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Introdução

Durante a nossa apresentação vamos abordar sobre a tumefação celular, esteatose,


lipidose e glicogenose, partindo das suas definições, etiologia ou causas, sinais e
sintomas, diagnóstico e os efeitos que causam no organismo humano.

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Objectivos
Objectivo geral
• Descrever a etiologia da tumefação celular, esteatose, lipidose e
glicogenoses.
Obejectivos específicos
1. Determinar fundamentos teóricos que tratam da tumefação celular, esteatose,
lipidose e glicogenoses.

2. Identificar os níveis de prevenção da tumefação celular, esteatose, lipidoe e


glicogenoses.

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FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
1 Definição de termos e conceitos
1.1 Tumefação
Segundo o dicionário porto editora define a tumefação como aumento ou inchaço
patológico de um órgão, de uma parte do corpo ou de uma estrutura orgânica que pode
ser provocada por edema, por infiltração, por inflamação ou por neoplasia. (Dicionário
porto editora)

1.2 Célula

Para o MSD define que a célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos
e apresenta como partes fundamentais a membrana plasmática, o citoplasma e o material
genético. (MSD).

1.3 Esteatose

Segundo o Dicionário online em português define que esteatose é o acúmulo


excessivo de glóbulos gordos nos tecidos. (Dicionário online em português)

1.4 Lipidose

Para o dicionário porto editora define lipidose como designação dada a qualquer
alteração do metabolismo dos lípidos que determine a deposição das gorduras no interior
das células. (Dicionário porto editora)

1.5 Glicogenose

Para o dicionário informal em português a glicogenose é qualquer doença


relacionada a erros inatos do metabolismo, resultantes de deficiências enzimáticas.
(Dicionário informal de português)

1.6 A tumefação celular (degeneração hidrópica ou vacuolar)


É a lesão celular reversível, devido ao acúmulo de água e eletrólitos no citoplasma
e nas organelas celulares, por distúrbio hidroeletrolítico, tornando-as volumosas,
tumefeitas.

A tumefação celular pode ser desencadeada por diferentes agentes agressores


(físicos, químicos, biológicos), que levam a um aumento da concentração de sódio e
redução da concentração de potássio intracelulares, com aumento da pressão osmótica
intracelular, favorecendo, por seu lado, a entrada de água nas células e,
consequentemente, o aumento de volume isosmótico celular, por comprometimento

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funcional das bombas eletrolíticas (enzimas) nas membranas celulares, responsáveis pelas
concentrações diferenciadas dos eletrólitos, intra- e extracelulares.

A concentração do sódio é maior no meio extracelular, enquanto a de potássio é


maior no meio intracelular. O controle da concentração de potássio sendo mantida mais
alta dentro da célula é importante para a síntese de proteínas e para a respiração celular,
enquanto a concentração maior de sódio no meio extracelular favorece o equilíbrio
osmótico.

De acordo com o tipo da distribuição da água acumulada, a tumefação celular


pode ser classificada em:
Tumefação turva ou Degeneração granular ou Degeneração albuminosa ou ainda
grânulo-albuminosa: são caracterizadas por acúmulo de água e eletrólitos no interior da
célula levando a um aumento de seu volume. O edema celular acontece devido ao acú-
mulo de água associado ao sódio no citoplasma e no reticulo endoplasmático da célula.

Trata-se de uma fase mais precoce, mais aguda, mais comum, mais reversível,
menos grave e por vezes confundida com autólise.

Degeneração hidrópica ou vacuolar ou balonosa ou ainda globulosa: Degeneração


hidrópica é o acúmulo de água no meio intracelular (hiperhidratação celular), consequên-
cia de desequilíbrios no controle do gradiente osmótico no nível da membrana citoplas-
mática e nos mecanismos de absorção, eliminação de água e eletrólitos intracelulares.
Não é aspeto de lesão celular irreversível. Trata-se de um estágio mais avançado da
mesma tumefação turva.

1.7 Patogenia hidrópica

➢ Desequilíbrio iônico ente sódio e potássio;


➢ Sódio fica retido intracelularmente, o que provoca a rápida entrada de água na
célula e a retenção de potássio extracelularmente;
➢ Queda da bomba de Sódio e Potássio, a célula se torna mais permeável, entra
muita água da mitocôndria, aumentando seu tamanho e diminuindo o seu meta-
bolismo e a produção de energia (ATP).

1.8 Aspecto macroscópico hidrópica ou vacuolar


➢ Aumento de volume tecidual;
➢ Tonalidade pálida;
➢ Perda da elasticidade do tecido;
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➢ Brilho característico.

1.9 Aspecto microscópico hidrópica ou vacuolar


➢ Células aumentadas de volume;

➢ Núcleo não é deslocado;

➢ Citoplasma com estrutura em "rendilhado";

➢ Contornos celulares bem evidentes e corados.

1.10 Possíveis causadores da degeneração hidrópica


➢ Células aumentadas de volume
➢ Núcleo não é deslocado.
➢ Citoplasma com estrutura em "rendilhado"
➢ Contornos celulares bem evidentes e corados

1.11 Características macroscópicas

Aumento de volume e peso da víscera, com palidez (compressão vascular pelas célu-
las tumefeitas) e/ou coloração acinzentada clara.

1.12 Características microscópicas


No exame à fresco: Citoplasma opaco, granuloso, turvo, refringente , com trans-
parência diminuída mascarando o núcleo (Razão para o batismo com o termo "Tumefação
turva", por VIRCHOW).

No exame de rotina: Aumento do volume celular, com alteração da proporção


citoplasma/núcleo e vacuolização citoplasmática que aumenta de volume, frequência
e intensidade de acordo com o estágio da lesão. Na tumefação turva os vacúolos (or-
ganelas distendidas ou rompidas) são pequenos. Já na degeneração hidrópica vacuo-
lar a água se encontra compartimenta lizada e, de acordo com a distensão que deter-
mina pode ocasionar ruptura celular (necrose coliquativa, base para a formação de
vesículas nas viroses epiteliotrópicas vesiculares).

1.13 Características ultraestruturais

➢ Tumefação mitocondrial e cristólise (com diminuição da fosforilação oxida-


tiva e da síntese de ATP);
➢ dilatação das cisternas e fragmentação do Retículo Endoplasmático e do Com-
plexo de Golgi;
➢ lise do protoplasma (Ý citosol);

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➢ perda das especializações superficiais da membrana celular (cílios, microvilo-
sidades, desmossomos) e alteração nos contornos celulares.

1.14 Causas

➢ Hipóxia,
➢ infecções bacterianas e virais,
➢ hipertermia,
➢ intoxicações endógenas e exógenas etc.

1.15 Esteatose

Também chamada de transformação gordurosa ou lipidose é


uma degeneração caracterizada pelo acúmulo anormal e reversível
de lipídeos no citoplasma de células parenquimatosas, hepatócitos, fibras do miocárdio,
onde normalmente lipídeos não seriam evidenciados histologicamente, formando
vacúolos em consequência de desequilíbrios na síntese, utilização ou mobilização.

Como o fígado é o órgão diretamente relacionado com o metabolismo lipídico, é


nele que vamos encontrar mais comumente a esteatose. A esteato-hepatite não-alcoólica
(EHNA, ou NASH, do inglês "nonalcoholic steatohepatitis") é uma doença hepática
gordurosa não alcoólica (DHGNA) onde a presença da esteatose está relacionada a
uma inflamação no fígado (hepatite). Assim, a esteatose hepática ("fígado gorduroso") e
a EHNA são apresentações diferentes da DHGNA, sendo que a primeira pode evoluir
para a segunda.

A cirrose de causa indefinida (criptogênica) onde observa-se esteatose, mas não


há sinais de EHNA ativa, também está classificada como DHGNA.

A DHGNA é o conjunto de doenças gordurosas do fígado não relacionadas ao uso


de álcool. A esteatose hepática, ou "fígado gorduroso", é o simples acúmulo de gorduras
nas células do fígado, enquanto a esteato-hepatite é o acúmulo de gorduras com
inflamação do fígado.

Não há nenhum exame que distingue a esteatose decorrente do uso de álcool da


DHGNA, portanto só podemos considerar como DHGNA se não houver histórico de uso
de álcool ou se a quantidade ingerida for insuficiente para causar a esteatose. Geralmente
considera-se que um consumo inferior a 20 gramas de álcool por semana seria seguro.

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1.16 Etiologia

Muitas doenças podem se manifestar no fígado como esteatose associada ou não


à inflamação. Algumas estão associadas a distúrbios no metabolismo de gordura em todo
o organismo com o acúmulo de gordura no fígado, mas não necessariamente.

Medicamentos e substâncias tóxicas como a tetraciclina podem levar a inflamação


e degeneração gordurosa do fígado através de lesão nas mitocôndrias do fígado, levando
à incapacidade de metabolizar adequadamente as gorduras no órgão e ainda levar à
destruição de células e inflamação.

Outras doenças como as doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn,


retocolite ulcerativa) podem causar esteatose e inflamação pelo aumento de proteínas
inflamatórias e produtos bacterianos que chegam ao fígado pela veia porta.

Outras ainda podem ser erroneamente diagnosticadas como esteatose por


confundirem exames de imagem (como a doença de Wilson e a hemocromatose), ou o
anátomo-patológico (como nas glicogenoses, onde o acúmulo de glicogênio pode ser
confundido com esteatose tanto na biópsia quanto nos exames de imagem).

O acúmulo de gordura no interior dos hepatócitos é um mecanismo natural,


utilizado para estocar energia. A quantidade de energia acumulada na gordura é muito
maior que no açúcar ou na proteína, podendo fornecer ao organismo grande quantidade
de energia nos momentos de necessidade.

O fígado mantém dois grandes estoques de energia: a gordura (especialmente na


forma de triglicérides, também chamados de triacilgliceróis) e o glicogênio, que é uma
glicose alterada para ser estocada. Quando permanecemos em jejum e o nível de açúcar
no sangue diminui, hormônios enviam sinal ao fígado para transformar o glicogênio em
glicose e manter o organismo funcionando.

Se a falta de comida persistir, a gordura começa a ser utilizada, mas este processo
é mais demorado. Além disso, estudos sugerem que as células esteladas do fígado tentam
controlar os níveis de colesterol no sangue transportando o excesso de gorduras para
dentro do fígado. Os coelhos, por exemplo, que não tem células esteladas, sofrem muito
mais com o excesso de colesterol.

Há vários motivos pelos quais o metabolismo natural de gordura pode ser alterado
e levar à DHGNA:O mais estudado está relacionado a resistência dos tecidos ao hormônio

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insulina, que regula e influencia todos os processos metabólicos que envolvem açúcares
e gorduras.

Com a resistência à insulina, há aumento da lipólise (transformação dos lipídeos


em ácidos graxos, especialmente na forma de triglicérides), com o aumento no aporte de
ácidos graxos ao fígado. (Triglicérides são moléculas formadas por uma molécula de
glicerol esterificada a três moléculas de ácidos graxos.

Os triglicérides são "desmontados" no intestino, absorvidos e depois podem ser


novamente montados no fígado e depositados neste ou nas células de gordura, aonde
normalmente tem a função primária de servir como reserva de energia.

A dieta rica em carboidratos, por oferecer grande quantidade de energia, permite


ao organismo estocar a energia excedente, principalmente na forma de triglicérides (a
presença de triglicérides em grande quantidade no organismo não significa
necessariamente a ingestão de grande quantidade de gordura, pois mesmo dietas com
pouca gordura, em pessoas com distúrbios metabólicos que estimulam a produção de
gorduras no organismo, poderão apresentar níveis assustadoramente altos de lipídeos),
que são produzidos e acumulados no fígado.

A metabolização de ácidos graxos, realizada em grande parte no interior das


mitocôndrias, pode estar prejudicado. Essa hipótese é sustentada pela demonstração de
redução na atividade de genes que atuam na função mitocondrial em portadores de
EHNA.

A própria esteatose pode levar a um processo de retroalimentação positiva


("círculo vicioso") que estimula os processos anteriores. Estudos recentes estão ajudando
a esclarecer porque o grau de obesidade e de hipertrigliceridemia (excesso de
triglicérides) não está necessariamente relacionado à presença de esteatose e esteato-
hepatite e porque há uma tendência a familiares de portadores de DHGNA e EHNA a
terem maior risco da doença do que pessoas semelhantes.

Diversos genes foram relacionados à maior risco de DHGNA, mas ainda resta
saber como esses genes desencadeiam a doença e, mais importante, se distúrbios
genéticos diferentes darão origem a tratamentos específicos e mais eficazes para cada
situação.

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1.17 Esteatose hepática

É um distúrbio que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no interior dos


hepatócitos (células do fígado) – órgão situado no lado direito do abdômen por onde
circula grande quantidade de sangue. De coloração marrom-avermelhada, o fígado exerce
mais de 500 funções fundamentais para o organismo.

O aumento de gordura dentro dos hepatócitos, constante e por tempo prolongado,


pode provocar uma inflamação capaz de evoluir para quadros graves de hepatite
gordurosa, cirrose hepática e até câncer. Nesses casos, o fígado não só aumenta de
tamanho, como adquire um aspecto amarelado.

Também conhecida por doença hepática gordurosa, gordura no fígado ou fígado


gorduroso, a esteatose hepática é uma condição cada dia mais comum, que pode
manifestar-se também na infância e atinge mais as mulheres. A estimativa é que 30% da
população apresentem o problema e que aproximadamente metade dos portadores possa
evoluir para formas mais graves da doença.

1.18 Causas

As esteatoses hepáticas podem ser classificadas em alcoólicas (provocadas pelo


consumo excessivo de álcool) e não alcoólicas.

Sobrepeso, diabetes, má nutrição, perda brusca de peso, gravidez, cirurgias e


sedentarismo são fatores de risco para o aparecimento da esteatose hepática gordurosa
não alcoólica.

Há evidências de que a síndrome metabólica (pressão alta, resistência à insulina,


níveis elevados de colesterol e triglicérides) e a obesidade abdominal estão diretamente
associadas ao excesso de células gordurosas no fígado.

Num número bem menor de casos, pessoas magras, abstêmias, sem alterações de
colesterol e glicemia, podem desenvolver quadros de esteatose hepática gordurosa.

Em crianças nos primeiros anos de vida, a esteatose hepática é causada


principalmente por algumas doenças metabólicas (causam alteração no funcionamento
geral do organismo). Já nas crianças maiores e adolescentes, as causas são semelhantes
às dos adultos. O tratamento na infância é de fundamental importância para prevenir
danos irreversíveis nos adultos, além da conscientização da criança para hábitos de vida
saudáveis.

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1.19 Sintomas

Nos quadros leves de esteatose hepática, a doença não provoca sintomas, estes são
percebidos quando aparecem as complicações da doença. Inicialmente, as queixas são
dor, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado.

Nos estágios mais avançados de esteato-hepatite, caracterizados por inflamação e


fibrose que resultam em insuficiência hepática, os sintomas mais frequentes são ascite
(acúmulo anormal de líquido dentro do abdome), encefalopatia (doenças no encéfalo) e
confusão mental, hemorragias, queda no número de plaquetas do sangue, icterícia (pele e
olhos amarelados).

1.20 Diagnóstico

Com frequência, nas fases iniciais, o diagnóstico da esteatose hepática gordurosa


não alcoólica é feito por meio de exames de rotina, laboratoriais ou de imagem. Uma vez
detectada a alteração, é indispensável estabelecer o diagnóstico diferencial com outras
hepatites, ou doenças autoimunes e genéticas, ou pelo uso de drogas, uma vez que a
enfermidade não apresenta um quadro clínico característico.

Surgindo a suspeita, porém, o importante é levantar a história do paciente, que


deve passar por minucioso exame físico e submeter-se a exames de sangue para medir os
níveis das enzimas hepáticas.

Embora a ultrassonografia, a tomografia e a ressonância magnética sejam muito


úteis para avaliar possíveis alterações no fígado, há casos em que a confirmação do
diagnóstico depende de biopsia. Entre todos, porém, o exame mais importante para
diagnóstico da enfermidade é a elastografia transitória, um método semelhante à
ultrassonografia, indolor, que mede a elasticidade do tecido hepático e a quantidade de
gordura acumulada no fígado.

1.21 Prevenção

Algumas medidas são indispensáveis para prevenir o acúmulo de gordura no fígado


ou para reverter o quadro já instalado.

➢ Esteja atento às medidas da circunferência abdominal, que não devem ultrapassar


88 cm nas mulheres e 102 cm nos homens;

➢ procure manter o peso dentro dos padrões ideais para sua altura e idade, mas
cuidado;

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➢ Dietas radicais, que provocam emagrecimento muito rápido, podem piorar o
quadro;

➢ Beba com moderação (bebidas alcoólicas) durante a semana e nos fins de semana
também;

➢ Restrinja o consumo dos carboidratos refinados e das gorduras saturadas.


Substitua esses alimentos pelas integrais e por azeite de oliva, peixes, frutas e
verduras.

1.22 Tratamento

Não existe um tratamento específico para o fígado com excesso de gordura. Ele é
determinado de acordo com as causas da doença, que tem cura, e baseia-se em três pilares:
estilo de vida saudável, alimentação equilibrada e prática regular de exercícios físicos.
São raros os casos em que se torna necessário introduzir medicação.

1.23 Lipidose

Se refere a desordens orgânicas no metabolismo que resultam em quantidades


nocivas de lípidos (gorduras) acumulando em certas partes do corpo.

Pessoas com esses transtornos geralmente não produzem enzimas suficientes necessários
para metabolizar os lipídios ou eles produzem enzimas que não funcionam corretamente.

Ao longo do tempo, este armazenamento excessivo de gordura pode causar dano


permanente a certos tecidos celulares, em especial no cérebro, sistema nervoso
periférico, fígado, baço e medula óssea.

1.24 Lipidoe hepática

O fígado é a maior glândula do corpo e possui diversas funções fundamentais para


a sobrevivência dos humanos e dos pets. As principais utilidades estão relacionadas com
a digestão dos nutrientes, estocagem de energia, produção de proteínas, armazenamento
de vitaminas e degradação, inativação e excreção de drogas e toxinas.

Certamente, uma lesão ou doença nesse órgão vital pode comprometer a saúde do
indivíduo em vários aspectos e no caso da lipidose hepática isso não é diferente

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1.25 Causa

As principais células que estão presentes no fígado se chamam hepatócitos, que


são os responsáveis por parte das funções que este órgão desempenha. A lipidose hepática
é caracterizada por um acúmulo de gorduras (triglicerídeos) nos hepatócitos, podendo
ser classificada como primária (quando não há uma causa aparente) ou secundária quando
o problema é consequência de alguma enfermidade, como Diabetes
Mellitus, Hipotireoidismo, Pancreatite, Doença Inflamatória Intestinal e Hiperlipidemia.

1.26 Sinais e sintomas

➢ Perda de peso;
➢ Anorexia ou hiporexia;
➢ Vômitos;
➢ Palidez ou icterícia;
➢ Constipação ou diarreia;
➢ Letargia.

1.27 Glicogenose
Chamada de doença do armazenamento de glicogênio é
qualquer doença relacionada a erros inatos do metabolismo, resultantes de
deficiências enzimáticas, que afetam o processamento da síntese do glicogênio ou sua
quebra nos músculos e fígado. Resultam da incapacidade do indivíduo metabolizar o
glicogênio decorrente de defeitos nas enzimas envolvidas no metabolismo do mesmo. É
um nome genérico que engloba pelo menos diversas doenças hereditárias raras de
armazenamento de glicogênio nos tecidos.

1.28 Metabolismo normal do glicogênio


A síntese e degradação do glicogênio envolvem conjuntos separados de enzimas,
funcionando de forma irreversível, ou seja, o processo de degradação não é o inverso da
síntese. Pelo menos 8 enzimas estão envolvidas neste processo. Basta a ausência de uma
para que a síntese ou a degradação fique comprometida, ou a molécula de glicogênio pode
ser anormal. Além disso, há enzimas que têm formas distintas em órgãos diferentes.

Na década de 70 os pacientes com glicogenose apresentavam um mortalidade


elevada e danos neurológicos permanentes com grande atraso no desenvolvimento mental
e crescimento. O tratamento atual tem alterado significativamente o curso clínico, e houve

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notável melhora do prognóstico nos pacientes com glicogenose tipo I, com expectativa
de vida ultrapassando a terceira década.

1.29 Tipos de glicogenoses


Existem doenças que geralmente são consideradas como glicogenoses, conforme
o defeito enzimático específico e os órgãos afetados. Cada tipo de glicogenose é causado
por diferentes genes e diferentes enzimas, que acarretam em variações nas manifestações
clínicas e nas formas de tratar as doenças.

1.30 Tipo 0
A glicogenose tipo 0 é caracterizada por uma deficiência na enzima glicogênio
sintase. Ela afeta primordialmente o fígado e as principais manifestações dessa doença
rara desenvolvida na infância são hipoglicemia e hipercetonomia.

Há vários casos relatados na literatura sobre essa disfunção enzimática e, em um


deles, há um relato de caso de uma criança de 9 anos que sofria, no período da manhã,
convulsões acompanhadas de hipoglicemia, hipercetonomia e taxas de lactato.

Para a confirmação dessa patologia, biópsias no músculo e no fígado foram


realizadas, revelando baixa concentração da enzima glicogênio sintase hepática e
nenhuma alteração significativa no músculo. Assim, a deficiência nesta enzima pode ser
uma suspeita a glicogenose tipo 0 em crianças quando estas, em jejum, apresentam
sonolência, atenção dispersa, palidez, movimentos oculares descoordenados,
convulsões,hipercetonomia e hipoglicemia.

1.31 Tipo I
A glicogenose tipo I (doença de Von Gierke) é causada pela deficiência no
complexo da glicose-6-fosfatase (EC 3.1.3.9) responsável pela hidrólise da glicose-6-
fosfato (Santos-Antunes 2009) em fosfato e glicose durante o metabolismo do glicogênio.
Trata-se de uma anomalia gerada pela mutação no gene que codifica esta enzima. (Santos-
Antunes 2009; Sartorato et al., 1998).

Existem quatro subtipos para essa patologia:


➢ Tipo. Ia, caracterizado por uma disfunção na unidade catalítica deste complexo
enzimático;
➢ Tipo Ib, relacionado com o transporte deficiente de glicose- 6-fosfato;

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➢ Tipo Ic, caracterizado por um defeito no transportador de fosfato do retículo
endoplasmático para o citoplasma;
➢ Tipo Id, relacionado com uma disfunção da saída de glicose (OZEN, 2007;
Santos-Antunes; 2009).

Essa enfermidade compromete a glicemia, uma vez que o glicogênio estocado não é
metabolizado pelas células hepáticas e renais, contribuindo para o quadro de
hipoglicemia, hepatomegalia, hiperlipidemia, hiperuricemia, retardo no crescimento e
acidose láctica (Reis et al., 2001).

Testes enzimáticos e a análise da mutação no gene que codifica essa enzima é uma
alternativa para o diagnóstico da doença, inclusive pré-natal (Reis et al., 2001; Sartorato
et al., 1998).

1.32 Tipo II
A glicogenose tipo II (doença de Pompe) é uma doença grave e muitas vezes fatal
em que há um acúmulo de glicogênio lisossômico, primordialmente, nas células dos
tecidos musculares como resultado da deficiência da enzima alfa-glicosidase ácida.

Esse distúrbio manifesta-se clinicamente como uma doença neuromuscular que


apresenta diferentes taxas de progressão. A doença de Pompe distingue-se de outras
doenças neuromusculares por apresentar características clínicas específicas, como o
início precoce de problemas respiratórios anteriores à fraqueza dos membros.

Essa disfunção pode se manifestar sob duas formas: forma infantil, em crianças
nos primeiros meses de vida; e forma tardia, em crianças com idade mais avançada e em
adultos. Os sintomas em cada uma dessas formas também são variáveis: na forma infantil,
as crianças apresentam fraqueza muscular e cardiomiopatia; enquanto na forma tardia, o
principal sintoma é a insuficiência respiratória sendo procedida de fraqueza muscular
(Mellies; Lofaso, 2009).

1.33 Tipo III


A glicogenose tipo III (doença de Cori) é um transtorno causado pela deficiência
da enzima desramificadora do glicogênio que possui dois locais catalíticos: amilo-1,6
glicosidase (EC 3.2.1.33) e 4-alfa-glicanotransferase (EC 2.4.1.25) (Dagli; Sentener;
Weisnteinin, 1993-2013).

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Esse distúrbio provoca um acúmulo de glicogênio no citosol celular, dificultando
o funcionamento, principalmente do fígado e dos músculos. Existe relato da prevalência
dessa patologia na população norte africana com ascendência judaica (MILI et al.,2012),
e de acordo com os sinais e sintomas, pode ser classificada em quatro subtipos IIIa, IIIb,
IIIc e IIId acometendo o organismo de formas distintas.

Isso é, enquanto os subtipos IIIa e IIIc afetam as células hepáticas e musculares


causando miopatias, os tipos IIIb e IIId afetam somente os hepatócitos. Em todos os tipos
observa-se a hepatomegalia na infância. Com relação à incidência, a maioria dos casos
enquadra nos tipos IIIa e IIIb, já os relacionados aos tipos IIIc e IIId demonstram-se raros.
(Dagli; Sentener; Weisnteinin, 1993-2013).

1.34 Tipo IV
A glicogenose tipo IV (síndrome de Andersen) é uma doença rara caracterizada
pela deficiência da enzima amilo-1,4→1,6-transglicosidase (EC 2.4.1.18), que é essencial
na ramificação do glicogênio. A atividade residual dessa enzima provoca o acúmulo,
principalmente no fígado e no músculo, de corpúsculos de poliglicosana, que é alvo no
diagnóstico da doença. A baixa atividade (5-20%) dessa enzima induz, na fase infantil e
adulta, distúrbios que acometem além do sistema muscular, o sistema nervoso central e
periférico.

As manifestações clínicas relacionadas a essa doença são, principalmente,


hipotonia muscular, cirrose, falhas no crescimento, devastação muscular nas
extremidades inferiores, disfunção neuromuscular, hepatoesplenomegalia e
desenvolvimento motor lento (Akman et al., 2011; Leite et al., 2001).

1.35 Tipo V
A glicogenose tipo V (doença de McArdle) é um distúrbio causado pela
deficiência na enzima miofosforilase (EC 2.4.1.1) que afeta a musculatura esquelética
(Lorenzoni et al., 2005).

Essa condição impede que o glicogênio seja direcionado para a hidrólise, o que
resulta no seu acúmulo no músculo. Clinicamente, podemos considerar três estágios
evolutivos: a infância e a adolescência, quando há fadiga muscular excessiva após
exercícios físicos; entre os 20 e 40 anos, quando se iniciam as cãibras e ocorre
mioglobinúria depois de atividades físicas; e após os 40 anos, quando as cãibras e a

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mioglobinúria tornam-se menos intensas, enquanto a fraqueza muscular e as amiotrofias
ficam evidentes.

O caso clínico, relatado por Levy e colaboradores (1980), ilustra um paciente com
36 anos de idade, acometido pela doença há 15 anos e que, durante sua evolução,
apresentou sintomas como urina vermelha, sensação de rigidez e de fraqueza nos
membros superiores e inferiores, e fadiga excessiva após esforços físicos. Além disso,
não houve aumento da concentração de lactato após exercício do antebraço em condições
isquêmicas (Levy et al., 1980).

Portanto, nestes casos, o diagnóstico pode ser confirmado pelos baixos níveis de
lactato durante um teste de exercício físico, pela deficiência na atividade enzimática em
biópsia muscular e por estudos moleculares que avaliam variações no gene da enzima
miofosforilase (Quinlinvan et al., 2010).

1.36 Tipo VI
A glicogenose tipo VI (doença de Hers) é causada por uma mutação no
cromossomo 14, traduzindo deficientemente a enzima glicogênio fosforilase (EC 2.4.1.1)
no fígado. Essa enzima está presente também em células musculares e nervosas, porém a
sua tradução nesses locais é decorrente de mutações nos cromossomos 11 e 20,
respectivamente.

A enzima glicogênio fosforilase catalisa, juntamente com a enzima


desramificadora, a degradação de glicogênio em glicose-1-fosfato, sendo essencial no
armazenamento de glicosena forma de glicogênio (Burwinkel et al., 1998). Assim como
as glicogenoses tipo I e tipo III, a doença de Hers também é caracterizada por
hepatomegalia (Vieira; Carneiro; Assêncio-Ferreira, 2004).

Fraqueza muscular, hemorragia nasal e crise de hipoglicemia são outros sintomas


que podem se manifestar na doença do tipo VI. Ademais, por manifestar principalmente
em crianças, pode ocasionar retardo de crescimento (Burwinkel et al., 1998).

1.37 Tipo VII


A glicogenose tipo VII (doença de Tarui) é uma desordem genética rara que
ocasiona um defeito na enzima fosfofrutoquinase (EC 2.7.1.11) (Levy et al., 1980).

Essa disfunção promove um acúmulo de glicogênio no músculo esquelético pois


há um bloqueio na metabolização da glicose-6-fosfato pela via glicolítica. Os sintomas

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são heterogêneos, como hemólise, morte durante a infância e intolerância ao exercício,
devido a fraqueza muscular, fadiga fácil e cãibras pós-exercícios (. Tarui et al. 1965)

Devido a sintomatologia das doenças de McArdle e de Tarui ser semelhante, o


diagnóstico diferencial entre elas é feito pela histoquímica da biópsia do músculo (Levy
et al., 1980).

1.38 Tipo VIII


A glicogenose tipo VIII caracteriza-se pela ineficiência funcional da enzima
fosforilase-b-quinase (EC 2.7.11.19) que participa do metabolismo do glicogênio, a partir
da regulação da enzima glicogênio fosforilase. Pode ser causada por mutações em três
diferentes genes das subunidades da fosforilase quinase: PHKA2, PHKB e PHKG2
(Birwinkel et al., 2003).

Manifesta-se ainda na infância geralmente como uma condição benigna,


desenvolvendo hepatomegalia, retardo do crescimento e níveis aumentados de lipídeos e
aminotransferase, muitas vezes com completa resolução dos sintomas na puberdade. Uma
minoria dos pacientes apresenta um fenótipo mais grave, com hipoglicemia de jejum
sintomático e histologia hepática anormal que pode progredir para cirrose (Burwinkel et
al., 2003).

A biópsia do fígado de uma criança com 17 meses de idade, retratada por um caso
clínico registado por Ludwig e colaboradores, mostraram células dilatadas carregadas de
glicogênio e sem sinais de fibrose periportal.

O exame físico constatou um abdome saliente devido ao crescimento do fígado.


Além disso, constataram-se ocasiões de hipoglicemia após períodos de até 10 horas e
aumento dos níveis das enzimas transaminases e de lipídios no sangue. O diagnóstico
preciso foi determinado pela análise do tecido hepático (Luduig; Wolfson; Rentert, 1972).

1.39 Tipo IX
Diferente das outras glicogenoses, a do tipo IX é uma doença recessiva ligada ao
cromossomo X e, por isso, mais comum em homens (Reptto et al., 2000). Com
prevalência na infância, esta doença é caracterizada pela deficiência da enzima
fosforilase-quinase hepática (Baptista; Viana, 2002; Beauchanp et al., 2007) ou da
fosforilase-quinase muscular (EC 2.7.11.19) (Goldstein et al., 1993-2013), que
participam da glicogenólise (Repetto et al., 2000).

17
1.40 Tipo X
A glicogenose tipo XII está associada a um quadro de miopatia e anemia
hemolítica hereditária, causada pela substituição de um único aminoácido dentro da
estrutura tetrâmica da enzima aldolase A (EC 4.1.2.13) (Hicks; Wartchow; Mierau, 2011),
que também está presente no músculo esquelético e eritrócitos.

Os sintomas característicos da doença são intolerância ao exercício e fraqueza


após doença febril (Dimauro; Bruno, 1998). Há um relato clínico que registra uma criança
com necessidades de transfusões sanguíneas já no primeiro ano de vida devido aos
episódios inexplicáveis de icterícia e anemia. Além disso, fraqueza muscular precoce e
febre foram constatadas no momento da hospitalização.

No acompanhamento, foram observados vários episódios de rabdomiólise com


elevações da creatina quinase, aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase,
lactato desidrogenase e bilirrubina; diminuição na concentração de hemoglobina e
hematócrito. Desta maneira, os testesbioquímicos e hematológicos podem ser úteis na
detecção desta glicogenose (Kopp; Bistrian, 1996).

A enzima hepática, a qual a deficiência é mais comum, é composta por quatro


subunidades (alfa, beta, gama e delta) que, dependendo de qual é afetada, a gravidade dos
sintomas apresentados varia (Beauchanp et al., 2007).

Neste caso, os sintomas são aparecimento precoce de hepatomegalia, atraso de


crescimento e,m frequentemente, cetose e hipoglicemia em jejum . Por outro lado, as
manifestações clínicas relacionadas a enzima muscular são intolerância ao exercício,
mialgia, cãibras musculares, mioglobinúria e fraqueza muscular progressiva.

Análises da atividade da enzima fosforilase-quinase possibilitam o diagnóstico


laboratorial dessa glicogenose. As glicogenoses tipos III, VI e IX geralmente têm curso
mais benigno do que as tipas I e IV e, por isso, apenas a regulação nutricional já poderia
controlar esses três tipos (Repttoet al., 2000).

1.41 Tipo XI
A glicogenose tipo X ocorre devido à deficiência da enzima fosfoglicerato mutase
(EC 5.4.2.1) (Servidei; Dimauro, 1989), em que os principais estudos relacionados
evidenciam um acúmulo de glicogênio nos músculos dos pacientes (Naini et al., 2009).

18
Uma característica marcante dessa patologia é a associação comum com
agregados tubulares provenientes do retículo sarcoplasmático, perceptíveis em biopsias
musculares que, apesar de ser uma alteração patológica inespecífica, não está presente
nas outras glicogenoses (Dimauro; Spiegel, 2011). Neste caso, os principais sintomas são
a intolerância aosexercícios, cãibras, mioglobinúria e fraqueza (Servidei; Dimauro,
1989).

1.42 Tipo XII


A glicogenose tipo XI (síndrome de Fanconi-Bickel) é uma doença rara do
armazenamento de glicogênio (Setoodh; Rabbani, 2012), também considerada
autossômica recessiva, em que apresenta 34 mutações no gene GLUT2 (Miranda-Sánchez
et al., 2009) e que o defeito enzimático subjacente ainda é desconhecido.

Os sintomas dessa patologia são hepatomegalia, acidose tubular renal proximal e


retardo de crescimento acentuado (Setoodh; Rabbani, 2012), havendo um acúmulo de
glicogênio no fígado e nos rins (Miranda-Sánchez et al., 2009). Setoodeh e Rabbani
(2012) relataram um caso clínico de uma criança do gênero feminino que, aos 33 dias de
idade, apresentava cetoacidose diabética.

Nesse aspecto, o tratamento foi direcionado com insulina, como diabetes neonatal.
Porém, aos 14 meses de idade, com a suspensão da insulina, a criança obteve baixa
estatura, hepatomegalia, acidose tubular renal proximal e raquitismo aos quatro anos de
idade, diagnosticando-se, então, a síndrome de Fanconi-Bickel. Isso comprova que
diabetes neonatal ou cetoacidose diabética podem ser as primeiras manifestações clínicas
em crianças com a glicogenose tipo XI (Setoodh; Rabbani, 2012).

1.43 Herança genética

Todas as glicogenoses hepáticas (exceção da IX alfa) possuem um padrão de


herança autossômico recessivo, com risco de recorrência de 25% para as próximas
gerações, independentemente do sexo da criança ou de já ter outros filhos que tenham a
doença. A transferência do gene para os filhos independe também dos pais serem
parentes.

A chance de uma pessoa com glicogenose ter um filho/filha também com


glicogenose vai depender se o outro genitor possui ou não o gene da glicogenose. Se o
outro genitor também possuir glicogenose, a recorrência é de 100% do filho/filha ter

19
glicogenose. Se o outro genitor não possuir nenhum gene afetado, todos os filhos
receberão um gene afetado e um normal, sendo portadores de um gene, mas sem
desenvolver a doença. Mas se o outro genitor possuir um gene afetado e um normal, a
chance é de 50% receberem um gene normal e um afetado, sendo portadores somente, e
50% de receber os dois genes afetados, possuindo glicogenose.

A exceção ocorre com a glicogenose tipo IX, que possui um padrão de herança
ligado ao cromossomo X, em que a mãe portadora passa o cromossomo X afetado para o
filho. Nesse caso, se for menina, ela tem 50% de chance de não receber o gene afetado e
ser normal e 50% de chance de receber o X afetado da mãe e ser também portadora. Já se
for menino, ele tem 50% de chance de ser normal, e 50% de chance de receber o X afetado
da mãe, e possuir glicogenose.

1.44 Diagnostico
Variam de acordo com o tipo de glicogenose. O diagnóstico é clínico, baseado nos
sintomas, contudo para confirmação do diagnóstico e definição do tipo de Glicogenose,
relevante para o planejamento da terapia, torna-se importante a realização do teste
genético.

Cada tipo de glicogenose possui características e tratamentos diferentes. É de


extrema importância conhecer o tipo específico para não realizar o tratamento de forma
errada e agravar o quadro de saúde.

Exames
➢ Glicose;

➢ Lactato;

➢ Ácido Úrico;

➢ Triglicérides;

➢ Colesterol; e

➢ Ultrassom do Fígado.

O teste do Glucagon não é indicado e pode ser perigoso, pois não elevará o nível de
glicose e vai elevar significativamente o ácido lático, podendo provocar hipoglicemias
graves e crise convulsivo.

20
1.45 Como é conviver com o glicogenose?

A primeira grande dificuldade já se encontra no diagnóstico, que pode demorar


meses. Por se tratar de uma doença rara, há dificuldade de encontrar profissionais de
saúde que realmente conheçam sobre ela e principalmente sobre seu controle.

Não há remédios para tratá-la e nem cura, mas com conhecimento e controle
rigoroso e adequado, é possível ter um desenvolvimento praticamente normal, permitir
uma melhor qualidade de vida para os pacientes e a ausência das várias sequelas que
podem ser graves e fatais. Daí a importância de se conhecer sobre a doença!

A glicogenose é um erro inato do metabolismo, uma doença hereditária na qual a


deficiência de uma enzima afeta o processamento da síntese do glicogênio, ou a sua
quebra em glicose nos músculos e fígado, resultando no depósito de glicogênio e em falta
de energia para o organismo, causando hipoglicemias graves e frequentes.

Desse modo, os pacientes precisam se submeter a uma restrição alimentar severa,


não podendo consumir muitos alimentos, como lactose, frutose e sacarose. Além da
restrição, para manutenção da glicemia é necessário o uso constante de amido de milho
cru, dia e noite, que varia de acordo com idade, peso e necessidade metabólica de cada
pessoa.

Viver com a glicogenose é viver em um turbilhão de emoções. Da incerteza do


diagnóstico, do medo de se perder um filho ou de viver com a doença, das incertezas do
desenvolvimento, da falta de conhecimento e orientação, dos riscos diários, dos altos
custos, do cansaço físico e mental.

Mas por fim, o que prevalece é o amor, a garra e a força para vencer esse grande
desafio.

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Conclusão

De acordo a revisão bibliográfica de alguns autores concluímos que:

• A tumefação celular é a lesão celular reversível, devido ao acúmulo de água e


eletrólitos no citoplasma e nas organelas celulares, por distúrbio hidroeletrolítico,
tornando-as volumosas, tumefeitas;

• Esteatose é uma degeneração caracterizada pelo acúmulo anormal e reversível


de lipídeos no citoplasma de células parenquimatosas, hepatócitos, fibras
do miocárdio, onde normalmente lipídeos não seriam evidenciados
histologicamente, formando vacúolos em consequência de desequilíbrios na
síntese, utilização ou mobilização;

• Lipidose se refere a desordens orgânicas no metabolismo que resultam em


quantidades nocivas de lípidos (gorduras) acumulando em certas partes do corpo;
• Glicogenoses é qualquer doença relacionada a erros inatos do metabolismo,
resultantes de deficiências enzimáticas, que afetam o processamento da síntese
do glicogênio ou sua quebra nos músculos e fígado.

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