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Respostas

celulares à
lesão e
degenerações
PROFª DRª LETÍCIA DE ARAUJO APOLINARIO
Kumar, Robbins 2021
Respostas do organismo às
agressões

Bogliolo, 2021
Etiologias das lesões celulares

u Hipóxia;
u Agentes físicos;
u Agentes químicos;
u Agentes infecciosos;
u Reações imunológicas;
u Fatores genéticos;
u Deficiências nutricionais;
u Envelhecimento.
Aumento do influxo de cálcio

u O aumento intracelular de Ca2+, induzido por isquemia e


toxinas, ativa várias enzimas que possuem efeitos celulares
deletérios em potencial: ATPases (reduzindo os níveis de ATP),
fosfolipases, proteases (produzindo danos nas membranas e
citoesqueleto) e as endonucleases (gerando um dano
nuclear).

u O aumento de níveis intracelulares Ca2+ também causa um


aumento na permeabilidade mitocondrial e induz a apoptose.
Hipertrofia do REA/REL (agranular/liso)

u REA realiza metabolismo de várias substâncias


químicas;

u REA -> HIPERTROFIA -> Forma de adaptação


Estimulação (hipertrofia) do REA/REL
(agranular/liso)

u Uso prolongado de fármacos à hipertrofia do REA à


AUMENTA a capacidade de modificar as drogas e de se
adaptar às alterações em seu ambiente.

u A adaptação a um medicamento ocorre devido à


hipertrofia do REA (dos hepatócitos que metabolizam a
droga).
Estimulação (hipertrofia) do REA/REL
(agranular/liso)

u Mutações no Retículo
Endoplasmático causam
profundo impacto nas células
das Ilhotas de Langerhans e
principalmente nas células β à
afetando o funcionamento e
sobrevivência destas.
Alterações mitocondriais

u Suprimento diminuído de oxigênio, toxinas e


radiação podem levar à disfunção mitocondrial,
diminuindo a produção de ATP e aumentando a
produção de espécies reativas de oxigênio, o que
pode culminar em morte celular por necrose.

u Outros estímulos, como diminuição dos fatores de


sobrevivência, danos no DNA e proteínas, podem
aumentar a permeabilidade da membrana
mitocondrial interna, liberando proteínas que
levam à morte celular por apoptose.
Anormalidades do Citoesqueleto
As anormalidades do citoesqueleto podem se refletir em:

u 1- efeitos na função celular como locomoção celular e movimento


intracelular das organelas);
u 2- acúmulo intracelular de material fibrilar.
u As proteínas do citoesqueleto estão ligadas a muitos receptores
celulares, tais como os receptores de antígenos dos linfócitos e
participam ativamente na transdução do sinal desses receptores.
Deposições Intracelulares

Uma das manifestações das alterações metabólicas é o acúmulo intracelular de


quantidades anormais de várias substâncias. As substâncias acumuladas pertencem a
três categorias:

1- um componente celular normal (como H20, lipídeos e carboidratos) –


DEGENERAÇÕES ;
2- substância anormal, exógena como um mineral ou produtos de agentes infecciosos,
ou endógena, como um produto de uma síntese anormal ou do metabolismo –
CALCIFICAÇÕES ;
3- um pigmento - PIGMENTAÇÕES .
Estresse Metabólico
q Como se desenvolvem?

Maior demanda celular

Adaptação Morte celular

Alterações do crescimento e da
diferenciação celular

Degenerações
Deposições intracelulares

u armazenamento de alguns produtos pelas células


individualmente.
u excesso devido a uma alteração sistêmica que pode ser
controlada à acúmulo reversível.
u doenças genéticas de deposição à acúmulo progressivo
à células se tornam sobrecarregadas à lesão secundária
à levando em alguns casos à morte do tecido do
paciente.
DEGENERAÇÕES
Degeneração
q Processo patológico reversível
q caracterizado por alterações morfológicas funcionais decorrentes da incapacidade
celular em manter sua homeostasia
q resultando em alterações físico-químicas e no acúmulo de substâncias no interior
(citoplasma) das células
Degeneração
q Classificação segundo Letterer (de acordo com o tipo de depósito intracelular):

ü Hidrópica a depósito de água

ü Lipídeos ou Gordurosa

ü Hialina a depósito de proteínas e peptídeos

ü Glicídeos (carboidratos)

ü Parasitos
Degeneração Hidrópica
q Sinônimos:

ü degeneração vacuolar

ü degeneração grânulo-albuminóide

ü degeneração baloniforme

ü tumefação turva
Degeneração Hidrópica
q Conceito:

ü aumento do conteúdo intracelular de água, caracterizado à microscopia de luz, pela


presença de grânulos citoplasmáticos, ocasionada pela perda da capacidade celular em
regular o seu teor de água e eletrólitos
Degeneração Hidrópica
Bombas eletrolíticas:

ü transporte de elétrons contra


um gradiente de concentração
ü manutenção da concentração
no interior da célula

Agressão

Funcionamento: Degeneração
ü ATP hidrópica
ü Estrutura da membrana
ü Integridade das proteínas que formam o complexo
ü enzimático da bomba
Degeneração Hidrópica
q Etiologia:

1. Redução de ATP

ü Hipóxia

ü Desacopladores da fosforilação mitocondrial (tirosina)

ü Inibidores da cadeia respiratória

ü Agentes tóxicos que lesam a membrana


Degeneração Hidrópica
q Etiologia:

2. Aumento do consumo de ATP


ü Hipertermia: exógena e endógena

3. Lesão da membrana
ü Toxinas: fosfolipases e agressões por radicais livres

4. Inibidores da Bomba Na+/K+


ü Ouabaína
Degeneração Hidrópica
q Patogênese:

1. Diminuição da produção de energia

ü Diminuição da oxidação na cadeia respiratória

ü Elevação de Acetil CoA a acúmulo de ácidos graxos

ü Acúmulo de intermediários do ciclo de Krebs a aumento da pressão osmótica e


diminui o pH
Degeneração Hidrópica
q Patogênese:

1. Diminuição da produção de energia

ü Redução de ATP não compensada pela glicólise


Acúmulo de água
e eletrólitos
ü Alteração de bombas eletrolíticas (Na+/K+)

ü Aumento de sódio e redução do bombeamento dos elétrons

ü Desacoplamento dos ribossomos do RER Degeneração


Hidrópica
ü Diminuição das sínteses celulares (proteínas)
Degeneração Hidrópica
q Quadro microscópico:

ü diluição da matriz citoplasmática

ü dilatação de organelas

ü desestruturação do citoesqueleto

ü grânulos citoplasmáticos

ü diminuição da basofilia do citoplasma - RER


Degeneração Hidrópica

q Quadro macroscópico:

ü aumento do peso e volume

ü diminuição da consistência

ü diminuição da coloração (pálido)

ü acúmulo de água (diluição)

ü oligoemia
Esteatose
q Classificações:

ü Esteatose

ü Lipoidose
Esteatose
q Esteatose:

ü acúmulo ou alteração do estado físico-químico de triacilgliceróis (gordura neutra) em


células que não tenham função de armazenagem

ü os triacilgliceróis podem ser provenientes da dieta, de síntese pelo próprio


organismo ou podem ser mobilizados por depósitos do organismo
Esteatose
q Etiologia da Esteatose:

ü Endócrina (distúrbio metabólico genético)

ü Tóxicas (ex.álcool)

ü Hipóxia (ex. fígado cardíaco de II grau)

ü Dietéticas
- aumento da síntese
- diminuição da utilização/transporte/excreção
Esteatose
q Etiologia da Esteatose:

Síntese dos lipídeos


Ácidos Graxos
> Aporte de ácidos graxos ü Sem condições de oxidação
ü Ingestão excessiva no Ciclo de Krebs
ü Utilização de reservas

Hipóxia (Anemia, Insuficiência cardíaca e respiratória)


< ATP, formação de lipídeos complexos, utilização de ácidos graxos e triglicerídeos
Esteatose
q Etiologia da Esteatose:

Utilização Ácidos Graxos


ü Sem condições de oxidação
no Ciclo de Krebs

üMenor utilização de triglicerídeos ou ácidos graxos para síntese de


lipídeos complexos (carência de ATP)

ü Deficiência de apoproteínas

ü Desnutrição crônica
(- apoproteínas e + mobilização de lipídeos)
Esteatose
q Etiologia da Esteatose:

ü aumenta a oferta ao fígado


Etilismo ü aumenta a síntese de triacilglicerol
ü diminui a degradação

ü estímulo simpático a lipólise a aumenta a oferta de ácidos


graxos e glicerol ao fígado

ü metabolização do álcool pela enzima álcool-desidrogenase:

Etanol aldeído acético + Acetil Coa


Esteatose

q Etiologia da Esteatose:

Etilismo ü Efeitos tóxicos

ü RER - diminui a síntese protéica (apoproteínas - lipoproteínas)

ü Citoesqueleto - altera o transporte (lipoproteínas)


Esteatose
q Esteatose: quadro macroscópico

ü aumento do peso e volume

ü cápsula distendida

ü bordos arredondados

ü coloração amarelada

ü vasos em "fenda"

ü oligoemia

ü eventual fibrose
Esteatose
q Esteatose: quadro macroscópico
Esteatose
q Esteatose: quadro microscópico

Figura 5.27 Esteatose de hepatócitos. A seta preta mostra numerosos


pequenos vacúolos citoplasmáticos de gordura (esteatose
microvesicular). A seta azul indica grande vacúolo citoplasmático
(esteatose macrovesicular).
Lipidose - XANTOMAS
q Lipidose Localizada

q São lesões na pele sob a forma de


nódulos ou placas que, quando
superficiais, têm coloração
amarelada.
q Microscopicamente, são formados
por aglomerados de macrófagos
espumosos, carregados de
colesterol. Os xantomas surgem
geralmente em pessoas com
aumento do colesterol sérico,
embora possam ser encontrados
sem hipercolesterolemia.
Esteatose
q Lipidose Localizada

ü Arteriais

- Aterosclerose aterosclerótica
Resumo do processo aterogênico:
(1) efluxo de macromoléculas LDL para a
camada íntima vascular;
(2) gera acúmulo e oxidação destas,
originando as LDLox, agravando a disfunção
endotelial devido à sua citotoxicidade;
(3) A LDLox estimula a migração de monó-
citos e sua diferenciação em macrófagos;
(4) esses fagocitam as LDLox através dos
receptores scavengers.
(5) Após fagocitarem as LDLox, os
macrófagos se transformam em células
espumosas que promovem, por meio de
processo inflamatório, a projeção das células
https://www.rbac.org.br/artigos/aspectos-fisiopatologicos-da-
musculares lisas para o lúmen vascular. dislipidemia-aterogenica-e-impactos-na-homeostasia/
Lipidose - Aterosclerose
q Lipidose
Localizada

- Artérias:
Aterosclerose

Figura 5.28 Aterosclerose. Aspectos


microscópicos de uma placa
ateromatosa. A. Núcleo lipídico, com
numerosas células espumosas (setas),
envolto por cápsula fibrosa (F); (*) indica
área de matriz amorfa no núcleo da
placa. B. Detalhe de A, evidenciando as
células espumosas (setas). C. Detalhe do
núcleo lipídico, com abundante
colesterol extracelular, depositado em
Bogliolo, 2021 forma de cristais romboides (setas).
Degeneração Hialina
q Conceito

ü Alteração da constituição físico-química dos elementos protéicos, resultando em


acúmulo no interior do citoplasma, caracterizado à microscopia de luz, pela presença
de material vítreo, amorfo, hialino e brilhante.

q Classificação

ü Corpúsculo de Mallory (1911)


ü Corpúsculo de Russel
ü Degeneração de Magarinos Torres
ü Degeneração basófila do miocárdio
ü Aspecto em “vidro fosco’’
Degeneração Hialina
q Hialinose intracelular

ü Corpúsculo de Mallory (1911)

ü Cirrose

ü Hepatite e pancreatite alcóolicas

ü Hepatite crônica ativa

ü Deficiência de alfa 1 anti-tripsina


Figura 5.23 Corpúsculo hialino de Mallory-Denk (seta). Outros hepatócitos
ü Corticoterapia mostram esteatose macrovesicular.

Bogliolo, 2021
Degeneração Hialina
q Corpúsculo de Russel

ü Plasmócitos (Ig ou subprodutos)

ü aumento da síntese

ü diminuição na liberação
Degeneração Hialina
q Degeneração de Margarinos Torres

ü Tecido cardíaco

ü “coração tigrado”

ü Doenças infecciosas que afetam o coração


Degeneração Hialina
q Basofilia do Miocárdio

ü Citoplasma amorfo e basofílico

ü Cisternas do RER

ü Vacúolos autofágicos
Degeneração Hialina
q Aspecto em vidro fosco

ü Hepatite - vírus B

ü Cirrose

ü Carcinoma hepatocelular

ü Intoxicações por drogas


Degeneração por acúmulo de glicídios
q acúmulo ou alteração do estado físico-químico de glicídios, geralmente por deficiência
enzimática (glicogenoses)

ü Ex.: Doença de von Gierke: deficiência de glicose-6-fosfatase

- Herança autossômica recessiva.


- Retardo de crescimento.
- Rim e fígado são afetados (> tamanho, < coloração)
Degeneração por acúmulo de glicídios
q acúmulo ou alteração do estado físico-químico de glicídios, geralmente por
deficiência enzimática (glicogenoses)

ü Ex.: Doença de von Gierke: deficiência de glicose-6-fosfatase

- Aspecto microscópico no fígado:


acúmulo de glicogênio no citoplasma dos hepatócitos, dando aspecto de célula vegetal
(“vacúolo aquoso”).
Degeneração por agentes infecciosos
- parasitas

q Vírus - Raiva
Degeneração por agentes infecciosos
- parasitas
q Bactéria – Mycobacterium leprae
Degeneração por agentes infecciosos
- parasitas

q Fungo – Histoplasma capsulatum


Degeneração por agentes infecciosos
- parasitas

q Parasito – Trypanosoma cruzi


Figura 5.24 Degeneração e
necrose hialina de células
musculares esqueléticas de
camundongo infectado com
Trypanosoma cruzi. Note a célula
com sarcoplasma homogêneo e
muito acidófilo (a) e outras
fragmentadas (b).

Bogliolo, 2021

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