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DE
ATUALIZAÇÃO
CÁLCULOS
FARMACÊUTICOS
2020 ©
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei
nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou
qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios
(eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da
obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LAGE, Ariane; ROCHA, Lívia; ANUNCIAÇÃO, Marina. Cálculos Farmacêuticos. 1. ed. Salvador, BA:
Editora Sanar, 2020. EBook (PDF; ?? Kb ou Mb). ISBN 978-65-87930-52-7.
MARINA ANUNCIAÇÃO
Farmacêutica pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA). Especialista em Farmá-
cia Magistral, Homeopatia e Cosmetolo-
gia Avançada. Atua como Docente na em
cursos de graduação e pós graduação
em Farmácia, Biomedicina e Estética.
Preceptora de estágios curriculares, extra
curriculares e Mentorias. Consultora em
Assuntos Regulatórios nas áreas de Dro-
garia e Farmácia Magistral.
APRESENTAÇÃO
Caros alunos,
Desse modo, esta apostila foi elaborada como parte integrante do Curso de
atualização em cálculos farmacêuticos e ao final dela você será capaz de
compreender o raciocínio analítico relacionado aos cálculos envolvendo me-
dicamentos.
Bons estudos!
SUMÁRIO
1. FUNDAMENTOS DE CÁLCULOS FARMACÊUTICOS 7
6. CONCENTRAÇÃO E DILUIÇÃO 44
6.1 PARTES POR MILHÃO (ppm) E PARTES POR BILHÃO (ppb) 46
REFERÊNCIAS 104
Fundamentos
de Cálculos
Farmacêuticos 1
É comum e fundamental o uso de cálculos em geral no contexto da área far-
macêutica, desde a prática tradicional até a especializada, como no campo
de pesquisa e desenvolvimento1. Essas áreas de conhecimento se referem a:
Cálculos Farmacêuticos 7
Cálculos Básicos:
Matemática
Básica 2
Algumas habilidades matemáticas básicas são fundamentais antes de co-
meçarmos a tratar especificamente dos cálculos farmacêuticos. Dessa ma-
neira, neste capítulo vamos revisitar algumas destas propriedades matemá-
ticas!
PASSO A PASSO
1. Agrupar as grandezas da mesma espécie em colunas, manten-
do na mesma linha as grandezas de espécies diferentes em cor-
respondência.
2. Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamente
proporcionais.
3. Montar a regra de três e resolver a equação.
Cálculos Farmacêuticos 8
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Paciente M.C.R. tomando Azitromicina 500mg por 3 dias, totalizando 1500mg
por tratamento. Qual a dosagem final do tratamento, se o paciente fosse to-
mar por 7 dias?
1500 3
X 7
3 1500
7 X
3 1500
=
7 𝑋𝑋
3 1500
7 𝑋𝑋
3𝑋𝑋 = 1500 . 7
1500.7
𝑋𝑋 =
3
10500
𝑋𝑋 =
3
𝑋𝑋 = 3500mg
Cálculos Farmacêuticos 9
Exemplo 2:
Você é gerente de uma Farmácia Magistral e precisa reduzir o tempo de pro-
dução de sua empresa. Um manipulador experiente produz 600 cápsulas de
Omeprazol 20mg em 8h de trabalho. Com a contratação de outro profissio-
nal, em quanto tempo essa mesma quantidade de cápsulas será produzida?
8 1
X 2
8 1
X 2
8 1
=
𝑋𝑋 2
X 1
=
8 2
2𝑋𝑋 = 8 . 1
8
𝑋𝑋 =
2
𝑋𝑋 = 4
Cálculos Farmacêuticos 10
2.2 PORCENTAGEM
As porcentagens constituem um aspecto essencial dos cálculos farmacêu-
ticos. O farmacêutico frequentemente utiliza como uma forma conveniente
para expressar a concentração do princípio ativo ou de um material inativo
em uma preparação farmacêutica1.
O termo “por cento”, e seu sinal correspondente %, significa “por uma cen-
tena”. Assim, 50 por cento (50%) significa 50 partes em cada 100 do mesmo
item.
𝑥𝑥
𝑋𝑋% =
100
Solução 9%: 9g de soluto em 100mL de solvente (volume final).
Água boricada 5%: significa que a cada 100 mL de solução, temos 5g de áci-
do bórico, ou seja, 5g em 100 mL.
12,5
12,5% = = 0,125
100
Lembrando -se de que, no processo inverso (alterar uma fração decimal para
uma porcentagem), o número é multiplicado por 100 e o sinal por cento
(%) é acrescentado.
Cálculos Farmacêuticos 11
sam 100g e, dessa forma, são utilizados como base para calcular a porcenta-
gem peso-volume. Ex: Uma solução de NaCl 0,9% contém, 0,9g de NaCl em
100mL de solução, cujo solvente quando não é explicitado, é a água. Quando
uma solução porcentual é expressa em p/V, fica implícito que se refere a g
%, isto é, gramas de soluto em 100 mL de solução. Portanto não é necessário
colocar a unidade de medida, NaCl 0,9 g %, basta NaCl a 0,9 %1.
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Quantos gramas de glicose são necessários para preparar 2.000mL de uma
solução a 5%?
5𝑔𝑔
5% =
100𝑚𝑚𝑚𝑚
5𝑔𝑔 𝑥𝑥𝑥𝑥
= =
100𝑚𝑚𝑚𝑚 2000𝑚𝑚𝑚𝑚
100 . x = 5 . 2000
x = 100g
5
5% = = 0,05
100
Cálculos Farmacêuticos 12
São necessários 100g de glicose para preparar a solução a 5%.
Exemplo 2:
Foi prescrito para um paciente internado na enfermaria de um hospital, gli-
cose 20g IV de 12/12 horas. Na farmácia está disponível a apresentação de
Glicose 50%, ampola 20mL. Quantas ampolas serão necessárias para esse
paciente?
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 3:
Qual é a porcentagem de concentração V/V de uma solução de 800g de um
líquido com densidade específica de 0,800 em uma quantidade de água
suficiente para preparar 4.000mL?
Cálculos Farmacêuticos 13
800𝑔𝑔 𝐻𝐻20 = 800𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 0,800
𝑚𝑚
𝑑𝑑 =
𝑣𝑣 800𝑚𝑚𝐿𝐿 1
800𝑔𝑔 𝑥𝑥 𝑥𝑥 100
0,800 = OU 0,800 4000𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑣𝑣
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 4:
Quantos gramas de um fármaco devem ser adicionados a 360mL de água
para preparar uma solução a 4% (p/p)?
Cálculos Farmacêuticos 14
Exemplo 5:
𝑚𝑚
𝑑𝑑𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 =
𝑣𝑣
𝑚𝑚
1,25 =
100
Resumindo:
Porcentagem de
Preparação Farmacêutica Expressão
Concentração
Cálculos Farmacêuticos 15
2.4 RAZÃO E PROPORÇÃO
Razão é uma forma de realizar a comparação entre duas grandezas.
𝑎𝑎
𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑎𝑎: 𝑏𝑏, 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑏𝑏 ≠ 0
𝑏𝑏
Uma proporção é a expressão da igualdade entre duas razões. Ela pode ser
expressa de duas formas diferente1:
𝑎𝑎: 𝑏𝑏 = 𝑐𝑐: 𝑑𝑑
𝑎𝑎 𝑐𝑐
=
𝑏𝑏 𝑑𝑑
Cada uma dessas expressões pode ser lida da seguinte forma: a está para b
assim como c está para d, e a e d são chamados extremos (“membros exter-
nos”) e b e c as médias (“membros medianos”).
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Se 3 comprimidos contêm 975mg de Aspirina®, quantos mg existem em 12
comprimidos?
Cálculos Farmacêuticos 16
3 (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐) 975 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
=
12 (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐) 𝑋𝑋 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
12 . 975
𝑋𝑋 =
3
𝑿𝑿 = 𝟑𝟑. 𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗𝟗
Exemplo 2:
Num hospital, o farmacêutico tem disponível o antibiótico Amoxicilina Sus-
pensão 250mg/5mL e o médico prescreve para um paciente pediátrico
50mg. Qual o volume a ser administrado da suspensão, em mL, que irá con-
ter os 50mg desejados?
250(𝑚𝑚𝑚𝑚) 50(𝑚𝑚𝑔𝑔)
=
5(𝑚𝑚𝑚𝑚) 𝑋𝑋 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
250 . 𝑋𝑋 = 50 . 5
50. 5
𝑋𝑋 =
250
𝑿𝑿 = 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
Cálculos Farmacêuticos 17
Tipos de Unidades
de Medida
3
A prática farmacêutica exige conhecimento, habilidades e aplicação dos
sistemas de medidas nas principais áreas de atuação do farmacêutico. A
precisão e a exatidão na medida e pesagem dos componentes de uma for-
mulação são imprescindíveis para a obtenção de medicamentos seguros e
eficazes, seja na área hospitalar, magistral, industrial, na dispensação de me-
dicamentos nas farmácias e drogarias, além na pesquisa de desenvolvimen-
to de novos fármacos4.
Um pouco de História49
Cálculos Farmacêuticos 18
Para encorajar a conversão ao sistema internacional, o Congresso Norte-a-
mericano aprovou o Ato de Conversão Métrica de 1975 e a Lei Geral Relativa
ao Comércio e à Competitividade, de 1988. O processo de mudança dos sis-
temas comuns e unidades de medida (ex. libras, pés, galões) para o sistema
métrico SI é chamado de transição métrica ou metrificação.
Cálculos Farmacêuticos 19
Quadro 2. Grandezas e Unidades do SI usadas em Saúde
Comprimento Metro m
Massa Quilograma Kg
Volume Litro L
Tempo Segundo s
Temperatura * Kelvin K
* Celsius ºC
Fonte: Autoria Própria, 2020.
Cálculos Farmacêuticos 20
3.3 SISTEMA AVOIRDUPOIS
Sistema amplamente utilizado nos Estados Unidos e no Reino Unido para
medir o peso corporal e para a venda de produtos em onças ou libras. Nesse
sistema, todas as medidas são múltiplas ou frações da libra que correspon-
de a 0.45359237Kg. Ex: libra (pound – lb), onça (ounce-oz); onça fluida (fluid
ounce-oz)1,2.
1 lb (avoir) 454 g
1 lb (apoth) 373 g
GRANDEZA Valor SI
Copo 240mL
Cálculos Farmacêuticos 21
3.5 MÉTODOS DE MEDIDA
O papel do farmacêutico no cuidado à saúde inclui a habilidade e a respon-
sabilidade de manipular – ou seja, pesar com exatidão, medir o volume e
combinar os diferentes componentes terapêuticos e farmacêuticos na for-
mulação e na preparação de prescrição1.
1m = 100 cm
1L = 1000 mL
Cálculos Farmacêuticos 22
Quadro 7. Relação entre múltiplos e submúltiplos da medida de volume
1kg = 1000g
Cálculos Farmacêuticos 23
Conversão das
Unidades de Medida
4
Na prática farmacêutica, muitas vezes é necessário realizar conversões para
que unidades informadas sejam compatíveis entre si, a fim de realizarmos
os cálculos solicitados. Dessa forma, é fundamental conhecermos as regras
de conversão entre unidades estabelecidas pelo Sistema Internacional de
Medidas (SI) para cada tipo de grandeza.
Multiplica por 10 (x10)
kg hg dag g dg cg mg
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Uma cápsula contém as seguintes quantidades de substâncias Substân-
cia: X= 0,075g; Substância: Y= 20mg; Substância: Z=0,0005g; Substância:
W= 4mg e Substância: T= 500µg. Qual é a massa total, em gramas, das subs-
tâncias na cápsula?1
Cálculos Farmacêuticos 24
1º) Interpretando a questão: Primeiro devemos identificar quais substâncias
devem ser convertidas para gramas:
X 0,075g
Y 20mg
Z 0,0005g
W 4mg
T 500µg
0,075g
0,02g
+ 0,0005g
0,004g
0,0005g
Cálculos Farmacêuticos 25
A escala Celsius, descoberta pelo sueco Anders Celsius, é a escala termomé-
trica mais utilizada no Brasil, ele sugeriu uma escala que apresentasse uma
diferença de 100º entre dois pontos fixos, o ponto de fusão e de ebulição da
água ao nível do mar, que são, respectivamente, 0ºC e 100ºC1.
A escala Fahrenheit (ºF) descoberta pelo físico alemão Daniel Gabriel Fahre-
nheit (1686-1736), é bastante utilizada nos países de língua inglesa e assim
com o grau Celsius, ele apresentou uma escala com a diferença de 180º em
dois pontos fixos, onde temperaturas de fusão e de ebulição da água ao nível
do mar como pontos de referência, que são, respectivamente, 32°F e 212°F1 .
1mL = 20 gotas
Cálculos Farmacêuticos 26
4.3 DENSIDADE
Densidade (d) é definida como a quantidade de massa por unidade de volu-
me, em uma determinada temperatura e pressão1,2:
𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜
𝑑𝑑 =
𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜
Embora a densidade possa ser medida e indicada em qualquer massa e uni-
dade de volume, é normalmente expressa em g/cm³ (gramas por centíme-
tro cúbico), visto que 1cm³ é igual a 1mL, a densidade em g/cm³ é conside-
rada numericamente igual à densidade em g/mL. Como o grama, pelo SI, é
definido como a massa de 1 cm³ de água a 4ºC, a densidade da água é de 1g/
cm³ (g/mL)1,2.
Cálculos Farmacêuticos 27
substância (quando medida sob condições controladas)1. A tabela apresenta
algumas das densidades específicas mais relevantes:
Agente despecífica
Acetona 0,79
Álcool 0,81
Água 1,00
Propilenoglicol 1,03
Polissorbato 80 1,08
Polietilenoglicol 1,13
Glicerina 1,25
Xarope 1,31
Clorofórmio 1,47
Nitroglicerina 1,59
Mercúrio 13,6
▶ C
onversão entre a massa de um líquido e seu volume comparável: para
definir o volume de um material, quando uma fórmula está em unida-
Cálculos Farmacêuticos 28
des de peso; ou a massa, quando uma fórmula é expressa em unidades
de volume;
▶ Controle de qualidade na preparação de nutrição parenteral: para de-
terminar as massas dos componentes (p. ex. dextrose, aminoácidos e
água) com base na densidade específica, no volume e na porcentagem
de concentração das soluções empregadas na solução através de equi-
pamentos automatizados;
▶ Nas análises clínicas, especificamente na uroanálise: indicador tanto da
concentração de partículas na urina quanto do grau de hidratação do
paciente.
Cálculos Farmacêuticos 29
Outras Unidades
de Medida 5
Para assegurar a farmacoterapia correta aos pacientes, o farmacêutico
deve desenvolver conhecimentos e habilidades nos cálculos e avaliações
envolvendo os regimes de doses2. Contudo, compreender as unidades de
medida e os cálculos envolvendo as concentrações dos medicamentos e
das preparações farmacêuticas é imprescindível para obtenção do sucesso
terapêutico.
Um pouco de História49
Cálculos Farmacêuticos 30
5.1 NÚMERO DE MOL
O número de mol é designação (ou unidade) utilizada na Química e na Far-
mácia com o objetivo de tornar o trabalho numérico com partículas, massa e
volume de uma determinada matéria mais próximo do mundo macroscópi-
co. A palavra mol, deriva de moles, em latim significa um montão, amontoa-
do. Por essa razão, o número de mol tem uma relação direta com a constan-
te de Avogadro (6,02.1023 partículas). Isso significa que 1 mol de uma matéria
apresenta 6,02.1023 partículas elementares dessa matéria.
Cálculos Farmacêuticos 31
Figura 3. Tabela Periódica51
3 número atômico
Li símbolo químico
litio nome
[6.938 - 6.997] peso atômico
(ou número de massa do isótopo mais
estável)
Cálculos Farmacêuticos 32
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
O hidróxido de sódio (NaOH), conhecido comercialmente por soda cáustica,
é uma base altamente corrosiva e pode destruir os tecidos vivos, causando
queimaduras graves na pele. Por isso, é muito utilizada em limpezas pesadas
e em produtos para desentupir pias e ralos. Quantos gramas de NaOH, de-
vem ser utilizados, em uma formulação contendo 0,5 mols de NaOH na pre-
paração? Consultar tabela periódica para calcular a Massa Molar do NaOH.
Na = 23g
O=16g
H= 1g
MM NaOH = 40g
𝑚𝑚
𝑛𝑛 =
𝑀𝑀𝑀𝑀
𝑚𝑚
0,5 =
40
𝑚𝑚 = 20𝑔𝑔
Exemplo 2:
O metano (CH4) é um gás incolor, inflamável, não tóxico, primeiro membro
da série dos hidrocarbonetos parafínicos e maior componente do gás natu-
ral. Normalmente é transportado como um gás não liquefeito em cilindros
de aço. Em um cilindro contendo 740mg de gás metano, foram retiradas
12,04 X 1020 moléculas. Calcular quantos mols de metano restaram no cilin-
dro. Dados: MM CH4 = 16g e constante de Avogadro = 6,023 x 1023.
Cálculos Farmacêuticos 33
1º) Conversão da massa em miligrama para grama:
m= 0,740g CH4
MM CH4 = 16g
𝑚𝑚
𝑛𝑛 =
𝑀𝑀𝑀𝑀
0,740
𝑛𝑛 =
16
𝑛𝑛 = 0,05 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
3º) Converter o valor em número de moléculas para mol:
12,04𝑥𝑥 1020
𝑥𝑥 =
6,023 𝑥𝑥 1023
𝑥𝑥 = 2,0 𝑥𝑥 10 −3 mol de 𝐶𝐶𝐶𝐶4
4º) Encontrar o número de mols restante no cilindro:
Cálculos Farmacêuticos 34
Geralmente os eletrólitos são fornecidos por substâncias iônicas, tais como,
NaCl, NaOH, NaHCO3, H2SO4, dentre outras. No plasma sanguíneo, os prin-
cipais eletrólitos presentes são os cátions Na+, K+, Ca+2 e Mg+2 e os ânions Cl-,
HCO-3, HPO4-2 e SO4-2. Além destes, ácidos orgânicos e proteínas fornecem
eletrólitos para o organismo1,2.
𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝒂𝒂𝒂𝒂
𝑬𝑬𝑬𝑬 =
𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏
Quadro 9. Fórmula de Equivalente grama
Cálculos Farmacêuticos 35
𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒙𝒙 𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏
𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷 𝒂𝒂𝒂𝒂ô𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎, 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒇𝒇ó𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓
Cálcio Ca++ 2 40 20
Ferroso Fe++ 2 56 28
Magnésio Mg++ 2 24 12
Potássio K+ 1 39 39
Sódio Na+ 1 23 23
Bicarbonato HCO3- 1 61 61
Lactato C3H5O3- 1 89 89
Cálculos Farmacêuticos 36
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Qual é a concentração, em mg/L, de uma solução que contém 2mEq de Clo-
reto de Potássio (KCl) por mL?1 Peso Atômico KCl= 74,5
Exemplo 2:
Um paciente precisa receber 2mEq de Cloreto de Sódio (NaCl) por quilogra-
ma de peso corporal. O peso do paciente é de 60Kg, quantos mL de uma
solução estéril de NaCl 0,9% devem ser administrados?1 Peso Molecular do
NaCl = 58,5.
1 𝑥𝑥 58,5 = 0,0585𝑔𝑔
1𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = 1⁄1000
1000
2 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = 0,0585 𝑥𝑥 2 = 0,117𝑔𝑔
Uma vez que o paciente deva receber 2 mEq/kg, temos:
2𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑜𝑜𝑜𝑜 0,117𝑔𝑔 𝑥𝑥 60 = 7,02 𝑔𝑔 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
NaCl 0,9% = 9g
9 (𝑔𝑔) 1000 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
=
7,02 (𝑔𝑔) 𝑥𝑥 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
𝑥𝑥 = 780𝑚𝑚𝑚𝑚
Serão administrados 780mL da solução estéril de NaCl 0,9%.
Cálculos Farmacêuticos 37
5.3 OSMOLARIDADE
A osmose é definida como a movimentação da água de um meio menos
concentrado (hipotônico) para outro mais concentrado (hipertônico), atra-
vés de uma membrana semipermeável, até que o equilíbrio seja atingido.
Essa movimentação é direcionada pelas diferenças na pressão osmótica e
varia de acordo com o soluto presente3.
Cálculos Farmacêuticos 38
são osmótica, pressão de vapor, ponto de ebulição e ponto de congelamen-
to estão relacionadas e a alteração em qualquer uma delas, pode interferir
no comportamento da outra.
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Calcular quantos miliosmoles estão representados em um litro de uma solu-
ção de cloreto de sódio 0,9% (NaCl 0,9%)1.
9000 𝑥𝑥 2
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 =
58,5
=307,7m0smol,
= resposta.
307,7𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚, 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟.
Cálculos Farmacêuticos 39
𝒏𝒏 𝑚𝑚
𝑴𝑴 = 𝑛𝑛 =
𝑽𝑽 𝑀𝑀𝑀𝑀
𝒎𝒎
𝑴𝑴 =
𝑴𝑴𝑴𝑴 𝒙𝒙 𝑽𝑽
𝒏𝒏 𝑚𝑚
𝓜𝓜 = 𝑛𝑛 =
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝑀𝑀𝑀𝑀
𝒎𝒎
𝓜𝓜 =
𝑴𝑴𝑴𝑴 𝒙𝒙 𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
Na equação temos: = molalidade (mol/kg ou molal); n= nº de mols; m=massa,
MM= massa molar e a msolvente.
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Xaropes são preparações farmacêuticas aquosas que possuem alta viscosi-
dade e concentração de açúcar ou substituto com a finalidade de mascarar
o sabor de algumas substâncias ativas. Sabendo que um Xarope contem
850g de sacarose em 1000mL da solução, como o farmacêutico calcularia a
Cálculos Farmacêuticos 40
molaridade e a molalidade de uma solução a partir de sua concentração m/v
e da densidade da solução? Dados: densidade = 1,3 e a MMsacarose= 3422.
1000mL x 10-3 = 1L
𝑚𝑚
𝑀𝑀 =
𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑥𝑥 𝑉𝑉
850
𝑀𝑀 =
342 𝑥𝑥 1
𝑀𝑀 = 2,49𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚/𝐿𝐿
𝑚𝑚
𝑑𝑑 =
𝑉𝑉
𝑚𝑚
1,3 =
1
𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜 = 1,3𝑔𝑔
x água = 450g
c) Cálculo da molalidade
𝑚𝑚
ℳ =
𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑥𝑥 𝑚𝑚𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠
850
ℳ =
342 𝑥𝑥 450
ℳ = 0,0055 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑎𝑎 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 é 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐾𝐾𝐾𝐾
𝓜𝓜 = 𝟓𝟓, 𝟓𝟓 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎/𝒌𝒌𝒌𝒌 𝒅𝒅𝒅𝒅 á𝒈𝒈𝒈𝒈𝒈𝒈
Cálculos Farmacêuticos 41
A Normalidade indica a relação entre equivalentes-grama do soluto e o vo-
lume da solução. Na equação temos N= Normalidade; = número de Equiva-
lentes-grama, m= massa do soluto; V= volume da solução (L) e Eqg = Equi-
valente-grama:
𝒏𝒏𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝑚𝑚
𝑵𝑵 = 𝑛𝑛𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
𝑽𝑽 𝐸𝐸𝐸𝐸
𝒎𝒎
𝑵𝑵 =
𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝒙𝒙 𝑽𝑽
Embora soluções expressas em molaridade atendam os requisitos da maio-
ria das pesquisas, ela também tem suas limitações quando o comportamen-
to ácido/base de determinado soluto e por isso precisa ser considerado. As-
sim, por exemplo, soluções de ácido clorídrico (HCl) e ácido sulfúrico (H2SO4)
ambas na concentração molar por exemplo 1,0 M, embora sejam iguais em
termos do número de mols em solução, elas são totalmente diferentes em
termos de poder ácido-base.
HCl H2SO4
Comportamento ácido 1x 2x
Ácidos Bases
𝒏𝒏𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝑚𝑚
𝑵𝑵 = 𝑛𝑛𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = 𝑴𝑴𝑴𝑴
𝑽𝑽 𝐸𝐸𝐸𝐸 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 =
𝒏𝒏º 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑶𝑶𝑶𝑶− 𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊
𝒎𝒎
𝑵𝑵 =
𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 𝒙𝒙 𝑽𝑽
Fonte: Autoria Própria, 2020.
Cálculos Farmacêuticos 42
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 2:
O Ácido Sulfúrico é um ácido forte, altamente corrosivo que em contato
com a pele pode causar queimaduras severas. É muito utilizado na indústria
como fertilizante, no refinamento do petróleo e no tratamento da água. Em
um laboratório, o farmacêutico precisa calcular a massa de ácido sulfúrico
(H2SO4) contida em 120mL de uma solução. Sabendo que a normalidade é
0,2N, qual a massa do ácido necessária? Dados MMH2SO4 = 98g/mol.
𝑀𝑀𝑀𝑀
1𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
𝑛𝑛º 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐻𝐻+ 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖
98
1𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
2
1𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = 49𝑔𝑔
Cálculos Farmacêuticos 43
Concentração e
Diluição 6
Soluções são sistemas monofásicos e homogêneos, que possuem um ou
mais componentes chamados de soluto dissolvidos em um solvente ou
uma mistura de solventes miscíveis. O comportamento da solução depen-
derá da natureza química do soluto (molecular ou iônica) e da concentração
do mesmo na solução4,5.
𝒎𝒎
𝑪𝑪 =
𝑽𝑽
Geralmente a Concentração Comum é expressa em gramas por Litro (g/L),
podendo ser expressa em porcentagem % (p/p; p/v; v/v); partes por milhão
(ppm) ou partes por bilhão (ppb)1.
ATENÇÃO!
Não confunda densidade com concentração:
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐
𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒆𝒆 =
𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽çã𝒐𝒐
≠ 𝑪𝑪𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄çã𝒐𝒐 =
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
𝑽𝑽𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐
𝒎𝒎
𝑪𝑪 = 𝑴𝑴 =
𝑴𝑴𝑴𝑴 𝒙𝒙 𝑽𝑽
Cálculos Farmacêuticos 44
A diluição é uma forma de preparar soluções a partir da adição de mais sol-
vente a uma solução inicial mais concentrada, aumentando o volume final
da solução sem alterar a quantidade de soluto. Em laboratórios, os farma-
cêuticos preparam a partir de uma solução com concentração elevada (so-
lução-estoque), várias outras soluções de concentrações desejadas apenas
adicionando solvente, essa técnica é de grande utilidade na clínica quando
necessitamos de um ajuste de dose para determinados pacientes (idosos,
crianças etc.)1,7. O diluente de escolha depende da compatibilidade com a
substância ativa do medicamento que se deseja diluir e pode ser aquoso,
alcoólico, hidroalcoólico e outros.
Aumento da massa
da solução
A massa do soluto
permanece a mesma
Solução final
𝑚𝑚1 𝑚𝑚2
𝐶𝐶1 = 𝐶𝐶2 =
𝑉𝑉1 𝑉𝑉2
𝑚𝑚1 = 𝐶𝐶1 𝑥𝑥 𝑉𝑉1 𝑚𝑚2 = 𝐶𝐶2 𝑥𝑥 𝑉𝑉2
Cálculos Farmacêuticos 45
Como a massa do soluto é constante temos:
𝑚𝑚1 = 𝑚𝑚2
𝑪𝑪𝟏𝟏 𝒙𝒙 𝑽𝑽𝟏𝟏 = 𝑪𝑪𝟐𝟐 𝒙𝒙 𝑽𝑽𝟐𝟐
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
𝑪𝑪𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑 = 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟔𝟔
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔
𝑪𝑪𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑 = 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟗𝟗 𝑪𝑪𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑 = 𝒙𝒙 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐 𝒎𝒎𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔çã𝒐𝒐
Cálculos Farmacêuticos 46
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Um farmacêutico dispõe de 500mL de uma solução 15% (V/V). Se essa solu-
ção for diluída a 1,5 L, qual a concentração final resultante, em V/V?1
Exemplo 2:
Uma solução estoque de Hidróxido de Sódio (NaOH) foi preparada pela dis-
solução de 5,8 g do soluto em água, obtendo-se, ao final, 250 mL. Essa solu-
ção foi diluída a um volume final de 600 mL, obtendo-se uma nova solução
de concentração igual a 0,3 mol.L-1. Determine o valor desse volume da solu-
ção estoque que foi diluído em 600 mL. Dado MMNaOH = 40 g/mol
𝑚𝑚
𝑀𝑀 =
𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑥𝑥 𝑉𝑉
5,8
𝑀𝑀 =
40 𝑥𝑥 0,25
𝑀𝑀 = 0,58 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚/𝐿𝐿
2º) Calcular o volume da solução estoque:
Cálculos Farmacêuticos 47
Cálculos Aplicados a
Drogarias
7
Drogaria é o estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medi-
camentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens origi-
nais23. Nas farmácias e drogarias, o farmacêutico é o profissional mais aces-
sível à população e para ser reconhecido e valorizado como profissional de
saúde deve entender seu importante papel quanto à orientação correta so-
bre a utilização dos medicamentos.
7.1 LEGISLAÇÃO
“A Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar
assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária indi-
vidual e coletiva, na qual se processe a manipulação e/ou dispensação de
medicamentos...” (Lei 13.021, art. 3º )23.
Cálculos Farmacêuticos 48
“O prescritor deve ser contatado para esclarecer eventuais problemas ou
dúvidas detectadas no momento da avaliação da receita. Não podem ser
dispensados medicamentos cujas receitas estiverem ilegíveis ou que pos-
sam induzir a erro ou confusão (RDC 44, arts. 44 e 45)16.
Cálculos Farmacêuticos 49
Figura 6. Farmacocinética e Farmacodinâmica
FARMACOLOGIA
Via de administração
Absorção
Local de Ação
Distribuição
Mecanismo de Ação
Metabolismo
Efeitos
Excreção
Cálculos Farmacêuticos 50
ções dentro da faixa ou janela terapêutica. A faixa terapêutica auxilia a deter-
minar a eficácia e segurança do fármaco.
Biodisponibili-
dade
Meia-Vida
Volume de
Distribuição
Depuração
Cálculos Farmacêuticos 51
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Numa drogaria, o farmacêutico recebe a seguinte prescrição: Diclofenaco
50mg/mL. Tomar 25mg duas vezes por dia. O frasco disponível na drogaria
consta 60mL. Quantos frascos devem ser dispensados para o tratamento
completo?
Utilizar 25mg 2x/dia por 6 dias: 0,5 x 2= 1,0mL/dia x 6 dias = 6,0mL para o tra-
tamento
Exemplo 2:
Numa drogaria, o farmacêutico recebe a seguinte prescrição pediátrica de
um determinado xarope cuja indicação terapêutica é de 80 mg/Kg/dia de
6/6 h por 10 dias. Sabendo que o paciente pesa 15 Kg e o frasco do xarope
possui 200 mg/5 mL (frasco com volume total de 100 mL), quanto o paciente
tomará por horário, por dia e quantas caixas dispensar?
Cálculos Farmacêuticos 52
3º) Cálculo de quantos mL o paciente irá tomar:
200mg ---------- 5mL
300mg ---------- x mL
x = 300 X 5
200
x = 7,5mL
300mg x 4 = 1200mg
x = 300
100
x = 3 frascos
O paciente tomara 7,5mL a cada 6h, 30mL ou 1200mg por dia e para isso
serão dispensados 3 frascos.
Cálculos Farmacêuticos 53
gens específicas a cada paciente. Algumas apresentações de insulina como
a NPH e a Regular, necessitam de seringas graduadas em Unidades Interna-
cionais (UI), adequadas à concentração, o que significa que em 1 mL, há 100
unidades (UI) de insulina, concentração disponível no mercado brasileiro.
1 mL = 100UI
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Paciente A.M.T.utiliza Insulina NPH 20UI pela manhã, 10UI à tarde e 10UI a
noite aplicado via injetável com seringa. Quantos frascos são utilizados para
30 dias de tratamento?
Exemplo 2:
Cálculos Farmacêuticos 54
Um paciente diabético deu entrada no hospital e foram prescritos 20UI de
insulina. Na farmácia satélite, o farmacêutico tem disponível frasco de 50UI
e seringa graduada em 80UI. Qual a quantidade de Insulina a ser adminis-
trada?
𝑃𝑃 𝑥𝑥 𝑆𝑆
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 =
𝐹𝐹
Onde P= dose prescrita, S= graduação da seringa e F= frasco:
20 𝑥𝑥 80
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 =
50
𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫𝑫 = 𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑
Cálculos Farmacêuticos 55
A devida orientação do paciente para se assegurar de que será feito o uso
correto e racional do medicamento é a recomendação para casos em que
estes artifícios sejam necessários. Além disso, deve avaliar o impacto negati-
vo desta rotina na adesão ao tratamento oral.
Cálculos Farmacêuticos 56
Cálculos Aplicados à
Farmácia Magistral 8
A manipulação de fórmulas magistrais é uma área privativa do profissional
farmacêutico, que possibilita a produção de medicamentos de forma perso-
nalizada mediante a prescrição individualizada, o que permite preparações
com doses e formas farmacêuticas específicas para a necessidade do pa-
ciente.
Cálculos Farmacêuticos 57
Manipulação: conjunto de operações farmacotécnicas, com a fina-
lidade de elaborar preparações magistrais e oficinais e fracionar
especialidades farmacêuticas para uso humano.
Cálculos Farmacêuticos 58
Quadro 13. Vias de Administração e Principais Formas Farmacêuticas
Comprimidos Xaropes
Pomadas
Cápsulas Soluções
Cremes
Drágeas Suspensões
Pastas
Pós Elixir
Géis
Grânulos
Cálculos Farmacêuticos 59
objetivo não só facilitar a administração, como assegurar sua eficiência te-
rapêutica e boa conservação9.
Cálculos Farmacêuticos 60
respondentes estejam devidamente identificadas nos rótulos da embala-
gem primária do medicamento” (PORTARIA 344, art. 52)24.
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Calcular o fator de equivalência do Cloridrato de Ranitidina (C13H22N4O3S.HCl)
e da Ranitidina.
C= 12x13 =156; H= 1x22=22; N=14x4 = 56; O= 16x3= 48; S= 32x1= 32; HCl = 1+ 35,5=
36,5
350,5
FEq =
314
FEq = 1,1
Exemplo 2: 419,46
FEq =
365,41
Amoxicilina triidratada (MM=419,46g/mol)
Cálculos Farmacêuticos 61
8.2.2 FATOR DE CORREÇÃO (FCR)
O fator de correção é o fator responsável em corrigir a diluição de uma subs-
tância, teor do princípio ativo, teor de umidade, teor elementar de um mine-
ral. Essa correção é realizada a partir do teor de pureza e/ou umidade, emitidos
pelo certificado de análise das matérias-primas enviados junto com o produto
pelo fornecedor, bem como as diluições realizadas pelo farmacêutico.
Considere o valor disponível como 100% caso não seja expresso nas referên-
cias, e para calcular o fator de correção divide-se 100 pelo teor da substância
ou elemento ou simplificando, a relação entre o valor desejado e o valor dis-
ponível.
𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭 =
%
Exemplo 2:
Um farmacêutico recebe a seguinte prescrição numa farmácia de manipu-
lação:
Kawa Kawa----------100mg
Mande 30 cápsulas
Quanto de Kawa Kawa devemos pesar para atender essa formulação? Da-
dos: Substância Disponível: Extrato de Kawa Kawa com 30% de kawalacto-
nas / Substância Referência (para cálculo do fator): Extrato de Kawa Kawa
com 70% de kawalactonas20.
100
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
%
70
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
30
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 = 2,33
Cálculos Farmacêuticos 62
2º) Calcular a quantidade de kawa-kawa que será utilizada na formulação:
𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭𝑭 =
𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 − 𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖
Exemplo 3:
Um farmacêutico recebe a seguinte prescrição numa farmácia de manipu-
lação:
Mande 50 cápsulas
Quanto de Licopeno Ext. seco devemos pesar para atender essa formula-
ção? Disponível: Ext. seco de Licopeno 10,0%; doseamento: 10,2%, calculado
na base seca e teor de umidade = 5,0%.
Cálculos Farmacêuticos 63
2º) Cálculo do Fator de Correção da Umidade:
100
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
100 − 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢
100
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 =
100 − 5,0
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 = 1,052
Cálculos Farmacêuticos 64
Figura 9. Fluxograma da Receita em uma Farmácia Magistral
Receita
Dispen- Ficha de
sação Pesagem
Avaliação
Rotulagem
Farmacêutica
Laborató-
Limpeza
rio
Acondicio-
Pesagem
namento
Moagem
Enchimen-
ou
to das
Tamisação
cápsulas
dos pós
Mistura
Cálculos Farmacêuticos 65
Conforme mencionado, as cápsulas são constituídas do fármaco a ser veicu-
lado e de excipientes que são agentes essenciais para o sucesso da formu-
lação e devem ser quimicamente inertes. Além de completarem o volume
para enchimento das cápsulas facilitando a técnica de preparo magistral,
melhoram o fluxo e escoamento dos pós, atuam na desintegração do medi-
camento, na solubilização e absorção do fármaco, e possibilitam o retarda-
mento da liberação do mesmo no trato gastrointestinal5,2.
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝑔𝑔)
𝑑𝑑𝑎𝑎𝑎𝑎 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
Cálculos Farmacêuticos 66
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
O farmacêutico avalia a seguinte prescrição recebida numa farmácia magis-
tral:
Mandar 30 cápsulas
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 (𝑔𝑔)
𝑑𝑑𝑎𝑎𝑎𝑎 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 (𝑚𝑚𝑚𝑚)
0,1
0,50 =
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 = 0,2𝑚𝑚𝑚𝑚
Cálculos Farmacêuticos 67
Serão pesados 3g de Nimesulida e 6,3g da mistura de excipientes. A cáp-
sula utilizada será a de tamanho 1.
Exemplo:
Proporção 1: 100
Cálculos Farmacêuticos 68
8.3.2 DILUIÇÃO DE COMPRIMIDOS
Ocasionalmente, comprimidos podem ser triturados inteiros ou repartidos,
com auxílio de gral e pistilo, reduzidos a pós e serem manipulados dentro de
cápsulas ou mesmo para preparo de soluções extemporâneas:
Exemplo 2:
O farmacêutico recebe a ordem de manipulação para preparar 1L de uma
solução de permanganato de potássio diluída 1:4000 como proceder, saben-
do que a farmácia tem disponível apenas comprimido de 100mg?
1g ----------- 4000mL
Xg ---------- 1000mL
x = 0,25g
x = 2,5cpr
Cálculos Farmacêuticos 69
Cálculos Aplicados à
Portaria 344/98 9
A Portaria nº 344 de 12 de maio de 199824, da Secretaria de Vigilância Sanitá-
ria do Ministério da Saúde, tem por objetivo aprovar o regulamento técnico
sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Os cri-
térios e procedimentos para autorização, comércio, transporte, prescrição,
escrituração, guarda, balanços, embalagem, controle e fiscalização destes
medicamentos são regidos por essa portaria24.
Cálculos Farmacêuticos 70
de controle especial constantes nas listas A, B e C2 e C3, devendo ser retida
pela farmácia ou drogaria no ato da dispensação24.
B2 Anorexígenos Sibutramina
C2 Retinoicas Adapaleno,Isotretinoína
C3 Talidomida Talidomida
*Concentrações Especiais
Cálculos Farmacêuticos 71
Figura 11. Notificação de Receita tipo “B”24
Cálculos Farmacêuticos 72
9.1 QUANTIDADES MÁXIMAS PARA
DISPENSAÇÃO
Seguindo a Portaria 344/98, os medicamentos da lista podem ser dispensa-
dos da seguinte forma:
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Numa drogaria, o farmacêutico recebe a seguinte prescrição:
Conforme bula, temos que cada frasco possui 20mL. Essa receita poderia ser
dispensada?
20gts/dia x 30 dias = 600 gotas
Cada frasco: 20mg/mL
20mL ------ 1mL
x ------ 20mL
x = 400gts/frasco
Cálculos Farmacêuticos 73
Conforme a Portaria 344/9824, medicamentos da Lista C1(Fluoxetina) podem
ser dispensados para até 60 dias de tratamento, porém o médico prescreveu
o tratamento para 30 dias. Neste caso, o farmacêutico não dispensará o me-
dicamento e deverá entrar em contato com o prescritor.
Cálculos Farmacêuticos 74
Cálculos Aplicados
à Resolução
RDC 20/2010
10
Os medicamentos a base de substâncias classificadas como antimicrobia-
nos de uso sob prescrição médica, devem ser dispensadas nas farmácias e
drogarias com obrigatoriedade na retenção de receita25. A primeira via da re-
ceita é devolvida para o paciente e a segunda via é de retenção da farmácia,
a qual deve ser armazenada por um período de 2 (dois) anos.
SITUAÇÃO 1:
PACIENTE: M.R. A.
IDADE: 38 ANOS
________________________
CRM: XXXX
DATA: ___/___/___
Cálculos Farmacêuticos 75
Segundo a RDC 20, o farmacêutico deverá estar atento a algumas situações
presentes nesta receita hipotética:
SITUAÇÃO 2:
▶ Nesta situação, a RDC 20/2011 diz que é vedada a devolução, por pessoa
física, de medicamentos antimicrobianos industrializados ou manipu-
lados para drogarias e farmácias. Excetua-se a devolução por moti-
vos de desvios de qualidade ou de quantidade que os tornem im-
próprios ou inadequados ao consumo, ou decorrentes de disparidade
com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
ou mensagem publicitária, a qual deverá ser avaliada e documentada
pelo farmacêutico. Caso seja verificada a pertinência da devolução, o
farmacêutico não poderá reintegrar o medicamento ao estoque co-
mercializável em hipótese alguma, e deverá notificar imediatamente
a autoridade sanitária competente, informando os dados de identifica-
ção do produto, de forma a permitir as ações sanitárias pertinentes.
Cálculos Farmacêuticos 76
Parâmetros do
Paciente para
Cálculo de Dose 11
A variabilidade da resposta individual aos medicamentos deve-se a diversos
fatores relativos ao meio ambiente, ao fármaco ou ao próprio paciente. Essa
variação influencia nas ações/efeitos terapêuticos e suas durações e possí-
veis reações adversas, o que explica, muitas vezes, o porquê da mesma dose
de um fármaco exercer um efeito terapêutico esperado para determinado
indivíduo e para outro não1,17.
SEM COM
MEDICINA DE MEDICINA DE
PRECISÃO PRECISÃO
Benefício Sem
benefício
Efeito
adverso
Terapia especializada
Cálculos Farmacêuticos 77
Parâmetros relacionados ao paciente, como peso corporal, idade, sexo, su-
perfície corporal, estado nutricional, situações fisiológicas especiais (gra-
videz e lactação), patológicas (indivíduos com funções hepáticas e renais
comprometidas) e emocionais, variações genéticas, polimedicação e aspec-
tos relacionados à adesão ao tratamento, na maioria das vezes, influenciam
na determinação da dose17. Nesta apostila iremos tratar dos cálculos farma-
cêuticos relacionados a parâmetros referentes a pacientes pediátricos e ge-
riátricos.
Lactentes – 1 a 24 meses
Pré-escolares – 2 a 5 anos
Escolares – 6 a 11 anos
Adolescentes – 12 a 18 anos
Cálculos Farmacêuticos 78
necessidade de triturar comprimidos e abrir cápsulas, modificar a via de ad-
ministração ou o preparo de soluções extemporâneas30.
A rediluição tem como objetivo preparar uma solução com uma concentra-
ção menor do que a original, ou seja, deve-se diluir o medicamento como
padrão de costume, depois calcular quanto contém em cada 1mL, aspirar
esse 1mL e rediluí-lo em 9mL de água destilada ou soro fisiológico, quantas
vezes forem necessárias até aspirar a dose prescrita exata .
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Num hospital pediátrico, foi prescrito 1,2mg EV de Aminofilina para crise de
asma brônquica, porém na farmácia está disponível apenas a Aminofilina de
240mg/10mL. Como proceder?
Cálculos Farmacêuticos 79
1º) Calcular quantos mL devemos aspirar para obtenção do valor prescrito:
Exemplo 2:
A dose de gentamicina para prematuros e recém-nascidos é de 2,5mg/Kg.
administrados a cada 12h. Qual é a dose diária para um recém-nascido que
pesa 2,5Kg?
Cálculos Farmacêuticos 80
Para resolver a seguinte questão, podemos utilizar a seguinte relação:
2,5
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑐𝑐𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑚𝑚𝑚𝑚) = 2.5𝑥𝑥
1
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = 6,25𝑚𝑚𝑚𝑚
11.1.3 C
ÁLCULOS BASEADOS NA ÁREA DE SUPERFÍCIE
CORPORAL
O Cálculo de dose tendo como referência a área de superfície corporal (BSA)
é bastante utilizado na oncologia para cálculos de medicamentos quimiote-
rápicos e na dosagem de medicamentos para pacientes pediátricos1.
Cálculos Farmacêuticos 81
dosagem particular e a ASC para a forma intravenosa, uma vez que por de-
finição a biodisponibilidade de um fármaco administrado IV é de 100%, uma
vez que todo o fármaco administrado entra em circulação.
11.2.1 C
ÁLCULOS DE DOSE BASEADOS NA DEPURAÇÃO DE
CREATININA
O rim e o fígado são os órgãos principais envolvidos no metabolismo de me-
dicamentos. Os rins recebem aproximadamente 20% do fluxo de sangue
Cálculos Farmacêuticos 82
bombeado pelo coração e filtram cerca de 125mL de plasma por minuto!1 No
processo de envelhecimento, onde o rim perde drasticamente a capacidade
de filtração ou quando a função renal está comprometida, a taxa de filtração
renal diminui, reduzindo também a eliminação dos fármacos que são meta-
bolizados por essa via.
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Determine a taxa de depuração de creatinina de um paciente do sexo mascu-
lino de 70 anos e que pesa 80kg e o valor de creatinina sérica igual a 2mg/dL.
(140 − 70) 𝑥𝑥 80
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
72 𝑥𝑥 2
(70) 𝑥𝑥 80
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝑟𝑟𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
144
Cálculos Farmacêuticos 83
Cálculos Aplicados à
Farmácia Hospitalar
12
Farmácia hospitalar: é a unidade clínico-assistencial, técnica e administrati-
va, onde se processam as atividades relacionadas à assistência farmacêutica,
dirigida exclusivamente por farmacêutico, compondo a estrutura organiza-
cional do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades ad-
ministrativas e de assistência ao paciente48.
Com isso, o farmacêutico atuante na área hospitalar tem que possuir exper-
tise na realização dos cálculos farmacêuticos, na manipulação de nutrição
parenteral, manipulação de quimioterápicos, dissolução/suspensão de for-
mas sólidas.
Cálculos Farmacêuticos 84
Figura 15. Vias de administração parenteral56
Cálculos Farmacêuticos 85
12.1.1 CALCULOS DE GOTEJAMENTO
Os cálculos de gotejamento são necessários para garantir a administração
endovenosa das soluções prescritas pelo médico por um período de tempo
adequado.
1mL = 20 gotas
1gota = 3 microgotas
1mL = 60 microgotas
GOTAS MICROGOTAS
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑥𝑥 3 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
Essas fórmulas são utilizadas em tempo (t) em hora inteira (Ex.; 1h, 2h, 3h etc.)
As unidades são utilizadas em gts/min e mgts/min e o volume em mL. Para
cálculos que utilizam o tempo em minutos (Ex.; 30min, 90min, 180min etc.),
temos:
GOTAS MICROGOTAS
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑥𝑥 20 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑥𝑥 60
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Qual a quantidade de microgotas necessária para infundir 600mL de uma
solução parenteral, durante 180 min?
Cálculos Farmacêuticos 86
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑥𝑥 60
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
600 𝑥𝑥 60
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 =
180
𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 = 𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐/𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎.
Ringer (R)
Cálculos Farmacêuticos 87
Exemplo 2:
Benzetacil® (Benzilpenicilina benzatina) é um antibiótico muito utilizado
para tratar bactérias sensíveis, a exemplo das causadoras da erisipela, febre
reumática e sífilis. Reconstituir Benzilpenicilina benzatina 1.200.000 UI fras-
co-ampola. Qual a concentração final? Se uma prescrição contiver a Benze-
tacil® 600.000UI Intramuscular profunda, como calcular a quantidade a ser
administrada?
𝑚𝑚
𝐶𝐶 =
𝑣𝑣
1.200.000
𝐶𝐶 =
4
𝐶𝐶 = 300.000 𝑈𝑈𝑈𝑈/𝑚𝑚𝑚𝑚
Exemplo 3:
Um farmacêutico recebe uma prescrição de um paciente pediátrico de 4kg
e 1 mês de idade com refluxo. O bebê começou a ser tratado com xarope de
Ranitidina 15mg/mL com uma dose de 10mg/kg/dia, por causa do sabor e do
conteúdo de álcool na preparação (7,5%), frequentemente rejeita o medica-
mento. O farmacêutico sugere um xarope/suspensão de Ranitidina, 60mL, a
uma dose de 10mg/kg/dia dividida em duas doses de 0,5mL. O farmacêutico
utiliza 75mg de comprimidos de Ranitidina triturados, quantos comprimi-
dos foram necessários?1
Cálculos Farmacêuticos 88
1º) 4kg x 10mg/kg/dia = 40mg/dia
40mg/dia = 20mg/dose
Exemplo 4:
Um médico prescreveu 20mg de dexametasona em boulos para um pacien-
te na emergência de um hospital. O farmacêutico possui a apresentação
de 4mg/mL. Como deverá ser o preparo desse medicamento? O Manual de
Diluição do Hospital informa que a diluição deve ser realizada utilizando SF
ou SG até completar o volume de 10mL.
Cálculos Farmacêuticos 89
12.2 TERAPIA DE HIDRATAÇÃO VENOSA
(THV)
Desequilíbrios hidroeletrolíticos interferem na regulação dos fluidos corpó-
reos, caracterizados por perda ou excesso de água do meio extracelular. Mui-
tas vezes a reidratação oral é utilizada em casos comuns, mas em indicações
específicas, a THV é o método de escolha.
Cálculos Farmacêuticos 90
Figura 18. Efeito da Osmolaridade nas Células44
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Algumas substâncias se dissolvem fornecendo íons à solução. Esses solutos
são chamados eletrólitos. Geralmente os eletrólitos são fornecidos por subs-
tâncias iônicas, tais como, NaCl, NaOH, NaHCO3, H2SO4, dentre outras. No
plasma sanguíneo, os principais eletrólitos presentes são os cátions Na+, K+,
Ca+2 e Mg+2 e os ânions Cl-, HCO-3, HPO4-2 e SO4-2, como visto anteriormente.
Além desses, ácidos orgânicos e proteínas fornecem eletrólitos ao organis-
mo. Por diversos motivos, como patologias, procedimentos cirúrgicos, uso
de medicamentos, desidratação e outros, o equilíbrio hidroeletrolítico no or-
ganismo pode ser alterado. Assim, a compensação do balanço hídrico é feita
através da administração de formulações contendo eletrólitos, cujas doses
são dadas em miliequivalentes (mEq), unidade que reflete a atividade quí-
mica de um eletrólito com base na sua valência.
Exemplo 5:
Um homem de 50 anos com cirrose hepática desenvolve edema progressi-
vo e ascite enquanto tomava Espironolactona 100 mg/dia. O médico pede a
dosagem do potássio sérico e o laboratório de análises clínicas libera o laudo
com resultado de potássio sérico de 8,5 mg/100mL, o médico, todavia, quer
o resultado em mEq/L, como fazer essa conversão?
Cálculos Farmacêuticos 91
𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒙𝒙 𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗𝒗ê𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏𝒏
𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷𝑷 𝒂𝒂𝒂𝒂ô𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎, 𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒇𝒇ó𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓
𝟖𝟖, 𝟓𝟓𝟓𝟓 𝟏𝟏𝟏𝟏 𝒙𝒙𝒙𝒙, 𝟎𝟎
𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝟑𝟑𝟑𝟑
= 𝟐𝟐, 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏/𝑳𝑳
Cálculos Farmacêuticos 92
𝒎𝒎
𝑪𝑪 =
𝑽𝑽
12.4 C
ÁLCULOS DE PREPARAÇÕES
ONCOLÓGICAS
Na preparação de soluções oncológicas os cálculos envolvidos são de re-
constituição e diluição já abordados nesta apostila. As doses destes medi-
camentos, majoritariamente, são representadas em função do parâmetro
superfície corpórea: mg/m2.
A Carboplatina é exceção a esta regra e sua dose, em alguns casos, pode ser
definida em função da AUC (área sob a curva) almejada, que, em sua de-
finição representa a biodisponibilidade do medicamento, baseada em sua
concentração no plasma por unidade de tempo (mg/mL.min). Nesse caso, a
dose do medicamento seguirá a fórmula:
Cálculos Farmacêuticos 93
Cálculos
para Nutrição
Parenteral 13
A Nutrição parenteral (NP) é a alimentação realizada ao paciente hospitali-
zado por infusão intravenosa (IV) de fluidos e nutrientes básicos. A NP pode
servir para completar parcialmente (Nutrição Parenteral Parcial – NPP) ou
para substituir completamente a alimentação normal (Nutrição Parenteral
Total – NPT), pela via enteral (via gastro-intestinal)1.
Cálculos Farmacêuticos 94
As principais indicações clínicas para utilização da TNP são:
Adultos:
Recém-Nascidos/ Crianças:
Macronutrientes:
Glicose
Lipídeos
Aminoácidos
Micronutrientes:
Eletrólitos
Vitaminas
Minerais
Cálculos Farmacêuticos 95
A osmolaridade é o parâmetro que avalia a via de infusão recomendável à
administração da NP:
Cálculos Farmacêuticos 96
I) Solução de Glicose: As soluções de glicose possuem uma densidade
calórica de cerca de 3,4 Kcal/g de glicose monohidratada, ou seja, uma
solução de glicose a 25% provê 86kcal de energia. Elevam a osmolarida-
de da solução, pois são utilizadas altas concentrações
II) Emulsões Lipídicas (EL): Uma emulsão lipídica a 10% fornece 11Kcal/g
de energia total e de 20 a 30% provê 10kcal/g. Proporciona uma NPT de
menor volume e menor osmolaridade. São adicionados triglicérides de
cadeia longa e cadeia média (TCL e TCM) na NPT a fim de evitar a ca-
rência de ácidos graxos essências (ácidos linoleico, linolênico e araqui-
dônico);
Cálculos Farmacêuticos 97
13.2 PRECIPITAÇÃO DE CÁLCIO E
FÓSFORO
No preparo da NPT, podem ocorrer surgimento de precipitado na solução
devido a união do íon cálcio, proveniente do gluconato de cálcio e o íon fos-
fato, proveniente do fosfato de potássio ou sódio34.
VAMOS PRATICAR?
Exemplo 1:
Paciente, sexo masculino, 48 anos, pós-operatório de colectomia proximal
por trauma abdominal, hemodinamicamente estável, porém com íleo pa-
ralítico e distensão abdominal, eutrófico (bem nutrido), com indicação de
nutrição parenteral total. Qual a osmolaridade da solução? Peso do paciente
62Kg.
Cálculos Farmacêuticos 98
Paciente: XXXXXXX
Prontuário: 0000 Data de nascimento: xx/xx/xxxx Peso: 62Kg
Polivitamínico 10mL/dia
Polivitamínico A 5mL/dia
Polivitamínico B 5mL/dia
Oligoelementos 229mL
________________
1860mL
77,5mL/h (24h de infusão) Dr. XXXXx
CREMEB 0000
Cálculos Farmacêuticos 99
2º) Cálculo dos macronutrientes:
1,2g x 62 Kg = 74,4g/dia
1g de AA = 4kcal
1g ----------- 4Kcal
74,4 g---------- x mL
x = 297,6 Kcal
% VET
x = 16%
x mL ---------- 74,4g
x = 744mL de AA a 10%
100mL ---------- x
x = 4%
Lip = 1g/kg/dia
x ---------- 62g
Padronização:
620mL ---------- x
Cálculo Glicose
1g glicose = 3,6kcal
𝑚𝑚
𝐶𝐶 =
1g--------- 3,6kcal 𝑉𝑉
248g--------- x
248
𝐶𝐶 = 𝑥𝑥 100%
1860
x = 892,8kcal de glicose
𝑪𝑪 = 𝟏𝟏𝟏𝟏, 𝟑𝟑𝟑𝟑%
1860kcal--------- 100%
892,8kcal--------- x
20mL--------- x
x = 70mEq
Cloreto de potássio a 19,1% (1mL
= 2,5mEq)
POTÁSSIO
1mL --------- 2,5mEq
K+: Recomendação diária = 30 - 100mEq
20mL--------- x
x=50mEq
x = 5mEq
Sulfato de magnésio a 10% (1mL
= 0,8mEq)
MAGNÉSIO
1mL --------- 0,8mEq
Mg2+: Recomendação diária = 10- 30mEq
10mL--------- x
x = 8mEq
mOsm/L = (40*8)+(133,3*7)+(37,6*6)+(0,52*0,2)-50