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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES


CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

INFLUÊNCIA DO SISTEMA COMPOST BARN SOBRE A


PRODUTIVIDADE, QUALIDADE DO LEITE E ÍNDICES REPRODUTIVOS

CAMILA FERNANDA DE SOUSA E SILVA

SÃO JOÃO DEL REI – MG


NOVEMBRO DE 2018.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

INFLUÊNCIA DO SISTEMA COMPOST BARN SOBRE A


PRODUTIVIDADE, QUALIDADE DO LEITE E ÍNDICES REPRODUTIVOS

CAMILA FERNANDA DE SOUSA E SILVA


Graduanda em Zootecnia

SÃO JOÃO DEL REI – MG


NOVEMBRO DE 2018.

II
CAMILA FERNANDA DE SOUSA E SILVA

INFLUÊNCIA DO SISTEMA COMPOST BARN NA PRODUTIVIDADE,


QUALIDADE DO LEITE E ÍNDICES REPRODUTIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Zootecnia,


da Universidade Federal de São João Del Rei-Campus Tancredo de Almeida Neves,
como parte das exigências para a obtenção do diploma de Bacharel em Zootecnia.

Comitê de Orientação:

Orientador: Prof. Dr. Daniel de Noronha Figueiredo Vieira da Cunha.

SÃO JOÃO DEL REI – MG


NOVEMBRO DE 2018.

III
IV
V
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pela oportunidade de vida, por ter me dado


saúde e forças para batalhar pelos meus sonhos e por ter me guiado nessa trajetória.

Aos meus pais, irmão, sobrinha e familiares que estiveram sempre ao meu
lado, me apoiando, dando carinho, amor e me incentivando, sendo minha base e
motivação para buscar melhorar, principalmente como pessoa.

Gostaria de agradecer a todos os professores do Departamento de Zootecnia,


da Universidade Federal de São João del Rei, pelo aprendizado proporcionado, em
especial ao meu orientador Prof. Daniel de Noronha F. V. da Cunha pelos
ensinamentos, pela paciência, por estar sempre de portas abertas quando precisei de
ajuda e pelo auxílio em cada etapa deste trabalho. Agradeço também a Prof.ª Janaína
Azevedo Martuscello, pelos conselhos, incentivos, por me apoiar e acreditar no meu
potencial.

Ao Sr. Itamar Dutra Pereira de Resende proprietário da Fazenda Campo


Alegre e seu filho, Itamar Dutra Pereira de Resende Filho, gerente de Agronegócio, pela
oportunidade de estágio na propriedade e posteriormente a realização deste trabalho de
conclusão de curso. Digo com toda certeza, que a experiência foi ímpar para minha
formação acadêmica que possibilitou aprimorar meus conhecimentos teóricos e técnicos
e oportunidade de engrandecimento profissional. Aos funcionários da fazenda agradeço
pelo acolhimento, aprendizado e pela convivência sadia e carinhosa.

Aos meus colegas e amigos que me acompanharam nessa trajetória e


fizeram parte da minha formação, por terem me ajudado a enfrentar todos os obstáculos.

E a todos que de alguma forma me incentivaram e torceram para que eu


alcançasse meus objetivos.

VI
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais benefícios relatados pelos produtores de 42 sistemas de Compost Barn nos

EUA. ........................................................................................................................................... 16

VII
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de barracão Compost Barn estilo americano (Univ. Minnesota, 2007). ...... 17

Figura 2 - Modelo de barracão Compost Barn estilo israelense (Livestock Reserch, Ned)....... 18

Figura 3 – Revolvimento da cama com subsolador. Fazenda Campo Alegre – MG. ................ 22

Figura 4 - Animais no sistema à pasto. ...................................................................................... 35

Figura 5 - Compost Barn (CB), Fazenda Campo Alegre – MG................................................. 36

Figura 6 - Galpão Compost Barn - Planta baixa - Fazenda Campo Alegre - MG...................... 37

Figura 7 - Localização da Fazenda Campo Alegre .................................................................... 37

Figura 8 - Produtividade média de leite antes e após a implantação do Compost Barn. ........... 40

Figura 9 - Animais em área de descanso. Fazenda Campo Alegre - MG. ................................. 41

Figura 10 - Teor de gordura do leite antes e após a implantação do Compost Barn.................. 42

Figura 11 - Teor de proteína do leite antes e após a implantação do Compost Barn. ................ 43

Figura 12 - Contagem de células somáticas (CCS) antes e após a implantação do Compost

Barn............................................................................................................................................. 44

Figura 13 - Animais alojados em piquete em contato direto com solo úmido e descoberto. ..... 45

Figura 14 - Animais alojados em cama seca e confortável no sistema Compost Barn. ............. 45

Figura 15 - Taxa de serviço antes e após a implantação do Compost Barn ............................... 46

Figura 16 - Taxa de concepção antes e após a implantação do Compost Barn.......................... 47

Figura 17 - Perda de prenhez antes e após a implantação do Compost Barn. ............................ 48

Figura 18 - Taxa de prenhez antes e após a implantação do Compost Barn. ............................. 49

Figura 19 - Período de serviço antes e após a implantação do Compost Barn. ......................... 50

Figura 20 - Intervalo de partos antes e após a implantação do Compost Barn. ......................... 50

VIII
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CB – Compost Barn

CBT – Contagem bacteriana total

CCS – Contagem de células somáticas

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

DEL – Dias em lactação

IATF – Inseminação artificial em tempo fixo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMS – Ingestão de matéria seca

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

IN 62 – Instrução Normativa 62

IP – Intervalo de partos

MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

MWPS – MidWest Plan Service

NRAES – Northeast Resource, Agriculture and Engineering Service

NRCS – Natural Resources Conservation Services

pH – potencial Hidrogeniônico

PIB – Produto interno bruto

PS – Período de serviço

TC – Taxa de concepção

TP – Taxa de prenhez

TS – Taxa de serviço

USDA – United States Department of Agriculture

IX
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 14

2.1 Sistema de produção Compost Barn ......................................................................... 14

2.1.1. Benefícios do sistema Compost Barn................................................................ 15

2.1.2. Características da instalação ............................................................................. 17

2.1.3. Cama ................................................................................................................. 20

2.1.3.1. Manejo da cama............................................................................................ 21

2.1.3.2. Parâmetros da cama.................................................................................... 23

2.1.3.2.1. Temperatura....................................................................................... 23

2.1.3.2.2. Umidade ............................................................................................ 23

2.1.3.2.3. pH ...................................................................................................... 24

2.1.4. Processo de compostagem................................................................................. 25

2.2. Possíveis limitações do sistema Compost Barn ....................................................... 26

2.3. Influência do CB na produção de leite ..................................................................... 27

2.4. Influência do CB na qualidade do leite .................................................................... 29

2.5. Influência do CB na reprodução............................................................................... 32

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 34

3.1 Fazenda Campo Alegre: história ............................................................................... 34

3.2 Procedimentos metodológicos .................................................................................. 37

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 39

4.1 Produtividade ............................................................................................................ 39

4.2 Qualidade do leite ......................................................................................................41

4.3 Índices Reprodutivos ................................................................................................. 45

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 52

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 53

X
RESUMO

O fator climático é uma das condições que influenciam a produtividade de vacas


leiteiras. O tipo de instalação usada tem forte influência nos resultados de produtividade
e sanidade do rebanho, bem como sobre a qualidade do leite. Um recente sistema de
confinamento vem ganhando adeptos no Brasil, o Compost Barn (CB), que surgiu como
uma alternativa para os produtores de elevar a produtividade, além de possibilitar maior
conforto e higiene para o rebanho, contribuir para redução de problemas de cascos,
diminuir a contagem de células somáticas (CCS), aumentar a detecção de cio e a
produção de leite. Objetivou-se com este trabalho apresentar a influência do sistema
Compost Barn na produtividade, qualidade do leite e índices reprodutivos no rebanho da
propriedade leiteira Fazenda Campo Alegre. A pesquisa consistiu em um estudo de
caso, realizada na Fazenda Campo Alegre localizada no município de Ritápolis–MG. Os
índices zootécnicos avaliados foram produtividade média, qualidade do leite, taxa de
serviço, taxa de concepção, taxa de prenhez, período de serviço e intervalo de partos. As
médias dos dados coletados antes e após a instalação do CB foram comparadas por
meio do teste T, para dados pareados, a 5% de significância. Os resultados obtidos
demonstraram que o sistema CB promoveu melhorias nos índices avaliados que podem
ser atribuídas pelo aumento do conforto e bem-estar animal, melhoria na higiene das
vacas e manejo. O CB permite melhora nos índices zootécnicos, fatores esses que
influenciam positivamente a eficiência da propriedade.

Palavras-chave: pecuária leiteira, conforto, instalação, estresse térmico.

XI
ABSTRACT

The climatic factor is one of the conditions that influence dairy cow productivity.
The type of plant used has a strong influence on the productivity and health results of
the herd, as well as on the quality of the milk. A recent confinement system has been
gaining support in Brazil, the Compost Barn (CB), which has emerged as an alternative
for producers to raise productivity, in addition to allowing greater comfort and hygiene
for the herd, contribute to the reduction of problems of hulls, decrease somatic cell
count (SCC), increase estrus detection and milk production. The objective of this work
was to present the influence of the Compost Barn system on productivity, milk quality
and reproductive indexes in the dairy herd Fazenda Campo Alegre. The research
consisted of a case study, carried out at Fazenda Campo Alegre located in the
municipality of Ritápolis-MG. The zootechnical indexes evaluated were average
productivity, milk quality, service rate, conception rate, pregnancy rate, length of
service and delivery interval. The averages of the data collected before and after the CB
installation were compared by means of the T test, for paired data, at 5% significance.
The results showed that the CB system promoted improvements in the indices evaluated
that can be attributed to the increase in comfort and animal welfare, improvement in
cow hygiene and management. CB allows improvement in zootechnical indexes, factors
that positively influence the efficiency of the property.

Keywords: dairy cattle, comfort, installation, thermal stress.

XII
1. INTRODUÇÃO

Em 2017, o produto interno bruto (PIB) total do Brasil aumentou 1,0% em

relação ao ano anterior, enquanto o PIB do agronegócio aumentou 13% (IBGE, 2018a).

O PIB do agronegócio representou 21,6% do PIB total brasileiro (CEPEA, 2018),

mostrando a grande importância do setor na economia do pais. A pecuária leiteira é uma

das áreas do agronegócio que merece destaque, em 2017, o Brasil foi o sexto maior

produtor de leite do mundo (USDA, 2018), sendo Minas Gerais o estado com maior

produção (IBGE, 2018b).

A produção de leite no Brasil, em 2017, foi de 33,5 bilhões de litros. Na região

Sudeste possui a maior parte do efetivo de número de vacas ordenhadas: 30,4% do total

de 17,1 milhões no país. A média de produção no Sudeste foi de 2.209 litros/vaca/ano e

a média nacional, atingiu 1.963 litros/vaca/ano (IBGE, 2017).

O fator climático é uma das condições que influenciam a produtividade de vacas

leiteiras. No Brasil, a produtividade é afetada pelas dificuldades de adaptação dos

animais de raças leiteiras europeias ao clima brasileiro. Dessa forma, quando possível,

os produtores consideram cada vez mais o confinamento como uma opção

economicamente interessante, já que permite uma exploração de animais com maior

potencial genético e uma estabilidade produtiva.

O tipo de instalação usada para vacas leiteiras tem forte influência nos resultados

de produtividade e sanidade do rebanho, bem como sobre a qualidade do leite. É

importante que as instalações ofereçam boas condições de higiene, sanidade e eficiência

no manejo. Atualmente, provou-se que o conforto dos animais também apresenta grande

importância para a produção, possibilitando que os animais alcancem o seu máximo

potencial produtivo.

13
Diante disso, um recente sistema de confinamento vem ganhando adeptos no

Brasil, o Compost Barn (CB), que surgiu como alternativa para aumentar a

produtividade, além de possibilitar maior conforto e higiene para o rebanho, contribuir

para redução de problemas de cascos, diminuir a contagem de células somáticas (CCS),

aumentar a detecção de cio e a produção de leite.

Portanto, objetivou-se com este trabalho apresentar a influência do sistema

Compost Barn na produtividade, qualidade do leite e índices reprodutivos no rebanho da

propriedade leiteira Fazenda Campo Alegre.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Sistema de produção Compost Barn

O sistema Compost Barn é uma opção de confinamento alternativo do conhecido

sistema Loose housing para bovinos leiteiros, tendo como objetivo proporcionar

conforto e bem-estar aos animais, além de facilitar a execução do manejo diário e

melhorias no manejo dos dejetos. O CB caracteriza-se por ser um galpão com área de

cama comum (área de descanso) de serragem ou maravalha, permitindo que o animal

possua um local seco, macio e com temperatura amena, auxiliando na redução de

doenças e estresse térmico.

Surgiu no final da década de 1980, quando produtores do estado de Vírgínia,

Estados Unidos, buscavam inovações para o sistema de produção de leite, mas somente

em meados de 2002, foram construídos os primeiros galpões no estado de Kentucky

(Damasceno, 2012). Segundo Mota et al. (2017), o primeiro CB no Brasil, iniciou na

fazenda Santa Andrea em Itararé – SP, mas existem controvérsias onde produtores de

Piracicaba – SP afirmam que o sistema CB iniciou-se em 2012, naquela região.

14
Nos últimos anos houve grande crescimento do sistema no Brasil. Em Minas

Gerais, já se encontram algumas instalações nas cidades de Sete Lagoas, Patrocínio,

Santa Juliana, Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte, Juiz de Fora, Ritápolis e Três

Corações. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de

Minas Gerais (Emater-MG, 2017) em Patos de Minas, até maio de 2017, já se

contabilizava 112 produtores em 24 municípios da região com o sistema implantado ou

em fase de implantação, totalizando aproximadamente 10 mil vacas leiteiras. Outros

estados como São Paulo e Goiás também já possuem algumas instalações.

O sistema CB foi desenvolvido inicialmente para a realidade norte-americana,

mas logo se disseminou por várias partes do mundo diferenciando do modelo original,

ocorrendo adaptações aos diferentes cenários, instalações e mão de obra. Os trabalhos

publicados até o momento, grande parte foram desenvolvidos basicamente em regiões

de clima temperado (Guimarães & Mendonça, 2015).

As instalações do CB devem ser realizadas atendendo diversos fatores

importantes, nos quais podem-se estacar: nível de intensificação desejado, potencial

genético do rebanho, disponibilidade de capital e disponibilidade e capacidade de

produção de alimentos. Todavia, quando não bem implementado poderá afetar

diretamente a produtividade e sanidade do rebanho, qualidade do leite, além do bem-

estar dos animais e a rentabilidade do produtor (Silano & Santos, 2012).

2.1.1. Benefícios do sistema Compost Barn

Damasceno (2012) realizou uma pesquisa onde, 42 produtores de leite em CB

(100% da amostra da pesquisa) se mostraram muito satisfeitos com seus investimentos.

24,1% desses produtores observaram que os animais estavam mais confortáveis, e

12,1% relataram que o sistema resultou em aumento da limpeza dos animais (redução

15
do escore de sujidade). Observa-se na tabela 1 outros benefícios citados pelos

produtores entrevistados que adotaram o CB como sistema de produção.

Tabela 1. Principais benefícios relatados pelos produtores de 42 sistemas de Compost


Barn nos EUA.

Benefícios Porcentagem
Melhora do conforto animal 24,1
Melhora do escore de higiene das vacas 12,1
Baixa manutenção 9,5
Adequado para vacas recém-paridas, velhas e com problemas de 8,6
casco de descanso adequada/natural
Posição 7,8
Melhora da condição de casco e pernas 6,9
Proximidade com a ordenha (comparada ao pasto) 6,9
Redução de CCS 5,2
Aumento da detecção do cio 5,2
Facilidade de manejo de dejetos 2,6
Aumento da ingestão de matéria seca (comparada ao pasto) 2,6
Aumento da produção 2,6
Aumento da longevidade 2,6
Menores injúrias de tetos e pernas 1,7
Menor tempo sobre concreto 1,7
Fonte: Damasceno (2012)

Leso et al. (2013), relataram que a maioria dos 10 entrevistados, em sua pesquisa

realizada na Itália, disseram estar satisfeitos com o CB e mencionaram o aumento do

conforto dos animais como o principal benefício desse sistema.

Black et al. (2013) demonstraram em seu estudo, relatos de aumento na

produção de leite, diminuição nos valores de contagem de células somáticas (CCS),

assim como no intervalo entre partos e dias em aberto. Houve também melhoria da

qualidade do ar e odor devido à redução da emissão de amônia e redução na população

de moscas.

Segundo Silano e Santos (2012), as melhorias da qualidade do leite (redução da

CCS e menor incidência de mastite) pode ser explicada pela redução da incidência de

mastite ambiental, pela redução da carga microbiana na cama e melhoria da condição de

16
higiene das vacas antes da ordenha, quanto pelo melhor funcionamento do sistema

imune das vacas promovido pelo ambiente mais confortável.

Apesar das visíveis melhorias ocorridas após a mudança para o sistema CB, nem

todos os benefícios podem ser atribuídos ao mesmo. Diversas mudanças são realizadas

na adoção do novo sistema, proporcionando algumas facilidades, e maior controle de

pontos estratégicos de manejo, e indiretamente levando aos resultados positivos

(Radavelli, 2018).

2.1.2. Características da instalação

O sistema CB pode ser classificado em dois modelos: o Americano e o

Israelense. O modelo Americano caracteriza-se por cama composta por material rico em

carbono, geralmente serragem, onde a compostagem ocorre de forma rápida e produz

grande quantidade de calor (Figura 1). Este calor é o principal responsável pela

produção de vapor e consequente secagem da cama. Os barracões possuem pista de

alimentação central ou lateral, o corredor de alimentação é separado da cama por uma

parede (1,2 m de altura). O acesso dos animais à cama é dado por aberturas nessa

parede. Neste modelo calcula-se em média 10 m² de cama por animal para o

dimensionamento do sistema (Brito, 2016).

Figura 1 - Modelo de barracão Compost Barn estilo americano (Univ. Minnesota, 2007).

17
No modelo Israelense, segundo Brito (2016), a cama é formada unicamente por

esterco (Figura 2). Nesse ambiente a taxa de secagem da cama é mais baixa devido à

menor quantidade de carbono, que ocasiona uma compostagem mais lenta pela redução

na produção de calor. Portanto, o uso intensivo e ventiladores e telhados escamoteáveis

é necessário afim de manter a cama seca. A metragem de cama nesse modelo é maior,

variando de 15 a 20 m² por vaca quando o corredor de alimentação é de concreto e de

20 a 30 m² quando o composto está diretamente ligado à pista de alimentação.

Figura 2 - Modelo de barracão Compost Barn estilo israelense (Livestock Reserch, Ned).

É recomendado que o pé direito lateral seja de 4,8 metros para permitir boa

ventilação e facilitar o acesso de maquinários para aeração da cama, limpeza dos

corredores e para o trato dos animais. A área aberta acima da parede permite boa

circulação de ar e espaço para instalação de ventiladores (NRCS, 2007; Bewley et al.,

2012).

De acordo com Graves e Brugger (1995), recomenda-se a utilização de

lanternim quando o pé direito acima de 4,5 m, para regiões que apresentam verões

quentes. No entanto, levando em consideração que os galpões de CB necessitam de pé

direito elevado, a ocorrência e chuvas fortes e neblina, podem ocasionar a entrada de

umidade no sistema, que não é desejável.

18
Outra recomendação, é que o direcionamento do galpão seja no sentido leste

oeste, impedindo a entrada direta dos raios solares nas horas mais quentes do dia

(Radavelli, 2018). Deve-se respeitar a distância entre barreiras físicas, naturais ou

artificiais, mantendo no mínimo 25 a 30 m (MWPS-7, 2000).

O dimensionamento dos comedouros devem seguir às mesmas recomendações

do sistema free stall, de 46 a 76 m lineares, dependendo do tamanho do animal e da

disponibilidade de alimento para os mesmos (MWPS-7, 2000). O corredor de

alimentação pode estar localizado dentro do galpão ou anexo ao galpão com um telhado

em anexo, com acesso por diferentes pontos de entrada (Sawatzky, 2015). Deve ser

tomado um cuidado especial quanto à disposição dos bebedouros, no sistema CB deve-

se permitir o acesso aos bebedouros somente pela pista de alimentação, para evitar

assim que os animais molhem a cama. Essa disposição, é o fato que caracteriza o

sistema por uma área de cama sobreposta, limitada por paredes de concreto, a qual

delimita a pista de alimentação onde são alocados os bebedouros (Ofner-Schröck et al.,

2015).

A utilização de ventilação artificial não apresenta padrões específicos

determinados, devidos as peculiaridades de cada instalação, e da variabilidade dos

locais e regiões de implantação do sistema. Contudo, a mesma deve ser planejada para

promover a retirada de gases de dentro da instalação e minimizar os efeitos das

variações térmicas. De forma prática, deve-se respeitar a capacidade de movimentação

do ar de cada equipamento, o qual deve distribuir o ar dentro do galpão uniformemente,

para evitar o adensamento de animais em pontos específicos da área de cama, o que

poderia ocasionar umidade e compactação em excesso. Deve ser considerado um

sistema de ventilação que atenda à demanda do resfriamento dos animais, assim como, a

retirada da umidade da cama. Usualmente, os níveis de ventilação são dimensionados

19
para fornecer uma velocidade de vento próxima a 3 m/s, para atender a demanda dos

animais e resfriar a superfície da cama (Radavelli, 2018). De acordo com uma pesquisa

realizada por Black et al. (2013), demonstrou que velocidades de 1,8 m/s a 5 cm da

superfície da cama, proporcionou maiores taxas de secagem da cama, em sistemas com

ventilação mecânica.

2.1.3. Cama

Para iniciar a cama é necessário colocar de 30 a 45 cm do material disponível.

Qualquer material rico em carbono, com boa capacidade de absorver água, que não

provoque alergias e que dê conforto para que as vacas deitem pode ser utilizado na

cama (Petzen et al., 2009).

Segundo Brito (2016), alguns fatores são importante para determinar o material

a ser utilizado: o menor resíduo de produtos químicos possíveis (que possam inibir a

atividade microbiana), teor de umidade do material (desejando que seja o mais seco

possível) e com boas relações em termos de Carbono:Nitrogênio (elementos

fundamentais para o processo de compostagem).

Os materiais comumente utilizados para cama no sistema CB são a maravalha

finamente picada e a serragem de madeira, pois segundo Damasceno et al. (2012), o

material serve como boa fonte de carbono e quando finamente processado, facilita a

aeração, proporcionando uma boa atividade de crescimento microbiano. Em épocas de

menor disponibilidade, pode-se substituir por outras alternativas.

Em uma pesquisa, Shane et al. (2010), testaram diferentes materiais alternativos

para compor a cama de CB, dentre eles palha de trigo, palha de soja, semente de

linhaça, casca de arroz, casca de café, bagaço, papel e casca de amendoim, sendo que

20
todos os materiais apresentaram bons resultados, quando manejados seguindo as

orientações técnicas.

No CB, as fezes e urina das vacas fornecem os nutrientes essenciais (nitrogênio,

carbono e água) para que os microrganismos presentes na cama realizem o processo de

compostagem.

Aspectos da cama como tamanho e distribuição do material, são críticos para

equilibrar o crescimento dos microrganismos, a manutenção da porosidade adequada

para a aeração e auxiliam na capacidade de absorção de umidade pela cama e na

disponibilidade de carbono para o processo de compostagem (Damasceno et al., 2012).

Partículas maiores possuem menor área de superfície, não se decompondo de

forma adequada devido a reduzida acessibilidade de oxigênio para os microrganismos

aeróbios no interior das partículas (Bernal et al., 1993). Por outro lado, partículas muito

pequenas podem reduzir os espaços vazios de ar, dificultando a aeração (Massukado,

2016), podendo levar assim a compactação da cama.

2.1.3.1. Manejo da cama

A compactação ocorre dentre outras formas, pelo caminhar e no momento que as

vacas deitam para descansar, dessa forma, o revolvimento da cama é indispensável para

a entrada de oxigênio, manter a cama seca e garantir que o processo de compostagem

ocorra com sucesso. Esse revolvimento da cama deve ocorrer de duas a três vezes por

dia durante as ordenhas, podendo ser utilizado subsoladores nesse processo.

Segundo Janni et al. (2007), recomenda-se revirar o CB entre 25 a 30 cm de

profundidade. De acordo com Russelle et al. (2009) e Galama et al. (2011), não revirar a

uma profundidade suficiente acarreta em várias consequências como, condição

anaeróbica muito próxima à superfície, o que pode levar riscos aos animais,

21
principalmente em relação à mastite e ocorre uma redução na capacidade da cama em

manter altas temperaturas já que a cama ativa estará muito superficial.

O revolvimento pode ser feito por implementos acoplados em tratores como,

subsolador, enxadas rotativas ou qualquer outro que atinja a profundidade necessária

para a aeração e incorporação dos dejetos na cama (Figura 3).

Figura 3 – Revolvimento da cama com subsolador. Fazenda Campo Alegre – MG.

Fonte: Arquivo pessoal.

Inicialmente é colocado 30 a 45 cm de altura de cama, que permite um ótimo

revolvimento para a incorporação das fezes e urina. Este material é sobreposto de 6

meses a 1 ano, dependendo do manejo adotado pela fazenda, sendo retirado

normalmente em épocas onde as áreas de plantio estão livres para recebê-lo (Brito,

2016). A sobreposição do material deve ser de acordo com a necessidade, sempre

observando os parâmetros da cama, principalmente a umidade mantendo-a dentro dos

níveis adequados.

A cama sendo devidamente manejada e seca promove maior conforto animal,

maior liberdade, e permite que o sistema imunológico funcione adequadamente,

22
reduzindo problemas de locomoção e cascos e aumentando a permanência do animal na

propriedade (NRCS, 2007).

2.1.3.2. Parâmetros da cama

2.1.3.2.1. Temperatura

A temperatura é o melhor indicador para o processo de compostagem, pois os

microrganismos são capazes de degradar o material e produzir calor a partir do

arejamento adequado.

De acordo com Brito (2016), a destruição dos patógenos ocorre quando as

temperaturas de compostagem atingem entre 55 e 65 ºC; no entanto, a eficiente

degradação do material de compostagem (redução do volume) ocorre quando as

temperaturas estão entre 45 e 55 ºC. Temperaturas abaixo de 40ºC indicam atividade

microbiana mínima e uma taxa de compostagem lenta.

Atingir temperaturas elevadas nas camadas inferiores da cama é importante para

controlar agentes patogênicos e manter a superfície seca.

Segundo Siqueira (2013), um dos maiores causadores da queda de temperaturas

é a compactação da cama, devido a diminuição do oxigênio que promove reações

anaeróbicas podendo liberar odores desagradáveis. Outro agravante com a queda da

temperatura é o aumento de patógenos que pode por exemplo, causar a mastite.

Portanto, o monitoramento de temperatura permite uma básica compreensão da

quantidade e tipo de atividade microbiana que ocorre dentro do composto.

2.1.3.2.2. Umidade

23
Os microrganismos necessitam de água para o bom desempenho de seu processo

metabólico. Assim, o ideal é que se tenha de 40 a 60% de umidade para que se tenha

eficiência no processo de compostagem (Massukado, 2016).

Quando o teor de umidade é inferior a 40%, o processo de compostagem é

inibido. Umidade acima de 65%, o ar é deslocado pela água em grande parte dos

espaços porosos do material, isso limita a entrada de ar e leva a condições anaeróbicas.

Com a umidade acima de 65%, a taxa de decomposição na zona anaeróbica

provavelmente não será alta o suficiente para gerar um composto de qualidade (maduro)

e não suportará uma atividade bacteriana rápida (NRCS, 2010). A alta umidade pode

levar a compactação, além disso, as vacas ficam mais sujas aumentando os riscos de

mamite.

Uma forma prática de observar se a umidade não está acima do desejado é

coletar uma amostra da cama e apertá-la com a mão, quando se forma um aglomerado

ou escore líquido deve-se colocar uma nova camada de material, para controlar a

umidade (Siqueira, 2013).

No caso de baixa umidade, pode-se adicionar água uniformemente sobre o

material em compostagem, já em caso de alta umidade, podem ser misturados materiais

absorventes (serragens, maravalhas ou palhas), levando-se em conta que o mais

importante é que se mantenha a umidade da cama na faixa adequada (Marriel et al.,

1987).

2.1.3.2.3. pH

O nível de pH é um indicador de acidez ou alcalinidade da massa. O pH inicial

deve estar compreendido, preferencialmente, entre uma faixa de 5,5 e 8,0 para que o

processo se desenvolva de forma adequada. Níveis de pH abaixo de 5,0 provocam

24
redução significativa da atividade microbiológica, e a leira pode não alcançar a fase

termófila (temperaturas > 45 ºC). Em outro extremo, valores elevados (acima de 9,0)

provocam deficiência de fósforo e de micronutrientes, e o nitrogênio é convertido em

amônia, tornando-se indisponível para os microrganismos (Massukado, 2016).

2.1.4. Processo de compostagem

A compostagem depende de microrganismo para decompor a matéria orgânica e

produzir dióxido de carbono, água e calor. A mistura é composta por uma fonte de

carbono (cama) com material orgânico rico em nitrogênio (esterco/urina), devendo

fornecer condições (porosidade) para que ocorra a infiltração de ar no material e manter

o nível de umidade (Bewley et al., 2012).

Para que ocorra um bom processo de compostagem são fundamentais o

equilíbrio entre os elementos como temperatura, relação carbono:nitrogênio, oxigênio,

pH, umidade e matéria prima (Ekinci et al., 2006).

Mantendo os níveis adequados dos elementos citados, gerando calor suficiente

para secar o material e reduzir a população de microrganismos patogênicos é que

garante um processo de compostagem bem sucedido.

A compostagem é um processo aeróbico, o que significa que requer grandes

quantidades de oxigênio para que os microrganismos cresçam. Uma concentração

mínima de 5% de oxigênio dentro dos espaços porosos da cama é necessária para a

compostagem. Se o fornecimento de oxigênio é limitado, o processo de compostagem

diminui e pode se tornar anaeróbico, que é um processo mais lento que promove odores,

com o potencial de grandes perdas de nutrientes por meio da desnitrificação. Durante os

estágios iniciais desse processo aeróbico, o oxigênio e os componentes nutricionais

25
facilmente degradáveis das matérias primas são rapidamente consumidos pelos

microrganismos (NRCS, 2010).

Carbono (C), nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) são os nutrientes

primários e essenciais requeridos pelos microrganismos envolvidos no processo de

compostagem. Os microrganismos utilizam o carbono como fonte de energia e

crescimento, enquanto o nitrogênio é essencial para a produção de proteína. Assim, uma

relação apropriada de carbono:nitrogênio geralmente assegura que os outros nutrientes

necessários para sua sobrevivência estejam presentes em quantidades adequadas

(Damasceno, et al., 2012).

Uma relação inicial de C:N de aproximadamente 30:1 é recomendado para

compostagem mais eficiente. Essa relação 30:1 é adequada para misturas com material

originado da madeira, como a serragem, pois grande parte do carbono está presente em

formas muito difíceis de degradar. Se houver muito pouco carbono em relação a

nitrogênio (C:N < 20:1), o excesso de nitrogênio pode ser eliminado como amônia, e

ocorrerá problemas de odor. No entanto, se houver muito carbono, em relação ao

nitrogênio (C:N > 40:1), o nitrogênio se torna limitante e a taxa de compostagem

diminuirá (Christian, et al., 2009).

2.2. Possíveis limitações do sistema Compost Barn

Dificuldades no processo de compostagem em climas frios e úmidos foram

relatados por Bewley et al. (2012).

A disponibilidade e o alto custo do material para a cama foram as preocupações

relatadas por produtores em Minnesota, mas se mostraram satisfeitos com o sistema CB

(Barberg et al., 2007a, Barberg et al., 2007b, Shane et al., 2010).

26
2.3. Influência do CB na produção de leite

Certos comportamentos como se alimentar e deitar podem estar relacionados ao

conforto do animal. Esses comportamentos também podem estar associados à

produtividade das vacas. Da mesma forma, o estresse, doenças e desconforto afetarão

negativamente a produtividade.

A produção de leite está relacionada com a ingestão de matéria seca (IMS).

Vacas em lactação têm o metabolismo aumentado devido à alta IMS, que gera um

aumento da produção de calor, que quando associado às altas temperaturas causam

problemas na manutenção de processos biológicos (Kadzere et al., 2002).

O tipo de instalação usada para vacas leiteiras exerce influência não só nos

resultados de produtividade, mas também na sanidade do rebanho, bem como sobre a

qualidade do leite obtido. Diversos autores observaram melhorias produtivas nos

animais após a entrada no sistema de CB.

Moraes (2015), em uma avaliação de rebanhos nos Estados Unidos foi

observado aumento médio de 955 kg de leite por ano quando os animais estavam

confinados no sistema CB.

Bewley et al. (2012) mostrou resultados referentes ao aumento de produção de

leite quando os animais foram transferidos do sistema free stall para o sistema CB, 1,4 a

2,1 kg. Black et al. (2013) também observaram aumento de 0,8 kg por vaca/dia no

período de transição do sistema free stall para o sistema CB, e de 1,4 kg após a

adaptação em oito fazendas norte americanas. Outro estudo realizado em sete fazendas

por Bewley et al. (2012), pode-se observar aumento de 1,1 kg de leite por dia após a

entrada no CB.

De acordo com Grant (2007), após avaliar vários trabalhos relacionados ao

tempo em que as vacas permaneciam deitas e a produção de leite, foi possível observar

27
aumento de 1,6 kg de leite por dia para cada hora a mais que o animal permanecia

deitado.

O fato dos animais permanecerem deitadas é um indício de bem-estar animal,

sendo que, o manejo e alojamento influenciam esse tempo em repouso e,

consequentemente, a produção de leite.

Em relação ao aumento de produção ao longo da lactação, dois trabalhos de

Black et al (2013) mostraram que a média das vacas de oito fazendas norte americanas

teve aumento de 376 kg de leite na lactação e em outras sete fazendas, a diferença ficou

na média de mais 261 kg de leite na lactação das vacas após a implantação do sistema

CB. Vale ressaltar que nos dois trabalhos, os animais passaram do sistema free stall,

onde a condição de conforto é considerável, para o sistema CB. Ainda neste trabalho,

houve aumento no pico de lactação, passando de 38,7 para 40,0 kg, o que, segundo os

autores, contribuiu para o aumento da produção total da lactação.

No Brasil, também há relatos de aumento na produção de leite em propriedades

que adotaram o sistema CB, como é o caso da Fazenda do Porto (Rio Casca, Minas

Gerais), onde ocorreu o aumento de 3 kg de leite na média dos animais da propriedade.

A média de produção das vacas era de 16,98 kg/vaca/dia e chegou a 19,96 kg/vaca/dia

em apenas 20 dias de uso da nova instalação (Valor Agropecuária, 2014). Outro

exemplo é a Fazenda Iguaçu (Céu Azul, Paraná), 24ª colocada na Top 100 MilkPoint no

ano de 2015, que obteve aumento de quase quatro litros/animal/dia. Segundo o

proprietário, a mudança de instalação proporcionou conforto para os animais e elas

contribuem no leite (Moraes, 2015).

O conforto e bem-estar proporcionado aos animais pela instalação do CB,

favorece o aumento do consumo de matéria seca influenciando também o aumento da

produção de leite.

28
2.4. Influência do CB na qualidade do leite

A Instrução Normativa nº 62 (IN-62) do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) define o leite, sem outra especificação, como produto oriundo

da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem

alimentadas e descansadas (BRASIL, 2011).

Leite de alta qualidade deve apresentar as seguintes características: sabor

agradável, alto valor nutritivo, ausência de agentes patogênicos e contaminadores

(antibióticos, pesticidas, adição de água e sujidades), reduzida contagem de células

somáticas e baixa carga microbiana. As características microbiológicas do leite são

consideradas de fundamental importância pois são indicativos seguros da saúde dos

animais, condições higiênicas na ordenha e eficiência do sistema de resfriamento do

leite (Santos, 2000a).

O valor nutritivo do leite é importante para a saúde humana, mas, pela sua

riqueza em substratos, como lactose, proteínas, ácidos graxos, sais minerais e vitaminas,

ele é considerado um excelente meio de cultura para bactérias (Ramos et al., 2014).

Dessa forma, com o objetivo de garantir a evolução na qualidade do leite produzido os

requisitos físico-químicos estabelecidos pela IN-62 em vigor para o leite cru refrigerado

são de no mínimo 3 (g/100g) para gordura e 2,90 (g/100g) para proteína. Já os níveis de

CCS e CBT exigidos atualmente para as regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste são de no

máximo 3,0x105 UFC/mL para CBT e de 5,0x105 células/mL de leite para CCS

(BRASIL, 2016).

Vários fatores como: genética, estágio de lactação, práticas de ordenha, doenças,

ordem de lactação e ambiente exercem influência sobre a qualidade do leite (Santos,

2016b). O estresse calórico, além de afetar negativamente a produção de leite, pode

29
diminuir os teores de gordura, proteína, lactose e alguns minerais no leite (Naas &

Arcaro Júnior, 2001).

A gordura é o componente de maior variabilidade no leite, de modo geral, pode

varias de 2,2 a 4,0%. A proteína também pode sofrer variações, mas a amplitude é

menor quando comparada ao teor de gordura (Corassin, 2004).

Os teores de gordura do leite são reduzidos quando vacas sofrem de estresse

térmico pelo calor, que pode ser atribuído pelo menor consumo de alimentos pelas

vacas em lactação, diminuindo a quantidade de volumoso ingerindo e aos efeitos

fisiológicos e/ou metabólicos (Porcionato et al., 2009). Na maioria dos casos, a proteína

do leite é negativamente afetada pelo estresse calórico, com decréscimo nos teores de

caseína (Bernabucci & Calamari, 1998). As alterações na ingestão de alimentos

modificam os parâmetros de fermentação ruminal e o aproveitamento de nutrientes, em

consequência, resulta em diminuição na produção e qualidade do leite (Lambertz et al.,

2014)

A CCS é um critério mundialmente utilizado por indústrias, produtores e

entidades governamentais para o monitoramento de mastite em nível individual e de

rebanhos e para a avaliação da qualidade do leite. Os resultados da CCS podem ser

obtidos a partir de amostras dos quartos mamários e de amostras de tanque (Malek &

Santos, 2008).

Para os produtores a CCS possui alta relevância, uma vez que indica o estado

sanitário das glândulas mamárias das vacas, podendo sinalizar perdas significativas de

produção e alterações na qualidade do leite.

A mastite é uma inflamação da glândula mamária, que na maioria dos casos é

ocasionada pela invasão de microrganismos patogênicos através do canal do teto. A

mastite é a doença mais comum na pecuária leiteira e traz diversos prejuízos, que

30
variam desde a redução da produção leiteira até a morte do animal por reação

inflamatória sistêmica (Barros, 2011).

As células somáticas, ou glóbulos brancos, são células de defesa presentes na

corrente sanguínea e responsáveis por combater a presença de agentes estranhos ao

organismo. Quando um patógeno invade a glândula mamária, é desencadeado um

processo de defesa em que estas células são mobilizadas do sangue, para o interior da

glândula, com o objetivo de eliminar estes agentes (Cassoli et al., 2016).

Fatores como a idade e dias de lactação (DEL), podem provocar um aumento na

CCS. O estágio de lactação afeta a CCS, sendo que imediatamente após o parto a CCS é

alta, mas rapidamente reduzida para níveis normais dentro de 4-5 dias, se não houver

infecção intramamária. No entanto, em vacas sadias não ocorre efeito da ordem de

parição e do estágio de lactação. Contudo, a ocorrência de infecção intramamária é o

principal fator determinante desse aumento (Pyorala, 2003).

O nível de infecção da glândula mamária no rebanho, manutenção e a eficácia na

limpeza de equipamentos de ordenha, o manejo e o ambiente em que os animais ficam

alojados são fatores que também afetam a CCS. Entretanto, a CCS de tanques é

principalmente influenciada pela prevalência e incidência de mastite subclínica (altera a

composição do leite e não apresenta sinais clínicos evidentes), que é função de fatores

como estágio de lactação, o tipo de cama utilizada, fatores ambientais como temperatura

e umidade (Olde Riekerink et al., 2007).

A época do ano e as condições climáticas podem interferir na CCS, períodos do

ano em que há maior umidade e temperatura, são mais favoráveis à multiplicação das

bactérias e surtos de mastite (Roma Júnior et al., 2009).

Resultados experimentais sugerem que o sistema CB oferece potencial para

obter uma excelente saúde do úbere, desde que a ordenha e os procedimentos pré e pós-

31
ordenha estejam adequados. Quando bem manejado e com cama seca, o CB leva a uma

redução na CCS e à vacas mais limpas, diminuindo o risco de contaminação do leite no

momento da ordenha (Damasceno, 2012).

Norman et al. (2010) relataram que em fazendas com o CB em Kentucky, EUA,

a CCS do tanque de refrigeração foi menor do que a média geral de todas as fazendas

deste mesmo estado.

Em um trabalho realizado por Barberg et al. (2007a) em 12 propriedades dos

EUA com sistema CB, a análise histórica de CCS do tanque mostrou que três dos sete

rebanhos analisado tiveram redução significativa de CCS no tanque de refrigeração,

quando comparada ao sistema anterior. A taxa de infecção de mastite clínica também

diminuiu significativamente em 12% em seis das nove propriedades analisadas.

Bewley et al. (2012) comparou dados de CCS de tanque de refrigeração de

vários trabalhos Americanos em fazendas com alguns tipos de confinamentos. Os dados

para CCS apresentados foram: 252.860 células/ml de leite em CB (Black et al., 2013);

272.000 células/ml em free stall com cama de areia (USDA,2012) e 357.000 células/ml

em free stall com cama de borracha (USDA, 2012).

2.5. Influência do CB na reprodução

A avaliação do rebanho baseia-se em índices reprodutivos como, intervalo de

partos, taxa de serviço, taxa de concepção, taxa de prenhez, entre outros. Em grandes e

médios rebanhos, é necessário o uso de dados atualizados, que reflitam o último mês ou,

os últimos 21 dias, que é correspondente ao período do ciclo estral da vaca. Dessa

forma, a taxa de serviço, taxa de concepção e taxa de prenhez tem sido utilizados para o

acompanhamento reprodutivo do rebanho (Barreto, 2017).

32
O contraste entre o aumento da produção de leite e a redução da fertilidade de

vacas de alta produção têm sido vivenciado por produtores do mundo inteiro. Devido ao

fato da reprodução depender de vários fatores e do manejo adequado na propriedade,

diversas hipóteses podem ser citadas para esta redução como, fatores fisiológicos,

nutricionais, genéticos, balanço energético negativo, instalações e manejo (Brito, 2016).

Um fator também abordado é o estresse térmico. Quando o calor aumenta, o

animal necessita eliminar a energia direta para diminuir o calor excessivo e tentar

manter o equilíbrio térmico interno. Todavia, nem sempre este mecanismo é suficiente.

Por conseguinte, a temperatura corporal aumenta, afetando várias funções fisiológicas

do corpo (Wolfenson et al., 2000).

O aumento da temperatura corporal causada pelo estresse térmico provoca

consequências adversas diretamente na função celular, podendo, por exemplo, reduzir o

percentual de embriões capazes de concluírem seu desenvolvimento (Ealy et al., 1995).

Vários trabalhos demonstram que mesmo com o aumento da produtividade dos

animais quando entram no CB, houveram efeitos positivos na reprodução relacionados

também ao conforto térmico.

Black et al., (2013) relataram melhora de alguns índices reprodutivos após a

introdução dos animais no CB. Houve redução do intervalo de partos (IP) de 14,3 para

13,7 meses, redução dos dias ao primeiro serviço de 104,1 para 85,3, aumento da taxa

de serviço de 42,0 para 48,7%. Barberg et al. (2007a) relataram após a mudança dos

animais para o CB, o desempenho reprodutivo melhorou significativamente em 4 dos 7

rebanhos analisados, com 25,9% e 34,4% de melhora nas taxas de serviço e prenhez,

respectivamente.

Leso et al. (2013), não mensuraram parâmetros em relação à reprodução dos

animais, mas entrevistaram 10 proprietários de fazenda com CB, que atribuíram nota

33
3,13, em uma escala de 1 (muito insatisfeito) a 4 (muito satisfeito) em relação à

satisfação com a fertilidade das vacas.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Fazenda Campo Alegre: história

A Fazenda Campo Alegre, localizada no município de Ritápolis, Minas Gerais,

tem como principal atividade a produção de leite. A propriedade foi adquirida pelo Sr.

Itamar Dutra Pereira de Resende em 1994, mas foi realmente assumida após um ano.

Com total de 15 animais, a produção chegava de 15 a 30 litros/vaca dependendo das

condições climáticas. Posteriormente, a grande maioria destes animais morreram de

botulismo e outras doenças do gênero.

A primeira compra de animais foi realizada no final de 1995 e início de 1996,

onde foram adquiridos 60 animais, sendo, 30 vacas de produção e o restante dividido

entre novilhas e vacas secas. Juntamente com a obtenção destes animais iniciou-se a

primeira ordenha.

Posteriormente, a propriedade realizou mais duas compras de animais, uma nos

anos 2000 e a outra entre 2005 e 2006. Esta aquisição foi que alavancou o

desenvolvimento da fazenda.

Entre os anos de 2011 e 2015 a Fazenda Campo Alegre fez parte do

levantamento dos 100 maiores produtores de leite do Brasil, realizado pelo MilkPoint.

Inicialmente a produção de leite na propriedade era à pasto, onde os animais, em

sua maioria da raça holandesa, eram divididos em três lotes de acordo com a produção.

Os lotes eram mantidos em piquetes e no curral de alimentação nos intervalos das três

ordenhas, sendo fornecidos quatro opções de piquete para cada lote com pastagem

34
Tifton 85 (Cynodon dactylon). Os piquetes eram utilizados conforme o desgaste da

pastagem em uso e situação física do solo, evitando piquetes muito pisoteados e solos

sem cobertura e com aspecto de lama. Os piquetes possuíam área sombreada por

espécies arbóreas nativas, bebedouros de água e limitados por cerca de arame farpado

(Figura 4).

Figura 4 - Animais no sistema à pasto.

Fonte: Fazenda Campo Alegre.

O curral de alimentação possuía cochos para fornecimento dos tratos

diariamente (dieta com formulação diferente para cada lote), cochos de sal mineral,

bebedouros, ventiladores, cobertura de cerâmica e sombrite para proteção dos cochos e

espaços entre eles.

Após anos com a produção à pasto, o crescimento da fazenda estagnou. O

manejo acarretava em morte dos animais, a reposição era praticamente pra suprir os

animais mortos, além da baixa produção e grande quantidade de funcionários que

tornava o custo da produção mais elevado que o preço recebido. Surgiu então, a ideia de

mudar o tipo de sistema utilizado na propriedade.

No decorrer de estudos e pesquisas o proprietário decidiu implantar o sistema

Compost Barn. Após o período de planejamento e construção da instalação os primeiros

35
animais começaram a entrar no novo sistema em janeiro de 2017, logo em maio do

mesmo ano, todos os animais lactantes já estavam alojados no galpão (Figura 5).

Figura 5 - Compost Barn (CB), Fazenda Campo Alegre – MG

Fonte: Arquivo pessoal.

Atualmente, no sistema CB os animais são divididos em dois lotes de acordo

com a produção de leite, sendo o lote 1 com animais de maior produção e o lote 2 de

menor produção, os animais com mastite são separados dos demais. No galpão também

são alojadas as vacas do pré-parto. Cada lote recebe uma dieta diferente, sendo as

mesmas fornecidas duas vezes ao dia. A produção de leite gira em torno de 7.052,8

litros de leite/dia, com 232 vacas sendo ordenhadas, sendo a produção média de 30,4

litros/dia.

O galpão foi projetado para 240 animais adultos utilizando 7 m² de área de cama

por animal. O sistema possui como características: largura da cama de 14 m (cada lado),

pista de 4,0 m, corredor central 4,5 m, cocho de alimentação de 1,0 m, bebedouros de

5,0 m de largura e cochos de sal de 1,0 m. São dispostos no galpão, sistema de

aspersores na pista de acesso ao cocho de alimentação e ventiladores sobre as camas

(Figura 6).

36
Figura 6 - Galpão Compost Barn - Planta baixa - Fazenda Campo Alegre - MG.

Fonte: Arquivo pessoal.

3.2 Procedimentos metodológicos

A pesquisa consistiu em um estudo de caso, a propriedade possui as seguintes

coordenadas geográficas LAT. 21º01’46.0”S; LOG. 44º23’51.0”W (Figura 7).

Figura 7 - Localização da Fazenda Campo Alegre

Fonte: Google Maps

37
A pesquisa foi realizada por meio de dados coletados na propriedade através de

relatórios, para comprovar a melhoria dos índices zootécnicos avaliados após a

implantação do sistema Compost Barn.

A região é de clima ameno onde a temperatura máxima gira em torno de 29 ºC e

a mínima em torno de 12 ºC, a precipitação se inicia no final de setembro e se estende

até meados de abril, com precipitação anual em torno de 1.130 mm (INMET – Instituto

Nacional de Meteorologia).

Os índices zootécnicos avaliados foram:

1) Produtividade média: foi calculada a partir da produção total / número de

vacas em lactação. As produções totais foram obtidas através de relatórios de

pesagem de leite mensal e/ou quinzenal.

2) Qualidade do leite: para a avaliação da qualidade do leite considerou-se as

médias das análises do tanque de refrigeração por mês. As amostras

coletadas foram analisadas pelo laboratório da Clínica do Leite da

ESALQ/USP.

3) Taxa de serviço (Inseminação): é o número de vacas inseminadas, cobertas

ou implantadas com embrião em um período de 21 dias. Calculada da

seguinte forma:

TS (%) = (Número vacas inseminadas / Número vacas aptas) × 100

4) Taxa de concepção: é o número de vacas gestantes sobre o total de serviços

em um determinado período. Calculada da seguinte forma:

TC (%) = (Número vacas gestantes / Total de serviço) × 100

5) Taxa de prenhez: é o resultado da taxa de concepção (TC) × a taxa de serviço

(TS). Mede a velocidade com que as vacas foram emprenhadas. Calculada da

seguinte forma:

38
TP (%) = (Taxa de concepção × Taxa de serviço) /100

6) Período de serviço (PS): é o período, em dias, do parto até a primeira

cobertura ou inseminação artificial (IA), confirmada pela gestação.

7) Intervalo de partos (IP): é o número de dias transcorridos entre um parto e

outro.

As avaliações dos índices reprodutivos foram realizadas a partir de dados

coletados no software de gestão dos rebanhos trabalhados - Ideagri®.

As médias dos dados coletados antes e após a instalação do CB foram

comparadas por meio do teste T, para dados pareados, a 5% de significância.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Produtividade

A Figura 8 representa a produtividade média de leite. Como é possível observar,

houve diferença (P<0,01) entre a produtividade média por vaca, após a implantação do

CB.

Este aumento na produtividade média de leite pode ser atribuído a fatores como,

a melhoria do ambiente onde os animais se encontram alojados, já que anteriormente as

vacas permaneciam em piquetes que mesmo com sombreamento, sofriam exposições a

variações climáticas. Sabe-se que animais de origem europeia, como a raça holandesa,

necessitam de temperaturas mais amenas para seu conforto térmico.

39
40
Produtividade média por vaca
(litros/vaca em lactação/dia)
35
**
30

25

20

15

10

0
Julho

Julho
Março

Média
Novembro
Agosto

Agosto
Abril

Maio
Maio

Junho

Junho
Janeiro
Setembro

Antes 1 Após 2

Figura 8 - Produtividade média de leite antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De maio de 2015 até agosto de 2016.
2
De maio de 2017 até agosto de 2018.
** Médias diferem pelo Teste T ao nível de 1% de probabilidade.

O sistema CB proporciona aos animais um ambiente com temperaturas mais

baixas, devido a ventiladores e ao pé direito alto que auxiliam na dissipação do ar

quente. Aspersores instalados na pista de alimentação também auxiliam na troca de

calor. Em razão ao conforto térmico proporcionado pelo galpão, as vacas demandam

menos energia para resfriar o corpo. Animais em estresse térmico tendem a diminuir o

consumo de alimento devido ao aumento do calor metabólico, tendo como

consequência a diminuição da produção de leite.

O conforto da instalação é um fator associado ao aumento na produtividade, já

que o CB proporciona um ambiente com cama macia, seca e confortável para os

animais alojados. Animais em ambiente confortável tendem a permanecer em posição

de descanso (deitados) por mais tempo, além de terem liberdade para expressar

comportamentos naturais (Figura 9). A cama também proporciona um menor contato do

animal a pisos abrasivos, que podem levar a lesões de casco. Há relação entre lesões de

40
casco e queda na produção, pois animais neste estado, diminuem as idas a pista de

alimentação, bem como ao cocho de sal e bebedouros devido ao desconforto nos

membros.

Figura 9 - Animais em área de descanso. Fazenda Campo Alegre - MG.

Fonte: Arquivo pessoal.

4.2 Qualidade do leite

A gordura do leite é o componente de maior variabilidade, influenciado pela

genética, nutrição e fatores ambientais. Na Figura 10 observa-se o teor de gordura (%)

antes e após o sistema CB.

Após a implantação do CB, observou-se aumento (P<0,05) no teor de gordura do

leite. Como elucidado, vários fatores exercem ação na composição do leite, o estresse

calórico é mencionado neste contexto. Vacas que passam por estresse calórico tendem a

diminuir o consumo de alimento (IMS), na busca de diminuir o calor metabólico. Essa

redução na IMS leva a uma menor atividade de ruminação, o que afeta o

aproveitamento dos nutrientes e consequentemente a composição de gordura no leite.

41
4,00
Teor de gordura do leite (%)
3,50
*

3,00

2,50

2,00

Julho
Novembro

Média
Dezembro

Agosto
Junho

Junho

Junho
Fevereiro
1 2
Antes Após

Figura 10 - Teor de gordura do leite antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De junho de 2015 até agosto de 2016.
2
De junho de 2017 até agosto de 2018.
Os meses omitidos não constavam nos registros da propriedade.
*Médias diferem pelo Teste T ao nível de 5% de probabilidade.

Como o sistema CB proporciona ambiente climatizado com área de descanso

confortável, as vacas aumentam a IMS, permanecem mais tempo deitadas, o que leva a

um maior tempo de atividade de ruminação. Dessa forma, os nutrientes e a fibra

contidos na dieta são melhor aproveitados, favorecendo o aumento da gordura no leite.

Outro fator que contribuiu para a melhora da gordura no leite após a implantação

do sistema, é que pode-se ter um melhor monitoramento do escore das fezes dos

animais alojados. Com o acompanhamento do escore das fezes é possível avaliar o

quanto do alimento está sendo digerido e se a dieta está bem equilibrada, auxiliando

assim na melhoria da dieta das vacas e refletindo na maior síntese de gordura no leite.

O teor de proteína do leite (%), não apresentou diferença significativa, como

observado na Figura 11. A proteína ao contrário da gordura, é um componente do leite

de difícil alteração, desta forma, a amplitude da variação é bem menor.

42
4,00
Teor de proteína do leite (%)
3,50 ns

3,00

2,50

2,00

Julho
Novembro

Média
Dezembro

Agosto
Junho

Junho

Junho
Fevereiro
1 2
Antes Após

Figura 11 - Teor de proteína do leite antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De junho de 2015 até agosto de 2016.
2
De junho de 2017 até agosto de 2018.
Os meses omitidos não constavam nos registros da propriedade.
ns = Médias não diferem pelo Teste T ao nível de 5% de probabilidade.

Observa-se na Figura 12, a contagem de células somáticas (CCS) que respondeu

positivamente (P<0,01), após a implantação do sistema CB.

A redução na CCS no tanque de refrigeração pode estar relacionada ao desafio

microbiológico do ambiente que diminuiu. No sistema a pasto, não se tinha controle do

ambiente onde as vacas deitavam e principalmente em períodos de chuvas o contato do

úbere com barro e umidade era maior. Ambiente úmido aumenta a proliferação de

bactérias que causam doenças como a mastite.

43
1000

900

800
**
CCS (n°/mL)

700

600

500

400

300

200
Novembro

Julho

Média
Dezembro

Agosto
Junho

Junho

Junho
Fevereiro
1 2
Antes Após

Figura 12 - Contagem de células somáticas (CCS) antes e após a implantação do Compost


Barn.
1
De junho de 2015 até agosto de 2016.
2
De junho de 2017 até agosto de 2018.
Os meses omitidos não constavam nos registros da propriedade.
** Médias diferem pelo Teste T ao nível de 1% de probabilidade.

Após a implantação do CB, o desafio microbiológico foi reduzido, já que a cama

onde os animais são alojados possui manejo diário (revolvimento) que promove local

mais seco e com altas temperaturas, dificultando a proliferação das bactérias causadoras

de mastite. O conforto ambiental do CB, permite melhora do sistema imune dos animais

sustentando a redução na CCS.

A melhoria na higiene dos animais também auxiliou na redução da CCS, no

sistema à pasto as vacas ficavam mais sujas devido ao ambiente mais úmido (Figura 13)

e após passarem para o CB, o maior controle e monitoramento diário da cama permite

um local mais seco, levando a úberes mais limpos e menor probabilidade de incidência

de mastite ambiental (Figura 14).

44
Figura 13 - Animais alojados em piquete em contato direto com solo úmido e descoberto.

Fonte: Fazenda Campo Alegre

Figura 14 - Animais alojados em cama seca e confortável no sistema Compost Barn.

Fonte: Arquivo pessoal.

Não só a implantação do CB auxilia na melhora na CCS, já que diversas

mudanças são adotadas no novo sistema, o que promove controle de pontos estratégicos

de manejo. Controles de CCS no tanque de refrigeração e individuais contribui na

detecção de problemas e tomada de decisão.

4.3 Índices Reprodutivos

A taxa de serviço (TS) que consiste em número de vacas aptas para entrar em

programas reprodutivos e que foram cobertas ou inseminadas, não apresentou diferença

entre as médias pelo teste de T (P>0,05), conforme observado na Figura 15.

45
A TS é influenciada pela eficiência na detecção do cio, na monta natural essa

taxa é maior pois proporciona mais tentativas de coberturas no estro devido a exposição

das vacas aos touros. Já em protocolos de IATF, a TS tende a ser menor em

consequência das tentativas só ocorrerem após o diagnóstico de gestação negativo. No

período avaliado a propriedade utilizou da biotecnologia de reprodução, IATF,

alternativa utilizada em propriedades leiteiras para melhorar erros na detecção de cios e

induzir a ciclicidade em animais em anestro, antecipando a obtenção de prenhez, desta

forma a TS não apresentou diferença significativa.

100
90
80
Taxa de serviço (%)

70 ns
60
50
40
30
20
10
0
Julho
Julho

Média
Março
Outubro

Novembro

Dezembro
Agosto

Agosto
Maio

Abril

Maio
Fevereiro
Junho

Junho
Janeiro
Setembro

Antes 1 Após 2

Figura 15 - Taxa de serviço antes e após a implantação do Compost Barn


1
De maio de 2015 até agosto de 2016.
2
De maio de 2017 até agosto de 2018.
ns = Médias não diferem pelo Teste T ao nível de 5% de probabilidade.

A Figura 16 apresenta a taxa de concepção (TC) onde houve diferença (P<0,05)

em relação a antes e após a troca de instalação.

A TC é influenciada por diversos fatores como o estresse térmico. O estresse

térmico, atua retardando o desenvolvimento do embrião ou causando sua morte nos

46
primeiros sete dias. Quando o animal passa por estresse térmico, ocorre a redistribuição

do fluxo sanguíneo para a periferia do corpo na tentativa de dissipar o calor, diminuindo

assim a circulação nas vísceras e órgãos reprodutivos, o que prejudica o

desenvolvimento do embrião.

60

50
Taxa de concepção (%)

40

*
30

20

10

Julho
Julho

Média
Março
Novembro
Outubro

Dezembro
Agosto

Agosto
Maio

Abril

Maio
Fevereiro
Junho

Junho
Janeiro
Setembro

1 2
Antes Após

Figura 16 - Taxa de concepção antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De maio de 2015 até agosto de 2016.
2
De maio de 2017 até agosto de 2018.
* Médias diferem pelo Teste T ao nível de 5% de probabilidade.

O sistema CB exerceu influência positiva (P<0,05) na perda de prenhez (Figura

17), melhorando a fixação e desenvolvimento do embrião que atua diretamente na

melhora da TC. A melhoria no ambiente após a implantação do CB, tanto em conforto

quanto em temperatura contribuiu também com melhor observação do cio de retorno

das vacas. Dessa forma, a melhoria na perda de prenhez e observação do cio de retorno,

favoreceram o aumento na TC.

47
60
55
50
Perda de prenhêz (%)
45
40
35
*
30
25
20
15
10
5
0

Julho

Média
Março

Agosto
Abril

Maio

Junho
Fevereiro
Janeiro

1 2
Antes Após

Figura 17 - Perda de prenhez antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De janeiro de 2015 até agosto de 2016.
2
De janeiro de 2017 até agosto de 2018.
Os meses omitidos não constavam nos registros da propriedade.
* Médias diferem pelo Teste T ao nível de 5% de probabilidade.

A taxa de prenhez (TP) após a implantação do CB, conforme observado na

Figura 18, apresentou diferença (P<0,01) quando comparada ao sistema anterior. Para

obtenção da TP, utiliza-se a TS e TC. Como demonstrado anteriormente, o CB não

influenciou significativamente a TS, já a TC respondeu positivamente.

Para obter alta taxa de prenhez é necessário que a maioria das vacas aptas

estejam ciclando e sejam inseminadas corretamente (aumento da TS). Além disso, essas

vacas devem apresentar ambiente uterino adequado para o desenvolvimento

embrionário inicial e manutenção da gestação (aumento da TC).

48
45
40
35
Taxa de prenhez (%)

30
25
20 **
15
10
5
0

Julho
Julho

Média
Março
Outubro

Novembro

Dezembro
Agosto

Agosto
Maio

Abril

Maio
Fevereiro
Junho

Junho
Janeiro
Setembro

1 2
Antes Após

Figura 18 - Taxa de prenhez antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De maio de 2015 até agosto de 2016.
2
De maio de 2017 até agosto de 2018.
** Médias diferem pelo Teste T ao nível de 1% de probabilidade.

Fatores estressantes, como temperatura ambiental elevada e alta taxa de lotação

são prejudiciais para o estabelecimento inicial da gestação e contribuem para o estresse

calórico levando à elevada incidência de mortalidade embrionária precoce.

Como já mencionado, o objetivo do sistema CB é proporcionar um ambiente de

conforto e bem estar aos animais alojados. Neste contexto, o aumento da TP assim

como a melhora na TC, também pode ser explicada pelo ambiente climatizado do

sistema que proporciona as vacas temperaturas mais amenas, diminuindo o estresse

térmico e propicia condições ótimas de saúde e desempenho.

Observa-se nas Figuras 19 e 20, o período de serviço (PS) e o intervalo de partos

(IP), respectivamente, antes e após a implantação do sistema CB. Como é possível

observar, o CB teve influência (P<0,01) sobre esses índices reprodutivos.

49
300

250
Período de serviço (dias)

200
**

150

100

50

0
Julho

Julho
Outubro

Novembro

Média
Março
Dezembro
Agosto

Abril

Agosto
Maio

Maio
Junho

Junho
Setembro

Fevereiro
Janeiro
1 2
Antes Após

Figura 19 - Período de serviço antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De maio de 2015 até agosto de 2016.
2
De maio de 2017 até agosto de 2018.
** Médias diferem pelo Teste T ao nível de 1% de probabilidade.

22
21
Intervalo de partos (meses)

20
19
18
17 **
16
15
14
13
12
Julho

Julho
Novembro
Outubro

Média
Março
Dezembro
Agosto

Abril

Agosto
Maio

Maio
Junho

Junho
Setembro

Fevereiro
Janeiro

1 2
Antes Após

Figura 20 - Intervalo de partos antes e após a implantação do Compost Barn.


1
De maio de 2015 até agosto de 2016.
2
De maio de 2017 até agosto de 2018.
** Médias diferem pelo Teste T ao nível de 1% de probabilidade.

50
O PS avalia o intervalo de tempo entre o parto e a nova prenhez confirmada.

Este índice é influenciado pelo tempo que o animal levará para iniciar uma gestação

após o parto e sua variação atua sobre o IP.

Como já discutido anteriormente, a propriedade utilizou no período avaliado a

IATF. No sistema CB as vacas inseminadas permanecem em ambiente climatizado,

favorecendo o estabelecimento da gestação. Com o conforto ambiental, a fixação do

embrião ocorre com maior facilidade, já que os animais passam por menor estresse

térmico quando comparados ao sistema a pasto utilizado anteriormente. Dessa forma, o

ambiente termicamente confortável do CB contribuiu para a confirmação de prenhez em

menor tempo pós-parto, influenciando positivamente no PS e IP.

51
5. CONCLUSÃO

A escolha do Compost Barn pela Fazenda Campo Alegre, propiciou benefícios

na produtividade, qualidade do leite e índices reprodutivos como foi observado no

período avaliado após a implantação do sistema. As melhorias ocorridas na propriedade,

podem ser atribuídas pelo aumento do conforto e bem-estar animal, melhoria na higiene

das vacas e manejo. Mesmo com algumas desvantagens, como todo sistema, o CB

permite melhora nos índices zootécnicos, fatores esses que influenciam positivamente a

eficiência da propriedade.

52
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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