Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Envelhecimento Cardiovascular
Envelhecimento Cardiovascular
Envelhecimento Cardiovascular
GT 2
ENVELHECIMENTO CARDIOVASCULAR
Introdução
As DCV são responsáveis por mais de 30% de todas as mortes no mundo. Homens e mulheres sadios apresentam,
aos 40 anos, uma probabilidade de acometimento por DCV de 50%, hipertensão arterial de 85%, e insuficiência
cardíaca de 20%. Aos 70 anos o risco de acometimento da DCV em indivíduos sadios é virtualmente o mesmo que
aos 40 anos. Como a população idosa vem se tornando progressivamente predominante e a expectativa de vida
aumentando em muitos países em desenvolvimento, as implicações clínicas e econômicas desta mudança
demográfica tornam-se extremamente relevantes.
Teorias
Teorias fisiológicas
Ligadas à teoria do cruzamento, mostrando a importância das alterações da matriz proteica extracelular relacionadas
com o tempo, principalmente do colágeno e da substância fundamental; essas alterações são a base para explicação
do aumento da rigidez pericárdica, valvular e talvez miocárdica e dos tecidos vasculares associado à idade.
Teorias orgânicas
Teoria imunológica: as características de duração da sobrevivência da espécie em termos de disfunção
imunológica programada.
Teoria neuroendócrina: em combinação com a teoria ligada ao cruzamento, forneceria explicações para
muitas alterações cardíacas próprias do envelhecimento.
Alterações Morfológicas
Pericárdio
As alterações são discretas, em geral decorrentes do desgaste progressivo, sob a forma de espessamento difuso,
particularmente nas cavidades esquerdas do coração, sendo comum o aumento da taxa de gordura epicárdica, não
havendo alterações degenerativas ligadas diretamente à idade.
Endocárdio
As alterações encontradas são o espessamento e a opacidade, em especial no coração esquerdo, com proliferação
das fibras colágenas e elásticas, fragmentação e desorganização destas com perda da disposição uniforme habitual,
devido à hiperplasia irritativa resultante da longa turbulência sanguínea. Após os 60 anos, há focos de infiltração
lipídica particularmente no átrio esquerdo. Na oitava década, as alterações escleróticas são observadas de modo
difuso em todas as câmaras, sendo que em qualquer idade o átrio esquerdo é o mais profundamente afetado.
Miocárdio
As mudanças na matriz extracelular do miocárdio são comparáveis àquelas na vasculatura, com colágeno
aumentado, diâmetro fibroso aumentado e cruzamento de ligações de colágeno, com aumento na proporção de
colágeno dos tipos I e III, diminuição de elastina e fibronectina aumentada, podendo ocorrer aumento na produção
de matriz extracelular. A proliferação de fibroblastos é induzida por fatores de crescimento, em particular
angiotensinas, fator alfa de necrose tumoral e fator de crescimento derivado de plaquetas; estas mudanças são
acompanhadas de perda celular e alterações nas funções celulares. No miocárdio há acúmulo de gordura
principalmente nos átrios e no septo interventricular, mas pode também ocupar as paredes dos ventrículos.
Observa-se também moderada degeneração muscular com substituição das células miocárdicas por tecido fibroso,
sem correlação com lesões de artérias coronárias. Depósitos intracelulares de lipofuscina, chamada de pigmento
senil, têm sido admitidos como real manifestação biológica do envelhecimento, sendo encontrados na velhice
precoce e descritos como um estado chamado de atrofia fosca ou parda, caracterizado por atrofia miocárdica
associada a grande acúmulo de lipofuscina, comum em idosos que apresentam doenças consumptivas. O aumento
da resistência vascular periférica pode ocasionar moderada hipertrofia miocárdica concêntrica, principalmente de
câmara ventricular esquerda. Com o passar da idade, podemos encontrar depósitos de substância amiloide que, com
frequência, constitui a chamada amiloidose senil, e sua prevalência aumenta de forma rápida após os 70 anos,
podendo atingir 50 a 80% dos indivíduos. A presença de depósitos amiloides está relacionada frequentemente à
maior incidência de insuficiência cardíaca, independentemente de outra causa. As consequências da amiloidose senil
são variáveis, dependendo da intensidade e eventualmente da localização do processo. O depósito amiloide pode
Bloco Idoso | Isabela Santana
ocupar áreas do nódulo sinoatrial e/ou do nódulo de Tawara, podendo acarretar complicações de natureza
funcional, como arritmias atriais, disfunção atrial e até bloqueio atrioventricular.
Alterações da aorta
A modificação principal que ocorre, sem considerar a arteriosclerose, seria a alteração na textura do tecido elástico e
o aumento do colágeno.
Alterações estruturais da aorta senil: Aumento do calibre, do volume e da extensão; maior espessura e rigidez da
parede; alterações da túnica elástica: desorganização e perda de fibras e hiperplasia subendotelial (redução e
modificações químicas da elastina).
Os processos ocorrem na camada média, sob a forma de atrofia, de descontinuidade e de desorganização das fibras
elásticas, aumento de fibras colágenas e eventual deposição de cálcio. A formação de fibras colágenas não
distensíveis predomina sobre as responsáveis pela elasticidade intrínseca que caracteriza a aorta jovem, resultando,
portanto, em redução da elasticidade, maior rigidez da parede e aumento do calibre. Outra alteração estrutural
metabólica importante é a amiloidose senil da aorta que se desenvolve independentemente da arteriosclerose, e
ainda poderemos ter a calcificação da parede aórtica com graus diversos de intensidade e incidência.
Alterações das artérias coronárias: As alterações das artérias coronárias não são, em geral, expressivas
quando não é considerada a arteriosclerose vascular, podendo ser encontradas, como condição habitual de
envelhecimento, perdas de tecido elástico e aumento do colágeno acumulando-se em trechos proximais das
artérias. Eventualmente, ocorre depósito de lipídios com espessamento da túnica média. É comum a
presença de vasos epicárdicos tortuosos, ocorrendo mesmo quando não há diminuição dos ventrículos. No
coração, a coronária esquerda altera-se antes da direita. Calcificação aterosclerótica ocorre principalmente
na íntima. No entanto, a calcificação na média que anteriormente era considerada um processo benigno
associa-se frequentemente com idade avançada, diabetes e doença renal crônica levando à rigidez arterial,
aumentando assim o risco de eventos cardiovasculares.
Função Cardiovascular
O débito cardíaco pode diminuir em repouso, principalmente durante o esforço, tendo influência importante do
envelhecimento por meio de vários determinantes listados a seguir:
Diminuição da resposta de elevação da frequência cardíaca ao esforço ou outro estímulo
Diminuição da complacência do ventrículo esquerdo mesmo na ausência de hipertrofia miocárdica, com
retardo no relaxamento do ventrículo, com elevação da pressão diastólica desta cavidade, levando à
disfunção diastólica do idoso, muito comum, e que se deve principalmente à dependência da contração
atrial para manter o enchimento ventricular e o débito cardíaco
Diminuição da complacência arterial, com aumento da resistência periférica e consequente aumento da
pressão sistólica, com aumento da pós-carga dificultando a ejeção ventricular devido às alterações
estruturais na vasculatura
Diminuição da resposta cronotrópica e inotrópica às catecolaminas, mesmo com a função contrátil do
ventrículo esquerdo preservada
Diminuição do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) pela redução da massa ventricular encontrada no
envelhecimento
Diminuição da resposta vascular ao reflexo barorreceptor, com maior suscetibilidade do idoso à hipotensão
Diminuição da atividade da renina plasmática, sendo que nos hipertensos poderemos encontrar níveis de
aldosterona plasmática normais, com diminuição da resposta ao peptídio natriurético atrial, embora a sua
concentração plasmática esteja aumentada
No idoso teremos maior prevalência de hipertensão sistólica isolada, mais frequente do que a sistodiastólica
acima dos 70 anos, estando associada a maior risco de doenças cárdio e cerebrovasculares.
Bloco Idoso | Isabela Santana