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“Endurecimento das artérias” é um termo genérico para o espessamento da parede arterial e perda de sua
elasticidade. Há três padrões gerais, com diferentes consequências clínicas e patológicas.
- ARTERIOLOSCLEROSE – afeta pequenas artérias e arteríolas e pode causar lesão isquêmica distal.
Variantes anatômicas: hialina e hiperplásica
- Arteriolosclerose Hialina – mostram espessamento hialino homogêneo e róseo com estreitamento da luz
associado. Essas alterações refletem o extravasamento de proteínas plasmáticas através das células
endoteliais lesadas e o aumento da síntese de matriz pelas células musculares lisas em resposta ao estresse
hemodinâmico crônico da hipertensão. Ela é mais generalizada e mais intensa nos pacientes com
hipertensão. As mesmas lesões também são uma característica comum da microangiopatia diabética, neste
caso, a etiologia de base é a disfunção de células endoteliais induzida pela hiperglicemia. Na nefrosclerose
causada por hipertensão crônica, o estreitamento vascular pela arteriosclerose hialina causa
comprometimento difuso da irrigação renal e cicatrizes glomerulares.
- Arteriolosclerose hiperplásica – ocorre na hipertensão grave, os vasos exibem o espessamento laminar e
concêntrico (lesões em casca de cebola) das paredes e estreitamento da luz. As laminações consistem em
células musculares lisas com membranas basais espessadas e reduplicadas, na hipertensão maligna, elas
sãoa companhadas por depósitos fibrinoides e necrose e da parede dos vasos (arteriolite necrosante),
particularmente no rim.
- ESCLEROSE MÉDIA DE MONCKEBERG – é caracterizada pela calcificação das paredes das artérias
musculares, que envolvem tipicamente a membrana elástica interna. Indivíduos com mais de 50 anos são
mais comumente afetados. As calcificações não invadem a luz do vaso e geralmente não são clinicamente
significativas.
ATEROSCLEROSE
É a base da patogenia das doenças vasculares periféricas, cerebral e coronariana, causando mais
morbidade e mortalidade (aproximadamente metade dos óbitos) no mundo ocidental que qualquer outra
doença.
A probabilidade de desenvolver aterosclerose é determinada pela combinação de fatores de riscos
adquiridos (ex: níveis de colesterol, tabagismo, hipertensão) e hereditários (ex: mutações dos genes
receptores do LDL).
Agindo em conjunto, eles causam lesões da íntima chamadas ateromas (também chamadas de placas
ateromatosas ou ateroscleróticas) que fazem protusão na luz dos vasos. Uma placa ateromatosa consiste
em uma lesão elevada com centro mole e grumoso de lipídios (principalmente colesterol e ésteres do
colesterol), coberta por uma capa fibrosa. Além da obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, as placas
aterosclerótcas podem se romper, levando à catastrófica trombose vascular obstrutiva. As placas
ateroscleróticas também podem aumentar a distância de difusão da luz para a média, levando a lesões
isquêmicas e ao enfraquecimento das paredes dos vasos, alterações que podem resultar na formação de
aneurismas.
Fig. Estrutura básica de uma placa aterosclerótica. Perceba que a aterosclerose é um processo basicamente da íntima
Anormalidade genéticas
Histórico familiar
Idade avançada
Gênero masculino
Modificáveis
Hiperlipidemia
Hipertensão.
As estatinas são uma classe de fármacos que diminuem a circulação dos níveis de colesterol inibindo a
coenzima hidroximetilgluratil redutase A (HMG CoA), a enzima limitadora na biossíntese do colesterol
hepático.
PCR – é um reagente de fase aguda sintetizado primariamente pelo fígado. Sua expressão foi aumentada
por vários mediadores inflamatórios, em particular a IL6. Ela aumenta a resposta imune inata ligando-se a
bactérias e ativando a cascata de complemento clássica. A PCR plasmática é um marcador de risco forte e
independente para infartos do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, doença arterial periférica e morte
súbita cardíaca, mesmo entre indivíduos aparentemente saudáveis. A PCR também é um marcador útil para
avaliar os efeitos das medidas de redução de risco, como abandono do tabagismo, perda de peso, exercício
e estatinas, cada um destes reduza os níveis da PCR.
Hipótese de resposta à lesão - este modelo vê a aterosclerose como uma resposta crônica inflamatória e
reparativa da parede arterial à lesão endotelial. A progressão da lesão ocorre pela interação entre
lipoproteínas modificadas, macrófagos derivados de monócitos e linfócitos T, com células endoteliais e
células musculares lisas da parede arterial. De acordo com este esquema, a aterosclerose progride da
seguinte maneira:
Figura 11-10 Evolução das alterações das paredes arteriais na hipótese da resposta à injúria. 1. normal, 2. lesão endotelial com
adesão de monócitos e plaquetas, 3. migração de células musculares lisas e monócitos na íntima, com ativação macrofágica. 4.
captação e lipídios modificados por macrófagos e células musculares lisas com posterior ativação e recrutamento de células T. 5,
proliferação das células musculares lisas da íntima com produção de matriz extracelular, formando uma placa bem desenvolvida.
- LESÃO E DISFUNÇÃO ENDOTELIAIS, causando (entre outras coisas) aumento da permeabilidade
vascular, adesão de leucócitos e trombose.
- ACÚMULO DE LIPOPROTEÍNAS (principalmente LDL e suas formas oxidadas) na parede do vaso.
- ADESÃO DE MONÓCITOS AO ENDOTÉLIO - seguida por migração para a íntima e transformação em
macrófagos e células espumosas
- ADESÃO PLAQUETÁRIA
- FATORES LIBERADOS por plaquetas, macrófagos e células da parede vascular ativados, induzindo
recrutamento de células musculares lisas, seja da média ou de precursores circulantes.
- ACÚMULO DE LIPÍDIOS extracelulares e dentro das células (macrófagos e células musculares lisas).
LESÃO ENDOTELIAL
A lesão de células endoteliais é o pilar da hipótese da resposta à lesão. A perda endotelial por qualquer tipo
de lesão induzida experimentalmente por desnudamento mecânico, forças hemodinâmicas, deposição de
imunocomplexos, irradiação ou substâncias químicas - resulta em espessamento da íntima. No entanto, as
lesões humanas iniciais são encontradas em locais de endotélio morfologicamente intacto. Desse modo, a
disfunção endotelial sem denudação é a base da maior parte dos casos de aterosclerose humana, nessa
situação, células endoteliais intactas, porém disfuncionais, mostram aumento da permeabilidade
endotelial, aumento da adesão de leucócitos e expressão genética alterada.
Não são inteiramente compreendidos as vias e os fatores específicos que contribuem para a disfunção de
células endoteliais no início da aterosclerose: os principais envolvidos são as toxinas do cigarro,
hemocistéina e até agentes infecciosos de acordo com alguns. As citocinas inflamatórias (ex: fator de
necrose tumoral TNF) também podem estimular a expressão de genes endoteliais pró-aterogênicos. No
entanto, as duas causas mais importantes de disfunção endotelial são os desequilíbrios hemodinâmicos e a
hipercolesterolemia.
INFLAMAÇÃO
A inflamação crônica contribui com o início e progressão das lesões ateroscleróticas. Acredita-se que a
inflamação seja desencadeada pelo acúmulo de cristais de colesterol e ácidos graxos livres em macrófagos
e outras células. Essas células percebem a presença de materiais anormais através de receptores citosólicos
imunológicos inatos, que são componentes do inflamassomo. A ativação do inflamassomo resultante leva à
produção da citocina pró-inflamatória IL1, que serve para recrutar leucócitos, incluindo monócitos.
Linfócitos T também são ativados, mas não se sabe o que as células T reconhecem em com essas
substâncias são identificadas como “invasores” estranhos. O resultado final da ativação dos macrófagos e
das células T é a produção local de espécies reativas de oxigênio que aumentam a oxidação da LDL e
elaboram fatores de crescimento que estimulam a proliferação de células musculares lisas. As células T
ativadas nas lesões da íntima em crescimento elaboram citocinas inflamatórias, por exemplo, o interferon-
y, que pode, por sua vez, estimular os macrofágos, bem como as células endotelais e as células musculares
lisas. Esses leucócitos e as células da parede vascular liberam fatores de crescimento que promovem a
proliferação de células musculares lisas e a síntese de proteínas da matriz extracelular. Portante, muitas
lesões da aterosclerose são atribuídas a reações inflamatórias crônicas nas paredes dos vasos.
A proliferação de células musculares lisas na intima e a deposição de matriz extracelular convertem a estria
gordurosa em ateroma maduro e contribuem para o crescimento progressivo das lesões ateroscleróticas.
As células musculares lisas, incluindo o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), liberado por
plaquetas aderentes ao local, bem como macrófagos, células endoteliais e células musculares lisas), fator
de crescimento do fibroblasto e fator transformante do crescimento alfa. Esses fatores também estimulam
as células musculares lisas a sintetizarem a matriz extracelular (principalmente colágeno), que estabiliza as
placas ateroscleróticas. Em contraste, as células inflamatórias ativadas em ateromas podem aumentar a
degradação de componentes de matriz extracelular, resultando em placas instáveis.
A figura abaixo destaca o conceito de aterosclerose como resposta inflamatória crônica e finalmente uma
tentativa de reparo vascular, produzida por várias agressões, incluindo lesão de células endoteliais,
acúmulo e oxidação de lipídios e inflamação. Os ateromas são lesões clinicas que consistem em células
endotelais disfuncionais, células musculares lisas proliferadas, além de linfócitos e macrófagos misturados.
todos os quatro tipos de células são capazes deliberar mediadores que podem influenciar a aterogênese.
Dessa forma, em estágios iniciais as placas na íntima são constituídas por pequenos agregados de células
musculares lisas, macrófagos e células espumosas, a morte dessas células libera lipídios e restos necróticos.
Com a progressão, o ateroma é modificado pela matriz extracelular sintetizada pelas células musculares
lisas, o tecido conjuntivo é particularmente proeminente na íntima, formando uma capa fibrosa, embora as
lesões possam, caracteristicamente, possuir um núcleo de células espumosas e resíduos gordurosos que
podem se calcificar. A placa na íntima pode invadir progressivamente a luz vascular, ou pode comprimir a
camada média subjacente, levando à sua degeneração, por sua vez, isso pode expor fatores trombogênicos,
como o fator tecidual, resultando na formação de trombos e oclusão vascular aguda.
Fig. Sequência de interações celulares na aterosclerose. HIperlipidemia, hiperglicemia, hipertensão e outras influências causam a
disfunção endotelial. Isto resulta na adesão plaquetária e recrutamento de monócitos circulatórios e células T, com subsequente
liberação de citocinas e fatores de crescimento pelas células infalmataŕioas, acarretando a migração e proliferação das células
musculares lisas, aém da suseuqente ativação de marcrofagos. As células espumosas nas placas ateromatosas derivam de células
musculares lisas e macrofagos que acumularam lipídios modificados (ex: lipporpoteínas de baixa densidade agregadas e oxidadas (LDL)
através dos receptores depuradores scavengers e dos receptores de proteínas relacionada à LDL. Lipídios extracelulares ao derivados da
insudação pela luz vascular, em particular na presença da hipercolesterolemia, e pela degeneração das células espumosas. O acúmulo de
colesterol nas placas reflete o desequilíbrio entre o influxo e efluxo, a lipoproteína de alta densidade (HDL) também ajuda a retirar o
colesterol desses acúmulos. Em resposta às citocinas e quimiocinas elaboradas, as células musculares lisas migram para a íntima,
proliferam e produzem matriz extracelular, incluindo colágeno e proteoglicadas. IL-1, interleucina 1, MCP -1, proteína quimioatrativa de
monócitos - 1.
MORFOLOGIA
ESTRIAS GORDUROSAS - são compostas por macrófagos espumosos cheios de lipídios. Começam com
múltiplos diminutos pontos planos amarelados e finalmente coalescem em estrias alongadas com 1 cm ou
mais de comprimento. Essas lesões não são elevadas o suficiente para causarem distúrbios significativos do
fluxo. Embora as estrias gordurosas possam evoluir para placas, nem todas se tornarão lesões avançadas.
As aortas de crianças podem exibir estrias gordurosas, e essas lesões estão presentes em praticamente
todos os adolescentes mesmo aqueles sem fatores de risco conhecidos. A observação de que as estrias
gordurosas coronarianas começam a se formar na adolescência, nos mesmos locais anatômicos que, mais
tarde, tendem a desenvolver placas, sugere a evolução temporal dessas lesões.
Fig. estria gorudorsa, uma coleçao de macroagos espumosos na íntima. A, aorta com esttrias gorudrosas (setas), amplamente associadas com o
óstio da ramificação dos vasos. B, estrias gordurosas com hipercolesterolemia, demonstrando,
PLACA ATEROSCLERÓTICA
Fig. Aterosclerose na aorta. A, aterosclerose leve composta de placas fibrosas, uma das quais está apontada pela seta B, doença
grave, com lesões difusas e complicadas, incluindo uma placa ulcerada (seta aberta) e um lesão com trombo sobrejacente (seta
fechada).
Em ordem descendente, os vasos mais amplamente envolvidos são a aorta abdominal inferior, as artérias
coronárias, as artérias poplíteas, as artérias carótidas internas e os vasos do círculo de Willis. No homem, a
aorta abdominal tipicamente é acometida num grau maior do que a aorta torácica, os vasos das
extremidades superiores geralmente são poupados, assim como as artérias mesentéricas e renais, exceto
em seus óstios. Embora a maioria dos indivíduos tenda a ter um grau consistente de comprometimento
aterosclerótico em um leito vascular afetado, a gravidade da doença numa distribuição arterial nem
sempre prediz a severidade em outro território.
As placas ateroscleróticas têm três componentes principais:
1. células musculares lisas, macrófagos e células T
2. matriz extracelular, incluindo colágeno fibras elásticas e proteoglicanas
3. lipídios intra e extracelulares
Fig. ruptura da placa aterosclerítoca. A, ruptura da placa sem trombo superpostos, em paciente com morte súbita. B, trombose
coronariana aguda superposta a uma placa aterosclerotica com ruptura focal da capa fibrosa, levando a um infarto do miocárdio
fatal. Tanto em A quanto em B, a seta aponta o local da ruptura da placa.
As grandes artérias elásticas e as artérias musculares de grande e médio calibres são os principais alvos da
aterosclerose. A doença aterosclerótica sintomática envolve mais frequentemente as artérias que irrigam o
coração, o cérebro, os rins e as extremidades inferiores. O infarto do miocárdio, o infarto cerebral, os
aneurismas da aorta e a doença vascular periférica são as principais consequências da aterosclerose.
ALTERAÇÃO AGUDA DA PLACA - a erosão ou ruptura da placa é seguida prontamente por trombose
vascular parcial ou completa, resultando em infarto agudo do tecido. As alterações das placas estão dentro
dessas três categorias gerais:
- ruptura/fissura - expondo constituintes da placa altamente trombogênicos
- erosão/ulceração - expondo ao sangue a membrana basal subendotelial trombogênica
- hemorragia no ateroma, expandindo seu volume.
Já é sabido que as placas que são responsáveis pelo infarto do miocárdio e outras síndromes coronárias
agudas geralmente são assintomáticas antes da alteração aguda. Desse modo, estudos clínicos e
patológicos mostram que a maioria das placas que passam por ruptura abrupta e oclusão coronariana
apresentou anteriormente apenas uma estenose leve a moderada da luz não importante. As conclusões
preocupantes são que um grande número de adultos assintomáticos pode estar correndo risco de um
evento coronariano catastrófico. Infelizmente, é impossível identificar tais indivíduos atualmente.
As placas se rompem quando elas não podem suportar o estresse mecânico gerado pelas forças de
cisalhamento vascular. Os eventos que desencadeiam as mudanças abruptas nas placas e na trombose
subsequente são complexos e incluem fatores intrínsecos (ex: estrutura e composição de placas) e
elementos extrínsecos (ex: pressão arterial reatividade plaquetária, espasmos vasculares).
PLACAS VULNERÁVEIS - placas que têm mais probabilidade de ruptura, sua composição e dinâmica e pode
contribuir para o risco de ruptura, elas podem conter grandes áreas de células espumosas, de lipídios
extracelulares, e aquelas nas quais as cápsulas fibrosas são finas ou contêm poucas células musculares lisas,
ou tem agrupamentos de células inflamatórias, têm mais probabilidade de ruptura.
A capa fibrosa passa por remodelamento contínuo que pode estabilizar a placa, ou de modo inverso, deixá-
la mais suscetível a rupturas.
COLÁGENO - principal componente estrutural da capa fibrosa e é responsável por suas resistência e
estabilidade mecânicas. Desse modo, o equilíbrio de síntese versus degradação do colágeno afeta a
integridade da cápsula. O colágeno na placa ateroscler´tocia é produzido principalmente por células
musculares lisas, de modo que a perda dessas células resulta em um cápsula menos resistente. Além disso,
o ciclo do colágeno é controlado pelas metaloproteinases (MMPs), enzimas elaboradas, em sua maior
parte, por macrófagos e células musculares lisas no interior da placa ateromatosa, de modo inverso, os
inibidores teciduais de metaloproteinases (TIMPs), produzidos por células endoteliais, células musculares
lisas e macrófagos, modulam a atividade das MMPs. em geral a inflamação da placa resulta em um nítido
aumento da degradação do colágeno e na redução e sua síntese, assim desestabilizando a integridade
mecânica da capa fibrosa. A inflamação induzida pelo depósito de colesterol pode contribuir com a
desestabilização das placas. Ao contrário, as estatinas podem ter um efeito terapêutico benéfico não
apenas por reduzirem os níveis circulantes de colesterol, mas também por estabilizarem as placas através
de uma redução da sua inflamação.
Fig. Placa aterosclerótica vulnerável e estável. As placas vulneráveis têm cápsulas fibrosas finas, amplos núcleos de lipídios e
inflamação. As placas estáveis têm cápsulas fibrosas finas, amplos núcleos de lipídios e maior inflamação. As placas estáveis têm
cápsulas fibrosas de colágeno mais densas e espessas com inflamação mínima e núcleo ateromatoso subjacente.
INFLAMAÇÕES EXTRÍNSECAS ÀS PLACAS - também contribuem para as alterações agudas. Desse modo, a
estimulação adrenérgica pode aumentar a pressão arterial sistêmica ou induzir vasoconstrição local,
aumentando assim as tensões físicas em uma placa. na verdade, a estimulação adrenérgica associada ao
ato de despertar e levantar pode causar aumentos na pressão arterial (seguidos de aumento da reatividade
plaquetária) que estão casualmente atribuídos à periodicidade circadiana pronunciada para o surgimento
de infartos agudos do miocárdio (picos entre 6 h e meio-dia). Estresse emocional intenso pode contribuir
para a ruptura da placa.
Nem todas as rupturas de placas resultam em tromboses oclusivas com consequências catastróficas. na
verdade, a ruptura de placas, a agregação plaquetária superficial e a trombose que se seguem
provavelmente são complicações comuns,k repetitivas e muitas vezes clinicamente silenciosas do ateroma.
O reparo das rupturas subclínicas das placas - e a reabsorção dos trombos sobrejacentes - é um importante
mecanismo de crescimento das lesões ateroscleróticas.
TROMBOSE - a trombose parcial ou total sobreposta à ruptura de uma placa é um fator central nas
síndromes coronarianas agudas. Nas formas mais sérias, a trombose pode desencadear a oclusão total dos
vasos afetados. Diferentemente, em outras síndromes coronarianas, a obstrução da luz pelo trombose
incompleta, podendo aumentar e diminuir com o passar do tempo.
O trombo mural numa artéria coronária também pode embolizar. Na verdade, pequenos fragmentos
embólicos do trombo podem ser encontrados geralmente na circulação intramiocárdica distal ou
associados com micro infartos em pacientes com aterosclerose que morreram repentinamente. Por último,
a trombina e outros fatores associados à trombose são ativadores potentes das células musculares lisas e,
portanto, podem contribuir para o crescimento de lesões ateroscleróticas.
VASOCONSTRIÇÃO - compromete o tamanho da luz, e por aumentar as forças mecânicas locais, pode
potencializar a ruptura da placa. A vasoconstrição em sítios de ateroma pode ser estimulada por:
1. agonistas adrenérgicos circulantes
2. conteúdo plaquetário localmente liberado
3. disfunção da célula endotelial com comprometimento da secreção de fatores relaxantes derivados
do endotélio (óxido nítrico) relativos aos fatores de contração (endotelina).
4. mediadores liberados das células inflamatórias perivasculares.
Doença arterial periférica - as doenças que afetam as artérias das extremidades são as mesma que afetam
as artérias coronárias e cerebrais, em que produzem isquemia, dor, dificuldades de funcionamento e, em
alguns casos, infarto e necrose do tecido.
OCLUSÃO ARTERIAL AGUDA - é um evento súbito que interrompe o fluxo arterial para os tecidos ou órgãos
afetados. A maioria das oclusões arteriais agudas resulta de um êmbolo ou trombo. Embora muito menos
comum do que êmbolos e trombos, um traumatismo ou espasmo arterial provocado por punção arterial
pode representar outras causas de oclusão arterial aguda.
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE
Embolia diz respeito a uma partícula que se move livremente com um coágulo sanguíneo que se solta e
viaja através dos grandes vasos da circulação até se alojar em um vaso menor e obstruir o fluxo sanguíneo.
A maioria dos êmbolos surge no coração e é causada por condições que provocam a formação de coágulos
sanguíneos que se desenvolvem na parede de uma câmara do coração ou na superfície de uma valva. Os
êmbolos geralmente são uma complicação de uma doença cardíaca: doença cardíaca isquêmica com ou
sem infarto, fibrilação atrial ou doença cardíaca reumática. Próteses valvares cardíacas podem ser outra
fonte de êmbolos. Outros tipos de êmbolos são só êmbolos gordurosos que se originam na medula óssea
de ossos fraturados, êmbolos de ar do pulmão e embolia de líquido amniótico que se desenvolvem durante
o parto. A embolia arterial aguda está associada a um risco de 4 a 25% de perda do membro afetado e um
aumento de 25 1 30% na taxa de mortalidade. A doença cardíaca é responsável por mais da metade dos
casos de óbito.
Um trombo é um coágulo que se forma na parede de um vaso e continua a aumentar até alcançar um
tamanho que obstrui o fluxo sanguíneo. Os trombos muitas vezes surgem como resultado da erosão ou
ruptura da cápsula fibrosa de uma placa aterosclerótica.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Os sinais e sintomas de oclusão arterial aguda dependem da artéria envolvida e da adequação da circulação
colateral. Os êmbolos tendem a se alojar nas bifurcações das grandes artérias, incluindo a aorta e as
artérias ilíaca, femoral e poplítea. A apresentação de embolia arterial aguda frequentemente é descrita
como a dos sete P:
- Pistol shot (tiro de pistola) - manifestação aguda
- Pallor (palidez)
- Pulselessness (inexistência de pulso)
- Pain (dor)
- Paresthesia (parestesia)
- paralysis (paralisia)
A oclusão em uma das extremidades provoca a manifestação de dor aguda súbita com dormência,
formigamento, fraqueza, palidez e frio. Frequentemente, pode ser observada uma linha de demarcação
nítida entre o tecido oxigenado acima da linha de obstrução e o tecido isquêmico e abaixo da linha de
obstrução. Não há pulsos abaixo do nível da oclusão. Essas alterações são rapidamente acompanhadas por
cianose, manchas e perda sensorial, dos reflexos e da função motora. Ocorre morte do tecido, a não ser
que o fluxo sanguíneo seja restaurado.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico da oclusão arterial aguda é baseado nos sinais de comprometimento do fluxo sanguíneo.
Devem ser utilizados avaliação visual, palpação dos pulsos e métodos para verificação do fluxo sanguíneo.
O tratamento da oclusão arterial aguda visa restabelecer o fluxo sanguíneo. Uma embolectomia, que é a
remoção cirúrgica do êmbolo, é a terapia ideal quando ocorre a obstrução de uma grande artéria.
A terapia trombolítica (i.e. estreptoquinase ou ativador de plasminogênio tecidual), pode ser empregada na
tentativa de dissolver o coágulo. Geralmente é administrada a terapia anticoagulante (heparina) para evitar
a extensão do êmbolo e para impedir a progressão do trombo original. A aplicação de frio deve ser evitada
e a extremidade deve ser protegida contra lesões que possam resultar de superfícies duras e da
sobreposição de cobertas.
DOENÇA ARTEROSCLERÓTICA OCLUSIVA
A aterosclerose é uma causa importante de doença arterial periférica (DAP) e é mais comumente
observada nos vasos dos mmii. A condição é muitas vezes chamada de arteriosclerose obliterante. As
artérias femoral superficial e poplítea são os vasos mais comumente afetados. Quando as lesões se
desenvolvem na perna e no pé, as artérias tibial, fibular comum ou os vasos dos pés são os mais
comumente afetados. A doença costuma ser mais observada em homens e mulheres à medida que
envelhecem. Cerca de 20% das pessoas com 70 anos ou mais têm DAP.
ETIOLOGIA
Os fatores de risco para esta doença são semelhantes aos da aterosclerose. O tabagismo contribui para a
progressão da aterosclerose das extremidades inferiores e para o desenvolvimento de sintomas de
isquemia. Pessoas com DM desenvolvem uma doença vascular mais extensa e de progressão mais rápida
do que indivíduos sem diabetes.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Tal como acontece com a aterosclerose em outros sítios, os sinais e sintomas de oclusão do vaso são
graduais. Geralmente, existe pelo menos um estreitamento de 50% do vasos antes que apareçam os
sintomas de isquemia. O principal sintoma da doença arterial obstrutiva crônica é a claudicação
intermitente ou dor ao caminhar. Tipicamente, as pessoas com o transtorno se queixam de dor nas
panturrilhas, porque o músculo gastrocnêmio tem o maior consumo de oxigênio que qualquer outro grupo
muscular da perna durante a caminhada. Algumas pessoas podem se queixar da sensação de uma dor vaga
ou dormência, em vez de dor. O desempenho de outras atividades, como natação, ciclismo e subir escadas,
depende de outros grupos musculares que podem não incitar o mesmo grau de desconforto que o
caminhar.
Outros sinais de isquemia incluem alterações atróficas e afinamento da pele e dos tecidos subcutâneos na
parte inferior da perna e diminuição do tamanho dos músculos da perna. O pé muitas vezes se apresenta
frio, e os pulsos poplíteo e podálico são fracos ou inexistentes. A cor do membro empalidece com a
elevação da perna devido aos efeitos da gravidade sobre a pressão de perfusão e se torna vermelho0escura
quando a perna se encontra em posição pendente, devido ao aumento do fluxo sanguíneo autorregulador
e elevação gravitacional da pressão de perfusão.
Quando o fluxo sanguíneo é reduzido a ponto de já não mais atender às necessidades mínimas de músculos
e nervos em repouso, desenvolvem-se dor isquêmica em repouso, ulceração e gangrena. À medida que se
desenvolve a elevação do membro e melhora com o indivíduo em pé.
DIAGNÓSTICO
Os métodos de diagnóstico incluem a inspeção dos membros para verificar se há sinais de isquemia crônica
de baixo grau, como atrofia subcutânea, unhas quebradiças, queda de pelos, palidez, frieza ou rubor
pendente. A palpação dos pulsos das artérias femoral, poplítea, tibial posterior e dorsal do pé possibilita
uma estimativa do nível e do grau de obstrução. A proporção entre a pressão sistólica do tornozelo e do
braço (i.e., as artérias tibial e braquial) é empregada para detectar uma obstrução significativa, sendo que
um valor inferior a 0,9 indica oclusão. Normalmente, a pressão sistólica no tornozelo excede a da artéria
braquial, porque a pressão sistólica e a pressão diferencial tendem a aumentar à medida que a onda de
pressão se move para longe do coração. Um estetoscópio de ultrassom Doppler pode ser usado para
detectar pulsos e medir a pressão arterial. Também podem se empregados como métodos de diagnóstico a
ultrassonografia, arteriografia por ressonância magnética, arteriografia por tomografia computadorizada
espiral e angiografia invasiva com contraste.
TRATAMENTO
Pessoas com DAP devem ser avaliadas para a coexistência de aterosclerose coronariana e cerebrovascular.
O risco de morte, principalmente por eventos coronarianos e cerebrovasculares, é maior do que entre os
que não têm DAP. Também é importante abordar outros fatores de risco cardiovascular, como tabagismo,
hipertensão, níveis elevados de lipídios e diabetes. Deve ser incentivada a interrupção do hábito de fumar,
e as condições patológicas coexistentes devem ser tratadas de maneira adequada.
Agentes antiplaquetários (aas ou clopidogrel) reduzem a taxa de mortalidade por acidente vascular em
pessoas com DAP em aproximadamente 25%. Outros medicamentos úteis no tratamento incluem estatinas,
cilostazol (um inibidor da fosfodiesteras) e pentoxifilina (um antagonista do receptor de adenosina
difosfato (ADP) que diminui viscosidade do sangue e melhora a flexibilidade das hemácias). Os tecidos das
extremidades afetadas pela aterosclerose são facilmente feridos e demoram a cicatrizar. O tratamento
inclui medidas que visam à proteção dos tecidos afetados e à preservação da capacidade funcional.
Caminhar (lentamente) até o ponto de claudicação geralmente é uma medida incentivada, porque aumenta
a circulação colateral.
Uma intervenção percutânea ou cirúrgica tipicamente fica reservada para aqueles com claudicação
debilitante ou isquemia que ameaça a viabilidade do membro. Pode haver indicação de um procedimento
cirúrgico (i.e. bypass femoropoplíteo com utilização de enxerto de parte da veia safena) em casos graves.
Em pessoas com DM, as artérias fibulares na área entre os joelhos e os tornozelos comumente estão
envolvidas, dificultando a revascularização. Pode ser realizada uma tromboendarterectomia com a
remoção do núcleo oclusivo de tecido aterosclerótico, se a parte do vaso doente é curta. Outro método de
tratamento é a angioplastia tansluminal percutânea com colocação de stent, em que um cateter-balão é
inserido na área da estenose e o balão insuflado para aumentar o diâmetro do vaso.
É um distúrbio inflamatório arterial (i.e. vasculite), que provoca a formação de trombos. O distúrbio afeta
as artérias de médio calibre, geralmente os vasos plantares e digitais no pé e na perna. As artérias do braço
e da mão também podem ser afetadas. O distúrbio se caracteriza por inflamação segmentar, trombosante
aguda e crônica. Embora seja um transtorno primariamente arterial, o processo inflamatório
frequentemente se estende para veias e nervos adjacentes. Geralmente, a doença é observada em pessoas
com menos de 35 anos de idade que são tabagistas pesados.
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE
Parece haver envolvimento do consumo de cigarros e, em alguns casos, do tabaco de mascar. Aponta-se
que a nicotina tem efeito direto sobre a toxicidade das células endoteliais e pode desencadear resposta
imune. Influências genéticas também são sugeridas, uma vez que é mais prevalente em determinados
grupos étnicos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A dor é um sintoma predominante da doença. Em geral, está relacionada com a isquemia arterial distal.
Durante as fases iniciais da doença, manifesta-se com claudicação intermitente no arco do pé e nos dedos.
Em casos mais graves, há dor mesmo quando a pessoa está em repouso. O comprometimento da circulação
aumenta a sensibilidade ao frio. Os pulsos periféricos estão reduzidos ou não existem, e ocorrem alterações
na coloração da extremidade afetada. Em casos moderadamente avançados, a extremidade afetada se
apresenta cianótica quando a pessoa assume uma posição pendente e os dedos podem se mostrar de um
vermelho azulado, mesmo quando em uma posição não pendente. Com a falta de fluxo sanguíneo, a pele
assume uma aparência brilhante e fina, com comprometimento do crescimento de pelos e da nutrição
cutânea. A isquemia crônica provoca o crescimento de unhas espessas e mal formadas. Se a doença
continua a progredir, os tecidos acabam sofrendo ulceração e surgem alterações gangrenosas que podem
exigir a amputação do membro.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Os métodos diagnostico são semelhantes aqueles utilizados para a doença aterosclerótica dos membros
inferiores. Parar de fumar. Outras medidas de tratamento são de importância secundária e se concentram
em métodos para produzir vasodilatação e evitar lesões nos tecidos. Pode ser realizada uma simpatectomia
para aliviar as manifestações vasospásticas da doença.
É um distúrbio funcional causado por intenso vasoespasmo das artérias e arteríolas nos dedos das mãos e,
menos frequentemente, nos dedos dos pés. Este é um transtorno comum que afeta entre 3 e 5% da
população e acomete mais mulheres do que homens. A doença é dividida em dois tipos:
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico inicial se baseia no histórica de crises de vasoespasmo com o suporte de outros elementos de
comprovação do distúrbio. Para incitar a apresentação de uma crise pode ser feita a imersão da mão em
água fria, o que pode auxiliar no estabelecimento do diagnóstico. A velocimetria por Laser Doppler pode
ser utilizada para quantificar o fluxo sanguíneo nos dedos durante as alterações de temperatura. Casos de
doença de Raynaud podem ser diferenciados de casos de fenômeno de Raynaud pela exclusão de
distúrbios secundários conhecidos por causar vasoespasmo.
As medidas terapêuticas são direcionadas para eliminação de fatores que causam o vasoespasmo e
proteção dos dedos contra traumatismo durante um episódio isquêmico. A abstinência ao fumo e a
proteção contra o fumo são prioridades. Evitar o estresse emocional que precipitam um espasmo vascular.
Deve ser evitado medicamentos vasoconstritores como agentes descongestionantes. O tratamento com
agentes vasodilatadores pode ser indicado, principalmente se os episódios são frequentes, porque a
repetição dos episódios reforça o potencial para o desenvolvimento de trombose e gangrena.
Medicamentos bloqueadores de canais de cálcio (ex: nifedipino, diltiazem) diminuem a gravidade e a
frequência das crises. A prazosina, um bloqueador de receptor alfa-adrenérgico, também pode ser
utilizada. A interrupção cirúrgica das vias nervosas simpáticas (simpatectomia) pode ser realizada nos casos
em que o paciente apresenta sintomas graves.