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Degeneração e morte celular

Degeneração: é caracterizada pelo acúmulo de substâncias no interior da célula. Pode ser:


 Degeneração hidrópica: Caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos nas células,
degeneração hidrópica é a lesão não letal mais frequente; suas causas são agentes físicos,
químicos ou biológicos que alteram o equilíbrio hidroeletrolítico e levam à retenção de eletrólitos
e água nas células. Tal situação ocorre por: (1) hipóxia, (2) hipertermia exógena ou endógena
(febre), por aumento no consumo de ATP, (3) agressões geradoras de radicais livres, que
lesam membranas; (4) inibidores da ATPase Na+/K+ dependente.
 Degeneração hialina: consiste no acúmulo de material proteico e acidófilo nas células, que
resulta da condensação de filamentos intermediários ou do acúmulo de material viral; outras
vezes, o material hialino depositado é constituído por proteínas endocitadas.
 Esteatose: é o acúmulo de gorduras neutras no citoplasma de células que não as armazenam.
A lesão é comum no fígado, mas pode ser vista também em outros locais (miocárdio, músculos
esqueléticos, túbulos renais etc.). Esteatose pode ser causada por várias agressões: agentes
tóxicos, hipóxia, alterações na dieta e distúrbios metabólicos. A lesão aparece quando o agente
aumenta a captação ou a síntese de ácidos graxos ou dificulta sua utilização, seu transporte
ou sua excreção. A lesão é mais conhecida no fígado. Etanol e síndrome metabólica são as
causas principais de esteatose hepática.
 Glicogenoses: são doenças genéticas caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio em células do
fígado, rins, músculos esqueléticos e coração e causadas pela deficiência de enzimas envolvidos
na sua degradação. As principais doenças e os órgãos mais afetados estão resumidos no
Quadro 5.2. Acúmulo de glicogênio pode ocorrer também por alterações no seu metabolismo.
 Mucopolissacaridoses: Depósitos anormais de poliglicanos e/ou proteoglicanos ocorrem em
doenças metabólicas denominadas genericamente mucopolissacaridoses, que resultam de
deficiências enzimáticas e se caracterizam por acúmulo intralisossômico dessas moléculas e/ou
de seus catabólitos.
Morte celular: nas células, as agressões podem causar lesões reversíveis ou irreversíveis (morte celular).
Reversibilidade ou não de uma lesão depende da célula agredida e do tipo de agressão, da sua
intensidade e da sua duração. Alterações ultraestruturais (grande tumefação mitocondrial, perda de
cristas, bolhas e solução de continuidade na membrana) sejam indicativas de lesão irreversível.
 Necrose significa morte celular em organismo vivo e seguida de autólise. Quando a agressão
interrompe a produção de energia, os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases
e estas saem para o citosol e iniciam a autólise; hidrolases lisossômicas digerem todos os
substratos celulares. Além de autólise, quando há necrose são liberadas DAMP (HMGB1, uratos
e fosfatos) que induzem reação inflamatória. A digestão dos componentes celulares pelas
enzimas liberadas resulta nos achados morfológicos. Macroscopicamente, a necrose tem
aspectos variados. A região de necrose isquêmica em órgãos com circulação terminal adquire
coloração esbranquiçada e torna-se tumefeita. Na necrose anóxica de órgãos com circulação
dupla, há extravasamento de sangue, adquirindo a área comprometida aspecto hemorrágico
(vermelho). Na necrose que ocorre na tuberculose, a região necrosada assume aspecto de
massa de queijo, esbranquiçada e quebradiça (necrose caseosa). Na sífilis, as lesões têm
aspecto de goma (necrose gomosa). Quando o tecido é digerido até a liquefação, com aspecto
semifluido, fala-se em necrose por liquefação ou coliquativa, comum no encéfalo. Os principais
achados microscópicos são: (1) alterações nucleares: (a) contração e condensação da
cromatina, tornando o núcleo mais basófilo, homogêneo e menor do que o normal: é a picnose
nuclear; (b) fragmentação do núcleo, constituindo a cariorrexe; (c) digestão da cromatina e
desaparecimento dos núcleos: é a cariólise. Picnose, cariólise e cariorrexe resultam do
abaixamento do pH na célula morta (que condensa a cromatina) e da ação de
desoxirribonucleases e outras proteases que digerem a cromatina e fragmentam a membrana
nuclear; (2) alterações citoplasmáticas. No início, há aumento da acidofilia; mais tarde, o
citoplasma torna-se granuloso e forma massas amorfas.
 Necrose por coagulação. Sua causa mais frequente é isquemia. Macroscopicamente, a área
atingida é esbranquiçada e fica circundada por um halo avermelhado (hiperemia que tenta
compensar a isquemia). Microscopicamente, além de alterações nucleares, especialmente
cariólise, as células necrosadas apresentam citoplasma com aspecto de substância coagulada
(o citoplasma torna-se acidófilo e granuloso, gelificado
 Necrose por liquefação. É a necrose em que a região adquire consistência mole, semifluida ou
liquefeita. A liquefação é causada por enzimas lisossômicas. Tal necrose é comum no tecido
nervoso, na suprarrenal ou na mucosa gástrica. Em inflamações purulentas, a liquefação (pus)
deve-se à ação de enzimas lisossômicas liberadas por leucócitos.
 Necrose caseosa. A área necrosada adquire aspecto macroscópico de massa de queijo (do
latim caseum). Microscopicamente, as células necróticas formam uma massa homogênea,
acidófila, contendo núcleos picnóticos e, principalmente na periferia, núcleos fragmentados
(cariorrexe); as células perdem totalmente os seus contornos e os detalhes estruturais (Figura
5.31). Necrose caseosa é comum na tuberculose. A lesão parece resultar de agressão imunitária,
por liberação de linfotoxinas (p. ex., TNF) e produtos citotóxicos de macrófagos. Como os
granulomas são hipovascualres, a necrose pode dever-se também a hipóxia. Nos granulomas
da tuberculose, há ainda apoptose maciça de células inflamatórias (na periferia da necrose há
cariorrexe evidente, que é um achado frequente na apoptose). Na parte central da lesão,
encontra-se cariólise extensa. Admite-se que, na tuberculose, muitas células iniciam a apoptose
e a concluem, enquanto outras iniciam a apoptose, mas evoluem para necrose, evidenciada por
cariólise.
 Necrose gomosa. É a variedade de necrose por coagulação na qual o tecido necrosado assume
aspecto compacto e elástico como borracha (goma), ou fluido e viscoso como a goma-
arábica; é encontrada na sífilis tardia (goma sifilítica).
 Esteatonecrose. Também denominada necrose enzimática do tecido adiposo, é encontrada
tipicamente na pancreatite aguda necro-hemorrágica, que resulta do extravasamento de
enzimas pancreáticas.

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