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SAÚDE DO IDOSO

Enfermeira Edna Franskoviaki


Conteúdo Programático

 Modificações sistêmicas no processo de


envelhecimento;
 Pé Neurológico ;
 Paciente Oncológico.
Introdução
 A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Há, no entanto,
importantes diferenças entre os países desenvolvidos e os
países em desenvolvimento. Enquanto, nos primeiros, o
envelhecimento ocorreu associado às melhorias nas
condições gerais de vida, nos outros, esse processo
acontece de forma rápida, sem tempo para uma
reorganização social e da área de saúde adequada para
atender às novas demandas emergentes. Para o ano de
2050, a expectativa no Brasil, bem como em todo o mundo,
é de que existirão mais idosos que crianças abaixo de 15
anos, fenômeno esse nunca antes observado.
 A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define
envelhecimento como “um processo sequencial, individual,
acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de
deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os
membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne
menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente
e, portanto, aumente sua possibilidade de morte”.
 O envelhecimento pode ser compreendido como um
processo natural, de diminuição progressiva da reserva
funcional dos indivíduos – senescência - o que, em
condições normais, não costuma provocar qualquer
problema. No entanto, em condições de sobrecarga como,
por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional,
pode ocasionar uma condição patológica que requeira
assistência - senilidade. Cabe ressaltar que certas
alterações decorrentes do processo de senescência podem
ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo
de vida mais ativo.
FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
 Os idosos usam suas reservas fisiológicas para manter a
homeostase. Quando as reservas são necessárias para
suprir aumento das demandas de doenças agudas, ocorre
falência dos sistemas. Nossos órgãos e tecidos têm um
turnover celular diferente e um padrão de envelhecimento
também diferente. Abaixo serão apresentadas as principais
alterações em órgãos, tecidos e sistemas no organismo
humano, advindas do envelhecimento.
A PELE
 Há mais de 150 anos, a pele foi descrita por Virchow como
um envoltório com função de revestimento e proteção a
órgãos mais complexos (VIRCHOW, 1860).
 Durante os últimos anos, no entanto, estudos têm
demonstrado que a pele também é um órgão
funcionalmente sofisticado. Suas interações celulares e
moleculares são complexas e ocorre renovação e reparo
de seus componentes a todo o momento.
 É um tecido altamente dinâmico, capaz de responder a
alterações no ambiente externo e interno e isto permite que
muitas das manifestações do organismo se expressem por
alterações cutâneas. O controle hemodinâmico, o equilíbrio
hidro-eletrolítico, a termorregulação, o metabolismo
energético, o sistema sensorial e a defesa contra
agressões externas dependem da sua viabilidade.
 A pele desempenha funções específicas em cada região do
corpo e as estruturas que a compõem variam de acordo
com o sítio anatômico. As regiões palmo-plantares, por
exemplo, possuem uma maior queratinização e ausência
de pelos, e estão mais adaptadas à abrasão. As
extremidades das falanges distais possuem grande número
de receptores sensoriais, o que determina uma elaborada
função tátil. As regiões ungueais adquirem uma espessa
camada de queratina durante a diferenciação celular,
caracterizando a rigidez das unhas.
Histologia Cutânea

O padrão histológico da pele pode ser definido a


partir das três camadas que a compõem:
epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é um
epitélio de revestimento e encontra-se firmemente
acoplada ao tecido conjuntivo subadjacente do
qual recebe suporte, a derme. Abaixo da derme
reside um tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme,
que contém gordura
EPIDERME
 Tempo de turnover aumentado em 50%;
 Junção derme epiderme mais delgada;
 Queda de 10 a 20% por década dos melanócitos,
ocasionando queda da fotoproteção;
 As Células de Langerhans diminuem 40%, produzindo
resposta de hipersensibilidade tardia;
 Diminuição da Pró vitamina D3.
DERME
 Queda de 20% da espessura;
 Diminuição da celularidade;
 Diminuição microvasculatura alterando a termorregulação;
 Queda de 50% mastócitos com consequente reação de
 hipersensibilidade imediata.
Principais consequências das alterações da pele
provocadas pelo processo
de envelhecimento:
 Prejuízo na cicatrização;
 Diminuição na tensão da pele;
 Diminuição da capacidade proliferativa;
 Susceptibilidade a lesões como Ulceras por Pressão;
 Diminuição da microvasculatura;
 Diminuição na percepção sensorial;
 Susceptibilidade a infecções.
Alterações na Audição
 Com o envelhecimento ocorre diminuição da habilidade de
ouvir frequências mais altas resultante da degeneração de
células dos órgãos e dos sentidos, o que repercute em
dificuldade de ouvir vozes femininas ou de crianças,
conversas telefônicas e televisão.
Alterações no Paladar
 Ocorrem alterações e mudanças degenerativas nas
células, contudo não há alterações no número de papilas
gustativas. Ocorre ligeira diminuição da capacidade de
detectar o gosto salgado.
Alterações no Olfato
 Observa-se redução da capacidade discriminatória para
diferentes odores e redução do clearance mucociliar.
Alterações na Visão
 As principais alterações na visão estão abaixo descritas:
 Redução diâmetro pupilar;
 Reação pupilar à luz mais lenta;
 Redução gordura retro-ocular;
 Disfunção dos músculos extra-oculares.
 Estas alterações geram quadro de declínio nos seguintes
aspectos:
 Redução da capacidade de acomodação;
 Diminuição de acuidade visual com pouco contraste;
 Quedada adaptação a ambientes escuros;
 Quedada tolerância ao brilho;
 Rebaixamento da discriminação das cores;
 Quedada capacidade de leitura;
 Queda do campo visual atencional (percepção de
estímulos).
Alterações na Composição Orgânica
 Ocorre aumento da gordura corporal, diminuição da massa
muscular magra e mudança no metabolismo do hormônio
do crescimento.
 O gasto de energia diária, diminui com a idade. Além disso,
a diminuição da água corporal gera encolhimento de
órgãos, diminuição da altura e do peso. Com exceção da
próstata, coração e pulmão, os demais órgãos internos
diminuem de tamanho com a progressão do
envelhecimento.
Alterações no Sistema Cardiovascular
 No jovem, o débito cardíaco é mantido pelo aumento da
frequência cardíaca gerando estímulo adrenérgico. No
Idoso diminui o simpático, coração fica menos responsivo
produzindo um declínio da função de receptores. O idoso
depende do enchimento ventricular (pré-carga).
 O tônus autonômico diminui com a idade, bem como
variabilidade da frequência cardíaca. O relaxamento
ventricular fica mais dependente de oxigênio e energia. A
diminuição da pressão parcial de oxigênio prolonga o
relaxamento, aumentando a pressão diastólica
ocasionando congestão pulmonar e disfunção diastólica.
Coração
 A diminuição do miócitos e o aumento da quantidade de
colágeno, diminui a complacência. A substituição do tecido
autônomo por tecido conectivo e gordura, causa
anormalidades na condução o que aumenta a possibilidade
de arritmias, tais como: síndrome do nó sinusal, arritmias
atriais, bloqueio de ramos.
Vasos

 Ocorre espessamento da média dos vasos o que aumenta


a rigidez da parede do vaso, produzindo aumento da
resistência do trato de saída. Ocorre ainda aumento da
Pressão Arterial Sistêmica e Hipertrofia compensatória. A
complacência ventricular fica diminuída.
Alterações do Sistema Respiratório
 As principais alterações no aparelho respiratório estão abaixo
descritas:
 Diminuição complacência da parede torácica;
 Diminuição de força da musculatura respiratória;
 Perda de elasticidade pulmonar, ocasionando aumento da
complacência alveolar, colapso de vias aéreas menoresrepresamento
de ar;
 Colapso de vias aéreas menores, ocasionando desigualdade de
ventilação e perfusão declínio da PO2(0,3-0,4 mmHg/ano);
 PCO2 inalterada.
Alterações no Sistema Renal
 No período de 25 a 85 anos, aproximadamente 40% do
néfrons ficam escleróticos, o restante sofre hipertrofia.
Além disso, ocorre atrofia da arteríola aferente e eferente e
redução das células tubulares, provocando um fluxo
plasmático renal diminuído em 50%. Ocorre declínio na
taxa de filtração glomerular de 45% daqueles com idade
superior a 80 anos. Representando redução do clearance
de creatinina (0,75ml/min/ano).
Alterações no Trato Urinário Inferior

 Aumento da quantidade de colágeno e diminuição da


distensibilidade, causando prejuízo no enchimento vesical:
 Hiperplasia prostática piora enchimento da bexiga
 Estrógeno e resposta do tecido ao hormônio.
 Mudanças no esfíncter uretral
Alterações do Trato Gastrintestinal
Alterações no Sistema Hepatobiliar

 Dentre as principais alterações neste sistema destacam-se:


 • Diminuição do número e peso total de hepatócitos;
 • A síntese proteica permanece preservada;
 • Proliferação do ducto biliar;
 • Diminuição do fluxo sanguíneo hepático, bem como do
sistema retículo-endotelial, da síntese do colesterol e da
produção da bile.
Alterações no Sistema Nervoso Central

 Na função intelectual entre a faixa de 20 a 30 anos, nota-se


um pico de expansão. Até os 80 anos identifica-se plateau
e após esse período esta função sofre declínio importante.
Do ponto de vista anatômico, observa-se redução das
circunvoluções e ampliação dos sulcos cerebrais e uma
redução importante da função dos neurotransmissores.
Essas alterações impactam diretamente na plasticidade
cerebral.
Confira outras alterações referentes ao
sistema nervoso central:
 Declínio no controle postural;
 Declínio da sensação tátil;
 Declínio da sensação vibratória;
 Sabor, cheiro, apetite e sede são afetados pelo envelhecimento;
 Diminuição da acuidade visual e da noção de profundidade;
 Diminuição da sensibilidade aos sons diferentes;
 Diminuição da propriocepção;
 Dificuldade de adaptação em ambientes diferentes, risco de delirium e
quedas.
Alterações no Sistema Imune

A imunossenescência implica no declínio da


competência imune que acompanha o
envelhecimento. Nesse sistema há o aumento da
suscetibilidade a infecções, de autoanticorpos e
imunoglobulina monoclonal e tumorigênese.
Alterações no Sistema Hematológico

 Efeitos negativos são vistos com o aumento da demanda


hematopoiética:

 Aumento pequeno de hemoglobina em resposta à queda


da Pressão atmosférica;

 Queda progressiva das reservas hematopoiéticas;


 Aumento da suscetibilidade à anemia no stress fisiológico.
Existe uma diminuição paradoxal de células da medula
em resposta a
infecção e a anemia:
 Níveis insuficientes de eritropoetina;
 Níveis insuficientes de fatores do crescimento;
 Diminuição da sensibilidade destes fatores mediado por
citocinas inflamatórias.
ANATOMIA DO PÉ
 O estado de saúde do pé do idosos abrange um aspecto
mais amplo do que nos demais pacientes, pois incluem
doenças crônicas, doenças recorrentes, ou até mesmo
doenças conjuntas. Dentre estas analise levam-se em
consideração: diabete do tipo II, atrite, hipertensão,
osteoporose e arteriosclerose. Os pés podem sofrer de
flebites, varizes, câimbras, hipotermia, ulcerações,
reumatismo também podem ser afetados pelos fungos nas
laminas, nas interdigitais e até mesmo nas plantas dos pés;
dando abertura para entrada de bactérias, podendo
adquirir ensipela e até outras doenças. (LEE GOLDMAN,
ANDREW I. SCHAFER, 2014)
PÉ ESTÁTICO
ESPECIFICAÇÕES
GERIÁTRICAS
Com o envelhecimento da população, a prevalência de
transtornos mentais aumenta, assim como a perda de
mobilidade, um fator de desconforto e uma diminuição na
expectativa de vida. A perda de equilíbrio representa a
principal limitação do bipedismo e alguns distúrbios estáticos
do pé, que causam que é irritante ou mesmo doloroso usar
sapatos, eles também têm muito O que ver sobre isso? Após
70 anos, a maioria dos distúrbios estáticos descompensam e
sua morbidade está associada a outras complicações.
geriatria de ordem metabólica (diabetes), vascular (arterite),
neurológica, reumatológica .
Pé Valgo

 O valgo, que associa dois movimentos, pronação e


abdução, em dois planos de espaço, frontal e transversal,
respectivamente, encontra-se acima de tudo no pé chato e,
às vezes, no pé cavo. Fisiológico no adulto, seu sotaque
representa um distúrbio estático especialmente frequente
na parte posterior do homem idoso, frequentemente
associado a um hálux valgo que favorece a inclinação do
calcanhar.
 No pé valgo encontramos duas etiologias principais: a valgo
progressiva, constitucional e violenta, geralmente degenerativa. Todo
valgo é acentuado com a idade sob os efeitos de diferentes fatores
mecânicos de desgaste, como desidratação, calçados de salto alto,
atividades profissionais em posição ortostática, especialmente com
pisoteamento, alguns distúrbios neurovasculares ou metabólicos
(hiperglicemia, hiperlipidemia ...) e iatrogenia (infiltração de
corticosteroides, certos medicamentos). Todos eles favorecem
retratações e perda de flexibilidade tendinomuscular.
Tratamento
 Depende da fisiopatologia. Medicamentos alérgicos ou anti-
inflamatórios geralmente são ineficazes e a infiltração de
corticosteroides é bastante nefasta, exceto em artropatia degenerativa
complicada com um valgo antigo; em troca, favorece a quebra em caso
de lesão tibial posterior.
 Órtese plantar com cunha subnavicular, que atua como uma parada
que limita a pronação, é eficaz e suficiente no caso de um valgo
ligeiramente acentuado e relativamente redutível no comando.
Pé Varo

Supinação de adução da parte de trás do pé é uma desordem


simétrica estática do valgo, mas muito mais rara em idosos.
Duas razões essenciais explicam essa raridade: o varismo e
sua baixa tolerância clínica, devido à ineficácia do sistema de
suspensão do pé, beneficia de uma correção cirúrgica
normalmente perante os idosos
Frequentemente associado ao pé cavo, o varo permanece flexível e
redutível. Nas Outras etiologias (neuropatia, artrite reumatóide, sequelas
traumáticas, etc.), o varo pouco redutível favorece as tarsalgias laterais.
Em um centro de longo prazo de um serviço gerontológico,
aproximadamente 6% encontram-se varismo eqüino permanente de
origem principalmente neurológica.
O equinismo acontece às retrações capsuloligamentares ou cutâneas
(feixe esclerosante de insuficiência venosa), à permanência prolongada
no leito, às sequelas de algodão pós-traumático, hemiplegia, patologias
reumáticas, poliomielite ...
 Os raros pés masculinos sempre
descompensam a pessoa idosa capaz de
andar. Causam lesões por sobrecarga da
extremidade lateral do pé: frequentemente
dureza dolorosa sob a base e / ou cabeça
do quinto metatarsal, dedos sobre garra. As
repercussões subjacentes não são
excepcionais: gonalgia lateral, coxalgia,
lombalgia.
O tratamento
O tratamento cirúrgico da haste do
calcanhar, principalmente com base na
osteotomia do calcâneo, raramente é
justificado em idosos.
Dedos em Garra
 Garra ou dedo camptodactilia, deformação no plano sagital, representa
o distúrbio estático mais frequente, com uma taxa de 60 a 80% de
acordo com estudos, em pessoas com mais de 70 anos.
 O diagnóstico é evidente, pois, no idoso, o dedo da garra é muito
deformado, pouco ou nada redutível e de todos os tipos clínicos ) garra
proximal ou dedo do pé do martelo (descarga retrocapital), dedo sobre
garra distal (calçado muito curto) e dedo em garra total (multifatorial).
 O tipo de Garra determina as áreas de abaulamento onde a
hiperceratose, muitas vezes volumosa e dolorosa, é formada em
pessoas idosas que não podem praticar a boa higiene diária dos pés:
corte de unhas, preenchimento de hiperceratose. A evolução tem
outras consequências clínicas:
 Ruptura da placa plantar devido a uma síndrome de instabilidade
dolorosa de uma articulação metatarsofalângica. A garra torna-se
funcional e o dedo luxates progressivamente no lado dorsal do pé
 Os dedos adjacentes se desviam, ocupando o vazio criado pelo dedo
deslocado. Esta clinodactilia diminui sua capacidade funcional,
causando metatarsalgias estáticas.
 Nos idosos, a negligência dessas condições, além
do risco de infecção, pode levar a uma redução
significativa na qualidade e quantidade da marcha
com consequências muitas vezes dramática
(queda, perda de autonomia ...).
É por isso que é essencial realizar um exame
dermatológico e ungueal completo.
AS PATOLOGIAS DERMATOLÓGICAS
DO PÉ GERIÁTRICO
Pé seco e hiperqueratótico
 Essas duas patologias, que agrupamos desde que geralmente
aparecem associadas, são os mais frequentes nos idosos, juntamente
com atrofia plantar e hiperqueratose mecânica.
 O pé seco, quase sistemático nos idosos, tem sua origem em uma
particularidade anatomofisiológica da pele glabra das palmeiras e
plantas: ausência total de glândulas sebáceas e abundância de
glândulas sudoríparas écrinas.
 Assim, a função desempenhada pelo sebo nas partes restantes do
corpo (lubrificação, flexibilidade, hidratação ...) no pé é realizada pelo
suor, que Contém um certo número de substâncias capazes de
preservar a hidratação de camada córnea da pele e manter sua
extensibilidade e elasticidade
 No entanto, a partir dos quarenta anos, as glândulas
sudoríparas apresentam aplasia progressiva que se
acentua com o passar do tempo, a transpiração torna-se
"confidencial" ao atingir setenta anos. Este fenômeno de
anidrose é acompanhado por suas manifestações clínicas
tradicionais: pele seca, áspera, às vezes quente e
dolorosa. A esta hipersecreção sudoral que explica o pé
seco são acrescentadas modificações na epiderme que
causam hiperqueratinização da camada córnea.
Hiperqueratose mecânica

 Estas manifestações patológicas não são exclusivas dos


idosos, uma vez que você pode ter uma hiperqueratose ou
um heloma em qualquer idade, mas o experiência mostra
que é nos nossos idosos onde os encontramos com maior
frequência Esta é a razão mais frequente para consulta em
podologia.
 Lembre-se do mecanismo de formação destas
hiperqueratose: a pele atacada por microtraumas repetidos
devido ao calçado reagirá ao nível do corpo mucoso de
Malpighi através da proliferação celular.
 as células morrerão prematuramente e se juntarão na
camada córnea, o que adquirirá uma espessura
exuberante. É o primeiro estágio, ainda chamado de "fase
de hiperqueratose".
 Na ausência de tratamento, a evolução passará pelos
seguintes 2 estágios.
 uma "fase de higroma" na qual uma bolsa de fricção serosa é formada
entre o queratoma constituído e a parte óssea supra ou subjacente;
 uma "fase da doença óssea", que é rara e geralmente se materializa
em uma periostite que resulta em inflamação e infecção do higroma.

 A etiologia é sempre a mesma, independentemente da


localização da lesão: uma causa determinante:
calçado;causas de múltipla predisposição: hálux valgo,
dedos em garra, parte anterior do pé reumatoide, pé cavo,
valgo ou calcâneo em varo ...; em resumo, distúrbio
estático de um dedo, pé, membro inferior ou distúrbio da
marcha.
 Estas queratoses mecânicas respondem a diferentes denominações
dependendo de sua aparência e especialmente de sua topografia:
 Um heloma é um endurecimento que é preferencialmente colocado na
face dorsal de um dedo, ao nível de uma união interfalangeana ou
entre dois dedos. É uma unha ceratótica nucleada que irrita as
terminações nervos da derme.
 Uma hiperqueratose normalmente responde à agressão de uma
cabeça metatarsal, isto é, na face plantar. Mais extensa e pior definida
do que um heloma, falta um núcleo, mas tem uma ou mais pontas da
córnea. Sua dor é comparável ao heloma.
 Assim, é conveniente lembrar que, na grande maioria dos casos, um
 A hiperqueratose mecânica é a assinatura da pele de um distúrbio
estático. Isto implica que o tratamento do paciente deve ser feito em
dois níveis: uma abrasão mecânica queratótica, por um lado, e a
adaptação de uma órtese que evita recaídas ou, pelo menos, melhorar
o quadro clínico, por outro.
Fragilidade infecciosa, fúngica e
cicatricial
 Este é o último ponto que marca o envelhecimento da pele: a
fragilidade da infecção e a dificuldade de cicatrização. Agora, a pele do
pé - cujo papel protetor é a principal função - está sujeita a agressões
permanentes do ambiente externo: agressões traumáticas, mas
também microbianas, e fúngicas.
 Antes de uma úlcera - até benigna - no pé do idoso, é detectado um
atraso na cicatrização devido à deficiência de colágeno, mas tudo para
os riscos de superinfecção principalmente relacionados com a
modificação do filme superficial da pele
 Este filme, chamado película protetora ou filme lipoácido, consiste em
um complexo magma de secreções (suor + sebo de pescoço e áreas
perimaleolares), de células queratinizadas e microorganismos cuja
origem não é totalmente conhecida.
 A composição dessa flora cutânea parece um "pequeno mundo
transbordante“ de bactérias, fungos e especialmente estafilococos que,
com a idade, "compartilham poder" com o estreptococo, enquanto a
cândida, anteriormente saprófito, torna-se patogênico.
A especificidade da flora cutânea do pé
geriátrico é encontrada em dois níveis
 a presença de bactérias gram - enquanto o resto do corpo é sobre
gram + ;
 a importância de Candida albicans, que explica o famoso "pé de
atleta", principalmente devido a dermatófitos no indivíduo jovem e que
são geralmente a causa mais provável de intrigo na pessoa idosa
 Assim, a modificação dessa flora cutânea superficial relacionada a diminuição
do filme lipoácido explicará as dificuldades de cicatrização e a frequência das
condições fúngicas (micose cutânea e onicomicose) nos idosos.
 O tratamento de um mycosis e especialmente de um onychomycosis,
deve começar-se sistematicamente com uma extração com o exame
laboobacteriological de laboratório para confirmar o diagnóstico, desde
que a duração do tratamento não deve deixar espaço para o erro.
 Um fungo raramente precisa de tratamento oral, mas haverá insistir na
duração da aplicação dos antifúngicos locais: mínimo de 3 semanas
para evitar recaídas.
 Uma onicomicose impõe tratamento sistêmico em caso de condição
matricial. Será acompanhado por um tratamento local com verniz
antifúngico associado a uma abrasão mensal do limbo. A duração do
tratamento dependerá da extensão das lesões, mas raramente será
inferior a um ano na pessoa mulher velha em que o crescimento das
unhas é muito lento
Causas que favorecem
envelhecimento do pé
 Causas internas: são aquelas decorrentes do envelhecimento
intrínseco, sem
 Esquecer que não somos todos iguais na velhice. Nós vamos
considerar:
 a herança que induz diferentes tipos de pele;
 modificações hormonais entre as quais a menopausa desempenha um
 papel de liderança e explica, em parte, a preponderância feminina de
 Infecções podais.
 As causas externas são numerosas, pois são todas aquelas que
contribuem para um envelhecimento prematuro do tecido conjuntivo.
 calçado em geral e mulheres em particular;
 doenças sistêmicas que afetam o sistema musculoesquelético;
 distúrbios estáticos do pé e membros inferiores;
 higiene, que será mais precária em pessoas idosas que tenham
dificuldades em alcançar os pés;
 o modo de vida em que a hiper-aplicação do indivíduo ativo levará a
uma patologia de sobrecarga comparada à pessoa sedentária.
AS PATOLOGIAS UNGUEIAS DO PÉ GERIATRICO

 Hematoma do hálux subungueal:


 Esta condição é comum, especialmente se for um pé egípcio com
proeminência do primeiro dedo do pé. A lesão é representada por uma
mancha escura
 Normalmente muito doloroso, o que afeta toda a placa ungueal e, às
vezes, faz com que a unha caia. É uma consequência do atrito
repetido de a parte frontal do sapato contra a extremidade distal do
primeiro ou segundo dedo, ou consecutiva a um golpe ou pressão
significativa no dedo.
 O melanoma de unha é o principal diagnóstico diferencial.
 Nos idosos a evolução é lenta, uma vez que a taxa de crescimento das
unhas estão diminuídas. Além disso, as unhas espessam (engrossam)
ao contrário das da mãos que afinam.
LESOES POR PRESSÃO NO PÉ GERIATRICO
 O envelhecimento da pele é acompanhado por mudanças notáveis ​na
qualidade do epitélio da pele e no tecido de suporte. Função de
proteção da pele
 É dificultado: é mais facilmente ferido. Além disso, com o avanço da
idade diminui a imunidade e os tecidos, que são feridos mais
rapidamente, são
 Eles defendem pior. Desnutrição e desidratação frequentemente
presentes
 Os idosos também afetam a resistência dos músculos e tegumentos.
Todas essas modificações inerentes ao envelhecimento,
especialmente expõem aos idosos para o desenvolvimento de úlceras
por pressão, isto é, escaras. De fato, a prevalência de escaras é muito
alta entre os pacientes geriátricos e os 70% das úlceras hospitalares
correspondem a pessoas com mais de 70 anos.
 A escara é uma consequência de uma necrose tecidual
desenvolvida durante compressão mais ou menos
prolongada de tecidos suaves entre uma proeminência
óssea e uma superfície externa. O pé, pela sua
constituição anatômica, é especialmente vulneráveis ​ao
desenvolvimento desses tipos de lesões.
 Finalmente, particularmente quando afeta a pele, a lesão
afeta a caminhada e o estado de dependência do idoso e,
consequentemente, ameaça a qualidade de vida e a
autonomia da pessoa.
Fatores predisponentes
feridas nos pés
 A pressão representa um papel determinante. A intensidade, duração e
superfície em que esta pressão é aplicada são tantos fatores que
influenciam a constituição e gravidade de uma escara.
 O pé, que tem múltiplas protuberâncias ósseas, coberto por uma
espessura mínima da derme, é especialmente exposta à formação de
úlceras de pressão que aparecem principalmente nos calcanhares
(decúbito dorsal); no maléolo, interno ou externo (decúbito lateral), e
também nas extremidades interna ou externa do pé, especialmente
sobre a cabeça do primeiro ou quinto metatarsos, ou mesmo na polpa
dos dedos, pelo simples peso dos cobertores.
Fatores intrínsecos relacionados à
pessoa
 Idade: o envelhecimento da pele é acompanhado por uma fragilidade da
membrana basal do epitélio da pele, um abrandamento na multiplicação
celular nesse mesmo epitélio, uma perda de colagénio ao nível do tecido
conjuntivo de suporte e uma perda de elasticidade do este tecido.
 Todas as situações que favorecem a redução do fluxo sanguíneo,
hipoperfusão vascular e "hipoxigenação" periférica.
 Todas as situações que geram uma diminuição na sensibilidade.
 Todas as situações que favorecem a imobilização ou diminuem a mobilidade
Classificação da úlcera de acordo com sua
profundidade e o Painel Consultivo Nacional de lesão
por Pressão
 Estágio I = eritema cutâneo que não amolece sob pressão, sem ruptura do forro da
pele.
 Estágio II = lesão cutânea, condição da epiderme e parte da derme. Isto é
desdidermização por abrasão ou flictena simples.
 Estágio III = lesão de pele que afeta todas as camadas da pele, mostrando uma
imagem de necrose localizada da pele e dos tecidos subcutâneos, com ou nenhum
descolamento periférico.
 Estádio IV = destruição profunda do tecido que pode afetar a fáscia, a tendões,
cápsulas articulares ao osso. Lesões com um caminho fistulosas ao osso ou com um
esvaziamento ao longo das bainhas do tendão são classificadas no estágio IV.
CASO CLINICO 1
DE ACORDO COM A FIGURA CLASSIFIQUE A LESÃO POR PRESSÃO E INDIQUE O
TRATAMENTO ADEQUADO.
CASO CLINICO 2
Bons Estudos

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