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Escala de Severidade da Celulite Classificação

1-5 Leve

6-10 Moderado

11-15 Grave

TA B E L A 0 1 : Sistema de pontuação da Escala Fotonumérica de Severidade da Celulite.

Termografia Infravermelha

A termografia infravermelha pode ser caracterizada como uma ferramenta de


análise não radioativa e não invasiva que possibilita ao avaliador ponderar acerca
das funções fisiológicas relacionadas ao controle da temperatura corporal, via
sistema tegumentar. O equipamento detecta a luz infravermelha emitida pelo corpo
e visualiza mudanças de temperatura relacionadas, principalmente, à alteração no
fluxo sanguíneo. É importante referir que este método não mostra anormalidades
anatômicas, embora seja capaz de elucidar mudanças na estrutura fisiológica.

Nos últimos anos cresceram, abruptamente, as pesquisas que demonstram a


aplicação da termografia infravermelha dentro das mais diversas áreas da saúde,
como, por exemplo: reumatologia, ortopedia, uroginecologia, medicina esportiva,
estética, entre outras.

F I G U R A 4 0 : Registro fotográfico com câmera termográfica na área da Ortopedia.

222 Bases e Métodos de Avaliação Aplicados à Estética

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No campo de conhecimento da Estética, a termografia pode ser útil para avaliação
de diversas afecções, dentre essas destaca-se a celulite, que é considerada um transtorno
microcirculatório e endócrino-metabólico que causa alterações da matriz intersticial
e mudanças estruturais no tecido adiposo subcutâneo. Na sequência, dar-se-á ênfase
à utilização da termografia na avaliação da celulite e as demais aplicabilidades desta
tecnologia, bem como seus conceitos físicos, que podem ser consultados no final do
capítulo, em Avaliação Complementar.

Quando o assunto é avaliação de celulite por termografia, é fundamental começar


diferenciando dois distintos termógrafos que, muitas vezes, são confundidos na prática
clínica. Os recursos são totalmente diferentes: o primeiro é denominado termografia
de contato e tem sido usado para diagnóstico de celulite com o apelo comercial de
diferenciar os graus e indicar a fase de desenvolvimento patológico da afecção; neste
caso, os tapetes de cristal líquido especializados são aplicados no local de avaliação, e
uma vez que este material toca a superfície do tegumento, ele muda de cor, refletindo
uma possível mudança de temperatura. Contudo, vale ressaltar a carência de evidências
científicas acerca de tal metodologia. Já a termografia infravermelha não requer contato
direto com o paciente e permite a avaliação remota e não invasiva da celulite com
base na distribuição da temperatura da superfície, sendo essa uma técnica de avaliação
consolidada na área da saúde que traz evidências científicas que suportam seu uso em
clínicas e consultórios de Estética.

F I G U R A 4 1 : Registro fotográfico da termografia aplicada à avaliação de celulite.

CAPÍT ULO 04: Avaliação Estética Corporal 223

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Nos últimos anos, estudiosos da área têm investigado, discutido e sugerido
diferentes formas de utilizar a termografia infravermelha no diagnóstico dos
estágios da celulite. Bauer e Colaboradores (2018) demonstraram a eficácia de tal
equipamento para o diagnóstico automático dos estágios da celulite: foi realizado um
pré-processamento manual de imagens e a extração de recursos em uma estrutura de
classificação personalizada; outra pesquisa publicada no mesmo ano, porém na revista
Artificial Intelligence and Soft Computing, ampliou tal preposição com algoritmos avançados
de aprendizado. Os autores usaram um algoritmo de bolha crescente para extrair
características de interesse das imagens termográficas.

A verdade é que a maioria dos métodos usados ​​atualmente para a classificação da


celulite são subjetivos e dependem da avaliação de especialistas. O processamento
de imagens termográficas infravermelhas pode ser usado como forma alternativa de
avaliação e classificação da gravidade de celulite. Entretanto, atualmente os métodos
baseiam-se, em geral, na análise da faixa de temperatura e não na análise morfológica
das imagens termográficas da celulite.

O ponto é que a temperatura da pele está diretamente ligada ao suprimento vascular


cutâneo e subcutâneo, e por isso é possível notar uma mudança de temperatura no tecido
mediante avaliação de um quadro celulítico. As imagens térmicas mostram claramente que a
celulite aumenta a presença de calor e frio, mostrando “manchas” não homogêneas na câmera.

As áreas quentes podem ser relacionadas ao edema causado pelo vazamento de


fluido dos vasos sanguíneos danificados, enquanto áreas frias podem estar ligadas à
estase de sangue. Inclusive sugere-se que quanto maior o contraste entre essas áreas
(congestionamento e isquemia), mais pronunciada é a celulite.

A complexidade da avaliação passa pelo entendimento da evolução do quadro edematoso


da paniculopatia fibroesclerótica do tecido subcutâneo, pois além do edema causado pelo
vazamento de fluido dos vasos sanguíneos danificados, pode-se ter uma fase em que a
microcirculação inadequada será o pivô da diminuição do fluxo linfático e sanguíneo que, por

224 Bases e Métodos de Avaliação Aplicados à Estética

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sua vez, leva a uma maior pressão nos tecidos e a uma consequente redução circulatória. Essa
condição pode induzir à esclerose, a uma reposição alterada de fibras de colágeno ou ainda a
uma reação trófica imperfeita dos adipócitos a estímulos endócrinos e/ou neuroendócrinos,
associada a dano fibrótico.

F I G U R A 4 2 : Registro fotográfico com a termografia infravermelha de duas pacientes com diferentes


graus de celulite.

Por fim, duas situações devem ser mencionadas e são de suma importância
quando o assunto é avaliação de celulite com câmera termográfica. A primeira passa
pela compreensão de que se carece de investigações acerca de uma padronização de
temperatura que aponte a real fase de desenvolvimento fisiopatológico do quadro
celulítico. Recentemente, por exemplo, em uma mesma investigação, pesquisadores
encontraram pacientes com uma temperatura mínima média de pele na área da celulite

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de 26,89 °C, enquanto outra paciente, nas mesmas condições experimentais, apresentou
uma máxima temperatura média local de 34,19 °C. A segunda está diretamente
relacionada aos cuidados que devem ser tomados por parte do paciente, e também
pelo profissional, para que os resultados sejam fidedignos. Tais cuidados incluem
situações como organização da sala de avaliação, preparo do paciente, interpretação
diagnóstica das imagens, entre outras, sendo especificadas no final deste capítulo, no
item Termografia Infravermelha Aplicada à Estética.

5. AVALI AÇÃO DAS ESTRI AS DE PELE


As estrias cutâneas são afecções estéticas corporais de alta incidência na adolescência,
na gestação e na obesidade; pesquisas mostram que cerca de 70% dos adolescentes e 90%
das gestantes apresentam algum grau desta lesão. As estrias podem ser caracterizadas
como placas lineares e atróficas associadas principalmente ao estiramento contínuo e
progressivo da pele, com a seguinte lógica de apresentação clínica: simetria, bilateralidade
e, inicialmente, eritematosas e, posteriormente, esbranquiçadas.

A maior incidência de estrias cutâneas se dá na região do abdômen, peito, nádegas e coxas.


As estrias advindas da gestação (estrias gestacionais) têm como área de maior apresentação
o abdômen, peito e coxas. Em adolescentes do sexo masculino, as regiões mais afetadas são
as nádegas, coxas e região lombossacral, e no sexo feminino as nádegas, coxas e peito.

A B C
NÁDEGAS (89%) NÁDEGAS (86%) ABDÔMEN (48%)
PARTE INFERIOR
COXAS (46%) PEITO (25%)
DAS COSTAS (28%)

JOELHOS (25%) PANTURRILHAS (30%) COXAS (25%)

F I G U R A 4 3 : Áreas de maior incidência de estrias cutâneas: (a) adolescentes do sexo masculino (b)
adolescentes do sexo feminino e (c) gestantes. Os valores representam a porcentagem de indivíduos
com estrias em cada área. Fonte: Adaptada de Al-Himdani e colaboradores, 2014.

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