Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GOIÂNIA
2018
RENATA ELISA BATISTA
GOIÂNIA
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.
CDU 575
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me foi luz e me ouviu nos momentos difíceis,
me confortou e me deu forças para continuar.
Agradeço aos meus pais e minha irmã, que não só neste momento, mas em toda minha
vida estiveram ao meu lado, me ensinando valores, fornecendo apoio, amor, e estímulo em
todas as situações. Obrigada por toda força e paciência, sei que esse período foi difícil, mas sem
vocês eu não teria conseguido! Vocês são a razão da minha vida!
Agradeço aos meus avós, por todo cuidado, carinho e apoio incondicional, sei que têm
um orgulho imenso de mim.
Agradeço ao meu namorado, que esteve presente nesse momento aguentando minhas
crises de choro, me auxiliando, ficando em silêncio, fazendo massagem, e que apesar de todo o
estresse, não deixou de me apoiar dizendo que tudo daria certo.
À minha orientadora Prof.a Dra. Daniela de Melo e Silva, agradeço pelo auxílio,
incentivo e confiança, além de tudo o conhecimento passado. Obrigada pela oportunidade de
fazer parte desse projeto!
Agradeço à minha coorientadora Ma. Jheneffer Sonara Aguiar Ramos, pela
disponibilidade, paciência, dedicação e incentivo. Você é uma pessoa maravilhosa, muito
obrigada por todo o ensinamento passado.
À equipe do Laboratório de Mutagênese (LabMut) da Universidade Federal de Goiás
por todo o apoio, auxílio e disposição na execução da metodologia utilizada, vocês foram
essenciais para a execução desse estudo. Principalmente a Fernanda Godoy, Hugo Freire,
Hemily Gonçalves, Akemi Hosokawa e Késsia Almeida. Em especial agradeço à Alice Tâmara,
Camilla Lima e Thays Millena por me fazerem rir e me ampararem nos momentos de tristeza.
Agradeço aos trabalhadores por aceitarem participar da pesquisa e o apoio da Secretaria
de Saúde de Silvânia.
À equipe do Laboratório de Análises Clínicas e Ensino em Saúde (LACES/UFG) pela
oportunidade de estágio e pela realização das análises hematológicas e bioquímicas.
Agradeço a Alessandro Arruda Alves e Fernanda Ribeiro Godoy por aceitarem meu
convite e pela disponibilidade em avaliar esse trabalho.
Agradeço a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo auxílio
financeiro ao projeto que originou essa monografia.
LISTA DE FIGURAS
% Por cento
°C Graus Celsius
® Marca registrada
± DP Desvio padrão
< Menor que
> Maior que
≥ Maior ou igual
g/dL Grama por decilitro
M Molar
mA Miliamperes
mg/dL Miligrama por decilitro
mL Mililitros
mM Milimolar
mm3 Milímetro cúbico
pg Picograma
U/L Unidades por litro
V Volts
µL Microlitros
µm3 Micrômetro cúbico
ACh Acetilcolina
AChE Acetilcolinesterase
ALT (TGP) Alanina aminotransferase (transaminase glutâmico-pirúvica)
ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
AST (TGO) Aspartato aminotransferase (transaminase glutâmico-oxalacética)
BChE Butirilcolinesterase
BHC Benzene Hexachloride
CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média;
DDT Dicloro-Difenil-Tricloroetano
DL50 Dose letal média (50%)
DMSO Dimetilsulfóxido
DNA Deoxyribonucleic acid (Ácido Desoxirribonucleico)
EDTA Ethylenediamine tetraacetic acid (Ácido etilenodiamino tetra-acético)
EPI Equipamento de Proteção Individual
Gama-GT Gama glutamil transferase
HCM Hemoglobina corpuscular média
HDL High-density Lipoprotein (Lipoproteína de alta densidade)
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LabMut Laboratório de Mutagênese
LACES Laboratório de Análises Clínicas e Ensino em Saúde
LDL Low-density Lipoprotein (Lipoproteína de baixa densidade)
NaCl Cloreto de Sódio
NaOH Hidróxido de Sódio
pH "potencial Hidrogeniônico", uma escala logarítmica que mede o grau de
acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução
RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude de Distribuição dos Glóbulos
Vermelhos
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
Tris Tris-hidroximetilaminometano
UFG Universidade Federal de Goiás
VCM Volume corpuscular médio
VLDL Very-low-density Lipoprotein (Lipoproteína de densidade muito baixa)
WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS........................................................................................................................ 15
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 15
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 15
3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 16
3.1 Agrotóxicos ....................................................................................................................... 16
3.1.1 Definição e classificações ............................................................................................... 16
3.1.2 Consumo no Brasil e no mundo ...................................................................................... 18
3.2 Impactos dos agrotóxicos na saúde humana ................................................................. 20
3.3 Exposição ocupacional aos agrotóxicos.......................................................................... 22
3.4 Biomonitoramento do risco ocupacional ....................................................................... 23
3.4.1 Dosagem de colinesterase ............................................................................................... 23
3.4.2 Ensaio Cometa ................................................................................................................ 25
4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 27
4.1 Caracterização do público alvo e aspectos éticos .......................................................... 27
4.2 Coleta e processamento das amostras biológicas .......................................................... 28
4.3 Análises laboratoriais ...................................................................................................... 28
4.4 Ensaio Cometa.................................................................................................................. 29
4.5 Análise Estatística ............................................................................................................ 30
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 31
5.1 Caracterização da população de estudo......................................................................... 31
5.2 Caracterização da exposição ........................................................................................... 33
5.3 Análise Bioquímica e Hematológica ............................................................................... 39
5.4 Ensaio Cometa.................................................................................................................. 49
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 55
APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ............... 68
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO CASO ............................. 69
APÊNDICE 3 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO CONTROLE ................. 77
ANEXO 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA .................. 81
RESUMO
Desde 2008, o Brasil lidera o ranking mundial de consumo de agrotóxicos, os quais têm sido
utilizados extensivamente em todo o mundo, tornando a população de trabalhadores expostos
ocupacionalmente mais susceptíveis aos efeitos nocivos desses compostos. Nesse contexto, o
objetivo do presente estudo foi avaliar os impactos da exposição ocupacional a agrotóxicos na
saúde de trabalhadores (agricultores e agentes de saúde pública) da cidade de Silvânia – Goiás,
com o uso de análises hematológicas e bioquímicas, preconizadas pelo Protocolo de Atenção à
Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, associadas a análise genotóxica, pelo ensaio
cometa. Foram avaliados por um estudo observacional do tipo caso-controle, 62 indivíduos,
homens e mulheres, expostos ocupacionalmente a agrotóxicos e 61 indivíduos controle sem
histórico ocupacional a agrotóxicos. Os participantes do estudo foram caracterizados quanto as
condições sócio demográficas e de exposição. Foram realizados hemograma com contagem de
reticulócitos e dosagens bioquímicas: glicemia, perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL,
VLDL e triglicérides), aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, Gama-glutamil
transferase e colinesterase plasmática. Além disso, foi realizada a avaliação do dano no DNA
pelo ensaio Cometa conforme metodologia descrita por Singh et al. (1988) com modificações.
O grupo exposto foi constituído por indivíduos com faixa etária média de 45,27 anos (±10,6
anos), sendo majoritariamente masculino (64,52%), 9,68% fumantes e 64,52% consumiam
bebidas alcoólicas. A exposição direta foi predominante (64,5%), dos quais 77,5% utilizavam
equipamentos de proteção individual (EPIs), e 17,8% afirmaram já ter sofrido intoxicação por
agrotóxicos, sendo os inseticidas predominantes entre um total de 78 diferentes tipos de
agrotóxicos relatados pelos trabalhadores. No geral, as médias dos parâmetros hematológicos e
bioquímicos avaliados se mostraram dentro dos valores de referência. Entretanto, observou-se
que as médias para ambos os sexos do parâmetro triglicérides, assim como o valor médio de
VLDL e glicemia para o sexo masculino se mostraram maiores que os valores descritos na
referência. Para o ensaio Cometa, ao comparar os grupos de estudo, foi demonstrado diferenças
estatisticamente significativas quando analisados os parâmetros comprimento da cauda (CC)
(p<0,001) e a porcentagem de DNA na cauda (% DNA) (p<0,001), indicando maior dano
genotóxico no grupo exposto em relação ao grupo controle. Não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas de dano no DNA ao analisar as variáveis sexo, hábito tabagista,
consumo de bebidas alcoólicas e o uso de EPIs, quando comparados aos parâmetros do cometa,
sugerindo que as alterações no DNA foram observadas principalmente devido a exposição a
agrotóxicos. Portanto, nesse contexto, faz-se necessário o biomonitoramento desses
trabalhadores ocupacionalmente expostos, como uma estratégia de vigilância em saúde, com
prevenção e promoção da saúde ocupacional.
Since 2008, Brazil has been leading the world ranking of pesticide use, which has been used
extensively around the world, making the population of occupationally exposed workers more
susceptible to the harmful effects of these compounds. In this context, the objective of the
present study was to evaluate the impacts of occupational exposure to pesticides on workers'
health (farmers and public health agents) in the city of Silvânia - Goiás, using hematological
and biochemical analyzes, as recommended by the Protocol of Attention to the Health of
Workers Exposed to Pesticides, associated to genotoxic analysis, by the comet assay. We
evaluated by an observational case-control study, 62 men and women occupationally exposed
to pesticides and 61 control subjects with no occupational history. The study participants were
characterized as regards demographic and exposure conditions. Blood counts were performed
with reticulocyte counts and biochemical measurements: glycemia, lipid profile (total
cholesterol, HDL, LDL, VLDL, and triglycerides), aspartate aminotransferase, alanine
aminotransferase, gamma-glutamyl transferase, and plasma cholinesterase. In addition, DNA
damage evaluation was performed by the Comet assay according to the methodology described
by Singh et al. (1988) with modifications. The exposed group consisted of individuals with a
mean age of 45,27 years (± 10,6 years), mostly male (64,52%), 9,68% smokers and 64,52%
consumed alcoholic beverages. Direct exposure was predominant (64,5%), of which 77,5%
used personal protective equipment (PPE), and 17,8% reported having been poisoned by
pesticides, with insecticides predominating among a total of 78 different types of pesticides
reported by workers. In general, the averages of hematological and biochemical parameters
evaluated were within the reference values. However, it was observed that the means for both
sexes of the triglyceride parameter, as well as the mean value of VLDL and glycemia for the
male sex, were shown to be higher than the values described in the reference. For the Comet
assay, when comparing study groups, statistically significant differences were demonstrated
when the tail length (CC) (p <0,001) and percentage of DNA in the tail (% DNA) parameters
were analyzed (p <0,001), indicating higher genotoxic damage in the exposed group in relation
to the control group. No statistically significant differences in DNA damage were observed
when analyzing the variables sex, smoking, alcohol consumption and the use of PPE when
compared to comet parameters, suggesting that changes in DNA were mainly observed due to
exposure to pesticides. Therefore, in this context, it is necessary to biomonitoring these
occupationally exposed workers, as a strategy of health surveillance, with prevention and
promotion of occupational health.
1 INTRODUÇÃO
amplamente utilizada para monitorar a exposição a agrotóxicos que reduzem seus níveis, como
os organofosforados e carbamatos (DA SILVA et al., 2014).
Em relação às alterações genotóxicas, o biomonitoramento genético é uma ferramenta
importante para estimar riscos genéticos relacionados à exposição a um composto específico
ou a uma mistura complexa de agrotóxicos e pode ajudar a identificar fatores de risco
relacionados à exposição a esses compostos (SILINS; HÖGBERG, 2011; GENTILE et al.,
2012). Uma ampla gama de métodos é atualmente usada para a detecção dos efeitos biológicos
precoces de agentes danificadores do DNA em ambientes ocupacionais, sendo o ensaio Cometa
uma das técnicas mais utilizadas para identificar os efeitos genotóxicos ocasionados pela
exposição a agrotóxicos (DA SILVA et al., 2008).
Segundo o Ministério da Saúde (SILVA et al., 2006), no Protocolo de Atenção à Saúde,
dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, estão descritas as ações para a Rede de Atenção do
SUS no que diz respeito a diagnóstico, prevenção e promoção a saúde relacionados aos agravos
à saúde desta classe de trabalhadores causados pelos agrotóxicos, sendo os exames laboratoriais
clássicos hematológicos e bioquímicos preconizados como mecanismo de biomonitoramento
ocupacional desses indivíduos.
Com isso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos genotóxicos da
exposição ocupacional a agrotóxicos em trabalhadores da cidade de Silvânia pelo ensaio
Cometa, e compará-los com as análises laboratoriais clássicas preconizadas pelo Protocolo de
Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, na tentativa de caracterizar os
grupos de risco mais propensos aos efeitos nocivos dos agrotóxicos, visando minimizar o
impacto causado na saúde dos trabalhadores.
15
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Agrotóxicos
[...] produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos
setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora
ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem
como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores
e inibidores de crescimento (BRASIL, 2002, p.1).
sanguíneas têm sido amplamente utilizadas para monitorar a exposição a agrotóxicos das
classes organofosforados e carbamatos (DA SILVA et al., 2014).
As análises são realizadas em microscopia, de forma que quando as células são coradas
com nitrato de Prata ou corante Giemsa, utiliza-se a microscopia óptica comum; e quando
utilizado brometo de Etídio, Laranja de Acridina, iodeto de propídeo ou Syber Green I®, são
observadas em microscópios de fluorescência (HARTMANN et al., 2003).
Estudos descrevem as aplicações clínicas do ensaio cometa e destacam o
biomonitoramento em humanos para o entendimento de cânceres verificando que níveis
aumentados de dano no DNA e mecanismos de reparo defeituosos ou ineficazes são os eventos
moleculares implícitos que impulsionam o início da doença e a sua progressão (MCKENNA;
MCKEOWN; MCKELVEY-MARTIN, 2008). É também descrito a análise da progressão de
doenças crônicas e degenerativas, comprovando que pacientes com doenças crônicas
apresentam maior suscetibilidade a danos causados por radicais livres e diminuição da eficácia
do mecanismo de reparo do DNA (LIAO; MCNUTT; ZHU, 2009; COLLINS et al., 2014), bem
como a predição a quimiossensibilidade de tumores de forma que além de avaliar quebras
envolvendo fitas simples e duplas de DNA, apresenta a capacidade de medir a alquilação e
ligação cruzada de DNA, potencializando o ensaio cometa como uma ferramenta versátil na
avaliação da sensibilidade a vários compostos quimioterápicos que são utilizados no tratamento
do câncer (MCKENNA; MCKEOWN; MCKELVEY-MARTIN, 2008; LIAO; MCNUTT;
ZHU, 2009; AZQUETA; COLLINS, 2013) e por fim, o reconhecimento das causas de
infertilidade masculina, de forma que o dano no DNA do espermatozóide é atribuído como
grande parte do foco das causas de infertilidade em homens com índices normais de
espermatozoides, sendo o dano principalmente causado por espécies reativas de oxigênio
derivadas endogenamente de ácidos graxos poli-insaturados (LEWIS; AGBAJE, 2008;
GUNASEKARANA; RAJ; CHAND, 2015).
27
4 METODOLOGIA
O ensaio cometa foi realizado conforme metodologia descrita por Singh e colaboradores
(1988), com modificações. Para a realização do ensaio cometa, foram utilizadas amostras de
sangue periférico de 62 trabalhadores do grupo caso e 61 indivíduos do grupo controle. As
lâminas foram limpas e preparadas com uma pré-cobertura de agarose com ponto de fusão
normal (Normal Melting) a 1,5%. Em seguida foram utilizados 15 µL de sangue
homogeneizado em 120 µL de agarose com baixo ponto de fusão (Low Melting Point) a 0,5%
e 40 oC. Essa mistura foi colocada em lâmina de pré-cobertura e coberta com uma lamínula.
As lâminas foram colocadas na geladeira a 4 oC durante quatro minutos, para que
houvesse a solidificação do material. Após esse tempo as lamínulas foram retiradas e as lâminas
foram colocadas em cubas de vidro contendo solução tampão de lise gelada (2,5M NaCl, 10mM
Tris, 100mM EDTA, 0,8% NaOH, 10% N-lauril-sarcocinato, 1% Triton X-100 e 10% DMSO,
pH10,0) e protegidas da luz, onde permaneceram imersas por 15horas.
Após 15 horas as lâminas foram retiradas da lise e colocadas em uma cuba horizontal
de eletroforese e incubadas em tampão alcalino (300mM NaOH, 200mM EDTA, pH > 13) a 4
°C, por 30 minutos e protegidas da luz. A corrida eletroforética foi realizada por 30 minutos, a
25 volts e 250 mA, com temperatura a 4 oC e ao abrigo de luz.
A neutralização das lâminas foi realizada com uma solução de Tris a 0,4M (pH 7,5) por
três vezes, durante 5 minutos. Após a neutralização as lâminas foram lavadas com água
destilada e em seguida foi feita a fixação por imersão em etanol absoluto por 10 minutos e então
as lâminas foram colocadas para secar em estufa com temperatura a 37 °C. O DNA foi corado
por 30 minutos com 100 µL de solução SYBR® Green I, a temperatura ambiente e no escuro.
Após esse tempo as lâminas foram lavadas duas vezes por imersão em água destilada durante
dois intervalos de 5 minutos e posteriormente foram secas em estufa com temperatura a 37 °C.
Passado esse tempo as lâminas foram analisadas em microscópio de fluorescência Axio Imager
D2® (Carl Zeiss, Berlin, Alemanha). Foram analisadas duas lâminas para cada indivíduo e
foram contadas, ao todo, 100 células por indivíduo. Os núcleos das células foram visualizados
utilizando a objetiva de 20X e a imagem fluorescente foi captada com o programa Comet
imager versão 2.2 (MetaSystems, GmbH), no qual foram analisados três parâmetros
relacionados a danos genômicos: comprimento da cauda do cometa (CC) que estabelece o
comprimento da migração de DNA da borda da cabeça até o menor fragmento detectável na
cauda, 2) porcentagem de DNA na cauda (% DNA) na qual é calculado a quantidade de DNA
30
presente na cauda do cometa e 3) Momento da cauda de Olive (MCO), que estabelece uma
relação entre o comprimento da cauda e a quantidade (%) de DNA que migrou.
Os dados sobre os hábitos de vida do grupo exposto, assim como a idade, sexo, hábitos
de tabagismo e etilismo e demais variáveis relacionadas ao uso de agrotóxicos, foram
armazenados em planilhas no programa Excel (MICROSOFT®), sendo correlacionadas com os
resultados dos ensaios laboratoriais (análise genética e laboratoriais clássicas). A normalidade
dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov Smirnov. Foram realizados os testes de Qui-
Quadrado, teste t-Student e teste de Mann- Whitney. A estatística descritiva foi utilizada para
caracterizar a população estudada e os resultados obtidos foram expressos como médias e ±
desvio padrão. Todos os testes foram conduzidos com nível de significância de p < 0,05 e
intervalo de confiança de 95%, com o uso do programa Statistica, versão 7 (StatSoft Inc.,
Oklahoma, EUA).
31
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
(2014), Wilhelm; Calsing e Da Silva (2015), Alves e colaboradoes (2016), Buralli (2016),
Farias (2017) e Intranuovo e colaboradores (2018). Dados diferentes puderam ser encontrados
nos estudos de Hoshino e colaboradores (2009) e Santana e colaboradores (2016), os quais
demonstraram a predominância de mulheres entre os indivíduos ocupacionalmente expostos,
evidencia esta, que é comum em regiões onde há agricultura familiar de subsistência e no
cultivo de hortaliças (PERES; MOREIRA, 2003; SIQUEIRA et al., 2014).
A média de idade dos indivíduos expostos observada nesse estudo é semelhante aos
dados encontrados por Silva (2007) na região sul de Minas Gerais e também em trabalhadores
ocupacionalmente expostos a agrotóxicos do Norte da Índia (SINGH et al., 2011), em
assentamentos de reforma agrária no município de Russas, Ceará (CASTRO; FERREIRA;
MATTOS, 2011), em sojicultores de Espumoso, Rio Grande do Sul (BENEDETTI et al., 2013),
em trabalhadores rurais de municípios goianos (KHAYAT et al., 2013), trabalhadores rurais de
lavouras de café na Região Sul de Minas Gerais (MELLO; SILVA, 2013), produtores de frutas
e vegetais nos municípios de Marialva, Maringá e Sarandi, Paraná (NERILO et al., 2014),
trabalhadores rurais de Picos, Piauí (SANTANA et al., 2016), produtores de culturas de tabaco
no Rio Grande do Sul (KVITKO et al., 2012; ALVES et al., 2016) e trabalhadores agrícolas e
não-agrícolas ocupacionalmente expostos em Maule, Chile (MUÑOZ-QUEZADA et al., 2017).
Esses dados são comprovados pelos resultados preliminares do Censo Agropecuário
2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no qual é descrito a
prevalência de trabalhadores agrícolas do sexo masculino (81,30%) com idades entre 30 e 60
anos (60,20%). Esses resultados demonstram que existe uma predominância masculina devido
à forma tradicional de inserção dessa categoria de trabalhadores nas atividades agrícolas, devido
a grande necessidade de esforço físico, e rotinas incertas em busca de ofertas mais atrativas,
principalmente nos períodos de colheita. Por outro lado, destaca-se a presença feminina na
agricultura familiar de subsistência, não remunerada, já os homens são normalmente
“empregados” ou chefes dos estabelecimentos agropecuários (MATTEI, 2015).
Em relação aos hábitos de vida, 90,32% dos trabalhadores avaliados afirmaram não ter
hábito de fumar e 64,52% tinham hábitos etilistas. A baixa evidência de hábitos tabagistas é
também descrita por Paiva e colaboradores (2011) Gentile e colaboradores (2012), Godoy
(2013), Khayat e colaboradores (2013), Wilhelm; Calsing e Da Silva (2015), Alves e
colaboradores (2016), Muñoz-Quezada e colaboradores (2017) e Intranuovo e colaboradores
(2018).
Khayat e colaboradores (2013) evidenciaram o consumo de álcool em 75,6% dos
trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos analisados em municípios goianos. O
33
alto consumo de bebidas alcoólicas também foi descrito em outros estudos (CHAVES, 2011;
RODRIGUES, 2011; GODOY, 2013; VALE, 2013; CARVALHO, 2014; VICIANA, 2015;
MUÑOZ-QUEZADA et al., 2017). Dessa forma, estudos descrevem que o cansaço físico e
mental devido a jornadas de trabalho estressantes e exaustivas, acrescidas ao risco ocupacional
relacionado a manipulação de compostos tóxicos e as experiências de intoxicação resultantes
de longos anos de trabalho nesse ambiente, baixa remuneração e depressão são considerados
fatores de vulnerabilidade para a predisposição ao hábito etilista (BECK FILHO; AMORIM;
FRAGA-MAIA, 2016; KOH et al., 2017; FÁVERO et al., 2018). É também demonstrado que
o álcool é um potencializador dos efeitos causados pelos agrotóxicos, além de que o seu
consumo pode causar dificuldades no diagnóstico de intoxicação crônica com esses compostos
devido a similaridade dos efeitos provocados a saúde (ARAÚJO et al., 2007).
Neste trabalho, entre os 64,5% que tinham contato direto com agrotóxicos, 77,5%
afirmaram utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs). Os EPIs mais utilizados foram
máscara (52,5%) e luvas (47,5%) (FIGURA 8). Esses dados corroboram com estudos realizados
no Rio Grande do Sul, o qual demonstrou que 67,6% dos trabalhadores utilizavam pelo menos
dois tipos de EPIs (REMOR et al., 2009), no município de Santiago, Rio Grande do Sul, no
qual 63% dos trabalhadores avaliadores declararam utilizar EPIs (CATTELAN, 2017), e em
um estudo com sojicultores de municípios goianos diretamente expostos a agrotóxicos em que
100% relatavam fazer o uso de EPIs no cultivo do grão (GODOY, 2018).
38
(CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011), produtores de tabaco de Venâncio Aires e Santa Cruz
do Sul, Rio Grande do Sul (DA SILVA et al., 2012), trabalhadores dos municípios de Teresina,
Nazária e José de Freitas, Estado do Piauí (ADAD et al., 2015), produtores agrícolas do Rio
Grande do Sul (ALVES et al., 2016) e trabalhadores rurais do município de Santiago, Rio
Grande do Sul (CATTELAN, 2017), os quais também obtiveram valores dentro da referência.
A leucocitose pode ser uma resposta da exposição inicial ao agrotóxico, indicando uma
tentativa de defesa do organismo agredido. Em seguida, com o aumento da exposição, parece
haver uma lesão no sistema hematopoiético e imune, causando a leucopenia. Porém a
leucopenia não pode ser indicada como um fator único específico, uma vez que pode sofrer
influência pelo uso de medicamentos de uso contínuo como os anti-hipertensivos,
antiarrítmicos, anticonvulsivantes, antibióticos, os utilizados no controle da diabetes e para
doenças da tireoide, além dos agrotóxicos (CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011). Neste
trabalho, 54,83% dos trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos entrevistados
faziam uso de medicamentos de uso contínuo (Dentre eles: losartana, atenolol, enalapril,
hidroclorotiazida, sinvastatina, metformina, topiramato, ciclobenzaprina, flunarizina, puran T4,
gardenal, carbamazepina e sertralina). Outros estudos também observaram a presença de
diminuição de leucócitos e potencial anemia após exposição ocupacional a agrotóxicos
(GAMLIN; ROMO; HESKETH, 2007; TITLIĆ; JOSIPOVIĆ-JELIĆ; PUNDA, 2008;
RAMOS, 2009; CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011; FARIAS, 2012; GAIKWAD et al.,
2015).
A progressão da hematoxicidade induzida por agrotóxicos e seus mecanismos de ação
tóxicos na hematopoiese ainda não são bem explicados. Porém, Chatterjee e colaboradores
(2013), demonstraram em seu estudo a toxicidade induzida por agrotóxicos na medula e
estroma hematopoiético, identificando a diminuição da proliferação e maturação funcional das
células estromais da medula e dos progenitores hematopoiéticos com subsequente aumento da
apoptose celular da medula após a toxicidade do agrotóxico, o que possivelmente explica o
aumento da incidência de insuficiência da medula óssea hipoplásica em humanos expostos a
concentrações moderadas a altas de agrotóxicos.
Quanto aos reticulócitos, seu aumento também foi verificado no estudo de Costa e
colaboradores (2014), a qual identificou que a reticulocitose pode estar relacionada a lesões nas
células hematopoiéticas devido a provável exposição ocupacional a agrotóxicos.
Neste trabalho, 56,45% dos trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos
afirmaram apresentar algum tipo de doença. A FIGURA 11 ilustra as doenças relatadas por
eles, das quais, as mais frequentes foram alergias (25%), hipertensão (23,1%) e diabetes
44
Nesse contexto, em uma análise isolada, foi possível observar que 38,7% dos
trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos possuíam triglicérides alterado (> 150
mg/dL), 45,2% possuíam o colesterol total alterado (> 200 mg/dL), 32,3% possuíam HDL
alterado (< 40 mg/dL), 32,3% possuíam LDL alterado (> 130mg/dL), 38,7% possuíam VLDL
alterado (> 30mg/dL) e 46,8% possuíam glicemia alterada (> 99mg/dL) (FIGURA 12). Vale
ressaltar que o jejum não foi uma exigência nesse estudo, e com isso, as alterações observadas
corroboram com os históricos relatados por muitos trabalhadores, dos quais 17,3% tinham
consciência de serem diabéticos, e 9,6% relataram possuir colesterol elevado (FIGURA11).
Esses resultados condizem com estudos de Cattelan (2017), a qual declarou que em seu
trabalho realizado com trabalhadores rurais do munícipio de Santiago, Rio Grande do Sul, 36%
dos participantes apresentaram um aumento na dosagem média de triglicérides com valores
superiores a 150mg/dL (154,66 ± 171,33 mg/dL), e 16% apresentaram colesterol aumentado,
com níveis superiores a 240 mg/dL. Outro estudo conduzido por Vale (2013), que avaliava
agentes de combate a endemias da cidade de Goiânia, Goiás, também observou alterações
isoladas nas análises bioquímicas, condizendo com este trabalho, destacando alterações nas
dosagens de colesterol total (máx. 285 mg/dL), HDL (mín. 28mg/dL), LDL (máx.196,8 mg/dL),
VLDL (máx.89,4 mg/dL), triglicérides (máx. 407 mg/dL) e glicemia (máx. 161 mg/dL), porém
ela considerou os aumentos pouco significantes quando comparadas aos valores de referência,
ressaltando que deve ser dado uma maior atenção à anamnese. Resultados diferentes foram
observados por Adad e colaboradores (2015), os quais verificaram um valor médio de
46
triglicérides menor que 150 mg/dL (119,68 ± 23,65 mg/dL) e García-García e colaboradores
(2016), que verificaram valores médios dentro do limite de referência para triglicérides (81,44
± 3,76 mg/dL), glicemia (82,76 ± 1,61 mg/dL) e colesterol total (174.00 ± 2.86 mg/dL).
Em seu estudo de revisão, Karami-Mohajeri e Abdollahi (2011) sugerem a evidência do
estresse oxidativo causado por agrotóxicos como prejudicial a órgãos como pâncreas, cérebro
e fígado, causando prejuízos no metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas, de forma que
nos estágios iniciais de exposição, os carboidratos são usados para fornecer energia atendendo
a situações de estresse, e mais tarde são os lipídios e as proteínas que servem como a principal
fonte de energia. Assim, pode-se justificar a variedade de resultados encontrados, uma vez que
pesquisas envolvendo agrotóxicos abrangem diversas classes e misturas, bem como diferentes
condições de exposição ocupacional.
Em relação a colinesterase plasmática (BChE), as médias para o sexo feminino (8337 ±
2598 U/L) e masculino (8868 ± 1722 U/L) se encontram dentro do limite dos valores de
referência (Fem. 3.930 – 10.800 U/L; Masc. 4.620 – 11.500 U/L) (TABELA 5). Esses
resultados são condizentes com dosagens semelhantes de BChE em trabalhadores nos estudos
de Chaves (2011) (8.013 ± 1.068 U/L), Rodrigues (2011) (7.712 ± 2.104 U/L), Benedetti e
colaboradores (2013) (8.231 ± 1.368 U/L) e Adad e colaboradores (2015) (8.203 ± 2.865 U/L).
Porém, em uma análise isolada, observou-se que 9,7% trabalhadores ocupacionalmente
expostos apresentaram um aumento da enzima BChE e 3,2% apresentaram diminuição
(FIGURA 13).
(27,05 ± 1,2). O mesmo ocorreu no estudo de Cattelan (2017) com 152 agricultores do
município de Santiago, Rio Grande do Sul, a qual em suas análises também demonstrou que a
média dos parâmetros bioquímicos AST (28,2 ± 12,9), ALT (27,3 ± 17,4) e Gama-GT (30,8 ±
22,2) estavam de acordo com a referência.
No entanto, nesse estudo, ao observar esses parâmetros isoladamente, 6 (9,7%) dos
trabalhadores ocupacionalmente expostos avaliados apresentaram aumento de ALT, 7 (11,3%)
apresentaram aumento de AST e 15 (24,2%) apresentaram aumento de Gama-GT (FIGURA
14).
Dados semelhantes foram encontrados por Rodrigues (2011) em seu estudo com
agricultores no Piauí, a qual verificou médias próximas aos valores de referência para AST
(32,6 ± 7,6) e ALT (37,7 ± 13,8), porém, observou individualmente que 33,3% dos
trabalhadores apresentavam AST acima da referência e 55% apresentavam ALT elevada.
Ramos (2009) em seu estudo no município de Conceição do Jacuípe, Bahia, apesar de ter obtido
médias dentro da normalidade dos valores de referência para AST, ALT e Gama-GT, também
verificou que 6,3% do seu grupo de indivíduos expostos a agrotóxicos apresentavam AST
aumentada e 21,9% apresentavam aumento em Gama-GT. Outro estudo, conduzido por Chaves
(2011) com agricultores do Estado do Piauí, observou um aumento em 6,7% dos resultados de
Gama-GT quando comparados aos valores de referência.
Para Almeida e Martins (2008), apesar das alterações nos padrões dessas enzimas
hepáticas serem normalmente relacionadas a doenças no fígado, não descarta-se também a
49
possibilidade de exposição a agrotóxicos, já que esse órgão é responsável por grande parte da
biotransformação de moléculas, e destaca o álcool como um fator de confusão no diagnóstico
diferencial com a intoxicação crônica com agrotóxicos, podendo esse causar aumento das
enzimas hepáticas, o que corrobora com os dados encontrados neste trabalho, no qual foi
elevado o consumo de bebidas alcoólicas entre os trabalhadores ocupacionalmente expostos
(64,52%), e que também individualmente foi observado aumento nas enzimas ALT (17,7%),
AST (6,5%) e Gama-GT (24,2%). Além disso, destaca-se a predominância do uso do glifosato
(17,09%) pelos trabalhadores entrevistados, podendo esta ser uma das causas de alterações nas
enzimas AST e ALT, que podem ser alteradas em decorrência de exposições a agrotóxicos,
dentre eles o glifosato, resultando em uma leve disfunção hepática, podendo evoluir para
citotoxicidade (HERNÁNDEZ et al., 2006; YAMADA et al., 2006).
cauda (% DNA) e Momento da cauda de Olive (MCO), não foram identificadas diferenças
estatisticamente significativas.
A ausência de associação significativa entre o dano no DNA e as variáveis como sexo,
tabagismo, consumo de álcool e o uso de EPIs foram também observadas em outros estudos
(KAUR; KAUR; LATA, 2011; PAIVA et al., 2011; RODRIGUES, 2011; SINGH et al., 2011;
DA SILVA et al., 2012; KVITKO et al., 2012; BENEDETTI et al., 2013; KHAYAT et al.,
2013; DA SILVA et al., 2014; WILHELM; CALSING; DA SILVA, 2015; ALVES et al., 2016;
JACOBSEN-PEREIRA et al., 2018).
Dessa forma, segundo Khayat e colaboradores (2013), as diferenças observadas entre
os resultados obtidos na avaliação genotóxica e as variáveis analisadas para o grupo exposto a
agrotóxicos podem refletir em diferentes condições, como a intensidade de exposição, medidas
de proteção utilizadas, potencial genotóxico, tipo de cultura, fatores ambientais e endógenos,
formulação e potencial de absorção do agrotóxico e tipo de técnica laboratorial adotada.
Nesse contexto, o ensaio cometa é utilizado como um biomarcador de genotoxicidade e
demonstra danos recentes no DNA que são passíveis de reparo (COLLINS et al., 2008). Porém,
apesar de ocorrerem alguns reparos, é importante o biomonitoramento com marcadores de
genotoxicidade em indivíduos expostos a misturas de agrotóxicos, objetivando a prevenção de
futuras lesões no DNA, as quais podem evoluir levando a crescimentos neoplásicos nas células
danificadas (VALVERDE; ROJAS, 2009).
Portanto, com os resultados observados foi possível verificar que a exposição a uma
complexa mistura de agrotóxicos é capaz de induzir um aumento significativo de danos no
DNA na população exposta quando comparada a uma população sem histórico de exposição, e
nesse sentido, devido a observação de não significância entre as variáveis analisadas (sexo,
tabagismo, consumo de álcool e uso de EPIs), é possível indicar que as lesões encontradas no
DNA estão provavelmente associadas aos danos resultantes da exposição a uma mistura
complexa de agrotóxicos.
53
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, P. H. B. DE; ALONZO, H. G. A. Trabalho rural e riscos à saúde: uma revisão sobre
o “uso seguro” de agrotóxicos no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 10, p. 4197–
4208, out. 2014.
ALVES, J. S. et al. Investigation of potential biomarkers for the early diagnosis of cellular
stability after the exposure of agricultural workers to pesticides. Anais da Academia Brasileira
de Ciências, v. 88, n. 1, p. 349–360, mar. 2016.
AMR, S. et al. Pesticides, Gene Polymorphisms, and Bladder Cancer Among Egyptian
Agricultural Workers. Archives of Environmental & Occupational Health, v. 70, n. 1, p. 19–
26, 2 jan. 2015.
ANDERSON, S. E.; MEADE, B. J. Potential health effects associated with dermal exposure to
occupational chemicals. Environmental Health Insights, v. 8, n. Suppl 1, p. 51–62, 2014.
BAGATINI, P. B.; MALUF, S. W. Ensaio Cometa. In: Citogenética Humana. 1a. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2011. p. 194–201.
BAILEY, H. D. et al. Home pesticide exposures and risk of childhood leukemia: Findings from
the childhood leukemia international consortium. International Journal of Cancer, v. 137, n.
11, p. 2644–2663, 1 dez. 2015.
CHATTERJEE, S. et al. Pesticide induced marrow toxicity and effects on marrow cell
population and on hematopoietic stroma. Experimental and Toxicologic Pathology: Official
Journal of the Gesellschaft Fur Toxikologische Pathologie, v. 65, n. 3, p. 287–295, mar.
2013.
58
COLLINS, A. et al. The comet assay as a tool for human biomonitoring studies: the ComNet
project. Mutation Research. Reviews in Mutation Research, v. 759, p. 27–39, mar. 2014.
COLLINS, A. R. et al. The comet assay: topical issues. Mutagenesis, v. 23, n. 3, p. 143–151,
maio 2008.
COSTA, C. et al. Is organic farming safer to farmers’ health? A comparison between organic
and traditional farming. Toxicology letters, v. 230, n. 2, p. 166–176, 15 out. 2014.
DA SILVA, F. R. et al. Genotoxic assessment in tobacco farmers at different crop times. The
Science of the Total Environment, v. 490, p. 334–341, 15 ago. 2014.
DENNIS, L. K. et al. Pesticide use and cutaneous melanoma in pesticide applicators in the
agricultural heath study. Environmental Health Perspectives, v. 118, n. 6, p. 812–817, jun.
2010.
FARIAS, I. R. Analise da expressão dos genes de reparo da lesão de fita dupla do DNA de
trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos. 101f. Dissertação (Mestrado em Ciências
Médicas) —Fortaleza, CE: Universidade Federal do Ceará, 17 fev. 2017.
GAMLIN, J.; ROMO, P. D.; HESKETH, T. Exposure of young children working on Mexican
tobacco plantations to organophosphorous and carbamic pesticides, indicated by cholinesterase
depression. Child: Care, Health and Development, v. 33, n. 3, p. 246–248, 1 maio 2007.
HARTMANN, A. et al. Recommendations for conducting the in vivo alkaline Comet assay. 4th
International Comet Assay Workshop. Mutagenesis, v. 18, n. 1, p. 45–51, jan. 2003.
HERNÁNDEZ, A. F.; PARRÓN, T.; ALARCÓN, R. Pesticides and asthma. Current Opinion
in Allergy and Clinical Immunology, v. 11, n. 2, p. 90–96, abr. 2011.
JAMES, K. A.; HALL, D. A. Groundwater pesticide levels and the association with Parkinson
disease. International Journal of Toxicology, v. 34, n. 3, p. 266–273, jun. 2015.
KAUR, R.; KAUR, S.; LATA, M. Evaluation of DNA damage in agricultural workers exposed
to pesticides using single cell gel electrophoresis (comet) assay. Indian Journal of Human
Genetics, v. 17, n. 3, p. 179–187, set. 2011.
KIM, K.-H.; KABIR, E.; JAHAN, S. A. Exposure to pesticides and the associated human health
effects. Science of The Total Environment, v. 575, p. 525–535, 1 jan. 2017.
KIM, S.-A. et al. Greater Cognitive Decline with Aging among Elders with High Serum
Concentrations of Organochlorine Pesticides. PLoS ONE, v. 10, n. 6, 24 jun. 2015.
KOH, S.-B. et al. Exposure to pesticide as a risk factor for depression: A population-based
longitudinal study in Korea. Neurotoxicology, v. 62, p. 181–185, set. 2017.
KUCA, K. et al. Synthesis, Biological Evaluation, and Docking Studies of Novel Bisquaternary
Aldoxime Reactivators on Acetylcholinesterase and Butyrylcholinesterase Inhibited by
Paraoxon. Molecules (Basel, Switzerland), v. 23, n. 5, 7 maio 2018.
LEE, D.-H. et al. Association between background exposure to organochlorine pesticides and
the risk of cognitive impairment: A prospective study that accounts for weight change.
Environment International, v. 89–90, p. 179–184, maio 2016.
62
LEKEI, E. E.; NGOWI, A. V.; LONDON, L. Farmers’ knowledge, practices and injuries
associated with pesticide exposure in rural farming villages in Tanzania. BMC public health,
v. 14, p. 389, 23 abr. 2014.
LEWIS, S. E. M.; AGBAJE, I. M. Using the alkaline comet assay in prognostic tests for male
infertility and assisted reproductive technology outcomes. Mutagenesis, v. 23, n. 3, p. 163–
170, maio 2008.
LIAO, W.; MCNUTT, M. A.; ZHU, W.-G. The comet assay: a sensitive method for detecting
DNA damage in individual cells. Methods (San Diego, Calif.), v. 48, n. 1, p. 46–53, maio
2009.
LIM, Y.-P. et al. Increased risk of deep vein thrombosis and pulmonary thromboembolism in
patients with organophosphate intoxication: a nationwide prospective cohort study. Medicine,
v. 94, n. 1, p. e341, jan. 2015.
MATTEI, L. Emprego agrícola: cenários e tendências. Estudos Avançados, v. 29, n. 85, p. 35–
52, dez. 2015.
MOISAN, F. et al. Association of Parkinson’s Disease and Its Subtypes with Agricultural
Pesticide Exposures in Men: A Case-Control Study in France. Environmental Health
Perspectives, v. 123, n. 11, p. 1123–1129, nov. 2015.
OECD. OECD Guideline for the testing of chemicals - In Vivo Mammalian Alkaline
Comet Assay: Test No. 489. OECD iLibrary, Paris, 2016. Disponível em: <https://read.oecd-
ilibrary.org/environment/test-no-489-in-vivo-mammalian-alkaline-comet-
assay_9789264264885-en>. Acesso em: 15 out. 2018.
PERES, F.; MOREIRA, J. C. Saúde e ambiente em sua relação com o consumo de agrotóxicos
em um polo agrícola do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 23,
n. suppl 4, p. S612–S621, 2007.
RIBEIRO, M. et al. Pesticidas: Usos e Riscos para o Meio Ambiente. HOLOS Environment,
v. 8, n. 1, p. 53–71, 27 abr. 2009.
SIEGEL, M. et al. Organic solvent exposure and depressive symptoms among licensed
pesticide applicators in the Agricultural Health Study. International Archives of
Occupational and Environmental Health, v. 90, n. 8, p. 849–857, nov. 2017.
SILINS, I.; HÖGBERG, J. Combined Toxic Exposures and Human Health: Biomarkers of
Exposure and Effect. International Journal of Environmental Research and Public Health,
v. 8, n. 3, p. 629–647, mar. 2011.
SILVA, J. M. DA. Cânceres hematológicos na Região Sul de Minas Gerais. 181f. Tese
(Doutorado) —Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas, 2007.
SINGH, N. P. et al. A simple technique for quantitation of low levels of DNA damage in
individual cells. Experimental Cell Research, v. 175, n. 1, p. 184–191, mar. 1988.
SINGH, N. P. The comet assay: Reflections on its development, evolution and applications.
Mutation Research. Reviews in Mutation Research, v. 767, p. 23–30, mar. 2016.
SINGH, S. et al. DNA damage and cholinesterase activity in occupational workers exposed to
pesticides. Environmental Toxicology and Pharmacology, v. 31, n. 2, p. 278–285, mar. 2011.
TICE, R. R. et al. Single cell gel/comet assay: guidelines for in vitro and in vivo genetic
toxicology testing. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 35, n. 3, p. 206–221, 2000.
VALVERDE, M.; ROJAS, E. Environmental and occupational biomonitoring using the Comet
assay. Mutation Research, v. 681, n. 1, p. 93–109, fev. 2009.
VIEL, J.-F. et al. Pyrethroid insecticide exposure and cognitive developmental disabilities in
children: The PELAGIE mother–child cohort. Environment International, v. 82, p. 69–75,
set. 2015.
VINSON, F. et al. Exposure to pesticides and risk of childhood cancer: a meta-analysis of recent
epidemiological studies. Occupational and Environmental Medicine, v. 68, n. 9, p. 694–702,
set. 2011.
WHO. Exposure to Highly Hazardous Pesticides: A Major Public Health Concern. World
Health Organization, Geneva, 2010.
YADAV, I.; DEVI, N. Pesticides Classification and Its Impact on Human and Environment.
In: Environmental Science and Engineering. 6. ed. USA: Studium Press LLC, 2017. v. 6
Toxicology-p. 140–158.
YE, M. et al. Occupational Pesticide Exposures and Respiratory Health. International Journal
of Environmental Research and Public Health, v. 10, n. 12, p. 6442–6471, dez. 2013.
68
_____________________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
69
agrotóxicos *Obrigatório
- Código de Identificação *
- Nome completo *
Ø Nome da mãe *
Ø Data de nascimento *
Ø Local de nascimento
Ø Sexo *
Marcar apenas um oval.
Feminino
Masculino
Outros
7. Peso (Kg)
8. Altura (m)
70
9. Estado civil *
Marcar apenas um oval.
Solteiro
Casado
Divorciado
Outros
10. Endereço *
13. Profissão *
Sim
Não
Sim
Não
Ex-fumante
72
Destilado
Fermentado
Todos os dias
Finais de semana
Datas festivas (eventualmente)
Raramente
Sempre
Às vezes
Nunca
https://docs.google.com/forms/d/17xz4JqkvEDjbDzJ-FG3n1_9FBKwQ0QkFgT0hAWU3Rj8/edit 4/8
73
Insuficiente
Satisfatório
Razoável
Plenamente satisfatório
https://docs.google.com/forms/d/17xz4JqkvEDjbDzJ-FG3n1_9FBKwQ0QkFgT0hAWU3Rj8/edit 7/8
76
54. Realiza
testes de colinesterase?
* Marcar apenas um oval.
Sim
Não
Nunca
Powered by
77
*Obrigatório
- Código de identificação *
- Nome completo *
- Nome da mãe *
- Data de nascimento *
- Local de nascimento *
- Sexo *
Marcar apenas um oval.
Feminino
Masculino
Outros
Ø Peso (Kg)
Ø Altura (m)
Ø Estado civil *
Marcar apenas um oval.
Solteiro
Casado
Divorciado
Outros
78
10. Endereço *
13. Profissão *
https://docs.google.com/forms/d/1UqBkYMuKh28tWDAfA7MOMNL6voKpHV2KLBMIOel1rjQ/edit 2/4
79
Sim
Não
Sim
Não
Ex-fumante
Destilado
Fermentado
Todos os dias
Finais de semana
Datas festivas (eventualmente)
Raramente
Sempre
Às vezes
Nunca
Powered by
https://docs.google.com/forms/d/1UqBkYMuKh28tWDAfA7MOMNL6voKpHV2KLBMIOel1rjQ/edit 4/4
81