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NATAL-RN
2021
LUIZ CARLOS ALVES JÚNIOR
NATAL-RN
2021
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Foi propósito desse estudo identificar se existe diferença na região da bochecha através da
fotogrametria tridimensional após lipectomia bucal, bem como verificar a percepção dos
profissionais quanto as mudanças faciais após o procedimento. Trata-se de um ensaio clínico
quase-experimental sobre a lipectomia bucal. Quinze pacientes foram operados, totalizando 30
lipectomias bucais. Um protocolo fotográfico para fotogrametria tridimensional foi realizado
em dois tempos operatórios, T0: pré-operatório e T1:10 meses pós-operatório. A abertura bucal,
a massa corporal, a quantidade de gordura removida em gramas e mililitros; e escala visual
analógica de dor, foram coletados. Através do Formulário Google®, profissionais especialistas
da Odontologia avaliaram as fotografias. A avaliação quantitativa da região subzigomática foi
realizada através do programa GOM inspect® utilizado um mapa de cores e medições em 6
zonas na região da bochecha. Utilizou-se a Coeficiente de Spearman e o teste de Wilcoxon.
Observou-se uma correlação negativa de baixa a moderada entre a quantidade de gordura
removida e a alteração na zona facial 2 e 5 levando em consideração todas as hemifaces
(p<0,028), revelando diferença estatisticamente significativa. O teste de Wilcoxon revelou
diferença estatisticamente significativa em todas as zonas entre T0 e T1. O índice de acerto dos
profissionais sobre T0 e T1 foi de 69,86%. A fotogrametria tridimensional conseguiu
quantificar as alterações na região da bochecha após a lipectomia bucal, que apesar de
milimétricas, foram perceptíveis por profissionais. A área subzigomática na zona 2 e 5 foi a
região que mais diminui após a remoção do CAB.
ABSTRACT
The purpose of this study was to identify whether there is a difference in the cheek region
through three-dimensional photogrammetry after oral lipectomy, as well as to verify the
perception of professionals regarding facial changes after the procedure. This is a quasi-
experimental clinical trial on oral lipectomy. Fifteen patients were operated on, totaling 30 oral
lipectomies. A photographic protocol for three-dimensional photogrammetry was performed in
two operative stages, T0: preoperative and T1: 10 months postoperatively. The mouth opening,
body mass, the amount of fat removed in grams and milliliters; and visual analogue pain scale,
were collected. Through the Google® Form, dental specialists evaluated the photographs. The
quantitative assessment of the subzygomatic region was performed using the GOM inspect®
program, using a color map and measurements in 6 zones in the cheek region. Spearman's
coefficient and the Wilcoxon test were used. A low to moderate negative correlation was
observed between the amount of fat removed and the change in facial zone 2 and 5 taking into
account all hemifaces (p <0.028), revealing a statistically significant difference. The Wilcoxon
test revealed a statistically significant difference in all zones between T0 and T1. The
professionals' success rate on T0 and T1 was 69.86%. Three-dimensional photogrammetry was
able to quantify the changes in the cheek region after the oral lipectomy, which despite being
millimetric, were perceived by professionals. The subzygomatic area in zones 2 and 5 was the
region that decreased the most after CAB removal.
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 12
2.1 ANATOMIA DOS TECIDOS ADIPOSOS FACIAIS ................................. 12
2.2 LIPECTOMIA BUCAL ............................................................................... 13
2.3 FOTOGRAMETRIA TRIDIMENSIONAL ................................................ 15
3 OBJETIVOS ............................................................................................... 18
3.1 GERAL ........................................................................................................ 18
3.2 ESPECÍFICO................................................................................................ 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................... 19
4.1 ABORDAGEM E TIPOLOGIA DA PESQUISA........................................ 19
4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO E AMOSTRA............................................... 19
4.3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA............................................. 19
4.4 VARIÁVEIS................................................................................................. 19
4.5 PROTOCOLO FOTOGRÁFICO.................................................................. 21
4.6 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO E PÓS-OPERATÓRIO.......................... 24
4.7 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................. 26
4.7.1 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL 26
4.7.2 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA ALTERAÇÃO FACIAL................ 27
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................ 28
5 RESULTADOS............................................................................................ 29
5.1 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS ZONAS FACIAIS............................... 29
5.2 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL.......................................... 32
5.3 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA............................................................... 33
6 DISCUSSÃO ............................................................................................... 35
7 CONCLUSÃO ............................................................................................ 38
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 39
ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP.................... 43
ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
45
ESCLARECIDO.........................................................................................
ANEXO C - QUESTIONÁRIO DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL..
ANEXO D - SOBREPOSIÇÕES COM MAPA DE CORES.................. 51
10
INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo está divido em três seções, nos quais são apresentados os referenciais
teóricos do estudo. A primeira sessão é “Anatomia dos tecidos adiposos faciais”, e aborda a
anatomia dos corpos adiposos da face com ênfase no Coxim adiposo bucal (CAB). A segunda
sessão “Lipectomia bucal”, por sua vez, relata os usos cirúrgicos estético-funcionais. Enquanto,
a terceira sessão intitulada “Fotogrametria tridimensional” apresenta o embasamento teórico
para a realização do referido instrumento.
A pele e mucosa nas regiões de cabeça e pescoço são constituídas pelas camadas da
derme, gordura superficial, sistema músculo-aponeurótico superficial, gordura profunda, fáscia
profunda e periósteo, ou seja, nesta região, o arranjo hipodérmico facial separa o tecido adiposo
em superficial e profundo (KRUGLIKOV et al., 2016). Segundo o estudo anatômico em
cadáveres conduzido por Ghassemi e colaboradores (2011), a gordura facial superficial é
classificada como uma gordura tipo I ou estrutural, o que significa que atua como pequenas
bolsas com propriedades viscoelásticas específicas. Esse tipo de gordura tem fácil separação
devido a fraca aderência as estruturas subjacentes.
O CAB foi descrito primeiramente como um tecido glandular por Heister em 1732
(STUZIN et al., 1990) e posteriormente em 1802 como um tecido gorduroso superficial da face
por Bichat (YOUSUF et al., 2009). Trata-se de uma estrutura exclusiva dos humanos e ausente
na maioria das espécies de primatas (KRUGLIKOV et al., 2016). Configura-se como uma
massa lobulada encapsulada com um corpo central e três processos com uma média volumétrica
de 9,6 ml, variando de 8,33 a 11,9 ml (KIM; SASIDARAM, 2017; SEZGIN et al. 2019). Nos
homens podem ter em média 10,2 ml (7,8–11,2), enquanto nas mulheres uma média menor de
8,9 ml (7,2 a 10,8) (YOUSUF et al., 2009).
Fisiologicamente, o CAB é uma gordura resistente à lipólise e persiste durante os
períodos de severo emagrecimento. Este tecido gorduroso superficial tem função de prevenir a
pressão negativa ao sugar nos recém-nascidos, aumentar o movimento intermuscular, e de
proteção dos feixes neurovasculares que os circundam (KRUGLIKOV et al., 2016; KIM;
SASIDARAM, 2017). Histologicamente é caracterizada por grandes adipócitos maduros que
não são completamente cobertos por uma rede de colágeno. A classificação micro-estrutural do
tecido é do tipo de depósito, não-globular contendo grande adipócitos e pouca ou ausência de
13
uma rede de colágeno, cujo suprimento sanguíneo é realizado pelo ramo temporal profundo
anterior, artéria bucal e arteríolas alveolares superiores posteriores (YOUSUF et al., 2009;
KRUGLIKOV et al., 2016).
Com relação à sua localização, o CAB está situado no espaço bucal ligado pelo músculo
bucinador medialmente, a fáscia cervical profunda e os músculos miméticos antero-
lateralmente, e a glândula parótida posteriormente. Além do CAB, o espaço bucal também
contém o ducto parotídeo, glândulas salivares, artérias e veias faciais, canais linfáticos e ramos
do nervo facial (COHEN et al., 2018).
Anatomicamente o corpo do CAB é dividido em três extensões: pterigopalatina, bucal
e temporal. A extensão pterigopalatina se localiza posteriormente e permanece no espaço
pterigomandibular e envolve o feixe neurovascular mandibular e lingual; a extensão temporal
é composta de um lóbulo superficial e profundo; a extensão superficial fica entre o fáscia
temporal profunda e o músculo temporal, enquanto a parte profunda fica atrás da parede lateral
da órbita e do processo frontal do zigomático (KRUGLIKOV et al., 2016). Os vasos faciais
estão presentes na extensão bucal da gordura, além da presença dos ramos bucais do nervo
facial, juntamente com o ducto parotídeo que se encontra na superfície lateral desta gordura
(KRUGLIKOV et al., 2016).
A esse respeito, o estudo realizado por Hwang et al. (2005) com 19 cadáveres encontrou
3,6 ramos vestibulares médios do nervo facial na região do CAB. Os ramos bucais do nervo
facial e o ducto parotídeo cruzaram a região dentro de um semicírculo com um raio de 30 mm.
A base (diâmetro) era paralela a uma linha horizontal passando pelo canto da boca e 12 mm
acima. Seu centro está localizado a 53 mm lateral a ele. Os ramos bucais do nervo facial tinham
uma íntima relação com CAB, 73,7% destes ramos cruzavam superficialmente a gordura e em
26,3% dois ramos passam pela extensão bucal. Ainda nas amostras deste estudo, o ducto
parótido cruzou superficialmente a extensão bucal do CAB em 42,1% do casos, 26,3%
cruzavam profundamente à extensão bucal e 31,6% cruzavam ao longo da borda superior
(HWUANG et al., 2005).
imperceptível. Além disso, o escâner a laser formou ângulos de visão limitados e uma
digitalização em maior tempo (JABLONSKI et al., 2019).
Dixit et al. (2019) afirmaram através dos resultados dos seus estudos que a fotogrametria
fornece texturas de superfície mais realistas e geometrias muito boas. A varredura de superfície
3D capturou geometrias mais precisas de amostras complexas e em amostras com superfícies
refletivas. O fluxo de trabalho de digitalização 3D e o método de captura são mais práticos para
amostras moles estáticos, e que dinâmicos poderia levar a distorções (DIXIT et al., 2019).
No campo da Odontologia forense, Villa (2016) demonstrou a validade do uso da
fotogrametria 3D, utilizando o software PhotoModeler (EOS Systems Inc.) para documentação
de lesões em um contexto patológico forense. Neste estudo a fotogrametria forneceu uma
documentação 3D permanente das lesões em pele com diferenças muito baixas com média ≤
0,06 cm e mediana ≤ 0,04 cm em lesões de pele profundas e uma diferença média 0,13 cm para
as lesões contusas (VILLA, 2016).
A pesquisa de Maal et al. (2011), por sua vez, avaliou um mesmo método de
fotogrametria 3D (3dMDCranialTM System, 3dMD LLC, Atlanta, USA) nos mesmos
pacientes, em um intervalo de seis semanas, para as variações na face em repouso. Esses autores
observaram uma variação média de 0,25 mm, variando de 0,21 a 0,27 mm, desvio padrão de
0,157 mm. Com relação as regiões anatômicas faciais, o nariz e a região frontal apresentaram
menos variações e maiores variações ocorreram nos olhos e boca (MAAL et al., 2011).
Ye et al. (2016) buscaram comparar a precisão, a confiabilidade e a reprodutibilidade
de um sistema estruturado de varredura de luz (3D CaMega, BWHX) e um sistema de varredura
de fotogrametria (3dMD) em rostos humanos. De acordo com os autores, não foi observado
diferença estatisticamente significantiva entre as três técnicas de medição, erro absoluto (EA),
porcentagem de erro absoluto (PEA) e coeficiente de relação intraclasse (CRI) (YE et al., 2016).
Ambos os sistemas de varredura demonstraram alta precisão (EA = 0,58 ± 0,37 mm e PEA=
1,11 ± 0,73% para o sistema de luz; EA = 0,62 ± 0,39 mm e APE 1,17 ± 0,71% para o sistema
de fotogrametria). Os dois sistemas demonstraram confiabilidade extremamente alta em
comparação com a medição do compasso de calibre (0,982 <ICC <0,998 para o sistema de luz
estruturada; 0,984 <ICC <0,999 para o sistema de fotogrametria). Além disso, foi observada
alta reprodutibilidade nos dois sistemas (0,981 <ICC <0,999 para o sistema de luz estruturada;
0,984 <ICC <1.000 para o sistema de fotogrametria).
Batistela et al. (2017) comparou a eficácia de cinco sistema de digitalização 3D o
Photoscan®, 123dCatch®, ReCap360®, PPT-GUI® e OpenMVG®+MVS®, utilizando-se, para
isso, a fotogrametria de um crânio. Segundo os autores, todos os sistemas apresentaram
17
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
3.2 ESPECÍFICO
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.4 VARIÁVEIS
Escala visual
Dor pós- Dor classificada por
Independente Quantitativa Discreta analógica (0-
operatória escala analógica
10)
Fonte: própria.
As fotografias faciais foram realizadas pelo mesmo profissional com a mesma câmera
(Canon EOS Rebel - T6i®) sob ISO 100, abertura do diafrágma de 7.1, a uma distância de 1,5
mm do alvo/paciente. No protocolo proposto para a fotogrametria pelo desenvolvedor, foram
realizadas 26 fotografias com olhos fechados a mão livre, sendo 13 em 0° em relação a face e
13 com em média 35° de baixo para cima, como mostrado na figura 1, no ambulatório do setor
de Cirurgia Buco-maxilo-facial do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
a partir da distância intercantal e o ponto mais inferior do mento de cada paciente. Para
enriquecer os detalhes da imagem tridimensional, foram utilizados os seguintes modificadores:
Smooth, que alisa a malha dando um aspecto mais suave e o Displace que cria um relevo na
malha usando como referência a sua textura. Na figura 2, pode ser verificado as mudanças nas
opções de apresentação tridimensional, e na figura 3, a mudança na textura das malhas com a
adição dos modificadores.
Figura 2. Imagens que mostram as mudanças no modo objeto após a aplicação dos
modificadores. A: Fotogrametria original. B: Fotogrametria após Smooth. C:Fotogrametria
após Smooth e Displace. D: Fotogrametria após Smooth, Displace e Multiplace. Fonte: própria.
24
Figura 3. Imagens que mostram as mudanças no modo malha após a aplicação dos
modificadores. A: Malha original. B: Malha após Smooth. C: Malha após Smooth e Displace.
D: Malha após Smooth, Displace e Multiplace. Fonte: própria.
Foi realizado anestesia do nervo alveolar superior posterior bilateral com lidocaína 2%
com 1:100.000 de epinefrina epinefrina (Nova DFL®). Foi realizada a técnica em “T” intrabucal
como descrita por Alvarez e Siqueira (2018), como demonstrado na figura 4. Foi removido a
maior quantidade possível da porção bucal do CAB, até ser identificado o pedículo que o liga
a cinta muscular. A quantidade de gordura foram conferidas com seringas de 10 ml e pesadas
com uma balança da precisão (Gehaka BG 2000®). Após o procedimento cirúrgico foi realizado
sutura com fio seda 3-0 (Technew®)
No pós-operatório foi utilizado apenas o Paracetamol 500 mg, de 4/4 horas durante 2
dias. Além disso, foi realizado bandagens bilaterais com kinesio-taping (TMAX Profssional®)
como mostrado na figura 5, com ponto de ancoragem na região pré-auricular e submandibular.
Foi orientado aos pacientes a permanecer nas 48 horas pós-operatórios.
26
Figura 5. Imagem ilustrativa mostrando como foram instaladas as bandagens com Kinesiotaping.
Fonte: própria
5 RESULTADOS
A Zona 2 foi a região que representou maior alteração quantitativa superando as outras
áreas em 50% dos casos, seguido pela zona 1 e 5, ambas cada uma com 13,3%, estes dados
podem ser verificados a seguir.
Tempo
Zona Ranks Mediana Quartil p r
Operatório
T0 0,0 0,00 -
Zona 1 <0,001 0,60
T1 15,0 -2,02 -1,05- -2,29
T0 0,00 0,00 -
Zona 2 <0,001 0,59
T1 14,5 -2,03 -1,06- -3,55
T0 0,00 0,00 -
Zona 3 <0,001 0,56
T1 13,0 -1,18 -1,18 - -2,96
T0 0,0 0,00 -
Zona 4 <0,001 0,59
T1 14,5 -1,43 -1,08- - 2,02
T0 0,0 0,00 -
Zona 5 <0,001 0,58
T1 14,0 -2,13 -1,80- -3,70
T0 0,0 0,00 -
Zona 6 <0,001 0,55
T1 12,5 -0,71 - 0,81- - 2,15
Fonte:própria.
Tabela 5. Comparação entre alterações ocorridas entre os lados em relação a zonas faciais.
.
33
21,6%
32,28% Perceptível
Muito perceptível
Pouco perceptível
Imperceptível
40,72%
5,4%
Gráfico 1. Gráfico que mostra a opinião sobre o resultado da lipectomia bucal por profissionais.
Fonte:própria.
6 DISCUSSÃO
A lipectomia bucal trata-se de uma lipoplastia estético-funcional que tem como objetivo
melhorar o contorno da região da bochecha pela remoção do tecido adiposo conhecido por bola
de Bichat (FARIA et al, 2018). Regulamentado pelo Conselho Federal de Odontologia no artigo
6, inciso f., da resolução 198 de 29 de Janeiro de 2019 (CONSELHO FEDERAL DE
ODONTOLOGIA, 2019), esse procedimento cirúrgico ganhou popularidade, mesmo
necessitando de evidências científicas para embasar o seu planejamento e execução.
A quantidade de gordura removida no nosso estudo por hemiface é semelhante com os
achados encontrados por Farias et al. (2018), onde uma média de 3,2 ml por CAB foi
encontrado, porém superior a média encontrada por Sezgin et al. (2019) que foi de 2,74 ml. No
nosso estudo, essa quantidade em gramas do CAB não teve relação com a massa corporal,
corroborando com os dados na literatura que sugerem ausência desta relação (KRUGLIKOV et
al., 2016).
O tempo pós-operatório foi maior do lado esquerdo, provavelmente pelo cirurgião ser
destro e existe uma dificuldade inerente para encontrar CAB contra-lateral. Apesar disto, esse
fato não contribuiu para o aumento da dor no pós-operaóno. O tempo do procedimento cirúrgico
foi semelhante ao encontrado no estudo de Farias et al. (2018) com uma média de 40 minutos.
Segundo a série de casos apresentado por Rodriguez et al. (2018), a utilização de um protocolo
de fotobiomodulação com laser vermelho de baixa potência, utilizando 2J por segundo em três
pontos intrabucal com 2J por segundo e quatro pontos extrabucais pode trazer benefício na dor
e no edema pós-operatório.
Gierloff et al. (2012) que verificou que a perda de volume do CAB proveniente do
envelhecimento, junto com a força da gravidade, são responsáveis pela migração inferior de
alguns compartimentos de gordura superficiais, contribuindo para a formação da concavidade
abaixo da borda inferior do músculo orbicular do olho e do aprofundamento do sulco nasolabial.
No nosso estudo, não foi possível detectar nenhum caso de pseudoherniação devido
provavelmente a amostra ser composta por indivíduos com média de idade de 28 anos. Também
é preciso deixar claro que a indicação para a remoção do CAB em metade dos nosso pacientes
foi funcional, sem terceiros molares que pudessem justificar o mordiscatum.
Os nossos resultados sugerem que a lipectomia bucal como procedimento isolado gera
alterações exclusivamente na região da bochecha, especificamente no triângulo subzigomático
(zona 2 e 5), aplainando ou deixando-o mais côncavo, desta forma, não podemos extrapolar a
expectativa do resultado para outra regiões da face. Essa concavidade subzigomática é uma
característica comum da esqueletização da face que viria a acontecer no envelhedimento facial
fisiológico (NAINI et al. 2011).
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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43
Esclarecimentos
Caso você decida participar, você será submetido a uma cirurgia de remoção de gordura das
bochechas que durará cerca de 30 minutos, por um cirurgião buco-maxilo-facial experiente. Será
realizado fotografias antes da cirurgia e uma semana, 1 mês, 3 meses e 6 meses após a cirurgia.
Antes da cirurgia e 6 meses após será realizado um questionário para saber se você gostou do
resultado da bichectomia, como ficou as mordidas nas bochechas enquanto você mastiga e se você
gostou do resultado final da cirurgia. Neste questionário você não precisará escrever apenas assinalar
com um “X”, que dura cerca de 5 minutos para serem respondidos. A gordura removida após a cirurgia
pode variar podendo ser removido até 5 ml.
medicamentos e utilização de compressas geladas nos primeiros 3 dias e você terá como benefício
poderá melhorar a estética das bochechas, deixando-as menos redondas e diminuir a quantidade
que morde as bochechas. As gorduras retiradas serão armazenadas no Laboratório de Anatomia
Patológica do Departamento de Odontologia avaliação em microscópio.
Em caso de algum problema que você possa ter relacionado com a cirurgia ou a
pesquisa, você terá direito a assistência gratuita que será prestada pela Setor Cirurgia Buco-
maxilo-facial no Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Prof.
Dr. Adriano Rocha Germano se dirigindo ao Departamento de Odontologia na Av. Sen. Salgado
Filho, 1787 - Lagoa Nova, Natal - RN, CEP: 59056-000, pelo e-mail
adrianogermanoufrn@yahoo.com.br ou pelo telefone 084 3215-4130.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase
da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornece serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, sempre de forma anônima, não havendo divulgação de nenhum
dado que possa lhe identificar. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.
Os gastos pela sua participação nessa pesquisa serão assumidos pelo pesquisador e
reembolsado para vocês.
Se você sofrer qualquer dano decorrente desta pesquisa, sendo ele imediato ou tardio, previsto
ou não, você será indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa – instituição que avalia a ética das pesquisas antes que elas comecem e fornece proteção
aos participantes das mesmas – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones (84)
3215-3135 / (84) 9.9193.6266, através do e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br Você ainda pode ir
pessoalmente à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, s/n. Campus Central, Lagoa
Nova. Natal/RN.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável, Prof. Dr. Adriano Rocha Germano.
Submetidos apenas a Lipectomia Bucal”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas
em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
Impressão
datiloscópica do
participante
___________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
_______________________________________________
Adriano Rocha Germano
Pesquisador Responsável
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