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ENGENHARIA DE PROCESSOS
BALANÇO MATERIAL
E DE ENERGIA
setembro/2018
Balanço Material e de Energia
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 2
1.1. DIMENSÕES E UNIDADES ...................................................................................... 4
1.1.1. CONVERSÃO DE UNIDADES ........................................................................ 4
1.1.2. O FATOR gc ...................................................................................................... 6
1.2. VARIÁVEIS DE PROCESSO ..................................................................................... 6
1.2.1. VAZÃO............................................................................................................... 7
1.2.2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA ................................................................................ 8
1.2.3. PRESSÃO ......................................................................................................... 11
1.2.4. TEMPERATURA ............................................................................................. 11
2. FUNDAMENTOS DE BALANÇOS EM PROCESSOS QUÍMICOS ............................... 12
2.1. CLASSIFICAÇÃO DE PROCESSOS ....................................................................... 12
2.2. A EQUAÇÃO GERAL DE BALANÇO .................................................................... 13
2.3. FLUXOGRAMAS DE PROCESSO .......................................................................... 15
2.3.1. FLUXOGRAMA DE BLOCOS ....................................................................... 15
2.3.2. FLUXOGRAMA DE PROCESSO ................................................................... 16
2.3.3. FLUXOGRAMA DE TUBULAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO ..................... 18
3. PROCEDIMENTO GERAL DE BALANÇO MATERIAL................................................ 19
3.1. ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES ................................................................ 20
3.2. BASE DE CÁLCULO ................................................................................................ 21
3.3. ANÁLISE DE GRAUS DE LIBERDADE (AGL) .................................................... 21
3.3.1. AGL EM SISTEMAS SIMPLES ...................................................................... 22
3.3.2. AGL EM SISTEMAS COMPLEXOS .............................................................. 22
3.4. BALANÇO MATERIAL EM SISTEMAS COM REAÇÃO .................................... 26
3.4.1. BALANÇO EM SISTEMAS COM REAÇÕES DE COMBUSTÃO .............. 31
4. PROCEDIMENTO GERAL DE BALANÇO DE ENERGIA ............................................ 34
4.1. DETERMINAÇÃO DE U E H ............................................................................. 36
4.2. BALANÇO DE ENERGIA EM SISTEMAS SEM REAÇÃO .................................. 38
4.3. BALANÇO DE ENERGIA EM SISTEMAS COM REAÇÃO ................................. 39
4.3.1. MÉTODO DO CALOR DE REAÇÃO ............................................................ 42
4.3.2. MÉTODO DO CALOR DE FORMAÇÃO ...................................................... 43
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 45
Balanço Material e de Energia 2
1. INTRODUÇÃO
Desde a fase mais preliminar de concepção e cálculo de um processo químico e durante
sua operação e o acompanhamento de seu respectivo desempenho, os fluxos de matéria e
energia são de fundamental importância. Sem eles não é possível determinar a viabilidade
de um projeto, projetar seus equipamentos, simular seu comportamento, determinar suas
condições operacionais ótimas, identificar problemas operacionais e de processo, propor
melhorias e otimizar seu desempenho.
unidade, a energia ali presente pode estar em forma de trabalho ou calor, e é essencial que se
conheça o consumo efetivo de energia, tendo em vista seu enorme impacto econômico sobre
qualquer processo químico industrial.
A Tabela 1.1 traz um resumo sobre os sistemas físicos e permeabilidades das fronteiras,
levando em consideração aspectos como calor, trabalho, entropia e volume.
ABERTO
FECHADO
ISOLADO
ADIABÁTICO
ISOCÓRICO
Balanço Material e de Energia 4
51,715 2,0360 6,8947 x 10–2 6,8046 x 10–2 6,8947 1 1,9800 x 106 0,74593 1 2.545,2 6,4139 x 105 2,6854 x 106
777,93 2,9307 x 10–4 3,9290 x 10–4 1 252,0 1.055,1
3,0870 1,1630 x 10–6 1,5591 x 10–6 3,9683 x 10–3 1 4,1868
0,73733 2,7778 x 10–7 3,7239 x 10–7 9,4781 x 10–4 0,23885 1
RELAÇÕES ENTRE FORÇA E MASSA RELAÇÕES ENTRE ESCALAS DE TEMPERATURA
NOS SISTEMAS DE UNIDADES EQUIVALENTES DE POTÊNCIA
Celsius vs. Kelvin
F = m.a/gc ou P = m.g/gc hp kW ft.lbf/s Btu/s J/s
1 oC = 1 K t (oC) = T (K) - 273,15
1 lbf = 4,4483 N 1 0,74593 550,0 0,7070 745,93
Celsius vs. Fahrenheit
gc = 1,0 kg.m/N.s2 (SI) 1 oC = 1,8 oF t (oF) = t (oC)*1,8 + 32,0 1,3406 1 737,33 0,94781 1.000,0
gc = 1,0 g.cm/dina.s2 (CGS) Fahrenheit vs. Rankine 1,8182 x 10–3 1,3562 x 10–3 1 1,2855 x 10–3 1,3562
1 oF = 1 oR t (oF) = T (oR) – 459,67
gc = 32,174 lb.ft/lbf.s2 (Sistema Americano 1,4144 1,0551 777,93 1 1.055,1
de engenharia) Kelvin vs. Rankine
1 K = 1,8 oR T (oR) = T (K)*1,8 1,3406 x 10–3 1,0 x 10–3 0,73733 9,4781 x 10–4 1
gc = 9,8067 kg.m/kgf.s2 (Sistema métrico)
Balanço Material e de Energia 6
1.1.2. O FATOR gc
1.2.1. VAZÃO
assim sucessivamente, podendo ser utilizado para converter vazões mássicas em vazões
molares e vice-versa.
• mi = ni ∙ Mi (1.4)
• ni = mi / Mi (1.5)
compostas de ambas as fases. Obviamente, tem-se a restrição física de que a soma das
frações molares de uma mistura tem que ser igual a 1, ou seja, xi = yi =zi =1
• 𝑀
̅ = ∑ 𝑥𝑖 𝑀𝑖 ou ̅ = ∑ 𝑦𝑖 𝑀𝑖
𝑀 (base molar) (1.6)
1 𝑤𝑖
• ̅
=∑ (base mássica) (1.7)
𝑀 𝑀𝑖
• Massa de A / massa de B;
1.2.4. PRESSÃO
1.2.5. TEMPERATURA
GERAÇÃO CONSUMO
ACÚMULO ENTRADA SAÍDA (2.1)
DENTRO DENTRO
no Sistema no Sistema do Sistema
do Sistema do Sistema
• Mols total;
Há uma aparente contradição na Equação 2.1, uma vez que esta inclui termos
de geração e consumo de matéria e energia, o que seria contrário ao princípio da
Balanço Material e de Energia 14
GERAÇÃO CONSUMO
0 ENTRADA SAÍDA (2.2)
DENTRO DENTRO
no Sistema do Sistema
do Sistema do Sistema
• Tubulação do sistema;
Uma vez concluídas essas etapas, será possível resolver as equações que descrevem
o balanço material do processo químico em análise e obter os valores correspondentes
das variáveis desconhecidas que “fecham” este balanço, o que poderá ser feito
manualmente, através de uma planilha de cálculo ou de um simulador de processos.
Balanço Material e de Energia 20
Esta etapa é essencial para que se identifique, de forma simples e rápida, tudo
que já é conhecido a respeito do sistema em análise e consiste do seguinte:
Uma base de cálculo para um processo é uma quantidade ou vazão de uma das
correntes do processo. Se duas ou mais vazões ou quantidades de componente de
correntes são conhecidas, uma delas pode ser adotada como a base de cálculo.
Porém, também pode ser conveniente admitir outra base e escalonar o diagrama até o
valor especificado. Se nenhuma vazão ou quantidade for conhecida, deve-se considerar
um valor como base de cálculo, de preferência para uma corrente com composição
conhecida.
• NGL < 0: Neste caso, existem mais equações do que variáveis. Pode ser que
o fluxograma esteja mal elaborado ou que o problema esteja
superespecificado e tem soluções múltiplas. Deve-se verificar se não há
variáveis ausentes, relações redundantes ou inconsistentes, de modo a fazer
NGL = 0.
de uma envoltória. Pode ser o processo completo, uma combinação de algumas unidades
do processo, uma única unidade, um ponto no qual duas ou mais correntes se juntam ou
um ponto onde uma corrente se divide em outras. As entradas e saídas de uma envoltória
são as correntes de processo que cortam suas fronteiras. A Figura 3.1 apresenta o
fluxograma de um processo composto por duas unidades de processamento.
Neste sistema há cinco envoltórias (linhas tracejadas), as quais representam os
subsistemas para os quais devem ser realizados balanços materiais. A envoltória A
engloba todo o processo, ou seja, é a envoltória global. Esta envoltória é cruzada pelas
correntes de Alimentação 1, 2 e 3 (entradas) e as correntes de Produto 1, 2 e 3 (saídas),
que são as únicas que fazem parte deste balanço. A corrente que conecta as Unidades 1 e
2 é interna ao sistema e, portanto, não faz parte do balanço da envoltória global do
sistema. A envoltória B representa o ponto de mistura das correntes de alimentação 1 e 2
(entradas), sendo que sua corrente de saída é aquela que alimentará a Unidade 1.
A envoltória C representa a Unidade 1, que tem como entrada a saída da envoltória B e
como saídas a corrente de produto 1 e uma corrente que seguirá para a unidade 2 e para
o produto 2. Isto exige o estabelecimento da envoltória D, que representa o ponto de
divisão desta corrente. A envoltória E representa a Unidade 2, que tem como entrada uma
das saídas da envoltória D e a corrente de produto 3.
Carga 2
Carga 1 Produto 3
Unidade 1 Unidade 2
Uma vez que haja ao menos uma das envoltórias com NGL = 0 deve-se
estabelecer a sequência de resolução do sistema, que consiste na sequência na qual as
envoltórias devem ser resolvidas. Esta sequência será obtida a partir da análise do número
Balanço Material e de Energia 25
de graus de liberdade das demais envoltórias do sistema depois que a envoltória para a
qual NGL = 0 na análise inicial, uma vez que, resolvida esta envoltória, ao menos uma
outra envoltória terá NGL = 0. Repetindo-se sucessivamente este procedimento se
chegará a uma, ou mais, sequências lógicas de resolução das envoltórias do sistema.
Obviamente, uma das envoltórias jamais precisará ser resolvida, uma vez que todas as
suas entradas e saídas terão sido determinadas quando a penúltima envoltória tiver sido
resolvida. De todo modo, esta última envoltória poderá ser utilizada para verificação do
balanço do sistema, uma vez que os valores de suas entradas e saídas encontrados a partir
das demais envoltórias deverão satisfazer suas equações de balanço.
Reciclo e Purga
mais unidades, que tem como entrada a Carga Combinada – CC e como saída Produto
Bruto – E. A envoltória 4 representa o processo de separação do Produto
Bruto – E (entrada), resultando em duas saídas, o Produto Líquido – P e a corrente S, a
ser reciclada para a alimentação do processo, no caso de não haver necessidade de purga
de impurezas e/ou contaminantes. Caso haja necessidade de se purgar uma fração da
corrente S, esta deverá ser alimentada à envoltória 5, onde será dividida em duas
correntes, o Reciclo – R e a Purga – PG (saídas), que serão correntes de composição
idêntica, porém com vazões diferentes.
• Reagente em excesso: todos os outros que não são o reagente limitante e que
aparecerão na saída do reator no caso do reagente limitante ser
completamente consumido. Assim, a quantidade em excesso de um reagente
é aquela que está além da quantidade estequiométrica necessária para reagir
completamente com o reagente limitante. O percentual em excesso de um
reagente é calculado através da Equação 3.2:
𝑛𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜 −𝑛𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜
%𝐸𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = × 100 (3.2)
𝑛𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜
• Extensão (ou avanço) da reação (ξ): é uma quantidade única para cada
reação, que independente da espécie e que satisfaz à Equação 3.4, podendo
ser calculado a partir das informações de qualquer reagente ou produto:
𝑛𝑖 = 𝑛𝑖0 + 𝜈𝑖 . ξ (3.4)
Vale lembrar que, no caso de múltiplas reações a Equação 3.4 deve ser
substituída pela Equação 3.6:
𝑛𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜 = (3.8)
𝑛𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜
• Atômica: Neste caso, as equações de balanço são escritas para cada espécie
atômica e não para as substâncias. Assim, haverá tantas equações de balanço
quantos forem as diferentes espécies atômicas presentes e cada termo dessas
equações será composto do número de átomos de uma espécie presente numa
substância multiplicado pela quantidade em mols dessa substância na entrada
e na saída do reator ou sistema. Vale salientar que, como as espécies atômicas
não podem ser criadas ou destruídas, a equação de balanço para as espécies
atômicas é escrita na forma “entrada = saída”;
• Uma reação química não será independente se puder ser obtida por
combinações de outras reações químicas presentes no sistema.
Balanço Material e de Energia 30
altura. Deste modo, é usual desprezar-se os termos EK e EP, fazendo com que a
equação de balanço tenha a forma da Equação 4.2:
𝑄 + 𝑊 = ∆𝑈 (4.2)
Deste modo, o termo relativo ao trabalho deve ser dividido em trabalho de fluxo
(Wf) e trabalho de eixo (Ws), ou seja, W = Wf + Ws. O trabalho de fluxo é dado pela
variação do produto Pressão x Volume da fluido entre a entrada e a saída do sistema
considerado, representado pela Equação 4.3:
A Equação 4.5, quando aplicada a processos químicos (sistemas abertos) pode ser
simplificada para a forma da Equação 4.6, uma vez que, conforme observado
anteriormente para sistemas fechados, os termos EK e EP podem ser desprezados.
𝑄 + 𝑊𝑠 = ∆𝐻 (4.6)
• Quando não há trabalho de eixo, como ocorre em trocadores de calor, reatores sem
agitação, colunas etc., o termo Ws = 0.
4.1. Determinação de U e H
Neste ponto é importante observar que aqui se tratará dos cálculos de energia
interna e entalpia apenas como função da temperatura, desprezando-se o efeito da
pressão. Esta abordagem é assim feita em virtude dessas propriedades serem muito
fracamente dependentes da pressão para líquidos e de considerar-se o gás como tendo
comportamento de gás ideal, que é uma aproximação razoável apenas a baixas
pressões. Deixa-se a abordagem mais rigorosa para os livros de termodinâmica, uma
vez que o objetivo aqui é apresentar a metodologia de cálculo do balanço de energia.
𝑇
∆𝐻 = ∫𝑇 2 𝐶𝑝 (𝑇)𝑑𝑇 (4.8)
1
Estados de Referência
• Calcular ou especificar W e Q;
O HR pode ser medido, através de um calorímetro, ou, como é mais usual,
calculado a partir do calor padrão de formação de cada um dos reagentes e produtos
Balanço Material e de Energia 41
da reação. Este cálculo é feito com base na Lei de Hess: “Se a equação estequiométrica
de uma reação pode ser obtida pela combinação algébrica das equações
estequiométricas de outras reações, então o calor de reação da primeira reação pode
ser obtido da mesma forma”.
A partir da Lei de Hess pode-se demonstrar que o HR° pode ser obtido a
partir da Equação 4.13:
• Calcular ou especificar W e Q;
• Calcular ou especificar W e Q;
REFERÊNCIAS
BRASIL, N.I. Introdução à Engenharia Química. 3aed, Rio de Janeiro, Interciência,
2013.