Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Hipertrofia
É um aumento no tamanho das células em função do aumento da demanda fisiológica em
resposta a alterações no ambiente celular. Ocorre em células que não podem se proliferar e
respondem ao estímulo aumentando o seu metabolismo e o número de organelas
citoplasmáticas para atender as necessidades ambientais ou pode ocorrer em conjunto com
a hiperplasia, ou seja, em células que possuem capacidade proliferativa. É induzida pela ação
conjunta de sensores mecânicos, fatores de crescimento (TGF-beta; IGF-1, fator de
crescimento fibroblástico) e agentes vasoativos (endotelina-1, agonista alfa adrenérgico) que
estimulam a síntese de proteínas estruturais. Para que a hipertrofia ocorra é indispensável
que haja um suprimento sanguíneo aumentado para a chegada de nutrientes e O2 no local.
A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica.
Exemplos:
Hipertrofia fisiológica:
Hipertrofia muscular esquelética = induzida por exercícios onde a isoforma alfa da
cadeia pesada da miosina é substituída pela isoforma beta através de uma mudança
na expressão gênica, pois a isoforma beta possui uma contração mais lenta e
energeticamente mais econômica.
Hipertrofia induzida por hormônios = útero durante a gravidez
Hipertrofia patológica:
Hipertrofia muscular cardíaca = em resposta a uma sobrecarga hemodinâmica
crônica ocorre uma maior síntese de proteínas, um aumento no número de
miofilamentos e a indução de genes fetais como o fator natriurético que age nos rins
aumentando a secreção de sal e de água na tentativa de reduzir o volume sanguíneo
e a sobrecarga, inicialmente esses mecanismos funcionam, porém se o estímulo que
induz a hipertrofia cardíaca não for retirado várias alterações regressivas ocorrem e
as células sofrem lesão celular e perda de elementos contráteis levando a uma
condição de insuficiência cardíaca crônica.
Hipertrofia seletiva:
Ocorre quando apenas uma organela subcelular sofre hipertrofia: nos casos de
pacientes que fazem uso de barbitúricos que exibem hipertrofia do retículo
endoplasmático agranular dos hepatócitos para aumentar a quantidade de enzimas
P-450 que tem como principal função a metabolização da droga na tentativa de
desintoxicação, com o passar do tempo o paciente responde menos a droga,
necessitando de um ajuste de dose.
Atrofia
É a redução do tamanho de células em função da diminuição da síntese protéica e do
aumento da degradação das proteínas nas células em função da atividade metabólica
reduzida. A atrofia pode ser de origem fisiológica ou patológica. Exemplos de atrofia
fisiológica:
Redução da notocorda e do ducto tireoglosso durante o desenvolvimento fetal;
Redução do útero após o parto
A atrofia patológica depende da causa básica e pode ser local ou generalizada. As causas
mais comuns de atrofia patológica são:
Redução da carga de trabalho em casos de repouso prolongado (internações);
Perda da inervação da musculatura esquelética em casos de lesão medular;
Redução do suprimento sanguíneo causado pela arteriosclerose;
Nutrição inadequada leva a degradação da massa muscular magra;
Perda de estimulação endócrina no climatério leva a redução das gônadas;
Compressão tecidual leva a isquemia e consequente redução do suprimento
sanguíneo de O2 e nutrientes, induzindo a célula reduzir sua demanda fisiológica.
Uma célula que sofre atrofia tem uma redução do número de organelas citoplasmáticas,
uma redução das funções metabólicas e um aumento da degradação protéica que pode
ocorrer por duas vias a da ubiquitina proteassoma, na qual a organela a ser digerida é
marcada com o peptideo ubiquitina e torna-se alvo para degradação nos proteassomas e a
outra forma de degradação ocorre pela autofagia que é a digestão de seus próprios
componentes celulares por meio de vacúolos autofágicos na tentativa de obtenção de
nutrientes uma vez que a célula encontra-se privadas de alimento. Neste último caso podem
ocorrer alguns restos celulares que resistem à digestão nos vacúolos autofágicos e
microscopicamente proporcionam uma coloração castanha ao tecido, estes são chamados de
corpúsculos de lipofuscina e a este tipo de atrofia damos o nome de atrofia parda.
Hiperplasia
É um aumento do número de células em um órgão ou tecido e ocorre se a população celular
tem capacidade proliferativa. Normalmente a hiperplasia e a hipertrofia são eventos que
podem ocorrer simultaneamente. A hiperplasia pode ser de origem fisiológica ou patológica.
Hiperplasia fisiológica pode ser dividida em hormonal ou compensatória:
1) hiperplasia hormonal: aumenta da capacidade fisiológica de um tecido quando
necessário; Exemplos: epitélio glandular mamário durante a puberdade e durante a gravidez
acompanhada, geralmente, por hipertrofia das células epiteliais.
2) hiperplasia compensatória que aumenta a massa de um tecido após lesão ou ressecção
parcial. Exemplos: proliferação das células do fígado após hepatectomia parcial de um lobo,
não há a regeneração do lobo retirado e sim a proliferação das células do outro lobo que foi
mantido para compensar a massa tecidual perdida e restabelecer a demanda fisiológica.
Hipoplasia
É a redução do número de células que leva a redução no tamanho do órgão ou tecido em
função de uma redução na taxa de divisão celular ou de uma descompensação entre taxa de
divisão celular e taxa de morte celular. A hipoplasia pode ser de origem fisiológica ou
patológica e pode coexistir em casos de atrofia.
Exemplos:
Fisiológica: involução do timo durante a puberdade e das gônadas durante o climatério;
Patológica: involução de uma ou mais populações de componentes do sangue em anemias
hipoplásicas ou dos órgãos linfóides em pacientes com AIDS.
Metaplasia:
É a alteração de um tipo celular adulto por outro de mesma linhagem em resposta a
um estímulo estressante que induz por meio de mediadores químicos (PE citocinas e TGF-b)
uma alteração na programação das células-tronco ou de células mesenquimais
indiferenciadas presente no tecido conjuntivo a diferenciação celular por uma nova via.
Representa uma resposta adaptativa de células sensíveis ao estresse por tipos celulares
capazes de suportar o ambiente hostil.
Os três tipos mais comuns de metaplasias são a escamosa, colunar e de tecido conjuntivo e
todas são de origem patológica!
a) Metaplasia escamosa; é a alteração do epitélio colunar pseudoestratificado ciliado
para o epitélio escamoso do trato respiratório em fumantes. Em resposta a agressão
constante causada pelo cigarro as células são substituídas por outro tipo celular mais
resistente que suporta o ambiente hostil, no entanto a célula epitelial escamosa não
exerce as mesmas funções como filtrar impurezas do ar e deixa o indivíduo mais
susceptível a infecções do trato respiratório.
b) Metaplasia colunar: Ocorre em pessoas que sofrem de refluxo gástrico e há uma
constante agressão ao esôfago causada pelo retorno do conteúdo gástrico, esta
induz a reprogramação das células tronco em células semelhantes às intestinais que
secretam substancias que neutralizam o ácido gástrico, esta condição é chamada de
esôfago de barret.
c) Metaplasia do tecido conjuntivo: è a formação de cartilagem ou osso em tecidos que
normalmente não contêm esses elementos. Por exemplo, temos a formação de osso
no músculo que ocorre após uma hemorragia intramuscular que é chamada de
miosite ossificante.
As alterações metaplásicas podem regredir se o estímulo agressor for removido, no
entanto caso o estímulo persista pode-se constituir um solo fértil para uma neoplasia. Os
mediadores químicos participam de maneira singular em cada metaplasia podendo exercer
induzir alterações diferentes em tipos celulares distintos. Não se conhece os mecanismos
que levam a metaplasia, no entanto, provavelmente eventos que alterem a transcrição
gênica estão envolvidos nesse processo.
Lesão e morte celular
Necrose
APOPTOSE
A apoptose é um tipo de morte celular programada que pode ser
desencadeada tanto por fatores patológicos quanto por fatores fisiológicos, sendo
este último mais comum. É muito comum durante o desenvolvimento e ao longo de
toda vida, sua função é eliminar células indesejáveis, que já cumpriram sua função
ou potencialmente perigosas sem ativação do sistema imunológico. Exemplos de
apoptose fisiológica: morte celular durante a embriogênese, morte de linfócitos
autorreativos; exemplos de apoptose patológica: lesão de DNA por fatores exógenos
e acúmulo de proteínas anormalmente dobradas.
Morfologicamente as principais características de uma célula apoptotica é a
retração celular, a condensação da cromatina, formação de bolhas citoplasmáticas e
de corpos apoptóticos contendo fragmentos celulares. Bioquimicamente os
processos que são a base das alterações morfológicas incluem-se ativação das
caspases que são proteínas que executam e desencadeiam a apoptose, a quebra do
DNA e de proteínas, alterações na membrana que promovem o reconhecimento do
sistema fagocitário.
Todas as células possuem mecanismos que sinalizam a sua viabilidade ou a sua
morte e a apoptose resulta do desequilíbrio desses sinais. O processo de apoptose
pode ser dividido em duas fases: 1) fase de iniciação que é a fase de ativação das
caspases; 2) fase de execução: as caspases iniciam a degradação de componentes
celulares críticos.
A fase de ativação pode ocorrer por duas vias distintas: a via intrínseca e a
extrínseca:
1) Via intrínseca ocorre em função do aumento da permeabilidade mitocondrial
que permite o extravasamento de proteínas pró-apoptoticas e citocromo c para
o citossol. Fatores de crescimento e sinais de sobrevivência estimulam a
produção de proteínas anti-apoptóticas, a ausência destes sinais ativam sensores
de lesão e estresse da família Bcl (BIM, BId, Bad) estes por sua vez ativam
proteínas efetoras (Bax, Bak) que formam oligômeros e inserem na membrana
mitocondrial criando poros de comunicação entre o citossol e o conteúdo
interno da mitocôndria, estes ao extravasarem para o citossol ativam a caspase 9
que inicia o processo apoptótico.
2) A via extrínseca ocorre através da marcação celular com receptores de morte da
família TNF, por exemplo, o Fas. O receptor Fas presente nas membranas
celulares tem seu receptor presente nas membranas dos linfócitos o FasL, assim
se houver a ligação entre o ligante e seu receptor, outros domínios Fas se
acoplam a primeira molécula de Fas formando um sítio de ligação para uma
proteína que contém o domínio de morte e ativa as caspases 8 e 10.
Distúrbios na taxa de apoptose pode causar algumas doenças. Uma apoptose defeituosa
aumenta o tempo de sobrevida celular e pode permitir o desenvolvimento de um câncer ou
a manutenção de células autorreativas causando doenças autoimunes. O aumento de taxa
apoptotica leva a uma degradação demasiada de células e podem causar doenças
neurodegenerativas por exemplo. Por isso esse a importância desse processo ser altamente
regulado e programado.
ACÚMULOS INTRACELULARES
PROTEÍNAS
Acúmulos intracelulares de proteínas geralmente aparecem como gotícula s eosinofílicas
arredondadas, vacúolos ou agregados no citoplasma. Em algumas formas de amiloidose
proteínas anormais se acumulam nos espaços extracelulares. As principais causas de excesso
de proteínas dentro das células são:
Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais em doenças renais associadas
à perda de proteína na urina (proteinúria).
Produção excessiva de proteínas como ocorre em certos plasmócitos envolvidos na
síntese de imunoglobulinas onde o retículo torna-se distendido produzindo grandes
inclusões eosinofílicas chamadas de corpúsculo de Russel.
Transporte intracelular e secreção defeituosos de proteínas fundamentais: o defeito
da alfa-1-antitripsina o dobramento das proteínas são lentos e há um acúmulo de
proteínas parcialmente dobradas, causando um estresse no reticulo podendo levar a
enfisema.
Acúmulo de proteínas do citoesqueleto: na doença de Alzheimer emaranhados
neurofibrilares contem neurofilamentos e outras proteínas do citoesqueleto.
Agregação de proteínas anormais: proteínas anormais ou anormalmente dobradas
podem se depositar nos tecido e interferir com as funções normais. Os acúmulos
podem ser intra ou extracelulares e causam direta ou indiretamente alterações
patológicas, a amiloidose é um exemplo.
DEGENERAÇÃO HIALINA
Alteração dentro do espaço celular que confere uma aparência rósea, vítrea ou
homogênea na coração com H&E. Essa aparência não designa um tipo especifico de acúmulo.
Essa alteração pode ocorrer no espaço extracelular e é comum em hipertensos e portadores
de diabetes melito.
GLICOGÊNIO
É uma reserva de energia pronta para ser consumida em células saudáveis, o excesso
de glicogênio é comum em pessoas que possuem anormalidades no metabolismo de glicose
ou glicogênio. As massas de acúmulo de glicogênio aparecem de forma clara ano citoplasma,
e por ter um aspecto similar a gotículas de gordura e ser dissolvido em fixador aquoso é
necessário uma coloração específica com álcool absoluto para sua fixação e corar com
carmim de Best ou PAS que conferem ao glicogênio uma coloração rósea. O diabetes melito
é o principal exemplo de distúrbio do metabolismo da glicose, distúrbios genéticos
relacionados com o metabolismo do glicogênio são chamados de glicogenoses e há um
acúmulo maciço de glicogênio nas células causando lesão e morte.
PIGMENTOS PATOLÓGICOS
São substâncias anormais que não podem ser metabolizadas ou removidas e podem
ser de origem exógena ou endógena e seu acúmulo não é exclusivamente patogênico. Como
exemplo de pigmentos exógenos temos o carvão e a tatuagem. Já pigmentos como a
melanina, lipofuscina e os derivados da hemoglobina são endógenos.
Pigmentos exógenos
Carvão: encontrado na poeira urbana e é o pigmento exógeno mais comum, ele é assimilado
pelos macrófagos dos alvéolos e transportado para os linfonodos mais próximos, o acúmulo
desse pigmento leva a uma coloração escurecida dos pulmões chamada de antracose e dos
linfonodos envolvidos. Em trabalhadores de minas de carvão o acúmulo é excessivo e pode
levar a quadros de fibrose do tecido pulmonar ou enfisema.
Pigmentos Endógenos
Inflamação Crônica
A inflamação crônica tem uma longa duração: semanas, meses ou anos. Durante
esse período o processo inflamatório e a tentativa de reparo do tecido coexistem. Ela pode
vir de uma progressão da inflamação crônica, ou pode se iniciar insidiosamente, como uma
resposta de baixo grau, sem manifestações de fase aguda, sendo uma das causas mais
comuns de doenças humanas, como a artrite reumatoide, aterosclerose, tuberculose e
fibrose pulmonar, câncer, doença de Alzheimer, por exemplo.
Durante o processo inflamatório crônico todos os fenômenos vasculares, exsudativos
e proliferativos que ocorrem na inflamação aguda acontecem, porém os tipos celulares que
predominam são os leucócitos mononucleares: os linfócitos e os macrófagos. Os produtos
dos macrófagos ativados servem para eliminar o agente injuriante e micróbios e inicia
também o processo de reparo, mas também são responsáveis por grande parte da injúria
tecidual nesse tipo de inflamação, pois como o agente em geral é persistente ou difícil de
erradicar, grandes quantidades de citocinas e outros mediadores químicos são liberados. Os
macrófagos são frequentemente recrutados para a área, e a inflamação pode exibir dois
padrões morfológicos: a inflamação crônica específica (granuloma) ou não específica (tecido
de granulação).
O granuloma é formado quando o agente injuriante é difícil de erradicar e então
forma-se um aglomerado de macrófagos ao redor do agente, que fundem suas membranas
formando uma célula gigante multinucleada: a célula epitelioide que perde o seu formato
arredondado e fica achatada, perdendo também a sua capacidade fagocítica, permanecendo
apenas como célula secretora, na tentativa de conter o agente e recrutando mais
macrófagos e linfócitos para a área que formam um cordão linfocitário em torno da célula
gigante. As células gigantes também podem se posicionar perifericamente ao agente,
formando assim as chamadas células de Langerhans, que possuem o seus núcleos
organizados em forma de ferradura ou meia lua em um canto da células, fisiologicamente
não há diferença entre os dois tipos de células gigantes, apenas morfologicamente.
Existem dois tipos de granuloma: a) o de corpo estranho que é formado em torno de
corpos estranhos inertes, que não incitam a resposta imune; b) granuloma imune que é
capaz de ativar o sistema imunológico recrutando linfócitos T para a área, por exemplo,
formado pelo agente etiológico da tuberculose: Mycobacterium tuberculosis é considerado o
protótipo de granuloma imune e tem associado uma necrose caseosa central. O tecido de
granulação ou granulomatoso compreende uma inflamação crônica não específica e nesse
tecido há células de defesa, fibroblastos e novos vasos sanguíneos (angiogênese) que são
responsáveis por levar mais nutrientes ao local afetado.
Mediadores químicos
São originados no plasma ou de células e se ligam a receptores específicos na célula alvo e
podem estimular a liberação de outros mediadores. Eles possuem vida curta, têm efeitos em
um ou diversos alvos e podem exercer efeitos diferentes em células diferentes e tem
potencial de causar efeitos danosos em células sadias.
Grupos:
1. Aminas vaso-ativas
São encontradas pré-formadas nos macrófagos, mastócitos, nos basófilos e nas
plaquetas. As mais importantes são histamina e serotonina.
A histamina encontra-se em mastócitos e é liberada na fase imediata ou inicial da inflamação
provocando vasodilatação e aumento de permeabilidade. Já a serotonina encontra-se no
interior de plaquetas e promove aumento da permeabilidade vascular.
2. Proteases plasmáticas
São componentes do sistema complemento (C3a e C5a), sistema cinina(bradicinina) e
do sistema de coagulação. Suas principais ações são aumento de permeabilidade,
vasodilatação, estímulo de produção de metabólitos do ácido araquidônico, adesão
leucocitária, quimiotaxia e opsonização. A bradicinina em particular pode induzir a contração
do músculo liso e produção de dor por irritação das terminações nervosas do local.
O sistema de coagulação também é formado por proteases plasmáticas. Esse
sistema é ativado pelo fator de Hagemam (XII) liberado em casos de injúria endotelial. A
trombina leva à formação de fibrinopeptídeos cujas funções são aumento de permeabilidade
vascular, quimiotaxia, adesão leucocitária e proliferação fibroblástica. Por outro lado, o fator
Xa promove além de aumento de permeabilidade, exsudação leucocitária.
O sistema fibrinolítico também é composto por proteases o principal componente é
a plasmina que lisa coágulos de fibrina e cliva C3. Os produtos da degradação da fibrina
aumentam a permeabilidade vascular e ativa o fator XII.
5. Quimiocinas e citocinas
São proteínas produzidas por linfócitos, macrófagos, endotélio, células epiteliais e do
tecido conjuntivo. Seus nomes são dados de acordo com a célula produtora. Por exemplo,
citocina produzida por monócitos chamam monocinas e assim por diante.
Elas são divididas basicamente em 5 classes funcionais:
Na inflamação, que é o que mais nos interessa nesta seção, as citocinas mais importantes
são fator de necrose tumoral e interleucina 1. Suas ações são vasodilatação e reações de fase
aguda, ou seja, alterações sistêmicas da inflamação como febre, sudorese, anorexia, perda
de pesada etc.
9. Neuropeptídeos
Eles têm ação inicial. Seu principal representante é a substância P. Suas ações são:
aumento da permeabilidade vascular, transmissão dos sinais de dor, junto com a bradicinina,
regulação da pressão sanguínea e estímulo da atividade secretória de células endoteliais e
imunológicas, acarretando suas ações características
Reparo tecidual
Um agente injuriante ocasiona uma resposta inflamatória que em seu decorrer além
de neutralizar o agente e eliminá-lo, causa uma destruição do tecido circundante a injúria
levando a lesão celular. Os mediadores químicos exercem papel fundamental na inflamação
orquestrando todo o processo, e alguns deles enviam sinais que permitem o organismo
identificar o término da resposta inflamatória e inicio do reparo tecidual. Algumas citocinas
e fatores de crescimento são responsáveis por desencadear reações nas células e tecidos
adjacentes que permitem um rearranjo estrutural e proliferação celular na área a ser
reparada.
O reparo celular consiste no preenchimento da área lesionada por um tecido
neoformado derivado do parênquima e/ou estroma do local injuriado. Se a cicatrização
ocorrer em grande parte pelo parênquima, chamamos esta de regeneração e, se for feita em
grande parte pelo estroma há a formação de um tecido fibrótico não especializado que é
chamado de cicatriz. Embora a capacidade proliferativa das células e a extensão de uma
lesão sejam os principais fatores que determinam o tipo de reparo outros fatores locais e
sistêmicos contribuem para o curso do processo, podemos destacar:
Sistêmicos:
Nutricionais: a deficiência de proteína, de vitaminas, em especial a vitamina C
inibe a síntese de colágeno e retarda a cicatrização;
O metabolismo que pode estar afetado por alguma doença, como o diabetes
melito atrasa a cura de feridas pela deficiente irrigação sanguínea ou ainda por
alguma doença de coagulação que retarda o processo de cura pela demora no
processo de coagulação e depósito de fibrina.
Hormônios, como os glicocorticóides inibem a síntese de colágeno.
Locais:
Infecção é a causa mais importante que pode retardar um processo de cura por
resultar em inflamação persistente e grandes danos teciduais.
Fatores mecânicos como o movimento precoce de feridas, por compressão de
vasos sanguíneos pode atrasar o processo de cura.
A presença de corpos estranhos impedem o processo de cura.
O tamanho, a localização e o tipo de ferida determinam a progressão do
processo de cura.
Capacidade de regeneração das células
De uma forma geral a sequencia de eventos que ocorrem numa cicatrização são:
Existem dois tipos básicos de cicatrização: a primária (ou por 1ª intenção) e a secundária (ou
por 2 intenção) e elas diferem entre si pela quantidade de tecido de granulação formado:
a) Cicatrização por primeira intenção
Ocorre principalmente em cirurgia e ferimento limpos, sem infecções: as bordas
do ferimento se aproximam e uma pequena quantidade de tecido fibroso é formado.
Neste tipo de ferimento o número de células mortas é pequeno e há ruptura da
membrana basal, ocorre o preenchimento do espaço aberto entre as bordas da ferida
por coágulo, que preenche o ferimento e leva quantidades de fibrina para o local que
induz a migração celular e serve de matriz para a proliferação de fibroblastos e
angioblastos que formaram o tecido de granulação. Durante a inflamação no primeiro
dia (24horas) há o deslocamento de neutrófilos do sangue para o coágulo, no segundo
dia há a projeção de células epiteliais para a membrana basal, no terceiro dia os
macrófagos chegam ao local da inflamação e assumem o processo de limpeza do local,
permitindo o avanço do tecido de granulação no local que é caracterizado por
fibroblastos, angiogênese e grande produção de colágeno. No quinto dia há o máximo de
vascularização e de deposição de colágeno; Na segunda semana o infiltrado de
leucócitos, edema e vermelhidão desaparecem e a cicatriz fica pálida.
O tecido de granulação é o ponto de referencia para o processo de cicatrização,
recebe esse nome devido a sua aparência rósea e granular macroscopicamente e
histologicamente é marcado pela presença de novos vasos sanguíneos e proliferação de
fibroblastos. A quantidade de tecido de granulação que será formado depende do
tamanho do defeito no tecido criado pela ferida e da intensidade da inflamação.
b) Cicatrização por segunda intenção
Ocorre nas seguintes situações: quando a área lesada é extensa e há
incapacidade de unir as bordas da ferida, quando há infecção, presença de material
estranho ou tecido necrótico. Nesta cicatrização há uma grande perda de tecido em
função de intenso processo inflamatório, uma quantidade maior de tecido de granulação
e contração da ferida pela ação de miofibroblastos (fibroblastos diferenciados) o que
leva há uma grande produção de exsudato inflamatório e tecido necrótico assim como a
perda de grande quantidade de tecido levando a uma intensa formação de tecido de
granulação.
É importante destacar que algumas complicações na cura da ferida podem surgir
a partir de alguma anormalidade em um dos componentes do reparo:
a) Formação excessiva de colágeno geram cicatrizes hipertróficas que crescem
além das margens da ferida original. Esse processo parece estar ligado a uma
predisposição individual e costuma aparecer após uma lesão traumática ou
térmica que envolvem as camadas mais profundas da derme.
b) Formação inadequada do tecido de granulação: pode gerar a deiscência da
ferida que decorre de uma pressão no local e é muito comum nas cirurgias de
abdômen no qual um estresse mecânico como o ato de tossir pode causar a
ruptura de uma ferida;
c) Vascularização inadequada da ferida: a irrigação deficiente retardam
significativamente o processo de cura e permite a ulceração da lesão, muito
comuns em portadores de neuropatia periférica diabética.
d) Formação de quantidade excessiva do tecido de granulação gera uma
protrusão exuberante acima da pele de aspecto amorfo que bloqueiam o
processo de reepitelização (carne esponjosa) e que em alguns casos,
necessita de remoção cirúrgica para o estabelecimento do processo de cura,
mas ainda existem alguns poucos casos que podem se recidivar após a
excisão cirúrgica.
e) A contração excessiva de feridas podem comprometer movimentos e
costumam ocorrer após queimaduras e em geral próximo as articulações.
HEMOSTASIA
Hemostasia primária: Ocorre uma vasoconstrição reflexa transitória desencadeada pela
endotelina e em seguida as plaquetas se agregam no local da lesão
Hemostasia secundária: Uma série de reações enzimáticas iniciadas pela formação da
tromboplastina pela ação dos fatores primários, das plaquetas ou tecidos. A tromboplastina
na presença de íons cálcio e de outros fatores plasmáticos converte a protrombina do
plasma em trombina. A trombina transforma o fibrinogênio em fibrina, e esta por ser uma
proteína insolúvel se deposita em cima das plaquetas aderidas no local da lesão em forma de
rede de filamentos formando um tampão que obstrui definitivamente o sangramento. A
protrombina é sintetizada no fígado, e necessita de vitamina K para sua síntese.
Hemostasia terciária: O plasminogênio é convertido em plasmina e ocorre a fibrinólise,
quebra da fibrina, para dissolução do trombo.
DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS
São distúrbios que afetam de alguma forma, a circulação sanguínea de um indivíduo,
levando-o a um quadro patogênico.
São eles: isquemia, infarto, trombo, êmbolo, hiperemia, aterosclerose, edema, choque e
hemorragia.
Edema
Esse distúrbio é caracterizado por um acúmulo excessivo de líquido no interstício ou
em cavidades do organismo. Ele pode ser de origem inflamatória no caso do exsudato que
possui um alto teor de proteínas plasmáticas em conseqüência do aumento da
permeabilidade vascular ou não inflamatório que é o transudato que é um liquido pobre em
proteínas plasmática, pois há a preservação da permeabilidade vascular. O edema é
facilmente reconhecido macroscopicamente e uma leve pressão com o dedo sob o local
revela uma depressão, um sinal conhecido como edema com cacifo. Microscopicamente se
apresenta como clareamento e separação da matriz extracelular e com um discreto aumento
celular, embora aconteça em órgãos o edema, é mais comumente encontrado nos tecidos
subcutâneos, nos pulmões e no cérebro. O edema pode acontecer de forma local ou
generalizada.
As conseqüências clínicas de um edema variam de apenas desagradáveis ou chegar a
ser fatal. O edema mais comum é o de tecido subcutâneo e sinaliza alguma doença cardíaca
ou renal; o edema pulmonar é freqüente e tem uma relevância clinica considerável, pois
além de trazer dificuldades respiratórias, ainda pode facilitar a infecção bacteriana. O edema
que apresenta o maior risco é o edema cerebral já que pode conduzir a um herniação da
substancia cerebral e evolução do quadro para o óbito.
Os principais fatores para que ocorra o edema são:
Aumento da pressão hidrostática
Causa uma maior saída de fluido do capilar para o interstício e a partir do momento
em que a capacidade dos vasos linfáticos de retornar o líquido em excesso para a
circulação sanguínea é ultrapassada, teremos o desenvolvimento de edema.
Diminuição da pressão osmótica:
A diminuição na produção de proteínas plasmáticas (principalmente a albumina)
em função de desnutrição protéica, doença hepática grave ou ainda pela perda de
proteína da circulação que ocorre nos casos de síndrome nefrótica no qual há perda
de proteínas pela urina. A redução da pressão leva a um ganho de movimento de
líquido para o tecido intersticial e redução no volume intravascular que ocasiona
uma diminuição da reperfusão renal que desencadeia a ativação do sistema renina
angiotensina que retém o sal e a água nos rins com o intuito de corrigir o déficit de
volume plasmático, porém isso não acontece, pois o nível de proteínas séricas no
sangue continua baixo.
Obstrução linfática:
Fatores como inflamação crônica com fibrose, tumores, radiação e alguns agentes
infecciosos podem obstruir a via linfática e gerar uma drenagem dos líquidos
intersticiais deficiente originando um linfedema que, em geral é localizado. Um
exemplo importante é o que acontece na parasitose filaríase onde há uma extensa
fibrose linfática que acomete os membros inferiores e os órgãos genitais e é muito
grave, outro exemplo importante ocorre em pacientes que realizaram mastectomia e
houve necessidade da retirada de linfonodos axilares em pacientes com câncer de
mama, o edema afeta os membro superiores pela ineficiência de drenagem dos
líquidos intersticiais em função da ausência dos linfonodos.
HIPEREMIA
A hiperemia decorre de um aumento local de volume sanguíneo. Ela pode ser ativa que leva
a um aumento do fluxo sanguíneo e congestionamento do vaso com excesso de sangue ou
pode ser passiva onde há uma redução do fluxo sanguíneo em um tecido e pode ser local ou
sistêmica.
A hiperemia ativa é ainda subdividida em fisiológica ou patológica e a passiva em local ou
sistêmica.
Quando há aumento do fluxo sanguíneo por aumento da pressão arterial (PA) ou
diminuição da resistência pré-capilar, há uma hiperemia ativa. Ela é fisiológica
por aumento da demanda funcional ou patológica por liberação de mediadores
químicos inflamatórios.
Quando há aumento do fluxo sanguíneo por diminuição da drenagem venosa ou
aumento da resistência pós-capilar, há uma hiperemia passiva. Ela é local se
afetar apenas um vaso sanguíneo específico e sistêmica se gerar uma estase em
toda circulação.
Exemplos:
Congestão pulmonar aguda: capilares congestionados e com edema septal e
hemorragia intraalveolar.
Congestão pulmonar crônica: septos espessados, vários macrófagos carregados
de hemossiderina.
Congestão hepática aguda: veia central e sinusoides distendidos, isquemia de
hepatócitos centrolobulares e apenas uma alteração gordurosa.
Congestão hepática passiva crônica: região centrolobular depressiva e vermelha
devido à morte celular e as outras regiões estão acastanhadas.
Hemorragia
Ao extravasamento de sangue por ruptura de vaso para o meio externo ou cavidades
dá-se o nome de hemorragia, suas causas podem ser traumatismos, aterosclerose, neoplasia
etc. Morfologicamente o nome a ser dado à hemorragia depende do tamanho: petéquias (1
a 2 mm), púrpura (>3 mm), equimose (>1 a 2 cm) e hematoma (> 2 cm).
A gravidade clinica da hemorragia depende do volume perdido, do local do
extravasamento e da velocidade de perda, perdas rápidas de mais de 20 % do volume total
do sangue pode causar hipovolemia e levar o indivíduo a morte, um hematoma cerebral que
seria simples no tecido subcutâneo, por exemplo, pode causar uma isquemia e deixar
seqüelas ou até levar o indivíduo à morte.
HEMOSTASIA E TROMBOSE
Hemostasia normal é a conseqüência de um processo altamente regulado que
mantêm o sangue em estado líquido dentro das veias e quando necessário permite a
formação rápida de um tampão hemostásico no local de uma lesão vascular. A trombose é
uma patologia da hemostasia que envolve a formação de um trombo dentro de vasos
intactos.
Durante uma lesão vascular a via da hemostasia normal ocorre numa sequencia de
eventos:
1º Lesão inicial: curto período de vasoconstricção reflexa mediado pela endotelina
extravasada do endotélio.
2º Tampão hemostásico primário: é formado pela aderência de plaquetas a matriz
extracelular (MEC) que foi exposta durante a lesão e tem uma atividade altamente
trombogênica, as primeiras plaquetas que chegaram ao local da lesão secretam grânulos que
recrutam mais plaquetas e formão o tampão.
3º Hemostasia secundária: O fator tecidual e a tromboplastina expostos no local da
lesão e em conjunto com o fator VII resulta na geração de trombina que cliva o fibrinogênio
em fibrina insolúvel e esta se deposita sobre as plaquetas formando uma rede de fibrina
impedindo que a velocidade do fluxo sanguíneo arraste o tampão formado.
4º Formação do tampão permanente: o entrelaçado de plaquetas e rede de fibrina é
consolidado de forma a não permitir que haja uma nova hemorragia. Nesta fase mecanismos
como o plasminogênio tecidual limitam o tampão hemostásico.
Cascata de Coagulação.
Trombose
É a massa sólida formada pela coagulação sanguínea, enquanto trombose é a
solidificação dos constituintes do sangue. Pode ser arterial ou venoso, mas é mais freqüente
nas veias pelo seu calibre menor.
Para falar de trombo, precisamos falar da Tríade de Virchow. Essa tríade consiste em
alterações no fluxo sanguíneo, lesão endotelial e hipercoagulabilidade do sangue.
Lesão endotelial: lesões endoteliais expõem a MEC e desencadeiam o processo de formação
do trombo, no entanto um simples desequilíbrio entre as propriedades antitrombóticas e
pró-trombóticas do endotélio é capaz de desencadear a formação de um trombo.
Fluxo sanguíneo: turbulência: causa lesão ou disfunção endotelial e contribui para trombose
arterial e cardíaca. A estase favorece a marginação e agregação celular causando trombo
venoso. Tanto a estase quanto a turbulência alteram o fluxo laminar no lúmen do vaso: a)
Ativa o endotélio e eventos trombóticos; b) rompem o fluxo laminar e permitem o contato
da plaqueta com o endotélio; c) previnem a limpeza e diluição dos fatores de coagulação.
Hipercoaguabilidade: a trombofilia é uma desordem da via de coagulação e normalmente
estão envolvidas mutações que podem ser primárias ou adquiridas às responsáveis por este
quadro trombótico excessivo.
Mutação pontual do gene do fator V = torna o fator V resistente à clivagem pela
proteína C
Mutação da protrombina = aumento dos níveis de protrombina
Elevados níveis de homocisteína = efeitos pró-trombóticos
Deficiência dos anticoagulantes
Polimorfismos nos genes dos fatores coagulantes
Hemofilia A: Fator VII – hemofilia B: fator IX
Síndrome da trombocitopenia induzida pela heparina: Após a administração de
heparina não fracionada que induz o aparecimento de anticorpos que
reconhecem o complexo de heparina e proteínas semelhantes ao fator
plaquetário na superfície de plaquetas induzindo um estado pró-trombótico
Síndrome do anticorpo antifosfolipídico= anticorpos se ligam a epítopos das
proteínas plasmáticas impedindo a interação entre os fosfolipídeos e as
proteínas plasmáticas, levando a um quadro de hipercoagulabilidade causando
lesão endotelial pela ativação direta das plaquetas e do complemento pela
interação com os domínios catalíticos dos fatores de coagulação; pessoas com
lúpus podem apresentar a síndrome e a chamamos de secundária.
As linhas de Zahn: são linhas visíveis de fibrina quando se corta o trombo, o que indica que o
mesmo foi formado no fluxo sanguíneo, ou seja, quando o paciente estava vivo.
Tipos de Trombos
Murais: ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen da aorta
Arteriais: oclusivos e ocorrem nas coronárias, cerebrais e femorais
Venosa: trombos vermelhos ou estase
Coágulos pós morten: gelatinosos com uma porção vermelho escura e porção
superior amarela = coágulo brando não laminado.
Vegetações: trombos nas valvas cardíacas
Destinos do trombo:
Propagação: acúmulo de plaquetas e fibrinas adicionais
Embolização: trombo se desaloja e percorrem a vasculatura.
Dissolução: resultado da fibrinólise
Organização e recanalização: trombos mais velhos tornan-se organizados pela entrada de
células endoteliais, do músculo liso e fibroblastos, canais capilares são formados para o
reestabelecimento do fluxo sanguíneo.
ISQUEMIA
É a deficiência no suprimento sanguíneo por diminuição da luz das artérias, arteríolas
ou capilares a determinado tecido ou órgão. Pode ocorrer por causas funcionais como
hemorragia ou por causas mecânicas como obstrução vascular. As consequências dependem
do tipo de tecido afetado, da eficiência da circulação colateral, da velocidade com que se
instala e do grau de redução do calibre da artéria afetada em casos de obstrução.
INFARTO
É uma área de necrose resultante da interrupção do fluxo sanguíneo arterial ou
venoso; pode ser branco, vermelho e séptico. Quase todos os infartos decorrem da oclusão
arterial trombótica ou embólica.
Infarto vermelho (hemorrágico): ocorre em órgãos de dupla circulação onde há oclusão
arterial ou oclusão venosa. Nesse tipo, a circulação dupla leva a hemorragia secundária.
Infarto branco: também chamado anêmico ou isquêmico, se dá por obstrução arterial em
órgãos de circulação terminal, apresentando uma área branca.
Infarto séptico: se dá por vegetações bacterianas nas válvulas cardíacas formando trombos
e, consequentemente, êmbolos. O infarto é convertido em abscesso.
Fatores que influenciam no desenvolvimento do infarto:
Natureza do suprimento vascular: dupla circulação ou circulação simples
Taxa de desenvolvimento da oclusão: se for lenta a perfusão sanguínea pode se
reestabelecer e não causa o infarto.
Vulnerabilidade a hipóxia: Neurônios morrem em hipóxia de 3 a 4 minutos....
Teor de oxigênio sanguíneo: condições de anemia ou cianose do paciente, o tornam mais
sensíveis.
Êmbolo
É uma massa intravascular solta que pode estar no estado sólido, líquido ou gasoso e é
carregada pelo sangue até um local distante de seu ponto de origem. As formas raras de
embolo incluem as gotículas de gordura, bolhas de nitrogênio, de colesterol, fragmentos de
tumor, de medula óssea ou até mesmo corpos estranhos. Os êmbolos se alojam em vasos
muito pequenos causando oclusão vascular parcial ou total levando a necrose isquêmica no
local.
Embolia pulmonar: Em mais de 95% dos casos ela se origina de TVP da perna. Os trombos
fragmentados derivados da TVP são canalizados progressivamente para o lado direito do
coração antes de colidir na vasculatura arterial pulmonar, ele pode ocluir a artéria pulmonar
principal, impactar-se através da bifurcação da artéria pulmonar ou distribuir-se nas
arteríolas menores ramificadas. Uma vez apresentando o quadro o paciente apresenta risco
aumentado de desenvolver outros.
Tromboembolismo Sistêmico: São êmbolos que ocorrem na circulação, e a maioria surgem
através de trombos murais cardíacos ou estão associados a infartos da parede ventricular ou
dilatação atrial esquerda e fibrilação.
Embolia Gordurosa e de medula óssea: Podem ocorrer após a fratura de ossos longos ou
traumas em tecidos moles e queimaduras. Ou ainda podem entrar na circulação após a
ruptura dos sinusoides vasculares medulares ou das vênulas.
Embolia Gasosa: As bolhas gasosas podem coalescer e formar massas espumosas que
obstruem o fluxo vascular.
Embolia de líquido amniótico: è uma complicação ameaçadora no pos partos e a sua causa é
a infusão de liquido amniótico ou tecidos fetais na circulação materna através do
rompimento de uma das membranas placentárias ou ruptura de veias uterinas.
Aterosclerose
É causada, principalmente, por LDL que se adere na camada íntima do vaso sanguíneo e
forma cristais. A partir daí, os cristais são reconhecidos como antígenos e os macrófagos
tentam fagocitá-los, mas não conseguem fazer a digestão e morrem, liberando enzimas
lisossômicas que recrutam células inflamatórias, diminuindo a luz dos vasos e aumentando a
pressão arterial.
Choque
As mutações podem interferir na síntese protéica em níveis diferentes: transição pode ser
inibida por deleções e mutações pontuais em sequencias promotoras; um processamento
anormal do mRNA pode ser resultado de mutações em introns ou nas regiões de junção
entre íntrons e éxons ou ambos, a criação de um códon de parada em um éxon afeta a
tradução e algumas mutações pontuais podem originar proteínas anormais mesmo quando
não há nenhum tipo de alteração nas etapas de síntese protéica.
Neoplasias
É a proliferação celular descontrolada e autônoma. Em geral há perda ou redução da
diferenciação celular em consequência de alterações nos genes que regulam o crescimento e
a diferenciação. Relembrando, quando a célula perde a especialização, há um aumento da
proliferação.
A persistência dos tumores reside na permanência das alterações genéticas passadas
adiante para o prole das células tumorais, o que permitem uma proliferação excessiva e
desrregulada que é independente do estímulo fisiológico de crescimento. Todas as células
dentro de um tumor surgem de uma única célula que sofreu alterações genéticas e começa a
proliferar desrreguladamente, os tumores são clonais.
Tumor é benigno quando suas características micro e macroscópicas são inocentes,
significando que ele permanece localizado e não é capaz de se disseminar para outros sítios
e podem ser removidos com uma simples cirurgia local. No entanto, além de nódulos locais
eles podem ser responsáveis por doenças graves.
Tumores malignos são aplicados a um neoplasma quando ele tem a capacidade de
invadir e destruir as estruturas adjacentes e disseminar para sítios distantes, ou seja,
metastizar.
Componentes básicos do câncer: (1) Células neoplásicas clonais que constituem seu
parênquima; (2) Estroma reativo feito de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e quantidade
variável de macrófagos e linfócito.
Um suprimento sanguíneo adequado é requisito para as células tumorais viverem e
se dividirem, e se o tecido estromal é escasso, então o neoplasma é mole e carnoso, em
outros casos as células do parênquima estimulam a formação de um estroma colagenoso
abundante, referido como demosplasia (duros).
Tabela nomenclatura de tumores
Tecido de origem Benigno Maligno
De origem mesenquimal
Tecido Conjuntivo Fibroma Fibrossarcoma
Lipoma Lipossarcoma
Condroma Condrossarcoma
Osteoma Sarcoma ostogênico
Endoteliais
Vasos sanguíneos hemangioma angiossarcoma
Vasos linfáticos Linfangioma Linfangiossarcoma
Sinóvia Sarcoma sinovial
Mesotélio Mesotelioma
Membranas cerebrais Meningioma invasivo
Céls sanguíneas
Hematopoiéticas Leucemia
Tecido linfoide Linfoma
Músculo
Liso Leiomioma Leiomiossarcoma
estriado Rabdomioma Rabdomiossarcoma
Epitelial
Escamoso estratificado Papiloma Carcinoma de escamosas
Células basais Carcinoma de células basais
Revestimento de glândulas e ductos Adenoma Adenocarcinoma
Papiloma Carcinomas papilares
Cistadenoma Cistadenocarcinoma
Vias respiratórias
Renal
Fígado Adenoma brônquico C. broncogênico
Trato urinário A. tubular renal C. de células renais
Placenta
A. de céls do fígado C. hepatocelular
testicular
Papiloma de c transicionais C. de céls transicionais
Tumores de crescimento rápido podem ter uma renovação celular alta significando que
tanto a proliferação quanto apoptose são altas, porém a taxa de proliferação é maior que a
de morte celular.
Fatores como estimulação hormonal, suprimento sanguíneo adequado e influencias
desconhecidas pode afetar o crescimento tumoral. Tumores malignos demonstram uma
ampla gama de padrões de crescimento, alguns crescem lentamente durante anos e um
certo dia explodem em taxa de crescimento e disseminan-se e pode prvocar a morte em
pouco tempo.
Se as malignas são capazes de invadir vasos e causar metástase, é correto dizer que
somente neoplasias malignas são capazes de se disseminar e se implantar à distância. Essa
disseminação pode ser por três vias: hematogênica (na qual o tumor neoplásico invade os
vasos sanguíneos e faz sua implantação em outra região), linfática (na qual a neoplasia
maligna invade vasos linfáticos e migra até outra área) e transcelômica (na qual a
disseminação é por meio de ductos como o ducto biliar).