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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS

LUIZ CARLOS ALVES JÚNIOR

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA POR FOTOGRAMETRIA TRIDIMENSIONAL E


DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL DAS ALTERAÇÕES FACIAIS APÓS
LIPECTOMIA BUCAL

NATAL-RN
2021
LUIZ CARLOS ALVES JÚNIOR

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA POR FOTOGRAMETRIA TRIDIMENSIONAL E DA


PERCEPÇÃO PROFISSIONAL DAS ALTERAÇÕES FACIAIS APÓS LIPECTOMIA
BUCAL

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Ciências Odontológicas
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Odontológicas.

Orientador: Prof° Dr. Adriano Rocha


Germano.

NATAL-RN
2021
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Adriano Rocha Germano, meu orientador da residência, do mestrado


e da vida profissional, obrigado pelo direcionamento e diferencial que tem dado a minha
carreira.
A Professora Drª. Márcia Cristina Costa Miguel, minha orientadora do Trabalho de
Conclusão do Curso da graduação, que me deu a primeira oportunidade de iniciação científica,
e me iniciou na escrita científica.
Aos companheiros de pós-graduação Aparecida Tharlla, Raissa Pinheiro, Ana
Larrise, Guilherme Beiruth, Larissa Mendonça, Natália Teixeira, Liliane Marinho, Davi
Correira, Mariana Rios, Ricardo Liberalino, Marcelo Leite, Maria Antônia ficam as
lembranças de 2 anos muito intensos nas nossas vidas.
Aos companheiros que me ajudaram no desenvolvimento desse projeto, Bruno Souza
e Victor Luiz.
À todos os professores PPGCO-UFRN, vocês são referências na minha vida.
Aos meus amigos, a família que nós escolhemos, Lumena Cortez, Arthur Benevides,
Estanislaw Oliveira, Rafael Severo que contribuíram e me deram força para terminar essa
etapa da vida profissional.
Às minhas tias Lucineide e Lucilene e ao meu primo Hugo Fernandes que sempre me
estimulam a manter-me na busca pelo conhecimento.
À Universidade Pública, gratuita e de qualidade, especificamente a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, que vem me acolhendo durante os últimos 12 anos
ininterruptos.
4

RESUMO

Foi propósito desse estudo identificar se existe diferença na região da bochecha através da
fotogrametria tridimensional após lipectomia bucal, bem como verificar a percepção dos
profissionais quanto as mudanças faciais após o procedimento. Trata-se de um ensaio clínico
quase-experimental sobre a lipectomia bucal. Quinze pacientes foram operados, totalizando 30
lipectomias bucais. Um protocolo fotográfico para fotogrametria tridimensional foi realizado
em dois tempos operatórios, T0: pré-operatório e T1:10 meses pós-operatório. A abertura bucal,
a massa corporal, a quantidade de gordura removida em gramas e mililitros; e escala visual
analógica de dor, foram coletados. Através do Formulário Google®, profissionais especialistas
da Odontologia avaliaram as fotografias. A avaliação quantitativa da região subzigomática foi
realizada através do programa GOM inspect® utilizado um mapa de cores e medições em 6
zonas na região da bochecha. Utilizou-se a Coeficiente de Spearman e o teste de Wilcoxon.
Observou-se uma correlação negativa de baixa a moderada entre a quantidade de gordura
removida e a alteração na zona facial 2 e 5 levando em consideração todas as hemifaces
(p<0,028), revelando diferença estatisticamente significativa. O teste de Wilcoxon revelou
diferença estatisticamente significativa em todas as zonas entre T0 e T1. O índice de acerto dos
profissionais sobre T0 e T1 foi de 69,86%. A fotogrametria tridimensional conseguiu
quantificar as alterações na região da bochecha após a lipectomia bucal, que apesar de
milimétricas, foram perceptíveis por profissionais. A área subzigomática na zona 2 e 5 foi a
região que mais diminui após a remoção do CAB.

Palavras-chaves: Fotogrametria, Lipectomia, Gordura subcutânea, Percepção de forma.


5

ABSTRACT

The purpose of this study was to identify whether there is a difference in the cheek region
through three-dimensional photogrammetry after oral lipectomy, as well as to verify the
perception of professionals regarding facial changes after the procedure. This is a quasi-
experimental clinical trial on oral lipectomy. Fifteen patients were operated on, totaling 30 oral
lipectomies. A photographic protocol for three-dimensional photogrammetry was performed in
two operative stages, T0: preoperative and T1: 10 months postoperatively. The mouth opening,
body mass, the amount of fat removed in grams and milliliters; and visual analogue pain scale,
were collected. Through the Google® Form, dental specialists evaluated the photographs. The
quantitative assessment of the subzygomatic region was performed using the GOM inspect®
program, using a color map and measurements in 6 zones in the cheek region. Spearman's
coefficient and the Wilcoxon test were used. A low to moderate negative correlation was
observed between the amount of fat removed and the change in facial zone 2 and 5 taking into
account all hemifaces (p <0.028), revealing a statistically significant difference. The Wilcoxon
test revealed a statistically significant difference in all zones between T0 and T1. The
professionals' success rate on T0 and T1 was 69.86%. Three-dimensional photogrammetry was
able to quantify the changes in the cheek region after the oral lipectomy, which despite being
millimetric, were perceived by professionals. The subzygomatic area in zones 2 and 5 was the
region that decreased the most after CAB removal.

Keywords: Photogrammetry, Lipectomy, Subcutaneous fat, Form Perception.


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LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Esquema ilustrativo do protocolo fotográfico, evidenciando a ordenação e


angulação das tomadas fotográficas........................................................................... 23
Figura 2. Imagens que mostram as mudanças no modo objeto após a aplicação dos
modificadores. A: Fotogrametria original. B: Fotogrametria após Smooth.
C:Fotogrametria após Smooth e Displace. D: Fotogrametria após Smooth, Displace
e Multiplace................................................................................................................ 24
Figura 3. Imagens que mostram as mudanças no modo malha após a aplicação dos
modificadores. A: Malha original. B: Malha após Smooth. C: Malha após Smooth e
Displace. D: Malha após Smooth, Displace e
Multiplace................................................................................................................... 25
Figura 4. Fotografia do planejamento da incisão. Círculo amarelo representa a região do
ducto da glândula parótida. Pontilhado amarelho uma linha perpendicular ao fundo
de vestíbulo. A linha roxa representa a região onde localiza-se a veia bucal.
Pontilhado vermelho o local da incisão....................................................................... 27
Figura 5. Imagem ilustrativa mostrando como foram instaladas as bandagens com
Kinesiotaping.............................................................................................................. 28
Figura 6. Subdivisão da região subzigomática em que os profissionais deverão assinalar a
região que consideram maior alteração tecidual......................................................... 29
Figura 7. Escala de cores utilizada para ilustrar alterações de tecido mole................................. 30
Figura 8. Fotomicrografia corado em hematoxilina/eosina evidenciando a presença de
adipócitos maduros interceptados com delgados feixes de colágeno, formando
lóbulos. Pode-se também observar a presença de vasos sanguíneos de diferentes
tamanhos e calibres, além da fascículos nervosos, no aumento de
400x............................................................................................................................ 37
7

LISTA DE TABELAS

Quadro 1. Variáveis relativas as características individuais demográficas............................... 21


Quadro 2. Variáveis relativas as alterações do procedimento cirúrgico e alterações estético-
funcionais................................................................................................................. 21
Tabela 1. Análise descritiva das variáveis quantitativas transoperatórias............................... 31
Tabela 2. Alterações médias em cada zona faciais revelando diferença estatisticamente
significativa.............................................................................................................. 31
Tabela 3. Coeficientes de Correlação de Spearman entre a quantidade de gordura removida
e as alterações na zonas faciais do lado direito, esquerdo e por todas as
hemifaces.................................................................................................................. 32
Tabela 4. Comparação entre alterações ocorridas entre T0 e T1 em relação a zonas
faciais........................................................................................................................ 32
Tabela 5. Comparação entre alterações ocorridas entre os lados em relação a zonas
faciais........................................................................................................................ 33
Gráfico 1. Gráfico que mostra a opinião sobre o resultado da lipectomia bucal por
profissionais.............................................................................................................. 34
8

LISTA DE ABREVIATURAS

• CAB Coxim Adiposo Bucal


• T0 Pré-operatório
• T1 Pós-operatório de 10 meses
• EVA Escala visual analógica de dor
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 12
2.1 ANATOMIA DOS TECIDOS ADIPOSOS FACIAIS ................................. 12
2.2 LIPECTOMIA BUCAL ............................................................................... 13
2.3 FOTOGRAMETRIA TRIDIMENSIONAL ................................................ 15
3 OBJETIVOS ............................................................................................... 18
3.1 GERAL ........................................................................................................ 18
3.2 ESPECÍFICO................................................................................................ 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................... 19
4.1 ABORDAGEM E TIPOLOGIA DA PESQUISA........................................ 19
4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO E AMOSTRA............................................... 19
4.3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA............................................. 19
4.4 VARIÁVEIS................................................................................................. 19
4.5 PROTOCOLO FOTOGRÁFICO.................................................................. 21
4.6 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO E PÓS-OPERATÓRIO.......................... 24
4.7 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................. 26
4.7.1 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL 26
4.7.2 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA ALTERAÇÃO FACIAL................ 27
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................ 28
5 RESULTADOS............................................................................................ 29
5.1 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS ZONAS FACIAIS............................... 29
5.2 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL.......................................... 32
5.3 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA............................................................... 33
6 DISCUSSÃO ............................................................................................... 35
7 CONCLUSÃO ............................................................................................ 38
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 39
ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP.................... 43
ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
45
ESCLARECIDO.........................................................................................
ANEXO C - QUESTIONÁRIO DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL..
ANEXO D - SOBREPOSIÇÕES COM MAPA DE CORES.................. 51
10

INTRODUÇÃO

O coxim adiposo bucal (CAB) é um tecido gorduroso superficial da face descrito em


em 1802 por Bichat (YOUSUF et al., 2009). Trata-se de uma massa lobulada encapsulada com
um corpo e três processos com uma média de volume de 9,6 ml, variando de 8,33 a 11,9 ml
(KIM; SASIDARAM, 2017; SEZGIN et al. 2019). Resistente à lipólise e persiste durante os
períodos de severo emagrecimento, este tipo de gordura está presente mesmo em pacientes com
baixos índices de gordura corporal. Este tecido gorduroso superficial tem função de prevenir a
pressão negativa ao sugar nos recém-nascidos, aumentar o movimento intermuscular e proteção
dos feixes neurovasculares que os circundam (KRUGLIKOV et al., 2016; KIM; SASIDARAM,
2017).
O CAB é facilmente abordado através de uma incisão na mucosa bucal e divulsão do
músculo bucinador (KRUGLIKOV et al., 2016) e sua remoção é conhecida como lipectomia
bucal ou bichectomia (ALVAREZ; SIQUEIRA, 2018). Além disso, pode ser utilizado em
diversos procedimentos como: correção de depressão palpebral ou ectrópio, correção de
recontorno após remoção de lesões patológicas (AMIN et al., 2005), refinamentos em
rinoplastia (KIM; SASIDARAM, 2017), enxertos pediculados para corrigir depressões faciais
(KOMATSU; IKEMURA; KIMATA, 2017), assim como adjuvante em cirurgias ortognáticas
para aumentar a projeção zigomática (KHIABANI et al., 2014; HERNÁNDEZ-ALFARO et
al., 2015; LEE; PARK, 2017) correção de fístulas oro-antrais (TOSHIHIRO et al., 2013; KIM;
HAN; KIM, 2017; MANNELLI et al., 2018). A taxa de sucesso cirúrgico em que o CAB é
utilizado é de 96,2%, que pode ser atribuída a sua fácil mobilização, excelente suprimento
sanguíneo e morbidade mínima (MANNELLI et al., 2018). Alguns autores relatam uma taxa
de complicação de 8,45% após a realização da lipectomia bucal podendo variar desde de
simples hematomas, edema e infecções localizadas até lesão do nervo facial e lesão dos vasos
faciais (KLÜPPEL, 2018; MOURA et al., 2018)
A fotogrametria é uma técnica de imagem que cria uma imagem de superfície 3D (foto
3D) do paciente usando várias câmeras ou várias tomadas fotográficas. Em comparação com as
fotografias 2D tradicionais, possui uma grande vantagem que pode ser usada para planejar ou
avaliar cirurgia em três dimensões (WESSELIUS et al., 2019). A fotogrametria é um recurso
bastante consolidado em várias áreas como na confecção de próteses buco-maxilo-faciais em
sequelas de pacientes oncológicos, na Odontologia legal para documentação e identificação de
corpos (LEIPNER et al., 2019), reconstrução facial a partir de esqueletos encontrados,
avaliação estética do volume facial (FENG et al., 2018) e efeitos faciais após a reabilitação
11

dentária (STERENBORG et al., 2018). Em comparação a outros sistemas de escaneamento 3D,


a fotogrametria demonstra alta precisão no que diz respeito a estruturas de malhas
tridimensionais, confiabilidade e alta reprodutibilidade (YET et al., 2016; BATISTELA et al.,
2017).
Alvarez e Siqueira (2018) foram os primeiros a sistematizarem a técnica intrabucal e
realização em 27 casos consecutivos. A revisão de literatura realizada por Moura e
colaboradores (2018) após a seleção de 8 artigos todos com série de casos, somando 71
pacientes submetidos a lipectomia bucal para finalidade estética, constatou que todos os artigos
apresentam a lipectomia bucal associada a outros procedimentos cirúrgico facial e que não
existe nenhum estudo que avalie o envelhecimento facial e os efeitos a longo prazo (MOURA
et al, 2018). Dessa forma, os autores sugerem que devem ser realizados mais estudos clínicos
controlados para obter evidências clínicas adequadas.
Diante do exposto pode ser verificado que ainda não existem evidências científicas que
o procedimento de lipectomia bucal isolado, sem nenhum outro procedimento cirúrgico estético
facial, com finalidade estético-funcional causa alterações quantitativas e perceptíveis.
12

2 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo está divido em três seções, nos quais são apresentados os referenciais
teóricos do estudo. A primeira sessão é “Anatomia dos tecidos adiposos faciais”, e aborda a
anatomia dos corpos adiposos da face com ênfase no Coxim adiposo bucal (CAB). A segunda
sessão “Lipectomia bucal”, por sua vez, relata os usos cirúrgicos estético-funcionais. Enquanto,
a terceira sessão intitulada “Fotogrametria tridimensional” apresenta o embasamento teórico
para a realização do referido instrumento.

2.1 ANATOMIA DOS TECIDOS ADIPOSOS FACIAIS

A pele e mucosa nas regiões de cabeça e pescoço são constituídas pelas camadas da
derme, gordura superficial, sistema músculo-aponeurótico superficial, gordura profunda, fáscia
profunda e periósteo, ou seja, nesta região, o arranjo hipodérmico facial separa o tecido adiposo
em superficial e profundo (KRUGLIKOV et al., 2016). Segundo o estudo anatômico em
cadáveres conduzido por Ghassemi e colaboradores (2011), a gordura facial superficial é
classificada como uma gordura tipo I ou estrutural, o que significa que atua como pequenas
bolsas com propriedades viscoelásticas específicas. Esse tipo de gordura tem fácil separação
devido a fraca aderência as estruturas subjacentes.
O CAB foi descrito primeiramente como um tecido glandular por Heister em 1732
(STUZIN et al., 1990) e posteriormente em 1802 como um tecido gorduroso superficial da face
por Bichat (YOUSUF et al., 2009). Trata-se de uma estrutura exclusiva dos humanos e ausente
na maioria das espécies de primatas (KRUGLIKOV et al., 2016). Configura-se como uma
massa lobulada encapsulada com um corpo central e três processos com uma média volumétrica
de 9,6 ml, variando de 8,33 a 11,9 ml (KIM; SASIDARAM, 2017; SEZGIN et al. 2019). Nos
homens podem ter em média 10,2 ml (7,8–11,2), enquanto nas mulheres uma média menor de
8,9 ml (7,2 a 10,8) (YOUSUF et al., 2009).
Fisiologicamente, o CAB é uma gordura resistente à lipólise e persiste durante os
períodos de severo emagrecimento. Este tecido gorduroso superficial tem função de prevenir a
pressão negativa ao sugar nos recém-nascidos, aumentar o movimento intermuscular, e de
proteção dos feixes neurovasculares que os circundam (KRUGLIKOV et al., 2016; KIM;
SASIDARAM, 2017). Histologicamente é caracterizada por grandes adipócitos maduros que
não são completamente cobertos por uma rede de colágeno. A classificação micro-estrutural do
tecido é do tipo de depósito, não-globular contendo grande adipócitos e pouca ou ausência de
13

uma rede de colágeno, cujo suprimento sanguíneo é realizado pelo ramo temporal profundo
anterior, artéria bucal e arteríolas alveolares superiores posteriores (YOUSUF et al., 2009;
KRUGLIKOV et al., 2016).
Com relação à sua localização, o CAB está situado no espaço bucal ligado pelo músculo
bucinador medialmente, a fáscia cervical profunda e os músculos miméticos antero-
lateralmente, e a glândula parótida posteriormente. Além do CAB, o espaço bucal também
contém o ducto parotídeo, glândulas salivares, artérias e veias faciais, canais linfáticos e ramos
do nervo facial (COHEN et al., 2018).
Anatomicamente o corpo do CAB é dividido em três extensões: pterigopalatina, bucal
e temporal. A extensão pterigopalatina se localiza posteriormente e permanece no espaço
pterigomandibular e envolve o feixe neurovascular mandibular e lingual; a extensão temporal
é composta de um lóbulo superficial e profundo; a extensão superficial fica entre o fáscia
temporal profunda e o músculo temporal, enquanto a parte profunda fica atrás da parede lateral
da órbita e do processo frontal do zigomático (KRUGLIKOV et al., 2016). Os vasos faciais
estão presentes na extensão bucal da gordura, além da presença dos ramos bucais do nervo
facial, juntamente com o ducto parotídeo que se encontra na superfície lateral desta gordura
(KRUGLIKOV et al., 2016).
A esse respeito, o estudo realizado por Hwang et al. (2005) com 19 cadáveres encontrou
3,6 ramos vestibulares médios do nervo facial na região do CAB. Os ramos bucais do nervo
facial e o ducto parotídeo cruzaram a região dentro de um semicírculo com um raio de 30 mm.
A base (diâmetro) era paralela a uma linha horizontal passando pelo canto da boca e 12 mm
acima. Seu centro está localizado a 53 mm lateral a ele. Os ramos bucais do nervo facial tinham
uma íntima relação com CAB, 73,7% destes ramos cruzavam superficialmente a gordura e em
26,3% dois ramos passam pela extensão bucal. Ainda nas amostras deste estudo, o ducto
parótido cruzou superficialmente a extensão bucal do CAB em 42,1% do casos, 26,3%
cruzavam profundamente à extensão bucal e 31,6% cruzavam ao longo da borda superior
(HWUANG et al., 2005).

2.2 LIPECTOMIA BUCAL

O CAB é facilmente abordado através de uma incisão na mucosa bucal e divulsão do


músculo bucinador (KRUGLIKOV et al., 2016). Assim, pode ser utilizado em diversos
procedimentos como: correção de depressão palpebral ou ectrópio, correção de recontorno após
remoção de lesões patológicas (AMIN et al., 2005), refinamentos em rinoplastia (KIM;
14

SASIDARAM, 2017), enxertos pediculados para corrigir depressões faciais (KOMATSU;


IKEMURA; KIMATA, 2017), assim como adjuvante em cirurgias ortognáticas para aumentar
a projeção zigomática (KHIABANI et al., 2014; HERNÁNDEZ-ALFARO et al., 2015; LEE;
PARK, 2017) e correção de fístulas oro-antrais (TOSHIHIRO et al., 2013; KIM; HAN; KIM,
2017; MANNELLI et al., 2018).
O retalho pediculado do CAB foi descrito pela primeira vez em 1977 como opção
cirúrgica para reconstrução bucal por Egyedi, embora nenhum estudo sobre o suprimento de
vasos tenha sido realizado, até quando Tideman et al. 1986 publicaram uma descrição detalhada
de sua anatomia e técnica operatória (MANNELLI et al., 2018). A revisão de literatura
realizada por tais autores mostrou que o retalho pediculado com o CAB apresentava uma taxa
de sucesso de 96,2%, atribuída a sua fácil mobilização e excelente suprimento sanguíneo
(MANNELLI et al., 2018).
No que diz respeito as complicações pós-operatórias da lipectomia bucal, estimam-se
que as podem ocorrer em 8,45% dos casos, variando desde simples hematomas, edema, e
infecções localizadas (KLÜPPEL, 2018; MOURA et al., 2018) até lesões de nervo, vasos
faciais e na glândula parótida (VIEIRA et al., 2019). Apenas uma complicação grave que não
pode ser contornada com medidas locais foi relatada na literatura por Engdahl et al. (2012).
Neste caso, o procedimento cirúrgico gerou uma lesão vascular na artéria maxilar interna que
levou ao paciente a um choque hipovolêmico, necessitando de manobras de reaniamação
cardiopulmonar e ventilação mecânica. Para cessar o sangramento foi realizado um angiografia
com embolização superseletiva com microcatéter no ramos alveolar superior posterior e ramos
pterigoides (ENGDAHL et al., 2012). Uma outra possível complicação estética citada na
literatura é pseudohernização em consequência do enfraquecimento da fáscia muscular. Porém,
esta relação causa-efeito não é comprovada e deve ser confrontado com os achados pré-
operatórios (MATARASSO, 2006).
Apesar de já ser amplamente descrita na literatura com finalidade estética (EPSTEIN
1980; DUBIN et al., 1989; STUZIN et al., 1990; ), foi em 2018 que Alvarez e Siqueira (2018)
sistematizaram a técnica intrabucal e realizaram em 27 casos consecutivos associado a outros
procedimentos estéticos, de modo que em apenas seis destes como um procedimento isolado.
A técnica em questão identifica o ducto parotídeo e a veia bucal após será traçado uma linha
perpendicular na metade da distância entre o ducto e o sulco gengivobucal que se inicia na veia
bucal e termina ao nível do segundo para o terceiro molar, medindo aproximadamente 2
centímetros. Desta forma, essa linha será a incisão formando um "T" junto com a veia dando a
localização precisa do local a ser incisado (ALVAREZ; SIQUEIRA, 2018).
15

Os achados do estudo transversal prospectivo de Silva et al. (2019), que após a


realização consecutiva de 16 pacientes com idade entre 20 e 36 anos, em uma análise subjetiva,
evidenciaram a ausência de efeitos perceptíveis em seis pacientes, enquanto nos demais ela foi
discretamente observada. Neste estudos foram descritos duas complicações associadas a
infecção pós-operatória, tratadas apenas com antibioticoterapia .
Já a revisão de literatura realizada por Moura et al. (2018) após a seleção de oito artigos
todos com série de casos, somando 71 pacientes submetidos a lipectomia bucal para finalidade
estética, constatou que todos os artigos apresentavam a lipectomia bucal associada a outros
procedimentos de lifting facial. Além disso, observou-se que não existe nenhum estudo que
avalie o envelhecimento facial e os efeitos a longo prazo, sugerindo, que devem ser realizados
estudos clínicos controlados para obter evidências clínicas adequadas (MOURA et al, 2018).

2.3 FOTOGRAMETRIA TRIDIMENSIONAL

A fotogrametria tridimensional ou estereofotogrametria é uma técnica de imagem que


cria uma imagem de superfície 3D (foto 3D) do paciente usando várias câmeras ou várias
tomadas fotográficas. Em comparação com as fotografias 2D tradicionais possui uma grande
vantagem, uma vez que pode ser usada para planejar ou avaliar objetos ou faces em três
dimensões (WESSELIUS et al., 2019).
Esta técnica de imagem é um recurso já consolidado em várias áreas, como na confecção
de próteses buco-maxilo-faciais em sequelas de pacientes oncológicos (JABLONSKI et al.,
2019), na Odontologia legal para documentação e identificação de corpos (LEIPNER et al.,
2019), na reconstrução facial a partir de esqueletos encontrados, avaliação estética do volume
facial (FENG et al., 2018) e para efeitos faciais após a reabilitação dentária (STERENBORG
et al., 2018).
Na literatura, muito se questiona sobre os fatores que poderiam influenciar na
fotogrametria, um deles é o tom da pele. Ao comparar diferentes métodos de fotogrametria,
Wesselius et al. (2019) concluiu que o tom da pele não influencia a precisão da fotogrametria
tridimensional de maneira clinicamente relevante.
Utilizando um modelo 3D que apresentava um defeito oncológico na região orbitária,
Jablonski et al. (2019) buscou comparar a fidelidade de reprodução de imagem 3D entre um
escâner 3D a laser (NewTomVG; Cefla SC) e um método de fotogrametria (DI3D; Dimensional
Imaging Ltd). Estes autores encontram que o escâner 3D, mostrou-se mais preciso na cópia do
objeto, porém que essa diferença variou em no máximo 50 µm, sendo desta forma clinicamente
16

imperceptível. Além disso, o escâner a laser formou ângulos de visão limitados e uma
digitalização em maior tempo (JABLONSKI et al., 2019).
Dixit et al. (2019) afirmaram através dos resultados dos seus estudos que a fotogrametria
fornece texturas de superfície mais realistas e geometrias muito boas. A varredura de superfície
3D capturou geometrias mais precisas de amostras complexas e em amostras com superfícies
refletivas. O fluxo de trabalho de digitalização 3D e o método de captura são mais práticos para
amostras moles estáticos, e que dinâmicos poderia levar a distorções (DIXIT et al., 2019).
No campo da Odontologia forense, Villa (2016) demonstrou a validade do uso da
fotogrametria 3D, utilizando o software PhotoModeler (EOS Systems Inc.) para documentação
de lesões em um contexto patológico forense. Neste estudo a fotogrametria forneceu uma
documentação 3D permanente das lesões em pele com diferenças muito baixas com média ≤
0,06 cm e mediana ≤ 0,04 cm em lesões de pele profundas e uma diferença média 0,13 cm para
as lesões contusas (VILLA, 2016).
A pesquisa de Maal et al. (2011), por sua vez, avaliou um mesmo método de
fotogrametria 3D (3dMDCranialTM System, 3dMD LLC, Atlanta, USA) nos mesmos
pacientes, em um intervalo de seis semanas, para as variações na face em repouso. Esses autores
observaram uma variação média de 0,25 mm, variando de 0,21 a 0,27 mm, desvio padrão de
0,157 mm. Com relação as regiões anatômicas faciais, o nariz e a região frontal apresentaram
menos variações e maiores variações ocorreram nos olhos e boca (MAAL et al., 2011).
Ye et al. (2016) buscaram comparar a precisão, a confiabilidade e a reprodutibilidade
de um sistema estruturado de varredura de luz (3D CaMega, BWHX) e um sistema de varredura
de fotogrametria (3dMD) em rostos humanos. De acordo com os autores, não foi observado
diferença estatisticamente significantiva entre as três técnicas de medição, erro absoluto (EA),
porcentagem de erro absoluto (PEA) e coeficiente de relação intraclasse (CRI) (YE et al., 2016).
Ambos os sistemas de varredura demonstraram alta precisão (EA = 0,58 ± 0,37 mm e PEA=
1,11 ± 0,73% para o sistema de luz; EA = 0,62 ± 0,39 mm e APE 1,17 ± 0,71% para o sistema
de fotogrametria). Os dois sistemas demonstraram confiabilidade extremamente alta em
comparação com a medição do compasso de calibre (0,982 <ICC <0,998 para o sistema de luz
estruturada; 0,984 <ICC <0,999 para o sistema de fotogrametria). Além disso, foi observada
alta reprodutibilidade nos dois sistemas (0,981 <ICC <0,999 para o sistema de luz estruturada;
0,984 <ICC <1.000 para o sistema de fotogrametria).
Batistela et al. (2017) comparou a eficácia de cinco sistema de digitalização 3D o
Photoscan®, 123dCatch®, ReCap360®, PPT-GUI® e OpenMVG®+MVS®, utilizando-se, para
isso, a fotogrametria de um crânio. Segundo os autores, todos os sistemas apresentaram
17

resultados satisfatórios no que diz respeito a estrutura da malha tridimensional em relação as


áreas que foram adequadamente capturadas e quantitativamente pelo número de vértices e faces
que compuseram cada objeto virtual. Ainda segundo esse estudo, não foi possível identificar
um sistema melhor que o outro e sugeriram que a escolha deve depender do treinamento e
condições de trabalho. Quanto a funcionalidade, o Photoscan® foi considerado ótimo, entretanto
seu custo representou uma barreira para alguns grupos de pesquisa. O ReCap360® e
123dCatch® são fáceis de operar, porém dependem de acesso à Internet e têm funcionalidade
limitada. O PPTGUI® e o OpenMVG® +OpenMVS® apresentavam processamento sem
internet, mas sua operação requer maior experiência do usuário, sendo que para o segundo
sistema a velocidade de cálculo é maior (BATISTELA et al., 2017).
18

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Identificar se existe diferença na região da bochecha através da fotogrametria


tridimensional após lipectomia bucal e verificar a percepção dos profissionais quanto as
mudanças faciais após o procedimento.

3.2 ESPECÍFICO

• Identificar se ocorre alterações estéticas na região da bochecha após a realização de


lipectomia bucal;
• Quantificar alterações estéticais faciais após a realização de lipectomia bucal e associá-
las com a quantidade de gordura removida;
• Constatar se as alterações estéticas faciais são perceptíveis subjetivamente por
profissionais;
19

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ABORDAGEM E TIPOLOGIA DA PESQUISA

Trata-se de um ensaio clínico quase-experimental para avaliar a eficácia do


procedimento cirúrgico lipectomia bucal em pacientes operados no Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Buco-maxilo-facial no Departamento de Odontologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), localizado no município de Natal/RN, durante o período de
Junho de 2019 a Julho de 2020, que estejam dentro dos critérios de inclusão e exclusão do
presente trabalho e que concordem em participar do estudo mediante autorização do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO E AMOSTRA

A amostra foi composta por 15 pacientes, totalizando 30 hemi-faces, captados através


de cartazes físicos e redes sociais, e selecionados por conveniência, visto que o serviço que
fornece assistência ao projeto recebe paciente com livre demanda. Esta pesquisa foi submetida
à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa Central do Campus da UFRN, sendo aprovado
sob número do Parecer: 3.305.761, disponível no Anexo A.

4.3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA

Foram incluídos pacientes entre 19 e 35 anos, de ambos os sexos, que apresentaram


queixa funcional de trauma oclusal referida na mucosa jugal e/ou que relatem prejuízo social-
estético pela característica de rosto ovalado/arredondado, que concordaram em participar após
serem informados dos propósitos da pesquisa. Foram excluídos do estudo: portadores
hipoplasia transversa de maxila, hipoplasia do osso zigomático, deficiência de terço médio
facial, ou possuir deformidade dentofacial padrão II ou III; realizar tratamento ortodôntico,
possuir terceiro molares inclusos ou semi-inclusos, portadores de síndromes craniofaciais;
portadores de fissura labiopalatinas; paciente que já realização alguma cirurgia ortognática
prévia; assimetrias faciais que superem 4 mm de diferença entre os dois antímeros; paciente
que alterassem o massa corporal em cinco quilogramas.
20

4.4 VARIÁVEIS

Abaixo podemos verificar o quadro das variáveis independentes relativas as


características demográficas e as variáveis referente ao procedimento cirúrgico e alterações
estético funcionais., dispostas nos quadros 1 e 2.

Quadro 1. Variáveis relativas as características individuais demográficas.


Categoria/
Variável Tipo Definição Natureza do dado Escala de
medida
Idade no momento
Idade Co-variáveis Quantitativa contínua Anos
da cirurgia
Distinção natural de Categórica nominal Masculino
Sexo Co-variáveis
sexo mutualmente exclusiva Feminino
Massa Massa corporal
Co-variáveis Categórica contínua Quilograma
corporal durante os tempos
Fonte: própria.

Quadro 2. Variáveis relativas as alterações do procedimento cirúrgico e alterações estético-


funcionais.
Escala de
Variável Tipo Definição Natureza do dado
medida
Tempo Tempo decorrido
Independente Quantitativa Contínua Minutos
operatório durante a cirurgia
Alteração em seis
Alteração de
Dependente zonas na região da Quantitativa Contínua Milímetro
tecido mole
bochecha
Traumatismo Categórica nominal
Presente
na região Indepentente Traumatismos dicotômica mutualmente
Ausente
jugal exclusiva
Traumatismo Categórica nominal Esquerdo
Lado em que mais
na região Indepentente dicotômica mutualmente Direito
ocorre o traumatismo
jugal exclusiva Ambos
Quantidade Medição da
Gramas e
de gordura Independente quantidade de Quantativa Contínua
mililitros
coletada gordura removida
21

Escala visual
Dor pós- Dor classificada por
Independente Quantitativa Discreta analógica (0-
operatória escala analógica
10)
Fonte: própria.

4.5 PROTOCOLO FOTOGRÁFICO

As fotografias faciais foram realizadas pelo mesmo profissional com a mesma câmera
(Canon EOS Rebel - T6i®) sob ISO 100, abertura do diafrágma de 7.1, a uma distância de 1,5
mm do alvo/paciente. No protocolo proposto para a fotogrametria pelo desenvolvedor, foram
realizadas 26 fotografias com olhos fechados a mão livre, sendo 13 em 0° em relação a face e
13 com em média 35° de baixo para cima, como mostrado na figura 1, no ambulatório do setor
de Cirurgia Buco-maxilo-facial do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.

Os pacientes ficaram sentados, com os pés apoiados no chão e orientados a


permanecerem na dimensão vertical de repouso com lábios relaxados, mantendo uma
respiração nasal com tranquilidade. Para diminuir o brilho da pele dos pacientes e melhorar a
possibilidade de leitura do software, foi utilizado pó-compacto translúcido (Photo Microfinish
Powder - Playboy®) para diminuir deixar a pele matificada. Nos pacientes que tinham cabelo
longos que pudessem cobrir a região frontal e temporais, foi utilizado faixa para que a linha do
cabelo ficasse bem delimitada e exposta. Os homens precisavam remover toda a barba em cada
tempo operatório. Para tanto nesse momento, foi oferecido ao paciente o termo de autorização
para uso de imagem, concomitantemente a apresentação do TCLE.
22

Figura 1. Esquema ilustrativo do protocolo fotográfico, evidenciando a ordenação e angulação das


tomadas fotográficas. Fonte: própria. Adaptado do desenvolvedor do sistema OrtogOnBlender. Fonte:
própria.

Foi realizado a obtenção do protocolo fotográfico descrito em 2 tempos: T0: pré-


operatório, T1: pós-operatório de 10 meses. As imagens foram processadas no software gráfico
de domínio público OrtogOnBlender® que utiliza o sistema de digitalização OpenMVG (Open
Multiple View Geometry library), que calcula a nuvem esparsa de pontos e o OpenMVS (Open
Multi-View Stereo reconstruction library) que calcula a nuvem densa de pontos.

Após o processamento da fotogrametria, o programa exibe algumas opções: uma malha


tridimensional, um objeto e a texturização da face. Logo após estas foram cortadas
permanecendo apenas a face em evidência. Após isso a imagem será calibrada individualmente
23

a partir da distância intercantal e o ponto mais inferior do mento de cada paciente. Para
enriquecer os detalhes da imagem tridimensional, foram utilizados os seguintes modificadores:
Smooth, que alisa a malha dando um aspecto mais suave e o Displace que cria um relevo na
malha usando como referência a sua textura. Na figura 2, pode ser verificado as mudanças nas
opções de apresentação tridimensional, e na figura 3, a mudança na textura das malhas com a
adição dos modificadores.

Figura 2. Imagens que mostram as mudanças no modo objeto após a aplicação dos
modificadores. A: Fotogrametria original. B: Fotogrametria após Smooth. C:Fotogrametria
após Smooth e Displace. D: Fotogrametria após Smooth, Displace e Multiplace. Fonte: própria.
24

Figura 3. Imagens que mostram as mudanças no modo malha após a aplicação dos
modificadores. A: Malha original. B: Malha após Smooth. C: Malha após Smooth e Displace.
D: Malha após Smooth, Displace e Multiplace. Fonte: própria.

Além do protocolo fotográfico para realização da fotogrametria, foi realizado


fotografias frontais, ¾ direita e esquerda, e perfil de todos os pacientes com olhos aberto. Neste
momento foi aferido e fotografado a abertura bucal com paquímetro digital.

4.6 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO E PÓS-OPERATÓRIO


Os pacientes foram operados sob anestesia local por um único Cirurgião Buco-Maxilo-
Facial. Foi realizada profilaxia antibiótica com Amoxicilina 1g e para prevenir o edema
Dexametasona 8mg e para analgesia pré-operatória com Paracetamol 500mg uma hora antes do
procedimento cirúrgico.
25

Foi realizado anestesia do nervo alveolar superior posterior bilateral com lidocaína 2%
com 1:100.000 de epinefrina epinefrina (Nova DFL®). Foi realizada a técnica em “T” intrabucal
como descrita por Alvarez e Siqueira (2018), como demonstrado na figura 4. Foi removido a
maior quantidade possível da porção bucal do CAB, até ser identificado o pedículo que o liga
a cinta muscular. A quantidade de gordura foram conferidas com seringas de 10 ml e pesadas
com uma balança da precisão (Gehaka BG 2000®). Após o procedimento cirúrgico foi realizado
sutura com fio seda 3-0 (Technew®)

Figura 4. Fotografia do planejamento da incisão. Círculo amarelo representa a região do ducto da


glândula parótida. Pontilhado amarelho uma linha perpendicular ao fundo de vestíbulo. A linha roxa
representa a região onde localiza-se a veia bucal. Pontilhado vermelho o local da incisão. Fonte:própria.

No pós-operatório foi utilizado apenas o Paracetamol 500 mg, de 4/4 horas durante 2
dias. Além disso, foi realizado bandagens bilaterais com kinesio-taping (TMAX Profssional®)
como mostrado na figura 5, com ponto de ancoragem na região pré-auricular e submandibular.
Foi orientado aos pacientes a permanecer nas 48 horas pós-operatórios.
26

Figura 5. Imagem ilustrativa mostrando como foram instaladas as bandagens com Kinesiotaping.
Fonte: própria

4.7 ANÁLISE DOS DADOS

4.7.1 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL

As imagens digitais 2D pré e pós-operatório foram disponibilizadas através de


Formulário digital confeccionado pelo Formulário Google® para Cirurgiões Buco-maxilo-
faciais e especialistas em Harmonização facial, distribuídos via e-mail e aplicativos de
mensagem.
O formulário foi composto pelas fotografias nas normas frontal, ¾ direita e esquerda
dos pacientes lado a lado, correspondendo ao pré e pós-operatório. Os profissionais deveriam
indicar quais das fotografias corresponderiam ao pré e ao pós-operatório, se considerariam que
algum dos lados teve maior alteração e qual a região que estes consideram a maior alteração, a
partir da subdivisão mostrado na figura 6. O modelo do questionário pode ser verificado no
ANEXO C.
27

Figura 6. Subdivisão da região subzigomática em que os profissionais deverão assinalar a região


que consideram maior alteração tecidual.

4.7.2 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA ALTERAÇÃO FACIAL

Após os tratamentos das fotogrametrias tridimensionais os tempos operatórios T0-T1,


foram sobrepostos com o auxílio do software de livre acesso GOM inspect® 2018. O
alinhamento das fotogrametrias foi realizada inicalmente manualmente pela distância
intercantal e do ponto mais inferior na linha média do mento, posteriormente foi realizada um
pré-alinhamento e best-fit local por elementos nominais. Foi definido um limite de 8 mm no
expectro de cor, o que estiver mais vermelho estará mais próximo aos +8 mm, e azul quando
essa alteração for de -8 mm, como mostrado na figura 7. Foi admitido para a malha em T0,
valores zero, e posteriormente foi medido as mudanças que ocorram nas zonas da bochechas.
A área de interesse em encontrar alterações advindas do procedimento cirúrgico, foi
a zona subzigomática, uma área pertencente ao triângulo subzigomático, região margeada
medialmente pelo sulco nasolabial, superiormente pela eminência malar e lateralmente pelo
músculo masseter, pode ser observado na figura abaixo. A zona subzigomática foi dividida em
região anterior, média e posterior, e a partir da escala de cores, foi definido a região que
demonstra maior alteração.
28

Figura 7. Escala de cores utilizada para ilustrar alterações de tecido mole.


Fonte:própria.

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para verificar as correlação entre as variáveis quantitativas utilizou-se a Coeficiente


de Spearman, a correlação foi interpretada seguindo Dawson et al. (2001). O teste de Wilcoxin
foi utilizado para avaliar se houve diferença estatisticamente significativa nas zonas faciais
entre T0 e T1. As análises estatísticas foram analisadas no SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences - Inc., Chicago, USA) na versão 20.0 e todos os valores de p foram considerados
estatisticamente significativos quando p<0,05.
29

5 RESULTADOS

5.1 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS ZONAS FACIAIS


A amostra foi composta por 15 pacientes, um total de 30 hemifaces, três do sexo
masculino e 12 do sexo feminino, sendo 11 leucodermas e 4 feodermas. A idade média foi de
27,78 anos (21-34 anos) no momento do procedimento cirúrgico. A EVA de dor média
mensurada foi de 2,13 com 7 dias pós-operatório. A abertura bucal teve como mediana a
diminuição de 14 mm (Q25-9,5; Q75-18,4) aos 7 dias pós-operatório, retornando ao parâmetro
inicial com 1 mês pós-operatório em todos os pacientes. A quantidade de gordura em gramas
foi correspondente a quantidade de gordura observada em mililitros. Para cada lado foi utilizado
1,75 tubete anestésico.

Oito pacientes apresentavam queixas funcionais, uma delas apenas unilateralmente,


neste lado desta paciente foi removido o dobro de CAB que o contra-lateral. Todos os pacientes
que tinham queixa funcional relataram melhora no volume da bochecha no pós-operatório
imediato, não retornando o hábito de morder a bochecha durante o período de acompanhamento
de 10 meses.

Os pacientes não alteraram a massa corporal em mais de cinco quilos durante o


acompanhamento e não foi encontrada correlação estatisticamente significantiva entre o massa
corporal e a quantidade de gordura removida (p<0,850). Não pode ser observada correlação
estatisticamente significativa entre o tempo operatório e a limitação de abertura bucal (p<0,279)
e a EVA (p<0,314). Não foi observada correlação entre a idade do paciente e a quantidade de
gordura removida (p<0,600). Durante a abordagem das 30 hemifaces, foi observada apenas uma
complicação pós-operatória, um hematoma mediato, o que correspondeu a 3% dos
procedimentos. As variáveis avaliados no transoperatório podem ser verificadas na tabela 1.
30

Tabela 1. Análise descritiva das variáveis quantitativas transoperatórias.

Gordura Removida (gramas) n Média DP Mediana Q25-Q75


Lado Direito 15 3,71 1,84 3,51 3,14-4,29
Lado Esquerdo 15 3,93 1,04 3,96 3,26-4,59
Total de hemi-face 30 3,82 1,11 3,67 1,74-6,15
Total por paciente 15 7,58 2,15 7,17 5,4-12,0
Tempo operatório (minutos) N Média DP
Lado Direito 15 19,26 6,54
Lado Esquerdo 15 21,53 5,61
Total por paciente 15 40,80 10,31
Fonte: própria.

A Zona 2 foi a região que representou maior alteração quantitativa superando as outras
áreas em 50% dos casos, seguido pela zona 1 e 5, ambas cada uma com 13,3%, estes dados
podem ser verificados a seguir.

Tabela 2. Alterações médias e desvio-padrão de cada zona facial.


Zona n Média (mm) DP
Zona 1 30 -1,99 1,25
Zona 2 30 -3,14* 2,52
Zona 3 30 -2,07 2,37
Zona 4 30 -1,55 1,25
Zona 5 30 -2,82* 2,46
Zona 6 30 -1,55 1,73
Fonte: própria.

O Coeficiente de correlação de Spearman mostrou uma correlação negativa de baixa a


moderada entre a quantidade de gordura removida e a alteração na zona facial 2 e 5 levando em
consideração todas as hemifaces (p<0,028). Observou-se uma correlação negativa moderada a
alta, entre a quantidade de gordura removida do lado direito com a alteração tecidual ocorrida
na zona 1 e 2, com p<0,028 e p<0,026, respectivamente. Não foi observado correlação
estatisticamente significativa entre a quantidade de gordura removida e as zonas na hemiface
esquerda. Os dados completos podem ser verificados na tabela a seguir.
31

Tabela 3. Coeficientes de Correlação de Spearman entre a quantidade de gordura removida e


as alterações na zonas faciais do lado direito, esquerdo e por todas as hemifaces.

Lado Direito Lado Esquerdo Total


Zona R P r P r p
1 R= -0,564* 0,028* R= -0,282 0,308 R=-0,343 0,064
Gordura 2 R= -0,521* 0,046* R= -0,393 0,147 R=-0,401* 0,028*
removida 3 R= -0,306 0,268 R= -0,341 0,214 R=-0,312 0,094
(gramas) 4 R=-0,264 0,341 R= -0,200 0,475 R=-0,234 0,214
5 R=-0,439 0,101 R= -0,424 0,215 R=-0,400* 0,028*
6 R=-0,366 0,179 R= -0,330 0,230 R=-0,284 0,129
Fonte: própria.

O teste de Wilcoxon revelou diferença estatisticamente significativa em todas as zonas


faciais entre T0 e T1 (p<0,001). O tamanho do efeito “r” foi classificado como grande em todas
as zonas faciais avaliadas, por todos apresentarem “r”>0,50, este dados pode ser vestificado na
tabela a seguir.

Tabela 4. Comparação entre alterações ocorridas entre T0 e T1 em relação a zonas faciais.

Tempo
Zona Ranks Mediana Quartil p r
Operatório
T0 0,0 0,00 -
Zona 1 <0,001 0,60
T1 15,0 -2,02 -1,05- -2,29
T0 0,00 0,00 -
Zona 2 <0,001 0,59
T1 14,5 -2,03 -1,06- -3,55
T0 0,00 0,00 -
Zona 3 <0,001 0,56
T1 13,0 -1,18 -1,18 - -2,96
T0 0,0 0,00 -
Zona 4 <0,001 0,59
T1 14,5 -1,43 -1,08- - 2,02
T0 0,0 0,00 -
Zona 5 <0,001 0,58
T1 14,0 -2,13 -1,80- -3,70
T0 0,0 0,00 -
Zona 6 <0,001 0,55
T1 12,5 -0,71 - 0,81- - 2,15
Fonte:própria.

O teste de Wilcoxon não revelou diferença estatisticamente significativa em todas as


zonas faciais quando comparados entre os lados (p>0,005). O tamanho do efeito “r” foi
classificado como “sem efeito” em todas as zonas faciais, por todos “r”<0,20 como pode ser
verificado na tabela 5.
32

Tabela 5. Comparação entre alterações ocorridas entre os lados em relação a zonas faciais.

Zona Lado Ranks Mediana Quartil p r


Direito 5,53 -2,04 -3,57- -2,29
Zona 1 <0,112 -0,20
Esquerdo 9,78 -2,29 -2,42 - -2,07
Direito 5,36 -3,02 -4,79- -1,78
Zona 2 <0,346 -0,12
Esquerdo 9,64 -1,87 -5,06- -0,81
Direito 8,80 -1,19 -5,07- -0,17
Zona 3 <0,363 -0,11
Esquerdo 7,60 -1,08 -2,48 - -0,46
Direito 8,25 -1,07 -2,51- -0,30
Zona 4 <0,773 -0,04
Esquerdo 7,71 -1,49 -2,40- -0,55
Direito 7,25 -2,20 -5,12- -0,49
Zona 5 <0,910 -0,01
Esquerdo 8,86 -2,04 -5,31- -0,19
Direito 6,08 -0,69 -3,36 - -0,13
Zona 6 <0,315 -0,12
Esquerdo 8,56 -0,84 - 2,26- 0,00
Fonte:própria.

5.2 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL

Sessenta profissionais avaliaram a fotografias em duas dimensões, 66% destes eram


Cirurgiões Buco-maxilo-faciais, 10,6% atuando com Harmonização facial e 23,4% eram
ortodontistas. O tempo médio de atividade profissional foi de 6,74 anos, variando de um ano
até vinte e três anos.
O índice de acerto de qual das fotografias correspondia ao pré-operatório foi de 69,86%
dos participantes, não foi encontrada uma correlação entre o acerto dos profissionais e
quantidade de gordura removida (p<0,835). 40,72% dos participantes consideraram que o
resultado do procedimento era pouco perceptível, 74,06% dos participantes consideraram que
o resultado foi semelhante nos dois lados. A zona facial 2 foi a mais assinalada como a que
tinha maior alteração em ambos os lados, com percentuais de 33,27% no lado direito e 36,85%
no lado esquerdo.

.
33

21,6%
32,28% Perceptível
Muito perceptível
Pouco perceptível
Imperceptível
40,72%
5,4%

Gráfico 1. Gráfico que mostra a opinião sobre o resultado da lipectomia bucal por profissionais.
Fonte:própria.

5.3 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA

O material colhido no procedimento cirúrgico foram enviados para a análise


histopatológica e todos os espécimes apresentavam características de normalidade como
mostrado na figura a seguir.
34

Figura 8. Fotomicrografia no aumento de 100x, corado em hematoxilina/eosina evidenciando a


presença de adipócitos maduros interceptados com delgados feixes de colágeno, formando
lóbulos. Pode-se também observar a presença de vasos sanguíneos de diferentes tamanhos e
calibres, além da fascículos nervosos.
35

6 DISCUSSÃO

A lipectomia bucal trata-se de uma lipoplastia estético-funcional que tem como objetivo
melhorar o contorno da região da bochecha pela remoção do tecido adiposo conhecido por bola
de Bichat (FARIA et al, 2018). Regulamentado pelo Conselho Federal de Odontologia no artigo
6, inciso f., da resolução 198 de 29 de Janeiro de 2019 (CONSELHO FEDERAL DE
ODONTOLOGIA, 2019), esse procedimento cirúrgico ganhou popularidade, mesmo
necessitando de evidências científicas para embasar o seu planejamento e execução.
A quantidade de gordura removida no nosso estudo por hemiface é semelhante com os
achados encontrados por Farias et al. (2018), onde uma média de 3,2 ml por CAB foi
encontrado, porém superior a média encontrada por Sezgin et al. (2019) que foi de 2,74 ml. No
nosso estudo, essa quantidade em gramas do CAB não teve relação com a massa corporal,
corroborando com os dados na literatura que sugerem ausência desta relação (KRUGLIKOV et
al., 2016).
O tempo pós-operatório foi maior do lado esquerdo, provavelmente pelo cirurgião ser
destro e existe uma dificuldade inerente para encontrar CAB contra-lateral. Apesar disto, esse
fato não contribuiu para o aumento da dor no pós-operaóno. O tempo do procedimento cirúrgico
foi semelhante ao encontrado no estudo de Farias et al. (2018) com uma média de 40 minutos.
Segundo a série de casos apresentado por Rodriguez et al. (2018), a utilização de um protocolo
de fotobiomodulação com laser vermelho de baixa potência, utilizando 2J por segundo em três
pontos intrabucal com 2J por segundo e quatro pontos extrabucais pode trazer benefício na dor
e no edema pós-operatório.

Muitas podem ser as complicações durante a manipulação do CAB, no nosso trabalho,


tivemos apenas uma intercorrência de um hematoma mediato ao procedimento cirúrgico,
controlado por medidas locais, além da utilização de bisturi elétrico, semelhante a alguns casos
descritos na literatura (CEPEDA et al, 2018). A taxa de complicação encontrada foi semelhante
a dados existentes na literatura de 1,69% (FARIAS et al.2018). Apesar da complicação, os
resultados estéticos e funcionais foram mantidos no pós-operatório.

Os resultados estéticos a longo praso da lipectomia bucal são desconhecidos mas se


conjectura que a sua remoção possa levar a uma complicação descrita como “pseudoherniação
das estruturas adjacente” devido a perda de sustentação no sistema músculo aponeurótico
superficial (SMAS), podendo levar a características de envelhimento facial precoce
(MATARAZZO, 2006). Esta teoria ganha força com o estudo conduzido em cadáveres por
36

Gierloff et al. (2012) que verificou que a perda de volume do CAB proveniente do
envelhecimento, junto com a força da gravidade, são responsáveis pela migração inferior de
alguns compartimentos de gordura superficiais, contribuindo para a formação da concavidade
abaixo da borda inferior do músculo orbicular do olho e do aprofundamento do sulco nasolabial.
No nosso estudo, não foi possível detectar nenhum caso de pseudoherniação devido
provavelmente a amostra ser composta por indivíduos com média de idade de 28 anos. Também
é preciso deixar claro que a indicação para a remoção do CAB em metade dos nosso pacientes
foi funcional, sem terceiros molares que pudessem justificar o mordiscatum.

Apesar da tentativa de se encontrar uma relação numérica entre a quantidade removida


e as repercussões estéticas faciais, elas ainda são obscuras. Neste trabalho, verificamos uma
correlação que as maiores alterações aconteceram naqueles pacientes em que a quantidade
removida de gordura foi maior. Desta forma, concordamos que seria importante saber no pré-
operatório qual a espessura médio-lateral do CAB assim como Sezgin et al. (2019), pois apesar
deste poder ter um volume considerável, ele pode estar distribuído numa extensão antero-
posterior, com isso, não gerando grande efeitos na região. Jaeger et al. (2016) sugeriram que o
uso da ultrassonografia pode melhorar o diagnóstico e decisão clínica, evitando cirurgias
desnecessárias e diminuindo as expectativas irreais dos pacientes.

Os nossos resultados sugerem que a lipectomia bucal como procedimento isolado gera
alterações exclusivamente na região da bochecha, especificamente no triângulo subzigomático
(zona 2 e 5), aplainando ou deixando-o mais côncavo, desta forma, não podemos extrapolar a
expectativa do resultado para outra regiões da face. Essa concavidade subzigomática é uma
característica comum da esqueletização da face que viria a acontecer no envelhedimento facial
fisiológico (NAINI et al. 2011).

No nosso entendimento, a realização da lipectomia bucal seria um procedimento


direcionado para paciente jovens adultos, visto que o volume médio do CAB difere com a idade.
Segundo o estudo com tomografias computadorizadas de Xiao et al. (1999), o CAB tende a
aumentar de volume passando de 4.075,5 mm3 até os 10 anos de idade, para 6290,5 mm3 entre
os 11 e 20 anos e para 8.146,0 mm3 em 21 e 50 anos. Esse volume viria a cair após os 50 anos
de idade para 7.068,5 mm3. Diante do exposto, remover um tecido gorduro de pacientes adultos
maduros, acima dos 40 anos, não faria sentido visto que já existe deflação dos compartimentos
adiposos superficiais e da transformação dos adipócitos jovens em adipócitos-miofibroblastos
(WOLLINA et al, 2017). Em paciente adultos maduros e idosos indicaríamos procedimentos
cirúrgico e não cirúrgicos para reestabelecimento do volume dos compartimentos adiposos
37

superficiais como a utilização de fios de tracionamento, ritidectomia, preenchimentos faciais e


bioestimuladores de colágeno (TAN; KONTIS, 2015; WANG, W. et al., 2017).

A fotogrametria tridimensional pelo método de OpenMVG®+MVS® mostrou-se


satisfatório na formação da estrutura da malha tridimensional com relação a área capturada e
pela quantidade do número de vértices e faces do objeto, sendo semelhante a outros programas
como o Photoscan®, 123dCatch®, ReCap360®, PPT-GUI® (BATISTELA et al., 2017). Apesar
do nosso método ser sensível as alterações faciais após a lipectomia bucal, as médias de
mudanças são tão milimétricas, que se considerarmos que apenas mudanças superiores a 4 mm
são perceptíveis ao olho humano (MEYER-MARCOTTY et al. 2011), estas não seriam
identificáveis. Mesmo assim, quase 3/4 dos profissionais da nossa pesquisa conseguiram
distinguir o pré e pós-operatório, porém isso pode ter acontecido pela capacidade técnica dos
profissionais, além destes estarem fazendo a análise em fotografias pareadas. Apesar do acerto
de quase 70% dos participantes, a grande maioria em torno de 40% julgou o procedimento como
pouco perceptível, evidenciando a dificuldade encontrada em identificar as mudanças.
Diante do nosso estudo, acreditamos que seja de fundamental importância a realização
de uma análise facial adequada, levando em consideração principalmente dois aspectos faciais
para que os resultados tornem-se mais perceptível, são eles: uma boa projeção do osso
zigomático antero-posterior e latero-lateral, assim como uma base mandíbular bem definida.
38

7 CONCLUSÃO

• A fotogrametria tridimensional conseguiu comprovar as alterações mesmo que


milimétricas após a realização da lipectomia bucal;
• Os resultados da lipectomia foram percebidos pela maioria dos profissionais;
• As zonas 2 e 5 subzigomáticas são a regiões que mais diminui após a realização da
lipectomia bucal;
39

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43

ANEXO A- PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


44
45

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE


a) (Para Maiores de 18 anos)

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Avaliação Estético-Funcional, da


Percepção Profissional, Satisfação e Qualidade de Vida de Pacientes Submetidos apenas a Lipectomia
Bucal”, que tem como pesquisador responsável Prof. Dr. Adriano Rocha Germano.
Esta pesquisa pretende avaliar se a bichectomia (cirurgia que remove a gordura das
bochechas) melhora a estética do rosto, além de diminuir os traumas ao morder a bochecha e se
os pacientes ficam satisfeitos com a cirurgia.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é melhorar o conhecimento sobre a bichectomia, já
que este é a única cirurgia a ser realizada para melhorar a estética da região das bochechas e diminuir
as mordidas na região da bochecha.

Caso você decida participar, você será submetido a uma cirurgia de remoção de gordura das
bochechas que durará cerca de 30 minutos, por um cirurgião buco-maxilo-facial experiente. Será
realizado fotografias antes da cirurgia e uma semana, 1 mês, 3 meses e 6 meses após a cirurgia.
Antes da cirurgia e 6 meses após será realizado um questionário para saber se você gostou do
resultado da bichectomia, como ficou as mordidas nas bochechas enquanto você mastiga e se você
gostou do resultado final da cirurgia. Neste questionário você não precisará escrever apenas assinalar
com um “X”, que dura cerca de 5 minutos para serem respondidos. A gordura removida após a cirurgia
pode variar podendo ser removido até 5 ml.

As fotografias serão realizadas uma semana antes da cirurgia no Departamento de


Odontologia. A cirurgia será realizada com anestesia local (na região das bochechas) no Centro
Cirúrgico do Departamento de Odontologia, este ambiente dispõe de materiais suficiente caso ocorra
algum problema durante a cirurgia. Todos os seus dados e suas fotos serão armazenadas em um
computador com senha de forma a garantir a sua privacidade.
Como todo procedimento cirúrgico, a bichectomia tem alguns riscos pequenos. Podem
ocorrer pequenos sangramentos e um inchaço que pode durar até 1 mês após a cirurgia. Pode
acontecer um desconforto mínimo pelo inchaço que será minimizado pela utilização de
46

medicamentos e utilização de compressas geladas nos primeiros 3 dias e você terá como benefício
poderá melhorar a estética das bochechas, deixando-as menos redondas e diminuir a quantidade
que morde as bochechas. As gorduras retiradas serão armazenadas no Laboratório de Anatomia
Patológica do Departamento de Odontologia avaliação em microscópio.

Em caso de algum problema que você possa ter relacionado com a cirurgia ou a
pesquisa, você terá direito a assistência gratuita que será prestada pela Setor Cirurgia Buco-
maxilo-facial no Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Prof.
Dr. Adriano Rocha Germano se dirigindo ao Departamento de Odontologia na Av. Sen. Salgado
Filho, 1787 - Lagoa Nova, Natal - RN, CEP: 59056-000, pelo e-mail
adrianogermanoufrn@yahoo.com.br ou pelo telefone 084 3215-4130.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase
da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornece serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, sempre de forma anônima, não havendo divulgação de nenhum
dado que possa lhe identificar. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.
Os gastos pela sua participação nessa pesquisa serão assumidos pelo pesquisador e
reembolsado para vocês.
Se você sofrer qualquer dano decorrente desta pesquisa, sendo ele imediato ou tardio, previsto
ou não, você será indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa – instituição que avalia a ética das pesquisas antes que elas comecem e fornece proteção
aos participantes das mesmas – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones (84)
3215-3135 / (84) 9.9193.6266, através do e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br Você ainda pode ir
pessoalmente à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, s/n. Campus Central, Lagoa
Nova. Natal/RN.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável, Prof. Dr. Adriano Rocha Germano.

Consentimento Livre e Esclarecido


Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para
mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Avaliação
Estético-Funcional, da Percepção Profissional, Satisfação e Qualidade de Vida de Pacientes
47

Submetidos apenas a Lipectomia Bucal”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas
em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal (RN), _____ de ____________ de 2019.

Impressão
datiloscópica do
participante

___________________________________
Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável


Como pesquisador responsável pelo estudo “Avaliação Estético-Funcional, da Percepção
Profissional, Satisfação e Qualidade de Vida de Pacientes Submetidos apenas a Lipectomia Bucal”,
declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos
metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo,
assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –
CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal (RN), ______ de _______________de 2019.

_______________________________________________
Adriano Rocha Germano
Pesquisador Responsável
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ANEXO C – QUESTIONÁRIO DA PERCEPÇÃO PROFISSIONAL


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ANEXO D – SOBREPOSIÇÕES COM MAPA DE CORES


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