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Necrose: Conceito Geral e os Tipos

1. O que é morte celular programada?


1.1. Mecanismos morfológicos;
1.2. Mecanismos celulares;
2. Definição de necrose.
2.1. Aspecto morfológico da necrose;
2.2. O que pode causar necrose?
2.3. Tipos de necrose;

O que é morte celular programada?

A morte celular programada, ou apoptose, é caracterizado por um


processo fisiológico, sendo controlado e ativo, utilizando gasto de energia. É
essencial para eliminação de células que podem estar em excesso ou que não
são mais viáveis para o nosso organismo. É um processo que não envolve
inflamação, sendo realizado por fagocitose de células vizinhas ou por
macrófagos do próprio tecido.
A apoptose é caracterizada por aspectos morfológicos e moleculares.
Dentro dos aspectos morfológicos estão inclusos: redução do volume celular,
condensação de cromatina, clivagem do DNA e fragmentação da célula em
corpos apoptóticos sem ocasionar resposta imunológica. Entre os aspectos
moleculares, observa-se: liberação do citocromo e da mitocôndria, ativação das
caspases, que são responsáveis pela clivagem de diversos substratos
celulares, levando então a célula à morte celular.
Dessa maneira, pode ser desencadeada por estímulos exógenos que
agem nos receptores da membrana das células ou estímulos endógenos após
diferentes agressões, como: radiações, estresse oxidativo, agressão química e
hipóxia.

Mecanismos morfológicos.

A morfologia da célula acontece inicialmente com a redução do


tamanho, o citoplasma fica denso, a cromatina se condensa e fica disposta em
grumos que estarão acoplados à membrana celular. Depois o núcleo acaba se
fragmentando, a membrana citoplasmática emite projeções que formarão
brotamentos, levando a fragmentação da célula em múltiplos brotos, chamados
de corpos apoptóticos. Há então a endocitose por células vizinhas ou por
macrófagos.
Mecanismos moleculares.

Inicialmente teremos ativação das caspases que são enzimas que


clivam proteínas em resíduos de ácido aspártico. A principal caspase
responsável pular a cascata proteolítica é a caspase-8. Para as caspases
serem ativadas é necessário que haja uma resposta ao acoplamento de
ligantes específicos como o fator de necrose tumoral (FNT) e o receptor Fas,
formando cadeias da morte (“death domain”), ativando a caspase 3, 6 ou 7,
levando a apoptose.
Além das caspases temos a participação da mitocôndria no processo de
apoptose. A mitocôndria guarda em seu espaço intramembranoso substâncias
como o citrocromo-c, que quando liberado se associa a proteínas presentes no
citoplasma – apaf-1 e a pró-caspase-9 – e na presença de ATP ativa a
caspase-9, que ativa as pró-caspases-3 e 7, que executam o processo de
apoptose.

Definição de necrose

A necrose é um tipo de morte celular no organismo vivo, onde as células


sofrem um insulto que resulta no aumento do volume celular, agregação da cromatina,
desorganização do citoplasma e consequentemente ruptura celular. Durante esse
processo, o conteúdo que é liberado do seu interior para o exterior, causa danos às
células próximas e acontece uma reação inflamatória local, ocorrendo uma lesão
celular irreversível.
Na necrose teremos uma agressão suficiente que interromperá funções vitais
da célula, como: interrupção da produção de energia e sínteses celulares e com isso,
os lisossomos perdem a capacidade de conter as proteases, iniciando a digestão
celular, chamada de autólise.

Aspectos morfológicos da necrose

Os aspectos macroscópicos decorres de alterações do processo de autólise,


podendo ser observadas algum tempo após ter ocorrido a morte celular.
Como características comuns macroscópicas, podemos ter: diminuição da
consistência e da elasticidade devido a liso dos constituintes celulares e alterações na
coloração e no aspecto geral da célula.
Com a diminuição do pH na célula morta e a ação das desoxiribunecleases e
outras enzimas, observamos alterações microscópicas como as alterações nucleares,
caracterizada por picnose nuclear (intensa contração e coloração da cromatina),
cariólise (digestão da cromatina, observando a ausência dos núcleos nas células) e
cariorrexe (dispersão do núcleo no citoplasma).

O que pode causar a necrose?

Podemos dividir as causas em agentes físicos, agentes químicos e agentes


biológicos que alterem as funções vitais da célula.
Os agentes físicos estão relacionados a trauma mecânico, variações de
temperatura, variações de pressão atmosférica, radiação e choque elétrico.
Os agentes químicos são drogas que podem gerar lesão celular, como formol,
fenol, os acais e entre outros. A causa mais comum relacionada aos agentes
biológicos é a toxina tetânica que atua no sistema nervoso central e a aflotoxina
produzida pelo fungo Aspergillus, levando a necrose hepática.
Todos esses agentes participam das alterações na mitocôndria, membranas
celulares, na síntese proteica e no processo de manutenção da integridade do DNA.

Tipos de necrose

O aspecto morfológico da necrose vai depender do tipo de tecido e do fator


etiológico atingido. Eles irão determinar os mecanismos que causam a morte celular,
levando ao organismo produzir uma inflamação e eliminando o tecido necrótico, o
substituindo por tecido fibroso.
a) Necroso por coagulação
O processo de coagulação é o resultado da transformação do estado sólido
coloidal das proteínas celulares em um estado mais sólido. Com isso haverá
desnaturação das proteínas, com inativação das enzimas proteolíticas, tornando o
tecido firme, pálido e ressecado.
É característico da morte celular decorrente de hipóxia das células, como o que
ocorre no infarto agudo do miocárdio.
b) Necrose por liquefação
Ocorre principalmente no cérebro e nos abscessos. A constituição do cérebro é
rica em lipídeos, que não sofrem coagulação como as proteínas, havendo dissolução.
O pus é o resultado da agressão celular por agentes que evocam uma reação
inflamatória supurativa e quando localizado é denominado de abscessos. Os
abscessos são ricos em enzimas hidrolíticas, levando a uma dissolução enzimática
rápida e total do tecido morto.
c) Necrose gordurosa
Ocorre no tecido adiposo devido a ação de lipases, havendo uma produção de
ácidos graxos que formam complexos com o cálcio. É comum na necrose pancreática
aguda.
d) Necrose caseosa
Ocorre na tuberculose onde as células vão ser transformadas em uma massa
amorfa, sendo sua composição de proteínas e lipídeos. Lembra o aspecto de queijo
cremoso. No aspecto microscópico é visualizado um tecido granuloso, amorfo com
perda total de detalhas celulares.
e) Necrose fibrinóide
Ocorre nas paredes dos vasos e no tecido conjuntivo, devido a substituição da
estrutura normal por uma estrutura de massa hialina, acidófila e semelhantes a fibrina.
São chamadas de “doenças do colágeno”, como a febre reumática e a artrite
reumatoide.
f) Gangrena
São necroses que ocorrem com isquemia e liquefação, devido a ação de
bactérias e leucócitos. Por isso os tecidos que são de fácil acesso e proliferação
bacteriana são os mais atingidos, como: pele, pulmão, intestino. Há três tipos de
gangrena: seca, úmida e gasosa.
A gangrena seca é a caracterizada pela necrose isquêmica por coagulação
das extremidades. O aspecto do tecido fica mais escuro e seco, devido às alterações
da hemoglobina e perda de água.
A gangrena úmida é decorrente da decomposição tecidual por bactérias
saprófitas e anaeróbicas que causam putrefação e amolecimento do tecido, levando
ao aspecto úmido.
Já a gangrena gasosa é causada pela infecção pelo Clostridium perfringens e
Clostridium septicum que são responsáveis pela invasão celular causando
mionecrose. A espécie clostridia liberará colagenase e hialuronidase que facilitam a
degradação do tecido conjuntivo e difusão de suas toxinas.

Referências

KERR, JF; WYLLIE, AH; CURRIE, AR. Apoptosis: a basic biological


phenomenon with wide-ranging implications in tissue kinetics. Br J Cancer.
1972.
GRIVICICH, I; REGNER, A; ROCHA, A. Morte Celular por Apoptose. Revista
Brasileira de Cancerologia, 2007. Disponível em:
http://www1.inca.gov.br/rbc/n_53/v03/pdf/revisao4.pdf
VASCONCELOS, AC. Patologia Geral em Hipertexto. Universidade Federal de
Minas Gerais. 2000

BOGLIOLO, L. Patologia geral. 3ª ed. Guanabara – KOOGAN, 1981.

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