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LESÃO E MORTE CELULAR

APOPTOSE
AULA 6

Dr. Edgar Pembele


APOPTOSE
AULA 6
SUMÁRIO

u Definição
u Causas da apoptose
u Morfologia da apoptose
u Mecanismo da apoptose
u Exemplos de apoptose
OBJECTIVOS

u Conhecer a definição de apoptose


u Descrever as causas de apoptose
u Descrever a morfologia e mecanismo da apoptose
u Citar alguns exemplos de apoptose
DEFINIÇÃO

u A apoptose é uma via de morte celular, induzida por um programa de suicídio


estritamente regulado no qual as células destinadas a morrer activam enzimas que
degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e citoplasmáticas.

u Os fragmentos das células apoptóticas separam-se, gerando a aparência responsável pelo


nome (apoptose, “cair fora”).

u A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada de tal


maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se alvos atraentes para os fagócitos.
DEFINIÇÃO

u As células mortas e seus fragmentos são removidos antes que


seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte celular por essa
via não induz uma reacção inflamatória no hospedeiro.

u A apoptose difere da necrose, que é caracterizada pela perda


da integridade da membrana, digestão enzimática das células,
extravasamento dos conteúdos celulares e, frequentemente,
uma reacção no hospedeiro (inflamação).

u Entretanto, a apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e


a apoptose induzida por alguns estímulos patológicos progride
para a necrose.
Causas da Apoptose

u A apoptose ocorre normalmente em muitas situações e funciona para eliminar células


potencialmente prejudiciais e células que tenham sobrevivido mais que sua utilidade.

u É também um evento patológico quando as células são lesadas de modo irreparável,


especialmente quando a lesão afeta o DNA ou as proteínas da célula; nessas situações, a
célula lesada de modo irreparável é eliminada.
Apoptose em Situações Fisiológicas

A morte por apoptose é um fenômeno normal que funciona para eliminar as células que não são mais
necessárias e para manter, nos tecidos, um número constante das várias populações celulares. É
importante nas seguintes situações fisiológicas:
u • Destruição programada de células durante a embriogénese. O desenvolvimento normal está
associado a morte de algumas células e ao surgimento de novas células e tecidos. A expressão morte
celular programada foi criada originalmente para denotar a morte de tipos celulares específicos, em
tempos definidos, durante o desenvolvimento de um organismo. Apoptose é um termo genérico para
esse padrão de morte celular, independentemente do contexto.

u • Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de hormônio, tal como a célula


endometrial, que se desprende durante o ciclo menstrual, e a regressão da mama após o desmame.

u • Perda celular em populações celulares proliferativas, como o epitélio de cripta intestinal,


mantendo assim um número constante.
Apoptose em Situações Fisiológicas

u Morte de células que já tenham cumprido seu papel, como os neutrófilos na resposta
inflamatória aguda e os linfócitos, ao término da resposta imune. Nessas situações, as
células sofrem apoptose porque estão privadas dos sinais de sobrevivência necessários,
como os fatores de crescimento.

u Eliminação de linfócitos auto reactivos potencialmente nocivos, antes ou depois de eles


terem completado sua maturação, para impedir reacções contra os tecidos da própria
pessoa.

u Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos, um mecanismo de defesa contra


viroses e tumores que matam e eliminam células neoplásicas e infectadas por vírus.
Apoptose em Condições Patológicas

A apoptose elimina células que estão geneticamente alteradas ou lesadas de modo irreparável, sem
iniciar uma reacção severa no hospedeiro, mantendo mínima a lesão tecidual. A morte por apoptose é
responsável pela perda de células em vários estados patológicos:

u Lesão de DNA: A radiação, as drogas citotóxicas anticâncer, os extremos de temperatura e mesmo


a hipóxia podem lesar o DNA diretamente ou através da produção de radicais livres. Se os
mecanismos de reparo não podem competir com a lesão, a célula dispara mecanismos intrínsecos que
induzem a apoptose.
Nessas situações, a eliminação da célula pode ser melhor alternativa do que arriscar em mutações
no DNA lesado, o que pode progredir para uma transformação maligna. Esses estímulos nocivos
causam apoptose se a lesão é leve, mas doses maiores do mesmo estímulo resultam em morte celular por
necrose.

A indução de apoptose em células cancerígenas é um efeito desejado dos agentes quimioterápicos,


muitos dos quais funcionam danificando o DNA.
Apoptose em Condições Patológicas

u Acúmulo de proteínas anormalmente dobradas. As proteínas impropriamente dobradas podem


surgir de mutações nos genes que codificam essas proteínas ou devido a fatores extrínsecos,
como a lesão causada por radicais livres. O acúmulo excessivo dessas proteínas no RE leva a uma
condição conhecida como stress do RE, que culmina em morte apoptótica das células.

u Lesão celular em certas infecções, particularmente as infecções virais, nas quais a perda de
células infectadas é devida em grande parte à morte apoptótica que pode ser induzida pelo vírus
(como nas infecções por adenovírus e HIV) ou pela resposta imune do hospedeiro (como na hepatite
viral).

u Atrofia patológica no parênquima de órgãos após obstrução de ducto, como ocorre no


pâncreas, na parótida e no rim.
MORFOLOGIA

Em tecidos corados pelo H&E, os núcleos das células apoptóticas exibem vários estágios de condensação
e agregação da cromatina e, finalmente, cariorrexe; em nível molecular, isso é refletido na
fragmentação do DNA em peças do tamanho dos nucleossomos.

Rapidamente as células retraem, formando brotos citoplasmáticos, e se fragmentam em corpos


apoptóticos compostos por vesículas envoltas por membrana contendo citoplasma e organelas.

Em razão de tais fragmentos serem rapidamente expulsos e fagocitados, sem induzir resposta
inflamatória, mesmo a apoptose substancial pode, histologicamente, ser indetectável.
MORFOLOGIA

Aparência morfológica de células apoptóticas

Células apoptóticas (algumas indicadas por setas) do


epitélio de cripta do colo.

Note os núcleos fragmentados, com cromatina


condensada e corpos celulares retraídos.
Mecanismos da Apoptose

u A apoptose resulta da activação de enzimas chamadas caspases.

São assim chamadas porque são cisteínas proteases (conjunto de enzimas que degradam proteínas).
A activação das caspases depende de um equilíbrio finamente sintonizado entre vias moleculares
pró e anti apoptóticas.

Duas vias distintas convergem para a activação de caspases:


1- Via mitocondrial
2- Via receptor de morte

Embora essas vias possam interagir, geralmente são induzidas sob diferentes condições, envolvem
diferentes moléculas e exercem papéis diferentes na fisiologia e na doença.
Via Mitocondrial (Intrínseca) da Apoptose

As mitocôndrias contêm uma série de proteínas que são capazes de induzir apoptose; essas proteínas
incluem o citocromo c e outras proteínas que neutralizam inibidores endógenos da apoptose.

A escolha entre a sobrevivência e a morte celular é determinada pela permeabilidade da mitocôndria,


que é controlada por uma família de mais de 20 proteínas cujo protótipo é a Bcl-2.

Quando as células são privadas de fatores de crescimento e outros sinais de sobrevivência ou são
expostas a agentes que lesam o DNA ou acumulam quantidades elevadas de proteínas anormalmente
dobradas, um grupo de sensores é activado.

Esses sensores são membros da família Bcl-2, as chamadas “proteínas BH3”.


Via Mitocondrial (Intrínseca) da Apoptose
As proteínas BH3
Eles activam, por sua vez, dois membros pró apoptóticos das famílias
chamadas Bax e Bak, que se dimerizam (juntam-se) e se inserem dentro da
membrana mitocondrial, formando canais através dos quais o citocromo c e
outras proteínas mitocondriais extravasam para o citoplasma.

Esses sensores também inibem as moléculas anti apoptóticas Bcl-2 e Bcl-xL,


aumentando o extravasamento de proteínas mitocondriais.

O citocromo c, em conjunto com alguns cofatores, activa a caspase 9.


Outras proteínas que extravasam das mitocôndrias bloqueiam as actividades
dos antagonistas das caspases, os quais funcionam como inibidores
fisiológicos da apoptose.

O resultado final é a activação da cascata de caspases, levando,


finalmente, à fragmentação nuclear.
Via Mitocondrial (Intrínseca) da Apoptose

Mecanismos da apoptose.

As duas vias de apoptose diferem na sua indução e


regulação, ambas culminando na activação das
caspases.

1- Na via mitocondrial, as proteínas da família Bcl-2,


que regulam a permeabilidade mitocondrial, se
desequilibram e o extravasamento de várias substâncias
das mitocôndrias resulta em activação das caspases.

2- Na via do receptor de morte, os sinais dos receptores


da membrana plasmática levam o arranjo de proteínas
adaptadoras a um “complexo de sinalização indutor de
morte”, que activa as caspases, e o resultado final é o
mesmo.
Via Receptor de Morte da Apoptose (Extrínseca)

Muitas células expressam moléculas de superfície, chamadas receptores de morte, que disparam a
apoptose.
A maioria dessas moléculas são receptores membros da família do fator de necrose tumoral (TNF) que
contém em suas regiões citoplasmáticas um “domínio de morte” conservado.
Os receptores de morte protótipicos são do tipo TNF I e Fas (CD95).
O ligante de Fas (Fas-L) é uma proteína de membrana, expressa principalmente, em linfócitos T
activados.
Quando essas células T reconhecem os alvos que expressam Fas, as moléculas Fas são ligadas em reacção
cruzada pelo Fas-L e proteínas de ligação adaptadoras via domínio de morte. Estas, por sua vez, recrutam
e activam a caspase 8.
Em muitos tipos celulares, a caspase 8 pode activar um membro pró apoptótico da família Bcl-2,
chamado de Bid, portanto dentro da via mitocondrial. A activação combinada de ambas as vias lança um
golpe letal para a célula.
A via receptor de morte está envolvida na eliminação de linfócitos auto reativos e na eliminação de
células-alvo por alguns linfócitos T citotóxicos.
ACTIVAÇÃO E FUNÇÃO DAS CASPASES
As vias mitocondrial e de receptor de morte levam à activação de: caspases desencadeantes,
caspase 9 e 8, respectivamente.

As formas activas dessas enzimas são produzidas e clivam (dão origem) outra série de caspases
chamadas de caspases executoras.

Essas caspases activadas clivam numerosos alvos, culminando na activação das nucleases, que
degradam as nucleoproteínas e o DNA.

As caspases degradam também os componentes da matriz nuclear e do citoesqueleto, promovendo a


fragmentação das células.
REMOÇÃO DAS CELULAS APOPTÓTICA
As células apoptóticas atraem os fagócitos produzindo sinais de “coma-me”.

Em células saudáveis, a fosfatidilserina está presente no folheto interno da membrana plasmática,


mas nas células apoptóticas esse fosfolipídio move-se para fora e é expresso no folheto externo da
membrana, onde é reconhecido pelos macrófagos, levando à fagocitose das células apoptóticas.

As células que estão morrendo por apoptose secretam factores solúveis que recrutam os fagócitos. Isso
facilita a remoção imediata das células mortas, antes que sofram uma segunda lesão de membrana e
liberem seus conteúdos celulares (que pode resultar em inflamação).

Esse processo de fagocitose das células apoptóticas é tão eficiente que as células mortas desaparecem
sem deixar traços e a inflamação é virtualmente ausente.
EXEMPLOS DE APOPTOSE
RESUMO DA AULA - APOPTOSE

u A apoptose é o mecanismo regulado de morte celular, que elimina células indesejadas e células
lesadas de modo irreparável.

u É caracterizada por degradação enzimática de proteínas e DNA, iniciada pelas caspases;


reconhecimento e remoção das células mortas pelos fagócitos.

u É iniciada por duas vias principais:


§ A via mitocondrial (intrínseca) é iniciada pela perda dos sinais de sobrevivência, lesão de DNA e
acúmulo de proteínas mal dobradas (stresse do RE); associada ao extravasamento de proteínas pró
apoptóticas da membrana mitocondrial para o citoplasma, onde inicia a ativação das caspases.

• A via do receptor de morte (extrínseca) é responsável pela eliminação de linfócitos autorreativos e


lesão por linfócitos T citotóxicos; é iniciada pela participação dos receptores de morte (membros da
família do receptor de TNF) pelos ligantes nas células adjacentes.
FIM

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