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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM BIOMEDICINA

RENATA ELISA BATISTA

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DO USO DE AGROTÓXICOS EM TRABALHADORES


OCUPACIONALMENTE EXPOSTOS DO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS

GOIÂNIA
2018
RENATA ELISA BATISTA

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DO USO DE AGROTÓXICOS EM TRABALHADORES


OCUPACIONALMENTE EXPOSTOS DO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de


Biomedicina, do Instituto de Ciências Biológicas, da
Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina.

Orientadora: Profa. Dra. Daniela de Melo e Silva


Coorientadora: Ma. Jheneffer Sonara Aguiar Ramos

GOIÂNIA
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Batista, Renata Elisa


Avaliação dos impactos do uso de agrotóxicos em trabalhadores
ocupacionalmente expostos do município de Silvânia, Goiás
[manuscrito] / Renata Elisa Batista. - 2018.
84 f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Daniela de Melo e Silva; co-orientadora


Ma. Jheneffer Sonara Aguiar Ramos.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal de Goiás, Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Biomedicina,
Goiânia, 2018.
Bibliografia. Anexos. Apêndice.
Inclui siglas, abreviaturas, símbolos, lista de figuras, lista de
tabelas.

1. Análise Laboratoriais. 2. Ensaio Cometa. 3. Exposição


Ocupacional. I. Silva, Dra. Daniela de Melo e , orient. II. Título.

CDU 575
Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me foi luz e me ouviu nos momentos difíceis,
me confortou e me deu forças para continuar.
Agradeço aos meus pais e minha irmã, que não só neste momento, mas em toda minha
vida estiveram ao meu lado, me ensinando valores, fornecendo apoio, amor, e estímulo em
todas as situações. Obrigada por toda força e paciência, sei que esse período foi difícil, mas sem
vocês eu não teria conseguido! Vocês são a razão da minha vida!
Agradeço aos meus avós, por todo cuidado, carinho e apoio incondicional, sei que têm
um orgulho imenso de mim.
Agradeço ao meu namorado, que esteve presente nesse momento aguentando minhas
crises de choro, me auxiliando, ficando em silêncio, fazendo massagem, e que apesar de todo o
estresse, não deixou de me apoiar dizendo que tudo daria certo.
À minha orientadora Prof.a Dra. Daniela de Melo e Silva, agradeço pelo auxílio,
incentivo e confiança, além de tudo o conhecimento passado. Obrigada pela oportunidade de
fazer parte desse projeto!
Agradeço à minha coorientadora Ma. Jheneffer Sonara Aguiar Ramos, pela
disponibilidade, paciência, dedicação e incentivo. Você é uma pessoa maravilhosa, muito
obrigada por todo o ensinamento passado.
À equipe do Laboratório de Mutagênese (LabMut) da Universidade Federal de Goiás
por todo o apoio, auxílio e disposição na execução da metodologia utilizada, vocês foram
essenciais para a execução desse estudo. Principalmente a Fernanda Godoy, Hugo Freire,
Hemily Gonçalves, Akemi Hosokawa e Késsia Almeida. Em especial agradeço à Alice Tâmara,
Camilla Lima e Thays Millena por me fazerem rir e me ampararem nos momentos de tristeza.
Agradeço aos trabalhadores por aceitarem participar da pesquisa e o apoio da Secretaria
de Saúde de Silvânia.
À equipe do Laboratório de Análises Clínicas e Ensino em Saúde (LACES/UFG) pela
oportunidade de estágio e pela realização das análises hematológicas e bioquímicas.
Agradeço a Alessandro Arruda Alves e Fernanda Ribeiro Godoy por aceitarem meu
convite e pela disponibilidade em avaliar esse trabalho.
Agradeço a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo auxílio
financeiro ao projeto que originou essa monografia.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CONSUMO DE AGROTÓXICOS E AFINS NO BRASIL (2000 –


2017)...................................................................................................... 19
FIGURA 2 - CONSUMO DE AGROTÓXICOS E AFINS EM GOIÁS (2000 –
2017)...................................................................................................... 19
FIGURA 3 - ACÚMULO DE AGROTÓXICOS NA FENDA SINÁPTICA (1),
INIBIÇÃO DA ACETILCOLINESTERASE PELO PESTICIDA (2)
E ATIVAÇÃO CONSTANTE DO RECEPTOR DE
ACETILCOLINA (3)............................................................................ 24
FIGURA 4 - ENSAIO COMETA REALIZADO EM SANGUE PERIFÉRICO
HUMANO............................................................................................. 26
FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA METODOLOGIA
APLICADA NO ESTUDO.................................................................... 28
FIGURA 6 - (A) QUANTIDADE E TIPOS DE AGROTÓXICOS MAIS
RELATADOS; (B) PORCENTAGEM DE ACORDO COM A
CLASSE TOXICOLÓGICA E (C) PORCENTAGEM DE ACORDO
COM A FUNÇÃO DOS AGROTÓXICOS MAIS RELATADOS........ 36
FIGURA 7 - FORMAS DE CONTATO DOS TRABALHADORES
DIRETAMENTE EXPOSTOS A AGROTÓXICOS............................ 37
FIGURA 8 - FREQUÊNCIA DOS TIPOS DE EPIs UTILIZADOS PELOS
TRABALHADORES............................................................................ 38
FIGURA 9 - HEMOGRAMA DOS TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE
SILVÂNIA, GOIÁS, 2018.................................................................... 41
FIGURA 10 - LEUCOGRAMA E PLAQUETOGRAMA DOS
TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS,
2018....................................................................................................... 42
FIGURA 11 - FREQUÊNCIAS DOS TIPOS DE DOENÇAS APRESENTADAS
PELOS TRABALHADORES............................................................... 44
FIGURA 12 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ALTERAÇÕES NA
GLICEMIA E PERFIL LIPÍDICO........................................................ 45
FIGURA 13 - DISTRIBUIÇÃO DAS DOSAGENS DE COLINESTERASE
PLASMÁTICA (BChE)........................................................................ 46
FIGURA 14 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ALTERAÇÕES PARA AST,
ALT E GAMA-GT DE ACORDO COM SEXO.................................... 48
FIGURA 15 - ENSAIO COMETA REALIZADO EM SANGUE PERIFÉRICO DE
(A) TRABALHADORES OCUPACIONALMENTE EXPOSTOS A
AGROTÓXICOS E (B) CONTROLE................................................... 49
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA ADOTADA PELA OMS........ 17


TABELA 2 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS
EXPOSTO E NÃO EXPOSTO OCUPACIONALMENTE A
AGROTÓXICOS................................................................................... 31
TABELA 3 - AGROTÓXICOS RELATADOS PELOS TRABALHADORES
CLASSIFICADOS DE ACORDO COM A CLASSE
TOXICOLÓGICA, GRUPO QUÍMICO E CLASSE AGRONÔMICA
(continua)............................................................................................... 34
TABELA 4 - VALORES MÉDIOS, DESVIOS PADRÃO E VALORES DE
REFERÊNCIA DOS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS
ANALISADOS EM TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE
SILVÂNIA, GOIÁS, 2018..................................................................... 40
TABELA 5 - VALORES MÉDIOS, DESVIOS PADRÃO E VALORES DE
REFERÊNCIA DOS PARÂMETROS BIOQUIMICOS,
ANALISADOS DE ACORDO COM O SEXO, EM
TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS,
2018....................................................................................................... 44
TABELA 6 - VALORES MÉDIOS E DESVIOS PADRÃO DO COMPRIMENTO
DA CAUDA (CC), PORCENTAGEM DE DNA NA CAUDA
(%DNA) E MOMENTO DA CAUDA DE OLIVE (MCO) OBTIDOS
PELO ENSAIO COMETA PARA OS GRUPOS CASO E
CONTROLE ......................................................................................... 50
TABELA 7 - COMPARAÇÃO DOS VALORES MÉDIOS E DESVIOS PADRÃO
DO COMPRIMENTO DA CAUDA (CC), PORCENTAGEM DE
DNA NA CAUDA (% DNA) E MOMENTO DA CAUDA DE OLIVE
(MCO) COM AS VARIÁVEIS EXPLORATÓRIAS NO GRUPO
CASO .................................................................................................... 51
LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

% Por cento
°C Graus Celsius
® Marca registrada
± DP Desvio padrão
< Menor que
> Maior que
≥ Maior ou igual
g/dL Grama por decilitro
M Molar
mA Miliamperes
mg/dL Miligrama por decilitro
mL Mililitros
mM Milimolar
mm3 Milímetro cúbico
pg Picograma
U/L Unidades por litro
V Volts
µL Microlitros
µm3 Micrômetro cúbico
ACh Acetilcolina
AChE Acetilcolinesterase
ALT (TGP) Alanina aminotransferase (transaminase glutâmico-pirúvica)
ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
AST (TGO) Aspartato aminotransferase (transaminase glutâmico-oxalacética)
BChE Butirilcolinesterase
BHC Benzene Hexachloride
CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média;
DDT Dicloro-Difenil-Tricloroetano
DL50 Dose letal média (50%)
DMSO Dimetilsulfóxido
DNA Deoxyribonucleic acid (Ácido Desoxirribonucleico)
EDTA Ethylenediamine tetraacetic acid (Ácido etilenodiamino tetra-acético)
EPI Equipamento de Proteção Individual
Gama-GT Gama glutamil transferase
HCM Hemoglobina corpuscular média
HDL High-density Lipoprotein (Lipoproteína de alta densidade)
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LabMut Laboratório de Mutagênese
LACES Laboratório de Análises Clínicas e Ensino em Saúde
LDL Low-density Lipoprotein (Lipoproteína de baixa densidade)
NaCl Cloreto de Sódio
NaOH Hidróxido de Sódio
pH "potencial Hidrogeniônico", uma escala logarítmica que mede o grau de
acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução
RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude de Distribuição dos Glóbulos
Vermelhos
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
Tris Tris-hidroximetilaminometano
UFG Universidade Federal de Goiás
VCM Volume corpuscular médio
VLDL Very-low-density Lipoprotein (Lipoproteína de densidade muito baixa)
WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS........................................................................................................................ 15
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................. 15
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 15
3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 16
3.1 Agrotóxicos ....................................................................................................................... 16
3.1.1 Definição e classificações ............................................................................................... 16
3.1.2 Consumo no Brasil e no mundo ...................................................................................... 18
3.2 Impactos dos agrotóxicos na saúde humana ................................................................. 20
3.3 Exposição ocupacional aos agrotóxicos.......................................................................... 22
3.4 Biomonitoramento do risco ocupacional ....................................................................... 23
3.4.1 Dosagem de colinesterase ............................................................................................... 23
3.4.2 Ensaio Cometa ................................................................................................................ 25
4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 27
4.1 Caracterização do público alvo e aspectos éticos .......................................................... 27
4.2 Coleta e processamento das amostras biológicas .......................................................... 28
4.3 Análises laboratoriais ...................................................................................................... 28
4.4 Ensaio Cometa.................................................................................................................. 29
4.5 Análise Estatística ............................................................................................................ 30
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 31
5.1 Caracterização da população de estudo......................................................................... 31
5.2 Caracterização da exposição ........................................................................................... 33
5.3 Análise Bioquímica e Hematológica ............................................................................... 39
5.4 Ensaio Cometa.................................................................................................................. 49
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 55
APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ............... 68
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO CASO ............................. 69
APÊNDICE 3 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO CONTROLE ................. 77
ANEXO 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA .................. 81
RESUMO

Desde 2008, o Brasil lidera o ranking mundial de consumo de agrotóxicos, os quais têm sido
utilizados extensivamente em todo o mundo, tornando a população de trabalhadores expostos
ocupacionalmente mais susceptíveis aos efeitos nocivos desses compostos. Nesse contexto, o
objetivo do presente estudo foi avaliar os impactos da exposição ocupacional a agrotóxicos na
saúde de trabalhadores (agricultores e agentes de saúde pública) da cidade de Silvânia – Goiás,
com o uso de análises hematológicas e bioquímicas, preconizadas pelo Protocolo de Atenção à
Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, associadas a análise genotóxica, pelo ensaio
cometa. Foram avaliados por um estudo observacional do tipo caso-controle, 62 indivíduos,
homens e mulheres, expostos ocupacionalmente a agrotóxicos e 61 indivíduos controle sem
histórico ocupacional a agrotóxicos. Os participantes do estudo foram caracterizados quanto as
condições sócio demográficas e de exposição. Foram realizados hemograma com contagem de
reticulócitos e dosagens bioquímicas: glicemia, perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL,
VLDL e triglicérides), aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, Gama-glutamil
transferase e colinesterase plasmática. Além disso, foi realizada a avaliação do dano no DNA
pelo ensaio Cometa conforme metodologia descrita por Singh et al. (1988) com modificações.
O grupo exposto foi constituído por indivíduos com faixa etária média de 45,27 anos (±10,6
anos), sendo majoritariamente masculino (64,52%), 9,68% fumantes e 64,52% consumiam
bebidas alcoólicas. A exposição direta foi predominante (64,5%), dos quais 77,5% utilizavam
equipamentos de proteção individual (EPIs), e 17,8% afirmaram já ter sofrido intoxicação por
agrotóxicos, sendo os inseticidas predominantes entre um total de 78 diferentes tipos de
agrotóxicos relatados pelos trabalhadores. No geral, as médias dos parâmetros hematológicos e
bioquímicos avaliados se mostraram dentro dos valores de referência. Entretanto, observou-se
que as médias para ambos os sexos do parâmetro triglicérides, assim como o valor médio de
VLDL e glicemia para o sexo masculino se mostraram maiores que os valores descritos na
referência. Para o ensaio Cometa, ao comparar os grupos de estudo, foi demonstrado diferenças
estatisticamente significativas quando analisados os parâmetros comprimento da cauda (CC)
(p<0,001) e a porcentagem de DNA na cauda (% DNA) (p<0,001), indicando maior dano
genotóxico no grupo exposto em relação ao grupo controle. Não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas de dano no DNA ao analisar as variáveis sexo, hábito tabagista,
consumo de bebidas alcoólicas e o uso de EPIs, quando comparados aos parâmetros do cometa,
sugerindo que as alterações no DNA foram observadas principalmente devido a exposição a
agrotóxicos. Portanto, nesse contexto, faz-se necessário o biomonitoramento desses
trabalhadores ocupacionalmente expostos, como uma estratégia de vigilância em saúde, com
prevenção e promoção da saúde ocupacional.

Palavras chave: Análises laboratoriais. Ensaio Cometa. Exposição Ocupacional.


ABSTRACT

Since 2008, Brazil has been leading the world ranking of pesticide use, which has been used
extensively around the world, making the population of occupationally exposed workers more
susceptible to the harmful effects of these compounds. In this context, the objective of the
present study was to evaluate the impacts of occupational exposure to pesticides on workers'
health (farmers and public health agents) in the city of Silvânia - Goiás, using hematological
and biochemical analyzes, as recommended by the Protocol of Attention to the Health of
Workers Exposed to Pesticides, associated to genotoxic analysis, by the comet assay. We
evaluated by an observational case-control study, 62 men and women occupationally exposed
to pesticides and 61 control subjects with no occupational history. The study participants were
characterized as regards demographic and exposure conditions. Blood counts were performed
with reticulocyte counts and biochemical measurements: glycemia, lipid profile (total
cholesterol, HDL, LDL, VLDL, and triglycerides), aspartate aminotransferase, alanine
aminotransferase, gamma-glutamyl transferase, and plasma cholinesterase. In addition, DNA
damage evaluation was performed by the Comet assay according to the methodology described
by Singh et al. (1988) with modifications. The exposed group consisted of individuals with a
mean age of 45,27 years (± 10,6 years), mostly male (64,52%), 9,68% smokers and 64,52%
consumed alcoholic beverages. Direct exposure was predominant (64,5%), of which 77,5%
used personal protective equipment (PPE), and 17,8% reported having been poisoned by
pesticides, with insecticides predominating among a total of 78 different types of pesticides
reported by workers. In general, the averages of hematological and biochemical parameters
evaluated were within the reference values. However, it was observed that the means for both
sexes of the triglyceride parameter, as well as the mean value of VLDL and glycemia for the
male sex, were shown to be higher than the values described in the reference. For the Comet
assay, when comparing study groups, statistically significant differences were demonstrated
when the tail length (CC) (p <0,001) and percentage of DNA in the tail (% DNA) parameters
were analyzed (p <0,001), indicating higher genotoxic damage in the exposed group in relation
to the control group. No statistically significant differences in DNA damage were observed
when analyzing the variables sex, smoking, alcohol consumption and the use of PPE when
compared to comet parameters, suggesting that changes in DNA were mainly observed due to
exposure to pesticides. Therefore, in this context, it is necessary to biomonitoring these
occupationally exposed workers, as a strategy of health surveillance, with prevention and
promotion of occupational health.

Key words: Laboratory Analysis. Comet Assay. Occupational Exposure.


13

1 INTRODUÇÃO

Desde 2008, o Brasil ocupa a posição de maior consumidor de agrotóxicos do mundo,


isso ocorre como consequência da intensa atividade agrícola e aos incentivos governamentais,
como o Sistema Nacional de Crédito Rural que subsidia a compra de insumos químicos e ao
Programa Nacional de Defensivos Agrícolas que financia a criação de empresas nacionais e a
instalação de empresas internacionais do setor agroquímico (ABREU; ALONZO, 2014). Além
disso, cerca de 2,7 milhões de toneladas de agrotóxicos são utilizados, anualmente no mundo
(US EPA, 2017).
No cenário nacional, o Estado de Goiás tem ocupado desde 2007 as primeiras posições
no ranking de produção de grãos, sendo o 2° maior produtor na região Centro-Oeste, e o 4° no
ranking nacional. Ao analisarmos a produção de grãos dentro do Estado de Goiás, a
microrregião de Pires do Rio, a qual engloba o município de Silvânia, ocupa a 6° posição
(INSTITUTO MAURO BORGES, 2018). Com a crescente produção agroindustrial da região,
o uso de agrotóxicos tem se intensificado, tornando a população de trabalhadores rurais
expostos ocupacionalmente, mais susceptíveis aos efeitos nocivos desses compostos (SILVA
et al., 2005).
O risco ocupacional, ocorre em trabalhadores envolvidos nas etapas como a produção,
transporte, preparo e a aplicação do agrotóxico no campo de trabalho. Fatores como a
intensidade e a frequência do produto manuseado, o uso de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs) e as propriedades físico-químicas e toxicológicas interferem diretamente
nesse risco (MARONI; FANETTI; METRUCCIO, 2006; YE et al., 2013).
Devido à sua inerente toxicidade, os agrotóxicos influenciam na saúde humana
produzindo efeitos que variam conforme o princípio ativo, a dose absorvida e a forma de
exposição a esses compostos. São diversas as consequências descritas na literatura, as quais
englobam as alergias, os distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, reprodutivos e
neurológicos, as neoplasias, as mortes acidentais e os suicídios (WHO, 2010). Essas
consequências demonstram o risco que acomete a população que está exposta aos agrotóxicos
através do meio ambiente, água, alimentos contaminados, ou também, por atividades laborais.
Além disso, há estudos envolvendo a exposição ocupacional à agrotóxicos
anticolinesterásicos, os quais demonstram associações entre a exposição e níveis de
colinesterase significativamente reduzidos em populações expostas (KHAN et al., 2008;
REMOR et al., 2009; SINGH et al., 2011). Com isso, a colinesterase sanguínea tem sido
14

amplamente utilizada para monitorar a exposição a agrotóxicos que reduzem seus níveis, como
os organofosforados e carbamatos (DA SILVA et al., 2014).
Em relação às alterações genotóxicas, o biomonitoramento genético é uma ferramenta
importante para estimar riscos genéticos relacionados à exposição a um composto específico
ou a uma mistura complexa de agrotóxicos e pode ajudar a identificar fatores de risco
relacionados à exposição a esses compostos (SILINS; HÖGBERG, 2011; GENTILE et al.,
2012). Uma ampla gama de métodos é atualmente usada para a detecção dos efeitos biológicos
precoces de agentes danificadores do DNA em ambientes ocupacionais, sendo o ensaio Cometa
uma das técnicas mais utilizadas para identificar os efeitos genotóxicos ocasionados pela
exposição a agrotóxicos (DA SILVA et al., 2008).
Segundo o Ministério da Saúde (SILVA et al., 2006), no Protocolo de Atenção à Saúde,
dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, estão descritas as ações para a Rede de Atenção do
SUS no que diz respeito a diagnóstico, prevenção e promoção a saúde relacionados aos agravos
à saúde desta classe de trabalhadores causados pelos agrotóxicos, sendo os exames laboratoriais
clássicos hematológicos e bioquímicos preconizados como mecanismo de biomonitoramento
ocupacional desses indivíduos.
Com isso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos genotóxicos da
exposição ocupacional a agrotóxicos em trabalhadores da cidade de Silvânia pelo ensaio
Cometa, e compará-los com as análises laboratoriais clássicas preconizadas pelo Protocolo de
Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, na tentativa de caracterizar os
grupos de risco mais propensos aos efeitos nocivos dos agrotóxicos, visando minimizar o
impacto causado na saúde dos trabalhadores.
15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o impacto da exposição a agrotóxicos, em trabalhadores ocupacionalmente


expostos, na área de abrangência da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Silvânia, com
o uso de marcadores laboratoriais clássicos e ensaio cometa.

2.2 Objetivos Específicos

• Caracterizar a população em estudo utilizando um questionário sociodemográfico e de


exposição;
• Avaliar o dano genotóxico em trabalhadores expostos ocupacionalmente a agrotóxicos pelo
ensaio Cometa e compará-los a indivíduos não expostos ocupacionalmente;
• Correlacionar os danos no DNA dos trabalhadores expostos com o sexo, tabagismo,
consumo de álcool e a utilização de EPIs;
• Avaliar os parâmetros hematológicos e bioquímicos como marcadores de efeito para
determinar a exposição a agrotóxicos em trabalhadores;
• Conhecer o quantititativo de trabalhadores ocupacionalmente expostos que relatam
intoxicações por agrotóxicos.
16

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Agrotóxicos

3.1.1 Definição e classificações

Os agrotóxicos, segundo classifica o Decreto no. 4.074, de 4 de janeiro de 2002 que


regulamenta a Lei 7.802 (conhecida como a Lei de Agrotóxicos) de 11 de junho de 1989, em
seu artigo 1°, são

[...] produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos
setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora
ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem
como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores
e inibidores de crescimento (BRASIL, 2002, p.1).

Existe uma grande diversidade de agrotóxicos, e por serem substâncias ou misturas de


substâncias que diferem no seu estado físico e químico, mas que possuem características em
comum, são então classificados quanto a sua finalidade, grupo químico e toxicidade. Quanto a
finalidade, podem ser: inseticidas (controlam insetos e artrópodes), fungicidas (controlam
fungos), bactericidas (controlam as bactérias), herbicidas (controlam plantas indesejadas),
acaricidas (controlam ácaros), rodenticidas (controlam ratos e outros roedores), algicidas
(controlam algas), repelentes (repelem pragas pelo seu sabor ou cheiro), desfolhantes (eliminam
folhas indesejadas), nematicidas (controlam nematoides), molusquicidas (controlam
moluscos), cupinicidas (controlam cupins) e larvicidas (controlam larvas) (YADAV; DEVI,
2017).
Outra forma de classificação dos agrotóxicos se dá pela composição ou grupo químico,
podendo ser naturais (derivados de plantas, ou óleos minerais) ou sintéticos (inorgânicos e
orgânicos). Alguns compostos orgânicos inseticidas são classificados quimicamente de acordo
com seus princípios ativos, destacando-se os organoclorados (exemplos: DDT, BHC,
Endosulfan), organofosforados (exemplos: Malathion, Themefós, Folithion), carbamatos
(exemplos: Bendiocarb, Furadan, Carbaryl) e piretróides (exemplos: Cipermetrina,
Deltametrina, Bifentrina). Quanto aos herbicidas, classificam-se quimicamente como Ácido
fenoxiacéticos (exemplos: Tordon, 2,4-D), Bipiridílios (exemplos: Gramaxone, Paraquat,
Tocha), Glicina substituída (exemplo: Glifosato) e Triazinas (Exemplo: Atrazina). Já os
17

fungicidas, classificam-se principalmente como Dietilditiocarbamatos (exemplos: Mancozeb,


Tiram, Unizeb Gold) (YADAV; DEVI, 2017).
Em relação a toxicidade, os agrotóxicos são classificados dependendo do risco que
representam para a saúde em relação ao seu comportamento tóxico. De acordo com a ANVISA,
conforme o Decreto n° 4074/2002, os agrotóxicos são classificados em quatro classes, e essas
são identificadas por cores nos rótulos dos produtos. A classe I, identificada pela cor vermelha,
representa produtos extremamente tóxicos, a classe II (cor amarela) representa produtos
altamente tóxicos, a classe III (cor azul) indica produtos medianamente tóxicos e a classe IV
(cor verde) indica produtos pouco tóxicos (BRASIL, 2002).
Outra classificação quanto a toxicologia é feita pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), que divide os agrotóxicos quanto a sua capacidade de provocar morte em 50% dos
animais expostos aos produtos em determinada concentração em um teste laboratorial
(TABELA1). Essa dose, chamada de DL50, é a concentração que provoca a morte de 50% dos
animais expostos para chegar a essa conclusão (WHO, 2009; YADAV; DEVI, 2017).

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA ADOTADA PELA OMS


DL50 para ratos (mg/kg de peso corporal)
Classe Toxicidade
Oral Dérmica
Ia Extremamente tóxico <5 < 50
Ib Altamente tóxico 5 – 50 50 – 200
II Medianamente tóxico 50 – 2000 200 – 2000
III Pouco tóxico Acima de 2000 Acima de 2000
- Muito pouco tóxico 5000 ou acima
FONTE: Adaptado de WHO (2009)

Há diversas outras formas de se classificar os agrotóxicos, entre elas o modo de ação,


persistência, deslocamento e a duração do efeito do tratamento. Quanto ao modo de ação,
podem ser classificados pelo contato dérmico, pela ingestão ou através de fumigação
(alcançando o alvo em forma de vapor, através das vias respiratórias). Em relação a persistência,
classificam-se segundo a meia vida, que é o tempo necessário para reduzir a metade a sua
efetividade após serem aplicados, assim, são considerados de persistência curta aqueles que
possuem meia vida de até 90 dias, média aqueles de 91 até 180 dias e longa aqueles com meia
vida maior que 180 dias. O deslocamento do agrotóxico no meio ambiente durante o seu período
de meia vida pode ser definido como pequeno (20 cm), médio (21 até 60 cm) ou grande
(superior a 60 cm). Por fim, a duração do efeito de tratamento é classificada em efeito residual
quando o ingrediente ativo aplicado permanece em dosagens letais por um período de algumas
semanas ou meses para o organismo alvo e efeito instantâneo quando logo que aplicado é
18

imediato o efeito sobre o alvo (SUPERINTENDENCIA DE CONTROLE DE ENDEMIAS,


2001).

3.1.2 Consumo no Brasil e no mundo

O Brasil é um dos maiores produtores agropecuários a nível mundial e o segundo maior


exportador de agrotóxicos, desempenhando um papel essencial na economia brasileira. Sendo
assim, este setor utiliza em larga escala sementes modificadas geneticamente e insumos
químicos, como fertilizantes e agrotóxicos, mantendo tal produção. Esse consumo cresceu
bastante nas últimas décadas e a extensa área de plantio no Brasil proporcionou que o país se
tornasse um dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo, sendo, desde 2008, o líder
mundial na utilização desses produtos (ABREU; ALONZO, 2014; ABRASCO, 2015).
Mundialmente, aproximadamente 2,7 milhões de toneladas de agrotóxicos são
utilizados no âmbito da produção agrícola por ano (US EPA, 2017). Em 2015, no Brasil,
estimou-se que foi plantado 71,2 milhões de hectares de lavouras de 21 diferentes cultivos tipo
exportação. Dentre eles, predominou-se a soja, o milho e a cana-de-açúcar, que juntos
representaram 76% de toda a área plantada no país, e com isso foram os que mais consumiram
agrotóxicos, correspondendo a 82% de todo o consumo nacional em 2015, estimando-se que
nesse ano foi aplicado aproximadamente 899 milhões de litros de agrotóxicos nessas lavouras
(PIGNATI et al., 2017).
Houve um aumento significativo no consumo de agrotóxicos, na última década, em todo
o mundo, isso se deu em decorrência da transformação dos alimentos em combustível, ou seja,
alguns dos produtos cultivados que antes eram destinados somente a alimentação, se tornaram
matéria-prima para a produção de energia, dentre eles, a cana-de-açúcar, a soja e o milho. Além
disso, outro fator contribuinte, foi também a transformação de diversos destes produtos
cultivados em commodities, que é um termo da língua inglesa utilizado no comércio para
mercadorias como a soja (BOMBARDI, 2017). Consequentemente, o Brasil se tornou um dos
maiores exportadores de soja, milho, açúcar e álcool, sendo esse um dos fatores que explicam
o aumento na utilização de agrotóxicos no país (BOMBARDI, 2009, 2017).
Nos últimos anos, o Brasil apresentou um crescimento no consumo total de agrotóxicos
(FIGURA 1), saltando de 162.000 toneladas no ano de 2000 para 540.000 toneladas em 2017,
aumentando 333% o consumo em apenas 17 anos (IBAMA, 2018).
19

FIGURA 1 – CONSUMO DE AGROTÓXICOS E AFINS NO BRASIL EM TONELADAS (2000 – 2017)

FONTE: Adaptado de IBAMA (2018)


LEGENDA: Consolidação dos dados fornecidos pelas empresas registrantes de produtos técnicos, agrotóxicos e
afins, conforme art. 41 do Decreto 4072/2002. Dados atualizados: 25/06/2018

Em Goiás, o consumo de agrotóxicos também apresentou considerável crescimento


(FIGURA 2), o qual partiu de 13.000 toneladas em 2000 para pouco mais de 46.000 toneladas
em 2016, apresentando em 2017 uma pequena queda em relação ao ano anterior para
aproximadamente 43.000 toneladas de agrotóxicos consumidos (IBAMA, 2018).

FIGURA 2 – CONSUMO DE AGROTÓXICOS E AFINS EM GOIÁS EM TONELADAS (2000 – 2017)

FONTE: Adaptado de IBAMA (2018)


20

Embora os agrotóxicos sejam favoráveis financeiramente ao comércio e ao setor


agrícola, seu elevado consumo leva ao uso indiscriminado. Sendo assim, o não cumprimento
de medidas de prevenção que visem à garantia da segurança alimentar da população e da saúde
dos trabalhadores expostos ocupacionalmente, podem contribuir para que resíduos desses
compostos atinjam de forma negativa a saúde de consumidores, produtores e trabalhadores
(RIBEIRO et al., 2009).

3.2 Impactos dos agrotóxicos na saúde humana

Os agrotóxicos são utilizados na agricultura para controlar pestes indesejadas e evitar


perdas na colheita ou danos na qualidade do produto, e com isso sua alta persistência no meio
ambiente pode acarretar efeitos deletérios a saúde devido a sua inerente toxicidade em
consequência da sua elevada atividade biológica (DAMALAS; KOUTROUBAS, 2016).
A toxicidade pode se apresentar sob forma de efeitos agudos ou crônicos. A forma aguda
indica a resposta imediata, que aparece logo após o contato ou nas primeiras 24 horas de
exposição, caracterizando como efeito de curto prazo. Já os efeitos da toxicidade crônica
ocorrem em decorrência de uma exposição prolongada ou contínua, durante meses ou anos
(DAMALAS; KOUTROUBAS, 2016; NESHEIM; FISHEL; MOSSLER, 2017).
Estudos relatam que os agrotóxicos podem estar relacionados a diversas doenças e que
o risco para a saúde depende não apenas da toxicidade, mas também do nível de exposição a
esses compostos (KIM; KABIR; JAHAN, 2017). São descritas a incidência de câncer (AMR et
al., 2015; VENTURA et al., 2015; KOUTROS et al., 2016), asma (HERNÁNDEZ; PARRÓN;
ALARCÓN, 2011; AMARAL, 2014; RAANAN et al., 2015), leucemia (VINSON et al., 2011;
BAILEY et al., 2015; MARYAM et al., 2015), doença de Parkinson (JAMES; HALL, 2015;
MOISAN et al., 2015; CHORFA et al., 2016), além de efeitos relacionados a diabetes
(AZANDJEME et al., 2013; TANG et al., 2014; JAACKS; STAIMEZ, 2015) e doenças
neurológicas (KIM et al., 2015; VIEL et al., 2015; LEE et al., 2016).
Outros estudos, também relatam a associação da exposição a agrotóxicos com a
incidência de problemas neurológicos, motores e mentais, distúrbios de comportamento,
distúrbios hormonais diversos, problemas reprodutivos, diminuição da fertilidade, baixa
imunidade, puberdade precoce, má formação fetal, aborto, endometriose e atrofia testicular
(BOUCHARD et al., 2011; ENGEL et al., 2011; RAUH et al., 2011; SILINS; HÖGBERG,
2011; CORSINI et al., 2013; CREMONESE, 2014; MEHRPOUR et al., 2014; ABRASCO,
2015; SIEGEL et al., 2017).
21

Outra consequência da exposição a agrotóxicos é a genotoxicidade dessas substâncias,


que pode levar ao aparecimento de doenças como o câncer (AMR et al., 2015). Estudos de
monitoramento demonstram que trabalhadores expostos aos agrotóxicos podem apresentar
alterações hematológicas e bioquímicas, além do dano genético associado a elevados níveis de
exposição, ao uso intensivo e, principalmente, devido à falta de mecanismos de controle da
exposição, quando comparados a indivíduos não expostos (CHAVES, 2011; RODRIGUES,
2011; FARIAS, 2012; BENEDETTI et al., 2013; DA SILVA et al., 2014).
Após a exposição aos agrotóxicos, a absorção desses produtos pode ocorrer pelas vias
dérmica, digestiva e respiratória. Quando absorvidos, percorrem todo o organismo através da
corrente sanguínea e podem ser excretados através da pele, urina e ar exalado (DAMALAS;
ELEFTHEROHORINOS, 2011). A exposição dérmica é uma das formas mais comuns e
eficazes de absorção as quais os trabalhadores estão expostos, de forma que certas áreas do
corpo como os canais auditivos e as áreas genitais são mais susceptíveis a absorção de
agrotóxicos que outras áreas corporais (DENNIS et al., 2010; ANDERSON; MEADE, 2014).
A absorção digestiva se dá pelo contato oral e é responsável pela forma mais severa de
intoxicação, podendo ser decorrente de acidentes ou razões intencionais (DAMALAS;
ELEFTHEROHORINOS, 2011). A grande quantidade de compostos voláteis que muitos
agrotóxicos apresentam faz com que o potencial de exposição respiratório seja alto e dessa
forma, a inalação de quantidades suficientes de compostos tóxicos pode causar sérios danos a
mucosa nasal, garganta e tecido pulmonar. (DAMALAS; ELEFTHEROHORINOS, 2011;
AMARAL, 2014).
O efeito causado pelo agrotóxico pode depender da sua classe química e do tipo de
exposição. Os organoclorados, por exemplo, possuem grande estabilidade por serem
lipossolúveis, dessa forma, permanecem armazenados nos tecidos de organismos vegetais e
animais, como o homem, contaminando inclusive o leite materno. Sendo assim, se tornam
resistentes à degradação pelos fatores bióticos ou abióticos, fazendo com que seu efeito
ocupacional esteja relacionado ao desenvolvimento de doenças. (PERES; MOREIRA, 2007;
CARVALHO; PIVOTO, 2011). Embora os agrotóxicos tenham sido desenvolvidos para
prevenir, remover ou controlar pragas nocivas, é preocupante o perigo que representam para o
meio ambiente e a saúde humana, de forma que tanto seres humanos quanto animais podem
sofrer consequências decorrentes da atividade e do grau da exposição desses compostos sobre
o organismo (DA SILVA et al., 2008; KIM; KABIR; JAHAN, 2017).
22

3.3 Exposição ocupacional aos agrotóxicos

Mesmo tendo a finalidade de melhorar a produção, quando seu uso é indiscriminado, os


agrotóxicos passam a representar um risco em potencial para a saúde humana e ambiental.
Nesse contexto, os quadros de intoxicação em expostos ocupacionalmente são preocupantes,
especialmente os efeitos crônicos à saúde dos trabalhadores expostos devido a difícil
caracterização do seu diagnóstico e quadro clínico (PERES; MOREIRA, 2007). Existem relatos
graves de intoxicação por exposição direta ou indireta a esses agentes e, portanto, exposição
ocupacional ou acidental tem constituído um grave problema de saúde pública (CORBI et al.,
2006).
A exposição ocupacional a agrotóxicos pode ocorrer diretamente, seja no uso agrícola,
doméstico ou combate de vetores, quanto também indiretamente, podendo ocorrer a exposição
quando o agrotóxico é aplicado em lavouras próximas ao ambiente de trabalho e moradia
(ANDERSON; MEADE, 2014).
Quanto ao uso agrícola, o contato é observado nos processos de preparo, ou seja, mistura
e/ou diluição dos agrotóxicos para o uso, nos processos de utilização, que englobam desde a
pulverização, auxílio na condução das mangueiras dos pulverizadores e descarte de resíduos e
embalagens contaminadas; ou também na colheita, quando os trabalhadores manipulam ou
entram em contato com o produto. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) geralmente
não são utilizados no momento do preparo e utilização dos agrotóxicos, sobretudo por não se
adequarem à realidade que os trabalhadores agrícolas brasileiros enfrentam. Normalmente, a
exposição desses trabalhadores com os agrotóxicos e a ausência do uso de EPIs ocorre por falta
de informação ou recursos técnicos qualificados (MOREIRA et al., 2002).
Estudos relatam que ocorre um padrão de exposição ocupacional aos agrotóxicos, sendo
os trabalhadores com baixo nível de escolaridade, que não possuem conhecimentos sobre a
importância do uso dos EPIs e aqueles com dificuldades na compreensão da bula dos
agrotóxicos que mais sofrem com essa exposição. Sendo assim, destaca-se a necessidade de
realizar um treinamento quanto à manipulação desses compostos, bem como a importância do
uso das medidas de segurança e destino adequado das embalagens vazias, visando então
diminuir a ocorrência de intoxicações e exposição ocupacional aos agrotóxicos (CERQUEIRA
et al., 2010; BARBOSA et al., 2015).
Dessa forma, se torna necessário o biomonitoramento constante da saúde desses
trabalhadores ocupacionalmente expostos, como orienta o Protocolo de Atenção à Saúde dos
Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos, que dispõe sobre a atuação da Rede de Atenção à Saúde
23

do Sistema Único de Saúde (SUS) no que se refere ao diagnóstico, tratamento, reabilitação,


promoção, prevenção e vigilância, relacionados com o uso destes compostos. Além disso, é
preconizado a realização de diagnóstico clínico e laboratorial, de pessoas com relato de
intoxicação a agrotóxicos, trabalhadores ocupacionalmente expostos, e também suas famílias
(SILVA et al., 2006).

3.4 Biomonitoramento do risco ocupacional

3.4.1 Dosagem de colinesterase

Agrotóxicos como os organofosforados e carbamatos apresentam a capacidade de forte


inibição das enzimas colinesterases do corpo humano, sendo elas a colinesterase eritrocitária,
chamada de acetilcolinesterase (AChE) e colinesterase plasmática ou butirilcolinesterase
(BChE) (DA SILVA et al., 2008). A BChE se difere da AChE na especificidade do substrato,
cinética e localização diferente no cérebro, sendo responsável pela detoxificação contra
agrotóxicos inibidores tóxicos da AChE e atuando como um compensador na hidrolise da
acetilcolina (ACh) quando a AChE é degradada (ANDRISANO et al., 2018).
Têm sido relatados a relação entre a exposição ocupacional à agrotóxicos
anticolinesterásicos, realacionando o envenenamento com esses compostos, além do risco
elevado de morte aguda após um mês e também um aumento considerável na mortalidade em
longo prazo durante os primeiros 6 meses após o envenenamento (HUANG et al., 2015).
Agrotóxicos como os organofosforados e carbamatos, são pesticidas agrícolas
anticolinesterásicos muito comumente utilizados na agricultura doméstica (LIM et al., 2015;
CASIDA; DURKIN, 2013). Eles atuam inibindo a atividade da colinesterase, superestimulando
os receptores nicotínicos e muscarínicos da acetilcolina, causando seu acúmulo na fenda
sináptica e impedindo a propagação do impulso nervoso levando a sintomas como náusea,
dificuldade respiratória, vertigens ou até a morte, porém a presença de sintomas não é
obrigatória, e é em parte proporcional ao grau de depressão da colinesterase (FIGURA 3)
(EDDLESTON et al., 2008; BANKS; LEIN, 2012; LIONETTO et al., 2013; STRELITZ;
ENGEL; KEIFER, 2014). Associações entre a exposição a agrotóxicos e seus sintomas, e níveis
de colinesterase significativamente diminuídos em populações expostas são observados
(KHAN et al., 2008; REMOR et al., 2009; SINGH et al., 2011).
24

FIGURA 3 – ACÚMULO DE AGROTÓXICOS NA FENDA SINÁPTICA (1), INIBIÇÃO DA


ACETILCOLINESTERASE PELO PESTICIDA (2) E ATIVAÇÃO CONSTANTE DO
RECEPTOR DE ACETILCOLINA (3)

FONTE: VARGAS-BERNAL; RODRÍGUEZ-MIRANDA; HERRERA-PÉREZ (2012)

Os agrotóxicos agem inibindo as colinesterases ligando-se com o aminoácido serina no


sítio ativo da enzima, mimetizando o seu substrato, fazendo com que ocorra uma ligação
covalente e consequente inibição da colinesterase. As proteínas expressas são estáveis e
permanecem na circulação até a sua degradação, a qual depende do seu tempo de meia vida,
que é de 33 dias para AChE nos eritrócitos e 11 dias para BChE no plasma (MARSILLACH;
COSTA; FURLONG, 2016). O monitoramento da atividade da BChE pode ser uma medida de
avaliação da exposição ocupacional no diagnóstico de episódios tóxicos agudos, e sua
depressão geralmente aparece em poucos minutos ou horas após absorção do composto tóxico,
e persiste por vários dias a algumas semanas. Já a atividade da AChE permanece diminuída
num período de 1 a 3 meses, caracterizando um quadro crônico até que a enzima inibida seja
substituída por uma nova (STEFANIDOU; ATHANASELIS; SPILIOPOULOU, 2009; US
EPA, 2013).
Os sistemas externos da intoxicação por esses compostos podem ser difíceis de
reconhecer, portanto é importante quantificar a depressão da colinesterase. Com isso, afim de
se determinar um quadro de intoxicação, é avaliada uma mudança relativa a partir da dosagem
base da enzima pré-exposição comparando com os índices máximos para redução igual ou
superior a 30% da colinesterase eritrocitária, 50% da colinesterase plasmática ou 25% de ambas
(MARSILLACH; COSTA; FURLONG, 2013; BRASIL, 1994). Dessa forma, as colinesterases
25

sanguíneas têm sido amplamente utilizadas para monitorar a exposição a agrotóxicos das
classes organofosforados e carbamatos (DA SILVA et al., 2014).

3.4.2 Ensaio Cometa

A Eletroforese em Gel de Célula Única é uma técnica versátil, confiável, econômica,


rápida e adaptável de estudo genotóxico, desenvolvido por Ostling e Johanson (1984) que
posteriormente foi modificado por Singh e colaboradores (1988) e atualmente é denominada
Ensaio Cometa (SINGH, 2016). O ensaio citado avalia danos ao DNA de células individuais
de organismos eucarióticos e procarióticos e possibilita quantificar quebras da fita simples e
dupla no DNA (GLEI; SCHNEIDER; SCHLÖRMANN, 2016; COLLINS et al., 2008).
O ensaio cometa se destaca por ter como vantagens uma alta sensibilidade para detectar
baixo nível de danos no DNA, necessitar de pequena quantidade de células por amostra,
apresentar versatilidade, ser econômico, ter fácil aplicação, possibilidade de conduzir estudos
utilizando pequena quantia de substâncias; e por fim, habilidade de apresentar tempo
relativamente curto para a realização de experimentos (TICE et al., 2000).
Esse teste é utilizado em uma ampla variedade de aplicações que incluem:
biomonitoramento de espécies em sistemas in vivo e in vitro, avaliação do dano ao DNA e do
estresse oxidativo em relação a inúmeras doenças, avaliação da proteção pela atuação de
antioxidantes; fornecimento de dados sobre os diferentes tipos de danos presentes no DNA de
variados tipos celulares, e também sobre a capacidade da célula de reparar os danos em resposta
a vários agentes genotóxicos; e aplicação na genética toxicológica em células humanas, de
outros animais e de plantas (COLLINS et al., 2008; BAGATINI; MALUF, 2011).
O princípio da técnica consiste em realizar um homogeneizado de sangue embebido em
gel de agarose de baixo ponto de fusão espalhadas sobre uma lâmina de microscopia coberta
com uma lamínula e resfriada para formar um gel fino. Após isso as lâminas são colocadas em
solução de lise gelada, e após a lise celular é realizada uma corrida eletroforética das células
lisadas para migração dos segmentos de DNA livres; resultantes de quebras, que caso estiverem
rompidos, irão migrar para fora do núcleo, ficando com a aparência de um cometa ou cauda
(FIGURA 4) (DA SILVA et al., 2007; COLLINS et al., 2014; OECD, 2016).
26

FIGURA 4 – ENSAIO COMETA REALIZADO EM SANGUE PERIFÉRICO HUMANO

FONTE: A autora, 2018


LEGENDA: Nucleoides classificados de acordo com a intensidade da fluorescência na cauda do cometa,
recebendo um valor de 0, 1, 2, 3, ou 4 (sem danos, classe 0, até dano máximo, classe 4)

As análises são realizadas em microscopia, de forma que quando as células são coradas
com nitrato de Prata ou corante Giemsa, utiliza-se a microscopia óptica comum; e quando
utilizado brometo de Etídio, Laranja de Acridina, iodeto de propídeo ou Syber Green I®, são
observadas em microscópios de fluorescência (HARTMANN et al., 2003).
Estudos descrevem as aplicações clínicas do ensaio cometa e destacam o
biomonitoramento em humanos para o entendimento de cânceres verificando que níveis
aumentados de dano no DNA e mecanismos de reparo defeituosos ou ineficazes são os eventos
moleculares implícitos que impulsionam o início da doença e a sua progressão (MCKENNA;
MCKEOWN; MCKELVEY-MARTIN, 2008). É também descrito a análise da progressão de
doenças crônicas e degenerativas, comprovando que pacientes com doenças crônicas
apresentam maior suscetibilidade a danos causados por radicais livres e diminuição da eficácia
do mecanismo de reparo do DNA (LIAO; MCNUTT; ZHU, 2009; COLLINS et al., 2014), bem
como a predição a quimiossensibilidade de tumores de forma que além de avaliar quebras
envolvendo fitas simples e duplas de DNA, apresenta a capacidade de medir a alquilação e
ligação cruzada de DNA, potencializando o ensaio cometa como uma ferramenta versátil na
avaliação da sensibilidade a vários compostos quimioterápicos que são utilizados no tratamento
do câncer (MCKENNA; MCKEOWN; MCKELVEY-MARTIN, 2008; LIAO; MCNUTT;
ZHU, 2009; AZQUETA; COLLINS, 2013) e por fim, o reconhecimento das causas de
infertilidade masculina, de forma que o dano no DNA do espermatozóide é atribuído como
grande parte do foco das causas de infertilidade em homens com índices normais de
espermatozoides, sendo o dano principalmente causado por espécies reativas de oxigênio
derivadas endogenamente de ácidos graxos poli-insaturados (LEWIS; AGBAJE, 2008;
GUNASEKARANA; RAJ; CHAND, 2015).
27

4 METODOLOGIA

4.1 Caracterização do público alvo e aspectos éticos

O presente estudo foi observacional do tipo caso-controle, realizado no município


Silvânia, Goiás, no período de agosto a outubro de 2018. Foram avaliados 62 indivíduos,
homens e mulheres, expostos ocupacionalmente a agrotóxicos e 61 indivíduos controles sem
histórico de exposição ocupacional a agrotóxicos, os quais foram pareados quanto a idade, sexo
e estilo de vida (hábito tabagista e consumo de álcool). Os dados sociodemográficos e histórico
clínico e ocupacional foram obtidos através do formulário online Google Forms (APÊNDICE
2 e 3) para a realização dos testes estatísticos.
O estudo foi conduzido em conformidade com a Resolução nº 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde, com vistas ao cumprimento dos aspectos éticos e legais necessários para a
pesquisa envolvendo seres humanos e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal de Goiás (UFG), através do sistema Plataforma Brasil com o número de
referência 2.648.494 e protocolo CAAE: 84413318.2.0000.5083 (ANEXO 1).
A Secretaria Municipal de Saúde de Silvânia (SMS) auxiliou na divulgação da pesquisa,
e todos os indivíduos participantes foram selecionados por demanda espontânea. Os
participantes do estudo foram informados sobre o tipo e objetivos da pesquisa, bem como sobre
os procedimentos empregados e, caso concordassem com o proposto, foram incluídos no estudo
após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(APÊNDICE 1).
Os critérios de inclusão para o grupo caso do estudo foram: trabalhadores com exposição
ocupacional a agrotóxicos, possuir idade igual ou superior a 18 anos, ter concordado em
participar do estudo e assinado o TCLE. Os critérios de exclusão para o grupo caso foram:
indivíduos com idade inferior a 18 anos, não expostos ocupacionalmente a agrotóxicos,
histórico prévio ou atual de neoplasias e uso de quimioterapia, medicamentos genotóxicos e
imunossupressores, exposição à radiação terapêutica ou ocupacional e não ter concordado em
participar e assinar o TCLE. A FIGURA 5 ilustra esquematicamente a metodologia aplicada no
estudo.
28

FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA METODOLOGIA APLICADA NO ESTUDO

FONTE: A autora, 2018

4.2 Coleta e processamento das amostras biológicas

As coletas foram realizadas no município de Silvânia, na sede da Secretaria Municipal


de Saúde. As amostras biológicas de sangue periférico foram obtidas através de punção venosa
à vácuo, em tubos do tipo vacuntainer, as quais foram posteriormente centrifugadas e
armazenadas em caixa de isopor com gelo e encaminhadas imediatamente para o Laboratório
de Mutagênese (LabMut) da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde foi realizado o ensaio
Cometa. As análises hematológicas e bioquímicas foram realizadas no Laboratório de Análises
Clínicas e Ensino em Saúde (LACES/UFG).

4.3 Análises laboratoriais

Os exames laboratoriais clássicos realizados, foram escolhidos entre aqueles


apresentados pelo Protocolo de Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos,
que incluem a realização de hemograma completo com contagem de reticulócitos, dosagens de
colinesterase plasmática, além dos seguintes parâmetros bioquímicos: glicemia, perfil lipídico
(colesterol total, HDL, LDL, VLDL e triglicérides), ALT, AST e Gama-GT. Tais dosagens
foram realizadas no LACES/UFG de responsabilidade técnica da Biomédica Gabriela Silvério
Bazílio.
As dosagens bioquímicas, foram realizadas por meio da utilização de kits comerciais
específicos para cada teste em analisador automático Labmax Plenno (Labtest Diagnóstica,
Lagoa Santa, Brasil). Para a contagem de reticulócitos foi utilizada a metodologia manual e
microscopia e para o hemograma utilizou-se o analisador hematológico automatizado
ABX/micros 60 e microscopia.
29

4.4 Ensaio Cometa

O ensaio cometa foi realizado conforme metodologia descrita por Singh e colaboradores
(1988), com modificações. Para a realização do ensaio cometa, foram utilizadas amostras de
sangue periférico de 62 trabalhadores do grupo caso e 61 indivíduos do grupo controle. As
lâminas foram limpas e preparadas com uma pré-cobertura de agarose com ponto de fusão
normal (Normal Melting) a 1,5%. Em seguida foram utilizados 15 µL de sangue
homogeneizado em 120 µL de agarose com baixo ponto de fusão (Low Melting Point) a 0,5%
e 40 oC. Essa mistura foi colocada em lâmina de pré-cobertura e coberta com uma lamínula.
As lâminas foram colocadas na geladeira a 4 oC durante quatro minutos, para que
houvesse a solidificação do material. Após esse tempo as lamínulas foram retiradas e as lâminas
foram colocadas em cubas de vidro contendo solução tampão de lise gelada (2,5M NaCl, 10mM
Tris, 100mM EDTA, 0,8% NaOH, 10% N-lauril-sarcocinato, 1% Triton X-100 e 10% DMSO,
pH10,0) e protegidas da luz, onde permaneceram imersas por 15horas.
Após 15 horas as lâminas foram retiradas da lise e colocadas em uma cuba horizontal
de eletroforese e incubadas em tampão alcalino (300mM NaOH, 200mM EDTA, pH > 13) a 4
°C, por 30 minutos e protegidas da luz. A corrida eletroforética foi realizada por 30 minutos, a
25 volts e 250 mA, com temperatura a 4 oC e ao abrigo de luz.
A neutralização das lâminas foi realizada com uma solução de Tris a 0,4M (pH 7,5) por
três vezes, durante 5 minutos. Após a neutralização as lâminas foram lavadas com água
destilada e em seguida foi feita a fixação por imersão em etanol absoluto por 10 minutos e então
as lâminas foram colocadas para secar em estufa com temperatura a 37 °C. O DNA foi corado
por 30 minutos com 100 µL de solução SYBR® Green I, a temperatura ambiente e no escuro.
Após esse tempo as lâminas foram lavadas duas vezes por imersão em água destilada durante
dois intervalos de 5 minutos e posteriormente foram secas em estufa com temperatura a 37 °C.
Passado esse tempo as lâminas foram analisadas em microscópio de fluorescência Axio Imager
D2® (Carl Zeiss, Berlin, Alemanha). Foram analisadas duas lâminas para cada indivíduo e
foram contadas, ao todo, 100 células por indivíduo. Os núcleos das células foram visualizados
utilizando a objetiva de 20X e a imagem fluorescente foi captada com o programa Comet
imager versão 2.2 (MetaSystems, GmbH), no qual foram analisados três parâmetros
relacionados a danos genômicos: comprimento da cauda do cometa (CC) que estabelece o
comprimento da migração de DNA da borda da cabeça até o menor fragmento detectável na
cauda, 2) porcentagem de DNA na cauda (% DNA) na qual é calculado a quantidade de DNA
30

presente na cauda do cometa e 3) Momento da cauda de Olive (MCO), que estabelece uma
relação entre o comprimento da cauda e a quantidade (%) de DNA que migrou.

4.5 Análise Estatística

Os dados sobre os hábitos de vida do grupo exposto, assim como a idade, sexo, hábitos
de tabagismo e etilismo e demais variáveis relacionadas ao uso de agrotóxicos, foram
armazenados em planilhas no programa Excel (MICROSOFT®), sendo correlacionadas com os
resultados dos ensaios laboratoriais (análise genética e laboratoriais clássicas). A normalidade
dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov Smirnov. Foram realizados os testes de Qui-
Quadrado, teste t-Student e teste de Mann- Whitney. A estatística descritiva foi utilizada para
caracterizar a população estudada e os resultados obtidos foram expressos como médias e ±
desvio padrão. Todos os testes foram conduzidos com nível de significância de p < 0,05 e
intervalo de confiança de 95%, com o uso do programa Statistica, versão 7 (StatSoft Inc.,
Oklahoma, EUA).
31

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização da população de estudo

Os dados sociodemográficos e de histórico ocupacional foram obtidos através de


questionário aplicado a população estudada. Os grupos analisados foram compostos por 123
indivíduos, sendo 62 trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos e 61 indivíduos
sem histórico de exposição ocupacional.
O grupo exposto foi composto por indivíduos com faixa etária mínima de 20 anos e
máxima de 61 anos, com uma idade média de 45,27 anos (± 10,60 anos), sendo 22 mulheres e
40 homens, demonstrando que o trabalho agrícola no município de Silvânia é realizado
majoritariamente por indivíduos do sexo masculino (64,52 %). Entre os trabalhadores, 90,32%
não apresentam o hábito tabagista e 64,52% afirmaram consumir bebidas alcoólicas. Em
relação ao grupo controle, a média de idade foi de 44, 73 anos (± 9,0 anos), com variação de 27
a 79 anos, sendo 35 homens e 26 mulheres, dos quais 91,8% relataram não ter hábitos de
tabagismo e 24,59% relataram ter hábitos etilistas. Quanto a variável consumo de álcool, houve
diferenças entre os grupos (p<0,001) (TABELA 2).

TABELA 2 – CARACTERIZAÇÃO SÓCIO DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS EXPOSTO E NÃO EXPOSTO


OCUPACIONALMENTE A AGROTÓXICOS
GRUPOS
VARIÁVEIS TOTAL p
Exposto (n=62) Não exposto (n=61)
Idade1 45,27 (± 10,6) 44,73 (± 9) 45 (± 9,8) 0,76*
Sexo2
Feminino 22 (35,48%) 26 (42,62%) 46 (38%)
0,41**
Masculino 40 (64,52%) 35 (57,38%) 75 (62%)
2
Tabagismo
Sim 6 (9,68%) 5 (8,2%) 11 (8,94%)
0,77**
Não 56 (90,32%) 56 (91,8%) 112 (91,06%)
2
Consumo de álcool
Sim 40 (64,52%) 15 (24,59%) 55 (44,72%)
< 0,001**
Não 22 (35,48%) 46 (75,41%) 68 (55,28%)
FONTE: A autora, 2018.
LEGENDA: * Teste t-Student ** Teste Qui-quadrado; 1 Média ± Desvio padrão; 2 Frequência absoluta e
porcentagem

A predominância masculina na exposição ocupacional também foi evidenciada nos


estudos de Silva (2007), Ramos (2009) Castro; Ferreira e Mattos (2011), Da Silva e
colaboradoes (2012), Godoy (2013), Khayat e colaboradores (2013), Benedetti e colaboradores
(2013), Da Silva e colaboradoes (2014), Lekei; Ngowi e London (2014), Nerilo e colaboradores
32

(2014), Wilhelm; Calsing e Da Silva (2015), Alves e colaboradoes (2016), Buralli (2016),
Farias (2017) e Intranuovo e colaboradores (2018). Dados diferentes puderam ser encontrados
nos estudos de Hoshino e colaboradores (2009) e Santana e colaboradores (2016), os quais
demonstraram a predominância de mulheres entre os indivíduos ocupacionalmente expostos,
evidencia esta, que é comum em regiões onde há agricultura familiar de subsistência e no
cultivo de hortaliças (PERES; MOREIRA, 2003; SIQUEIRA et al., 2014).
A média de idade dos indivíduos expostos observada nesse estudo é semelhante aos
dados encontrados por Silva (2007) na região sul de Minas Gerais e também em trabalhadores
ocupacionalmente expostos a agrotóxicos do Norte da Índia (SINGH et al., 2011), em
assentamentos de reforma agrária no município de Russas, Ceará (CASTRO; FERREIRA;
MATTOS, 2011), em sojicultores de Espumoso, Rio Grande do Sul (BENEDETTI et al., 2013),
em trabalhadores rurais de municípios goianos (KHAYAT et al., 2013), trabalhadores rurais de
lavouras de café na Região Sul de Minas Gerais (MELLO; SILVA, 2013), produtores de frutas
e vegetais nos municípios de Marialva, Maringá e Sarandi, Paraná (NERILO et al., 2014),
trabalhadores rurais de Picos, Piauí (SANTANA et al., 2016), produtores de culturas de tabaco
no Rio Grande do Sul (KVITKO et al., 2012; ALVES et al., 2016) e trabalhadores agrícolas e
não-agrícolas ocupacionalmente expostos em Maule, Chile (MUÑOZ-QUEZADA et al., 2017).
Esses dados são comprovados pelos resultados preliminares do Censo Agropecuário
2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no qual é descrito a
prevalência de trabalhadores agrícolas do sexo masculino (81,30%) com idades entre 30 e 60
anos (60,20%). Esses resultados demonstram que existe uma predominância masculina devido
à forma tradicional de inserção dessa categoria de trabalhadores nas atividades agrícolas, devido
a grande necessidade de esforço físico, e rotinas incertas em busca de ofertas mais atrativas,
principalmente nos períodos de colheita. Por outro lado, destaca-se a presença feminina na
agricultura familiar de subsistência, não remunerada, já os homens são normalmente
“empregados” ou chefes dos estabelecimentos agropecuários (MATTEI, 2015).
Em relação aos hábitos de vida, 90,32% dos trabalhadores avaliados afirmaram não ter
hábito de fumar e 64,52% tinham hábitos etilistas. A baixa evidência de hábitos tabagistas é
também descrita por Paiva e colaboradores (2011) Gentile e colaboradores (2012), Godoy
(2013), Khayat e colaboradores (2013), Wilhelm; Calsing e Da Silva (2015), Alves e
colaboradores (2016), Muñoz-Quezada e colaboradores (2017) e Intranuovo e colaboradores
(2018).
Khayat e colaboradores (2013) evidenciaram o consumo de álcool em 75,6% dos
trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos analisados em municípios goianos. O
33

alto consumo de bebidas alcoólicas também foi descrito em outros estudos (CHAVES, 2011;
RODRIGUES, 2011; GODOY, 2013; VALE, 2013; CARVALHO, 2014; VICIANA, 2015;
MUÑOZ-QUEZADA et al., 2017). Dessa forma, estudos descrevem que o cansaço físico e
mental devido a jornadas de trabalho estressantes e exaustivas, acrescidas ao risco ocupacional
relacionado a manipulação de compostos tóxicos e as experiências de intoxicação resultantes
de longos anos de trabalho nesse ambiente, baixa remuneração e depressão são considerados
fatores de vulnerabilidade para a predisposição ao hábito etilista (BECK FILHO; AMORIM;
FRAGA-MAIA, 2016; KOH et al., 2017; FÁVERO et al., 2018). É também demonstrado que
o álcool é um potencializador dos efeitos causados pelos agrotóxicos, além de que o seu
consumo pode causar dificuldades no diagnóstico de intoxicação crônica com esses compostos
devido a similaridade dos efeitos provocados a saúde (ARAÚJO et al., 2007).

5.2 Caracterização da exposição

Neste estudo, dentre os 62 trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos


entrevistados, 40 (64,52%) tinham contato direto com esses produtos e 22 (35,48%) eram
expostos indiretamente. Os trabalhadores expostos diretamente, relataram o uso de 78 tipos
diferentes de agrotóxicos no total (TABELA 3), sendo os mais frequentes, Glifosato com
17,09%, e 2,4-D com 7,69% (FIGURA 6A). Esses resultados corroboram os dados
apresentados pelo Boletim de Comercialização de Agrotóxicos e Afins (IBAMA, 2013), o qual
revela que o Glifosato seguiu na primeira posição entre os ingredientes ativos mais
comercializados entre 2009 a 2012, seguido pelo Óleo mineral e o 2,4-D. Bombardi (2017)
também fez essa observação, destacando o Glifosato (1°) como o agrotóxico mais vendido nas
unidades da Federação em relação ao total no Brasil, seguido pelo 2,4-D (2°), Acefato (3°) e
Atrazina (7°), no ano de 2014. A maioria dos agrotóxicos utilizados pelos trabalhadores
entrevistados são pertencentes a classe toxicológica I (extremamente tóxico), correspondendo
a 37% do total (FIGURA 6B) e 49% são inseticidas (FIGURA 6C). Benedetti e colaboradores
(2013) também evidenciaram em seu trabalho com agricultores de Espumoso, Rio Grande do
Sul, a utilização de uma complexa mistura de agrotóxicos, destacando-se os inseticidas (66%).
34

TABELA 3 – AGROTÓXICOS RELATADOS PELOS TRABALHADORES CLASSIFICADOS DE ACORDO


COM A CLASSE TOXICOLÓGICA, GRUPO QUÍMICO, E CLASSE AGRONÔMICA
(continua)
Grupo Percentual%
Agrótóxico Grupo Químico Classe agronômica
Tóxico (Absoluto)
2,4 D I Ácido ariloxialcanóico Herbicida 7,69% (18)
Acefato I Organofosforado Inseticida 2,13% (5)
Benzoato de
I Avermectina Inseticida 0,42% (1)
Emamectina
BHC I Organoclorado Inseticida/Acaricida 0,85% (2)
Cerconil I Carbonitrilas/ Benzimidazóis Fungicida 0,42% (1)
Cipermetrina I Piretróide Inseticida 1,70% (4)
Colosso I Mistura Ectoparasiticida 0,42% (1)
Dimilin I Benzoiluréia Inseticida 0,42% (1)
Dual Gold I Cloroacetanilida Herbicida 1,70% (4)
Elatus I Estrobilurina Fungicida 1,28% (3)
Endosulfan I Organoclorado Inseticida/Acaricida 1,28% (3)
Fox I Triazolintiona/Estrobilurina Fungicida 0,85% (2)
Furadan I Carbamato Inseticida/Nematicida 0,42% (1)
Glifosato I Glicina Substituída Herbicida 17,09% (40)
Gramaxone I Bipiridílio Herbicida 0,85% (2)
Horos I Estrobilurina/Triazol Fungicida 0,85% (2)
Ivomec I Mistura Antiparasitário 0,42% (1)
Lorsban I Organofosforado Acaricida/Inseticida 1,28% (3)
Metomil I Metilcarbamato de oxima Inseticida/Acaricida 0,42% (1)
Paraquate I Bipiridílio Herbicida 0,85% (2)
Poquer I Oxima ciclohexanodiona Herbicida 0,85% (2)
Tamaron I Organofosforado Inseticida/Acaricida 2,13% (5)
Tanidil I Organofosforado Larvicida 0,42% (1)
Tiram I Dimetilditiocarbamato Fungicida 0,85% (2)
Tocha I Bipiridílio Herbicida 0,42% (1)
Unizeb Gold I Alquilenobis (ditiocarbamato) Fungicida/Acaricida 0,85% (2)
Voraz I Diversos/Éter difenílico Inseticida 0,42% (1)
Zignal I Fenilpiridinilamina Acaricida/Fungicida 1,28% (3)
Alfa-cipermetrina II Piretróide Inseticida 0,42% (1)
Carbendazim II Benzimidazóis Fungicida 0,85% (2)
Connect II Piretróide/Neonicotinóide Inseticida 0,42% (1)
Cropstar II Neonicotinóide/Carbamato Inseticida 0,42% (1)
DDT II Organoclorado Inseticida/Acaricida 0,85% (2)
Fipronil II Fenilpirazol Inseticida 0,85% (2)
Fluazinam II Fenilpiridinilamina Acaricida/Fungicida 0,85% (2)
Folithion II Organofosforado Inseticida 0,42% (1)
Galil SC II Piretróide/Neonicotinóide Inseticida 0,42% (1)
Mancozeb II Alquilenobis (ditiocarbamato) Acaricida/Fungicida 1,28% (3)
Opera II Triazol/Estrobilurina Fungicida 0,85% (2)
Thiodicarb II Carbamato Inseticida 0,85% (2)
Trinca caps II Piretróide Inseticida 0,42% (1)
Volcane II Organoarsênico Herbicida 0,42% (1)
Aproach III Triazol / Estrobilurina Fungicida 0,85% (2)
Atrazina III Triazina Herbicida 3,41% (8)
Barrage III Piretroide Carrapaticida 0,42% (1)
Bendiocarb III Carbamato Inseticida 0,42% (1)
Cefanol III Organofosforado Acaricida/Inseticida 1,28% (3)
Diurom III Uréia Herbicida 0,42% (1)
Engeo pleno III Piretróide/Neonicotinóide Inseticida 1,28% (3)
Icon III Piretroide Iseticida 0,42% (1)
Iharol III Hidrocarbonetos alifáticos Acaricida/Inseticida 0,42% (1)
Imidacloprid III Neonicotinóide Inseticida 1,70% (4)
35

TABELA 3 – AGROTÓXICOS RELATADOS PELOS TRABALHADORES CLASSIFICADOS DE ACORDO


COM A CLASSE TOXICOLÓGICA, GRUPO QUÍMICO, E CLASSE AGRONÔMICA
(conclusão)
Grupo Percentual%
Agrótóxico Grupo Químico Classe agronômica
Tóxico (Absoluto)
Intrepid III Diacilhidrazina Inseticida 0,85% (2)
Kasumin III Antibiótico Bactericida/Fungicida 0,85% (2)
Kumulus DF III Inorgânico Acaricida/Fungicida 0,42% (1)
Malathion III Organofosforado Inseticida 2,13% (5)
Mospilan III Neonicotinóide Inseticida 0,85% (2)
Nativo III Triazol/Estrobilurina Fungicida 0,42% (1)
Nicossulfurom III Sulfoniluréia Herbicida 0,85% (2)
Pirate III Análogo de pirazol Acaricida/Inseticida 0,85% (2)
Polytrin III Piretróide/Organofosforado Acaricida/Inseticida 0,85% (2)
Premio III Antranilamida Inseticida 0,42% (1)
Priori III Estrobilurina Fungicida 0,42% (1)
Sanson III Sulfoniluréia Herbicida 0,42% (1)
Select III Oxima ciclohexanodiona Herbicida 0,85% (2)
Temefós III Organofosforado Iseticida/Larvicida 0,42% (1)
Tiofanato-
III Benzimidazóis Fungicida 0,85% (2)
metílico
Verdict III Ácido ariloxifenoxipropiônico Herbicida 0,42% (1)
Vitavax thiran III Carboxanilida/Dimetilditiocarbamato Fungicida 0,42% (1)
Azoxistrobina IV Estrobilurina Fungicida 0,42% (1)
Deltametrina IV Piretróide Inseticida 0,42% (1)
Formicida
IV Sulfonamidas fluoroalifáticas Formicida 1,28% (3)
Granulado
K-Othrine IV Piretróide Inseticida 2,99% (7)
Nomolt IV Benzoiluréia Inseticida 0,85% (2)
Óleo mineral IV Hidrocarbonetos alifáticos Inseticida 0,42% (1)
Oxicloreto de Cu IV Inorgânico Fungicida 0,42% (1)
Protreat IV Benzimidazóis/Dimetilditiocarbamato Fungicida 0,42% (1)
Regent IV Fenilpirazol Inseticida/Cupinicida 2,13% (5)
Não soube
9,40% (22)
informar
FONTE: A autora, 2018
LEGENDA: Classes toxicológicas: I – Extremamente tóxicos, II – Altamente tóxicos, III – Medianamente tóxicos,
IV – Pouco tóxicos
36

FIGURA 6 – (A) QUANTIDADE E TIPOS DE AGROTÓXICOS MAIS RELATADOS; (B) PORCENTAGEM


DE ACORDO COM A CLASSE TOXICOLÓGICA E (C) PORCENTAGEM DE ACORDO COM
A FUNÇÃO DOS AGROTÓXICOS MAIS RELATADOS

FONTE: A autora, 2018


LEGENDA: Classes toxicológicas: I – Extremamente tóxicos, II – Altamente tóxicos, III – Medianamente tóxicos,
IV – Pouco tóxicos
37

Os trabalhadores podem entrar em contato com agrotóxicos de diversas maneiras, seja


diretamente, no momento da produção, transporte, preparo, manutenção ou na aplicação do
agrotóxico no campo de trabalho, ou indiretamente, quando o produto é aplicado próximo a
moradia, local de trabalho, na lavagem das roupas ou até mesmo ao acompanhar a aplicação
(MARONI; FANETTI; METRUCCIO, 2006; YE et al., 2013; ANDERSON; MEADE, 2014).
Neste estudo, os 40 (64,5%) trabalhadores diretamente expostos a agrotóxicos, estavam
em contato com esses compostos por pelo menos 4 diferentes formas, sendo o tipo de contato
mais relatado o que acontecia durante o processo de pulverização representado por 15,3% dos
entrevistados, seguido pela limpeza/manutenção, a qual era realizada por 13,6% dos
trabalhadores (FIGURA 7).

FIGURA 7 – FORMAS DE CONTATO DOS TRABALHADORES DIRETAMENTE EXPOSTOS A


AGROTÓXICOS

FONTE: A autora, 2018

Neste trabalho, entre os 64,5% que tinham contato direto com agrotóxicos, 77,5%
afirmaram utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs). Os EPIs mais utilizados foram
máscara (52,5%) e luvas (47,5%) (FIGURA 8). Esses dados corroboram com estudos realizados
no Rio Grande do Sul, o qual demonstrou que 67,6% dos trabalhadores utilizavam pelo menos
dois tipos de EPIs (REMOR et al., 2009), no município de Santiago, Rio Grande do Sul, no
qual 63% dos trabalhadores avaliadores declararam utilizar EPIs (CATTELAN, 2017), e em
um estudo com sojicultores de municípios goianos diretamente expostos a agrotóxicos em que
100% relatavam fazer o uso de EPIs no cultivo do grão (GODOY, 2018).
38

FIGURA 8 – FREQUÊNCIA DOS TIPOS DE EPIs UTILIZADOS PELOS TRABALHADORES

FONTE: A autora, 2018

Porém, resultados diferentes foram encontrados em estudos conduzidos em uma


comunidade agrícola em Nova Friburgo, Rio de Janeiro (MOREIRA et al., 2002), em lavouras
cafeeiras, no município de Cacoal, Rondônia (SILVA, 2006), município de Conceição do
Jacuípe, Bahia (RAMOS, 2009), no Norte da Índia (SINGH et al., 2011), em estudos com
sojicultores de Espumoso, Rio Grande do Sul (BENEDETTI et al., 2013), em municípios
goianos (CARVALHO, 2014), município de Picos, Piauí (SANTANA et al., 2016) e Santa
Cruz do Sul, Rio Grande do Sul (ALVES et al., 2016) em que a maioria dos trabalhadores
afirmavam não fazer o uso de EPIs ou não fazer o seu uso de forma adequada (62,3%, 90%,
56,7%, 100%, 80%, 53,5%, 56,8% e 100% respectivamente). Dentre as justificativas relatadas
por aqueles que se recusam a utilizar os equipamentos se destacam o preço, a falta de
praticidade, comodismo, agilidade, o desconforto e o calor, gerando dificuldades na execução
do trabalho (VALE, 2013; BURALLI, 2016; CATTELAN, 2017).
Tem sido observado que muitos trabalhadores não têm real conhecimento sobre os
cuidados que devem ser tomados na manipulação de compostos tóxicos como os agrotóxicos,
e que muitos deles dizem utilizar EPIs, porém as condições de proteção oferecidas por esses
equipamentos muita das vezes já não é suficiente, principalmente pelo fato de investirem baixas
quantias paras esses fins, e não aplicarem boas condições de conservação para os mesmos. Com
isso, a falha na utilização correta do EPI é um problema que pode potencializar a exposição, e
consequentemente está relacionado ao aumento do aparecimento dos sintomas de intoxicação
(LEKEI; NGOWI; LONDON, 2014).
39

As análises de intoxicações por agrotóxicos entre 2007 a 2014 contabilizaram mais de


25 mil casos de intoxicação por esses compostos no Brasil neste período, entretanto, é descrito
que para cada caso notificado, 50 outros não são notificados, sendo múltiplas as circunstâncias
observadas na literatura, destacando-se os acidentes e as tentativas de suicídio, o que torna os
casos de intoxicação um problema de saúde pública (BOMBARDI, 2017).
Neste trabalho, dentre os expostos a agrotóxicos, 17,8% relataram já ter sofrido
intoxicação, sendo dois casos por exposição indireta, e os sintomas mais comuns foram
gastrointestinais, febre, cefaleia, náusea, vertigem, fraqueza, sufocamento, sudorese e agitação.
Um estudo realizado por Alves; Fernandes e Marin (2008) que avaliava as condições do uso de
agrotóxicos em culturas de tomate em Goiás, verificou que dos 96 trabalhadores entrevistados,
18,8% relataram ter histórico de intoxicação aguda por agrotóxicos, sendo os sintomas
descritos: cefaleia, formigamento, espirros, vertigem, coceira, irritação nos olhos, enjoo, dor de
estômago, vômito e desmaio.
Outro estudo, realizado por Castro; Ferreira e Mattos, (2011) com 81 agricultores de
Russas, no Ceará, verificou que 8,64% dos trabalhadores relatavam já ter sofrido intoxicação
por agrotóxicos. Além desses, foi realizado um estudo por Santana e colaboradores (2016) que
avaliou o perfil de 159 trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos no município
de Picos, Piauí, no qual 15% dos avaliados já haviam relatado sinal de envenenamento, sendo
os sintomas mais citados, cefaleia, enjoo, vertigem, irritação da pele e perda de apetite. Outros
estudos também relataram casos de intoxicação em trabalhadores ocupacionalmente expostos
a agrotóxicos (CASTRO; CONFALONIERI, 2005; SOARES; FREITAS; COUTINHO, 2005;
CABRAL, 2012; GODOY, 2013; KHAYAT et al., 2013; VASCONCELOS; FREITAS;
SILVEIRA, 2014; VICIANA, 2015; BURALLI, 2016).

5.3 Análise Bioquímica e Hematológica

O Ministério da Saúde, através do SUS, torna necessário o biomonitoramento constante


da saúde desses trabalhadores ocupacionalmente expostos, como orienta Protocolo de Atenção
à Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos (SILVA et al., 2006) Dentre os exames
preconizados pelo Protocolo, o hemograma completo com contagem de reticulócitos, perfil
lipídico (colesterol total, HDL, LDL, VLDL e triglicérides), colinesterase plasmática, ALT,
AST, glicemia e Gama-GT foram realizados no presente estudo. Os resultados destes exames
foram avaliados de acordo com os valores de referência fornecidos pelo Laboratório de Análises
Clínicas e Ensino em Saúde (LACES/UFG).
40

A TABELA 4 apresenta as médias dos dados referentes as análises hematológicas


realizadas em 62 trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos do município de
Silvânia, os quais compõe o grupo caso.

TABELA 4 – VALORES MÉDIOS, DESVIOS PADRÃO E VALORES DE REFERÊNCIA DOS


PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS ANALISADOS EM TRABALHADORES DO
MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS, 2018
PARÂMETROS MÉDIA ± DP VALOR DE REFERÊNCIA
Eritrócitos 4,93 ± 0,52 4,0 – 5,50 x 103/mm3
Hemoglobina 14,74 ± 1,56 12 – 16,5 g/dL
Hematócrito 44,54 ± 4,67 37 – 47,0 %
VCM 90,44 ± 5,11 82 – 92 µm3
HCM 29,92 ± 2,10 27 – 34 pg
CHCM 33,08 ± 0,70 32 – 36 g/dL
RDW 12,97 ± 0,74 11,0 – 15,1 %
Reticulócitos 68,46 ± 32,75 22,1 – 96,3 x 103/mm3
Leucócitos 6.860 ± 2.102 4.500 – 10.000/mm3
Linfócitos 2.209 ± 614 900 – 3300/mm3
Monócitos 386 ±142 90 – 800 /mm3
Neutrófilos Totais 4.147 ± 1.752 2.295 – 6.000/mm3
Segmentados 4.019 ± 1.637 2.250 – 6.000/mm3
Bastonetes 128 ± 192 0 – 500 /mm3
Eosinófilos 117 ± 126 50 – 1.050 /mm3
Plaquetas 239 ± 57 140 – 400 x 103/mm3
FONTE: A autora, 2018
LEGENDA: DP: Desvio padrão; mm3: milímetro cúbico; g/dL: grama por decilitro; µm3: micrômetro cúbico; pg:
picograma; VCM: Volume corpuscular médio; HCM: Hemoglobina corpuscular média; CHCM:
Concentração de hemoglobina corpuscular média; RDW: Red Cell Distribution Width (Amplitude
de Distribuição dos Glóbulos Vermelhos

As médias dos parâmetros hematológicos avaliados se mostraram dentro dos valores de


referência, no entanto, na análise isolada dos hemogramas foram observadas discretas
alterações na série vermelha e alguns casos de reticulocitose, leucocitose, leucopenia,
linfocitose, linfopenia, neutrofilia e neutropenia, porém, em números não representativos
(FIGURAS 9 e 10).
41

FIGURA 9 – HEMOGRAMA DOS TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS, 2018

FONTE: A autora, 2018


LEGENDA: Pontos expressos em azul representam a distribuição dos parâmetros fora do limite dos valores de
referência e pontos expressos em laranja representam a distribuição dos parâmetros dentro do limite
dos valores de referência
42

FIGURA 10 – LEUCOGRAMA E PLAQUETOGRAMA DOS TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE


SILVÂNIA, GOIÁS, 2018

FONTE: A autora, 2018


LEGENDA: Pontos expressos em azul representam a distribuição dos parâmetros fora do limite dos valores de
referência e pontos expressos em laranja representam a distribuição dos parâmetros dentro do limite
dos valores de referência

Em geral os valores médios obtidos para as análises hematológicas dos trabalhadores de


Silvânia se encontraram dentro dos valores de referência, assim como estudos com fazendeiros
de comunidades do Rio Grande do Sul (REMOR et al., 2009); trabalhadores do Estado do Piauí
43

(CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011), produtores de tabaco de Venâncio Aires e Santa Cruz
do Sul, Rio Grande do Sul (DA SILVA et al., 2012), trabalhadores dos municípios de Teresina,
Nazária e José de Freitas, Estado do Piauí (ADAD et al., 2015), produtores agrícolas do Rio
Grande do Sul (ALVES et al., 2016) e trabalhadores rurais do município de Santiago, Rio
Grande do Sul (CATTELAN, 2017), os quais também obtiveram valores dentro da referência.
A leucocitose pode ser uma resposta da exposição inicial ao agrotóxico, indicando uma
tentativa de defesa do organismo agredido. Em seguida, com o aumento da exposição, parece
haver uma lesão no sistema hematopoiético e imune, causando a leucopenia. Porém a
leucopenia não pode ser indicada como um fator único específico, uma vez que pode sofrer
influência pelo uso de medicamentos de uso contínuo como os anti-hipertensivos,
antiarrítmicos, anticonvulsivantes, antibióticos, os utilizados no controle da diabetes e para
doenças da tireoide, além dos agrotóxicos (CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011). Neste
trabalho, 54,83% dos trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos entrevistados
faziam uso de medicamentos de uso contínuo (Dentre eles: losartana, atenolol, enalapril,
hidroclorotiazida, sinvastatina, metformina, topiramato, ciclobenzaprina, flunarizina, puran T4,
gardenal, carbamazepina e sertralina). Outros estudos também observaram a presença de
diminuição de leucócitos e potencial anemia após exposição ocupacional a agrotóxicos
(GAMLIN; ROMO; HESKETH, 2007; TITLIĆ; JOSIPOVIĆ-JELIĆ; PUNDA, 2008;
RAMOS, 2009; CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011; FARIAS, 2012; GAIKWAD et al.,
2015).
A progressão da hematoxicidade induzida por agrotóxicos e seus mecanismos de ação
tóxicos na hematopoiese ainda não são bem explicados. Porém, Chatterjee e colaboradores
(2013), demonstraram em seu estudo a toxicidade induzida por agrotóxicos na medula e
estroma hematopoiético, identificando a diminuição da proliferação e maturação funcional das
células estromais da medula e dos progenitores hematopoiéticos com subsequente aumento da
apoptose celular da medula após a toxicidade do agrotóxico, o que possivelmente explica o
aumento da incidência de insuficiência da medula óssea hipoplásica em humanos expostos a
concentrações moderadas a altas de agrotóxicos.
Quanto aos reticulócitos, seu aumento também foi verificado no estudo de Costa e
colaboradores (2014), a qual identificou que a reticulocitose pode estar relacionada a lesões nas
células hematopoiéticas devido a provável exposição ocupacional a agrotóxicos.
Neste trabalho, 56,45% dos trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos
afirmaram apresentar algum tipo de doença. A FIGURA 11 ilustra as doenças relatadas por
eles, das quais, as mais frequentes foram alergias (25%), hipertensão (23,1%) e diabetes
44

(17,3%). Assim, os casos de doenças justificam a utilização de medicações de uso contínuo,


sendo eles, potenciais interferentes nos valores do leucograma como relatado nos estudos de
Ramos (2009); Chaves (2011) e Rodrigues (2011).

FIGURA 11 – FREQUÊNCIAS DOS TIPOS DE DOENÇAS APRESENTADAS PELOS TRABALHADORES

FONTE: A autora, 2018

Os dados referentes as análises bioquímicas dos trabalhadores avaliados estão presentes


na TABELA 5. As médias para ambos os sexos dos parâmetros colesterol total, HDL e LDL
estão de acordo com os valores de referência, assim como o valor médio de VLDL e glicemia
para o sexo feminino. Entretanto, foi observado que a média, para ambos os sexos, do parâmetro
triglicérides, e para o sexo masculino dos parâmetros VLDL e glicemia se mostraram maiores
que os valores descritos na referência.

TABELA 5 – VALORES MÉDIOS, DESVIOS PADRÃO E VALORES DE REFERÊNCIA DOS


PARÂMETROS BIOQUÍMICOS, ANALISADOS DE ACORDO COM O SEXO, EM
TRABALHADORES DO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA, GOIÁS, 2018
FEMININO (n=22) MASCULINO (n=40)
PARÂMETROS
Média ± D.P. V.R. Média ± D.P. V.R.
Triglicérides 154,59 ± 119,04 < 150 mg/dL 152,55 ± 86,40 < 150 mg/dL
Colesterol total 197,41 ± 44,46 < 200 mg/dL 197,90 ± 44,94 < 200 mg/dL
HDL 49,41 ± 12,81 ≥ 40 mg/dL 45,40 ± 15,75 ≥ 40 mg/dL
LDL 117,49 ± 40,64 < 130 mg/dL 119,49 ± 37,44 < 130 mg/dL
VLDL 30,51 ± 24,20 < 30 mg/dL 33,01 ± 23,89 < 30 mg/dL
Colinesterase 8337 ± 2598 3.930 – 10.800 U/L 8868 ± 1722 4.620 – 11.500 U/L
AST (TGO) 29,50 ± 20,92 10 – 37 U/L 32,20 ± 24,70 11 – 39 U/L
ALT (TGP) 24,55 ± 17,34 10 – 37 U/L 35,10 ±35,79 11 – 45 U/L
Glicemia 100,23 ± 16,77 69 – 99 mg/dL 110,93 ± 38,73 69 – 99 mg/dL
Gama – GT 37,95 ± 55,60 5 – 39 U/L 57,65 ± 71,65 7 – 58 U/L
FONTE: A autora, 2018
LEGENDA: DP: Desvio padrão; V.R.: Valor de referência; mg/dL: miligrama por decilitro; U/L: Unidades por
litro; HDL: Lipoproteína de alta densidade; LDL: Lipoproteína de baixa densidade; VLDL:
Lipoproteína de densidade muito baixa; AST (TGO): Aspartato aminotransferase (transaminase
glutâmico-oxalacética); ALT (TGP): Alanina aminotransferase (transaminase glutâmico-pirúvica);
Gama-GT: Gama glutamil transferase
45

Nesse contexto, em uma análise isolada, foi possível observar que 38,7% dos
trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos possuíam triglicérides alterado (> 150
mg/dL), 45,2% possuíam o colesterol total alterado (> 200 mg/dL), 32,3% possuíam HDL
alterado (< 40 mg/dL), 32,3% possuíam LDL alterado (> 130mg/dL), 38,7% possuíam VLDL
alterado (> 30mg/dL) e 46,8% possuíam glicemia alterada (> 99mg/dL) (FIGURA 12). Vale
ressaltar que o jejum não foi uma exigência nesse estudo, e com isso, as alterações observadas
corroboram com os históricos relatados por muitos trabalhadores, dos quais 17,3% tinham
consciência de serem diabéticos, e 9,6% relataram possuir colesterol elevado (FIGURA11).

FIGURA 12 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ALTERAÇÕES NA GLICEMIA E PERFIL LIPÍDICO

FONTE: A autora, 2018

Esses resultados condizem com estudos de Cattelan (2017), a qual declarou que em seu
trabalho realizado com trabalhadores rurais do munícipio de Santiago, Rio Grande do Sul, 36%
dos participantes apresentaram um aumento na dosagem média de triglicérides com valores
superiores a 150mg/dL (154,66 ± 171,33 mg/dL), e 16% apresentaram colesterol aumentado,
com níveis superiores a 240 mg/dL. Outro estudo conduzido por Vale (2013), que avaliava
agentes de combate a endemias da cidade de Goiânia, Goiás, também observou alterações
isoladas nas análises bioquímicas, condizendo com este trabalho, destacando alterações nas
dosagens de colesterol total (máx. 285 mg/dL), HDL (mín. 28mg/dL), LDL (máx.196,8 mg/dL),
VLDL (máx.89,4 mg/dL), triglicérides (máx. 407 mg/dL) e glicemia (máx. 161 mg/dL), porém
ela considerou os aumentos pouco significantes quando comparadas aos valores de referência,
ressaltando que deve ser dado uma maior atenção à anamnese. Resultados diferentes foram
observados por Adad e colaboradores (2015), os quais verificaram um valor médio de
46

triglicérides menor que 150 mg/dL (119,68 ± 23,65 mg/dL) e García-García e colaboradores
(2016), que verificaram valores médios dentro do limite de referência para triglicérides (81,44
± 3,76 mg/dL), glicemia (82,76 ± 1,61 mg/dL) e colesterol total (174.00 ± 2.86 mg/dL).
Em seu estudo de revisão, Karami-Mohajeri e Abdollahi (2011) sugerem a evidência do
estresse oxidativo causado por agrotóxicos como prejudicial a órgãos como pâncreas, cérebro
e fígado, causando prejuízos no metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas, de forma que
nos estágios iniciais de exposição, os carboidratos são usados para fornecer energia atendendo
a situações de estresse, e mais tarde são os lipídios e as proteínas que servem como a principal
fonte de energia. Assim, pode-se justificar a variedade de resultados encontrados, uma vez que
pesquisas envolvendo agrotóxicos abrangem diversas classes e misturas, bem como diferentes
condições de exposição ocupacional.
Em relação a colinesterase plasmática (BChE), as médias para o sexo feminino (8337 ±
2598 U/L) e masculino (8868 ± 1722 U/L) se encontram dentro do limite dos valores de
referência (Fem. 3.930 – 10.800 U/L; Masc. 4.620 – 11.500 U/L) (TABELA 5). Esses
resultados são condizentes com dosagens semelhantes de BChE em trabalhadores nos estudos
de Chaves (2011) (8.013 ± 1.068 U/L), Rodrigues (2011) (7.712 ± 2.104 U/L), Benedetti e
colaboradores (2013) (8.231 ± 1.368 U/L) e Adad e colaboradores (2015) (8.203 ± 2.865 U/L).
Porém, em uma análise isolada, observou-se que 9,7% trabalhadores ocupacionalmente
expostos apresentaram um aumento da enzima BChE e 3,2% apresentaram diminuição
(FIGURA 13).

FIGURA 13 – DISTRIBUIÇÃO DAS DOSAGENS DE COLINESTERASE PLASMÁTICA (BChE)

FONTE: A autora, 2018


LEGENDA: Pontos expressos em azul representam a distribuição de dosagens de BChE fora do limite dos valores
de referência e pontos expressos em laranja representam a distribuição de dosagens de BChE dentro
do limite dos valores de referência
47

García-García e colaboradores (2016), em um estudo com 189 agricultores de Almeria,


no litoral Sudeste da Espanha, também verificaram aumento na dosagem de BChE, comparando
o grupo em períodos de alta e baixa exposição a agrotóxicos. Hernández e colaboradores (2013)
justificaram que esse efeito pode estar relacionado a uma síntese aumentada da enzima,
resultando em níveis plasmáticos 10 a 20% acima da atividade normal, como um mecanismo
natural de proteção contra exposições sub-tóxicas. Diferente disso, Chaves (2011) sugere que
alterações acima do valor de referência para BChE possam estar relacionadas a outras
patologias decorrentes ou não da exposição a agrotóxicos, como diabetes, obesidade e síndrome
nefrótica. Deve ser levado em conta o fator de que a produção da enzima ocorre no fígado e
que a presença de patologias nesse órgão como o aumento da síntese de proteínas hepáticas
pode caracterizar consequentemente em níveis elevados da colinesterase plasmática (LADOU;
HARRISON, 2016; MARQUES; CAIXETA, 2016).
Quanto a diminuição da BChE, apesar de não expressiva neste trabalho, foi também
verificada a diminuição da enzima em estudos com agricultores de municípios do Estado do
Piauí (CHAVES, 2011; RODRIGUES, 2011) e em trabalhadores rurais, do município de
Farroupilha, no Rio Grande do Sul (CREMONESE, 2014), os quais classificaram essa
diminuição como uma inibição percentual da BChE e verificaram índices de 4%, 5% e 4,4% de
inibição da enzima respectivamente no total das populações estudadas.
É sugerido que a colinesterase pode estar diminuída em alterações hepáticas, endócrinas
e na desnutrição (MARQUES; CAIXETA, 2016). Fato esse que é reforçado por Araújo e
colaboradores (2007) e Rodrigues (2011), que afirmam que a colinesterase pode diminuir em
pacientes alcoolistas, e em outras patologias, sendo o álcool um fator de confundimento na
intoxicação crônica causada por agrotóxicos, devido a sua ação potencializadora dos efeitos
causados pelo agrotóxico, podendo causar neurotoxicidade, disfunções hepáticas e alterações
nas dosagens de colinesterase.
Em relação aos parâmetros bioquímicos, AST (Fem. 10 – 37 U/L; Masc. 11 – 39 U/L),
ALT (Fem. 10 – 37 U/L; Masc. 11 – 45 U/L), e Gama-GT (Fem. 5 – 39 U/L; Masc. 7 – 58
U/L), as médias, para ambos os sexos, estavam de acordo com os valores de referência
(TABELA 5). Esses dados corroboram com o estudo de Ramos (2009) no município de
Conceição do Jacuípe, Bahia, que avaliou 32 agricultores e verificou que as médias para AST
(25,53 ± 7,7), ALT (18,53 ± 6,3) e Gama-GT (21,72 ± 16,3) se encontravam dentro da
normalidade determinada pelos valores de referência. Outro estudo, conduzido por García-
García e colaboradores (2016) com 189 agricultores de Almeria, no litoral Sudeste da Espanha,
também revelou médias normais para AST (19,56 ± 0,5), ALT (20,01 ± 0,65) e Gama-GT
48

(27,05 ± 1,2). O mesmo ocorreu no estudo de Cattelan (2017) com 152 agricultores do
município de Santiago, Rio Grande do Sul, a qual em suas análises também demonstrou que a
média dos parâmetros bioquímicos AST (28,2 ± 12,9), ALT (27,3 ± 17,4) e Gama-GT (30,8 ±
22,2) estavam de acordo com a referência.
No entanto, nesse estudo, ao observar esses parâmetros isoladamente, 6 (9,7%) dos
trabalhadores ocupacionalmente expostos avaliados apresentaram aumento de ALT, 7 (11,3%)
apresentaram aumento de AST e 15 (24,2%) apresentaram aumento de Gama-GT (FIGURA
14).

FIGURA 14 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ALTERAÇÕES PARA AST, ALT E GAMA-GT DE


ACORDO COM SEXO

FONTE: A autora, 2018

Dados semelhantes foram encontrados por Rodrigues (2011) em seu estudo com
agricultores no Piauí, a qual verificou médias próximas aos valores de referência para AST
(32,6 ± 7,6) e ALT (37,7 ± 13,8), porém, observou individualmente que 33,3% dos
trabalhadores apresentavam AST acima da referência e 55% apresentavam ALT elevada.
Ramos (2009) em seu estudo no município de Conceição do Jacuípe, Bahia, apesar de ter obtido
médias dentro da normalidade dos valores de referência para AST, ALT e Gama-GT, também
verificou que 6,3% do seu grupo de indivíduos expostos a agrotóxicos apresentavam AST
aumentada e 21,9% apresentavam aumento em Gama-GT. Outro estudo, conduzido por Chaves
(2011) com agricultores do Estado do Piauí, observou um aumento em 6,7% dos resultados de
Gama-GT quando comparados aos valores de referência.
Para Almeida e Martins (2008), apesar das alterações nos padrões dessas enzimas
hepáticas serem normalmente relacionadas a doenças no fígado, não descarta-se também a
49

possibilidade de exposição a agrotóxicos, já que esse órgão é responsável por grande parte da
biotransformação de moléculas, e destaca o álcool como um fator de confusão no diagnóstico
diferencial com a intoxicação crônica com agrotóxicos, podendo esse causar aumento das
enzimas hepáticas, o que corrobora com os dados encontrados neste trabalho, no qual foi
elevado o consumo de bebidas alcoólicas entre os trabalhadores ocupacionalmente expostos
(64,52%), e que também individualmente foi observado aumento nas enzimas ALT (17,7%),
AST (6,5%) e Gama-GT (24,2%). Além disso, destaca-se a predominância do uso do glifosato
(17,09%) pelos trabalhadores entrevistados, podendo esta ser uma das causas de alterações nas
enzimas AST e ALT, que podem ser alteradas em decorrência de exposições a agrotóxicos,
dentre eles o glifosato, resultando em uma leve disfunção hepática, podendo evoluir para
citotoxicidade (HERNÁNDEZ et al., 2006; YAMADA et al., 2006).

5.4 Ensaio Cometa

As análises do dano no DNA foram realizadas para os 62 trabalhadores


ocupacionalmente expostos a agrotóxicos e para os 61 indivíduos não ocupacionalmente
expostos do município de Silvânia, Goiás (FIGURA 15). Foram considerados nas análises os
seguintes parâmetros: comprimento da cauda (CC), porcentagem de DNA na cauda (% DNA)
e Momento da cauda de Olive (MCO).

FIGURA 15 – ENSAIO COMETA REALIZADO EM SANGUE PERIFÉRICO DE (A) TRABALHADORES


OCUPACIONALMENTE EXPOSTOS A AGROTÓXICOS E (B) CONTROLE

FONTE: A autora, 2018

A comparação dos grupos estudados (TABELA 6), demonstrou maiores danos


genotóxicos no grupo caso em relação ao grupo controle quando analisados os parâmetros
comprimento da cauda (CC) (p <0,001) e a porcentagem de DNA na cauda (%DNA) (p <0,001).
50

TABELA 6 – VALORES MÉDIOS E DESVIOS PADRÃO DO COMPRIMENTO DA CAUDA (CC),


PORCENTAGEM DE DNA NA CAUDA (% DNA) E MOMENTO DA CAUDA DE OLIVE
(MCO) OBTIDOS PELO ENSAIO COMETA PARA OS GRUPOS CASO E CONTROLE
GRUPOS (MÉDIA ± DESVIO PADRÃO)
PARÂMETROS Z p*
Caso (n= 62) Controle (n= 61)
CC 15,48 ± 8,80 9,43 ± 9,86 6,00 < 0,001
% DNA 24,95 ± 8,60 9,61 ± 8,63 7,57 < 0,001
MCO 3,02 ± 1,97 3,74 ± 3,85 0,69 0,49
FONTE: A autora, 2018
LEGENDA: *Teste U de Mann-Whitney

Em relação ao parâmetro comprimento da cauda (CC) foram obtidos resultados de 15,48


± 8,80 para o grupo caso e 9,43 ± 9,86 para o grupo controle. Quanto ao parâmetro porcentagem
de DNA na cauda (% DNA) os resultados obtidos foram 24,95 ± 8,60 para o grupo caso e 9,61
± 8,63 para o grupo controle. Os resultados obtidos para o parâmetro Momento da cauda de
Olive (MCO) foram 3,02 ± 1,97 no grupo caso e 3,74 ± 3,85 no grupo controle.
O aumento do dano no DNA em trabalhadores expostos a múltiplos tipos de
agrotóxicos foram também observados por diversos pesquisadores, tais como, Costa e
colaboradores (2014) que avaliaram 85 agricultores e verificaram maior dano no DNA quando
os compararam com controles e produtores de cultura orgânica; Da Silva e colaboradores
(2014), que observaram a exposição de produtores de tabaco e verificaram uma frequência
elevada de danos no DNA em diferentes estágios da cultura quando comparados com indivíduos
não expostos; Wilhelm; Calsing e Da Silva (2015) ao verificar em um estudo caso-controle o
aumento significante do dano no DNA de 37 floricultores ocupacionalmente expostos a uma
mistura de agrotóxicos; Alves e colaboradores (2016), que identificaram significante dano no
DNA ao avaliarem 77 agricultores de cultivo de tabaco em contraste com um grupo não exposto
a agrotóxicos e Sutris e colaboradores (2016), os quais analisaram 180 crianças de uma ilha
agrícola da Malásia, e verificaram que quanto maior o tempo de residência na ilha, maior era o
dano ao DNA das crianças.
É também relatado o aumento do dano no DNA no estudos de Perumalla Venkata e
colaboradores (2017), que analisaram 106 mulheres trabalhadoras de cultivo de algodão na
Índia, e identificaram a evidência de significante dano no DNA em decorrência da exposição a
uma mistura de agrotóxicos; Intranuovo e colaboradores (2018), que avaliaram agricultores das
províncias de Bari e Taranto, na Itália, e identificaram maiores danos no DNA quando
correlacionado a exposição a agrotóxicos, especificamente nos parâmetros momento da cauda,
porcentagem de DNA na cauda, comprimento da cauda e área da cauda; e Jacobsen-Pereira e
colaboradores (2018), os quais identificaram maior dano no DNA em 50 trabalhadores rurais
51

expostos a agrotóxicos do município de Antônio Carlos, Santa Catarina, quando comparados a


um grupo controle sem histórico de exposição.
Além desses, outros trabalhos também relatam sobre a incidência de dano no DNA de
indivíduos expostos a diversos agrotóxicos (DA SILVA et al., 2008; BHALLI et al., 2009;
RAMOS 2009; CHAVES 2011; KAUR; KAUR; LATA, 2011; PAIVA et al., 2011;
RODRIGUES, 2011; SINGH et al., 2011; DA SILVA et al., 2012; KVITKO et al., 2012;
BENEDETTI et al., 2013; KHAYAT et al., 2013).
Essas alterações podem ser causadas pela exposição do DNA a agrotóxicos, uma vez
que têm sido relatados que esses compostos apresentam potencial genotóxico, gerando acúmulo
de radicais livres, que agem reagindo com as membranas celulares e iniciam o processo de
peroxidação lipídica, de forma que esse acúmulo pode induzir o estresse oxidativo e
dependendo da capacidade antioxidante corporal dos indivíduos expostos aos agrotóxicos,
consequentes efeitos adversos ao DNA podem ocorrer (ASTIZ et al., 2011; ABDOLLAHI;
KARAMI-MOHAJERI, 2012).
Na TABELA 7 pode ser visto os resultados da comparação, dentro do grupo dos 62
trabalhadores ocupacionalmente expostos, entre os três parâmetros de danos no DNA com as
variáveis sexo, tabagismo, consumo de bebida alcoólica e o uso de EPIs.

TABELA 7 - COMPARAÇÃO DOS VALORES MÉDIOS E DESVIOS PADRÃO DO COMPRIMENTO DA


CAUDA (CC), PORCENTAGEM DE DNA NA CAUDA (% DNA) E MOMENTO DA CAUDA
DE OLIVE (MCO) COM AS VARIÁVEIS EXPLORATÓRIAS NO GRUPO CASO
PARÂMETROS DE DANO NO DNA (MÉDIA ± DP)
VARIÁVEIS
CC PDCA MCO

Sexo p = 0,67 p = 0,68 p = 0,58


Feminino (n= 22) 14,84 ± 7,49 24,33 ± 8,89 2,83 ± 1,53
Masculino (n= 40) 15,84 ± 9,52 25,28 ± 8,53 3,12 ± 2,18

Tabagismo p = 0,84 p = 0,50 p = 0,47


Sim (n= 6) 16,20 ± 12,57 27,20 ± 10,30 3,57 ± 3,27
Não (n= 56) 15,40 ± 8,46 24,70 ± 8,47 2,96 ± 1,81

Consumo de bebida alcoólica p = 0,52 p = 0,73 p = 0,46


Sim (n= 40) 16,02 ± 10,42 24,66 ± 9,78 3,16 ± 2,36
Não (n= 22) 14,50 ± 4,70 25,46 ± 6,02 2,76 ± 0,86

EPIs p = 0,84 p = 0,59 p = 0,70


Sim (n= 38) 15,66 ± 9,59 25,42 ± 8,67 3,09 ± 2,14
Não (n= 24) 15,20 ± 7,58 24,20 ± 8,57 2,90 ± 1,69
FONTE: A autora, 2018
LEGENDA: * Teste t-Student; EPIs: Equipamentos de proteção individual

Ao analisar as variáveis sexo, hábito tabagista, consumo de bebidas alcoólicas e o uso


de EPIs, em relação aos parâmetros comprimento da cauda (CC), porcentagem de DNA na
52

cauda (% DNA) e Momento da cauda de Olive (MCO), não foram identificadas diferenças
estatisticamente significativas.
A ausência de associação significativa entre o dano no DNA e as variáveis como sexo,
tabagismo, consumo de álcool e o uso de EPIs foram também observadas em outros estudos
(KAUR; KAUR; LATA, 2011; PAIVA et al., 2011; RODRIGUES, 2011; SINGH et al., 2011;
DA SILVA et al., 2012; KVITKO et al., 2012; BENEDETTI et al., 2013; KHAYAT et al.,
2013; DA SILVA et al., 2014; WILHELM; CALSING; DA SILVA, 2015; ALVES et al., 2016;
JACOBSEN-PEREIRA et al., 2018).
Dessa forma, segundo Khayat e colaboradores (2013), as diferenças observadas entre
os resultados obtidos na avaliação genotóxica e as variáveis analisadas para o grupo exposto a
agrotóxicos podem refletir em diferentes condições, como a intensidade de exposição, medidas
de proteção utilizadas, potencial genotóxico, tipo de cultura, fatores ambientais e endógenos,
formulação e potencial de absorção do agrotóxico e tipo de técnica laboratorial adotada.
Nesse contexto, o ensaio cometa é utilizado como um biomarcador de genotoxicidade e
demonstra danos recentes no DNA que são passíveis de reparo (COLLINS et al., 2008). Porém,
apesar de ocorrerem alguns reparos, é importante o biomonitoramento com marcadores de
genotoxicidade em indivíduos expostos a misturas de agrotóxicos, objetivando a prevenção de
futuras lesões no DNA, as quais podem evoluir levando a crescimentos neoplásicos nas células
danificadas (VALVERDE; ROJAS, 2009).
Portanto, com os resultados observados foi possível verificar que a exposição a uma
complexa mistura de agrotóxicos é capaz de induzir um aumento significativo de danos no
DNA na população exposta quando comparada a uma população sem histórico de exposição, e
nesse sentido, devido a observação de não significância entre as variáveis analisadas (sexo,
tabagismo, consumo de álcool e uso de EPIs), é possível indicar que as lesões encontradas no
DNA estão provavelmente associadas aos danos resultantes da exposição a uma mistura
complexa de agrotóxicos.
53

6 CONCLUSÃO

A análise dos resultados desse estudo permitiu obter as seguintes conclusões:

• Os trabalhadores ocupacionalmente expostos a agrotóxicos avaliados são


majoritariamente do sexo masculino, com uma faixa etária média de 45 anos (± 10,6),
que não tem hábito tabagista e consomem bebidas alcoólicas;
• A exposição direta foi predominante entre os trabalhadores, e a minoria deste grupo
não utilizava equipamentos de proteção individual, os quais relataram ter contato com
78 diferentes tipos de agrotóxicos, sendo pulverização e a limpeza/manutenção as
formas de contato mais observadas;
• Foi predominante a utilização de inseticidas pertencentes na sua maioria a classe
toxicológica I, e os agrotóxicos mais frequentemente relatados foram o Glifosato e o
2,4-D;
• 17,8% dos trabalhadores expostos a agrotóxicos relataram já ter sofrido intoxicação,
sendo dois casos por exposição indireta;
• No geral, as médias dos parâmetros hematológicos avaliados se mostraram dentro dos
valores de referência;
• O jejum não foi uma obrigatoriedade nesse estudo, entretanto as médias dos parâmetros
bioquímicos colesterol total, HDL e LDL estavam de acordo com os valores de
referência, já a média dos parâmetros triglicérides (para ambos os sexos), VLDL e
glicemia (para o sexo masculino) se mostraram aumentados;
• No geral, as médias da colinesterase plasmática (BChE) se mostraram dentro dos
valores de referência para homens e mulheres;
• Alterações isoladas para AST, ALT e Gama-GT foram identificadas, podendo ser
correlacionadas ao uso de agrotóxicos e o elevado consumo de álcool pelos
trabalhadores;
• Maior dano genotóxico foi observado no grupo exposto em relação ao grupo sem
histórico de exposição quando analisados os parâmetros Comprimento da cauda (CC)
(p < 0,001) e a porcentagem de DNA de cauda (p < 0,001);
• Não foi observada correlação significativa em relação as variáveis sexo, tabagismo,
consumo de álcool e o uso de EPIs em relação aos parâmetros do cometa;
54

• É importante conscientizar aqueles que trabalham com agrotóxicos sobre os riscos


potenciais da exposição ocupacional e a necessidade da utilização de medidas de
proteção efetivas, uma vez que estão expostos a múltiplos tipos de agrotóxicos, e ainda
não estão completamente esclarecidos os efeitos causados pela genotoxicidade de
mistura complexas.
55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDOLLAHI, M.; KARAMI-MOHAJERI, S. A comprehensive review on experimental and


clinical findings in intermediate syndrome caused by organophosphate poisoning. Toxicology
and Applied Pharmacology, v. 258, n. 3, p. 309–314, 1 fev. 2012.

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68

APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Eu, _______________________________________________________, inscrito (a)


sob o R.G. nº.________________________________, abaixo assinado, concordo em participar
do estudo intitulado “Impactos dos agrotóxicos na saúde de trabalhadores rurais do sudeste e
sudoeste goiano ocupacionalmente expostos”. Informo ter mais de 18 anos de idade, e destaco
que minha participação nesta pesquisa é de caráter voluntário. Fui, ainda, devidamente
informado (a) e esclarecido (a), pelas pesquisadoras responsáveis Profa. Dra. Daniela de Melo
e Silva e Renata Elisa Batista, sobre a pesquisa, os procedimentos e métodos nela envolvidos,
assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação no estudo.
Declaro, portanto, estar ciente dos meus direitos abaixo relacionados e que concordo com a
minha participação no projeto de pesquisa acima descrito.

1. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a qualquer


dúvida a cerca dos procedimentos, riscos e benefícios e outros relacionados com a pesquisa e
tratamento a que serei submetido;
2. A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar
do estudo sem que isso traga prejuízo em relação ao meu tratamento;
3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial
da informação relacionada com a minha privacidade;
4. O compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda
que esta possa afetar minha vontade de continuar participando;
5. A disponibilidade de tratamento médico e a indenização que legalmente teria direito,
por parte da Instituição à Saúde, em caso de danos que a justifiquem, diretamente causados pela
pesquisa e;
6. Que se existirem gastos adicionais estes serão absorvidos pelo orçamento da
pesquisa.

Silvânia, _____ de _____________________ de _________

_____________________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
69

APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO CASO

Questionário exposição a agrotóxicos


Formulário sobre hábitos de vida de trabalhadores expostos a

agrotóxicos *Obrigatório

- Código de Identificação *

- Nome completo *

Ø Nome da mãe *

Ø Data de nascimento *

Exemplo: 15 de dezembro de 2012

Ø Local de nascimento

Ø Sexo *
Marcar apenas um oval.

Feminino
Masculino
Outros

7. Peso (Kg)

8. Altura (m)
70

Questionário exposição a agrotóxicos

9. Estado civil *
Marcar apenas um oval.

Solteiro
Casado
Divorciado
Outros

10. Endereço *

11. Telefone para contato *

12. Email para contato

13. Profissão *

14. Cidade de atuação *

15. Você possui alguma doença? (perguntar sobre alergias e doenças


autoimunes) * Marcar apenas um oval.
Sim
Não

16. Se sim, quais doenças?


71

Questionário exposição a agrotóxicos

17. Histórico familiar de doenças


* Marque todas que se aplicam.
Diabetes
Hipertensão
Alergias
Aborto espontâneo
Câncer (qualquer tipo)
Alterações congênitas
Outros
Nenhum

18. Você e/ou sua esposa possui dificuldades para


engravidar? * Marcar apenas um oval.
Sim
Não

19. Possui filhos? *


Marcar apenas um oval.

Sim
Não

20. Se sim, quantos filhos?

21. Se sim, os filhos têm algum problema de


saúde? Marcar apenas um oval.
Sim
Não

22. Se sim, qual o problema de saúde do filho?

23. Teve algum filho com nascimento prematuro?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

24. Você fuma? *


Marcar apenas um oval.

Sim
Não
Ex-fumante
72

Questionário exposição a agrotóxicos

25. Se sim ou é ex-fumante, qual a quantidade de cigarros consumida por dia?

26. Se sim ou é ex-fumante, qual o tipo de cigarro é/foi


utilizado? Marque todas que se aplicam.
Filtro
Palha

27. Você consome bebida alcoólica?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

28. Se sim, qual tipo?


Marque todas que se aplicam.

Destilado
Fermentado

29. Se sim, qual a quantidade, em ml?

30. Se sim, qual a frequência?


Marcar apenas um oval.

Todos os dias
Finais de semana
Datas festivas (eventualmente)
Raramente

31. Pratica exercícios físicos?


Marcar apenas um oval.

Sempre
Às vezes
Nunca

https://docs.google.com/forms/d/17xz4JqkvEDjbDzJ-FG3n1_9FBKwQ0QkFgT0hAWU3Rj8/edit 4/8
73

Questionário exposição a agrotóxicos

32. Faz uso de medicamentos?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

33. Se sim, quais medicamentos? (especificar)

34. Qual o seu tipo de contato com os agrotóxicos


(pesticidas)? * Marcar apenas um oval.
Direto
Indireto

35. Qual o tipo de cultura/cultivo trabalhou nos últimos 3 meses? *

36. Durante suas atividades, com que frequência usa os


EPIs? * Marque todas que se aplicam.

Nunca às vezes Sempre


Luva
Máscara
Bota
Óculos
Macacão

37. Há outros EPIs utilizados, além dos citados?

38. Você acha que o uso de EPIs é importante para suas


atividades? * Marcar apenas um oval.
Sim
Não
74

Questionário exposição a agrotóxicos

39. Como você qualifica as orientações recebidas para o manuseio de agrotóxicos


no trabalho? *
Marcar apenas um oval.

Insuficiente
Satisfatório
Razoável
Plenamente satisfatório

40. Liste os agrotóxicos que você tem contato ou utiliza. *

41. Quais as formas de contato com agrotóxicos no seu


trabalho? * Marque todas que se aplicam.
Diluição
Armazenamento
Carga/descarga do produto
Controle/expedição
Aplicação/pulverização
Descarte de embalagens
Transporte
Acompanha aplicação
Limpeza/manutenção
Lavagem das roupas

42. Há outras formas de contato, além


das citadas anteriormente?

43. Fora do trabalho, há outras formas de contatos com agrotóxicos? *


75

Questionário exposição a agrotóxicos

44. Qual o tempo de exposição a agrotóxicos, profissionalmente (passado e presente)? *

45. Qual o tempo de exposição diário a agrotóxicos? *

46. Quando foi seu último contato com agrotóxicos, no

trabalho? * Exemplo: 15 de dezembro de 2012

47. Você já se intoxicou por agrotóxicos?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

48. Se sim, há quanto tempo se intoxicou?

49. Se sim, quais sintomas apresentou?

50. Se sim, onde foi realizado o diagnóstico?

51. Se sim, qual o tratamento realizado?

https://docs.google.com/forms/d/17xz4JqkvEDjbDzJ-FG3n1_9FBKwQ0QkFgT0hAWU3Rj8/edit 7/8
76

Questionário exposição a agrotóxicos

52. Você realiza exames


laboratoriais rotineiramente? * Marcar
apenas um oval.
Sim
Não

53. Se sim, qual a frequência?

54. Realiza
testes de colinesterase?
* Marcar apenas um oval.
Sim
Não
Nunca

55. Se sim, qual a frequência?

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77

APÊNDICE 3 – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO CONTROLE

Questionário para grupo controle


Formulário sobre hábitos de vida dos indivíduos do grupo controle

*Obrigatório

Secção sem título

- Código de identificação *

- Nome completo *

- Nome da mãe *

- Data de nascimento *

Exemplo: 15 de dezembro de 2012

- Local de nascimento *

- Sexo *
Marcar apenas um oval.

Feminino
Masculino
Outros

Ø Peso (Kg)

Ø Altura (m)

Ø Estado civil *
Marcar apenas um oval.
Solteiro
Casado
Divorciado
Outros
78

Questionário para grupo controle

10. Endereço *

11. Telefone para contato *

12. Email para contato

13. Profissão *

14. Cidade de atuação *

15. Você possui alguma doença? (perguntar sobre alergias e doenças


autoimunes) * Marcar apenas um oval.
Sim
Não

16. Se sim, quais doenças?

17. Histórico familiar de doenças


* Marque todas que se aplicam.
Diabetes
Hipertensão
Alergias
Aborto espontâneo
Câncer (qualquer tipo)
Alterações congênitas
Outros
Nenhum

https://docs.google.com/forms/d/1UqBkYMuKh28tWDAfA7MOMNL6voKpHV2KLBMIOel1rjQ/edit 2/4
79

Questionário para grupo controle

18. Você e/ou sua esposa possui dificuldades para


engravidar? * Marcar apenas um oval.
Sim
Não

19. Possui filhos? *


Marcar apenas um oval.

Sim
Não

20. Se sim, quantos filhos?

21. Se sim, os filhos têm algum problema de


saúde? Marcar apenas um oval.
Sim
Não

22. Se sim, qual o problema de saúde do filho?

23. Teve algum filho com nascimento prematuro?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

24. Você fuma? *


Marcar apenas um oval.

Sim
Não
Ex-fumante

25. Se sim ou é ex-fumante, qual a quantidade de cigarros consumida por dia?

26. Se sim ou é ex-fumante, qual o tipo de cigarro é/foi


utilizado? Marque todas que se aplicam.
Filtro
Palha
80

Questionário para grupo controle

27. Você consome bebida alcoólica?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

28. Se sim, qual tipo?


Marque todas que se aplicam.

Destilado
Fermentado

29. Se sim, qual a quantidade, em ml?

30. Se sim, qual a frequência?


Marcar apenas um oval.

Todos os dias
Finais de semana
Datas festivas (eventualmente)
Raramente

31. Pratica exercícios físicos?


Marcar apenas um oval.

Sempre
Às vezes
Nunca

32. Faz uso de medicamentos?


* Marcar apenas um oval.
Sim
Não

33. Se sim, quais medicamentos? (especificar)

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https://docs.google.com/forms/d/1UqBkYMuKh28tWDAfA7MOMNL6voKpHV2KLBMIOel1rjQ/edit 4/4
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ANEXO 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA


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