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Crescimento
Celular e
Diferenciação
SUMÁRIO
1. Adaptações do crescimento celular e diferenciação............................................3
2. Hipertrofia...........................................................................................................3
3. Mecanismos da hipertrofia..................................................................................5
4. Hiperplasia..........................................................................................................7
Hiperplasia fisiológica................................................................................................... 7
Hiperplasia patológica.................................................................................................. 7
Mecanismos da hiperplasia.......................................................................................... 8
5. Atrofia.................................................................................................................8
Mecanismos da atrofia............................................................................................... 10
6. Metaplasia.........................................................................................................10
Mecanismos da metaplasia....................................................................................... 11
Referências ........................................................................................................................13
1. ADAPTAÇÕES DO CRESCIMENTO
CELULAR E DIFERENCIAÇÃO
A célula apresenta uma faixa razoavelmente estreita de função e estrutura por seu
estado de metabolismo, diferenciação e especialização; por limitações das células
vizinhas; e pela disponibilidade de substratos metabólicos. No entanto, é capaz reali-
zar suas demandas fisiológicas, mantendo um estado normal de homeostasia.
As adaptações são respostas estruturais e funcionais reversíveis a estresses fisio-
lógicos mais excessivos e a alguns estímulos patológicos, durante os quais estados
constantes novos, porém alterados, são alcançados, permitindo que a célula sobre-
viva e continue a funcionar. A resposta adaptativa pode consistir em um aumento no
tamanho das células (hipertrofia) e da atividade funcional, um aumento do número
de células (hiperplasia), uma diminuição do tamanho e da atividade metabólica das
células (atrofia) ou uma mudança do fenótipo das células (metaplasia). Quando o
estresse é eliminado, a célula pode retornar a seu estado original, sem ter sofrido
qualquer consequência danosa.
Caso os limites da resposta adaptativa sejam ultrapassados ou as células forem
expostas a agentes lesivos ou estresse, privadas de nutrientes essenciais, ou fica-
rem comprometidas por mutações que afetam os constituintes celulares essenciais,
sobrevém uma sequência de eventos, chamada lesão celular, na qual apresenta uma
capacidade de reversibilidade até certo ponto, mas que diante da persistência do
estímulo ou caso este seja intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão
irreversível e, finalmente, morte celular.
A morte celular, o resultado final da lesão celular progressiva, é um dos eventos
mais cruciais na evolução da doença, podendo ser resultante de várias causas, in-
cluindo isquemia (redução do fluxo sanguíneo), infecção e toxinas. Existem duas
vias principais de morte celular, a necrose e a apoptose. É importante salientar que
a morte celular constitui também um processo normal e essencial na embriogênese,
no desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da homeostasia.
2. HIPERTROFIA
A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do
tamanho do órgão. É importante compreender que um órgão hipertrofiado não pos-
sui novas células, mas apenas células maiores. O tamanho aumentado das células é
devido à síntese de mais componentes estruturais das células.
Células capazes de divisão podem responder ao estresse submetendo-se a hiper-
plasia e hipertrofia, enquanto em células que não se dividem (fibras miocárdicas) o
aumento da massa tecidual é devido à hipertrofia.
Figura 1: Relação entre células miocárdicas normais e a adaptação através da hipertrofia, causada
pelo aumento do fluxo sanguíneo que requer maior esforço mecânico pelas células miocárdicas, le-
vando ao espessamento da parede do ventrículo esquerdo acima de 2 cm (normal 1 a 1,5 cm).
Fonte: Alila Medical Media/shutterstock.com
3. MECANISMOS DA HIPERTROFIA
A hipertrofia é o resultado do aumento de produção das proteínas celulares. A
hipertrofia pode ser induzida por ações conjuntas de sensores mecânicos (aumento
da carga de trabalho), fatores de crescimento (TGF-β, fator-1 de crescimento seme-
lhante à insulina [IGF-1], fator de crescimento fibroblástico) e agentes vasoativos
(agonistas α-adrenérgicos, endotelina-1, e angiotensina II). Na verdade, os próprios
sensores mecânicos induzem a produção de fatores de crescimento e agonistas.
Tais estímulos atuam coordenadamente para aumentar a síntese de proteínas mus-
culares que são responsáveis pela hipertrofia.
As duas principais vias bioquímicas envolvidas na hipertrofia muscular parecem
ser a via do fosfoinositídeo 3-cinase/Akt (induzida por exercício – hipertrofia fisioló-
gica) e a via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores (induzida
por muitos fatores de crescimento e agentes vasoativos - hipertrofia patológica).
A hipertrofia pode também estar associada com uma mudança das proteínas con-
tráteis adultas para uma forma fetal ou neonatal. Por exemplo, durante a hipertrofia
muscular, a isoforma α da cadeia pesada da miosina é substituída pela isoforma β,
a qual possui uma contração mais lenta e energeticamente mais econômica. Além
disso, alguns genes que são expressos apenas durante o desenvolvimento inicial
são expressados novamente em células hipertróficas e os produtos desses genes
participam na resposta celular ao estresse. Por exemplo, no coração embrionário, o
gene para o fator natriurético atrial (FNA) é expresso tanto no átrio quanto no ventrí-
culo, mas é subregulado após o nascimento. A hipertrofia cardíaca, no entanto, está
associada com a reindução da expressão do gene do FNA. O FNA é um hormônio
peptídico que causa secreção de sal pelo rim, reduz o volume sanguíneo e a pressão
arterial e, portanto, atua no sentido de reduzir a carga hemodinâmica. Seja qual for
a causa exata e o mecanismo da hipertrofia cardíaca, ela finalmente alcança um
limite no momento em que o aumento da massa muscular deixa de ser capaz de
compensar a sobrecarga. Nesse estágio, ocorrem várias alterações regressivas nas
fibras miocárdicas, das quais as mais importantes são lise e perda de elementos
contráteis miofibrilares. Em casos extremos, ocorre a morte dos miócitos, por apop-
tose ou necrose. O resultado final dessas alterações é a insuficiência cardíaca.
Hiperplasia Fisiológica
A hiperplasia fisiológica pode ser dividida em:
Hiperplasia hormonal: aumenta a capacidade funcional de um tecido, quando ne-
cessário. Esse tipo de hiperplasia é muito bem ilustrado pela proliferação do epitélio
glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez, geralmente acom-
panhada por aumento (hipertrofia) das células epiteliais glandulares.
Hiperplasia compensatória: aumenta a massa de tecido após lesão ou ressec-
ção parcial. A representação clássica de hiperplasia compensatória vem do mito
de Prometeu, que mostra que os gregos antigos reconheceram a capacidade do fí-
gado de regenerar-se. Como castigo por ter roubado o segredo do fogo dos deuses,
Prometeu foi acorrentado a uma montanha e seu fígado era devorado diariamente
por uma águia, mas regenerava-se de novo a cada noite. Em indivíduos que doam um
lobo do fígado para transplante, as células restantes proliferam de tal maneira que
logo o órgão cresce e retorna ao seu tamanho original.
Hiperplasia Patológica
A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada por excesso de hormô-
nios ou fatores de crescimento atuando em células alvo. A hiperplasia endometrial é
um exemplo de hiperplasia anormal induzida por hormônio. Normalmente, após um
período menstrual, há um surto rápido de atividade proliferativa no epitélio que é es-
timulado por hormônios hipofisários e por estrogênio ovariano. É detida pelos níveis
crescentes de progesterona, em geral cerca de 10 a 14 dias antes do fim do período
menstrual. Entretanto, em alguns casos, o equilíbrio entre estrogênio e progesterona
é alterado. Isso resulta em aumentos absolutos ou relativos de estrogênio, com con-
sequente hiperplasia das glândulas endometriais. Essa forma de hiperplasia pato-
lógica é uma causa comum de sangramento menstrual anormal. Um outro exemplo
comum de hiperplasia patológica é a hiperplasia prostática benigna induzida por
respostas ao hormônio, neste caso, os androgênios. Embora essas formas de hiper-
plasia sejam anormais, o processo permanece controlado porque não há mutações
Mecanismos da hiperplasia
A hiperplasia é o resultado da proliferação de células maduras induzida por fato-
res de crescimento e, em alguns casos, pelo surgimento elevado de novas células a
partir de células-tronco teciduais. Por exemplo, após hepatectomia parcial, são pro-
duzidos no fígado fatores de crescimento que se ligam a receptores nas células so-
breviventes e ativam vias de sinalização que estimulam a proliferação celular. Porém,
se a capacidade proliferativa das células hepáticas estiver comprometida, como
ocorre em algumas formas de hepatite que causam lesão celular, os hepatócitos po-
dem se regenerar a partir de células-tronco intra-hepáticas.
5. ATROFIA
Atrofia é a redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição
do tamanho e do número de células. A atrofia pode ser fisiológica, sendo ela comum
durante o desenvolvimento normal, como ocorre com estruturas embrionárias como
a embriologia no desenvolvimento fetal com a notocorda e o ducto tireoglosso, ou
no caso do útero logo após o parto; ou patológica, podendo ser local ou generaliza-
da, a depender da causa básica. As causas comuns de atrofia são:
Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso): comumente identificada em
pacientes imobilizados ou restritos a repouso completo no leito, que rapidamente
atrofiam os músculos esqueléticos. A redução inicial do tamanho celular é reversível
6. METAPLASIA
Metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epite-
lial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular. Ela representa uma substi-
tuição adaptativa de células sensíveis ao estresse por tipos celulares mais capazes
de suportar o ambiente hostil.
A metaplasia epitelial mais comum é a colunar para escamosa, como ocorre no
trato respiratório em resposta à irritação crônica. Nos fumantes habituais de cigar-
ros, as células epiteliais normais, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios,
são, com frequência, substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas.
Cálculos nos ductos excretores das glândulas salivares, pâncreas ou ductos biliares
podem também causar a substituição do epitélio colunar secretor normal por epitélio
escamoso estratificado. A deficiência de vitamina A (ácido retinóico) induz metapla-
sia escamosa no epitélio respiratório. Em todos esses exemplos, o epitélio escamo-
so estratificado mais resistente é capaz de sobreviver sob circunstâncias nas quais
o epitélio colunar especializado mais frágil teria sucumbido. Entretanto, a mudança
para células escamosas metaplásicas tem um preço. Por exemplo, no trato respira-
tório, embora o revestimento epitelial se torne rígido, os importantes mecanismos
Mecanismos da Metaplasia
A metaplasia não resulta de uma alteração no fenótipo de um tipo celular já di-
ferenciado; em vez disso, ela é resultado de uma reprogramação de células-tronco
que sabidamente existem em tecidos normais ou de células mesenquimais indi-
ferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Em uma alteração metaplásica, essas
células precursoras diferenciam-se ao longo de uma nova via. A diferenciação de
células-tronco para uma linhagem em particular é causada por sinais gerados por
citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular no ambiente
das células. Esses estímulos externos promovem a expressão de genes que direcio-
nam as células para uma via específica de diferenciação. No caso da deficiência ou
excesso de vitamina A, sabe-se que o ácido retinoico regula diretamente a transcri-
ção do gene através de receptores retinoides nucleares, os quais podem influenciar
a diferenciação de progenitores derivados de células-tronco no tecido. Desconhece-
se como outros estímulos externos causam metaplasia, mas é claro que, de algum
modo, eles também alteram a atividade dos fatores de transcrição que regulam a
diferenciação.
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