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Anhanguera Uniderp

Ciências Morfofuncionais dos Sistemas Imune e Hematológico


Docente: Larissa Rocha Rezende de Medeiros
Discente: Driele Fernandes Moura

NECROSE

1. Conceito e nomenclatura:

A Necrose é o estado de morte de um grupo de células, tecido ou órgão,


geralmente devido à ausência de suprimento sanguíneo. A necrose pode
ocorrer também por outros fatores que levam à lesão celular irreversível, como
a ação causada por agentes químicos tóxicos ou resposta imunológica danosa.
Fala-se de morte celular quando as suas funções orgânicas e processos do
metabolismo cessam.
Necrose é o "ponto final" das alterações celulares, sendo uma
conseqüência comum de inflamações, de processos degenerativos e
infiltrativos e de muitas alterações circulatórias. É o resultado de uma injuria
celular irreversível, quando o então "nível zero de habilidade homeostática" (ou
"ponto de não retorno" ou ainda "ponto de morte celular") é ultrapassado,
caracterizando a incapacidade de restauração do equilíbrio homeostático.
As causas mais comuns de lesões celulares são: hipóxia; agentes
físicos; agentes químicos e drogas; agentes infecciosos; distúrbios genéticos;
reações imunológicas e desequilíbrios nutricionais. O estímulo nocivo poderá
desencadear vários processos intracelulares, tais como o dano da membrana,
causando sua ruptura e extravazamento de seu produto para o meio
extracelular, comprometimento da mitocôndria com diminuição da produção de
ATP; comprometimento dos lisossomos levando à digestão enzimática dos
componentes celulares. Ocorre o aumento do cálcio para o meio intracelular e
formação excessiva de radicais livres, fatores estes que levam à proteolítica e
danos do material genético.
Outros termos relacionados à necrose: Necrobiose, Esfacelo, Cárie,
Sequestro, Malácia, Infarto, Erosão, Úlcera, Úlcera fagedênica, Escara
A necrose deve ser diferenciada da apoptose:
a) Apoptose (Morte celular programada) é um tipo de "autodestruição
celular" que requer energia e síntese protéica para a sua execução. Está
relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos
tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose. Não existe liberação
do conteúdo celular para o interstício e portanto não se observa
inflamação ao redor da célula morta. Outro fato importante é a
fragmentação internucleossômica do DNA, sem nenhuma especificidade
de sequência, porém mais intensamente na cromatina em configuração
aberta; consequência da atividade de uma endonuclease.

b) A Necrose (morte celular no organismo vivo) difere da apoptose por


representar um fenômeno degenerativo irreversível, causado por um
agressão intensa. Trata-se pois da degradação progressiva das
estruturas celulares sempre que existam agressões ambientais severas.
Aumento de volume do citoplasma, perda das estruturas de superfície,
edema mitocondrial, ruptura de organelas, vesiculações da membrana.
É sempre patológica.

2. Causas:

A Necrose pode ocorrer por conta de agentes físicos como ação


mecânica, temperatura, efeitos magnéticos, radiação; agentes químicos, como
tóxicos, drogas, álcool, etc. e agentes biológicos, como infecções virais,
bacterianas, micóticas, parasitárias ou insuficiência circulatória. A necrose leva
ao desaparecimento total do núcleo celular e, por fim, da própria célula, o que é
precedido de alterações celulares estruturais graves.

3. Características:

Variam conforme o tipo morfológico da necrose. Como características


comuns, podemos ter:
a) Diminuição da consistência e elasticidade (devido à lise dos constituintes
celulares), verificados facilmente em órgãos parenquimatosos (ex.:
fígado e pulmões) quando uma simples compressão digital determina a
perfuração da cápsula ["friabilidade"] ou mesmo nas alças intestinais,
que quando suspendidas se rompem não suportando seu próprio peso.

b) Alterações na coloração e aspecto geral:


i) Aumento da palidez e opacidade, determinando uma coloração mais
brancacenta ou acinzentada, típica da necrose de Coagulação, vista
nos infartos brancos ou isquemicos;

ii) Escurecimento do órgão, quando este por ocasião da necrose estiver


repleto de sangue - típica da necrose edematosa e hemorrágica,
vista nos infartos vermelhos ou hemorrágicos;

iii) Liquefação do tecido necrótico - típica da necrose Coliquativa ou


Liquefativa, vista nas malácias do SNC e nas necroses supurativas
na região central de abscessos, determinando a cavidade
neoformada onde se alojará o pus;

iv) Formação de massa brancacenta ou amarelada, pastosa, friável,


lembrando à caseína do queijo - típica da necrose Caseosa ou de
caseificação, vista no centro dos granulomas causados pelo
Mycobacterium tuberculosis e suas variedades [exceção: M. avium]
na tuberculose;

v) Formação de massa gomosa, compacta, "emborrachada" ou fluida,


lembrando à "goma arábica" - típica da necrose Gomosa, vista no
centro dos granulomas vascularizados causados pelo Treponema
palidum, na sífilis ou Lues tardia;

vi) Formação de pequenas massas esbranquiçadas, lembrando à


"parafina derretida" em tecidos ricos em lípides - típica da necrose
Enzimática das Gorduras, vista no omento e tecido pancreático, nas
pancreatites agudas e no tecido adiposo das glândulas mamarias.

4. Principais tipos de necrose

a) Necrose de coagulação ou isquêmica: ocorre devido a uma hipóxia ou


isquemia em qualquer tecido, exceto o cerebral, que sofre necrose por
liquefação. Ela é determinada pela desnaturação das proteínas celulares
autolíticas, com o que a célula não é destruída e a arquitetura tecidual é
mantida por alguns dias até a digestão e remoção da necrose. A forma
do tecido é mantida íntegra por alguns dias com textura firme, devido à
desnaturação das enzimas, retardando a proteólise do tecido morto.
Posteriormente ocorre a invasão dos leucócitos que fazem a fagocitose
deste tecido. Este tipo de necrose é característico de lesão por isquemia
ou hipóxia, que pode acontecer em todos os tecidos do organismo, com
exceção do tecido nervoso encefálico. Podemos citar mais uma vez
como exemplo o infarto do miocárdio, em que um vaso importante é
obstruído, deixando de suprir uma determinada região do miocárdio,
resultando em uma área denominada infartada.

b) Necrose de liquefação: devido à infecção por agentes biológicos ou por


isquemia ou hipóxia no tecido cerebral. A lesão e morte celular são
causadas por toxinas produzidas pelos micro-organismos infecciosos ou
por processo inflamatório. As células mortas são rapidamente
fagocitadas e digeridas. A digestão do tecido necrótico resultará na
formação de uma massa residual amorfa, geralmente composta por pus.
É característica pela digestão imediata das células mortas por enzimas
digestivas, o que resulta numa área líquida devido ao acúmulo de
exsudato inflamatório e formação de secreção purulenta. É característica
de lesões por infecções em que os micro-organismos estimulam a
proliferação de leucócitos e liberação de enzimas no local. Podemos
citar como exemplo a lesão isquêmica no tecido nervoso encefálico, com
formação de exsudato inflamatório.

c) Necrose fibrinóide: o tecido necrosado adquire um aspecto róseo e


vítreo, semelhante à fibrina. Ocorre em algumas doenças autoimunes e
na hipertensão arterial maligna.

d) Necrose gangrenosa: um tipo de necrose de coagulação que acomete


principalmente as extremidades de membros que perderam o
suprimento sanguíneo, gerando gangrena, isto é, uma necrose seguida
de invasão bacteriana e putrefação tecidual. Se desenvolve a partir de
um ferimento causado por agente externo e ocorre geralmente nas
extremidades do corpo, em locais que sofrem de isquemia. É bastante
comum de acontecer em pacientes diabéticos que possuem alteração de
vascularização dos membros

e) Necrose gordurosa: ocorre quando há o extravasamento de enzimas


lipolíticas para o tecido adiposo, o que leva à liquefação dele. É o tipo de
necrose que ocorre nas pancreatites agudas.

f) necrose caseosa: encontrada geralmente nos casos de tuberculose.


Sua aparência é semelhante ao queijo, região comprometida é branca e
friável.

g) necrose gomosa: que se trata de uma variação da necrose de


coagulação. É um tipo mais raro de necrose e encontra-se geralmente
nas lesões associadas à sífilis, na fase tardia ou terciária. Apresenta
aspecto elástico, como borracha.
5. Consequências da necrose:

Dependem de:
a) órgão afetado: quanto mais essencial à vida, mais graves as
conseqüências;

b) extensão da lesão: quanto maiores, mais graves as consequências.


Quando a área de necrose é de grande extensão, ou seja, grande
número de células morrem, aquela área é denominada órgão ou tecido
necrótico. Pode-se usar como exemplo a área infartada do coração pós-
infarto do miocárdio, em que aquela região comprometida pela isquemia
sofre morte tecidual e deixa de ser funcional.

6. Evolução:

a) Absorção: Se a área afetada for mínima. Fagocitose por Macrófagos.

b) Drenagem: Se área for próxima à vias excretoras ou se ocorrer


fistulação (Ruptura e drenagem de abscessos/necrose coliquativa).

c) Cicatrização: Proliferação fibroblástica e substituição do parênquima


necrótico por tecido conjuntivo fibroso.

d) Calcificação: Comum na necrose caseosa.

e) Encistamento ou Seqüestro: Formação de pseudo-cistos, quando a área


de necrose é ampla limitando a absorção. Comum nas malacias do SNC
(onde as células responsáveis pela cicatrização - os astrócitos - ao
contrário dos fibroblastos não são capazes de preencher extensas áreas
perdidas. Nesse caso os astrócitos circunscrevem a área necrosada
formando uma cápsula e ocorre então a formação de um cisto.

7. Tratamentos para a Necrose

O tratamento dependerá da causa subjacente e a oportuna intervenção


por isso é importante para fazer a prevenção e compreender as causas que
levaram à morte do tecido, bem como o tipo de doença que pode estar a
caminho.
Dependendo do tipo de necrose e o tecido necrosado afetado, o
paciente pode passar por debridamento químico ou cirúrgico a critério médico;
curativos diários; câmara hiperbárica (indicado a todos os casos); e a enxertia
cirúrgica das partes acometidas.

REFERÊNCIAS

RIBEIRO, Chistiane.. Conheça os tipos de necrose. Enfermagem Ilustrada.


Disponível em: [https://enfermagemilustrada.com/conheca-os-tipos-de-
necrose/]. Acessado em: 22/08/2023.

VASCONCELOS, Anilton Cesar. Patologia Geral em Hipertexto. Universidade


Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Minas Gerais, 2000. Disponível em:
[https://depto.icb.ufmg.br/dpat/old/necrose.htm]. Acessado em: 22/08/2023.

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