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ETIOPATOGÊNESE DAS LESÕES

Giovana Castro
Causas das lesões

• As causa das denominadas agressões ou agentes


lesivos, são numerosas;

• Estímulos da natureza, dependendo da intensidade,


tempo de ação e constituição do organismo
(capacidade de reação) pode produzir lesão.
Causas das lesões

• Cd. Δ reage ao ambiente de forma particular, por isso


os médicos dizem que não há doenças e sim doentes já
que mesmo a.e. causa lesão e evolução particular em
cd Δ ≠ ou grupo de Δs ≠;

• Os ambientes físicos, psíquico e social onde o Δ vive são


muito importantes para a saúde-doença;
Causas das lesões

• As causas são ÷ em :

• Exógena (do meio ambiente): agentes físicos,


químicos, biológicos e os desvios da nutrição,
agentes do ambiente físico
Causas das lesões

• Endógenas (do próprio organismo):


relacionadas ao patrimônio genético,
resposta imunitária e fatores emocionais -
agentes do ambiente psíquico;
Causas das lesões

• O ambiente social se relaciona com causas


exógenas e endógenas: pobreza associada com
desnutrição, falta de habitação com problemas
sanitários e desemprego com distúrbios
emocionais;
Causas das lesões

• Frequentemente existe associação da causa


exógena e endógena na origem das
lesões/doenças;

• Nas sem causa conhecida são chamadas


criptogenética (cripto-escondido); idiopática (idios-
próprio) ou essencial;
Causas das lesões

• Os agentes lesivos produzem lesão por ação direta


ou indireta;

• Ação Direta – ag. lesivo age sob inúmeros alvos:


inibe enzimas, quebra macromoléculas, altera sua
conformação espacial, exerce ação detergente
sobre membranas, ...
Causas das lesões

• Ação Indireta – a maioria dos agentes lesivos é por


mecanismos indiretos. Perturbam o fornecimento
de oxigênio as células ou interferem nos
mecanismos de produção e inativação de radicais
livres, desencadeando respostas locais ou
sistêmicas → lesão celular ou tecidual
Causas das lesões

• Toda agressão desencadeia respostas


adaptativas locais ou sistêmicas que podem
escapar ou eliminar a lesão;
Agentes lesivos
causas da lesões
Causas das lesões – Hipóxia e Anóxia

• Hipóxia e anóxia são causas frequentes e


importantes de lesões e doenças;

• Diversas causas produzem obstrução vascular →


redução do fluxo sanguíneo (oligoemia, com
hipóxia) ou a parada (isquemia, com anóxia);
Causas das lesões – Hipóxia e Anóxia

• A degeneração ou morte celular dependem da


intensidade e duração do fenômeno e da
suscetibilidade à privação de O² e nutrientes;
Agentes lesivos

• Hipóxia – redução do fornecimento de


oxigênio ás células;

• Anóxia – parada total do fornecimento de


oxigênio ás células.
Causas das lesões – Hipóxia e Anóxia

• Uma célula submetida a hipóxia apresenta


modificações metabólicas progressiva, dando
origem a lesões reversíveis ou irreversíveis,
dependendo da intensidade e duração da hipóxia.
Outros agentes lesivos
• Agentes Físicos:
1. Força mecânica;
2. Variações da pressão atmosférica;
3. Variações de temperatura
4. Eletricidade
5. Radiações
6. Ruidos (ondas sonoras)
• Agentes biológicos - MICROORGANISMOS

• Vírus, riquétsias, micoplasmas, clamidias, bactérias,


fungos, protozoários e helmintos / endoparasitas
causadores das doenças infecciosas;

• Ectoparasitas (superfície do corpo) – lesão;

• Agentes biológicos – QUÍMICOS

• Drogas – substâncias químicas, medicamentos (dose


e via de administração), toxinas, etc.
LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS E
IRREVERSÍVEIS
• Quando o equilíbrio homeostático das células é
rompido pelo efeito da agressão, pode haver:

• 1- Adaptação;

• 2- Processo regressivo;

• 3- Morte celular.
• 1- Adaptação: quando a agressão tem caráter
fisiológico, como nos estímulos hormonais normais. Ex:
↑ do útero e mamas na gravidez ou atrofia das gônadas
na senilidade .

• Na adaptação patológica a célula se modula ao meio


ambiente e se adapta, escapando da agressão, embora
o mecanismo adaptativo seja semelhante ao fisiológico.
• 2- Alteração regressiva: a célula não se adapta a
agressão e tem seu metabolismo reduzido e função
diminuída, quando o processo é inverso, ou seja,
função celular aumentada, a alteração é
progressiva, como nos distúrbios do crescimento
(hipertrofia, hiperplasia, regeneração, metaplasia e
neoplasia).
• As alterações regressivas são, para a Patologia
Geral, as degenerações, termo utilizado para
células com função diminuída, como
morfologicamente é difícil afirmar isto, hoje
chamam-se Alterações ou Lesões Reversíveis.

• As degenerações estão entre a célula normal e a


morte celular.
DEGENERAÇÕES
DEGENERAÇÕES
• As degenerações estão entre a célula normal e a morte

celular.

• Como há ↓ da função celular, há acúmulo dentro e fora da

célula, de substâncias que são produtos do metabolismo

perturbado, assim as lesões degenerativas são classificadas

de acordo com o acúmulo destas substâncias:


Classificação das lesões degenerativas

1- Água: degeneração hidrópica (inchação turva ou


hidrópica, tumefação turva ou hidrópica, degeneração
vacuolar e edema celular);

2 -Lípides: Degeneração gordurosa (esteatose). Lipidose;

3- Proteinas: Degenerações hialinas (hialinose);

4-Muco: Degenerações mucoídes. Mucopolissacaridoses;

5-Carboidratos: Degeneração glicogênica. Glicogenoses.


• Embora classificadas como lesões reversíveis, algumas
degenerações constituem grave dano celular;

• Uma agressão pode ter como consequência a alteração


de uma única enzima e esta, em cascata, acabe por
interferir em outros sistemas, sendo assim, uma
modificação celular atípica, atinja, por exemplo, apenas
o metabolismo da água ou dos lipídeos.
Lesões degenerativas – Degeneração Hidrópica

• 1- Degeneração Hidrópica ou edema celular:

• acúmulo de água no citoplasma, + visto nas cels.


Parenquimatosas (rim, fígado e coração);

• Macro: órgão pálido, ↑ de vol. e peso, perda do brilho;


• Micro: cels. tumefeitas se encontram-se com os vacúolos
pequenos e claros e grânulos pequenos no citoplasma;

• Ocorre por causa do comprometimento da regulação do vol. cel.,


processo centrado no controle das concentrações de Naᶧ e Kᶧ;
• Causa mais comum da DH é a hipóxia, ↓ de ATP;

• Na clínica, a hipóxia é comum nos estados de choque;

• Na desnutrição grave (falta de substratos – glicose, aa, ác. gordurosos),


estados infecciosos (toxinas bacterianas) e tóxicos (cloreto de mercúrio);

• Vírus (agredindo a membrana cel.);

• Hepatomegalias;

• Sol. Hipertônicas (manitol, sacarose e glicose);

• Estados de vômitos e diarreias constantes (perda acentuada de


eletrólitos – hipocalemia);

• LES.
Lesões degenerativas – Degeneração gordurosa

• Esteatose, infiltração gordurosa ou metamoforse gordurosa.


Lipidose.

• Acúmulo anormal de lípides dentro da cel. Parenquimatosa;

• Fígado: + comum apresentar esteatose;

• metabolismo lipídico → ingesta de alimentos/ lípides sob a


forma de triglicérides (TG), fosfolípides, colesterol e vitaminas
lipossolúveis e reservas orgânicas – tecido adiposo;
Causas do ↑ de TG no fígado:
• 1- Entrada excessiva de ác. graxos livres:

• a) fome, jejum e doenças consumptivas (emaciação, diarréia, febre, cronicidade –


AIDS) = ↑ da mobilização dos lípides armazenados no fígado e transformados em TG.
Falta de proteinas e carboidratos e lípides na dieta não formam depósitos de gordura
ou mobilizar lípides.

• Ingesta de carboidratos (só) = kwashiorkor (e marasmo), desbalanço proteíco →


fígado gorduroso;

• ↓ proteínas, gorduras e dieta rica em carboidratos → ác. Graxos → TG → distrofia


farinácea, é o “gordinho” desnutrido.

• b) ↑ da ingestão de alimentos: dietas hipercalóricas. Ex: Feijoada = discreta e


passageira esteatose e patê foie gras.

• c) adrenalina, hormônio do crescimento e os corticosteróides = ↑ da mobilização


de gordura dos depósitos → fígado gorduroso
• 2- Decréscimo na síntese protéica:

• a) tetracloreto de carbono (CCI₄); b) etionina e fósforo; c) alcool; d) falta de


colina (e o aa precursor metionina); e) hepatotoxínas: colites, pancreatites →
absorção de toxinas intestinais = acúmulo de TG; f) drogas: bismuto, arsênico,
puromicina, hicantone, tetraciclina, dietilnitrosamina.

• 3- Diminuíção na oxidação dos ác. graxos:

• a) déficit de O²: anemias prolongadas, insuficiência cardíaca e no choque,


álcool como agente hepatotóxico.

• 4- Aumento da esterificação de ác. graxos para TG:

• a) álcool: no alcoolismo há aumento do glicerol plasmático promovendo


acúmulo de maior quantidade de TG na célula.
• 5- Aumento de triglicérides plasmáticos:

• a)álcool: promove o ↑ de TG plasmático e maior chegada de gordura ao


fígado;

• Diabetes: descompensada, ↑ ác. graxos livres, colesterol e TG


plasmáticos ↑ a síntes de TG no fígado e tecido gorduroso, influência
inibitória da insulina;

• 6- Obstáculo na liberação de lipoproteinas do hepatócito:

• a) álcool: impede a união do TG + proteínas = acúmulo de TG


intracelular;

• b) ác. Orótico: “ibdem”


Lesões degenerativas –
Degeneração gordurosa

• O fígado gorduroso, esteatótico tem de vol., de peso


(até 3kg), é amarelo, amolecido (pacote de manteiga),
bordos arredondados, fatias finas boiam em água;

• Micro: preenchimento do citoplasma com as gotículas


de gordura e deslocamento do núcleo, entre outras;
• As causas da esteatose são variadas e dependentes da intensidade e
associada a outros fatores

• Quando cessa a causa há reversão rápida da lesão;

• Se não cessa a causa da lesão há morte do hepatócito, alteração


funcional do órgão e progressão para cirrose hepática.
• Outras Causas: tóxica, tóxico-infecciosas, anóxicas e dietéticas;

• Pode acontecer acúmulo de lípides nas células musculares cardíacas –


hipóxia prolongada;

• anemias, leucemia, miocardites (difteria);


• No epitélio tubular renal – doenças renais de síndrome nefrótica:
diabetes, nefrose lipídica, glomerulonefrite
• Outras condições c/ ↑ de lípides no citoplasma:

1- Doenças do acúmulo - erro genético do metabolismo – Doença de Gaucher, Doença


de Niemann-Pick, Doença de Tay-Sachs – as subs. de origem lipídica não
metabolizadas e acumuladas no sist. monocítico macrofágico do fígado, baço,
linfonodos, M.O. e neurônios do SNC = quadros de retardamento mental.

2- Arterosclerose: Acúmulo de colesterol e seus éteres nas células musculares lisas e


macrófagos na aorta, grandes vasos arteriais, coronárias e polígono de Willis →
placas ateromatosas → ateromas → fibroses e outras complicações (calcificações,
ulcerações, hemorragias, tromboses e aneurismas) → obstrução do vaso e infarto.

• 3- Hiperlipidemias: genéticas ou primárias e Adquiridas ou secundárias

• 4- Lípides livres no interstício: Traumatismo do tecido gorduroso = supuração de


foco inflamatório ou necrose de células nervosas nos infartos cerebrais
Lesões degenerativas – Degeneração hialina

• Degeneração hialina, transformação hialina ou


Hialinose:
• Acúmulo de material acidófilo, vítreo micro (hyalos =
vidro);
• Nem sempre o distúrbio é do metabolismo proteico e
nem sempre o processo traduz conceitualmente uma
degeneração;
• Pode ser extracelular ou intracelular;
• Degeneração Hialina Extracelular / Conjuntivo-vascular

• Forma extracelular é + comum das DH;

• Atinge o tecido conjuntivo fibroso colágeno e a parede de


vasos;

• A hialinização acontece em cicatrizes antigas decorrentes


da organização de processos inflamatórios;

• ≠ da cicatrização clássica das úlceras, incisões cirúrgica,


queimaduras... Branco-amarelado ou avermelhado no
quelóide;
• Observada nas paredes dos vasos especialmente nas
arteríolas e capilares glomerulares;

• Na hipertensão – arteriesclerose e neflosclerose arteriolar;

• Na diabetes (arteríolas sistêmicas, renais e ilhotas de


Langerans);

• No LES – “alça de arame” nos capilares glomerulares;

• Glomerulonefrites – depósito de IgG e complemento;

• Síndrome da Angustia Respiratória das crianças e adultos;


DEGENERAÇÃO HIALINA INTRACELULAR
• DH Goticular: túbulos contornados renais – doenças de comprometimento
renal;

• Corúsculos de Russel: imunoglobulinas próximos a certos cânceres. Hoje sabe-


se que fazem parte de processos inflamatórios Crônicos, s/ clínica, achado
anatomopatológico;

• Corpúsculos Councilman-Rocha Lima: doenças viróticas (hep A e B), febre


amarela. São hepatócitos em apoptose;

• DH na deficiência de Alfa-1-Antitripsina: deficiência congênita da A1AT


produzida no fígado que promove o acúmulo de hialina proteica no fígado
• Corpúsculo hialino de Mallory (ou DH alcoólica): enfermidades do
fígado, hepatócitos de alcoólatras crônicos – cirrose crônica →
morte celular; na cirrose juvenil da Índia; síndrome colestática
crônica, doença de Wilson, carcinoma hepático, choque,
avitaminose A e hipóxia;

• DH de Crooke: cels. produtoras de ACTH da hipófise na síndrome


de Cushing;

• DH Cérea de Zenker: músculo estriado (diafragma, retroabdominal,


gastrocnémico) acontece na febre tifóide, difteria, lepto,
septicemia e choque anafilático, deixa os músculos opacos c/o cera
de abelha;
DEGENERAÇÃO AMILÓIDE: AMILOIDOSE

• Rokitansky (1842)- subs. depositada em fígado e baço;

• Virchow (1855)- corou à semelhança do amido por isso


denominou degeneração amilóide;

• Hoje: síndrome de processos patológicos diversos tendo


em comum o acúmulo de depósito intercelular
(intersticial) e na parede de vasos de substância hialina,
amorfa e proteinácea que progressivamente induz
atrofia e isquemia;
• São fibrilas de vários tipos: - ou + 18 tipos:

• fibrilas AL (imunoglobulinas);

• fibrilas AA (proteína SAA do fígado ), na hanseníase, TB, osteomielites e


bronquiectasias, artrite reumatóide, sarcoidose, colite ulcerativa, psoríase,
doença de Crohn e algumas neoplasia – rim e Hodgkim;

• fibrilas AE – doenças endócrinas; Fibrilas AS – amiloidose senil no coração;


fibrila AF – amilose familiar/ polineuropatias;

• Pacientes q. fazem hemodiálise de longo tempo; Alzheimer;

• Podem ser sistêmicas (1ª - doenças proliferativas como mielomas, 2ª -


inflamação crônica e hereditárias – polineuropatia amiloidotica familiar)

• Localizadas ( cutânea 1ª; cutânea 2ª; endócrina – diabetes; cerebral –


Alzheimer)
DEGENERAÇÕES MUCÓIDES E
MUCOPOLISSACARIDOSES

• Acontece nas cels. epiteliais produtora de muco;

• Ocorre nas inflamações mucosas ( catarral);

• Cânceres: estômago, intestino e ovários;

• Acúmulo de muco intersticial (mucopolissacarídeos): discos


intervertebrais e menisco do joelho → hérnia de disco e
ruptura de menisco;

• Valvas cardíacas ou subendocárdio (doença reumática, artrite


reumatóide, lúpus eritematoso);
• Aneurisma dissecante: discutível; tecido conj. da aorta;

• Mucoviscoscidose – patologia hereditária, muco muito viscoso das gls.


Salivares, bronquios (fibrose cística) , fígado e da mucosas do pâncreas;

• Mucopolissacaridoses – doenças genéticas por erro de degradação do


muco (Síndrome de hurler, Síndrome de Hunter)

• Metabolismo aumentado dos glicídios (carboidratos) – alterações por


↓ intracelular da fonte de energia, ocasionado :

• Diabetes – hiperglicemia e glicosúria;

• Degeneração glicogênica de Askanasi – no fígado (vacuolização dos


hepatócitos), na diabetes, hepatites viróticas e por drogas;
DEGENERAÇÃO GLICOGÊNICA
• Caquexia e congestão passiva crônica;

• Glicogenoses – síndromes genéticas c/ erro enzimático que


interferem na síntese do metabolismo do glicogênio;

• Doença de Von Gierke ou glicogenose tipo I: glicogênio acumulado no


fígado e rins, criança c/ hepatomegalia, nefromegalia e hipoglicemia
→ 50% mortalidade
• Síndrome de McArdle ou glicogenose tipo V: acúmulo no músculo
esquelético, câimbras dolorosas e mioglobinúria;

• Doença de Pompe ou glicogenose tipo II: glicogênio no músculo


cardíaco e esquelético → cardiocitomegalia, hipotonia muscular,
insuficiência cardíaca e morte.

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