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GERIATRIA RESUMO PROVA 1

EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
IDOSO
-Brasil: ≥ 60 anos
-Mundo: ≥65 anos
Observa-se um aumento na expectativa de vida
-Acesso à saúde, atbs, vacinas
-Saneamento básico
-Êxodo rural  informação e programas sociais
Expectativa de vida
-Desigual entre gêneros e classes
-Mulheres: vivem de 7 a 10 anos a mais que os homens (menor exposição de
risco, maior tendência a cuidar melhor da saúde e fator protetor hormonal, p.ex.,
estrogênio protege contra doenças cardiovasculares.
-Grupos sociais distintos = expectativas distintas: nem todos tem o mesmo
direito de envelhecer. Alguns tem maior expectativa de vida que outros.

-Importante ressaltar que a expectativa de vida depende de diversos fatores,


sociais, ambientais, econômicos, eventuais etc. Por exemplo, durante a pandemia da
Covid, estima-se que entre 2020 e 2021 a expectativa de vida ao nascer caiu 4,4 anos.

TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
-Com o aumento da expectativa de vida, redução da taxa de natalidade, redução
da taxa de fecundidade (número de filhos por mulher), redução da taxa de mortalidade,
ocorreu a transição da pirâmide demográfica, mudando sua conformação populacional.
Transição epidemiológica: houve redução de mortes por doenças infecciosas e
um aumento de mortes relacionadas às doenças crônicas, como acometimento
cardiovascular e câncer, levando a um aumento na população idosa e redução na
população mais jovem, como visto nos gráficos acima.
 POPULAÇÃO ENVELHECIDA
-Índice de envelhecimento (IE)

-Se IE>100: população envelhecida


CAUSAS DE MORTE

DAC continua sendo a maior causa de morte, seguida de derrame, DPOC,


infecções do trato respiratório inferior e em 7º lugar vem o Alzheimer e outras
demências

TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO


1. Teorias estocásticas: proteínas alteradas, danos e reparos do DNA, catástrofe
do erro, desdiferenciação, dano oxidativo
-Uso e desgaste: mutação somática e dano no DNA
-O organismo acumula ao longo dos anos danos relacionados ao ambiente e
ao estilo de vida que vive, até o ponto em que não se dá mais para reparar os
danos.
-Contraponto: animais expostos a um modelo de vida ideal também
experimentam o envelhecimento, assim, essa teoria não é tão mais usada.
2. Teorias sistêmicas: teorias metabólicas, teorias genéticas e apoptose, teorias
neuroendócrinas e teorias imunológicas
-Genéticas: encurtamento dos telômeros dos cromossomos: importantes na
replicação celular. Quando perda, há importante declínio na velocidade de
reprodução celular
-Neuroendócrinas e imunológicas: idosos produzem menos células T e
anticorpos (imunossenesência natural, bem como o corpo não consegue
eliminar células alteradas]

LONGEVIDADE
-Somente 19% das pessoas idosas negam diagnóstico de doenças crônicas no
Brasil
-Norte e Nordeste: menos mamografias em mulheres idosas  nem todos tem
acesso ao envelhecimento saudável
Pessoas que envelhecem bem:
1-Elas possuem um propósito na vida: um propósito de vida (ikigai) auxilia na
manutenção da longevidade. As pessoas conseguem ter um propósito, missão e visão de
ajudar a si próprio e ao mundo, isso auxilia na qualidade de longevidade.
2- Cultivam os laços familiares
3- Reduzem o estresse interrompendo o ritmo normal da rotina
4- Comem sem atingir a saciedade;
5- Dieta balanceada
6- Consomem álcool moderadamente
7- Praticam exercício físico regularmente
8- Possuem um forte senso de comunidade e participam de círculos sociais
9- Possuem ou praticam algum tipo de religião
Obs: ETARISMO → preconceito existente com pessoas acima dos 65 anos

BIOLOGIA GERIÁTRICA
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Massa corporal no idoso
-Há ganho de gordura, há perda de massa muscular, redução do peso de alguns
órgãos.
-Metabolismo lentifica com o envelhecimento (pode-se observar em gráficos que
avaliam o consumo de mL de O2 por minuto, o qual reduz ao longo dos anos)
-Pode haver tendência a ganho de peso caso não haja alteração e melhora no
metabolismo

PELE E ANEXOS
-Idosos apresentam diminuição do número de glândulas sudoríparas, bem como
redução da sensibilidade por menor atuação do plexo de Meissner (tato fino)
-Percebe-se redução das terminações nervosas livres, da melanina dos pelos, da
densidade dos pelos
-A epiderme sofre com maior descamação da córnea e perda da organização do
estrato córneo.
-A derme perde colágeno, glicoaminoglicanos, elastina
-A gordura subcutânea regionalizada aumenta, enquanto a generalizada diminui
-A queda no número de corpúsculos de ruffini e pacini (mecanorreceptor/calor e
propriocepção respectivamente)

-Isso tudo causa o aparecimento de rugas, manchas senis, menor resistência de


atrito e pressão, menor termorregulação, pode levar a desidratação devido a perda de
glândulas sebáceas

SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
-Perdemos 1 cm a cada década após os 40 anos
-Alterações na angulação da coluna, nos espaços intervertebrais
-Quando a perda é muito acentuada, é necessário investigar outras causas
(osteoporose, cifose etc.)
-Pico de massa óssea: 30 anos. Após = perda

SISTEMA RESPIRATÓRIO
-Há menor expansibilidade torácica  arcos costais menos expansivos, estrutura
muscular mais rígida, menos flexível
-Redução da VEF1, redução da capacidade vital, redução da eficácia da tosse,
redução da capacidade de limpeza mucociliar, perda da reserva inspiratória e
imunossenescência (perda de CD4 e CD8 com queda nos macrófagos)

SISTEMA DIGESTÓRIO
Dentes
-Edentulismo (perda dos dentes) é muito comum, porém não é normal. Ela
ocorre principalmente por negligência aos cuidados com saúde bucal e de acesso aos
serviços odontológicos, resultando em cáries, gengivites, perda óssea etc.
Esôfago: principal alteração: há maior risco de engasgos por disfagia alta.
Idoso quando sente dor pode ser mais grave, devido a maior limiar. Geralmente já tem
úlcera
Estômago: as alterações têm baixa expressão clínica: pode ter uma elevação
do tempo de digestão
Pâncreas: reduz massa, faz fibrose e lipoatrofia, mas continua funcionando
relativamente bem e normal
Fígado: sofre muitas alterações. Perde quase 50% de sua massa da segunda
para a nona década. Reduz síntese de proteínas plasmáticas, como albumina, reduz
secreção de alfa glicoproteína e metabolismo do citocromo P450 (tomar cuidado com os
medicamentos, principalmente os pré-fármacos)
Intestino delgado: perda de superfície da mucosa: trânsito intestinal e absorção
mais lentos, mas sem relevância importante
Cólon: reduz neurônios do plexo mioentérico
Reto e ânus: alterações na musculatura esfincteriana  menor redução fecal
voluntária

SISTEMA CARDIOVASCULAR
-Rigidez arterial  aumenta PAS  Reduz PAD  Aumenta Pressão de pulso
 Aumento da Pós Carga  Aumento do VE
PERICÁRDIO: Espessamento fibroso e aumento de gordura subpericárdica
ENDOCÁRDIO MURAL: Espessamento fibroelástico, fragmentação, esclerose
e acelularidade da camada elástica, infiltração gordurosa, substituição de tecido
muscular por tec. Conjuntivo.
MIOCÁRDIO: acumulo de gordura, fibrose do interstício, atrofia fosca,
hipertrofia concêntrica, calcificação
VALVAS: calcificação e degeneração
CORONÁRIAS: perda de fibras elásticas nas paredes, aumento de colágeno e

lipídios, tortuosidades e dilatação


SISTEMA URINÁRIO
Rins
-Mais atingidos
-Começa a perder massa depois dos 40
-Chega com até 1/3 de perda dos glomérulos aos 70 anos
-Queda de 1% da TFG a cada ano de vida  há redução do comprimento dos
túbulos e volume
TFG: perda de 1% ao ano a partir dos 50 anos. Idosos >70 anos, TFG de 45-
59 é considerada normal
Bexiga: deposição de colágeno, perde elasticidade, hiperatividade do detrusor
(aumento da frequência urinária), esclerose dos vasos com denervação
Próstata: hipertrofia

ÓRGÃOS DO SENTIDO
Visão
-Opacidade do cristalino
-Menor capacidade de acomodação da lente, velocidade de abertura e
fechamento da pupila reduzida  menor acuidade visual na mudança de luz (claro e
escuro)
-Presbiopia
-Menor noção de profundidade
-Maior fotossensibilidade, dificuldade para julgar distâncias, presbiopia
Olfato
-Interfere no paladar
-Redução na secreção e fluidez do muco nasal
-Epitélio sensorial nasal é substituído parcialmente por mucosa respiratória com
redução de espessura e neurônios  hiposmia (redução de olfato), menor discriminação
de odores
Audição
-Presbiacusia  lesão de células sensoriais do órgão de Corti (perda de som de
alta frequência), nos neurônios aferentes (dificuldade de diferenciar palavras), na estria
vascular (com redução do volume do som no ouvido), na membrana basilar (perda de
>50 dB) ou sistema nervoso central (dificuldade para compreender)
Paladar:
-Associado a perda de olfato
-Perde sensibilidade, principalmente o salgado  idoso acaba pondo mito sal na
comida (tem que temperar mais, com outras especiarias, para não salgar demais a
comida)
Tato: Redução nas sensações de dor, vibração, frio, calor, pressão e toque.
Resultado: maior risco de queimaduras, ferimentos, hipotermia, quedas.

Necessidade de sono reduz para 6 horas/dia


Problemas de sono?
-Idoso refere que acorda muito cedo: mas ele foi dormir às 20h, então ele está
dormindo normal. Precisa ver se ele se sente muito cansado, se sente necessidade de
dormir durante o dia, ai que pensa se tem algum distúrbio do sono ou não

SENILIDADE X SENESÊNCIA
-Senilidade: patológico  doenças que leva o paciente perder suas capacidades
-Senescência: processo normal do envelhecimento, com suas regressões e
dificuldades que são comuns a todos

Avaliação Geriátrica Ampla


AGA: processo diagnóstico multidimensional (avalia a pessoa como um todo)
frequentemente interdisciplinar, que serve para identificar deficiências ou habilidades
médicas, psicossociais e/ou funcionais, visando encontrar um plano de terapia e
acompanhamento, coordenado e integrado, a longo prazo, para que haja recuperação
e/ou manutenção da capacidade funcional do idoso
-Baseia-se em escalas e testes para quantificar o grau das incapacidades
-Embora seja capaz de identificar essas incapacidades e déficits, não deve ser
feita isoladamente, sendo sempre acompanhada do exame clínico tradicional para
diagnosticar o dano ou lesão responsável.
UTILIDADES DO AGA
 Complementa o exame clínico tradicional, aumentando a precisão
diagnostica
 Determina o grau e a extensão da incapacidade
 Identifica o risco de declínio funcional
 Permite uma avaliação de riscos e possibilidades no estado nutricional
 Serve de guia para a escolha de medidas que visam restaurar e preservar
a saúde
 Identifica fatores que predispõem à iatrogenia e permite estabelecer
medidas para sua prevenção;
 Estabelece parâmetros para o acompanhamento do paciente
 Orienta as mudanças e adaptações necessárias na vida do pacienta para
preservar sua independência
 Estabelece critérios para a indicação de internação hospitalar ou em
instituição de longa permanência

BENEFÍCIOS A NÍVEL POPULACIONAL


-Instrumento utilizado em estudos clínicos para a avaliação da capacidade
funcional e da qualidade de vida
-Identificar populações de risco
-Deve ser utilizado para o planejamento de políticas públicas para o
envelhecimento
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
1. EQUILÍBRIO E MOBILIDADE
a. Índice de Tinneti
-Classifica aspectos da marcha (velocidade, distancia do passo, simetria,
equilíbrio, como fica quando de olho fechado.
-Pontuação: 0 a 1 ou de 0 a 2
-Quando dá <19 pontos: paciente com alto risco de queda
b. Timed Get Up and Go
-Teste no qual o paciente leva de uma cadeira, caminha em linha reta por
3m (no ritmo que desejar, mas seguro), dá meia volta, caminha de volta e
senta-se novamente. Quanto menor o tempo, melhor o desempenho
-Até 10s: normal. Baixo risco de queda
-Entre 11 e 20s: normal para idosos frágeis ou débeis, mas no geral
independentes. Baixo risco de quedas
-Entre 21 e 29s: precisa fazer uma avaliação funcional obrigatória.
Indicado para abordagem específica para a prevenção de queda.
Moderado risco de queda.
-Maior ou igual à 30s: avaliação funcional obrigatória. Indicado
abordagem específica para a prevenção de queda. Alto risco para quedas.
2. SUPORTE FAMILIAR E SOCIAL
-APGAR familiar e de amigos. Avalia a satisfação do idoso com a família e
com os amigos. Vê a vida mais social do idoso
-Pontos: 0-3: severamente disfuncional
4-6: moderadamente funcional
7-10: altamente funcional
3. ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA (ABVD)
-Índice de Katz: avaliar o grau de dependência do idoso. Ver se precisa de
ajudo ou não para as atividades diárias básicas (se consegue tomar banho, se
vestir, cuidar da higiene, se movimentar, se controla urina e fezes, se se
alimenta sozinho
-Classificação: dependente (02 pts.), dependência parcial (4 pts.) ou
independência (6 pts.)
4. ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD)
-Escala de Lawton: semelhante a de KATZ. Vê se consegue fazer
telefonemas, compras, preparar a comida, arrumar a casa, lavar própria
roupa, cuidar das finanças. Essas coisas.
-Pfeffer: medidas de independência funcional
5. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
-Avaliar as medidas antropométricas (IMC idoso: Baixo peso = <23. Peso
saudável = Entre 23 e 28. Sobrepeso = entre 28-29. Obeso = 30 para cima)
-Mini Avaliação Nutricional (MAN): testes de triagem e avaliação global.
 24 - 30 - normal;
 17 - 23,4 - alto risco de desnutrição
 >17 - desnutrição
6. CONDIÇÕES AMBIENTAIS
-Check-list para ver segurança em casa e nos espaços coletivos
7. AVALIAÇÃO SENSORIAL
-Teste do sussurro
-Cartão de Jaeger

8. AVALIAÇÃO COGNITIVA
-Mini Exame do Estado Mental (MEEM- Mini Mental)
-Lembrar de sempre avaliar segundo a escolaridade, para evitar vieses. Pacientes
com alto grau de escolaridade podem apresentar um teste normal, mesmo com demência
enquanto pacientes com baixa escolaridade podem apresentar um texto alterado mas
sem a demência.
-FLUÊNCIA VERBAL E TESTE DO RELÓGIO
9. TRIAGEM DE DEPRESSÃO
-Escala GDS: Yesavage de depressão geriátrica: 5 pontos ou + há indício ou
suspeita de depressão

O AGA leva até 90 minutos para ser realizado, dessa maneira, um teste mais
específico foi desenvolvido:
10. TaGA: 10-minute TARGETED GERIATRIC ASSESSMENT
-Questionário que em 10 minutos avalia os pontos mais importantes do AGA
-Avalia condições médicas
AGA é a forma mais adequada de se avaliar o idoso e planejar as
intervenções visando recuperação e manutenção da vida geral.

VES-13: Pesquisa para identificar facilmente o idoso vulnerável. Triagem.


-Somatório varia de 0 a 10 em cada item
-Pontuação >/ 3  risco 4,2x aumentado de declínio funcional ou morte em 2
anos, comparando com pontuação </ 2, sem contar sexo e comorbidades.
ICVF-20: Avalia os principais determinantes de saúde – Identificar o idoso frágil
para fazer AGA e elaborar planos de cuidado. Serve como método de estratificação do
idoso frágil.
>/ 15 – Alto Risco de vulnerabilidade  AGA por especialista
7-17  AGA não especialista
> 0 a 6  UBS

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