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Resumo Patologia e Citopatologia

Sumário
BLOCO 1 – Patologia da Célula e Interstício
1. Degenerações..................................................................................................4
1.1. Degeneração Hidrópica (Tumefação).....................................................5
1.2. Degeneração Lipídica.............................................................................7
1.3. Degeneração Hialina.............................................................................13
1.4. Degeneração por acúmulo de glicídios.................................................15
2. Morte Celular...............................................................................................16
2.1. Apoptose...............................................................................................16
2.2. Necrose.................................................................................................21
3. Patologia do Interstício................................................................................24
3.1. Alterações nas Fibras da MEC - Colágeno...........................................25
3.2. Alterações nas Fibras da MEC - Fibras Elásticas.................................28
3.3. Alterações nas Fibras da MEC - Substância Fundamental..................29
4. Pigmentações e Calcificações....................................................................32
4.1. Pigmentações........................................................................................32
4.2. Calcificações.........................................................................................40
BLOCO 2 - Distúrbios Hemodinâmicos e Circulatórios
5. Edema e Desidratação................................................................................44
5.1. Edema...................................................................................................45
5.2. Desidratação.........................................................................................52
6. Distúrbios Locais da Circulação..................................................................54
6.1. Hiperemia..............................................................................................54
6.2. Hemorragia............................................................................................58
6.3. Trombose..............................................................................................62
6.4. Embolia..................................................................................................66
6.5. Isquemias e Infarto................................................................................68
7. Choque........................................................................................................71
8. Hipertensões...............................................................................................76
8.1. Hipertensão Arterial Sistêmica..............................................................77
8.2. Hipertensão Pulmonar...........................................................................83
8.3. Hipertensão Portal.................................................................................86
BLOCO 3 - Inflamações e Reparo
9. Introdução à Inflamação..............................................................................92
10. Mediadores Inflamatórios.........................................................................94
10.1. Mediadores Celulares........................................................................94
10.2. Mediadores Plasmáticos (CCC).........................................................98
10.3. Resumão  Ação dos Mediadores.................................................100
10.4. Reações do Organismo...................................................................101

BLOCO 1 - Patologia da Célula e Interstício 1-4


BLOCO 2 - Distúrbios Hemodinâmicos e Circulatórios..............................5-8
BLOCO 3 – Inflamações e Reparo...............................................................9-00
Bloco 1 – Patologia da Célula e do
Interstício
1. Degenerações

Charles Darwin  “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente,
mas o que melhor se adapta às mudanças”
Membrana Celular delimita meio interno do meio externo, “uma função nobre”
Para sobreviver, a célula precisa se
adaptar às condições do ambiente, seja a
temperatura, os solutos presentes no
meio, o aumento ou queda de O2 ou a
presença de toxinas. Entretanto, essa
adaptação possui limitações para cada tipo
de célula.

Sua capacidade de adaptar possui limites, criando


delimitação entre lesões reversíveis e irreversíveis. Isso
depende da origem, da duração e intensidade do
estímulo agressor. Após uma lesão irreversível, ocorre
apoptose

Estímulos lesivos levam a:


 Alteração de crescimento e diferenciação (hipertrofia, atrofia, metaplasia,
hiperplasia).
 Alterações por acúmulo intracelular  danos morfologicamente
visíveis
Alterações por acúmulo ou deposição de substâncias endógenas
Excesso na produção ou deficiência na remoção

São classificados de acordo com a substância acumulada:


Água e eletrólitos, lipídeos, proteínas, carboidratos (glicídios),
proteoglicanos.

1.1. Degeneração Hidrópica (Tumefação)

Estímulo causa acúmulo de água, tornando-as tumefeitas e de maior volume.


Qualquer mudança na membrana plasmática e/ou nas bombas ATPases, que
mantém o balanço hidroeletrolítico, pode causar degeneração hidrópica.
Patogênese  dano mitocondrial ou depleção de ATP (não haverá energia
para funcionamento das bombas ATPases), dano direto às bombas eletrolíticas
e dano direto à membrana.
Etiologia
 Hipóxia, geralmente isquemia.   
 Desacopladores da fosforilação
oxidativa
 Aumento do consumo de ATP
(hipertermia endógena ou exógena)
 Dano à membrana (ERO)  espécies
reativas de oxigênio em grande
quantidade  peroxidação lipídica de
membrana.
 Danos diretos às ATPases

Aspectos Morfológicos
Hepatócitos com degeneração hidrópica

“Corido por trás”, aspecto vacuolar, citoplasma diluído, citoplasma granuloso,


menos corado por eosina.
Expansão das cisternas do RE  aspecto vacuolar
Redistribuição das organelas e citosol  aspecto granuloso.

Aspectos Observáveis em Microscopia:


de Luz: diluição do citosol, dilatação das organelas membranosas
eletrônico: bolhas na membrana plasmática, redução de vilosidades de
membrana, dilatação do RE, contração da matriz e dilatação da câmara
mitocondrial.

Aspectos Observáveis em
Macroscopia:
 Aumento de peso e volume
 Diminuição da consistência
 Palidez
 Acúmulo de água
 Oligoemia
1.2. Degeneração Lipídica

Acúmulo anormal de lipídios no interior das células


Esteatose: acúmulo de Triglicerídios (mais comum)

Etiologia: aumento da síntese de triglicerídios – diminuição da utilização,


excreção ou transporte.
Fígado é o principal órgão atingido  rins, coração e músculo
esquelético também podem apresentar.

Patogênese da Esteatose hepática: interferência no


metabolismo dos triglicerídios
 Aumento do aporte de ácidos graxos por
ingestão excessiva ou lipólise aumentada
 Excesso de Acetil-CoA  não havendo opções
de rápida oxidação do Acetil-CoA  estímulo
para lipogênese
 Carência de fatores nitrogenados e/ou de ATP
 menor utilização de triglicerídios ou ácidos
graxos para sintetizar complexos lipídios
 Baixa síntese de apoproteínas (dieta carente em
proteínas)  menor formação de lipoproteínas
 Alterações funcionais no citoesqueleto 
prejudicam deslocamento da vesícula de
lipoproteínas.

Etiologia da Esteatose hepática:


 Distúrbios endócrinos (causas genéticas)
 Agentes tóxicos (como álcool)
 Hipóxia (Fígado cardíaco)
 Obesidade e Desnutrição

A hipóxia pode ser causada por anemia, insuficiência cardíaca e insuficiência


respiratória  diminuindo aporte de O2. Assim, o Ciclo de Krebs é prejudicado
e ocorre acúmulo de Acetil-CoA e ácidos graxo.
Esteatose hepática alcoólica
 Aumento de radicais livres (e EROS),
de Acetil-CoA e de Acetaldeído.
 Diminuição de NAD e da Lipogênese

Aspectos Observáveis
Microscopia
A célula se assemelha muito a um adipócito  com gotícula lipídica grande
intracelular, citoplasma periférico e núcleo excêntrico. Existe a presença de
vacúolos e pode haver fibrose e/ou degeneração hidrópica associada.
Macroscopia
Aumento do peso e tamanho do órgão, coloração amarelada, oligoemia,
consistência amolecida.

Exemplo Fígado Cardíaco  insuficiência


cardíaca direita
Provoca acúmulo de sangue venoso (pouco
oxigenado) no fígado, causando hipóxia
A Hipóxia causa degeneração hidrópica e
lipídica

Células mais pálidas e tumefeitas, com


grandes vacúolos lipídicos bem delimitados

Lipidose: acúmulo de outros lipídios (colesterol, fosfolipídios, etc)

Lipidose generalizada
Doenças genéticas  alterações em enzimas do metabolismo lipídico
Doença de Niemann-Pick e Doença de Gaucher
Microscopia

Macrófagos com aspecto espumoso (não se forma vacúolos como na


esteatose).

Lipidose Localizada
Comum em pacientes com colesterol alto
Xantomas, aterosclerose.

Microscopia Xantoma
1.3. Degeneração Hialina

Acúmulo proteico intracelular, formando estruturas acidófilas:


 Corpúsculo hialino de Mallory-Denk: dano/desorganização do
citoesqueleto  ERO’s são responsáveis
 Corpúsculo de Russel: acúmulo excessivo de imunoglobulina em
plasmócitos.

Microscopia -- Corpúsculo hialino de Mallory-Denk

Células com uma massa eosinofílica.


Microscopia – Corpúsculo de Russel

Corpúsculo eosinofílico com aspecto vítreo (por isso degeneração hialina)


1.4. Degeneração por acúmulo de glicídios

 Glicogenose: acúmulo excessivo de glicogênio


 Musopolisacaridoses: acúmulo excessivo de proteoglicanos

Glicogenose  doenças genéticas que afetam o metabolismo do glicogênio,


deficiência das enzimas que degradam o glicogênio.
Doença de Pompe, Doença de Cori, Doença de von Gierke

Células com citoplasma vacuolizado, com citoplasma claro. Pode se


assemelhar à degeneração hidrópica. Como proceder?  Coloração
diferencial com PAS ou Ácido Periódico de Schiff, para tentar marcar glicogênio
(se marcar é degeneração por glicídio, caso contrário pode ser degeneração
hidrópica). Pode-se tentar marcar com Sudan (marca triglicerídios).

Mucopolisacaridoses  deficiências enzimáticas que provocam acúmulo de


poliglicanos e/ou proteoglicanos, com característico acúmulo lisossômico
dessas moléculas e de seus catabólitos.

Degenerações  estímulo lesivo causa o acúmulo de


substâncias endógenas
2. Morte Celular

Ao sofrer um estímulo lesivo, a célula irá fazer o máximo para se adaptar e


sobreviver a ele. Porém, o estímulo danoso pode levar à lesão celular
irreversível, o que por sua vez leva à morte celular. A morte celular é
segmentada em dois tipos (didaticamente):
Necrose  morte seguida de autólise, geralmente relacionada com
morte de grande número de células (e com processo inflamatório).
Apoptose  morte programada (limpa, sem autólise), associada a
morte de células individuais e em processos fisiológicos (morte por
senescência).
**Necroptose  morte programada, mas com autólise da célula.
Termo recente que vem sendo utilizado

2.1. Apoptose

“programa de morte”, com regulação minuciosa. As células apoptóticas


ativam enzimas que clivam o DNA e suas proteínas nucleares e
citoplasmáticas. Pode ser patológico (Danos ao DNA, células infectadas) ou
fisiológico (embriogênese, sistema imune – linfócitos autorreativos, involução
sob privação hormonal).

Apoptose Fisiológica
Glândulas mamárias depois da
amamentação (esquerda) e antes da
amamentação (direita)  após o
aleitamento ocorre a apoptose normal
desse tecido secretor
Como ocorre? Ativação Sequencial de caspases (pró-enzimas inativas -
zimogênios)
**Caspases ativas são marcadores de células qu estão sofrendo apoptose
A ativação das caspases pode ocorrer pela via Extrínseca ou pela via
Intrínseca.

2.1.1. Via Intrínseca (ou mitocondrial)

Principal mecanismo em todos os mamíferos


Aumento da permeabilidade da membrana
mitocondrial externa  liberação de moléculas pró-
apoptóticas
 Anti-apoptóticas: BCL2, BCL-XL, MCL1,
presentes na membrana mitocondrial
externa, citosol e membranas do RE.
Mantém a membrana mitocondrial externa
IMPERMEÁVEL.
 Pró-apoptóticas: BAX e BAK,
oligomerização com proteínas mitocondriais,
abrindo poros na membrana. Aumenta a
PERMEABILIDADE da membrana.
 Sensores: BH3, são sensores de estresse e
dano celular. Regulam o equilíbrio entre os
dois outros grupos.

Fatores de crescimento / Sinais de sobrevivência 


estímulo de proteínas anti-apoptóticas  sem saída de
proteínas indutoras de morte.

Privação de sinais de sobrevivência, dano ao DNA,


proteínas mal-dobradas  ativação de proteínas somente-
BH3 (sensores)  ativação de proteínas pró-apoptóticas –
saída de proteínas indutoras de morte para o citoplasma
(Citocromo C, SMAC, AIF, OMI, endonuclease G).
Citocromo C + APAF  forma apoptossomo  ele se liga à Caspase-9 
início da Fase Efetora

2.1.2. Via Extrínseca (ou dos receptores de morte)

É iniciada pela ativação de receptores de morte na


membrana plasmática.

Receptores de morte: receptores da família TNF,


com domínio citoplasmático (domínio de morte).
Mais conhecido é o receptor Faz.

Domínio de morte: FADD (Fas-associated death


domain) cliva Caspase 8 (ou 10 em humanos).

Caspases 8 ou 10: clivar e ativar as caspases


efetoras
2.1.3. Fase Efetora

Ativação das Caspases efetoras (caspase 3 e 6)


 Ativação de DNAse e endonucleases
 Desorganização da cromatina
 Proteólise
 Fragmentação Nuclear
 Desestruturação do citoesqueleto
 Formação de bolhas citoplasmáticas e bolhas apoptóticas
Microscopia
2.2. Necrose

Morte celular seguida de lise, dano suficiente para cessar funções vitais da
célula.
Sempre patológica, causando resposta inflamatória  danos à mitocôndria,
depleção severa de O2 ou ATP, danos às membranas
 Redução de energia
 Geração de radicais livres (EROS)
 Ação direta sobre enzimas, inibindo processos vitais da célula
 Agressão direta à membrana citoplasmática

Redução de Energia
Geração de radicais livres (EROS)

2.2.1. Necrose coagulativa


3. Patologia do Interstício

Interstício  espaço entre as células de


um tecido, preenchido por uma matriz
extracelular (MEC).
A matriz extracelular é formada por
fibras, substância fundamental (moléculas
curtas higroscópicas) e líquido intersticial.
Substância fundamental + líquido
intersticial formam um “gel hidratado”.

Fibras  colágenas (colágeno


tipo I), reticulares (colágeno
tipo III), elásticas (elastina)
Substância Fundamental 
glicoproteínas, proteoglicanas,
GAGs

Os constituintes da MEC são


sintetizados pelas próprias
células do tecido

A renovação da MEC é constante  realizado por metaloproteases (MMP)


como colagenases ou elastases. Tanto o tecido quanto as células do sistema
imune (devido à diapedese) produzem as MMP.
O tecido também produz inibidores da MMP, para regular a renovação. O
intuito é manter tanto a produção de MEC quanto a sua renovação
equilibradas.
3.1. Alterações nas Fibras da MEC - Colágeno

Podem ser por causas genéticas (alteração na estrutura, síntese e/ou


degradação das fibras) ou adquiridas (alteração na síntese e/ou degradação
das fibras).
Síntese do Colágeno (resumão)
Etapa Intracelular
Transcrição do mRNA
Tradução no RER (síntese do pré-pró-colágeno ou
cadeia alfa)
Formação do pró-colágeno no RER (dependente
de vitamina C)
Transporte ao complexo de Golgi
Exocitose do pró-colágeno

Etapa Extracelular
Polimerização

Estrutura do Colágeno

3.1.1.

3.1.1. Osteogênese Imperfeita

Anormalidades na síntese do colágeno I, podendo se manifestar de diferentes


formas (dependendo da mutação).
Os pacientes apresentam alterações no
esqueleto, articulações, ligamentos, pele,
ouvido, dentes, olhos e ouvido.
As mutações, no geral, levam à redução na
síntese do colágeno, a formação de moléculas
anormais ou moléculas que não formam hélice
(incapazes de polimerizarem).

3.1.2. Síndrome de Ehlers-Danlos

Anormalidades na síntese ou na estrutura de diferentes tipos de colágeno


(mutações afetam síntese ou metabolismo).
Sintomas dependentes do tipo de colágeno afetado.
 Hipermobilidade articular
 Hiperextensão da pele
 Alterações vasculares

3.1.3. Escorbuto

Anormalidade adquirida, quando há carência de


vitamina C. Defeito na síntese do colágeno do tipo IV
(deficiência na hidroxilação da lisina e prolina) 
menor resistência à força mecânica e degradação
enzimática.
Isso resulta em fragilidade de vasos sanguíneos
(hemorragias frequentes), lesões ósseas e
comprometimento dos alvéolos dentários e da dentina.

3.1.4. Outras alterações


 Doenças que induzem o acúmulo de metabólitos inibidores da síntese
de colágeno  Alcaptonúria (ácido homogentísico) e Homocistinúria
(homocistina)  inibifores da lisil oxidase
 Degradação excessiva do colágeno  ação de colagenases liberadas
por células fagocitárias em locais de inflamação
 Deposição anormal de colágeno e de outros componentes da matriz
extracelular  doenças fibrosantes (Fibrose)
3.2. Alterações nas Fibras da MEC - Fibras Elásticas

3.2.1. Síndrome de Marfam

Anormalidades na síntese de fibrilina (sem


correta produção da fibra elástica e de
fibrina).
Resulta em fraqueza e deformidades em
tecidos ricos em fibras elásticas:
 Dolicostenomelia  Envergadura >
altura
 Aracnodactilia
 Deslocamento do cristalino
 Prolapso da valva mitral

3.2.2. Degeneração basófila do


colágeno

Não é degeneração (sem acúmulo de


metabólitos intracelulares) e nem
relacionado ao colágeno
Fragmentação de fibras elásticas na
derme e na parede de vasos
sanguíneos  exposição prolongada à
luz solar e senescência.
Aumento da atividade de elastases e
redução da atividade de
antiproteases (por causa da exposição à luz solar)
3.3. Alterações nas Fibras da MEC - Substância Fundamental

3.3.1. Transformação hialina

Depósitos acidófilos no interstício


(rosado)  proteínas plasmáticas
exsudam e se deposita na MEC.
Ocorre na camada íntima de artérias e
arteríolas de pessoas com hipertensão
arterial ou diabetes mellitus.

3.3.2. Transformação mucoide

Aumento da quantidade de substância


fundamental  dissociação das fibras
colágenas (formando fibrilas finas)
Comum na doença reumática 
transformação mucoide originada pela ação
dos anticorpos ou de imunocomplexos
presentes na matriz.

Coloração diferencial, para visualizar a


substância fundamental em azul  possível
ver o seu tamanho aumentado.
Coloração normal  tecido basófilo, como
presença de fibras finas dissociadas
(afastadas)
3.3.3. Transformação Fibrinoide

Deposição de material acidófilo


semelhante a fibrina  paredes dos
vasos e tecido perivascular.
Imunocomplexos se depositam nos
vasos e associação à fibrina, formando
um material de aspecto vítreo.
Na úlcera péptica  necrose das células
epiteliais, esses restos mortais se
misturam com a fibrina  formam
material fibrinoide

3.3.4. Amiloidose

Grupo de doenças em que ocorre a deposição no


interstício de material proteico fibrilar  substância
amiloide
Proteínas amiloides possuem grande diversidade
estrutural, mas todas são β-pregueadas.
Depósitos amiloides  material amorfo e acidófilo
que se deposita no interstício  comprimi as células,
causando hipotrofia.
Utiliza-se coloração diferencial para diagnóstico

Gravidade depende da intensidade e da localização


Início assintomático
Principais órgãos afetados: coração, rins, fígado e
baço. Pode ser local ou generalisada
Classificação
 Sistêmica ou localizada
 Primária (idiopática) ou secundária (provocado por doença)
 Hereditária ou adquirida
Amiloidose secundária a inflamações crônicas (sistêmica)
Amiloidose localizada idiopática (pulmão, bexiga, pele)
Amiloidose secundária à hemodiálise prolongada
Amiloidose na doença de Alzheimer (localizada nos vasos encefálicos 
placas amiloides - placas senis)
Amiloidose familial hereditária polineuropática (hereditária, acúmulo de
amiloides em nervos e gânglios periféricos)

Patogênese
Complexa e pouco conhecida
 Alteração na conformação das proteínas precursoras da amiloide 
agregação e deposição
 Falha na degradação das proteínas mal formadas
4. Pigmentações e Calcificações

4.1. Pigmentações

Pigmentos são substâncias com cor própria, com origem, composição química
e significado biológico diversos (melanina, clorofila, citocromos, etc.)
Pigmentação  Processo de formação e/ou acúmulo de pigmentos no
organismo (normal ou patológico)
 Pigmentação patológica  acúmulo de determinados pigmentos são
característicos de certas doenças (salvo as exceções, o pigmento não
lesiona a célula).  pigmentos endógenos (Derivados da
hemoglobina, Melanina, Lipofuscina) ou exógenos ()

4.1.1. Pigmentação Endógena - Derivados da Hemoglobina

Pigmentos Biliares
Bilirrubina (Bb) Pigmento amarelo – produto final da
degradação da fração heme da hemoglobina e de
outras hemoproteínas. Sem Ferro na composição

Hiperbilirrubinemia  icterícia (visível à anamnese)


 Aumento da produção de Bb (aumento da
degradação de hemácias)
 Redução da captação e transporte da Bb nos
hepatócitos
 Diminuição da conjugação de Bb
 Baixa excreção celular de Bb
 Obstrução Biliar (Bb-conjugada)
 Combinação de lesões

Bb direta  conjugada
Bb indireta  não-conjugada
Microscopia
Acúmulo de bilirrubina no interstício e em macrófagos
(não conseguem degradar)
Neste caso, houve obstrução dos ductos biliares e
extravasamento da Bb para o tecido conjuntivo.

Hematoidina

Mistura de lipídios com pigmento semelhante


à bilirrubina, sem Ferro na composição
Formação em focos hemorrágicos:
degradação de hemácias por macrófagos em
hemorragias. Acúmulo do pigmento dentro
dos macrófagos
Surge entre 2-3 semanas pós-sangramento 
cristais amarelo-ouro, amarelo-alaranjado,
vermelho-alaranjado ou marrom-dourado.
Hemossiderina
Forma de armazenamento intracelular de Ferro (micelas de ferritina a
formam quando estão em excesso)
Hemossiderose: aumento de hemossiderina em um tecido
Encontrada em Macrófagos 24 a
48 horas após hemorragia.

Hemocromatose
Forma especial da hemossiderose sistêmica  aumento genético da absorção
intestinal do Ferro.
Receptor de Transferrina 1 (HFE) mal formado  células não captam o Fe
ligado à transferrina (no plasma sanguíneo)  Fe se acumula no plasma e se
deposita nos tecidos.

Hemozoína - Pigmento Malárico


Formada pela degradação de hemácias pelo
parasito Plasmodium spp., sendo liberada
durante a lise dessas hemácias infectadas.
Fagocitado por macrófagos, afetando a sua
capacidade fagocítica.

Pigmento Esquistossomótico
Schistosoma mansoni forma
esse pigmento pela degradação
de hemácia em seu sistema
digestório.
Pigmento é regurgitado para a
circulação do hospedeiro,
acumulando principalmente no
fígado e baço (onde é
fagocitado). Se acumula em
macrófagos e interstício.
4.1.2. Pigmentação Endógena - Melanina

Melanina  presentes em todas


as classes dos animais
Protege o núcleo das células
contra raios UVB, ação
antioxidante e absorção de calor.
Nos humanos, é responsável pela
coloração da pele, cabelo e íris.
Síntese nos melanócitos.

Hiperpigmentação
Efélides(sardas), nevos (pintas e manchas) e
melanomas (tumores)
Causadas por substâncias: cloroquina,
sulfonamidas, hidantoína, levodopa, arsênico,
bismuto, ciclofosfamida, 5-fluorouracil, etc.

Hipopigmentação
Albinismo (congênito), Vitiligo (adquirido)
Envelhecimento  apoptose dos melanócitos presentes nos folículos pilosos.
4.1.3. Pigmentação Endógena - Lipofuscina

Também chamada de Lipocromo, é um marcador de envelhecimento celular


(células senescentes acumulam lipocromo).
Forma grânulos intracitoplasmáticos, pardo-amarelados, autofluorescentes e
PAS-positivos.
Lipofuscina é formada pela peroxidação
de material previamente autofagocitado
(organelas) e acumulado em lisossomos
 Quanto mais velha a célula maior a
autofagocitação e maior a produção de
Lipocromo.

Acredita-se que os radicais livres do


metabolismo oxidativo sejam os
responsáveis pelo envelhecimento
4.1.4. Pigmentação Exógena - Antracose

Inalação de carvão, fumaça (fumante e paulista) e


fuligem  materiais derivados de combustão
(compostos de carbono)
O pigmento é fagocitado pelos macrófagos
alveolares  os grânulos podem ser transportados
até linfonodos  Manchas escuras nos pulmões
e linfonodos

4.1.5. Pigmentação Exógena - Argiria

Deposição de sais de Prata  causado pelo contato com


o metal, uso de medicamentos tópicos com sais de prata,
uso de amálgamas (obturações dentárias)
Produz manchas escuras nos tecidos afetados
Crisíase  deposição de ouro  mais raro 
Mineradores
4.1.6. Pigmentação Exógena - Tatuagem

Inserção proposital de pigmentos insolúveis na pele


 Transitórios  aplicação na epiderme, a própria
renovação da pele elimina os pigmentos (micro
pigmentação de sobrancelhas)
 Permanente  aplicação na derme, pigmentos
são fagocitados por macrófagos e fibroblastos,
se acumulando também no interstício.
Em condições ideais de ASSEPSIA e HIGIENE a
tatuagem não está diretamente relacionada com
doenças ou respostas inflamatórias (estas
condições se devem à assepsia da agulha e dano
mecânico da agulha, respectivamente)

Cuidado com reações alérgicas às tintas da tatuagem, especialmente com


a cor vermelha
4.2. Calcificações

Deposição anormal de sais de cálcio nos tecidos não-calcificados


 Tecido ósseo  calcificação do colágeno da MEC
 Calcificação patológica  calcificação de substratos celulares e de
secreções
Geralmente, não traz consequências graves aos tecidos acometidos
Classificados em:
 Distrófica
 Metastática
 Idiopática

4.2.1. Calcificação Distrófica

Calcificação local do tecido, com modificações


Ocorre em células necróticas/lesadas  restos
necróticos, trombos venosos, tumores, placas
de ateroma.
Apresentam-se como grânulos basófilos
4.2.2. Calcificação Metastática

Associada à hipercalcemia e, mais raramente,


hiperfosfatemia  maior reabsorção óssea
eleva cálcio sérico  nome não designa
câncer, mas indica que o cálcio reabsorvido
se deposita em outros locais
Dépositos se formam nos pulmões, rins, artérias
sistêmicas, veias pulmonares, mucosa gástrica e
córneas.  calcificação metastática se forma
em tecidos com microambiente ácido
Etiologia
 Maior secreção de paratormônio
 Neoplasias (secretoras de paratormônio)
 Imobilização prolongada (reabsorção
óssea aumenta)
 Doença de Paget (intenso remodelamento
ósseo anormal)
Implicações
 No geral, sem disfunção clínica, mas...
 Se acometido extensa área no pulmão  comprometimento respiratório
 Se acometido extensa área nos rins  nefrocalcinose prolongada, que
pode levar a lesão renal.

4.2.3. Calcificação Idiopática

Calcificação sem causa conhecida  sem lesão prévia, níveis séricos de cálcio
e fosfato normais.
Geralmente múltiplos e cutâneos  Calcinose Escrotal  nódulos duros na
pele do escroto.
4.2.4. Cálculos - Litíase

Massas sólidas, esféricas, ovais ou facetadas, compactas, de consistência


argilosa à pétrea. Podem não possuir cálcio ou até independerem dele.
Composição varia conforme o órgão
 Vesícula Biliar: saturação de algum componente e precipitação de
frações solúveis
 Rins: oxalato de cálcio e fosfato de cálcio
 Glândulas Salivares: estagnação de secreção ricas em cálcio
Bloco 2 – Distúrbios Hemodinâmicos
e Circulatórios
5. Edema e Desidratação

60% do corpo é constituído por água


 2/3 intracelular  Potássio controla a pressão osmótica
 1/3 interstício  Sódio controla a pressão osmótica
 5% no plasma  Macromoléculas (albumina e outras proteínas
plasmáticas) controlam a pressão osmótica
Total 40 litros:
 Extracelular: 15 L
 Plasma: 3 L
 Hemácias: 2 L
 Intracelular: 25 L
Tipos de vasos:
 Condutores: artérias elásticas e musculares grandes e médias
 Resistência
o Pré-capilar: pequenas artérias e arteríolas
o Pós-capilar: vênulas e pequenas veias
 Troca: capilares
 Capacitância: veias mais calibrosas (até 80% de massa sangue)
 Linfáticas (defesa e volume do líquido intersticial)
Endotélio  troca de substâncias entre
plasma e interstício e controle do tônus
vascular (produz óxido nítrico).
5.1. Edema

Excesso de líquido no meio extracelular. Também inclui cavidades, sendo


chamado de efusão (edema de pleura).
Cérebro é exceção. Degeneração hidrópica em células do Sistema
Nervoso Central também é EDEMA.
Características do líquido extravasado:
 Exsudato  rico em proteínas. Inflamação e turbidez (fibrinogênio e
células inflamatórias)
 Transudato: poucas proteínas: permeabilidade vascular preservada.
Claro e seroso
5.1.1 Edema Localizado

Pode ocorrer por obstrução venosa local, obstrução linfática ou edema


inflamatório
Problemas locais causam o edema.

Obstrução venosa local Obstrução linfática (filariose)

Processo infecioso (inflamação)


5.1.2. Edema Generalizado

Patofisiologia: Cardigênico, Nefrogênico, Hepático, Hipoalbuminemia,


causas diversas.

+ Edema Cardiogênico
Infarto ou hipertrofia do ventrículo esquerdo  bombeamento do sangue
do pulmão para circulação sistêmica fica prejudicada  Retenção de sangue
na circulação pulmonar  Edema Pulmonar

Edema Pulmonar

Espumoso babando, acúmulo de água nos alvéolos


Cor Pulmonale (hipertrofia ventrículo direito secundário à pneumopatia –
hipertensão pulmonar) ou insuficiência cardíaca congestiva  diminuição
do retorno venoso  acúmulo de sangue na circulação sistêmica  edemas
generalizados pelo corpo

Além da insuficiência cardíaca, o


sistema renina-angiotensina vai ser
ativado, aumentar a retenção de
Na+, aumentar a volemia e, por fim,
favorecer o edema.
Dentre as complicações clínicas, aparecem:

edema de membros inferiores Anasarca

Edema Nefrogênico
Origem:
 Glomerular
o Síndrome Nefrótica - Proteinúria
o Glomerulonefrite
 Contrição arteriolar aferente (a que chega)
 Secreção de renina
 Insuficiência renal

Edema principalmente no rosto, regiões com tecido


conjuntivo frouxo (rico em substância fundamental
amorfa, a qual retém o excesso de água do edema).
+ Edema de origem Hepática (Cirrose)
 Insuficiência hepática  albuminemia
(menor síntese)
 Hipertensão portal
 Compressão de vasos linfáticos
 Nódulos de regeneração
 Aldosterona  retenção de Na+ e água

Uma das manifestações da cirrose é a Ascite

+ Hidropsia Fetal
Mais de uma área acometida por edema (rosto e peritônio, por exemplo)
 Imune  eritroblastose fetal (incompatibilidade severa do Fator Rh)
 Não imunes  Defeito cardíoca ou pulmonar; anemia (talassemia ou
infecção); defeitos genéticos (Síndrome de Turner, etc.)
+ Hipoalbuminemia
Menos de 2,5% no sangue (normal é 4,5%)
 Nefrogênica (perda pela urina)
 Hepatogênica (falha na síntese)
 Doenças intestinais (perda pela mucosa)
o Inflamatória
o Infecções
o Neoplasias
o Cardiogênica

Pode levar a Anasarca

+ Edema Cerebral
 Vasogênico (traumatismo, infecção,
neoplasia)
 Celular (hipóxia  degeneração
hidrópica)
 Intersticial perivascular (hidrocefalia)
 Desequilíbrio osmótico

Estreitamento dos sulcos


Alargamento dos giros
5.2. Desidratação

Diminuição do conteúdo total de água no organismo  desequilíbrio de


consumo e/ou perda (ou ainda desequilíbrio eletrolítico).
Causas:
 Vômito
 Diarreia
 Insolação
 Transpiração excessiva
 Diabetes insipidus (hormônio antidiurético - ADH)

Classificação:
 Hipertônica (hipernatremia)  perda de água  sudorese, febre, sol
 Isotônica  perda de água e eletrólitos  diarreia
 Hipotônica  perda de eletrólitos  vômitos

Fisiopatologia
 Deslocamento de líquido para o plasma
 Aumento da concentração de eletrólitos
 Danos às membranas, proteínas citoplasmáticas (citoesqueleto)
Cérebro é muito sensível  paciente desidratado apresenta sinais de
confusão

Evolução
 Pele e mucosas secas
 Perda de turgor da pele (maciez)
 Oliguria (quando a causa não por poliúria – como na Diabetes
insipidus)
 Dano celular (SNC)
 Contração do cérebro  dano vascular  hemorragias
 Queda de pressão arterial
 Insuficiência renal
 Morte por diminuição de perfusão (hipóxia  anoxia)
Complicações:
 Insuficiência renal aguda
 Tromboses venosas
 SNC  anoxia, hemorragia, edema
(hipernatremia intracelular  acumulo de
água  degeneração hidrópica  no
cérebro é edema)

A desidratação pode ser


acompanhada pela urina
Efeitos
 Perda da capacidade termorreguladora
 Tempo de resistência muscular diminuído
 Redução da força muscular, câimbras
 Esgotamento, coma e morte
6. Distúrbios Locais da Circulação

Alterações relacionadas aos vasos sanguíneos


e ao fluxo de sangue.
Dentre essas alterações estão:
 Hiperemia e Congestão
 Hemorragia
 Trombose e Embolia
 Isquemia e infarto
 Choque (recebeu um capítulo à parte
mais adiante)

6.1. Hiperemia

Aumento local da quantidade de sangue no interior dos vasos em determinada


parte do tecido.
 Hiperemia ativa  aumento do aporte sanguíneo  sague oxigenado
 aumento da perfusão.
 Hiperemia passiva (Congestão)  diminuição da saída do sangue 
sangue venoso  diminuição do retorno venoso
Pode ocorrer os dois  inflamação, por exemplo

6.1.1. Hiperemia Ativa

Dilatação arteriolar, por mediadores químicos


 Fisiológica: demanda (exercícios físicos)
 Patológica: inflamação*
Aumento da temperatura no
local, pode apresentar cor
vermelho vivo, ou avermelhado

**maratonistas  exercícios de longa duração  hiperemia ativa


prolongada  aumento do volume de sangue no músculo  compressão das
vênulas  diminui retorno venoso  síndrome compartimental  lesão
**Diabetes mellitus  alteração da relação NADPH/NADP  sinalização de
hipóxia  estímulo para hiperemia ativa
**Hiperemia Ativa Fisiológica, por exercícios regulares  favorece
vascularização de tecidos  estímulo para diferenciação de arteríolas e auxilia
na formação de novas anastomoses

6.1.2. Hiperemia Passiva

Efluxo sanguíneo deficiente, com


acúmulo de sangue venoso. Pode ter
mais de um local de acometimento, a
depender da causa. Ocorre distensão
de veias, vênulas e capilares.

 Localizada: obstrução venosa, compressão, torção


 Generalizada: insuficiência cardíaca congestiva
Insuficiência Cardíaca Congestiva
(ventrículo direito)  ventrículo direito não
bombeia corretamente o sangue acúmulo
venoso na cava inferior  aumento de
sangue em regiões e órgãos abaixo do
coração.
Causa de Fígado Cardíaco

Macroscopia Microscopia

Aspecto de noz-moscada. Acúmulo de Região eosinofílica na região da


sangue nas veias centro-lobulares veia centro-lobular. Com
degeneração hidrópica, esteatose e
necrose (células eosinófilas em
processo de cariólise e picnose)
Problemas cardíacos no ventrículo esquerdo (problemas de valva)
Congestão da circulação pulmonar
Acúmulo de sangue venoso,
extravasamento de sangue para os
alvéolos  degradação de hemácias,
hemossiderose (pulmão castanho).
Tem também ali antracose
(praticamente normal hoje em dia).
6.2. Hemorragia

Saída de sangue do sistema cardiovascular para compartimentos


extravasculares, cavidades pré-formadas ou para fora do organismo.

Etiopatogênese:
 Aumento da Pressão sanguínea  hemorragia de aneurismas
(aneurisma = dilatação de vasos)
 Traumatismo (ruptura)
 Lesão intrínseca da parede vascular (digestão ou erosão)  placa de
ateroma
 Inflamação (pode ocorrer pela diapedese, sem ruptura de vasos)

Hematoma no

Fígado

Hemoperitônio Hemopericardio
Hemorragia  sangue sai para fora do corpo
Hematoma  sangue fica contido no local (pele, fígado)
Hemoperitônio  acúmulo de sangue na cavidade peritoneal
Hemopericardio  acúmulo de sangue na cavidade pericárdica

Nomes especiais
 Melena/Hematoquezia  sangue nas fezes
o Melena  coloração escura, sangue foi digerido  sangramento
digestivo alto (começo do TGI)
o Hematoquezia  coloração viva, sangue não foi digerido 
porção mais final do TGI
 Hemoptise  sangue na tosse
 Hematúria  sangue na urina
 Hematêmese  sangue no vômito
 Epistaxe (sangramento nasal, espontâneo ou induzido)
Petéquias/Púrpura Equimose

Petéquias são os pequenos pontos, as púrpuras vão de milímetros até alguns


centímetros de diâmetro  são hematomas que podem indicar fragilidade
vascular. Equimose é um hematoma subcutâneo
Evolução do Hematoma
Hemorragia X Hemostasia
Hemostasia (“parar de perder sangue”) depende
de: parede vascular; plaquetas; componentes da
cascata de coagulação; sistema fibrinolítico.

Agregação plaquetária  tampão primário 


produção de fibrina, e adesão de outros tipos
celulares (hemácias e leucócitos)  coágulo.
6.3. Trombose

Solidificação do sangue no interior do sistema cardiovascular no indivíduo vivo.


Ativação anormal do sistema de coagulação

Vários inibidores atuam, para que não ocorra a formação de um trombo.

Tríade de Virchow
 Lesão no endotélio
o Favorecimento da agregação plaquetária
o Exposição do fator tecidual ou de von willebrand
o Trombomodulina com menor atividade
o Efeitos anti-fibrinolíticos
 Hipercoagulabilidade
o Doenças genéticas (causa primária) deficiência de fatores
anticoagulantes
o Causas secundárias  Imobilização, infarto do miocárdio,
fibrilação atrial, prótese de valva cardíaca, câncer
 Fluxo sanguíneo anormal
o Fluxos turbulentos  trombos em artérias e coração;
aterosclerose
o Estase de fluxo  trombos venosos

Macroscopia

Trombos opacos, com aspecto granular e


esbranquiçado  trombos com presença de fibrina
e plaquetas

Trombo mural  pode


acontecer em decorrência de
infarto do miocárdio.
Microscopia

Regiões com acúmulo de hemácias Placa de ateroma com trombose na


e fibrina (áreas róseas) luz do vaso. Endotélio apresenta
células necróticas e regiões com
acúmulo de colesterol. Na luz do
vaso, pode-se observar um trombo
(acúmulo de hemácias e fibrina)

Evolução da trombose
 Resolução  trombo é degradado fisiologicamente, sem maiores
repercussões patológicas
 Embolização  formação de êmbolos
 Organização
o Obstrução Parcial  Incorporação à parede  colonizado por
fibroblastos, formando um tecido conjuntivo na parede do vaso
o Obstrução Total  Recanalização  formação de novos leitos
vasculares que atravessam a obstrução  recuperando parte do
fluxo
vaso trombosado, com
recanalização, presença de
orifícios no trombo com
presença de hemácias, o que
representa estabelecimento de
parte do fluxo.
6.4. Embolia

Obstrução vascular provocada por um êmbolo.


Êmbolo  é qualquer estrutura/corpo não miscível que se desloca e obstrui
parcialmente ou totalmente a corrente sanguínea. Eles podem ser:
 Sólidos  desintegram ou se fixam nas paredes dos vasos
 Líquidos  saponificação, fagocitose ou hidrólise
 Gasosos  dissolução
Evento tromboembólico  o trombo formado é friável  solta fragmentos 
ao atingirem vasos de menor calibre, obstruem o fluxo sanguíneo.

Trombose venosa profunda solta êmbolos 


obstrução de artérias pulmonares  pode causar cor
pulmonale agudo  êmbolo à cavaleiro (obstrução da
ramificação das artérias pulmonares)  morte súbita
Outras causas de embolias

A embolia também pode causar infartos


6.5. Isquemias e Infarto

Isquemia  diminuição do fluxo sanguíneo numa parte do organismo.


 Grau de obstrução  parcial ou total
 Forma de obstrução
o Rápida  trombo/êmbolo
o Lento  aterosclerose

Outras Causas
 Baixa pressão arterial  diminui perfusão
 Alteração da luz vascular
 Vasoconstricção
 Espessamento da parede vascular
 Compressão
 Bloqueio intraluminal
 Aumento da viscosidade do sangue

Na Macroscopia  cor pálida

Consequências e evolução dependem de


 Tipo de órgão (resistência à hipóxia)
 Tipo de irrigação (dupla, colateral, terminal)
 Tempo da obstrução (temporária, persistente)
 Tipo de obstrução (parcial, total)
 Momento funcional (sobrecarga)
Disfunção Celular
Degeneração
Hipotrofia
Necrose - gangrena

Infarto  área de necrose que se segue a uma anóxia ou hipóxia, devido à


interrupção abrupta do fornecimento sanguíneo ou oclusão venosa
Classificação
 Infarto branco (isquêmico ou anêmico)
 Infarto vermelho (hemorrágico)
Infarto branco  área pálida, circundada por um halo hemorrágico e
hiperêmico

Corte histológico de rim corado com


hematoxilina/eosina. Aspecto
característico de necrose
coagulativa  células tubulares
pouco coradas, sem presença de
núcleo (processo de cariólise), com
presença de células inflamatórias.

Infarto vermelho
Extravasamento de sangue no tecido necrótico
 Oclusão venosa
 Órgãos de parênquima frouxo
 Circulação dupla e colateral
 Tecido com congestão prévia
 Reperfusão
Macroscopia
Pulmões  esquerda à fresco, direita fixado com formaldeído a 10%

Após a fixação com formaldeído 10%  perda de


crepitação, aumenta da consistência. Área escurecida

Intestino Grosso fixado com formaldeído

Microscopia

Lâmina de pulmão
corado por HE
Alvéolos preenchidos
por sangue, presença
de hemossiderina.
7. Choque

Coque  Falência circulatória generalizada, devido a


hipoperfusão de tecidos e órgãos.

 Perda de volemia  choque hipovolêmico


 Funcionamento inadequado do coração  choque
cardiogênico
 Vasodilatação periférica  Choque séptico,
anafilático e neurogênico.

Etiopatogênese
 Trauma
 Infarto no miocárdio
 Hemorragia
 Sepse
 Anafilaxia

Lesão Celular
 Falta de oxigênio e nutrientes
 Falha na remoção de produtos do metabolismo
 Diminuição de fluxo
 Inflamação
 Toxinas bacterianas (choque séptico)

Choque Neurogênico
 Agressão primária  trauma acima de T6  região cervical
(ruptura ou compressão do tronco cerebral)
 Agressão secundária  edema, distúrbios vasculares,
alteração de eletrólitos
 Progressão de dano celular
 Perda de tônus simpático  nervo vago parassimpático
predominante  bradicardia
 A bradicardia é um dos achados clínicos diferenciais do
choque neurogênico  choque hipovolêmico apresenta
taquicardia.
Choque Hipovolêmico
 Sem repercussões em perdas de até 10% do
volume (doação de sangue)
 Perda de 35-45% do volume  diminuição do
débito cardíaco e da pressão arterial. Na perda >=
a 45% ocorre falência múltipla de órgãos e morte
 Reflexo Simpático  constrição arteriolar e venular
e taquicardia (aumento da frequência cardíaca).
 Reflexos vasos motores não afetam cérebro e
coração
 Hipotensão compensada  reposição de fluídos
Macroscopia
Intestino intestino aberto

Áreas de hiperemia, áreas hemorrágicas e áreas de necrose, pela baixa


perfusão. Com o dano no intestino, ele pode ser a porta de entrada para
microrganismos e gerar um quadro de choque séptico.
Rim aumentado à esquerda e no centro, rim normal à direita
órgão aumentado, coloração
pálida, por degeneração
hidrópica induzida pela
hipóxia

Estômago com úlceras agudas de estresse


Necrose fibrinoide  úlceras
múltiplas e atrofia da mucosa em
consequência da hipoperfusão
Microscopia
Lâmina de rim HE
Necrose Tubular aguda 
insuficiência renal
Células tubulares em
necrose, caracterizado pela
falta de núcleo que é
digerido durante a cariólise.

Lâmina de Fígado HE

Necrose centro-lobular  células em necrose anucleadas (passaram por


processo de cariólise), com hiperemia (acúmulo de hemácias nos vasos).
Causa insuficiência hepática aguda.

Lâmina pulmão HE
Restos de células alveolares
acabam formando uma camada que
recobre os alvéolos  formação de
pseudomembrana
Lâmina de Rim HE
Trombose glomerular, acúmulo de hemácias e
fibrina (substância rósea) formando um trombo

Lâmina de pele HE
Trombose na pele  acúmulo de hemácias e
fibrina (substância rósea) formando um trombo
nos vasos sanguíneos

Com a trombose no quadro de choque ocorre gasto dos fatores de


coagulação, o que favorece a hemorragia em outros órgãos.
8. Hipertensões

Podem ocorrer três tipos principais:


 Hipertensão Arterial Sistêmica
 Hipertensão Pulmonar
 Hipertensão Portal

RELEMBRANDO...
Mecanismo básico de controle da pressão arterial
Equilíbrio entre agentes hipertensores e
hipotensores
 Hipertensores
o Renina
o Angiotensina II
o Endotelina
 Hipotensores
o Fator natriurético atrial
o Óxido nítrico
o Prostaglandinas

8.1. Hipertensão Arterial Sistêmica

Pressão Arterial Sistêmica = Débito Cardíaco x Resistência Periférica


A hipertensão arterial existe num contexto sindrômico, com alterações
hemodinâmicas, tróficas e metabólicas, atingindo todo o corpo.

Hipertensão primária  sem causa única conhecida, mas causada por


diversos fatores como predisposição genética, alimentação e prática de
exercícios.
Hipertensão secundária  patologias ou distúrbios causam o quadro
hipertensivo

Alta incidência no Ocidente  ¼ da população possui esse tipo de


hipertensão
Fatores de risco: obesidade; aterosclerose; tabagismo; sedentarismo.

A hipertensão pode levar a


 AVC (5x mais chances)
 Doença coronariana
 Aneurisma
 Insuficiência renal
Etiologia
 Primária (90-95%)
o idiopática
 Secundária (5-10%)
o Vasculares  coarctação da aorta
o Renal  nefropatias
o Neurogênicas (SNC)
o Neoplasia  feocromocitoma
o Endócrina  aumento de corticóides
o Drogas  ciclosporina A

Classificação Clínico-morfológica
Hipertensão arterial benigna
 Níveis tensóricos moderados (acima de 120/80, mas abaixo de 18/12)
 Responde bem ao tratamento
 Sem complicações a curto prazo
 Compatível com a sobrevida – controlada
 Assintomática

Hipertensão arterial maligna ou acelerada


 Elevação rápida
 Psistólica > 200 mmHg, Pdiastólica > 120 mmHg (20/12)
 Refratariedade ao tratamento
 Mortalidade alta (rompimentos de aneurismas)
 Necrose fibrinoíde (estresse)
 Hiperplasia de íntima (bulbo de cebola)

A Hipertensão Arterial afeta vários órgãos, em especial:


 Rim
 Coração
 Olhos
 Encéfalo
 Artérias
8.1.1. Nefroesclerose

Hipertensão Arterial Benigna


O aumento da pressão sanguínea promove o espessamento intimal das
artérias, uma hialinose arteriolar
Ocorre vazamento de componentes plasmáticos para o endotélio (endotélio
mais permeável), com produção excessiva de matriz extracelular pelas células
musculares lisas, secundário ao estresse crônico.
Rim a fresco  apresenta aspecto
granular, com áreas de microinfartos e
atrofia com fibrose. A hialinose arteriolar
diminui o fluxo sanguíneo, podendo causar
focos de necrose por hipóxia (infartos).
Assim, essas áreas de microinfartos e
microinfartos velhos (com a fibrose),
causam o aspecto granular do órgão.

Lâmina de Rim HE  possível


observar pequeno vaso com
espessamento da camada íntima.
Possível observar que o
espessamento é causado por uma
substância de aspecto vítreo, no caso
um agregado de proteínas indicando
uma hialinose
Nefrosclerose Maligna
Rim  Apresenta lesões hemorrágicas
puntiformes (aspecto de picada de
pulga) por toda superfície externa e de
corte. O aumento da pressão provoca
lesão aguda do endotélio. Esse
endotélio descama e ocorre hemorragia
no local, levando à uma necrose
fibrinóide.

Lâmina de Rim HE  área


hemorrágica (com presença de
hemácias) ao redor do vaso sanguíneo,
com células em necrose. Na luz desse
vaso pode-se ver hemácias agregadas
com um material róseo, que é a fibrina,
caracterizando necrose fibrinoide.

Lâmina de Rim HE  vaso sanguíneo


com aspecto bulbo de cebola, onde há
um aumento da camada íntima por
multiplicação celular, ou seja, uma
hiperplasia da camada íntima.
8.1.2. Coração

A hipertensão arterial promove a


hipertrofia do ventrículo esquerdo,
com aumento pronunciado do
miocárdio e diminuição do volume
ventricular.

Com o tempo, ocorre fibrose no coração (áreas de infartos


velhos) e o coração perde sua capacidade de
bombeamento, gerando o quadro de insuficiência cardíaca.
Com essa insuficiência cardíaca (esquerda), ocorre o
quadro de congestão pulmonar.

Microscopia
Lâmina de miocárdio HE  é possível observar
miócitos que passaram por hipertrofia. Além disso,
existe grande quantidade de tecido conjuntivo na
matriz extracelular, com abundância de colágeno,
caracterizando um processo de fibrose no
miocárdio.
8.1.3. Encéfalo

Encefalopatia hipertensiva  lesões


vasculares no cérebro. Comum o
rompimento de aneurismas
Esclerose arteriolar  leva a pequenos
infartos e a infartos lacunares.
Também podem ocorrer hemorragias, pelo
dano vascular, e edema.

8.1.4. Retina

Na retina existe naturalmente um


cruzamento entre as vênulas e arteríolas
na circulação. Com o espessamento
arteriolar da hipertensão, as arteríolas
podem comprimir as vênulas, causando
congestão na retina. Essa congestão está
associada à lesão, em que são
observados pontos semelhantes à
algodão no fundo do olho. Esse quadro
também pode provocar um déficit visual
importante.
8.2. Hipertensão Pulmonar

A circulação pulmonar inicia no ventrículo


direito, seguindo a artéria troncopulmonar. Ao
realizar as trocas gasosas no pulmão, o
sangue percorre as veias pulmonares até
chegar no átrio esquerdo. É um sistema de
baixa pressão, cerca de 1/8 da pressão
arterial (cerca de 25 mmHg). Além disso, o
volume muscular do ventrículo esquerdo é
menor.
Os vasos pulmonares possuem paredes finas
com lúmen amplo. Diferença farmacológica:
realizam vasodilatação quando os vasos sistêmicos realizam vasoconstricção.
Na vida intrauterina apresenta alta resistência, com dois pontos de conexão:
forame oval e ducto arterial. Após o nascimento essas conexões são fechadas
e ocorre queda dessa resistência.

Hipertensão Pulmonar  aumento de 3 a 4 vezes o gradiente de pressão


no sistema pulmonar. É um sistema mais sensível às alterações de pressão

Pressão = volume x resistência


Causas
 Alterações estruturais dos pulmões
 Aumento de fluxo e/ou aumento de pressão
 Aumento da resistência vascular
 Aumento da resistência do ventrículo esquerdo

Condições Clínicas
 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Enfisema (alteração do
parênquima, aumenta a resistência)
 Doenças cardíacas (estenose de valva mitral  ventrículo esquerdo)
 Tromboembolismo
 Doenças do tecido conjuntivo (esclerose sistêmica)
 Apnea Obstrutiva do sono (obesidade)
Enfisema
A destruição do parênquima pulmonar leva ao aumento da resistência
pulmonar, causando o aumento da pressão pulmonar. Neste quadro, o pulmão
começa a formar grandes dilatações nos alvéolos pulmonares.

Tromboembolismo
O êmbolo irá obstruir vasos, diminuindo a quantidade de vasos disponíveis
para manter o fluxo, aumentando, assim, a pressão pulmonar. Além disso, há
lesão bioquímica induzida por fibrina. A fibrina desse êmbolo diminui a
liberação de prostaciclina e óxido nítrico, vasodilatadores, e aumenta a
liberação de endotelina, vasoconstrictor. Isso contribui para o aumento da
pressão pulmonar.
Alterações cardíacas
Estenose na valva mitral e insuficiência do ventrículo esquerdo  irão causar
diminuição do débito cardíaco, queda da pressão arterial sistêmica  mas no
pulmão aumenta resistência e causa hipertensão pulmonar.
estenose de valva mitral insuficiência cardíaca esquerda

Lâmina de pulmão HE  arteríolas com


espessamento, presença de antracose,
macrófagos com hemossiderina, indicando hemorragia. Neste caso, há uma
congestão crônica do coração

Cor pulmonale  mecanismo compensatório da


hipertensão pulmonar. Com o tempo ocorre a insuficiência
ventricular direita, causando insuficiência cardíaca
congestiva.
8.3. Hipertensão Portal

Hipertensão no sistema porta-hepático

Sistema de baixa pressão  10 mmHg  as fenestrações nos sinusóides


hepáticos permitem essa baixa pressão, bem como a passagem de metabólitos
e nutrientes para os hepatócitos.
Causas: aumento do volume sanguíneo e/ou aumento da resistência
 Pré-hepáticas
 Intra-hepáticas
 Pós-hepáticas

Pré-hepáticas
 Trombose portal
 Compressão de veias portais (cistos, por exemplo)
 Oclusão da veia esplênica
 Esplenomegalia
 Malformações arteriovenosas no baço  conexões arteriovenulares que
transpõem os capilares.

Trombose no hilo hepático

Intra-Hepáticas
 Cirrose  aumento da
resistência vascular
 Neoplasias benignas ou malignas
 Esquistossomose  inflamação crônica granulomatosa. Áreas de fibrose

Fibrose esquistossomótica
Corte histológico HE de fígado cirrótico
Pós-hepáticas
 Trombose na veia centro-lobular ou veias
hepáticas (após o lóbulo hepático)
 Trombose de veia cava inferior
 Insuficiência cardíaca congestiva direita

Corte de Fígado a fresco


Fígado cardíaco, aspecto de
noz-moscada, com regiões de
hiperemia congestiva vermelho-
escuras e regiões claras com
degeneração hidrópica e
esteatose.

Consequências
 Ascite
 Associado à cirrose  diminuição da síntese proteica
 Hipoalbuminemia
 Circulação colateral (varizes no esôfago)
 Essas varizes podem causar sangramento  pode
ocorrer a presença de hematêmese (vômito no
sangue) e melena (sangue digerido nas fezes)
 Esplenomegalia (congestão passiva)  Aumento de
função do baço  Citopenia (diminuição de células
no sangue)
 Promove ligação entre circulação portal e sistêmica
 metabólitos tóxicos não serão metabolizados no
Fígado  ao atingirem o cérebro, podem causar
Encefalopatia hepática  demência, confusão,
evoluindo para coma
Esplenomegalia Congestiva
Lâmina de Baço HE  presença de
corpúsculo de Gandy-Gamna, que são
áreas de fibrose com macrófagos com
acúmulo de hemossiderina (causado pelo
hiperesplenismo), podendo estar
calcificados.

Baço

Ocorre esplenomegalia e fibrose

Ascite
Pelo menos 500ml de líquido
Associado a alteração da pressão hidrostática
dos sinusóides e à Hipoalbuminemia (redução da
síntese proteica hepática)
Ocorre a sobrecarga dos vasos linfáticos hepáticos
Acúmulo de líquido na cavidade peritoneal

Pode ocorrer a congestão em veias periumbilicais,


formando esse aspecto de “cabeça de medusa”

Circulação Colateral - Varizes


Podem levar a anastomoses portossitêmicos
É comum a formação de varizes esofagianas, que com estímulo mecânico da
deglutição podem se romper e causar hemorragias.
A congestão do sistema porta também pode promover a congestão das veias
hemorroidárias, promovendo o aparecimento de hemorroidas (que podem
sofrer prolapso).

Encefalopatia Hepática
Formação de Shunt porto-sistêmico (porto-cava), que são conexões que não
passam internamente ao fígado. Assim, metabólitos ingeridos não serão
devidamente metabolizados antes de atingirem áreas nobre, como o cérebro.
Isso promove um prejuízo da função neuronal, já que na alimentação existem
“falsos transmissores”, como triptofano, amônia e alguns ácidos graxos. Com
isso, pode ocorrer demência e confusão mental, perda consciência e
edema cerebral.
Bloco 3 - Inflamações e Reparo
9. Introdução à Inflamação

Inflammare (Latim) e phlogos (Grego)  Pegar fogo

A inflamação é caracterizada por: calor (hiperemia ativa), rubor (hiperemia


ativa), tumor (edema), dor e perda de função

Toda inflamação é causada por um agente agressor ou irritante, que podem


ser:
 Físicos (queimadura)
 Químicos (substâncias químicas - remédios)
 Biológicos (infecções)
 Dano ou morte celular
 Imunocomplexos (agregados de anticorpos)

Inflamação  Resposta frente a um agente agressor, caracterizada


morfologicamente pela saída de líquidos e células para o interstício.
Importante componente da reposta imune.

No processo inflamatório, existe a participação de várias células que compõe o


sistema imune (como macrófagos, linfócitos, mastócitos), algumas proteínas
(sistema complemento) e até mesmo células de reparo do tecido (fibroblastos).

Objetivos  eliminar o agente agressor e reparar o tecido acometido

A resposta imune inata é muito presente na inflamação aguda, onde os PAMPs


(relacionado à agentes invasores) e DAMPs (relacionados à dano celular)
serão reconhecidos pelos receptores de padrões, como: TLR (Toll-like
receptor) e NLR (Nod-like receptor). Estes receptores ativam uma cascata de
sinalização para a formação de mediadores, sendo alguns deles pró-
inflamatórios.
10. Mediadores Inflamatórios

Substâncias produzidas em resposta a vários estímulos (produtos microbianos


ou restos necróticos de células)
Possuem mais de um alvo e têm tempo de meia-vida curta.
Seus receptores na célula-alvo são específicos, podendo ter ação direta
(enzimática ou tóxica).
São altamente regulados e são degradados e/ou inativados por enzimas após a
sua liberação.
A ação de um mediador pode estimular a célula-alvo a produzir/liberar outros
mediadores, potencializando ou regulando o efeito do primeiro.
Os mediadores são divididos em:
 Celulares
o Mediadores pré-formados
 Histamina (mastócito, basófilo, plaquetas)
 Serotonina (plaquetas)
 Enzima lisossomais (neutrófilos, macrófagos)
o De nova síntese
 Prostaglandinas
 Leucotrienos
 Fatores ativadores de plaquetas
 EROs (espécies reativas de oxigênio)
 Óxido nítrico
 Citocinas
 Plasmáticos – Fígado (CCC)
o Cinina
o Coagulação (Sistema de Coagulação e Fibrinólise)
o Complemento

10.1. Mediadores Celulares

Serão abordados:
 Aminas vasoativas  Histamina e Serotonina
 Metabólitos do ácido araquidônico (AA)  Prostaglandinas,
Leucotrienos, Lipoxinas
 Citocinas e Quimiocinas
10.1.1. Histamina

O mastócito possui um papel muito


importante na inflamação aguda e crônica,
possuindo diversos receptores. Ele possui
grânulos onde o principal componente é a
histamina.

Está presente nas mucosas (MM) e no


tecido conjuntivo (MTC). Possui receptores
para Fcε, C3a, C5a, H1 e H2 de histamina.

Desgranulação:
 Calor
 Trauma mecânico
 Frio
 Reação Ag-IgE (alergia)
 Ação de anafilotoxinas C3a e C5a
 Algumas citocinas
Ele sintetiza e libera prostaglandinas, leucotrienos,
citocinas (IL-4, IL-5, IL-13  Th2) e quimiocinas como
eotaxina e MIP-1.

A histamina é um dos primeiros mediadores liberados


na inflamação aguda. Ela causa dilatação das
arteríolas, contração venular e aumento da
permeabilidade vascular

10.1.2. Serotonina

A serotonina é um mediador pré-formado armazenado em grânulos pelas


plaquetas. Ele causa vasodilatação e aumento da permeabilidade
vascular.
A serotonina é liberada durante a agregação plaquetária (plaqueta encontra
colágeno exposto) relação direta entre inflamação e coagulação.
10.1.3. Metabólitos do ácido araquidônico

Lipoxinas  Efeito anti-inflamatório  inibem a síntese de leucotrienos e de


fatores ativadores de plaquetas (PAF)
Anti-inflamatórios esteroidais  inibem fosfolipase A  não forma AA
Anti-inflamatórios não esteroidais  inibem COX-1 e COX-2  não forma
prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxano A 2

10.1.4. Citocinas

São mediadores que agem entre células


 Pró-inflamatórios
o TNF-α, IL-1, IL-6  pirogênicos
o IL-4  Th2, alergia e antiparasitário
o IFN  Th1, destruição de invasores intracelulares
 Anti-inflamatórios
o TGF-β
o IL-10

Resistência à insulina
no músculo estriado
esquelético

10.1.5. Quimiocinas

Mediadores responsáveis pelo recrutamento de células de defesa para o sítio


de inflamação. Sua nomenclatura é baseada na posição da cisteína. Como
exemplo temos: CCL, CXCL, CX3CL, XC.
10.2. Mediadores Plasmáticos (CCC)

Serão abordados
 Sistema Complemento
 Sistema de Coagulação/Fibrinólise
 Sistema de Cinicas

10.2.1. Sistema Complemento

Sistema Complemento promove:


 Quimiotaxia de leucócitos
 Opsonização
 Fagocitose
 Complexo de ataque à
membrana (C9)
 Anafilotoxinas C3a e C5a 
induzir a degranulação de
mastócitos, levando ao
choque anafilático
 C3a e C5a são
vasodilatadoras e aumentam
a permeabilidade vascular
10.2.2. Sistema Cininas e Coagulação

O sistema complemento, sistema de cininas e sistema de coagulação/fibrinólise


interagem entre si, regulando ou potencializando o efeito de cada parte
10.3. Resumão  Ação dos Mediadores
10.4. Reações do Organismo

 Reações regionais
o Modificações de órgãos linfoides
 Reações sistêmicas
o Proteínas de fase aguda
o Alteração do metabolismo
o Alterações do sono e apetite
o Febre
o Resistência a dor (ou presença de dor)
o Leucocitose  desvio à esquerda

Proteínas de
Fase aguda

Leucocitose

Aumento dos linfonodos regionais  linfadenomegalia  apresentação


antigênica  proliferação celular  aumento do órgão  estado reacional
Pode ocorrer linfadenite  agente infeccioso migra e causa inflamação
no linfonodo e vasos linfáticos  raro
Várias proteínas de fase aguda são produzidas pelo fígado na resposta à uma
inflamação  É comum a dosagem de PCR (Proteína C reativa) é muito
comum para diagnóstico, para confirmar processos inflamatórios infecciosos.
O processo inflamatório também causa
 Alterações de apetite (IL-1 e TNF-α no SNC)
 Estado hipercatabólico (hormônios)
 Insônia e irritabilidade (citocinas)
 Lipólise
 Resistência à dor (inflamação severa que resulta em perda de
terminações nervosas do tecido)
 Aumento da dor  aumento do limiar da dor  maior produção de
endorfinas
o Endorfinas  aumentam o limiar da dor  sensação de dor com
estímulos menores
o Bradicinina e Prostaglandinas  sensação de dor  ativação de
nociceptor.
 Leucocitose com desvio à esquerda  muitas células jovens na corrente
sanguínea  bastonetes aumentados
Leucocitose

Compostos
nitrogenados na urina
11. Fenômenos das Inflamações

Os fenômenos ocorrem em sobreposição, de forma que a divisão deles é uma


forma didática para entender a inflamação geral.

11.1. Fenômenos Irritativos

Modificações morfo-funcionais dos tecidos agredidos, em consequência da


liberação de mediadores químicos diante da ação do agente inflamatório
(flogógeno)
11.2. Fenômenos vasculares

Modificações Hemodinâmicas orquestradas pelos mediadores químicos


liberados no fenômeno irritativo
 Vasoconstrição arteriolar e venular transitória (trombaxanos)
Logo após  vasoconstrição arteriolar (prostaciclinas)
 Hiperemia ativa  rubor
 Aumento da pressão hidrostática (prostaglandinas)
o Diminuição da pressão coloidosmótica
o EDEMA
 Lentificação da circulação  Estase
 Marginação Leucocitária

11.3. Fenômenos exsudativos

exsudare (latim)  passar através de


Saída de elementos do sangue (plasma e células) do leito vascular para o
interstício. Pode ser agudo ou crônico.
A marginação dos leucócitos promove a diapedese. O endotélio irá expor
moléculas de adesão (P-selectina, E-selectina, ICAM-1, VCAM-1), o leucócito
irá ligar nessas moléculas e fará o rolamento pelo endotélio até encontrar uma
região de afastamento de células endoteliais e adentrar no interstício.
Os leucócitos são atraídos ao sítio de inflamação por fatores quimiotáticos
 Exógenos  produtos microbianos  LPS, N-formil-metionina
 Endógenos  citocinas, quimiocinas, componentes do Sistema
Complemento e metabólitos do ácido Araquidônico.
Tipos de inflamação
 Aguda  Presença de Polimorfonucleares no exsudato  neutrófilos,
basófilos e eosinófilos
 Crônica  Presença de Mononucleares no exsudato  macrófagos e
linfócitos

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