, ou seja, expressa o número de gramas de um
componente em 100g de solução ou preparação (% p/p)3.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 4:
Quantos gramas de um fármaco devem ser adicionados a 360mL de água
para preparar uma solução a 4% (p/p)?

360𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 360𝑚𝑚𝑚𝑚


360𝑔𝑔 𝑑𝑑𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 360𝑔𝑔
100% − 4% = 96% 𝑑𝑑𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔
100% − 4% = 96% 𝑑𝑑𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔
96% 360𝑔𝑔 96% 360𝑔𝑔
= =
4% 𝑥𝑥 4% 𝑥𝑥
96. 𝑥𝑥 = 360. 4 96. 𝑥𝑥 = 360. 4
1440 1440
𝑥𝑥 = 𝑥𝑥 =
96 96
𝑥𝑥 = 15𝑔𝑔, 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟. 𝑥𝑥 = 15𝑔𝑔, 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟.

São necessário 15g do fármaco para preparar uma solução a 4%.

Cálculos Farmacêuticos 14
Exemplo 5:

Você está trabalhando em um laboratório e precisa preparar 100mL de uma


solução 2% p/p de um fármaco. A solução utiliza a glicerina como solvente,
cuja densidade específica é 1,25, como você prepararia essa solução?

1º) Calcular a massa do solvente a ser utilizada:

𝑚𝑚
𝑑𝑑𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 =
𝑣𝑣
𝑚𝑚
1,25 =
100

2º) Cálculo da massa do fármaco a ser utilizado:

100% − 2% = 98% 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔


98% 125𝑔𝑔
=
2% 𝑥𝑥
𝑥𝑥 = 2,55𝑔𝑔

Dissolvendo 2,55g do fármaco em 125g (ou 100mL) de glicerina.

Resumindo:

Quadro 1. Resumo dos tipos de concentração percentual6

Porcentagem de
Preparação Farmacêutica Expressão
Concentração

Peso-Volume (p/V) Suspensão de sólidos em % p/v = [massa soluto (g) x 100] /


líquidos volume de solução (mL)

Volume-Volume (V/V) % v/v = [volume soluto (mL) x 100]


Líquidos em líquidos
/ volume de solução (mL)

% p/p = [massa soluto (g) x 100] /


Peso-Peso (p/p) Sólidos ou Semi-sólidos
massa de solução (g)

Cálculos Farmacêuticos 15
2.4 RAZÃO E PROPORÇÃO
Razão é uma forma de realizar a comparação entre duas grandezas.

Ex: Em uma sala de aula, temos 20 meninos e 16 meninas. Comparando o


número de meninos e meninas desta sala de aula, temos a seguinte razão:
16 por 20 (16÷20 ou ) Dizemos que o número de meninas está para o de me-
ninos na razão de 4 para 5 (a cada 4 meninas temos 5 meninos). A razão
entre dois números a e b é obtida dividindo-se a por b. Obviamente, b deve
ser diferente de zero.

𝑎𝑎
𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑎𝑎: 𝑏𝑏, 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑏𝑏 ≠ 0
𝑏𝑏

Uma proporção é a expressão da igualdade entre duas razões. Ela pode ser
expressa de duas formas diferente1:

𝑎𝑎: 𝑏𝑏 = 𝑐𝑐: 𝑑𝑑
𝑎𝑎 𝑐𝑐
=
𝑏𝑏 𝑑𝑑
Cada uma dessas expressões pode ser lida da seguinte forma: a está para b
assim como c está para d, e a e d são chamados extremos (“membros exter-
nos”) e b e c as médias (“membros medianos”).

Em qualquer proporção, o produto dos extremos é


igual ao produto dos meios.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Se 3 comprimidos contêm 975mg de Aspirina®, quantos mg existem em 12
comprimidos?

Cálculos Farmacêuticos 16
3 (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐) 975 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
=
12 (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐) 𝑋𝑋 (𝑚𝑚𝑚𝑚)

12 . 975
𝑋𝑋 =
3
𝑿𝑿 = 𝟑𝟑. 𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗

Em 12 comprimidos existem 3900mg de Aspirina®.

Exemplo 2:
Num hospital, o farmacêutico tem disponível o antibiótico Amoxicilina Sus-
pensão 250mg/5mL e o médico prescreve para um paciente pediátrico
50mg. Qual o volume a ser administrado da suspensão, em mL, que irá con-
ter os 50mg desejados?

250(𝑚𝑚𝑚𝑚) 50(𝑚𝑚𝑔𝑔)
=
5(𝑚𝑚𝑚𝑚) 𝑋𝑋 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
250 . 𝑋𝑋 = 50 . 5
50. 5
𝑋𝑋 =
250
𝑿𝑿 = 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏

Será administrado 1mL da suspensão de Amoxicilina para o paciente pe-


diátrico.

Cálculos Farmacêuticos 17
Tipos de Unidades
de Medida
3
A prática farmacêutica exige conhecimento, habilidades e aplicação dos
sistemas de medidas nas principais áreas de atuação do farmacêutico. A
precisão e a exatidão na medida e pesagem dos componentes de uma for-
mulação são imprescindíveis para a obtenção de medicamentos seguros e
eficazes, seja na área hospitalar, magistral, industrial, na dispensação de me-
dicamentos nas farmácias e drogarias, além na pesquisa de desenvolvimen-
to de novos fármacos4.

3.1 SISTEMA INTERNACIONAL DE


MEDIDAS (SI)
O Sistema Internacional de Medidas (SI), antigamente chamado de sistema
métrico, é um conjunto sistematizado e padronizado de definições para uni-
dades em escala decimal de pesos e medidas reconhecido internacional-
mente. Esse sistema é o mais utilizado na área farmacêutica.

Um pouco de História49

O sistema métrico foi formulado na França, no fim do século XVIII e era


internacionalmente reconhecido. Em 1866, o uso do sistema métrico
foi legalizado nos Estados Unidos, mas não se tornou obrigatório. Em
1960, o sistema métrico foi modernizado e redefinido pela Conferência
Geral de Pesos e Medidas (Conference Generale des Poids et Mesures
– CGPM) para o Sistema Internacional de Medidas (Le Systeme Interna-
cional d’Unites).

Cálculos Farmacêuticos 18
Para encorajar a conversão ao sistema internacional, o Congresso Norte-a-
mericano aprovou o Ato de Conversão Métrica de 1975 e a Lei Geral Relativa
ao Comércio e à Competitividade, de 1988. O processo de mudança dos sis-
temas comuns e unidades de medida (ex. libras, pés, galões) para o sistema
métrico SI é chamado de transição métrica ou metrificação.

Na atualidade, a pesquisa, a indústria farmacêutica e as demais áreas, além


dos compêndios oficiais, a United States Pharmacopeia (USP), a Food and
Drug Administration (FDA) utilizam a conversão para o sistema internacio-
nal, devido à simplicidade do sistema decimal, clareza provida pelas unida-
des básicas e prefixos do SI e a facilidade de intercâmbio científico e profis-
sional com o uso desse sistema padronizado internacionalmente1.

No Brasil, o Sistema Internacional de Unidades (SI) é o sistema exclusivo e


obrigatório adotado desde 1962. Ratificado pela Resolução nº 12 de 1988 do
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –
CONMETRO, tornou-se obrigatório a sua utilização em todo o Território Na-
cional.

Figura 1. Unidades do SI52

No Sistema Internacional, o grama é a principal unidade de peso, o litro de


volume e o metro de comprimento. O quadro 2, ilustra as principais grande-
zas e unidades utilizadas no SI.

Cálculos Farmacêuticos 19
Quadro 2. Grandezas e Unidades do SI usadas em Saúde

GRANDEZAS UNIDADE SÍMBOLO

Comprimento Metro m

Massa Quilograma Kg

Volume Litro L

Tempo Segundo s

Temperatura * Kelvin K

Quantidade de substância Mol mol

* Celsius ºC
Fonte: Autoria Própria, 2020.

Quadro 3. Unidades derivadas usadas em Saúde10

GRANDEZAS UNIDADE SÍMBOLO

Mol por litro (Molaridade mol/L


Concentração
Miligrama por litro mg/L

Quilograma por metro quadra-


Índice de Massa Corpórea m²
do

Velocidade de Infusão Miligrama por hora mg/h

Creatinina Miligrama por decilitro mg/dL

3.2 SISTEMA APOTECÁRIO


Sistema utilizado no passado para medida volumétrica e de peso. O sistema
Apotecário para massas é usado somente em farmácia e medicina, enquan-
to que, para a medição de líquidos, é comumente usado no comércio e no
cenário doméstico nos EUA. As unidades mais utilizadas são o grão, dracma,
dracma fluida, onça fluida, o quarto e o galão1,2.

Cálculos Farmacêuticos 20
3.3 SISTEMA AVOIRDUPOIS
Sistema amplamente utilizado nos Estados Unidos e no Reino Unido para
medir o peso corporal e para a venda de produtos em onças ou libras. Nesse
sistema, todas as medidas são múltiplas ou frações da libra que correspon-
de a 0.45359237Kg. Ex: libra (pound – lb), onça (ounce-oz); onça fluida (fluid
ounce-oz)1,2.

Quadro 4. Relação das unidades nos diferentes sistemas53

1 lb (avoir) 454 g

1 lb (apoth) 373 g

1 inch (polegada) 2,54 cm

1 gal. (galão) 3785 mL

1 gr (grão) 0,065 g (65mg)

1oz. (avoir) 28.35 g

3.4 UNIDADES DE USO DOMÉSTICO


Frequentemente, as colheres domésticas são utilizadas para administrar
medicamentos, devido à facilidade de acesso e a praticidade do uso. A Far-
macopeia Brasileira estimula esta prática, apesar de estudos indicarem a
baixa acurácia deste método e erros na administração das doses. O farma-
cêutico deve estimular o uso de recipientes calibrados, como colheres-me-
dida e seringas orais, recomendado ao paciente a higienização adequada
desses utensílios17.

Quadro 5. Relação entre unidades de uso doméstico e SI54

GRANDEZA Valor SI

1 colher de café 2mL

1 colher de chá 5mL

Colher de sobremesa 10mL

Colher de sopa 15mL

Copo 240mL

Cálculos Farmacêuticos 21
3.5 MÉTODOS DE MEDIDA
O papel do farmacêutico no cuidado à saúde inclui a habilidade e a respon-
sabilidade de manipular – ou seja, pesar com exatidão, medir o volume e
combinar os diferentes componentes terapêuticos e farmacêuticos na for-
mulação e na preparação de prescrição1.

Métodos de medida são uma parte importante da prática farmacêutica. Eles


são utilizados em farmácia de manipulação, na pesquisa farmacêutica, no
desenvolvimento e na produção de medicamentos, na análise de substân-
cias químicas e produtos acabados e no controle de qualidade1.

3.5.1 MEDIDAS DE COMPRIMENTO


O metro (m) é a principal unidade de medida do SI.

1m = 100 cm

Quadro 6. Relação entre múltiplos e submúltiplos do Comprimento Métrico

1 quilômetro (km) 1.000,000 metros 106m

1 hectômetro (hm) 100,000 metros 105m

1 decâmetro (dam) 10,000 metros 104m

1 metro (m) 1,000 metro 100 = 1m

1 decímetro (dm) 0,100 metro 10-1m

1 centímetro (cm) 0,010 metro 10-2m

1 milímetro (mm) 0,001 metro 10-3m

1 micrômetro (µm) 0,000.001 metro 10-6m

1 nanômetro (nm) 0,000.000.001 metro 10-9m

Fonte: Autoria Própria, 2020.

3.5.2 MEDIDAS DE VOLUME


O litro (L) é a unidade básica de volume. Ele representa o volume do cubo de
um décimo de um metro, ou seja, de 1 dm³.

1L = 1000 mL

Cálculos Farmacêuticos 22
Quadro 7. Relação entre múltiplos e submúltiplos da medida de volume

1 quilolitro (kL) 1.000,000 litros 106L

1 hectolitro (hL) 100,000 litros 105L

1 decalitro (daL) 10,000 litros 104L

1 litro (L) 1,000 litro 100 = 1L

1 decilitro (dL) 0,100 litro 10-1L

1 centilitro (cL) 0,010 litro 10-2L

1 mililitro (mL) 0,001 litro 10-3L

1 microlitro (µL) 0,000.001 litro 10-6L

Fonte: Autoria Própria, 2020.

3.5.3 MEDIDAS DE PESO


A principal unidade de peso no SI é o grama, equivalente ao peso de 1 cm³
de água a 4ºC, que é sua temperatura de maior densidade.

1kg = 1000g

Quadro 8. Relação entre múltiplos e submúltiplos da medida de volume

1 quilograma (kg) 1.000,000 gramas 103g

1 hectograma (hg) 100,000 gramas 102g

1 decagrama (dag) 10,000 gramas 101g

1 grama (g) 1,000 grama 100g = 1g

1 decigrama (dg) 0,100 grama 10-1g

1 centigrama (cg) 0,010 grama 10-2g

1 miligrama (mg) 0,001 grama 10-3g

1 micrograma (µg ou mcg) 0,000.001 grama 10-6g

1 nanograma (ng) 0,000.000.001 grama 10-9g

1 picograma (pg) 0,000.000.000.001 grama 10-12g

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Cálculos Farmacêuticos 23
Conversão das
Unidades de Medida
4
Na prática farmacêutica, muitas vezes é necessário realizar conversões para
que unidades informadas sejam compatíveis entre si, a fim de realizarmos
os cálculos solicitados. Dessa forma, é fundamental conhecermos as regras
de conversão entre unidades estabelecidas pelo Sistema Internacional de
Medidas (SI) para cada tipo de grandeza.
Multiplica por 10 (x10)

kg hg dag g dg cg mg

Divide por 10 (÷ 10)

Na escala, a posição do grama(g) está colocada a três casas decimais da po-


sição do quilograma (Kg), dessa forma, a vírgula é movida em três posições
para a direita. A mesma escala pode ser utilizada para converter as unidades
de volume e comprimento4.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Uma cápsula contém as seguintes quantidades de substâncias Substân-
cia: X= 0,075g; Substância: Y= 20mg; Substância: Z=0,0005g; Substância:
W= 4mg e Substância: T= 500µg. Qual é a massa total, em gramas, das subs-
tâncias na cápsula?1

Cálculos Farmacêuticos 24
1º) Interpretando a questão: Primeiro devemos identificar quais substâncias
devem ser convertidas para gramas:

X 0,075g

Y 20mg

Z 0,0005g

W 4mg

T 500µg

2º) Substâncias Y, W e T devem ser convertidas para gramas. Seguindo o es-


quema da conversão das unidades temos:

Y 20mg 20mg ÷ 1000 = 0,02g

W 4mg 4mg ÷ 1000 = 0,004g

T 500µg 500 µg ÷ 1000000 = 0,0005g

3º) Resolvendo a questão:

0,075g
0,02g
+ 0,0005g
0,004g
0,0005g

Resposta: 0,1000g ou 100mg

4.1 CONVERSÃO DAS UNIDADES DE


TEMPERATURA
Atualmente, conhecemos três escalas para medição termométrica: Kelvin
(K), Graus Celsius (ºC) e Fahrenheit (ºF).

A escala descoberta por Willian Thompson (1824 – 1907), conhecido como


Lord Kelvin, tem como referência a temperatura do  zero absoluto, tempe-
ratura em que a vibração molecular cessa, a escala Kelvin (K) é conhecida
como escala absoluta. Por convenção, não utilizamos “grau” para esta escala,
ou seja, 0K lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Essa escala relaciona-se
diretamente com o grau Celsius1.

Cálculos Farmacêuticos 25
A escala Celsius, descoberta pelo sueco Anders Celsius, é a escala termomé-
trica mais utilizada no Brasil, ele sugeriu uma escala que apresentasse uma
diferença de 100º entre dois pontos fixos, o ponto de fusão e de ebulição da
água ao nível do mar, que são, respectivamente, 0ºC e 100ºC1.

A escala Fahrenheit (ºF) descoberta pelo físico alemão Daniel Gabriel Fahre-
nheit (1686-1736), é bastante utilizada nos países de língua inglesa e assim
com o grau Celsius, ele apresentou uma escala com a diferença de 180º em
dois pontos fixos, onde temperaturas de fusão e de ebulição da água ao nível
do mar como pontos de referência, que são, respectivamente, 32°F e 212°F1 .

Figura 2. Relação entre as três escalas39

Celsius Fahrenheit Kelvin

4.2 CÁLCULOS DE GOTAS


Em algumas situações, a gota é utilizada como medida na administração de
pequenos volumes de líquidos. A gota não é mensurada em uma forma de-
finida, pois as gotas de diferentes líquidos podem variar. Na tentativa de pa-
dronização, A USP definiu que o conta-gotas é calibrado aproximadamente
para liberar 20 gotas de água por mililitro:1

1mL = 20 gotas

Cálculos Farmacêuticos 26
4.3 DENSIDADE
Densidade (d) é definida como a quantidade de massa por unidade de volu-
me, em uma determinada temperatura e pressão1,2:

𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜
𝑑𝑑 =
𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜
Embora a densidade possa ser medida e indicada em qualquer massa e uni-
dade de volume, é normalmente expressa em g/cm³ (gramas por centíme-
tro cúbico), visto que 1cm³ é igual a 1mL, a densidade em g/cm³ é conside-
rada numericamente igual à densidade em g/mL. Como o grama, pelo SI, é
definido como a massa de 1 cm³ de água a 4ºC, a densidade da água é de 1g/
cm³ (g/mL)1,2.

4.3.1 DENSIDADE ESPECÍFICA


É uma razão, expressa na forma decimal, entre a massa de uma substância
e a massa de outra substância-padrão de igual volume, na mesma tempera-
tura ou em temperaturas conhecidas.

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑖𝑖𝑎𝑎


𝑑𝑑𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒í𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 =
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑢𝑢𝑢𝑢 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 𝑑𝑑𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔

▶ ● As substâncias que possuem uma despecífica < 1 são


mais leves do que a H2O.

▶ ● As substâncias que possuem uma despecífica > 1 são


mais pesadas do que a H2O.

A água é utilizada como padrão para as densidades específicas de líquidos e


sólidos; para os gases, o padrão mais utilizado é o hidrogênio. Por compara-
ção, a densidade da glicerina é 1,25, isto é, a glicerina é 1,25 vezes mais pesada
que a água. A densidade específica é adimensional. Enquanto a densidade
varia de acordo com as unidades de medidas utilizadas, a densidade espe-
cífica não apresenta dimensão e, portanto é um valor constante para cada

Cálculos Farmacêuticos 27
substância (quando medida sob condições controladas)1. A tabela apresenta
algumas das densidades específicas mais relevantes:

Tabela 1. Densidade específicas1

Agente despecífica

Éter (a 20ºC) 0,71

Álcool Isopropílico 0,78

Acetona 0,79

Álcool 0,81

Vaselina líquida 0,87

Óleo de Menta 0,90

Azeite de Oliva 0,91

Óleo de Amendoim 0,92

Óleo de fígado de bacalhau 0,92

Óleo de rícino 0,96

Água 1,00

Propilenoglicol 1,03

Óleo de Cravo 1,04

Fenol liquefeito 1,07

Polissorbato 80 1,08

Polietilenoglicol 1,13

Glicerina 1,25

Xarope 1,31

Ácido clorídrico 1,37

Ácido nítrico 1,42

Clorofórmio 1,47

Nitroglicerina 1,59

Ácido fosfórico 1,70

Mercúrio 13,6

Aplicabilidade da densidade e densidade específica na área farmacêutica:

▶ C
onversão entre a massa de um líquido e seu volume comparável: para
definir o volume de um material, quando uma fórmula está em unida-

Cálculos Farmacêuticos 28
des de peso; ou a massa, quando uma fórmula é expressa em unidades
de volume;
▶ Controle de qualidade na preparação de nutrição parenteral: para de-
terminar as massas dos componentes (p. ex. dextro­se, aminoácidos e
água) com base na densidade específica, no volume e na porcentagem
de concentração das soluções empregadas na solução através de equi-
pamentos automatizados;
▶ Nas análises clínicas, especificamente na uroanálise: indicador tanto da
concentração de partículas na urina quanto do grau de hidratação do
paciente.

Cálculos Farmacêuticos 29
Outras Unidades
de Medida 5
Para assegurar a farmacoterapia correta aos pacientes, o farmacêutico
deve desenvolver conhecimentos e habilidades nos cálculos e avaliações
envolvendo os regimes de doses2. Contudo, compreender as unidades de
medida e os cálculos envolvendo as concentrações dos medicamentos e
das preparações farmacêuticas é imprescindível para obtenção do sucesso
terapêutico.

Um pouco de História49

No final do século XVIII, um físico italiano chamado Ame-


deo Avogadro afirmou que, estando nas mesmas con-
dições físicas, volumes iguais de diferentes gases têm o
mesmo número de partículas. Todavia, dizer que um gás
tem o mesmo número de partículas que outro não im-
plica que ambos possuam o mesmo número de átomos.

A hipótese de Avogadro de que volumes iguais de gases


diferentes, nas mesmas condições de pressão e tempera-
tura, contêm o mesmo número de partículas e as ideias
sobre massas atômicas e moleculares de outro cientista
chamado Canizarro levaram à determinação da constan-
te de Avogadro.

Cálculos Farmacêuticos 30
5.1 NÚMERO DE MOL
O número de mol é designação (ou unidade) utilizada na Química e na Far-
mácia com o objetivo de tornar o trabalho numérico com partículas, massa e
volume de uma determinada matéria mais próximo do mundo macroscópi-
co. A palavra mol, deriva de moles, em latim significa um montão, amontoa-
do. Por essa razão, o número de mol tem uma relação direta com a constan-
te de Avogadro (6,02.1023 partículas). Isso significa que 1 mol de uma matéria
apresenta 6,02.1023 partículas elementares dessa matéria. 

O Número de Avogadro representa o número de partículas ou moléculas


contidas em um mol:

MOL= Indica quantidade de matéria

Número de Avogadro=6,023 x 1023 partículas ---------22,4L partículas ---------22,4L

O mol representa a grandeza da quantidade de matéria e a massa contida


em 1 mol é chamada de massa molar (MM). Para calcular o número de mols
contidos em uma determinada massa m de um gás, usa-se a relação:

𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎é𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓


𝒏𝒏𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 (𝑴𝑴𝑴𝑴)
A massa molar é a massa em gramas de um elemento, calculado por meio
da massa atômica de cada átomo que constitui uma molécula. Utilizamos
a tabela periódica dos elementos químicos para consultar a massa atômica:

Cálculos Farmacêuticos 31
Figura 3. Tabela Periódica51

TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS

3 número atômico
Li símbolo químico
litio nome
[6.938 - 6.997] peso atômico
(ou número de massa do isótopo mais
estável)

▶ Calcular a massa molar da água (H2O)


A massa molecular da água é a soma dos átomos que a compõe, ou
seja, 2 átomos de Hidrogênio e 1 átomo de Oxigênio. Para calcular a
massa molar da molécula da água usamos o grama, ao invés de unida-
des de massa atômica (u.m.a.). Usaremos as expressões átomo-grama
e molécula-grama para representar essa situação:

» Massa atômica de H = 1 u.m.a. → 1 Átomo-grama de H = 1g


» Massa atômica de O = 16 u.m.a. → 1 Átomo-grama de O = 16g
» Massa molecular de H2O = 2 x1g (H) + 1x16g (O) = 2 +16 → 1 molécula-
-grama = 18g

Portanto, a massa molar da água é igual a 18g.

▶ Calcular a massa molar do Cloreto de Sódio (NaCl)


» Massa atômica do Na = 23g
» Massa atômica do Cl = 35,5g
» Massa molecular do NaCl = 1x 23 (Na) + 1x 35,5(Cl) = 58,5 g

Portanto, a massa molar do Cloreto de Sódio é igual a 58,5g.

Cálculos Farmacêuticos 32
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
O hidróxido de sódio (NaOH), conhecido comercialmente por soda cáustica,
é uma base altamente corrosiva e pode destruir os tecidos vivos, causando
queimaduras graves na pele. Por isso, é muito utilizada em limpezas pesadas
e em produtos para desentupir pias e ralos. Quantos gramas de NaOH, de-
vem ser utilizados, em uma formulação contendo 0,5 mols de NaOH na pre-
paração? Consultar tabela periódica para calcular a Massa Molar do NaOH.

1º) Calcular a Massa Molar (MM) do NaOH:

Na = 23g

O=16g

H= 1g

MM do NaOH = 1 x 23g (Na) + 1x 16g (O) + 1x 1g (H) = 40g

2º ) Calcular a massa em grama a partir dos mols:

MM NaOH = 40g

𝑚𝑚
𝑛𝑛 =
𝑀𝑀𝑀𝑀
𝑚𝑚
0,5 =
40
𝑚𝑚 = 20𝑔𝑔

São necessários 20g de NaOH para a preparação.

Exemplo 2:
O metano (CH4) é um gás incolor, inflamável, não tóxico, primeiro membro
da série dos hidrocarbonetos parafínicos e maior componente do gás natu-
ral. Normalmente é transportado como um gás não liquefeito em cilindros
de aço. Em um cilindro contendo 740mg de gás metano, foram retiradas
12,04 X 1020 moléculas. Calcular quantos mols de metano restaram no cilin-
dro. Dados: MM CH4 = 16g e constante de Avogadro = 6,023 x 1023.

Cálculos Farmacêuticos 33
1º) Conversão da massa em miligrama para grama:

740mg ÷ 10³ = 0,740g

2º) Converter o valor em massa para mol:

m= 0,740g CH4

MM CH4 = 16g

𝑚𝑚
𝑛𝑛 =
𝑀𝑀𝑀𝑀
0,740
𝑛𝑛 =
16
𝑛𝑛 = 0,05 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
3º) Converter o valor em número de moléculas para mol:

Nº de moléculas = 12,04 x 1020

1 mol -----6,23 x 1023 ----- massa molar ----22,4L volume molar

l ----------- 6,23 x 1023


x mol -------- 12,04 x 1020

12,04𝑥𝑥 1020
𝑥𝑥 =
6,023 𝑥𝑥 1023
𝑥𝑥 = 2,0 𝑥𝑥 10 −3 mol de 𝐶𝐶𝐶𝐶4
4º) Encontrar o número de mols restante no cilindro:

0,05 − 2,0 𝑥𝑥 10 −3 = 0,048 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚

Restaram no cilindro, 0,048mol de CH4.

5.2 EQUIVALENTES E MILIEQUIVALENTES


Algumas moléculas de compostos químicos podem se dissociar numa solu-
ção, liberando partículas dotadas de carga elétrica, chamadas de íons. Subs-
tâncias que não se dissociam em solução, são chamadas de não eletrólitos
(ureia, dextrose) e aquelas com diferentes graus de dissociação, eletrólitos.

Cálculos Farmacêuticos 34
Geralmente os eletrólitos são fornecidos por substâncias iônicas, tais como,
NaCl, NaOH, NaHCO3, H2SO4, dentre outras. No plasma sanguíneo, os prin-
cipais eletrólitos presentes são os cátions Na+, K+, Ca+2 e Mg+2 e os ânions Cl-,
HCO-3, HPO4-2 e SO4-2. Além destes, ácidos orgânicos e proteínas fornecem
eletrólitos para o organismo1,2.

O Na+, o K+ e o Cl- são os eletrólitos mais encontrados e compõem os fluidos


corporais essenciais, como sangue e urina e auxiliam no equilíbrio hídrico
desempenhando assim um importante papel na homeostase ácido-base.
Os distúrbios hidroeletrolíticos ocorrem quando o indivíduo perde grande
quantidade de líquidos e eletrólitos, como na desidratação, poliúria (excesso
de urina), vômitos e diarreias. Nestes casos, são empregados para o trata-
mento dos distúrbios do equilíbrio hídrico, formulações contendo eletrólitos,
na forma de soluções orais, xaropes, infusões intravenosas, cujas doses são
dadas em miliequivalentes (mEq)1,2.

Equivalente-grama (Eq) é a massa em gramas de uma substância que pode


reagir com 6,02 x 1023 partículas em 1 mol:

𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝒂𝒂𝒂𝒂
𝑬𝑬𝑬𝑬 =
𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏
Quadro 9. Fórmula de Equivalente grama

ÁCIDO BASE SAL

𝑴𝑴𝑴𝑴 𝑴𝑴𝑴𝑴 𝑴𝑴𝑴𝑴


𝑬𝑬𝑬𝑬 = 𝑬𝑬𝑬𝑬 = 𝑬𝑬𝑬𝑬 =
𝒏𝒏º 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑯𝑯+ 𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒 𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓 𝒏𝒏º 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑶𝑶𝑶𝑶− 𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒 𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓 𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄 𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Atualmente, os laboratórios, a equipe médica e os farmacêuticos utilizam


o miliequivalente (mEq) para expressar a concentração de eletrólitos numa
solução, pois estamos lidando com quantidades muito pequenas desses
eletrólitos. No SI, as concentrações molares (milimoles por litro – mmol/L ou
micromoles por litro – µmol/L) são utilizadas para expressar os valores dos
eletrólitos. No caso da concentração de eletrólitos nos fluidos para infusão
intravenosa é utilizado o mEq/L1 .

Com isso, o miliequivalente reflete a atividade química de um eletrólito com


base na sua valência:

Cálculos Farmacêuticos 35
𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒙𝒙 𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏
𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷 𝒂𝒂𝒂𝒂ô𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎, 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒇𝒇ó𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓

𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒙𝒙 𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷 𝒂𝒂𝒂𝒂ô𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎, 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒇𝒇ó𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓


𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒄𝒄𝒊𝒊𝒊𝒊

Um miliequivalente representa a quantidade, em mg, de um soluto igual a


de seu peso equivalente em gramas, considerando as valências dos íons. Na
tabela seguinte, podemos verificar a valência e o peso atômico dos íons mais
importantes para o funcionamento do organismo:

Tabela 2. Valores de alguns íons importantes1

Peso Atômico ou Peso


Íon Fórmula Valência
Fórmula miliequivalente

Cálcio Ca++ 2 40 20

Férrico Fe+++ 3 56 18,7

Ferroso Fe++ 2 56 28

Magnésio Mg++ 2 24 12

Potássio K+ 1 39 39

Sódio Na+ 1 23 23

Bicarbonato HCO3- 1 61 61

Cloreto Cl- 1 35,5 35,5

Lactato C3H5O3- 1 89 89

Cálculos Farmacêuticos 36
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Qual é a concentração, em mg/L, de uma solução que contém 2mEq de Clo-
reto de Potássio (KCl) por mL?1 Peso Atômico KCl= 74,5

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑥𝑥 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑎𝑎𝑎𝑎ô𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚, 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑓𝑓ó𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟


𝑚𝑚𝑚𝑚 =
𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣ê𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛
2 𝑥𝑥 74,5
𝑚𝑚𝑚𝑚/𝑚𝑚𝑚𝑚 =
1
149𝑚𝑚𝑚𝑚/𝑚𝑚𝑚𝑚, resposta.

Exemplo 2:
Um paciente precisa receber 2mEq de Cloreto de Sódio (NaCl) por quilogra-
ma de peso corporal. O peso do paciente é de 60Kg, quantos mL de uma
solução estéril de NaCl 0,9% devem ser administrados?1 Peso Molecular do
NaCl = 58,5.

1 𝑥𝑥 58,5 = 0,0585𝑔𝑔
1𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = 1⁄1000
1000
2 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = 0,0585 𝑥𝑥 2 = 0,117𝑔𝑔
Uma vez que o paciente deva receber 2 mEq/kg, temos:
2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑜𝑜𝑜𝑜 0,117𝑔𝑔 𝑥𝑥 60 = 7,02 𝑔𝑔 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
NaCl 0,9% = 9g
9 (𝑔𝑔) 1000 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
=
7,02 (𝑔𝑔) 𝑥𝑥 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
𝑥𝑥 = 780𝑚𝑚𝑚𝑚
Serão administrados 780mL da solução estéril de NaCl 0,9%.

Cálculos Farmacêuticos 37
5.3 OSMOLARIDADE
A osmose é definida como a movimentação da água de um meio menos
concentrado (hipotônico) para outro mais concentrado (hipertônico), atra-
vés de uma membrana semipermeável, até que o equilíbrio seja atingido.
Essa movimentação é direcionada pelas diferenças na pressão osmótica e
varia de acordo com o soluto presente3.

Nas nossas células, as membranas plasmáticas possuem maior permeabilida-


de à água do que outras moléculas pequenas, íons e macromoléculas devido
a simples difusão por meio da bicamada lipídica e parcialmente a proteínas
de membrana (aquaporinas). Soluções de mesma osmolaridade, ou seja, que
apresentam a mesma pressão osmótica, são conhecidas como isosmóticas.
Soluções que apresentam menor pressão osmótica do que os fluidos biológi-
cos são chamadas de soluções hipotônicas, enquanto aquelas que possuem
maior pressão osmótica do que nos fluidos biológicos, hipertônicas1,3.

Figura 4. Pressão osmótica40

Essas definições são de grande importância para o farmacêutico no preparo


e administrações de formas farmacêuticas quando em contato com o san-
gue e fluidos corpóreos, principalmente soluções oftálmicas, soluções na-
sais, parenterais e retais1.

Propriedades Coligativas são aquelas que independem das propriedades


químicas do soluto, dependem apenas da concentração ou número de par-
tículas dissolvidas do soluto (moléculas, íons) numa solução. Com isso, pres-

Cálculos Farmacêuticos 38
são osmótica, pressão de vapor, ponto de ebulição e ponto de congelamen-
to estão relacionadas e a alteração em qualquer uma delas, pode interferir
no comportamento da outra.

A osmolaridade ou concentração osmótica é a medida da concentração do so-


luto e sua unidade é o miliosmol (mOsmol). A concentração osmótica pode ser
calculada da seguinte forma de acordo com a United States Pharmacopeia:

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Calcular quantos miliosmoles estão representados em um litro de uma solu-
ção de cloreto de sódio 0,9% (NaCl 0,9%)1.

1º) Considerando uma dissociação completa, temos:

1 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = 2 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝í𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 (𝑁𝑁𝑁𝑁+ e Cl-)


0,9
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 0,9% = = 0,009 𝑥𝑥 103 = 9g ou 9000mg de NaCl/L
100

Peso NaCl = 58,5

2º) Utilizando a equação da concentração osmótica, temos:

9000 𝑥𝑥 2
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 =
58,5
=307,7m0smol,
= resposta.
307,7𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚, 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟.

5.4 MOLARIDADE, MOLALIDADE E


NORMALIDADE
A molaridade ou concentração molar é o modo mais apropriado de expres-
sar a concentração de soluções, sendo definida pelo número de moles do
soluto por litro de solução:

Cálculos Farmacêuticos 39
𝒏𝒏 𝑚𝑚
𝑴𝑴 = 𝑛𝑛 =
𝑽𝑽 𝑀𝑀𝑀𝑀

𝒎𝒎
𝑴𝑴 =
𝑴𝑴𝑴𝑴 𝒙𝒙 𝑽𝑽

Na equação temos: M=Molaridade (mol/L); n= nº de mols; m= massa (g); MM=


Massa Molar e V= Volume da solução (L).

A molalidade, concentração molal ou concentração em quantidade de ma-


téria por massa é a relação entre o número de mols do soluto e a massa do
solvente:

𝒏𝒏 𝑚𝑚
𝓜𝓜 = 𝑛𝑛 =
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝑀𝑀𝑀𝑀

𝒎𝒎
𝓜𝓜 =
𝑴𝑴𝑴𝑴 𝒙𝒙 𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
Na equação temos: = molalidade (mol/kg ou molal); n= nº de mols; m=massa,
MM= massa molar e a msolvente.

A molaridade e a molalidade apresentam valores numéricos aproximados


quando se trata de soluções aquosas diluídas, devido a densidade da água
ser de 1,0 g/mL, onde 1L=1000g porém em soluções concentradas como em
xaropes, onde há grande quantidade de soluto e a densidade do soluto e do
solvente é diferente de 1, esse valores também diferem2.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Xaropes são preparações farmacêuticas aquosas que possuem alta viscosi-
dade e concentração de açúcar ou substituto com a finalidade de mascarar
o sabor de algumas substâncias ativas. Sabendo que um Xarope contem
850g de sacarose em 1000mL da solução, como o farmacêutico calcularia a

Cálculos Farmacêuticos 40
molaridade e a molalidade de uma solução a partir de sua concentração m/v
e da densidade da solução? Dados: densidade = 1,3 e a MMsacarose= 3422.

1º) Calcular a molaridade da solução:

1000mL x 10-3 = 1L
𝑚𝑚
𝑀𝑀 =
𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑥𝑥 𝑉𝑉
850
𝑀𝑀 =
342 𝑥𝑥 1

𝑀𝑀 = 2,49𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚/𝐿𝐿

2º) Calcular a molalidade:

a) Primeiramente devemos calcular a massa da solução a partir da den-


sidade

𝑚𝑚
𝑑𝑑 =
𝑉𝑉
𝑚𝑚
1,3 =
1
𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜 = 1,3𝑔𝑔

b) Cálculo da massa do solvente

massa do soluto +massa do solvente = massa da solução

850g sacarose + x água = 1,3 solução

x água = 450g

c) Cálculo da molalidade

𝑚𝑚
ℳ =
𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑥𝑥 𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠
850
ℳ =
342 𝑥𝑥 450
ℳ = 0,0055 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑎𝑎 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 é 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐾𝐾𝐾𝐾
𝓜𝓜 = 𝟓𝟓, 𝟓𝟓 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎/𝒌𝒌𝒌𝒌 𝒅𝒅𝒅𝒅 á𝒈𝒈𝒈𝒈𝒈𝒈

Cálculos Farmacêuticos 41
A Normalidade indica a relação entre equivalentes-grama do soluto e o vo-
lume da solução. Na equação temos N= Normalidade; = número de Equiva-
lentes-grama, m= massa do soluto; V= volume da solução (L) e Eqg = Equi-
valente-grama:

𝒏𝒏𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝑚𝑚
𝑵𝑵 = 𝑛𝑛𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
𝑽𝑽 𝐸𝐸𝐸𝐸
𝒎𝒎
𝑵𝑵 =
𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝒙𝒙 𝑽𝑽
Embora soluções expressas em molaridade atendam os requisitos da maio-
ria das pesquisas, ela também tem suas limitações quando o comportamen-
to ácido/base de determinado soluto e por isso precisa ser considerado. As-
sim, por exemplo, soluções de ácido clorídrico (HCl) e ácido sulfúrico (H2SO4)
ambas na concentração molar por exemplo 1,0 M, embora sejam iguais em
termos do número de mols em solução, elas são totalmente diferentes em
termos de poder ácido-base.

Quadro 10. Comparação entre o HCl e o H2SO4

HCl H2SO4

Ionização 1H+ 2H+

Concentração molar 1,0M 1,0M

Comportamento ácido 1x 2x

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Por causa da diferença na capacidade de diferentes solutos liberarem H+ ou


OH- é que utilizamos a Normalidade. Mas, como calcular o Equivalente-grama?

Quadro 11. Comparação entre o HCl e o H2SO4

Ácidos Bases

𝒏𝒏𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝑚𝑚
𝑵𝑵 = 𝑛𝑛𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = 𝑴𝑴𝑴𝑴
𝑽𝑽 𝐸𝐸𝐸𝐸 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 =
𝒏𝒏º 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑶𝑶𝑶𝑶− 𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊
𝒎𝒎
𝑵𝑵 =
𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝒙𝒙 𝑽𝑽
Fonte: Autoria Própria, 2020.

Cálculos Farmacêuticos 42
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 2:
O Ácido Sulfúrico é um ácido forte, altamente corrosivo que em contato
com a pele pode causar queimaduras severas. É muito utilizado na indústria
como fertilizante, no refinamento do petróleo e no tratamento da água. Em
um laboratório, o farmacêutico precisa calcular a massa de ácido sulfúrico
(H2SO4) contida em 120mL de uma solução. Sabendo que a normalidade é
0,2N, qual a massa do ácido necessária? Dados MMH2SO4 = 98g/mol.

1º) Calcular o Equivalente-grama:

𝑀𝑀𝑀𝑀
1𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
𝑛𝑛º 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐻𝐻+ 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖
98
1𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
2
1𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = 49𝑔𝑔

2º) Calcular a massa:

V= 120mL ÷ 10³ = 0,120L


𝑚𝑚
𝑁𝑁 =
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 𝑥𝑥 𝑉𝑉
𝑚𝑚
0,2 =
49 𝑥𝑥 0,120
𝑚𝑚 = 1,18𝑔𝑔 𝑑𝑑𝑑𝑑 ácido sulfúrico

Cálculos Farmacêuticos 43
Concentração e
Diluição 6
Soluções são sistemas monofásicos e homogêneos, que possuem um ou
mais componentes chamados de soluto dissolvidos em um solvente ou
uma mistura de solventes miscíveis. O comportamento da solução depen-
derá da natureza química do soluto (molecular ou iônica) e da concentração
do mesmo na solução4,5.

A concentração comum (C) pode ser definida como a massa de um soluto


que pode ser dissolvida em um solvente, sendo assim uma forma de expres-
sar a quantidade ou teor dos componentes de uma solução. Na equação
temos: C= concentração, m= massa do soluto e V= volume da solução:

𝒎𝒎
𝑪𝑪 =
𝑽𝑽
Geralmente a Concentração Comum é expressa em gramas por Litro (g/L),
podendo ser expressa em porcentagem % (p/p; p/v; v/v); partes por milhão
(ppm) ou partes por bilhão (ppb)1.

ATENÇÃO!
Não confunda densidade com concentração:

𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐
𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒆𝒆 =
𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽çã𝒐𝒐
≠ 𝑪𝑪𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄çã𝒐𝒐 =
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
𝑽𝑽𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐

Como foi demonstrado anteriormente, no Sistema Internacional (SI) a con-


centração poder ser expressa em número de mol, ou seja, em mol/L ou mo-
laridade, M:

𝒎𝒎
𝑪𝑪 = 𝑴𝑴 =
𝑴𝑴𝑴𝑴 𝒙𝒙 𝑽𝑽

Cálculos Farmacêuticos 44
A diluição é uma forma de preparar soluções a partir da adição de mais sol-
vente a uma solução inicial mais concentrada, aumentando o volume final
da solução sem alterar a quantidade de soluto. Em laboratórios, os farma-
cêuticos preparam a partir de uma solução com concentração elevada (so-
lução-estoque), várias outras soluções de concentrações desejadas apenas
adicionando solvente, essa técnica é de grande utilidade na clínica quando
necessitamos de um ajuste de dose para determinados pacientes (idosos,
crianças etc.)1,7. O diluente de escolha depende da compatibilidade com a
substância ativa do medicamento que se deseja diluir e pode ser aquoso,
alcoólico, hidroalcoólico e outros.

Figura 5. Ilustração da Diluição41

Solução inicial Diluição

Aumento da massa
da solução
A massa do soluto
permanece a mesma
Solução final

A massa do soluto permanece constante, porém o volume final da solução,


seja por diluição ou concentração, altera de maneira inversamente propor-
cional à concentração, ou seja, a concentração diminui à medida que o volu-
me aumenta e vice-versa.

Para calcularmos a concentração final da solução temos:

Concentração antes diluição Concentração após a diluição

𝑚𝑚1 𝑚𝑚2
𝐶𝐶1 = 𝐶𝐶2 =
𝑉𝑉1 𝑉𝑉2
𝑚𝑚1 = 𝐶𝐶1 𝑥𝑥 𝑉𝑉1 𝑚𝑚2 = 𝐶𝐶2 𝑥𝑥 𝑉𝑉2

Cálculos Farmacêuticos 45
Como a massa do soluto é constante temos:

𝑚𝑚1 = 𝑚𝑚2
𝑪𝑪𝟏𝟏 𝒙𝒙 𝑽𝑽𝟏𝟏 = 𝑪𝑪𝟐𝟐 𝒙𝒙 𝑽𝑽𝟐𝟐

6.1 PARTES POR MILHÃO (PPM) E PARTES


POR BILHÃO (PPB)
Normalmente utilizamos a grandeza porcentagem (%) para determinarmos
o aspecto quantitativo das soluções. Contudo, em soluções muito diluídas,
ou seja, a quantidade do soluto dissolvida é muito pequena, podemos ex-
pressar essas concentrações em partes por milhão (ppm) ou partes por bi-
lhão (ppb). A concentração em ppm indica a quantidade, em gramas, pre-
sente em 1.000.000 (106) gramas da solução1,6,7:

𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
𝑪𝑪𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑 = 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟔𝟔
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐

Exemplo: a concentração de uma solução é de 80ppm, significa que existem


80g de soluto dissolvidos em um milhão de partes da solução. Em soluções
ainda mais diluídas, podemos utilizar partes por bilhão ou mesmo partes por
trilhão:

𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
𝑪𝑪𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑 = 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟗𝟗 𝑪𝑪𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑 = 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐 𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐

Para soluções líquidas, o ppm é expresso em massa; porém quando em so-


luções gasosas, o ppm deve ser expresso em volume. Essas concentrações
podem ser expressas em massa/massa, massa/volume e volume/volume,
conforme quadro 106.

Quadro 12. Concentração em termos de ppm e ppb6

Concentração m/m m/v v/v

ppm mg/kg mg/L µL/L

ppb µg/g µq/L ŊL/L

Cálculos Farmacêuticos 46
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Um farmacêutico dispõe de 500mL de uma solução 15% (V/V). Se essa solu-
ção for diluída a 1,5 L, qual a concentração final resultante, em V/V?1

1,5L x 103 = 1500mL

Utilizando a fórmula de diluição, temos:

𝐶𝐶1 𝑥𝑥 𝑉𝑉1 = 𝐶𝐶2 𝑥𝑥 𝑉𝑉2


15 𝑥𝑥 500 = 𝐶𝐶2 𝑥𝑥 1500
𝐶𝐶2 = 5% 𝑉𝑉/𝑉𝑉

Exemplo 2:
Uma solução estoque de Hidróxido de Sódio (NaOH) foi preparada pela dis-
solução de 5,8 g do soluto em água, obtendo-se, ao final, 250 mL. Essa solu-
ção foi diluída a um volume final de 600 mL, obtendo-se uma nova solução
de concentração igual a 0,3 mol.L-1. Determine o valor desse volume da solu-
ção estoque que foi diluído em 600 mL. Dado MMNaOH = 40 g/mol

250mL ÷ 103 = 0,250mL

1º) Calcular a concentração molar (molaridade):

𝑚𝑚
𝑀𝑀 =
𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑥𝑥 𝑉𝑉
5,8
𝑀𝑀 =
40 𝑥𝑥 0,25
𝑀𝑀 = 0,58 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚/𝐿𝐿
2º) Calcular o volume da solução estoque:

Como a Concentração = Molaridade, temos:

𝐶𝐶1 𝑥𝑥 𝑉𝑉1 = 𝐶𝐶2 𝑥𝑥 𝑉𝑉2


0, 58𝑥𝑥 𝑉𝑉1 = 0,3 𝑥𝑥 600
𝑽𝑽𝟏𝟏 = 𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑

Cálculos Farmacêuticos 47
Cálculos Aplicados a
Drogarias
7
Drogaria é o estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medi-
camentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens origi-
nais23. Nas farmácias e drogarias, o farmacêutico é o profissional mais aces-
sível à população e para ser reconhecido e valorizado como profissional de
saúde deve entender seu importante papel quanto à orientação correta so-
bre a utilização dos medicamentos.

7.1 LEGISLAÇÃO
“A Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar
assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária indi-
vidual e coletiva, na qual se processe a manipulação e/ou dispensação de
medicamentos...” (Lei 13.021, art. 3º )23.

A dispensação é um processo essencial para a promoção da saúde, não con-


figurando-se apenas como o ato de entregar o medicamento ao paciente
ou aviar receita. O farmacêutico é um membro atuante da equipe multipro-
fissional de saúde e tem o dever de garantir o uso racional de medicamen-
tos, orientando o paciente, com linguagem clara, concisa e apropriada ao
grau de compreensão, como usá-los de modo seguro e conservá-los correta-
mente, promovendo a adesão ao tratamento e dirimindo eventuais dúvidas
sobre possíveis interações e reações adversas, sendo responsável ainda pelas
ações em farmacovigilância8,11.

“A presença e atuação do farmacêutico é requisito essencial para a dis-


pensação de medicamentos, sendo esta uma atribuição indelegável, não
podendo ser exercida por mandato nem representação” (Resolução 357,
art. 20)12.

Cálculos Farmacêuticos 48
“O prescritor deve ser contatado para esclarecer eventuais problemas ou
dúvidas detectadas no momento da avaliação da receita. Não podem ser
dispensados medicamentos cujas receitas estiverem ilegíveis ou que pos-
sam induzir a erro ou confusão (RDC 44, arts. 44 e 45)16.

Os profissionais farmacêuticos que atuam em farmácias comunitárias e


drogarias muitas vezes representam o último elo na segurança dos medi-
camentos dentro do sistema de saúde, em detectar, corrigir e reduzir pro-
blemas relacionados a medicamentos (PRM), os quais podem afetar toda a
farmacoterapia do paciente11 .

Erro de medicação é qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmen-


te, pode levar ao uso inadequado de medicamento18. Os erros de medicação
estão descritos na literatura nacional e internacional e podem ocorrer em
todo o processo de uso do medicamento (prescrição, dispensação, adminis-
tração e monitoramento), onde os erros de dispensação podem configurar-
-se como imperícia, imprudência ou negligência do farmacêutico, segundo
consta na Resolução 596, Código de ética da profissão farmacêutica11,15.

7.2 CÁLCULO DE DOSE


“Medicamento é o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elabo-
rado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnós-
tico. Fármaco é a substância que é o principio ativo do medicamento” 12.

De modo geral, os medicamentos têm o potencial de causar danos, com


isso o uso de um medicamento não se justifica a não ser que os benefícios
superem os possíveis riscos. A atenção deve ser redobrada na dispensação
e preparo de medicamentos quando se trata de pacientes idosos, crianças,
gestantes e lactantes8.

Para Paracelso, médico e alquimista suíço do século XV, a diferença entre o


remédio e o veneno estaria na dose: “Todas as coisas são veneno e nada é des-
provido de veneno. Somente a dose faz com que uma coisa não seja veneno”.

Farmacologia é a ciência que estuda a interação dos medicamentos com


o organismo. Enquanto a farmacocinética traduz como esse organismo se
comporta ao interagir com determinado fármaco, desde o momento da
escolha da via de administração até a eliminação do mesmo, a farmacodi-
nâmica lida com a interação do fármaco com o organismo, mecanismo de
ação, relação entre dose e intensidade do efeito.

O objetivo de toda a terapêutica é atingir os efeitos desejados para determi-


nada doença com o mínimo de efeitos adversos possíveis.

Cálculos Farmacêuticos 49
Figura 6. Farmacocinética e Farmacodinâmica

FARMACOLOGIA

DOSE Farmacocinética Farmacodinâmica

Via de administração

Absorção
Local de Ação
Distribuição
Mecanismo de Ação
Metabolismo
Efeitos
Excreção

Concentração no local do receptor



Fonte: Autoria Própria, 2020.
A dose padrão de determinado medicamento é definida através de estudos
clínicos, onde são contabilizados parâmetros farmacocinéticos1. Diversos fato-
res fisiológicos e patológicos influenciam no ajuste de dose para cada pacien-
te, já que essa dose padrão não é apropriada para todo perfil populacional.
A dose refere-se a quantidade do fármaco (princípio ativo), presente em um
medicamento, ou seja, é a quantidade capaz de produzir uma resposta tera-
pêutica. A dose pode ser eficaz (DE), letal (DL), ataque ou de manutenção.
A dosagem é a relação entre a dose e o regime de administração (em função
do tempo):
▶ Dose única: quantidade administrada de uma única vez. Ex: Fluconazol
150mg dose única;
▶ Dose diária ou total: quantidade administrada durante a terapia do pa-
ciente. As doses diárias podem ainda ser administradas em doses divi-
didas, dependendo das características farmacocinéticas do fármaco e
da doença. Ex. Losartana 50mg, duas vezes por dia.

Dose = Dosagem x Unidade de tempo


A dose também pode ser calculada baseada na concentração do fármaco:

Dose = Concentração x Quantidade Administrada


O efeito esperado de um medicamento é controlado pela concentração des-
te fármaco no local de ação. A potência (EC50) de um fármaco refere-se à
concentração em que o fármaco produz 50% de sua resposta máxima. A efi-
cácia (Emáx.) refere-se à resposta máxima produzida pelo fármaco.
As concentrações de um fármaco no plasma podem ser divididas em faixas
subterapêuticas, terapêuticas e tóxicas. Prioritariamente, dos esquemas de
dosagem de fármacos tem por objetivo manter o fármaco em concentra-

Cálculos Farmacêuticos 50
ções dentro da faixa ou janela terapêutica. A faixa terapêutica auxilia a deter-
minar a eficácia e segurança do fármaco.

Figura 7. Dose Terapêutica36

A farmacocinética estuda o caminho percorrido pelo fármaco dentro do


nosso organismo. O estudo destes parâmetros farmacocinéticos é de gran-
de importância para se estabelecer uma relação quantitativa entre dose e
efeito. Como dito anteriormente, todo objetivo terapêutico é em atingir a
dose-resposta sem efeito adverso para o paciente e a Farmácia Clínica é área
de atuação do farmacêutico que determina e/ou realiza o ajuste de dose.
Figura 8. Parâmetros Farmacocinéticos

Biodisponibili-
dade

Meia-Vida

Volume de
Distribuição

Depuração

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Cálculos Farmacêuticos 51
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Numa drogaria, o farmacêutico recebe a seguinte prescrição: Diclofenaco
50mg/mL. Tomar 25mg duas vezes por dia. O frasco disponível na drogaria
consta 60mL. Quantos frascos devem ser dispensados para o tratamento
completo?

1mL ---------- 50mg


x ---------- 25mg
25
𝑥𝑥 =
50
𝑥𝑥 = 0,5𝑚𝑚𝑚𝑚
1º) Cálculo duração do tratamento:

Utilizar 25mg 2x/dia por 6 dias: 0,5 x 2= 1,0mL/dia x 6 dias = 6,0mL para o tra-
tamento

Deverá ser dispensado 1 frasco para o tratamento.

Exemplo 2:
Numa drogaria, o farmacêutico recebe a seguinte prescrição pediátrica de
um determinado xarope cuja indicação terapêutica é de 80 mg/Kg/dia de
6/6 h por 10 dias. Sabendo que o paciente pesa 15 Kg e o frasco do xarope
possui 200 mg/5 mL (frasco com volume total de 100 mL), quanto o paciente
tomará por horário, por dia e quantas caixas dispensar?

1º) Calcular a dose x peso do paciente:


80mg x 15Kg = 1200 mg/dia

2º) Calcular quanto ele irá tomar a cada 6h:


24 horas – 6 em 6 horas = 4 doses/dia
1200 = 300mg a cada 6h
  4

Cálculos Farmacêuticos 52
3º) Cálculo de quantos mL o paciente irá tomar:
200mg ---------- 5mL

300mg ---------- x mL

x = 300 X 5
     200

x = 7,5mL

4º) Calcular quanto o paciente tomará por dia:


7,5mL x 4doses/dia = 30mL

300mg x 4 = 1200mg

5°) Calcular o tratamento completo:


30mL x 10 dias de tratamento = 300mL

1 frasco ---------- 100mL

x frascos ---------- 300 mL

x = 300
   100

x = 3 frascos

O paciente tomara 7,5mL a cada 6h, 30mL ou 1200mg por dia e para isso
serão dispensados 3 frascos.

7.3 CÁLCULOS PARA DISPENSAÇÃO DE


INSULINA
Alguns pacientes apresentam dificuldade em produzir o hormônio insulina
em quantidade suficiente ou não conseguem utilizar a insulina produzida
pelo próprio organismo3. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncre-
as, responsável pelo controle dos níveis de glicose no sangue que “permite”
a entrada da glicose nas células para serem armazenadas, onde serão utili-
zadas posteriormente como fonte de energia.

A insulina exógena é utilizada para o tratamento do Diabetes Mellitus tipo 1


e tipo 2, existindo na drogaria muitos tipos e apresentações, além disso há
uma variedade grande no perfil de prescrição que inclui horários e dosa-

Cálculos Farmacêuticos 53
gens específicas a cada paciente. Algumas apresentações de insulina como
a NPH e a Regular, necessitam de seringas graduadas em Unidades Interna-
cionais (UI), adequadas à concentração, o que significa que em 1 mL, há 100
unidades (UI) de insulina, concentração disponível no mercado brasileiro. 

1 mL = 100UI

Nas Drogarias existem diferentes apresentações de seringas com capacida-


des para 30, 50 e 100 UI; diferentes comprimentos de agulhas, como 12mm,
7 mm, 8 mm e 6 mm; e diferentes escalas de graduação, o que permite o
registro de doses pares e ímpares com precisão.

Quantos U.I. existem em cada frasco/refil?

▶ Frasco padrão de Insulina aplicável com Seringa possui 10 mL, sendo


100 UI/mL (verificar sempre!), portanto, contêm 10mL x 100 UI/mL= 1000
UI (total do frasco);
▶ Frasco padrão de Insulina refil para Caneta possui 2 refis de 3 mL totali-
zando 6 mL, sendo 100 UI/mL (verificar sempre!), portanto, contêm 6mL
x 100 UI/mL = 600 UI (total do frasco).
▶ Fiquem atentos: Canetas  Aplicadoras de Insulina possuem  100 UI/mL
ou 300 UI/mL, verificar antes de dispensar.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Paciente A.M.T.utiliza Insulina NPH 20UI pela manhã, 10UI à tarde e 10UI a
noite aplicado via injetável com seringa. Quantos frascos são utilizados para
30 dias de tratamento?

Diariamente: 20+10+10 = 40UI/dia

40UI/dia x 30 dias = 1200UI

Cada frasco contém 1000UI, serão dispensados 2 frascos para 30 dias.

Exemplo 2:

Cálculos Farmacêuticos 54
Um paciente diabético deu entrada no hospital e foram prescritos 20UI de
insulina. Na farmácia satélite, o farmacêutico tem disponível frasco de 50UI
e seringa graduada em 80UI. Qual a quantidade de Insulina a ser adminis-
trada?

Nessa equação podemos usar a seguinte relação:

𝑃𝑃 𝑥𝑥 𝑆𝑆
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 =
𝐹𝐹
Onde P= dose prescrita, S= graduação da seringa e F= frasco:
20 𝑥𝑥 80
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 =
50
𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫 = 𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑

7.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS – PARTIÇÃO


DE COMPRIMIDO E MÚLTIPLAS TOMADAS
(DOBRAR COMPRIMIDOS)
Na prática clínica, muitas vezes nos deparamos com situações em que as
apresentações de diversos medicamentos não estão disponíveis. Para as do-
ses serem ajustadas de acordo com a necessidade de determinados pacien-
tes, a partição de comprimidos é uma realidade, principalmente em pedia-
tria e no contexto hospitalar. Por disso, estas práticas devem ter a supervisão
do farmacêutico que deverá dar suporte técnico à equipe multidisciplinar.

A divisão do comprimido é reconhecida pelo FDA e a Organização Mun-


dial de Saúde (OMS) como uma prática recorrente para ajuste de dose e
questões farmacoeconômicas (às vezes, é mais economicamente viável ter
apenas uma apresentação), e pelo risco de variação da dose e de perda de
fragmentos do produto, resultando em alteração da resposta terapêutica,
deve-se considerar critérios que determinam se o comprimido pode ser par-
tido ou não.

Para partição, é recomendável que o comprimido seja sulcado, apresente


baixa toxicidade, janela terapêutica larga, meia-vida relativamente longa,
seja custo/efetivo para partição e não tenha revestimento de liberação en-
térica ou formulação de liberação prolongada37.

Cálculos Farmacêuticos 55
A devida orientação do paciente para se assegurar de que será feito o uso
correto e racional do medicamento é a recomendação para casos em que
estes artifícios sejam necessários. Além disso, deve avaliar o impacto negati-
vo desta rotina na adesão ao tratamento oral.

Ademais, sabendo-se que esta prática é rotineira, o farmacêutico deve esti-


mular a prática com cortadores de comprimidos, que aumentam a precisão
e conferem maior segurança, mas para isso, esses pacientes devem ser ins-
truídos da maneira correta e orientados quanto ao armazenamento correto
das partes.

No que se refere à administração de múltiplas formas sólidas (comprimido,


cápsula) para se alcançar a dose prescrita (Ex. Losartana 50mg uma vez ao
dia, porém temos disponível Losartana 25mg: o paciente deverá tomar dois
comprimidos de 25mg para completar a dose de 50mg prescrita). O racio-
cínio farmacêutico é o mesmo, devem-se avaliar as condições do paciente
em termos de entendimento das orientações farmacêuticas, capacidade de
adesão ao tratamento, dificuldade para deglutição, entre outros. Esta práti-
ca não é proibida e é bastante usual; muitas vezes a dose original não está
acessível ao paciente fazendo-se necessário esse ajuste para que o mesmo
não fique sem a farmacoterapia prescrita.

Cálculos Farmacêuticos 56
Cálculos Aplicados à
Farmácia Magistral 8
A manipulação de fórmulas magistrais é uma área privativa do profissional
farmacêutico, que possibilita a produção de medicamentos de forma perso-
nalizada mediante a prescrição individualizada, o que permite preparações
com doses e formas farmacêuticas específicas para a necessidade do pa-
ciente.

A farmácia é o estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e


oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos
e correlatos. É responsável pela qualidade das preparações magistrais e
oficinais que manipula, conserva, dispensa e transporta14.

Algumas definições importantes são necessárias para o entendimento dos


processos magistrais, conforme a RDC 67/2007 que dispõe sobre as Boas
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais:

Base galênica: preparação composta de uma ou mais matérias- primas, com


fórmula definida, destinada a ser utilizada como veículo/excipiente de pre-
parações farmacêuticas.

Boas práticas de manipulação em farmácias (BPMF): conjunto de medidas


que visam assegurar que os produtos manipulados sejam consistentemen-
te manipulados e controlados, com padrões de qualidade apropriados para
o uso pretendido e requerido na prescrição.

Controle de qualidade: conjunto de operações (programação, coordenação


e execução) com o objetivo de verificar a conformidade das matérias primas,
materiais de embalagem e do produto acabado, com as especificações es-
tabelecidas.

Cálculos Farmacêuticos 57
Manipulação: conjunto de operações farmacotécnicas, com a fina-
lidade de elaborar preparações magistrais e oficinais e fracionar
especialidades farmacêuticas para uso humano.

Matéria-prima: substância ativa ou inativa com especificação definida, que


se emprega na preparação dos medicamentos e demais produtos.

Preparação magistral: é aquela preparada na farmácia, a partir de uma pres-


crição de profissional habilitado, destinada a um paciente individualizado, e
que estabeleça em detalhes sua composição, forma farmacêutica, posologia
e modo de usar.

Preparação oficinal: é aquela preparada na farmácia, cuja fórmula esteja ins-


crita no Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconheci-
dos pela ANVISA.

No processo de manipulação magistral é de grande importância à organiza-


ção de toda a documentação com a finalidade de orientar os procedimentos
de preparação, bem como a comprovação de como esse processo foi execu-
tado, a fim de garantir o controle de qualidade e rastreabilidade dos produ-
tos. Os principais documentos são: Manual de Boas Práticas, Procedimentos
Operacionais Padrão (POP), Registro de receitas, Relatórios de auto-inspe-
ção e Registro de Reclamação dos Pacientes.

8.1 FORMAS FARMACÊUTICAS


Estado final de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos pos-
suem após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com ou
sem a adição de excipientes apropriados, a fim de facilitar a sua utilização
e obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a
uma determinada via de administração14.

Inúmeras formas farmacêuticas são utilizadas para a incorporação de um


fármaco. A escolha da via de administração está relacionada ao tipo de efei-
to desejado, a rapidez no início da ação (local ou sistêmico) e da natureza
química do medicamento5,17. Com isso, o mesmo principio ativo pode ser for-
mulado em diversas formas farmacêuticas como forma de facilitar a admi-
nistração, garantir a precisão da dose, proteger a substância ativa durante o
percurso pelo organismo e garantir a presença no local de ação4,5.

Cálculos Farmacêuticos 58
Quadro 13. Vias de Administração e Principais Formas Farmacêuticas

Comprimidos, Cápsulas, Soluções,


ORAL Xaropes, Suspensões, Emulsões,
Pós, Géis

Cremes, Pastas, Pomadas, Loções,


TÓPICA Soluções, Géis, Unguentos, Adesi-
vos, Emplastros

Soluções, Suspensões, Emulsões


PARENTERAL
injetáveis, Implantes

Aerossóis (na forma de soluções,


RESPIRATÓRIA suspensão, emulsão e pó), Inala-
ções, Nebulizadores, Gases

OCULAR Soluções, Suspensões, Cremes

Soluções, Suspensões, Supositórios,


RETAL
Cremes

Soluções, Pomadas, Cremes, Géis,


VAGINAL
Óvulos

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Quadro 14. Formas Farmacêuticas5

SÓLIDAS SEMI-SÓLIDAS LÍQUIDAS

Comprimidos Xaropes
Pomadas
Cápsulas Soluções
Cremes
Drágeas Suspensões
Pastas
Pós Elixir
Géis
Grânulos

8.2 FATOR DE CORREÇÃO E FATOR DE


EQUIVALÊNCIA
As matérias-primas utilizadas no preparo de muitos medicamentos, obti-
das natural ou sinteticamente, raramente podem ser utilizadas tal como
se apresentam, sendo necessário submetê-las, quase sempre, a um certo
número de procedimentos farmacotécnicos, destinados a transformá-las
naquilo que se chama “forma farmacêutica terapeuticamente ativa”, ou
“fármaco ativo”. Estas formas farmacêuticas, que representam o produto
final sob qual as substâncias ativas são aplicadas aos doentes, têm por

Cálculos Farmacêuticos 59
objetivo não só facilitar a administração, como assegurar sua eficiência te-
rapêutica e boa conservação9.

Com o advento da Lei 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, a “Lei dos Genéricos”


e da Resolução nº 391, de 9 de agosto de 1999, da recém-criada Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária (ANSVISA), determinou a obrigatoriedade do
uso da Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na falta desta, da Deno-
minação Comum Internacional (DCI), nas prescrições médicas realizadas no
sistema público de saúde e também recomendou nos serviços privados. An-
tes dessa lei, as indústrias farmacêuticas e as farmácias magistrais utilizam
do fator de correção quando necessário, porém não era obrigatório que essa
informação estivesse de forma explícita em rótulos e embalagens.

Determina a aplicação dos cálculos para correções de teor, umidade, conver-


são de unidades, da correspondência sal/base e grau de hidratação, em in-
sumos utilizados nas preparações farmacêuticas, sempre que necessário46).

8.2.1 FATOR DE EQUIVALÊNCIA (FEQ)


O fator de equivalência é utilizado rotineiramente na prática magistral, quan-
do se deseja preparar o medicamento a partir da fórmula química diferente
da que normalmente ele é apresentado, ou seja, para realizar o cálculo da
conversão da massa do sal ou éster para a do fármaco ativo (base)1,20.

FEq será igual a 1,00, quando o fármaco e a matéria-prima disponível


forem a mesma substância.

Para realizar o cálculo utilizamos o Equivalente-grama das substâncias:

FEq = (MM do sal ou éster do fármaco)


    (MM fármaco ativo)

A aplicação do Fator de Equivalência só é recomendada após a avaliação


do Farmacêutico. Existem casos em que a conversão não será possível, pois
os fármacos possuem características farmacocinéticas diferentes, levando
a diferentes respostas terapêuticas. Por exemplo: Hidrocortisona Base e Hi-
drocortisona Acetato; Cloridrato de Imipramina e Pamoato de Imipramina.

“Somente será permitido a aplicação do fator de equivalência entre as


substâncias e seus respectivos derivados (Base/Sal), em prescrições con-
tendo formulações magistrais, sendo necessário que as quantidades cor-

Cálculos Farmacêuticos 60
respondentes estejam devidamente identificadas nos rótulos da embala-
gem primária do medicamento” (PORTARIA 344, art. 52)24.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Calcular o fator de equivalência do Cloridrato de Ranitidina (C13H22N4O3S.HCl)
e da Ranitidina.

1º) Calcular a MM do Cloridrato de Ranitidina:

C= 12x13 =156; H= 1x22=22; N=14x4 = 56; O= 16x3= 48; S= 32x1= 32; HCl = 1+ 35,5=
36,5

Somando os valores temos a MM do Cloridrato de Ranitidina = 350,5 g/mol

2º) Para calcular a MM da Ranitidina, devemos diminuir do valor da MM do


Cloridrato de Ranitida, a massa molecular do sal, cloridrato (HCl):

350,5 – 36,5 = 314 g/mol


3º) Aplicando o Fator de Equivalência, temos:

(MM do sal ou éster do fármaco)


FEq =
    (MM fármaco ativo)

350,5
FEq =
   314

FEq = 1,1

O fator de equivalência também é utilizado para corrigir a relação da subs-


tância hidratada para a anidra e do sal hidratado para o sal anidro19,20. Água
de cristalização ou água de hidratação é a água ligada quimicamente a mo-
lécula:

Exemplo 2: 419,46
FEq =
   365,41
Amoxicilina triidratada (MM=419,46g/mol)

Amoxicilina anidra (MM= 365,41g/mol) FEq = 1,14

Cálculos Farmacêuticos 61
8.2.2 FATOR DE CORREÇÃO (FCR)
O fator de correção é o fator responsável em corrigir a diluição de uma subs-
tância, teor do princípio ativo, teor de umidade, teor elementar de um mine-
ral. Essa correção é realizada a partir do teor de pureza e/ou umidade, emitidos
pelo certificado de análise das matérias-primas enviados junto com o produto
pelo fornecedor, bem como as diluições realizadas pelo farmacêutico.

Os registros das correções devem ser arquivados de acordo com a regu-


lamentação vigente, podendo ser utilizado sistema de registro eletrônico
de dados ou outros meios confiáveis e legais, sendo que a documentação
deve ficar à disposição das autoridades fiscalizadoras (RESOLUÇÃO 625,
CFF,2016).

Considere o valor disponível como 100% caso não seja expresso nas referên-
cias, e para calcular o fator de correção divide-se 100 pelo teor da substância
ou elemento ou simplificando, a relação entre o valor desejado e o valor dis-
ponível.

𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭 =
%

Exemplo 2:
Um farmacêutico recebe a seguinte prescrição numa farmácia de manipu-
lação:

Kawa Kawa----------100mg

Mande 30 cápsulas

Quanto de Kawa Kawa devemos pesar para atender essa formulação? Da-
dos: Substância Disponível: Extrato de Kawa Kawa com 30% de kawalacto-
nas / Substância Referência (para cálculo do fator): Extrato de Kawa Kawa
com 70% de kawalactonas20.

1º) Realizar a conversão pelo fator de correção:

100
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
%
70
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
30
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 = 2,33

Cálculos Farmacêuticos 62
2º) Calcular a quantidade de kawa-kawa que será utilizada na formulação:

Para uma cápsula: 100mg x 2,33 = 233mg ÷10³ = 0,233g

Para 30 cápsulas, temos: 0,233 x 30 cápsulas = 6,99g

8.2.3 TEOR DE UMIDADE


Muitas matérias-primas possuem água na sua constituição que podem
apresentar-se na forma livre ou cristalina, conforme demonstrado nos cer-
tificados de análises emitidos pelos fornecedores. Devemos estar atento a
esta correção, pois uma parte da massa do insumo farmacêutico não é de
moléculas do ativo e sim de água, muita vezes impregnada na molécula.
Para determinar o fator de correção dessa umidade, correlacionamos em
100 mg de ativo o quanto realmente existe de ativo em 100mg:

𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭 =
𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 − 𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖

Exemplo 3:
Um farmacêutico recebe a seguinte prescrição numa farmácia de manipu-
lação:

Licopeno Ext. seco ----------5mg/cáps

Mande 50 cápsulas

Quanto de Licopeno Ext. seco devemos pesar para atender essa formula-
ção? Disponível: Ext. seco de Licopeno 10,0%; doseamento: 10,2%, calculado
na base seca e teor de umidade = 5,0%.

1º) Cálculo da massa:

100mg do extrato ------ 10,2 mg


x mg de extrato------ 5mg
100 . 5
𝑥𝑥 =
10,2
𝑥𝑥 = 49,01𝑚𝑚𝑚𝑚

Cálculos Farmacêuticos 63
2º) Cálculo do Fator de Correção da Umidade:

100
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
100 − 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢
100
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
100 − 5,0
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 = 1,052

3º) Cálculo de quanto devemos pesar do extrato:

Para uma cápsula: 49,01 x 1,052 = 51,55mg ÷10³= 0,0515g

Para 50 cápsulas, temos: 0,0515 x 50 cápsulas = 2,577g

8.3 MANIPULAÇÃO DE CÁPSULAS


As cápsulas são formas farmacêuticas sólidas, constituídas por um invólucro
geralmente feito de gelatina ou outro material apropriado, na qual o prin-
cípio ativo e os excipientes estão contidos. As cápsulas podem ser de dois
tipos: cápsulas duras e cápsulas moles4,5. As cápsulas duras são as formas far-
macêuticas para uso oral mais manipuladas nas farmácias de manipulação
devido a sua versatilidade.

As principais vantagens na administração dessa preparação são: facilidade


em serem transportadas; facilmente identificáveis, mascaramento de sabor
desagradável de alguns ativos; proteção gástrica, proporcionando o preparo
de cápsulas com revestimento; comodidade, pois permite a mistura de dois
ou mais ativos na mesma cápsula a depender da compatibilidade, além de
serem de fácil administração oral4,5.

Cálculos Farmacêuticos 64
Figura 9. Fluxograma da Receita em uma Farmácia Magistral

Receita
Dispen- Ficha de
sação Pesagem

Avaliação
Rotulagem
Farmacêutica

Laborató-
Limpeza
rio

Acondicio-
Pesagem
namento

Moagem
Enchimen-
ou
to das
Tamisação
cápsulas
dos pós
Mistura

Fonte: Autoria Própria, 2020.

No mercado farmacêutico estão disponíveis diversos tamanhos para cáp-


sulas duras e a seleção é baseada no volume do material a ser encapsulado,
e nas características de compressibilidade e densidade aparente do pó1,4. O
volume das cápsulas podem variar conforme fabricante.

Tabela 3. Tamanho das Cápsulas e Capacidade aproximadas1

Tamanho da Cápsula Volume Aproximado Quantidade aproximada de pó

000 1,4mL 430mg – 1,8g

00 0,95mL 390mg – 1,3g

0 0,68mL 325mg – 900mg

1 0,5mL 227mg – 650mg

2 0,37mL 200mg – 520mg

3 0,3mL 120mg – 390mg

4 0,21mL 100mg – 260mg

5 0,13mL 65mg – 130mg

Cálculos Farmacêuticos 65
Conforme mencionado, as cápsulas são constituídas do fármaco a ser veicu-
lado e de excipientes que são agentes essenciais para o sucesso da formu-
lação e devem ser quimicamente inertes. Além de completarem o volume
para enchimento das cápsulas facilitando a técnica de preparo magistral,
melhoram o fluxo e escoamento dos pós, atuam na desintegração do medi-
camento, na solubilização e absorção do fármaco, e possibilitam o retarda-
mento da liberação do mesmo no trato gastrointestinal5,2.

Quadro 15. Tipos de Excipientes5

Conferem propriedade de compactação dos pós e aumentam o


Diluentes volume. Ex. Lactose, Amido, Celulose microcristalina

Produzem a desintegração e dissolução do fármaco. Ex. Amido gli-


Desintegrantes colato de sódio, Croscarmelose sódica

Reduzem o atrito entre as partículas, promovendo boas proprieda-


Deslizantes des de fluxo dos pós. Ex. Talco

Reduzem o atrito entre os pós e as partes metálicas. Ex. Estearato


Lubrificantes de Magnésio, Lauril Sulfato de Sódio

Antioxidantes Retardam a oxidação da formulação. Ex. EDTA sódico

Conservantes Conservante antimicrobiano. Ex. Metabissulfito de sódio

Melhoram a estabilidade física do produto. Ex. Dióxido de Silício


Estabilizantes Coloidal

Como vimos anteriormente, a densidade é definida como a massa por uni-


dade de volume de uma substância. A densidade aparente ou densidade
bruta corresponde ao volume ocupado por uma determinada massa de um
sólido (pós, grânulos), incluindo a porosidade (poros intragranulares)9.

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝑔𝑔)
𝑑𝑑𝑎𝑎𝑎𝑎 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 (𝑚𝑚𝑚𝑚)

Sua determinação é e grande importância na produção de cápsulas e com-


primidos, pois permite o cálculo da real capacidade volumétrica e a escolha
do tamanho da cápsula a ser utilizada5,9.

Cálculos Farmacêuticos 66
VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
O farmacêutico avalia a seguinte prescrição recebida numa farmácia magis-
tral:

Nimesulida ---- 100mg

Mandar 30 cápsulas

Sabendo que a densidade aparente da nimesulida é de 0,50g/mL e da mis-


tura de excipientes é de 0,70g/mL. Qual a quantidade do ativo e de excipien-
te a ser utilizado? Qual o tamanho da cápsula?

1°) Quantidade de nimesulida a ser pesada:

100mg x 30 cápsulas = 3000mg ÷10³= 3,0g

2°) Volume ocupado pela nimesulida:

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝑔𝑔)
𝑑𝑑𝑎𝑎𝑎𝑎 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
0,1
0,50 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 = 0,2𝑚𝑚𝑚𝑚

3°) Levando em consideração o tamanho das cápsulas disponíveis no labo-


ratório, a cápsula de nº 1 possui volume aproximado de 0,5mL, podemos cal-
cular a massa de excipiente necessária:

Vcápsula = Vap ativo + Vap excipiente


Vexcipiente = 0,5 − 0,2
Vap excipiente = 0,3mL
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝑔𝑔)
𝑑𝑑𝑎𝑎𝑎𝑎 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
0,70 =
0,3
𝑚𝑚 = 0,21𝑔𝑔 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑐𝑐á𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑥𝑥 30
𝑚𝑚 = 6,3𝑔𝑔

Cálculos Farmacêuticos 67
Serão pesados 3g de Nimesulida e 6,3g da mistura de excipientes. A cáp-
sula utilizada será a de tamanho 1.

8.3.1 DILUIÇÃO GEOMÉTRICA


Outro cálculo importante envolvendo os pós é a diluição geométrica, mé-
todo utilizado na manipulação de fármacos de baixo índice terapêutico que
apresentam estreita margem de segurança e cuja dose terapêutica é próxi-
ma da dose tóxica. A exemplo de fármacos de baixa dosagem e alta potên-
cia, temos a clonidina, colchicina, digitoxina, digoxina, minoxidil, prazosina e
varfarina. Para a manipulação desses fármacos, em todas as formas farma-
cêuticas de uso interno, a farmácia deve:

No processo de diluição e homogeneização deve ser utilizada a metodologia


de diluição geométrica com escolha e padronização de excipientes, de
acordo com o que foi utilizado para realização do estudo de perfil de
dissolução14.

A diluição geométrica é empregada para aumentar a precisão na pesagem


desses fármacos com baixa dosagem e obtenção de doses mais uniformes,
além de aumentar a segurança do operador na pesagem e manipulação. As
diluições mais empregadas na manipulação são de 1:10; 1:100; 1:1000 depen-
dendo da dosagem da substância:

Quadro 16. Faixa usual de dosagem para diluição

DOSE DILUIÇÃO FATOR DE DILUIÇÃO

Até 0,1mg 1:1000 1000

0,11mg a 0,99mg 1:100 100

Acima 1,0mg 1:10 10

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Exemplo:

Proporção 1: 100

Quantidade desejada para diluição: 30g

Quantidade do ativo a ser pesado: 0,3g

Quantidade total de excipiente inerte a ser utilizado: 29,7g

Cálculos Farmacêuticos 68
8.3.2 DILUIÇÃO DE COMPRIMIDOS
Ocasionalmente, comprimidos podem ser triturados inteiros ou repartidos,
com auxílio de gral e pistilo, reduzidos a pós e serem manipulados dentro de
cápsulas ou mesmo para preparo de soluções extemporâneas:

Exemplo 2:
O farmacêutico recebe a ordem de manipulação para preparar 1L de uma
solução de permanganato de potássio diluída 1:4000 como proceder, saben-
do que a farmácia tem disponível apenas comprimido de 100mg?

1L de KMnO4 para 4000mL de H2O

1g ----------- 4000mL

Xg ---------- 1000mL

x = 0,25g

1 comprimido 100mg = 0,1g

1comprimido ----------- 0,1g

x comprimido ---------- 0,25g

x = 2,5cpr

Serão necessários 2 comprimidos e meio para triturar e solubi-


lizar em 1L da solução de KMnO4.

Cálculos Farmacêuticos 69
Cálculos Aplicados à
Portaria 344/98 9
A Portaria nº 344 de 12 de maio de 199824, da Secretaria de Vigilância Sanitá-
ria do Ministério da Saúde, tem por objetivo aprovar o regulamento técnico
sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Os cri-
térios e procedimentos para autorização, comércio, transporte, prescrição,
escrituração, guarda, balanços, embalagem, controle e fiscalização destes
medicamentos são regidos por essa portaria24.

As substâncias constantes das listas deste Regulamento Técnico e de suas


atualizações, bem como os medicamentos que as contenham, existentes
nos estabelecimentos, deverão ser obrigatoriamente guardados sob
chave ou outro dispositivo que ofereça segurança, em local exclusivo
para este fim, sob a responsabilidade do farmacêutico (PORTARIA 344,
art. 67)24.

A dispensação das substâncias e medicamentos sujeitos a controle es-


pecial deverá ser feita exclusivamente por farmacêutico, sendo vedado
delegar a responsabilidade sobre a chave dos armários a outros funcioná-
rios da farmácia que não sejam farmacêuticos (RESOLUÇÃO 357, art. 37)12.

A receita de controle especial é válida em todo o Território Nacional e deverá


ser preenchido em duas vias, apresentando, obrigatoriamente, em destaque
em cada uma das vias os dizeres: “1ª via – Retenção da Farmácia ou Drogaria”
e “2ª via – Orientação ao Paciente”, terá validade de 30 (trinta) dias contados
a partir da data de sua emissão24. A prescrição poderá conter em cada recei-
ta, no máximo três substâncias pertencentes à lista C1. Caso o número de
substâncias seja superior, o prescritor deverá apresentar justificativa com o
CID ou diagnóstico e a posologia, datando e assinando as duas vias24.

A Notificação de Receita é um documento que deve acompanhar a receita


para a dispensação de determinados medicamentos a base das substâncias

Cálculos Farmacêuticos 70
de controle especial constantes nas listas A, B e C2 e C3, devendo ser retida
pela farmácia ou drogaria no ato da dispensação24.

As substâncias encontram-se distribuídas em listas, que têm a finalidade de


definir como elas devem ser prescritas e dispensadas. No quadro 15, temos
os principais exemplos de substâncias sujeitas a controle especial.

Quadro 17. Exemplos de Substâncias Sujeitas a Controle Especial no Brasil


(Portaria 344/98)24

Lista Substâncias Exemplos

A1 Entorpecentes Fentanil, Morfina,

A2 Entorpecentes* Codeína, Tramadol

A3 Psicotrópicos Anfetaminas, Metilfenidato

B1 Psicotrópicos Alprazolam, Clonazepam, Fenobarbital

B2 Anorexígenos Sibutramina

C1 Sujeitas a Controle Especial Amitriptilina, Fluoxetina, Haloperidol

C2 Retinoicas Adapaleno,Isotretinoína

C3 Talidomida Talidomida

C5 Anabolizantes Oxandrolona, Testosterona

*Concentrações Especiais

Figura 10. Notificação de Receita tipo “A”47

Cálculos Farmacêuticos 71
Figura 11. Notificação de Receita tipo “B”24

Figura 12. Receita de Controle Especial24

Cálculos Farmacêuticos 72
9.1 QUANTIDADES MÁXIMAS PARA
DISPENSAÇÃO
Seguindo a Portaria 344/98, os medicamentos da lista podem ser dispensa-
dos da seguinte forma:

Quadro 18. Lista B1 (Notificação de Receita Azul, C1 e C5 (Receita Controle Especial)24

Injetáveis Quantidade máxima de até 5 ampolas

Sólidos e Líquidos Quantidade suficiente para até 60 dias de tratamento

Quadro 19. Lista A1, A2 e A3 (Notificação de Receita Amarela), B2 (Notificação de Receita


Azul) e C2 (Notificação de Receita Retinoides Sistêmicos)24

Injetáveis Quantidade máxima de até 5 ampolas

Sólidos e Líquidos Quantidade suficiente para até 30 dias de tratamento

No caso de prescrição de substâncias ou medicamentos Antiparkinsonianos


e Anticonvulsivantes, a quantidade ficará limitada até 6 (seis) meses de tra-
tamento24.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Numa drogaria, o farmacêutico recebe a seguinte prescrição:

Daforin® 20mg/mL gotas ------------- 4 Frascos


Tomar 10 gotas a cada 12h por 30 dias.

Conforme bula, temos que cada frasco possui 20mL. Essa receita poderia ser
dispensada?
20gts/dia x 30 dias = 600 gotas
Cada frasco: 20mg/mL
20mL ------ 1mL
      x ------ 20mL
x = 400gts/frasco

Cálculos Farmacêuticos 73
Conforme a Portaria 344/9824, medicamentos da Lista C1(Fluoxetina) podem
ser dispensados para até 60 dias de tratamento, porém o médico prescreveu
o tratamento para 30 dias. Neste caso, o farmacêutico não dispensará o me-
dicamento e deverá entrar em contato com o prescritor.

Cálculos Farmacêuticos 74
Cálculos Aplicados
à Resolução
RDC 20/2010
10
Os medicamentos a base de substâncias classificadas como antimicrobia-
nos de uso sob prescrição médica, devem ser dispensadas nas farmácias e
drogarias com obrigatoriedade na retenção de receita25. A primeira via da re-
ceita é devolvida para o paciente e a segunda via é de retenção da farmácia,
a qual deve ser armazenada por um período de 2 (dois) anos.

SITUAÇÃO 1:

Figura 13. Exemplo de Prescrição

UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA


XXXXXXX

PACIENTE: M.R. A.
IDADE: 38 ANOS

2ª Via – Retenção da Farmácia

Azitromicina 500mg ---------------------------------- 1 caixa


Tomar 1 comprimido ao dia. Uso Contínuo.

________________________
CRM: XXXX

DATA: ___/___/___

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Cálculos Farmacêuticos 75
Segundo a RDC 20, o farmacêutico deverá estar atento a algumas situações
presentes nesta receita hipotética:

▶ É obrigatória a identificação do emitente: nome do profissional com


sua inscrição no Conselho Regional ou nome da instituição, endereço
completo, telefone, assinatura e marcação gráfica (carimbo);
▶ É obrigatória a data de emissão da receita. A receita de antimicrobianos
é válida por 10 (dez) dias a contar da data de emissão.
▶ Em situações de tratamento prolongado/contínuo, a receita poderá
ser utilizada para aquisições posteriores dentro de um período de 90
(noventa) dias a contar da data de sua emissão. A quantidade a ser
utilizada poderá ser para cada 30 (trinta) dias, não podendo ser dis-
pensado quantidade inferior. No caso do paciente não desejar a com-
pra da quantidade para os 30 dias, o farmacêutico deverá orientá-lo que
a receita perderá a validade para novas aquisições;

SITUAÇÃO 2:

O paciente J.P.F. comprou na Drogaria uma caixa de Amoxicilina 500mg


21comprimidos para o seu tratamento de 7 dias. Ao administrar, verificou
que os comprimidos estavam quebradiços e amarelados. Retornou a farmá-
cia e mostrou ao farmacêutico. Qual a conduta do farmacêutico?

▶ Nesta situação, a RDC 20/2011 diz que é vedada a devolução, por pessoa
física, de medicamentos antimicrobianos industrializados ou manipu-
lados para drogarias e farmácias. Excetua-se a devolução por moti-
vos de desvios de qualidade ou de quantidade que os tornem im-
próprios ou inadequados ao consumo, ou decorrentes de disparidade
com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
ou mensagem publicitária, a qual deverá ser avaliada e documentada
pelo farmacêutico. Caso seja verificada a pertinência da devolução, o
farmacêutico não poderá reintegrar o medicamento ao estoque co-
mercializável em hipótese alguma, e deverá notificar imediatamente
a autoridade sanitária competente, informando os dados de identifica-
ção do produto, de forma a permitir as ações sanitárias pertinentes.

Cálculos Farmacêuticos 76
Parâmetros do
Paciente para
Cálculo de Dose 11
A variabilidade da resposta individual aos medicamentos deve-se a diversos
fatores relativos ao meio ambiente, ao fármaco ou ao próprio paciente. Essa
variação influencia nas ações/efeitos terapêuticos e suas durações e possí-
veis reações adversas, o que explica, muitas vezes, o porquê da mesma dose
de um fármaco exercer um efeito terapêutico esperado para determinado
indivíduo e para outro não1,17.

Os estudos clínicos durante o desenvolvimento de um medicamento e após


sua comercialização são úteis para conhecermos as doses e regimes de do-
sagem do fármaco e, muitas vezes, os parâmetros relacionados ao paciente
são determinantes para essa escolha1. A farmacogenética é a ciência respon-
sável pela investigação dos parâmetros relacionados ao paciente que inter-
ferem na ação de um medicamento29.

Figura 14. Determinação de dose55

SEM COM
MEDICINA DE MEDICINA DE
PRECISÃO PRECISÃO

Paciente Cada paciente


se beneficia
Mesma
terapia Benefícios Testes
apenas para genéticos
alguns pacientes

Benefício Sem
benefício

Efeito
adverso

Terapia especializada

Cálculos Farmacêuticos 77
Parâmetros relacionados ao paciente, como peso corporal, idade, sexo, su-
perfície corporal, estado nutricional, situações fisiológicas especiais (gra-
videz e lactação), patológicas (indivíduos com funções hepáticas e renais
comprometidas) e emocionais, variações genéticas, polimedicação e aspec-
tos relacionados à adesão ao tratamento, na maioria das vezes, influenciam
na determinação da dose17. Nesta apostila iremos tratar dos cálculos farma-
cêuticos relacionados a parâmetros referentes a pacientes pediátricos e ge-
riátricos.

11.1 PACIENTES PEDIÁTRICOS


A população pediátrica é subdividida devido à variação da idade e do desen-
volvimento corporal, pois possuem características farmacocinéticas diferen-
tes quanto à absorção, distribuição, metabolismo e excreção de drogas. Os
recém-nascidos possuem as funções hepáticas e renais imaturas o que afeta
as respostas terapêuticas30:

Tabela 4. Divisão da Pediatria

Prematuro – se nascer antes das 37 semanas de gestação

Neonato (recém-nascido) – 0 a 1mês

Lactentes – 1 a 24 meses

Pré-escolares – 2 a 5 anos

Escolares – 6 a 11 anos

Adolescentes – 12 a 18 anos

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Entre os erros de medicação mais comuns envolvendo bebês menores de


6 meses estão a administração do medicamento errado e da dose errada,
incluindo a administração da mesma dose mais de uma vez. O uso de co-
lheres e outros recipientes inadequados para medir a dose dos medica-
mentos é uma das principais causas dos erros de dosagem30.

As formas farmacêuticas líquidas, tais como soluções orais, xaropes, suspen-


sões e gotas são as de escolha para essa faixa etária. Porém, em algumas
situações, os fármacos não estão disponíveis nessas apresentações e há a

Cálculos Farmacêuticos 78
necessidade de triturar comprimidos e abrir cápsulas, modificar a via de ad-
ministração ou o preparo de soluções extemporâneas30.

Com a necessidade em adequar os cálculos para doses individualizadas, so-


bretudo de produtos parenterais, deve-se estar atento aos cálculos de con-
versão, pois pequenos erros de cálculo podem gerar danos significativos
para os pacientes pediátricos1,30.

11.1.2 CÁLCULO DE REDILUIÇÃO


A rediluição é muito utilizada em neonatologia e na pediatria no preparo
de medicamentos cuja dosagem não está comercialmente disponível para
uso. Essas doses são calculadas por meio do peso ou superfície corporal da
criança.

Como realizar a rediluição?

Rediluição = Acrescentar mais solvente

A rediluição tem como objetivo preparar uma solução com uma concentra-
ção menor do que a original, ou seja, deve-se diluir o medicamento como
padrão de costume, depois calcular quanto contém em cada 1mL, aspirar
esse 1mL e rediluí-lo em 9mL de água destilada ou soro fisiológico, quantas
vezes forem necessárias até aspirar a dose prescrita exata .

Utilizamos regra de três simples para os cálculos de rediluição.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Num hospital pediátrico, foi prescrito 1,2mg EV de Aminofilina para crise de
asma brônquica, porém na farmácia está disponível apenas a Aminofilina de
240mg/10mL. Como proceder?

Cálculos Farmacêuticos 79
1º) Calcular quantos mL devemos aspirar para obtenção do valor prescrito:

240mg ----------- 10mL


1,2mg ---------- xmL
1,2 .10
𝑥𝑥 =
240
𝑥𝑥 = 0,05𝑚𝑚𝑚𝑚

2º) Como esse volume é de difícil aspiração através da seringa, realizamos a


rediluição para melhorar a precisão. Rediluir 1mL da ampola disponível:

240mg ----------- 10mL


x mg ---------- 1mL
240.1
𝑥𝑥 =
10
𝑥𝑥 = 24𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑐𝑐𝑎𝑎𝑑𝑑𝑑𝑑 1𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎𝑚𝑚𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑓𝑓𝑖𝑖𝑙𝑙𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖

3º) Aspirar 1mL da ampola e rediluir para achar o valor prescrito:

24mg ----------- 10mL (1mL +9mL do diluente)


1,2 mg ---------- x mL
1,2.10
𝑥𝑥 =
24
𝑥𝑥 = 0,5𝑚𝑚𝑚𝑚

Devemos administrar 0,5mL da rediluição que corresponde a 1,2mg de


Aminofilina prescrito.

11.1.2 CÁLCULOS BASEADOS NO PESO CORPORAL


Os cálculos de dose baseados no peso corporal são expressas em mg/Kg,
pois a maioria dos fármacos são administrados em mg. Esses cálculos po-
dem ser realizados por regra de três ou pela relação abaixo1:

Exemplo 2:
A dose de gentamicina para prematuros e recém-nascidos é de 2,5mg/Kg.
administrados a cada 12h. Qual é a dose diária para um recém-nascido que
pesa 2,5Kg?

Cálculos Farmacêuticos 80
Para resolver a seguinte questão, podemos utilizar a seguinte relação:

𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑓𝑓á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝑚𝑚𝑚𝑚)


𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 (𝑚𝑚𝑚𝑚) = 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝(𝐾𝐾𝐾𝐾)𝑥𝑥
1 (𝐾𝐾𝐾𝐾)

2,5
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑐𝑐𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑚𝑚𝑚𝑚) = 2.5𝑥𝑥
1
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = 6,25𝑚𝑚𝑚𝑚

Como o paciente utiliza de 12h em 12h, ou seja, 2x/dia, a dose diária é de


12,5mg de gentamicina.

11.1.3 C
 ÁLCULOS BASEADOS NA ÁREA DE SUPERFÍCIE
CORPORAL
O Cálculo de dose tendo como referência a área de superfície corporal (BSA)
é bastante utilizado na oncologia para cálculos de medicamentos quimiote-
rápicos e na dosagem de medicamentos para pacientes pediátricos1.

𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 (𝑚𝑚2 )


𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑥𝑥 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑓𝑓á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
1,73𝑚𝑚²

O BSA pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:

altura (cm)𝑥𝑥 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 (𝑘𝑘𝑘𝑘)


𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵 (𝑚𝑚2 ) = √
3600

11.1.4 ÁREA SOBRE A CURVA (ASC)


Alguns parâmetros farmacocinéticos são considerados para mensurar o
processo de absorção de fármacos: Cmáx (Pico de concentração máxima),
Tmáx (tempo no qual a Cmáx é atingida) e ASC (Área sobre a curva de con-
centração sanguínea versus tempo). A absorção varia também com a via de
administração utilizada, da dose e do tempo de exposição, da taxa de distri-
buição e eliminação do fármaco.

A ASC é utilizada na unidade de mg.h/L e a biodisponibilidade pode ser


considerada uma representação da quantidade total de fármaco absorvi-
do na circulação sistêmica na forma inalterada. A biodisponibilidade de um
fármaco pode ser determinada pela razão entre a ASC para uma forma de

Cálculos Farmacêuticos 81
dosagem particular e a ASC para a forma intravenosa, uma vez que por de-
finição a biodisponibilidade de um fármaco administrado IV é de 100%, uma
vez que todo o fármaco administrado entra em circulação.

A ASC pode ser obtida graficamente, onde a concentração total do fármaco


é dividida em partes de acordo com o tempo determinado (a partir do tem-
po zero) e cada área dividida. Dois fármacos bioequivalentes são aqueles que
possuem biodisponibilidades comparáveis e tempos similares para atingi-
rem concentrações máximas no sangue.

11.2 PACIENTES GERIÁTRICOS


Segundo a OMS, o termo idoso, refere-se a idades acima de 60 ou 65 anos.
Em estudos científicos na área da geriatria, muitos autores consideram a
faixa etária escolhida acima de 75 anos, mas sabemos da diferença na idade
cronológica e fisiológica de muitos indivíduos.

Pacientes geriátricos, normalmente, apresentam várias enfermidades que


requerem múltiplas farmacoterapias. A polifarmácia consiste na utilização
de cinco ou mais medicamentos por dia e está associada a reações adversas
a medicamentos, interações farmacológicas, problemas com adesão e alto
custo para o tratamento.

Com o envelhecimento, ocorrem as perdas de reservas fisiológicas, como di-


minuição da massa muscular e da água corpórea; mudanças na capacidade
de absorção intestinal; depuração renal dos fármacos, devido à redução do
fluxo plasmático renal e da taxa de filtração glomerular; redução da ativida-
de das enzimas microssomais hepatocíticas e do fluxo plasmático hepático;
alteração do volume de distribuição dos fármacos pela diminuição da água
corporal total; e na concentração albumina sérica e no aumento da gordura
corporal. Esse conjunto de alterações influencia na dosagem a ser adminis-
trada para os idosos.

O ajuste de doses nesses pacientes deve ser o mais fidedigno e individuali-


zado, principalmente no ambiente hospitalar onde é possível a aferição dos
níveis plasmáticos do fármaco, bem como monitoramento clínico dos efei-
tos previamente conhecidos e da depuração da creatinina.

11.2.1 C
 ÁLCULOS DE DOSE BASEADOS NA DEPURAÇÃO DE
CREATININA
O rim e o fígado são os órgãos principais envolvidos no metabolismo de me-
dicamentos. Os rins recebem aproximadamente 20% do fluxo de sangue

Cálculos Farmacêuticos 82
bombeado pelo coração e filtram cerca de 125mL de plasma por minuto!1 No
processo de envelhecimento, onde o rim perde drasticamente a capacidade
de filtração ou quando a função renal está comprometida, a taxa de filtração
renal diminui, reduzindo também a eliminação dos fármacos que são meta-
bolizados por essa via.

Com isso, a prescrição de medicamentos para pacientes idosos no ambiente


hospitalar, requer critérios nos ajustes de dose, através da taxa de depuração
(ou clearance) de Creatinina, baseada na idade do paciente, peso e valor da
creatinina sérica. A taxa de depuração da creatinina representa o volume de
plasma sanguíneo que é eliminado de creatinina pelos rins por minuto.

A fórmula mais utilizada para estimar a depuração endógena de creatinina


foi proposta por Cockroft e Gault1:

(140 − 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖) 𝑥𝑥 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 [𝑥𝑥 0,85 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚ℎ𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒]


𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
72 𝑥𝑥 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑠𝑠é𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟

O valor normal de creatinina sérica para um adulto é de 0,7 a 1,5mg/dL. A


taxa de depuração da creatinina é dada em mL/min1.

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Determine a taxa de depuração de creatinina de um paciente do sexo mascu-
lino de 70 anos e que pesa 80kg e o valor de creatinina sérica igual a 2mg/dL.

(140 − 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖) 𝑥𝑥 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑠𝑠𝑠𝑠


𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
72 𝑥𝑥 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑠𝑠é𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟

(140 − 70) 𝑥𝑥 80
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
72 𝑥𝑥 2

(70) 𝑥𝑥 80
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
144

𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪 = 𝟑𝟑𝟑𝟑, 𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗/𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎

Cálculos Farmacêuticos 83
Cálculos Aplicados à
Farmácia Hospitalar
12
Farmácia hospitalar: é a unidade clínico-assistencial, técnica e administrati-
va, onde se processam as atividades relacionadas à assistência farmacêutica,
dirigida exclusivamente por farmacêutico, compondo a estrutura organiza-
cional do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades ad-
ministrativas e de assistência ao paciente48.

O farmacêutico hospitalar deve desenvolver habilidades técnico-gerenciais


relacionadas à administração e logística (desde a aquisição a dispensação
do medicamento), visando eficiência econômica; manipulação de
medicamentos, garantia da qualidade, além de contribuir no processo de
cuidado ao paciente centrado no uso seguro e racional de medicamentos
com a atuação na Farmácia Clínica e Cuidados Farmacêuticos.

Com isso, o farmacêutico atuante na área hospitalar tem que possuir exper-
tise na realização dos cálculos farmacêuticos, na manipulação de nutrição
parenteral, manipulação de quimioterápicos, dissolução/suspensão de for-
mas sólidas.

12.1 CÁLCULOS DE DILUIÇÃO E


RECONSTITUIÇÃO
As injeções são uma forma de administração de preparações farmacêuticas
estéreis, de baixo volume, por via parenteral, intramuscular (IM), endovenosa
(EV, IV), subcutânea, intradérmica:

Cálculos Farmacêuticos 84
Figura 15. Vias de administração parenteral56

As infusões intravenosas (IV) ou endovenosas são preparações farmacêuticas


estéreis, de grande volume, utilizadas para aumentar o volume sanguíneo e/
ou fornecer eletrólitos, nutrientes ou medicamentos. Para a administração
destes componentes, são utilizados dispositivos (bombas de infusão) co-
nectado a uma bolsa de administração IV com o objetivo de liberar o fluido
necessário ao paciente1. Nesse processo são utilizados agulhas ou cateteres
para ter acesso à veia do paciente:

Figura 16. Infusão Endovenosa43

As infusões podem ser classificadas como infusões contínua, intermitentes


ou em boulos:

▶ Infusões Contínuas: fluidos infudidos sem interrupção;


▶ Infusões Intermitentes: fluidos infudidos durante períodos protocola-
dos;
▶ Infusões em boulos: fluidos infudidos diretamente na veia em um tem-
po menor ou igual a 1 minuto.

Cálculos Farmacêuticos 85
12.1.1 CALCULOS DE GOTEJAMENTO
Os cálculos de gotejamento são necessários para garantir a administração
endovenosa das soluções prescritas pelo médico por um período de tempo
adequado.

1mL = 20 gotas

1gota = 3 microgotas

1mL = 60 microgotas

GOTAS MICROGOTAS

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑥𝑥 3 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡

Essas fórmulas são utilizadas em tempo (t) em hora inteira (Ex.; 1h, 2h, 3h etc.)
As unidades são utilizadas em gts/min e mgts/min e o volume em mL. Para
cálculos que utilizam o tempo em minutos (Ex.; 30min, 90min, 180min etc.),
temos:

GOTAS MICROGOTAS

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑥𝑥 20 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑥𝑥 60
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Qual a quantidade de microgotas necessária para infundir 600mL de uma
solução parenteral, durante 180 min?

Cálculos Farmacêuticos 86
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑥𝑥 60
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
600 𝑥𝑥 60
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
180
𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 = 𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐/𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎.

A reconstituição consiste em transformar um medicamento que está na


forma liofilizada (pó) para sua forma original líquida, já a diluição tem como
objetivo alterar a concentração do medicamento na forma líquida seja uma
solução, suspensão ou pó reconstituído e como vimos anteriormente, a redi-
luição, consiste em diluir mais ainda uma solução, sem alterar a quantidade
de soluto presente:

Figura 17. Fluxo desde Reconstituição até Rediluição57

Quadro 20. Principais Diluentes utilizados na Clínica

Água Destilada (AD)

Solução Fisiológica de NaCl 0,9% (SF)

Solução Glicosada 5% (SG)

Ringer Lactato (RL)

Ringer (R)

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Cálculos Farmacêuticos 87
Exemplo 2:
Benzetacil® (Benzilpenicilina benzatina) é um antibiótico muito utilizado
para tratar bactérias sensíveis, a exemplo das causadoras da erisipela, febre
reumática e sífilis. Reconstituir Benzilpenicilina benzatina 1.200.000 UI fras-
co-ampola. Qual a concentração final? Se uma prescrição contiver a Benze-
tacil® 600.000UI Intramuscular profunda, como calcular a quantidade a ser
administrada?

1º) Para a reconstituição da penicilina, utilizamos 4mL de Água Destilada


(AD):

𝑚𝑚
𝐶𝐶 =
𝑣𝑣
1.200.000
𝐶𝐶 =
4
𝐶𝐶 = 300.000 𝑈𝑈𝑈𝑈/𝑚𝑚𝑚𝑚

2º) Quantidade a ser utilizada conforme prescrição de 600.000UI:

300.000 UI ----------- 1mL


600.000 UI ---------- x mL
600.000
𝑥𝑥 =
300.000
𝑥𝑥 = 2,0𝑚𝑚𝑚𝑚

Exemplo 3:
Um farmacêutico recebe uma prescrição de um paciente pediátrico de 4kg
e 1 mês de idade com refluxo. O bebê começou a ser tratado com xarope de
Ranitidina 15mg/mL com uma dose de 10mg/kg/dia, por causa do sabor e do
conteúdo de álcool na preparação (7,5%), frequentemente rejeita o medica-
mento. O farmacêutico sugere um xarope/suspensão de Ranitidina, 60mL, a
uma dose de 10mg/kg/dia dividida em duas doses de 0,5mL. O farmacêutico
utiliza 75mg de comprimidos de Ranitidina triturados, quantos comprimi-
dos foram necessários?1

Cálculos Farmacêuticos 88
1º) 4kg x 10mg/kg/dia = 40mg/dia

40mg/dia = 20mg/dose

Cada dose 20mg/0,5mL

Calcular os mL de Ranitidina prescritos:

20mg ----------- 0,5mL


x mg---------- 60mL
60 𝑥𝑥 20
𝑥𝑥 =
0,5
𝑥𝑥 = 2.400𝑚𝑚𝑚𝑚

2º) Calcular o número de comprimidos necessários:

2400mg ÷ 75mg = 32 comprimidos

Serão necessários 32 comprimidos.

Exemplo 4:
Um médico prescreveu 20mg de dexametasona em boulos para um pacien-
te na emergência de um hospital. O farmacêutico possui a apresentação
de 4mg/mL. Como deverá ser o preparo desse medicamento? O Manual de
Diluição do Hospital informa que a diluição deve ser realizada utilizando SF
ou SG até completar o volume de 10mL.

4mg ----------- 1mL


20mg---------- x mL
20 𝑥𝑥 1
𝑥𝑥 =
4
𝑥𝑥 = 5,0 𝑚𝑚𝑚𝑚
Volume total: 10mL – 5mL = 5mL de SF ou SF.

Cálculos Farmacêuticos 89
12.2 TERAPIA DE HIDRATAÇÃO VENOSA
(THV)
Desequilíbrios hidroeletrolíticos interferem na regulação dos fluidos corpó-
reos, caracterizados por perda ou excesso de água do meio extracelular. Mui-
tas vezes a reidratação oral é utilizada em casos comuns, mas em indicações
específicas, a THV é o método de escolha.

A situação clínica do paciente determina a escolha das propostas terapêuti-


ca da THV:

1. Terapia de manutenção – repõe as perdas fisiológica normais;


2. Terapia de reposição – repõe as perdas anormais e excessivas;
3. Terapia dos déficits – indicada para o paciente hipovolêmica;

A desidratação ocorre quando a perda de água é maior que sua reposição.


Condições anormais, como vômitos, diarreias, febres, excesso de urina ou
de suor, queimaduras extensas podem levar a deficiências consideráveis de
água e de eletrólitos. A desidratação pode ser classificada a depender da re-
lação da perda de água e eletrólitos:

Quadro 21. Tipos de Desidratação

DESIDRATAÇÃO DESIDRATAÇÃO DESIDRATAÇÃO


HIPERTÔNICA ISOTÔNICA HIPOTÔNICA

A perda de sais é maior que


A perda de água é propor- Água e minerais são perdi- a perda de água.
cionalmente maior que a dos em proporção equiva-
perda de eletrólitos; lentes. Também chamada de hipo-
natremia;
Comum em Diabetes; Vômitos e diarreias;
Diarreias graves;

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Cálculos Farmacêuticos 90
Figura 18. Efeito da Osmolaridade nas Células44

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Algumas substâncias se dissolvem fornecendo íons à solução. Esses solutos
são chamados eletrólitos. Geralmente os eletrólitos são fornecidos por subs-
tâncias iônicas, tais como, NaCl, NaOH, NaHCO3, H2SO4, dentre outras. No
plasma sanguíneo, os principais eletrólitos presentes são os cátions Na+, K+,
Ca+2 e Mg+2 e os ânions Cl-, HCO-3, HPO4-2 e SO4-2, como visto anteriormente.
Além desses, ácidos orgânicos e proteínas fornecem eletrólitos ao organis-
mo. Por diversos motivos, como patologias, procedimentos cirúrgicos, uso
de medicamentos, desidratação e outros, o equilíbrio hidroeletrolítico no or-
ganismo pode ser alterado. Assim, a compensação do balanço hídrico é feita
através da administração de formulações contendo eletrólitos, cujas doses
são dadas em miliequivalentes (mEq), unidade que reflete a atividade quí-
mica de um eletrólito com base na sua valência.

Exemplo 5:
Um homem de 50 anos com cirrose hepática desenvolve edema progressi-
vo e ascite enquanto tomava Espironolactona 100 mg/dia. O médico pede a
dosagem do potássio sérico e o laboratório de análises clínicas libera o laudo
com resultado de potássio sérico de 8,5 mg/100mL, o médico, todavia, quer
o resultado em mEq/L, como fazer essa conversão?

Cálculos Farmacêuticos 91
𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒙𝒙 𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏
𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷 𝒂𝒂𝒂𝒂ô𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎, 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒇𝒇ó𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓
𝟖𝟖, 𝟓𝟓𝟓𝟓 𝟏𝟏𝟏𝟏 𝒙𝒙𝒙𝒙, 𝟎𝟎
𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝟑𝟑𝟑𝟑
= 𝟐𝟐, 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏/𝑳𝑳

Quadro 22. Solutos utilizados na THV35

Sólidos Cristalinos dissolvi-


dos em água, sob a forma
de íons ou moléculas (não
eletrólitos); Soro Glicosado 5% (SG 5%);

São infundidos no espaço Solução Salina 0,9%;


Soluções Cristaloides intravascular, distribuindo- Ringer Lactato;
-se em todo espaço extrace-
lular; Solução Salina 3%;

São isotônicas ou hipertôni-


cas.

Suspensões de solutos mui- Proteicas:


to grandes e não atraves- Albumina Humana 20%;
sam a membrana semiper-
Soluções Coloides meável;
Mantém o volume plasmá-
tico, produzindo uma ex- Não proteicas:
pansão efetiva do volume Gelatinas;
circulante, com pouca ou
nenhuma perda para o in- Polímeros de glicose;
terstício; Amido

12.3 DILUIÇÃO DE GERMICIDAS E


SANEANTES
Prática comum no contexto hospitalar que é realizada nos centros desti-
nados à diluição destas substâncias. Normalmente a concentração destes
produtos disponível é mais concentrada, para que soluções de diferentes
concentrações e, consequentemente, diferente aplicabilidade sejam prepa-
radas. Há situações nas quais esta diluição é feita com água filtrada ou des-
tilada; e outras, nas quais, o fabricante fornece o diluente próprio. Em ambas
situações, contudo, os cálculos são os mesmos, baseados na fórmula:

Cálculos Farmacêuticos 92
𝒎𝒎
𝑪𝑪 =
𝑽𝑽

A concentração destas soluções pode ser representada nas unidades ppm


ou em porcentagem. Que podem ser convertidas entre si, seguindo a rela-
ção:

𝟏𝟏% = 𝟏𝟏𝟏𝟏. 𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎

12.4 C
 ÁLCULOS DE PREPARAÇÕES
ONCOLÓGICAS
Na preparação de soluções oncológicas os cálculos envolvidos são de re-
constituição e diluição já abordados nesta apostila. As doses destes medi-
camentos, majoritariamente, são representadas em função do parâmetro
superfície corpórea: mg/m2.

A Carboplatina é exceção a esta regra e sua dose, em alguns casos, pode ser
definida em função da AUC (área sob a curva) almejada, que, em sua de-
finição representa a biodisponibilidade do medicamento, baseada em sua
concentração no plasma por unidade de tempo (mg/mL.min). Nesse caso, a
dose do medicamento seguirá a fórmula:

Figura 19. Cálculo da Dose de Carboplatina45

Dose (mg)=ASC desejado x taxa de filtração glomerular+25

ASC desejado Quimioterapia planejada Status do Paciente

5 - 7 mg/mL. min Carboplatina como agente único Previamente não tratado

4 - 6 mg/mL. min Carboplatina como agente único Previamente tratado

4 - 6 mg/mL. min Carboplatina como ciclosfofamida Previamente não tratado

Na fórmula de Calvert a dose total de Carboplatina é calculada em mg e não em mg/m2.

Cálculos Farmacêuticos 93
Cálculos
para Nutrição
Parenteral 13
A Nutrição parenteral (NP) é a alimentação realizada ao paciente hospitali-
zado por infusão intravenosa (IV) de fluidos e nutrientes básicos. A NP pode
servir para completar parcialmente (Nutrição Parenteral Parcial – NPP) ou
para substituir completamente a alimentação normal (Nutrição Parenteral
Total – NPT), pela via enteral (via gastro-intestinal)1.

A Portaria 272/98 regulamenta a Terapia de Nutrição Parenteral (TNP) no


Brasil e estabelece a necessidade da atividade em equipe, definindo res-
ponsabilidades, âmbitos de atuação e as Boas Práticas em TNP. Segundo a
Portaria, a NP consiste em:

Solução ou emulsão composta basicamente de carboidratos, aminoáci-


dos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada
em recipiente de vidro ou plástico, destinada a administração intravenosa
em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou
domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou siste-
mas32.

A Resolução CFF 292/96 destaca as responsabilidades e atribuições no pre-


paro das nutrições parenterais como privativas do farmacêutico, utilizando
metodologia rigorosamente asséptica.

Cálculos Farmacêuticos 94
As principais indicações clínicas para utilização da TNP são:

Tabela 5. Indicações clínicas de NP34

Adultos:

Situações pré-operatórias; doentes portadores de desnutrição, com doenças


obstrutivas no trato gastrointestinal alto, complicações pós-cirúrgicas, lesões
múltiplas, queimaduras graves, moléstias inflamatórias intestinas (ex.: Síndro-
me de Crohn, síndrome do intestino curto etc.).

Recém-Nascidos/ Crianças:

Prematuros de baixo peso, má formação congênita do trato gastrointestinal,


diarreia crônica intensa etc.

Basicamente a composição das bolsas de NP, consiste em:

Tabela 6. Componentes da NP1

Macronutrientes:

Glicose

Lipídeos

Aminoácidos

Micronutrientes:

Eletrólitos

Vitaminas

Minerais

Água Esterilizada para Injeção

Quanto à via de administração, a NPT pode ser classificada em dois tipos:

Quadro 23. Vias de Administração de NP34

NPT PERIFÉRICA NPT CENTRAL

▶ Alta Osmolaridade (>900mOsmol/L);


▶ Baixa Osmolaridade(<900mOsmol/L);
▶ Em veia periférica pode provocar flebite,
▶ Normalmente na fase inicial da TNP, até
devendo ser infundida em veia central de
que se estabeleça um acesso central, ou
grosso calibre (normalmente veia cava
em pacientes de curto tempo de terapia.
superior).

Cálculos Farmacêuticos 95
A osmolaridade é o parâmetro que avalia a via de infusão recomendável à
administração da NP:

[𝑨𝑨𝑨𝑨 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏 + 𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮 𝒙𝒙𝒙𝒙, 𝟓𝟓 + 𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳 𝒙𝒙 𝟎𝟎, 𝟑𝟑 (𝒄𝒄á𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎)] 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏


𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶𝑶 =
𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽 𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑵𝑵𝑵𝑵

Na equação temos: AA=quantidade de aminoácidos(g); Glic =quantidade de


glicose (g); Lip = quantidade de lipídeos (g); cátions mEq = somatório das
quantidades de cálcio, magnésio, sódio e potássio.

13.1 COMPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO


A necessidade nutricional é a quantidade necessária de macronutrientes e
micronutrientes, variam com a idade, gênero, parâmetros físicos, estado da
doença e nutricional do paciente1. A quilocaloria (kcal) é utilizada em estudos
do metabolismo.

Tabela 7. Composição da NPT típica para Adultos34

a Solução de AA totais 10% 300 – 600mL

b Solução de Glicose 50% 300 – 600mL

c Cloreto de Sódio 20% 10 – 20mL

d Cloreto de Potássio 19,1% 5 – 10mL

e Fosfato de Potássio 5 – 10mL

f Gluconato de Cálcio 5 – 10mL

g Sulfato de Magnésio 5 – 10mL

h Solução Multivitamínica 10mL

i Solução de Oligoelementos 5mL

j Solução de Lipídios 20% TCL/TCM 100 – 200mL

a. Fontes de Nitrogênio: Na NTP, o Nitrogênio é fornecido por uma mistu-


ra de aminoácidos (AA). Essa solução combinam AA não essenciais (50
-60%) e AA essenciais (50 – 40%);
b. Fontes Calóricas:1

Cálculos Farmacêuticos 96
I) Solução de Glicose: As soluções de glicose possuem uma densidade
calórica de cerca de 3,4 Kcal/g de glicose monohidratada, ou seja, uma
solução de glicose a 25% provê 86kcal de energia. Elevam a osmolarida-
de da solução, pois são utilizadas altas concentrações

II) Emulsões Lipídicas (EL): Uma emulsão lipídica a 10% fornece 11Kcal/g
de energia total e de 20 a 30% provê 10kcal/g. Proporciona uma NPT de
menor volume e menor osmolaridade. São adicionados triglicérides de
cadeia longa e cadeia média (TCL e TCM) na NPT a fim de evitar a ca-
rência de ácidos graxos essências (ácidos linoleico, linolênico e araqui-
dônico);

Neste tipo de solução, devemos ter especial atenção quanto à separação de


fases da emulsão, a qual pode afetar a estabilidade da mesma. Devido às
inovações no desenvolvimento de preparações farmacotécnicas, os farma-
cêuticos são responsáveis pela manipulação dessas formulações fisiologica-
mente compatíveis com a administração intravenosa. Erros na manipulação
podem resultar em trombo lipídico34.

Fatores que podem influenciar na estabilidade da EL34:

▶ Concentração final de aminoácido;


▶ Concentração final de glicose;
▶ Concentração final de lipídeos;
▶ Proporção entre macronutrientes;
▶ Concentração de eletrólitos;
▶ Ordem de adição;
▶ pH final da mistura;
▶ Volume final da mistura;
▶ Temperatura de armazenamento.

A Concentração de Cátions Divalentes (Ca2+ e Mg2+) são parâmetro que utili-


zamos para avaliar a possibilidade de separação de fases das Dietas Parente-
rais contendo emulsão lipídica (soluções 3:1). Limite recomendável: 16mEq/L

𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 + 𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚


𝐹𝐹ó𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟: = 𝑥𝑥 1000
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡

Cálculos Farmacêuticos 97
13.2 PRECIPITAÇÃO DE CÁLCIO E
FÓSFORO
No preparo da NPT, podem ocorrer surgimento de precipitado na solução
devido a união do íon cálcio, proveniente do gluconato de cálcio e o íon fos-
fato, proveniente do fosfato de potássio ou sódio34.

Parâmetros que avaliam a possibilidade de formação de precipitados inso-


lúveis em soluções com a presença de fosfato inorgânico e gluconato de
cálcio34:

▶ Limite Recomendável: [ P ] x [ Ca ] < 250 mEq/L

Fórmula = [Ca] mEq/L x [Fosfato de Potássio] (mEq/L) < 250

Fórmula = Cálcio (mMol/L) x Fosfato (mMol/L) < 75

VAMOS PRATICAR?

Exemplo 1:
Paciente, sexo masculino, 48 anos, pós-operatório de colectomia proximal
por trauma abdominal, hemodinamicamente estável, porém com íleo pa-
ralítico e distensão abdominal, eutrófico (bem nutrido), com indicação de
nutrição parenteral total. Qual a osmolaridade da solução? Peso do paciente
62Kg.

Cálculos Farmacêuticos 98
Paciente: XXXXXXX
Prontuário: 0000        Data de nascimento: xx/xx/xxxx    Peso: 62Kg

Aminoácidos a 10% 74,4g/dia 40g/L

Glicose a 50% 248g/dia 133,3g/L

Emulsão lipídica a 20% 62g/dia 33,3g/L

Cloreto de Sódio 20% 70mEq/dia 37,6mEq/L

Cloreto de potássio 19,1% 50mEq/dia  

Sulfato de Magnésio 20% 8mEq/dia  

Gluconato de Cálcio 10% 5mEq/dia  

Fosfato Orgânico 0,96mMol/dia 0,52mMol/L

Polivitamínico 10mL/dia  

Polivitamínico A 5mL/dia  

Polivitamínico B 5mL/dia  

Oligoelementos 229mL  

Água Bidestilada 1,860L  

________________
1860mL
77,5mL/h (24h de infusão) Dr. XXXXx
CREMEB 0000

1º) Cálculo das calorias totais:

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 (𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉) = 25 𝑎𝑎 30 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾/𝐾𝐾𝐾𝐾/𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑


𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 (𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉) = 25 𝑎𝑎 30 𝑥𝑥 62𝐾𝐾𝐾𝐾
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 (𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉) =1560 a 1860 Kcal/dia

Cálculos Farmacêuticos 99
2º) Cálculo dos macronutrientes:

AA: recomendação diária 1,2g/Kg/dia (Verificar a padronização do hospital)

1,2g x 62 Kg = 74,4g/dia

1g de AA = 4kcal

1g ----------- 4Kcal

74,4 g---------- x mL

x = 297,6 Kcal

% VET

1860kcal/dia --------- 100%

297,6 kcal/dia ---------- x %

x = 16%

Determinar o volume final de AA a 10%

100mL da solução--------- 10g AA

x mL ---------- 74,4g

x = 744mL de AA a 10%

A concentração final de AA deve ser de 3 a 5%

1860 mL--------- 74,4g de AA

100mL ---------- x

x = 4%

Determinar o volume da emulsão lipídica:

Lipídios: a recomendação diária é de 1g/kg/dia

*verificar qual emulsão é padronizada por hospital

Lip = 1g/kg/dia

Cálculos Farmacêuticos 100


Lip = 1 x 62

Lip = 62g de Lipídios

Emulsão lipídica a 20%

100 mL--------- 20g

x ---------- 62g

x = 310mL de emulsão lipídica

Padronização:

Emulsão lipídica a 10% = Fornecem 1,1 kcal/mL

Emulsão lipídica a 20% = Fornecem 2kcal/mL

310mL x 2Kcal/mL = 620 kcal

1860 mL--------- 100%

620mL ---------- x

x=33,3% das NET

Cálculo Glicose

Glicose: recomendação de 4g/kg/dia (Verificar a padronização do hospital)

Solução Glicosada 50% (Padronização do hospital)

Glicose= 4g/kg/dia Solução de glicose:

Glicose = 4 x 62 100 mL--------- 50g

Glicose = 248g/ x ---------- 248g

x=496mL de glicose a 50%

Cálculos Farmacêuticos 101


Valor calórico fornecido pela glicose Glicose Concentração final

1g glicose = 3,6kcal
𝑚𝑚
𝐶𝐶 =
1g--------- 3,6kcal 𝑉𝑉
248g--------- x
248
𝐶𝐶 = 𝑥𝑥 100%
1860
x = 892,8kcal de glicose
𝑪𝑪 = 𝟏𝟏𝟏𝟏, 𝟑𝟑𝟑𝟑%

1860kcal--------- 100%

892,8kcal--------- x

x = 48% das NET

3º) Valor total e percentual dos macronutrientes:

AA= 297,6kcal – 16%

Lipídios = 620kcal – 33,3% Total =1810,4 kcal


Glicose = 892,8 – 48% (Faixa1550 a 1860 kcal/dia)

4º) Cálculo dos Eletrrólitos:

SÓDIO Cloreto de sódio a 20% (1mL =


3,5mEq)
Na+: Recomendação diária= 50-200mEq
1mL --------- 3,5mEq

20mL--------- x

x = 70mEq
Cloreto de potássio a 19,1% (1mL
= 2,5mEq)
POTÁSSIO
1mL --------- 2,5mEq
K+: Recomendação diária = 30 - 100mEq
20mL--------- x

x=50mEq

Cálculos Farmacêuticos 102


Gluconato de cálcio a 10% (1mL
= 0,5mEq)
CÁLCIO
1mL --------- 0,5mEq
Ca2+: Recomendação diária = 3- 30mEq
10mL--------- x

x = 5mEq
Sulfato de magnésio a 10% (1mL
= 0,8mEq)
MAGNÉSIO
1mL --------- 0,8mEq
Mg2+: Recomendação diária = 10- 30mEq
10mL--------- x

x = 8mEq

5mEq de Cálcio/2 = 2,5mMol de


FÓSFORO Ca

Para ocorrer a mineralização óssea existe P= 2,5/2.6


uma relação entre Ca:P de 2,6 : 1mEq ou
P= 1mMol = 1mL de fósforo
mMol

5º) CÁLCULO DE LÍQUIDO

Recomendação: 30-40mL/kg/dia = 30 x 62 = 1860mL de água destilada

6º) CÁLCULO DA OSMOLARIDADE

mOsm/L = (AA x 8) + (glic x 7) + (Na x 2) + (P x 0,2) – 50

mOsm/L = (40*8)+(133,3*7)+(37,6*6)+(0,52*0,2)-50

mOsm/L =  1.428,8 mOsm/L

Cálculos Farmacêuticos 103


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Cálculos Farmacêuticos 107


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