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P R O F .

J U A N D E M O L I N A R I

I N S U F I C I Ê N C I A CA R D Í ACA
PA R T E 2 : T R ATA M E N TO
CARDIOLOGIA Prof. Juan Demolinari | Insuficiência Cardíaca parte 2: Tratamento 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. JUAN
DEMOLINARI
Oi, Estrategista, tudo bem? Preparado para este
resumo de um dos temas mais importantes de cardiologia?
A insuficiência cardíaca corresponde a 13% das questões de
cardiologia, sendo que o subtema mais cobrado em provas é
justamente o tratamento dessa doença! Então, fique ligado!
Estamos diante de um resumo quente para as provas! Para mais
detalhes sobre esse tema, consulte nosso livro digital extensivo.

Estratégia MED @profjuandemolinari

@estrategiamed t.me/estrategiamed

@estrategiamed /estrategiamed

Estratégia
MED
CARDIOLOGIA Insuficiência Cardíaca parte 2: Tratamento Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 4
2.0 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 5
3.0 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA IC DE FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA (ICFER) 6
4.0 DISPOSITIVOS CARDÍACOS IMPLANTÁVEIS NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA 10
4 .1 . TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA (TRC) 11

4 .2 . CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL (CDI) 12

5.0. ALGORITMO DE TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE


EJEÇÃO REDUZIDA 14
6.0 TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO
PRESERVADA 15
7.0 TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO
INTERMEDIÁRIA (ICFEI) 15
8.0 DROGAS CONTRAINDICADAS NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 16
9.0 LISTA DE QUESTÕES 17
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 18

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CARDIOLOGIA Insuficiência Cardíaca parte 2: Tratamento Estratégia
MED

CAPÍTULO

1.0 INTRODUÇÃO
Antes de abordarmos diretamente o tratamento, vamos Tal síndrome pode ser causada por anormalidade na função
esclarecer alguns pontos. sistólica, produzindo redução do débito cardíaco (IC de fração de
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa ejeção reduzida) ou por alterações na função diastólica, levando
causada por alterações estruturais e/ou funcionais cardíacas e a dificuldade no enchimento ventricular (IC de fração de ejeção
caracteriza-se por sinais e sintomas característicos, que resultam preservada). Podem, ainda, as duas alterações coexistirem no
da redução do débito cardíaco e/ou da elevação das pressões de mesmo paciente.
enchimento cardíacas.

CAIXA DE DESTAQUE

A melhor forma de classificar a IC do ponto de vista do planejamento terapêutico é através da fração de


ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). Por meio dessa classificação, a IC pode ser dividida em 3 grupos:

ICFER ICFEI ICFEP


Fração de ejeção do VE < 40% 40-49% > 50%

ICFER: insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida; ICFEI: insuficiência cardíaca de fração de ejeção limítrofe ou intermediária;
ICFEP: insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada.

Existem diferenças quanto ao tratamento desses diferentes grupos. Portanto, vamos dividir nosso estudo da abordagem farmacológica
da IC de acordo com a classificação pela fração de ejeção, abordando de forma independente o tratamento em cada um dos grupos
mencionados.

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CAPÍTULO

2.0 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO


Esse não é um dos temas mais “queridinhos” das provas. Portanto, para que você não perca tempo, resumimos os principais componentes
do tratamento não-farmacológico da IC, com maior grau de recomendação, na tabela abaixo:

Medidas não farmacológicas recomendadas na IC

Medida Recomendação Classe de indicação

Visa melhorar a adesão, o


autocuidado e, dessa forma, reduzir
Programa multidisciplinar de cuidado IA
morbidade, hospitalizações e
mortalidade por IC.

Exercício aeróbico regular para


ICFER NYHA II a III para melhorar
Reabilitação na
qualidade de vida e capacidade IA
ICFER
funcional (aumenta o consumo pico
de oxigênio (VO2).

Imunização para influenza


anualmente e pneumococo a cada
Vacinação IB/IC
5 anos para prevenção de fatores
agravantes de IC.

Exercício aeróbico regular para


ICFEP NYHA II a III para melhorar
Reabilitação na ICFEP IIA
capacidade funcional e função
diastólica.

Suplementação alimentar com


Ácidos Graxos poli-insaturados n3 ácidos graxos poli-insaturados n-3
IIA
(ômega 3) para redução de mortalidade e
internações.

Evitar ingesta de sal superior a


Restrição salina 7 gramas/dia (equivalente a 2,8 IIA
gramas de sódio).

Dentre os pontos mais comumente abordados sobre terapia não farmacológica, um dos mais polêmicos é a restrição hídrica. Você
observou que a tabela acima não contempla esse tema? O motivo é simples. Essa conduta, embora muito difundida na prática clínica,
não encontra evidências robustas de benefício na literatura. Sendo assim, a mais recente Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca não
recomenda a restrição hídrica como uma terapia para IC.

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CAPÍTULO

3.0 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA IC DE


FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA (ICFER)
Agora é hora de atenção total! Dê uma boa golada em um também, sendo capazes de reduzir a mortalidade nessa doença.
café forte e venha comigo estudar um dos temas mais quentes de Dentre elas, o complexo sacubitril/valsartana, um inibidor da
toda a cardiologia! neprilisina, pode ser usado em substituição aos IECA/BRA em
O tratamento farmacológico da ICFER é um assunto que está pacientes que continuem sintomáticos a despeito da terapia
em constante atualização, com diversas drogas novas aprovadas tripla. A dapagliflozina e a empagliflozina, inibidores da SGLT2,
nos últimos anos. Se você pudesse guardar apenas uma parte deste inicialmente lançadas como antidiabéticos orais, reduzem a
resumo, diria que a mais útil é: drogas que reduzem a mortalidade mortalidade tanto em diabéticos quanto em não diabéticos. Já
na ICFER. nos pacientes que estejam em uso de betabloqueadores em dose
O tripé clássico da terapia que modifica mortalidade máxima e persistam com FC ≥ 70 bpm, há benefício de mortalidade
na insuficiência cardíaca (IC) de fração de ejeção reduzida é com o uso de ivabradina (um inibidor do canal IF do nó sinusal).
composto por: IECA/BRA, betabloqueadores e antagonistas de A associação entre hidralazina e nitrato também é capaz de
mineralocorticoide (espironolactona). Dentre os betabloqueadores, reduzir a mortalidade em pacientes autodeclarados negros ou em
os que modificam a mortalidade comprovadamente são apenas: substituição aos IECA/BRA em pacientes que não tolerem essas
carvedilol, bisoprolol e succinato de metoprolol. medicações.
Recentemente, outras drogas foram aprovadas como,

Sacubitril -
Betabloqueadores valsartana

IECA ou BRA Dapagliflozina/


empagliflozina
Drogas que alteram
Paciente continua
mortalidade na
sintomático ?
ICFER
Hidralazina e
Antagonistas de
nitrato
mineralocorticoide

Ivabradina

Diuréticos apenas para controle de sintomas


Diuréticos para controle de sintomas apenas

Figura 1. Drogas que reduzem a mortalidade ne ICFER.

Para melhor controle de sintomas, sem alterar, no entanto, a mortalidade, você pode prescrever diuréticos na menor dose necessária
e digitálicos (principalmente se a fração de ejeção for ≤ 45%).

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Agora que já conhecemos as drogas, iremos detalhar alguns pontos importantes sobre cada uma dessas classes na tabela abaixo:
Reduzem a mortalidade Não reduzem a mortalidade, apenas os sintomas

Classe de Drogas Indicação Principais efeitos adversos

ICFER mesmo que assintomática para Hipercalemia, piora de função renal,


IECA
redução de mortalidade. angioedema, tosse e hipotensão.

Para os pacientes que não toleram Hipercalemia, piora de função renal e


BRA
IECA para redução de mortalidade. hipotensão.

BAVs, broncoespasmo, piora da


ICFER, mesmo que assintomática,
Betabloqueadores doença arterial periférica, hipotensão,
para redução de mortalidade.
bradicardia, disfunção erétil.

ICFER sintomática para redução de Ginecomastia, hipercalemia, piora de


Espironolactona
mortalidade. função renal e hipotensão.

ICFER sintomática, refratária à terapia Hipercalemia, piora de função renal,


Sacubitril-valsartana
tripla. angioedema, tosse e hipotensão.

ICFER sintomática, apesar do uso de


terapia tripla otimizada, sinusal e
Ivabradina com FC ≥ 70 bpm. ICFER com ritmo Bradicardia.
sinusal em pacientes que não tolerem
BB.

ICFER sintomática, apesar do uso de


Inibidores da SGLT2 (dapagliflozina/ Infecções geniturinárias, cetoacidose
terapia tripla em diabéticos ou não
empagliflozina) euglicêmica e hipovolemia.
diabéticos.

ICFER sintomática, apesar do uso de


terapia tripla, principalmente em Hipotensão, cefaleia (nitrato), lúpus
Nitrato + hidralazina
afrodescendentes. Em substituição ao medicamentoso (hidralazina).
IECA/BRA em pacientes intolerantes.

Intoxicação digitálica (sintomas


ICFER sintomática, apesar do uso de
gastrointestinais, prostração,
Digoxina terapia tripla otimizada. Pacientes
xantopsia -visão amarelada, BAV,
com ICFER e fibrilação atrial.
extrassístoles).

Desidratação, hipotensão,
Para controle de sintomas de
Furosemida hipocalemia, hipomagnesemia e
congestão.
ototoxicidade.

Para controle de sintomas de Hipotensão, hiperuricemia (crise de


Tiazídicos
congestão e hipertensão. gota) hiperglicemia e hiponatremia.

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Além dos conhecimentos apresentados até aqui, outros tópicos sobre algumas dessas drogas costumam aparecer em provas. Um deles
refere-se às contraindicações ao uso de IECA/BRA, como apresentado na tabela abaixo:

Contraindicações ao uso de IECA/BRA:

Potássio sérico > 5,5 mEq/L

Estenose de artéria renal bilateral ou estenose de artéria renal em rim único

História de angioedema documentado com uso prévio de IECA (contraindicação a IECA)

Hipotensão sintomática

Considerar não usar em pacientes com Cr > 3 mg/dL

Gestação

É importante observarmos que as contraindicações acima é usado para avaliar prognóstico e severidade da IC? Dessa forma,
são comuns a ambas as classes de medicações, porém os IECA caso o paciente esteja em uso de sacubitril-valsartan, perderemos
apresentam ainda contraindicação em casos de tosse limitante e esse parâmetro. Como forma de avaliar esses pacientes, deve-se
refratária e angioedema. Esses eventos adversos são relacionados utilizar os níveis séricos de NT-pró-BNP (pró-hormônio inativo do
ao aumento dos níveis séricos de bradicinina associado aos IECA, BNP) na avaliação do prognóstico e na monitorização da resposta
mas não aos BRA. A associação de IECA com BRA no tratamento da ao tratamento da ICFER, já que são menos afetados pelo uso da
ICFER não é recomendada. medicação.
Outro detalhe que já apareceu em provas é que nem todos Uma das drogas que não altera mortalidade, mas que merece
os betabloqueadores reduzem a mortalidade. Os que apresentam nossa atenção por ser alvo frequente nas provas, é o digitálico.
maior comprovação são o bisoprolol, o carvedilol e o succinato de Essa medicação pode ser usada para controle de sintomas e
metoprolol. Atenção a uma “pegadinha” em provas: o tartarato de hospitalizações dos pacientes com fração de ejeção reduzida e
metoprolol não modifica a mortalidade na IC. Lembre-se do S, só o para controle de frequência cardíaca na fibrilação atrial. O tópico
succinato de metoprolol modifica a mortalidade, o tartarato não. mais “quente” sobre essas medicações é a intoxicação digitálica.
A associação sacubitril-valsartana (INRA), Essa droga possui uma margem estreita para intoxicação, por isso
uma das terapias mais novas aprovadas para o devemos reconhecer os sinais e sintomas desse quadro.
tratamento da IC, também tem aparecido muito Os pacientes com intoxicações digitálicas apresentam
em provas. Um detalhe acerca do uso do INRA é alterações neurológicas, como confusão mental, prostração,
que essa associação provoca um aumento nos alterações de paladar e xantopsia (visão amarelada), alterações
níveis séricos de BNP, uma vez que o sacubitril cardíacas, como taquicardias e bradicardias, e comprometimento
inibe a degradação dessa molécula. Você se lembra de que o BNP gastrointestinal, como náuseas, vômitos e anorexia.

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Alterações
ECG.

Xantopsia -
visão
EV Intoxicação Prostração
amarelada digitálica

Náuseas
Ritmo e
vômitos
Sinusal

Figura 2. Intoxicação digitálica.

Alterações eletrocardiográficas da intoxicação digitálica

Extrassístoles ventriculares (mais frequente)

Prolongamento do intervalo PR

Aumento da amplitude da onda U

Bigeminismo ventricular

Bradicardias, ritmo juncional e bloqueio AV

Taquicardia atrial com condução AV variável (muito sugestivo)

TV/FV

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É possível fazer a dosagem do nível sérico de digitálicos, malignas. Sendo assim, é reservado para casos de instabilidade
porém apenas esse nível aumentado não fecha o diagnóstico de hemodinâmica e deve ser usada uma carga baixa. Para tratamento
intoxicação, é necessário que haja sintomas clínicos e alterações dessas arritmias, pode-se usar amiodarona, lidocaína e fenitoína.
eletrocardiográficas. Outro conceito importante em relação ao uso dos digitálicos
O tratamento dessa intoxicação, quando grave, será feito com é o de impregnação digitálica. Trata-se de uma alteração
um anticorpo específico (F-ab fragments) que é pouco disponível eletrocardiográfica característica associada ao uso prolongado do
no Brasil. Os pacientes devem receber suporte clínico com digital, sem significado patológico, sendo apenas um marcador
correção de distúrbios hidroeletrolíticos (nas intoxicações agudas, eletrocardiográfico do uso da medicação. Não tem, portanto,
o mais comum é a hipercalemia, nas crônicas, a hipocalemia – relação direta com a intoxicação digitálica.
principalmente porque, nas intoxicações crônicas, há associação A alteração eletrocardiográfica típica da impregnação
com o uso prolongado de diuréticos, que causam depleção de digitálica é o infradesnivelamento difuso do segmento ST e inversão
potássio). Infelizmente, os digitálicos não são retirados na diálise. de onda T (com aspecto em “colher de pedreiro” ou “bigode do
Outro ponto importante é que, nas taquiarritmias causadas Salvador Dalí”). Vamos ver abaixo um exemplo de ECG com sinais
pela intoxicação digitálica, devemos evitar fazer cardioversão de impregnação digitálica:
elétrica. Esse procedimento pode desencadear taquiarritmias

Fonte: Shutterstock

Figura 3. Infradesnivelamento do segmento ST em formato de "colher de Figura 4. Há também a descrição desse achado como sendo o sinal do bigode do
pedreiro". Salvador Dalí.

CAPÍTULO

4.0 DISPOSITIVOS CARDÍACOS IMPLANTÁVEIS NO


TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM
FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA
Agora vamos estudar uma parte interessantíssima sobre o tratamento da ICFER. Além dos avanços no tratamento medicamentoso, que
já mencionamos aqui, nos últimos anos, houve o desenvolvimento de alguns dispositivos cardíacos implantáveis que também mostraram
benefício na redução de eventos cardiovasculares maiores (inclusive morte) em grandes ensaios clínicos. Tais dispositivos são a terapia de
ressincronização cardíaca e o cardiodesfibrilador implantável.

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4 .1 . TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA (TRC)

Um dos mecanismos de perda de efetividade na contração estimulação artificial de ambos os ventrículos de forma programada.
cardíaca é a dissincronia ventricular. A insuficiência cardíaca está Isso se dá através da colocação de um marcapasso com eletrodos
associada à ocorrência de remodelamento miocárdico, o que de estimulação nos ventrículos direito e esquerdo (esse último
pode desencadear distúrbios da condução intraventricular que geralmente posicionado no seio coronariano). Com a recuperação
promovem uma contração assincrônica entre os ventrículos da contração ventricular sincrônica, espera-se uma melhora da
esquerdo e direito e entre as paredes do ventrículo esquerdo. função ventricular e, consequentemente, dos sintomas de IC. A essa
Baseado nesse conhecimento, foi desenvolvida uma técnica de estimulação se dá o nome de terapia de ressincronização
técnica capaz de recuperar o sincronismo ventricular, baseada na cardíaca (TRC).

Figura 5. Observe como na primeira imagem a contração ventricular esquerda é assincrônica. Já na segunda imagem, a colocação do ressincronizador restaura uma
contração efetiva.

Sobre esse tema, o que é mais cobrado em provas é a indicação da TRC, baseada nos pacientes que têm maior benefício de sua
utilização.

Dessa forma, a TRC está formalmente indicada para os pacientes portadores de ICFER
com FEVE ≤ 35%, que permanecem sintomáticos apesar do tratamento clínico otimizado,
apresentando ECG com ritmo sinusal, portadores de BRE completo e com duração do
complexo QRS ≥ 150ms. Esses pacientes foram os que mais se beneficiaram da TRC nos
ensaios clínicos.

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Refratarie
Refratarie
dade ao
tto clínico
tto clínico

FEVE ≤
EV
35% TRC BRE
BRE Largo
Largo

Ritmo
Ritmo Sinusal
Sinusal

Figura 6. Critérios de boa resposta à terapia de ressincronização cardíaca (TRC).

Se o BRE tiver duração entre 130-150 ms ou se a morfologia do QRS for de BRD com duração ≥ 160 ms, também pode ser indicada a
TRC, porém com menos evidência de benefício.
Outra indicação para TRC ocorre naqueles pacientes que necessitam de implante de marcapasso comum, mas que também sejam
portadores de ICFER.

4 .2 . CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL (CDI)

A morte súbita é responsável por 30 a 50% dos óbitos dos portadores de IC, sendo que cerca de 80% desses episódios são decorrentes
de arritmias ventriculares como taquicardia ventricular (TV) ou fibrilação ventricular (FV).

Baseado nesses dados, foi desenvolvido um tipo de marcapasso


com capacidade de reconhecer e, prontamente, tratar, através
de um choque elétrico (desfibrilação ou cardioversão), arritmias
ventriculares potencialmente graves, que poderiam causar morte
súbita nos pacientes com ICFER. Tal dispositivo é o cardiodesfibrilador
implantável (CDI). Essa terapia mostrou redução da mortalidade por
arritmia ventricular em vários subgrupos de pacientes com ICFER,
sendo superior às drogas antiarrítmicas.
A indicação do CDI pode ocorrer em dois contextos clínicos
distintos: para prevenção secundária (quando já houve algum evento
Figura 7. Radiografia de tórax de um cardiodesfibrilador implantável. Ao de morte súbita ou arritmia ventricular grave instável documentado)
identificar um ritmo chocável, o gerador do CDI envia uma onda de choque que e na prevenção primária de morte súbita (quando nunca houve um
percorre de um "coil" a outro, abortando uma possível morte súbita. Fonte:
Shutterstock. evento arrítmico prévio documentado).

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Nas provas, geralmente são cobrados os critérios para indicação do CDI na prevenção
primária. Nesse cenário, o implante de CDI ocorrerá na seguinte situação: pacientes
com ICFER sintomática, com FE ≤ 35%, em uso de terapia medicamentosa otimizada,
em classe funcional NYHA II e III e que tenham boa expectativa de vida em 1 ano. Se
o paciente for portador de cardiopatia isquêmica, deve-se avaliar a FEVE pelo menos
40 dias após o episódio de infarto agudo do miocárdio e 90 dias após a cirurgia de
revascularização miocárdica (recomenda-se aguardar esse período para avaliar a
possível recuperação da função ventricular).

Morte súbita
Refratarie
abortada
dade ao
em TV/FV
tto clínico

IC EV
+ TV
CDI Síncope por
BRE Largo
TV/FV

IC FEVE
Ritmo
≤35% e
Sinusal
síntomas

Figura 8. Resumo das indicações de implante de CDI (cardiodesfibrilador implantável). TV: taquicardia ventricular; FV: fibrilação ventricular; IC: insuficiência cardíaca;
FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo.

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CAPÍTULO

5.0. ALGORITMO DE TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA


CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA
Como já dissemos anteriormente, o tratamento da ICFER é um dos tópicos mais “queridinhos” das provas de Residência.
Sendo assim, deixamos aqui um algoritmo com as informações resumidas. Gaste um tempo neste resumo, porque ele garantirá
a você diversas questões sobre o tema!

Figura 9. Algoritmo de tratamento da ICFER.

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CAPÍTULO

6.0 TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM


FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA
A insuficiência cardíaca com fração de ICFEP. É obrigatório para o diagnóstico que a fração de ejeção do
ejeção preservada (ICFEP) é um subtipo de ventrículo esquerdo seja ≥ 50%.
IC que vem sendo objeto de muitos ensaios A apresentação clínica e os critérios diagnósticos da ICFEP
clínicos recentes. Isso acontece pois tem sido foram abordados no primeiro módulo de insuficiência cardíaca,
notado um aumento na incidência dessa que não é objeto deste resumo.
doença na população, estando associada a Diferentemente do que acontece na ICFER, na ICFEP a
maioria dos ensaios falhou em mostrar benefício de qualquer droga
certas comorbidades de alta prevalência, tais como hipertensão em redução de mortalidade, evidenciando, no máximo, benefício
arterial, obesidade, doença coronariana e fibrilação atrial. na melhora dos sintomas e redução das taxas de hospitalização.
Em comum, todas essas doenças provocam uma diminuição Acredita-se que essa dificuldade de replicar os resultados da ICFER
do relaxamento ventricular, o que ocasiona disfunção diastólica, esteja relacionada a uma maior heterogeneidade da população
com aumento progressivo das pressões de enchimento ventricular, portadora de ICFEP, o que implica em uma maior dificuldade de
alteração fisiopatológica fundamental no desenvolvimento da uniformizar o tratamento.

Na ICFEP não existem drogas capazes de reduzir mortalidade, apenas sintomas e hospitalizações.
Portanto, recomenda-se tratar as comorbidades.

CAPÍTULO

7.0 TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM


FRAÇÃO DE EJEÇÃO INTERMEDIÁRIA (ICFEI)
A insuficiência cardíaca com fração de ejeção intermediária existem ensaios clínicos randomizados desenhados especificamente
(ICFEI) ou levemente reduzida (ICFELR) é uma classificação nova, para esse modelo de paciente, sendo assim, as recomendações são
definida pela presença de sinais e sintomas típicos de IC associados baseadas nos resultados de estudos feitos em pacientes com ICFEP
à presença de alterações estruturais do VE e fração de ejeção (FEVE) e ICFER.
entre 40 e 49%. De forma geral, se o paciente tinha uma ICFER que melhorou
O tratamento da ICFEI deve ser focado no controle adequado para ICFEI, devemos manter as medicações que ele usou. Nos
das comorbidades associadas e no tratamento específico da demais pacientes, em geral, usa-se, pelo menos, betabloqueadores,
etiologia, sendo fundamental a pesquisa de doença coronariana, IECA ou BRA e espironolactona.
devido à alta prevalência dessa condição. Esse tema, especificamente, é pouco cobrado nas provas de
Em relação ao tratamento medicamentoso da ICFEI, não Residência.

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CAPÍTULO

8.0 DROGAS CONTRAINDICADAS NA INSUFICIÊNCIA


CARDÍACA
Para finalizarmos nosso estudo sobre o tratamento da IC, é cardiotóxicos (trastuzumabe, ciclofosfamida, antracíclicos etc.).
importante comentarmos sobre as medicações que devemos evitar Por último, alguns antiarrítmicos podem causar arritmias
nessa doença. Atenção! Esse tema é comum em provas! malignas (TV/FV) em pacientes com alterações estruturais cardíacas,
Em quadros de insuficiência cardíaca, três tipos principais como acontece na ICFER. São eles: o sotalol, a propafenona e a
tipos de drogas são contraindicados: as que causam retenção quinidina.
hidrossalina, as cardiodepressoras e as que aumentam a incidência Além desses três grandes grupos, o Cilostazol, que é um
de taquiarritmias malignas. inibidor da fosfodiesterase 3 que causa vasodilatação e tem ação
O primeiro grupo é representado, principalmente, pelos antiplaquetária, muito usado em insuficiências arteriais periféricas,
AINES (ibuprofeno, diclofenaco, cetoprofeno, etc.), pelos apesar de nunca ter sido estudado na insuficiência cardíaca, é
corticoides e pelas glitazonas (pioglitazona, rosiglitazona). uma droga contraindicada, já que pertence à mesma classe do
Já no segundo grupo, temos os BCC não diidropiridínicos Milrinone oral, que, quando testado, aumentou arritmias e morte
(verapamil e diltiazem), a propafenona, antidepressivos tricíclicos na insuficiência cardíaca.
(amitriptilina, imipramina, nortriptilina, etc.) e quimioterápicos

Drogas contraindicadas na IC

AINES Corticoides

Glitazonas BCC não diidropiridínicos

Propafenona Antidepressivos tricíclicos

Quimioterápicos cardiotóxicos Cilostazol

Sotalol Quinidina

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MED

CAPÍTULO

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. Marcondes-Braga et al. Atualização de Tópicos Emergentes da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca – 2021. Arq Bras Cardiol. 2020;
[online].ahead print, PP.0-0.
2. Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol.
2018; 111(3):436-539.
3. ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure. EHJ. 2016; 37 (27): 2129-2200
4. 2017 ACC/AHA/ HFSA Focused Update of the 2013 ACCF/AHA Guideline for the Management of Heart Failure. JACC. 2017 August; 70 (6):
776-803
5. 2013 ACCF / AHA Guideline for the Management of Heart Failure. JACC. 2013 October 15; 62 (16): 147-239
6. Jameson JL. Doenças do sistema cardiovascular; In: Kasper DL. Medicina Interna de Harrison – Parte 10 – Seção 4– Doenças do coração;
Capítulo 280 – Insuficiência Cardíaca: Manejo. 19ª Edição. Porto Alegre: AMGH Editora; 2017: 6281-6307.

CAPÍTULO

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


PARABÉNS, ESTRATEGISTA! Você acaba de concluir nosso resumo de um dos temas mais quentes da cardiologia! Caso tenha ficado com
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Prof. Juan Demolinari | Resumo Estratégico | 2023 18


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Prof. Juan Demolinari | Resumo Estratégico | 2023 19

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