ESCOLA POLITÉCNICA
ENGENHARIA QUÍMICA
Salvador
2018
LORENA BRITO LEITE DE AQUINO
Salvador
2018
AGRADECIMENTOS
À empresa Tecnocoat do Brasil Indústria e Comércio de Tintas, especialmente a Rodrigo
Quadros e Julival Fonseca pelo apoio e colaboração no desenvolvimento do trabalho.
À meu orientador Miguel Angel Iglesias Duro pela paciência, apoio e colaboração.
Agradeço a Deus e a todos que contribuíram pela realização deste trabalho de finalização de
curso.
RESUMO
As tintas são um produto industrial de grande aplicabilidade. A participação no mercado se
divide em quatro segmentos: tinta imobiliária, tinta para indústria em geral, tinta para repintura
automotiva e tinta automotiva (montadoras). O Brasil encontra-se entre os seis maiores
mercados mundiais para tintas. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas
(ABRAFATI), a produção de tintas industriais em 2016 chegou a 141 milhões de litros, o que
é muito significativo, ficando atrás apenas da produção de tintas imobiliárias. Se tratando da
segunda maior produção entre os quatro tipos de tintas, é importante que se busque alternativas
para reduzir a geração de resíduos nesse setor, sendo que o principal é o solvente proveniente
da limpeza de máquinas e equipamentos da linha de produção de uma fábrica de tintas, contando
com os tachos (recipientes de aço em formato de panela), a envasadora, os pinceis, espátulas,
etc. É com o apoio da empresa Tecnocoat do Brasil Indústria e Comércio de Tintas que se pôde
realizar testes em tintas da linha econômica do esmalte sintético para utilização do solvente de
limpeza na sua fabricação, tendo como pontos fortes para análise o tempo de secagem e brilho
da tinta. Além disso, foi feita uma análise de custo do litro da tinta sem e com solvente de
limpeza, o que também imprescindível para a empresa.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................7
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................9
2.1 EMPRESA............................................................................................................................9
2.2 TINTAS E SUA COMPOSIÇÃO.........................................................................................9
2.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE TINTA A BASE DE SOLVENTE...........................10
2.4 MECANISMO DE FORMAÇÃO DA PELÍCULA............................................................11
2.5 RESINAS............................................................................................................................13
2.5.1 Propriedades das Resinas Alquídicas........................................................................13
2.5.2 Propriedades da Resina Fenólica...............................................................................17
2.5.3 Propriedades da Resina Alquídica Fenolada.............................................................17
2.6 SOLVENTES......................................................................................................................18
2.7 DESTILAÇÃO DE SOLVENTE DE LIMPEZA NÃO É A ÚNICA ALTERNATIVA…21
2.8 DESTINAÇÃO DA BORRA DE TINTAS.........................................................................21
2.9 O ATUAL MERCADO DE TINTAS NO BRASIL............................................................22
2.10 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) ..............................................................................24
3. METODOLOGIA.............................................................................................................27
3.1 SÍNTESE DO ESMALTE SINTÉTICO LINHA ECONÔMICA......................................27
3.2 COMPARAÇÃO DE CUSTO............................................................................................29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................31
4.1 SÍNTESE DO ESMALTE SINTÉTICO LINHA ECONÔMICA......................................31
4.2 COMPARAÇÃO DE CUSTO............................................................................................37
5. CONCLUSÃO...................................................................................................................39
REFERÊNCIAS......................................................................................................................40
7
1. INTRODUÇÃO
As tintas são um produto industrial de grande aplicabilidade e aplicação diversa, seja na
Indústria Automotiva, Indústria de Alimentos, Industria Petroquímica ou no setor imobiliário.
O Brasil é um dos seis maiores mercados mundiais para tintas. Essa colocação só foi atingida
por conta dos investimentos feitos pelas indústrias do setor, as quais investem pesado em
tecnologia de ponta e sustentabilidade para suprir a demanda do mercado em produtos cada vez
mais competitivos.
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (ABRAFATI), a produção de tintas
industriais em 2016 chegou a 141 milhões de litros, o que é muito significativo, ficando atrás
apenas da produção de tintas imobiliárias. Se tratando da segunda maior produção entre os
quatro tipos de tintas, é importante que se busque possibilidades para reduzir a geração de
resíduos nesse setor. É ecologicamente e economicamente viável investir em alternativas
quando se fala em solvente de limpeza de máquinas e equipamentos da linha de produção de
uma fábrica de tintas, contando com os tachos (recipientes de aço em formato de panela), a
envasadora, os pinceis, espátulas, etc.
A Tecnocoat do Brasil Indústria e Comércio de Tintas, empresa fundada em 2009 no Município
de Simões Filho no Estado da Bahia, se preocupa com o meio ambiente e com a qualidade do
material desenvolvido, dessa forma ela tem como visão estratégica o controle de produtos e
resíduos tanto em sua unidade fabril quanto no ambiente do cliente, promovendo a retirada de
resíduos de tintas e solventes de limpeza para reciclagem. É com apoio dessa empresa que surge
a oportunidade para analisar a viabilidade da utilização desse solvente em tintas da linha
econômica do esmalte sintético, o qual equivale a aproximadamente 15% da produção da
fábrica, e fazer a avaliação comparativa de custo. Será importante para o trabalho em questão
testar a compatibilidade das resinas utilizadas em sintéticos com a composição de tal solvente
que é formado por dois hidrocarbonetos que estão em proporções diferentes, uma vez que é
imprescindível obter secagem e brilho para tinta testada.
8
Figura 1: % Volume de tinta produzida nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2017
% Volume de tinta produzido
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 EMPRESA
A Tecnocoat do Brasil Indústria e Comércio de Tintas é uma empresa fundada em 2009 no
Município de Simões Filho no Estado da Bahia, a qual tem como foco principal o
desenvolvimento de produtos relacionados à área de pintura industrial, produzindo tintas epóxi,
esmaltes sintéticos, poliuretano, tintas para demarcação de tráfego, solvente e tinta acrílica. Os
seus clientes têm o privilégio de poder ter o seu produto personalizado, adequado para cada
aplicação e realidade. A meta dessa empresa é oferecer ao mercado um produto de qualidade e
garantir um custo benefício excelente. (TECNOCOAT)
Essa é uma empresa que se preocupa com o meio ambiente e com a qualidade do material
desenvolvido, dessa forma ela tem como visão estratégica o controle de produtos e resíduos
tanto em sua unidade fabril quanto no ambiente do cliente, promovendo a retirada de resíduos
de tintas e solventes de limpeza para reciclagem. (TECNOCOAT)
A empresa possui uma localização estratégica, no Centro Industrial de Aratu Simões Filho/
Bahia, o que propicia um potencial logístico para o abastecimento das indústrias do Nordeste.
Além do fato de que a proximidade com a Linha Verde, Porto de Aratu, Salvador, Aeroporto
de Salvador, ferrovia Norte/Sul e BR 324 permite o acesso de entrada e saída de materiais, o
que possibilita dispor de uma excelente frota de transporte. (TECNOCOAT)
película da tinta e são responsáveis pela maioria das características físicas e químicas desta,
pois determinam o brilho, a resistência química e física, a secagem, a aderência, e outras. A
formação dessa película de tinta está relacionada com o mecanismo de reações químicas do
sistema polimérico, embora outros componentes, como solventes, pigmentos e aditivos tenham
influência no sentido de retardar, acelerar e até inibir essas reações. É por meio das
características das resinas que se classificam os nomes das tintas, como exemplos, as tintas
vinílicas, acrílicas, alquídicas, poliuretânicas, epóxi, poliéster, nitrocelulose e borracha clorada.
(ANGHINETTI, 2012)
As cargas são minerais industriais com características adequadas de brancura e granulometria
sendo as propriedades físicas e químicas também importantes. Os minerais mais utilizados são:
carbonato de cálcio, agalmatolito, caulim, barita, etc. As cargas além de baratearem uma tinta
também colaboram para a melhoria de certas propriedades: cobertura, resistência às
intempéries, etc.
O solvente é um veículo volátil, de baixo ponto de ebulição, incolor e neutro. Melhora a
viscosidade, facilitando a aplicação das tintas e aumentando a aderência ao substrato, é capaz
de solubilizar as resinas, formando mistura homogênea. Somando a essas características, os
solventes apresentam inflamabilidade, toxicidade e forte odor. São selecionados em função da
natureza da tinta, mantém os pigmentos e as resinas dispersas ou dissolvidas em um estado
fluido. Os aditivos são, geralmente, produtos químicos mais sofisticados, com alto grau de
eficiência, que são empregados em baixas concentrações com funções específicas, tais como:
aumento da proteção anticorrosiva, bloqueadores dos raios UV, dispersantes e umectantes de
pigmentos e cargas, melhoria de nivelamento, antiespumantes, antipeles, biocidas,
antiescorrimento. (ANGHINETTI, 2012)
óleos vegetais. Como se sabe, o veículo fixo (resina) contém óleos vegetais e, portanto, duplas
ligações. Nesse mecanismo há algumas hipóteses sobre a maneira como ocorre a formação da
película, uma delas é através da formação de um peróxido, que ocorreria com a reação da dupla
ligação com o oxigênio do ar (figura 3). E por sua vez, esse peróxido reagiria com outra dupla
ligação de uma molécula próxima (figura 4), dando início ao processo de polimerização. Nesse
mecanismo, o oxigênio é o primeiro a entrar em contato com o filme de tinta. Quando a tinta é
aplicada com uma espessura muito grande, uma pele pode se formar na superfície da tinta e a
parte inferior permanecerá líquida. Essa pele provocará a redução da movimentação do
oxigênio nas camadas inferiores levando uma secagem lenta ou incompleta. Desse modo,
tornasse importante que se tenha o controle da espessura no momento da aplicação, que de
acordo com a norma a espessura para cada demão é em torno de 40 microns seca e 100 microns
úmida. (GAUTO,2007)
Figura 3: Primeiro estágio para formação do peróxido
Fonte: Gauto(2007)
Fonte: Gauto(2007)
Para que ocorra esse mecanismo há necessidade da presença de duplas ligações na resina. As
resinas que fornecem esse tipo de película são óleos ou derivados de óleos. As mais usuais são:
óleos secativos, resinas alquídicas oleomodificadas, ésteres de epóxi e oleofenólicas.
O mecanismo de ativação térmica ocorre em resinas em que a polimerização se processa com
auxílio de energia térmica. Um pré-polímero, dissolvido em solventes apropriados, é aplicado
sobre um substrato, seguido de aquecimento, onde ocorre polimerização por condensação e
formação de película. Resinas com essas características são as fenólicas, epóxi-fenólicas,
13
2.5 RESINAS
A resina é o elemento formador de película (E.F.P.) que serve de suporte aos outros
componentes da tinta, produzindo uma película una e contínua. O E.F.P. age como um
aglomerante com propriedades de adesivo, que fixa a parte sólida dos revestimentos ao
substrato ou a película anterior. O E.F.P. determina o tipo de revestimento empregado e
representa a propriedade principal ou básica do revestimento.
Resinas, de forma geral, são substâncias orgânicas microcristalinas, tendo características,
quando sólidas, vítreas. Elas se dividem em naturais, modificadas e sintéticas. As sintéticas
alquídicas e alquídicas fenolada são as que interessam para este trabalho. As principais resinas
são formadas por condensação e polimerização. As resinas de condensação são formadas pelas
reações entre grupos funcionais disponíveis com eliminação, de forma geral, de água. As resinas
de polimerização são formadas por pequenas moléculas, denominadas monômeros, que se
unem para compor uma cadeia polimérica sob a ação de catalisadores ou não.
A resina alquídica pode ser modificada de duas formas, por modificação interna ou externa. Na
interna, a estrutura do polímero é modificada pela inserção de monômeros que proporcionem
melhores propriedades. Já a externa ocorre por mistura física e reações de crosslinking (um
processo que ocorre quando cadeias poliméricas lineares ou ramificadas são interligadas
por ligações covalentes) com outras resinas. Uma modificação interna (modificação da
estrutura do polímero alquídico) comumente feita é a reação com resina fenólica, a qual permite
uma melhor secagem, aderência e resistência a hidrólise.
A reação básica para formação de resinas alquídicas corresponde a uma reação de
policondensação entre álcoois e ácidos polifuncionais (figura 5). O anidrido ftálico é o poliácido
mais utilizado para síntese dessas resinas porque sua temperatura de esterificação é mais baixa,
possibilitando um menor custo de energia e menor tempo de processo. A estrutura aromática
rígida do anidrido ftálico permite a formação de um polímero com dureza e resistência mecânica
necessária para aplicação em tintas, influenciando diretamente na secagem do polímero. Dessa
forma, quanto maior a quantidade de anidrido, menor é o tempo de secagem em função da maior
rigidez da estrutura. (BARRIOS, 2008)
As alquídicas podem ser classificadas quanto à porcentagem de óleo em sua composição, como:
resina curta com 30-45% de óleo; resina média com 45-55% de óleo; resina longa com 55-65%
de óleo; resina extra longa com 65-80% de óleo. No Brasil, os óleos mais utilizados são os
vegetais, especificamente soja, linhaça e rícino desidratado. A depender do tipo de óleo
utilizado, as resinas apresentam aspectos diferentes. Essas características também dependem do
teor de óleo e das proporções de poliol e poliácido. (PIRES, 2006)
Uma outra classificação para resina alquídica envolve a natureza do óleo, podendo ser: resina
alquídica secativa – óleo secativo/ semi-secativo; resina alquídica não secativa - óleo não
secativo. Isso está relacionado com o número e a estrutura de duplas ligações no ácido graxo
ou óleo. O óleo que possui em sua composição natural acima de três duplas ligações conjugadas
é considerado secativo. Quanto mais duplas ligações mais secativo. Exemplo de óleo secativo
é a oiticica. O óleo é semi-secativo quando houver duas duplas ligações conjugadas. Exemplo
de semi-secativo: linhaça, soja, rícino desidratado, algodão. Óleos que não são secativos podem
se tornar semi-secativos por desidratação, se possuir OH- e H+, e isomerização. Tipos de óleos
não secativos: coco, mamona (rícino não desidratado).
são facilmente hidrolisáveis. Além disso, óleos não reagidos na composição também
comprometem o desempenho da resina.
A resina alquídica curta possui as melhores propriedades, maior dureza e resistência química,
maior brilho e resistência ao calcário e melhor durabilidade de forma geral. Quando se quer
obter propriedades intermediárias para aplicações específicas recomenda-se o uso de alquídicas
médias. A solubilidade em solventes polares e a compatibilidade com resinas polares é maior
para as alquídicas curtas. Com o aumento do comprimento do óleo, a solubilidade e
compatibilidade com solventes e resinas polares diminui e a resina alquídica torna-se cada vez
mais compatível com resinas menos polares e cada vez mais solúvel em solventes não polares,
é por isso que a alquídica curta é mais solúvel em hidrocarbonetos aromáticos como xileno e
finalmente, a longa em hidrocarbonetos alifáticos, como aguarrás. (ROBERTS, 1968)
Diante das propriedades apresentadas pelas resinas do esmalte sintético, pode-se dizer que essa
é uma tinta que serve como acabamento, aplicação acetinada e aplicação fosca. Ela apresenta
vantagens em relação aos produtos tradicionais, por apresentar secagem rápida, confere boa
aparência e fácil aplicação. Suas indicações de usos são para construções e manutenção, como
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por exemplo: equipamentos industriais, painéis, pequenas estruturas e pontes rolantes. É muito
utilizado em ambientes de baixa agressividade química e construção civil, onde se necessita de
bom acabamento e boa proteção. Não recomendado para serviços de imersão, ataque de vapores
e/ou derrames de solventes. Não indicado para exposição direta a ácidos ou bases.
2.6 SOLVENTES
Solventes são fluidos que quando incorporados a outras substâncias são capazes de dissolver
de forma a produzir composições de viscosidade desejada. Os solventes solubilizam os
elementos formadores de película (E.F.P.) e auxiliam na dispersão dos pigmentos. Eles devem
apresentar algumas características que os tornem adequados para o uso, como: estabilidade para
não sofrer modificação química e física durante o armazenamento; praticamente incolor e, em
alguns casos, completamente isentos de água ou não absorvê-la; não possuir efeito tóxico
perceptível; não apresentar resíduos que afetem a performance da película após a evaporação;
não deve conduzir à reações alcalinas ou ácidas; ser economicamente viável sua obtenção e/ou
utilização para uma finalidade requerida. (PIRES, 2006)
Os solventes possuem uma classificação básica que é determinante para escolha adequada dos
mesmos para as linhas de tintas, sendo assim, eles se classificam quanto à polaridade, quanto
ao ponto de ebulição, quanto a solubilização do E.F.P e quanto à natureza química.
Quanto a polaridade os solventes podem se classificar como polares e não polares. A polaridade
dos solventes influencia na viscosidade do sistema resina-solvente, levando em consideração
que resinas polares com solventes polares formam sistemas de menor viscosidade, já resinas
polares com solventes não polares formam sistemas de maior viscosidade.
Ponto de ebulição (P.E.) é a temperatura na qual um líquido vence a pressão atmosférica,
passando para o estado gasoso. Quanto ao P.E. os solventes podem ser classificados em três
categorias: alto solvente com P.E. menor que 100ºC, médio solvente com P.E. entre 100 e
150ºC, baixo solvente com P.E. acima de 150ºC. Apesar do P.E. auxiliar para escolha do
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solvente, essa não é uma característica mais relevante, e sim a pressão de vapor, que é a
capacidade do solvente de mudar de estado físico a uma dada temperatura. A pressão de vapor
é uma medida da volatilidade de uma substância. Substâncias com alta pressão de vapor são
mais voláteis, enquanto que substância com baixa pressão de vapor são substância pouco
voláteis. A volatilidade depende da natureza química da substância e está relacionada com as
forças que mantêm as moléculas unidas, forças de Van der Waals. Substâncias que possuem
fortes interações intermoleculares, como ligações de hidrogênio têm pressão de vapor baixa e
consequentemente baixa volatilidade. (PIRES, 2006)
Quanto à solubilização do E.F.P, os solventes se classificam em solvente ativo, solvente latente
e solvente diluente. O solvente ativo tem a capacidade de solubilizar o polímero. O solvente
latente não possui a capacidade de solubilizar o polímero, no entanto pode entumecê-lo, ou seja,
provocar o inchamento da cadeia polimérica. Misturado com o solvente ativo, o solvente latente
aumenta a solubilização do polímero. O solvente diluente não age sobre a solubilização do
polímero, no entanto ele dilui as soluções dos mesmos e reduz o custo da mistura solvente. A
solubilização da resina (E.F.P) se dá em dois estágios, sendo o primeiro estágio o inchamento
e o segunda a solubilização. O processo de inchamento da resina (polímero) ocorre através da
difusão das moléculas do solvente para dentro da massa polimérica, formando um gel. Na etapa
de solubilização, ocorre a entrada de mais solvente para desintegração do gel e formação de
uma solução verdadeira.
Figura 8: Ilustração do processo de solubilização da resina
Solventes álcoois caracterizam-se pela presença do grupo hidroxila. Álcoois com até quatro
carbonos apresentam alta solubilidade em água, acima de quatro começa a ser insolúvel. Isso
está ligado a polaridade da molécula, sabe-se que quanto menor for o tamanho da molécula
maior a polaridade. Os álcoois em mistura com aromáticos são solventes para alquídicas,
fenólicas, uréia e formaldeído melamina.
Os solventes cetonas são usados como solventes ativos de algumas resinas naturais,
nitrocelulósicas, vinílicas, alquídicas curtas em óleo e borracha clorada. As cetonas mais
importantes são metil isobutil cetona (MIBK), metil etil cetona (MEK) e acetona. O MIBK
possui evaporação rápida e é um excelente solvente para resinas nitrocelulósicas, vinílicas e
epóxi. O MEK é, normalmente, utilizado em sistemas de altos sólidos devido ao seu poder
solvente. (PIRES, 2006)
Figura 10: Solventes cetonas.
um resíduo menos volumoso e menos tóxico. A energia térmica necessária para queima e
destruição advém do poder calorífico dos resíduos e/ou da queima de um combustível auxiliar.
Normalmente, os incinerados trabalham numa faixa de 1200 a 1400ºC. (SOUZA, 2009)
O aterro industrial é uma técnica de disposição final de resíduos sólidos perigosos ou não
perigosos, que utiliza princípios específicos de engenharia para seu seguro confinamento, sem
causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e que evita a contaminação de águas
superficiais, pluviais e subterrâneas, e minimiza os impactos ambientais. (SITIVESP, 2010)
Uma outra alternativa para a borra de tinta é a recuperação da mesma para produção de uma
tinta de segunda linha. Depois do solvente destilado, essa borra volta linha de produção para
adição de resina, pigmento, aditivo, solvente e carga se necessário.
3. METODOLOGIA
3.1 SÍNTESE DO ESMALTE SINTÉTICO LINHA ECONÔMICA
Com o objetivo de buscar uma nova alternativa para o solvente proveniente da limpeza de
máquinas e equipamentos da linha de produção (figura 14) após cada batelada de tinta, esse
trabalho busca fazer uma análise de viabilidade para utilizar esse solvente na síntese de novos
esmaltes sintéticos da linha econômica, os quais equivalem a aproximadamente 15% da
produção total da empresa Tecnocoat do Brasil Indústria e Comércio de Tintas. Sabendo que o
solvente destinado a limpeza é constituído por dois tipos de solventes (A + B), onde se tem 67%
de A e 33% de B em massa, os quais fazem parte da formulação do esmalte sintético, no entanto
eles não possuem a mesma porcentagem na constituição da tinta, sendo em média 0,4% de A e
4% de B em massa. O solvente A é um hidrocarboneto alifático e o B é um hidrocarboneto
aromático, os quais possuem importante função na constituição do esmalte. O solvente B é um
solvente latente, ou seja, ele não possui a capacidade de solubilizar o polímero (resina), no
entanto pode entumecê-lo (provocar o inchamento da cadeia polimérica), e quando misturado
com o solvente ativo, o solvente latente aumenta a solubilização do polímero. O solvente A é
um solvente diluente, ou seja, ele não age sobre a solubilização do polímero, no entanto ele
dilui as soluções dos mesmos e reduz o custo da mistura solvente. Além de tudo, o solvente B
é mais volátil do que o A, propriedade essa que facilita a secagem da tinta.
Figura 14: Exemplo de tacho utilizado na produção de tinta
Fonte: Jemp
Sabe-se que é possível utilizar esse solvente na produção do esmalte sintético, no entanto não
se conhecia o quanto poderia ser adicionado, uma vez que o solvente de limpeza é constituído
por solventes que fazem parte da produção dessa tinta. Mesmo tendo conhecimento que o
solvente “A” em porcentagem muito elevada poderia interferir no tempo de secagem e no brilho
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da tinta, foi realizado, inicialmente, um teste com a retirada de todo solvente A e B, sendo
substituído por solvente de limpeza, ou seja, massa de A + B trocada por massa de solvente de
limpeza. Além disso, foi inicialmente escolhido fabricar um esmalte cinza, por essa ser uma cor
clara afim de verificar a influência do solvente na cor da tinta. Esse teste foi realizado com
5,18% de solvente de limpeza, 0 % de solvente B, 0 % de solvente A e com duas resinas
alquídicas, uma longa e outra curta.
Em um segundo momento, optou-se por uma outra cor mais clara, que foi o amarelo, com o
qual foram feitos cinco testes. O primeiro teste do amarelo foi feito com 0,72% de solvente de
limpeza, 2,88% de solvente B, 0 % de solvente A e com duas resinas alquídicas, uma longa e
outra curta.
O segundo teste do amarelo foi com 3,5 % de solvente de limpeza, 0% de solvente B, 0 % de
solvente A e com duas resinas, uma alquídica longa e outra alquídica fenolada. O terceiro teste
do amarelo foi com 3 % de solvente de limpeza, 1,7% de solvente B, 0 % de solvente A e com
duas resinas, uma alquídica longa e outra alquídica fenolada. O quarto teste do amarelo foi com
2 % de solvente de limpeza, 1,7% de solvente B, 0 % de solvente A e com duas resinas, uma
alquídica longa e outra alquídica fenolada. E por fim, o quinto e último teste do amarelo foi
com 1% de solvente de limpeza, 2,2% de solvente B, 0 % de solvente A e com duas resinas,
uma alquídica longa e outra alquídica fenolada.
A mudança de resina dos dois primeiros testes para outros quatro foi para verificar a secagem,
sabendo que a alquídica fenolada proporciona uma secagem mais rápida do que a alquídica
curta.
As amostras de tintas foram formuladas para 0,5 Kg e produzidas no laboratório da própria
fábrica utilizando como equipamento um misturador de tinta modelo FMRS 29/7 Reitz e uma
balança digital de precisão Mettler Toledo PZ 7001-F. A tinta foi produzida de acordo com o
procedimento de produção da fábrica com adição das suas respectivas matérias primas, sendo
elas as resinas, as cargas, os aditivos, os pigmentos e os solventes (ver fluxograma).
29
%𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎𝑖 ∗ 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑖 (𝐿) = (1)
𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖
A letra “i” representa cada matéria prima existente na formulação e “n” é o número total de
matéria prima.
31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 SÍNTESE DO ESMALTE SINTÉTICO LINHA ECONÔMICA
Os testes de síntese das tintas foram realizados no laboratório da empresa Tecnocoat do Brasil
Indústria e Comércio de Tintas, onde foram fabricadas esmaltes sintéticos na cores cinza e
amarelo. As cores claras foram escolhidas para se testar o quanto o solvente de limpeza poderia
interferir na coloração da tinta, alterando sua pigmentação. O solvente de limpeza é constituído
por dois solventes que fazem parte da formulação do esmalte sintético, sendo que a
porcentagem do solvente A nas formulações é muito baixa, em torno de 0,4%. Mas sabe-se que
a maior porcentagem no solvente de limpeza é do solvente A. Esse solvente por ser menos
volátil, ele atrasa a secagem da tinta numa porcentagem muito alta, lembrando que a secagem
do esmalte sintético é por oxidação, mecanismo em que a formação da película se dar pela
evaporação dos solventes e pela reação da resina com o oxigênio do ar, através das duplas
ligações existentes nas moléculas dos óleos vegetais. Além de atrasar a secagem, esse solvente
A é capaz de fosquear a tinta através da degradação da estrutura polimérica da resina reagindo
com o grupo éster do óleo.
Além da interferência da constituição do solvente de limpeza, foi analisado as resinas utilizadas,
as quais foram: alquídica curta, alquídica longa e alquídica fenolada. A alquídica curta possui
uma menor porcentagem de óleo no seu processo de síntese, o que leva a um menor tempo de
secagem para tinta e uma maior retenção de brilho. A alquídica longa por ter uma maior
porcentagem de óleo, a sua presença na tinta leva a um maior tempo de secagem. Já a alquídica
fenolada proporciona a tinta um maior brilho, maior resistência mecânica e química, uma
secagem mais rápida, etc, por conta da sua estrutura mais rígida.
Com o intuito de averiguar o tempo de secagem e o brilho, o primeiro teste realizado utilizou o
solvente de limpeza com uma porcentagem de 5,18% e 0% dos solventes A e B. A formulação
empregada para essa tinta foi de um esmalte sintético cinza da linha econômica retirado do
banco de dados da empresa, onde o somatório de A e B foi totalmente substituído pelo solvente
proveniente da limpeza de máquinas e equipamentos da linha de produção. Lembrando que
nesse solvente há restos de resinas, cargas, aditivos, pigmentos e solventes de todos os outros
tipos de tintas fabricadas, os quais são arrastados no momento da limpeza. Nesse teste,
percebeu-se que a tinta obteve um nível de brilho entre fosco e acetinado e uma secagem lenta.
Até mesmo a secagem ao toque levou cerca de 24 horas, o que é muito ruim para um esmalte
sintético, que segundo o boletim técnico a tinta deve secar ao toque num tempo de
aproximadamente 2 horas. Já a cura final dessa tinta só foi obtida com 8 dias, sendo que o
boletim determina que é de aproximadamente 2 dias. Além do solvente de limpeza, foram
32
utilizadas resinas alquídicas curta e longa, com 50% em massa de cada uma. Umas das
justificativas para a lenta secagem da tinta é a alta porcentagem do solvente A, o qual é menos
volátil que o B, sendo que essa tinta possui 3,45% de solvente A e 1,73% de B, ou seja, a
quantidade de solvente A existente é quase nove vezes maior do que nas fórmulas
convencionais, onde se tem apenas 0,4% de solvente A. Uma segunda hipótese é o fato de ter
muita resina alquídica longa, a qual possui uma secagem mais lenta por conta da maior
porcentagem de óleo. E por fim, tem-se o fato de que no solvente de limpeza utilizado há restos
de todas as outras tintas, sejam elas epóxi, acrílicas, poliuretano, tintas de demarcação de
tráfego, etc, o que pode também ter interferido na secagem. Não apenas a secagem foi afetada,
como também o brilho da tinta, por conta da alta porcentagem de solvente A.
limpeza estar alterando a cor da tinta ou escurecendo a mesma, deixou-se de produzir o cinza,
optando por uma cor mais clara que é o amarelo.
No primeiro teste do esmalte amarelo utilizou-se também as resinas alquídicas curta e longa,
mas com uma maior porcentagem da curta, 0,72% de solvente de limpeza (0,24% de solvente
B e 0,48% de solvente A), 0% do solvente A e 2,88% do solvente B. Da mesma forma que o
teste do cinza, essa tinta levou cerca de 24 horas para secar ao toque, no entanto a sua cura final
não foi identificada. Uma boa justificativa para esse resultado é o fato de ter colocado uma
porcentagem muita alta de água, porcentagem essa que estava acima do limite máximo. Dessa
forma, esse teste foi descartado, tendo uma redistribuição de massa entre as matérias primas da
tinta. Além da secagem, a presença da água também afetou o brilho da tinta, da mesma forma
que o solvente A.
No segundo teste do amarelo, deixou-se de utilizar a resina alquídica curta pela alquídica
fenolada, a qual proporciona uma secagem mais rápida e um maior brilho para tinta. Além da
fenolada, utilizou-se a alquídica longa, sendo que a primeira estava em maior porcentagem.
Nesse teste, foi adicionado 3,5% de solvente de limpeza, o qual possui 1,16% do B e 2,34% do
A. E todo solvente A e B presente na fórmula foi substituído pelo solvente de limpeza. A
secagem ao toque dessa tinta durou cerca de 2 horas, o que é bastante significativo e está dentro
do tempo estabelecido em norma, no entanto a sua cura total foi em 18 dias. Percebe-se que a
diminuição da porcentagem do solvente de limpeza, principalmente, do solvente A que está
presente nesse solvente, levou a uma secagem ao toque mais acelerada, o que é muito bom para
a tinta quando se fala de qualidade. Não apenas o tempo de secagem teve um resultado
convincente, como também o brilho que aumentou graças a redução da porcentagem de solvente
de limpeza, que consequentemente reduz o solvente A.
Figura 18: Segundo teste do esmalte sintético amarelo
Para o terceiro teste do esmalte sintético amarelo manteve-se as mesmas resinas e proporções
34
do segundo teste. No entanto, o solvente de limpeza foi reduzido para 3%, o qual é constituído
por 2% de solvente A e 1% de solvente B em massa, ou seja, essa tinta possui 5 vezes a
porcentagem de solvente A em relação as fórmulas convencionais. Sendo adicionado 1,7% de
solvente B. As mudanças feitas nesse teste foi para obter uma secagem mais rápida. Para essa
tinta a secagem ao toque foi obtida em 1,5 horas e a cura final em 13 dias. Percebeu-se um
melhor resultado para esse teste, o que de fato era esperado, pois foi reduzido o solvente A, o
qual atrasa a secagem e também interfere no brilho da tinta, no entanto a cura total foi
demasiadamente longa. Acredita-se que a porcentagem do solvente A está ainda muito alta para
a tinta.
No quarto teste do esmalte amarelo, o solvente de limpeza foi reduzido para 2%, onde se tem
1,34% de solvente A e 0,66% de solvente B, e as resinas foram as mesmas dos dois últimos
testes e estavam nas mesmas proporções. Além disso foi adicionado 1,7% do solvente B.
Essa tinta levou em cerca de 1 hora para secar ao toque e 3 dias para cura final. Comparado aos
testes anteriores, esse foi o de melhor resultado com relação ao tempo de secagem e ao brilho.
Essa tinta possui 3,3 vezes a fração de solvente A em relação as fórmulas convencionais, mesmo
assim o seu resultado não foi insatisfatório.
35
No quinto teste do esmalte sintético amarelo foi ainda mais reduzido o solvente de limpeza para
1% (0,67% de solvente A e 0,33% de solvente B), empregando 0% de solvente A e 2,2% de
solvente B. As resinas utilizadas foram as mesmas dos testes 2, 3 e 4, sendo que estavam
também nas mesmas proporções em relação esses testes. A secagem ao toque para essa tinta foi
de 1h e a cura final foi de 2 dias. Esse foi o teste de melhor resultado, pois ele obteve uma
secagem mais rápida do que os outros. Somando a isso, essa foi a amostra de tinta que obteve
um melhor brilho por causa da menor porcentagem de solvente de limpeza.
30
25 24 24
20
15
10
5
2 1,5 1 1
0
TESTE 1 TESTE 2 TESTE 3 TESTE 4 TESTE 5 TESTE 6
Diante dos resultados dos testes realizados em laboratório (tabela 5), percebeu-se que tanto as
resinas quantos os solventes utilizados na fabricação da tinta têm forte influência nas
propriedades finais das mesmas. Como foi explicado na bibliografia desse trabalho, os tipos de
resinas e solventes empregados na formulação são determinantes para obter secagem e brilho.
Além disso, há uma necessidade de se fazer um balanço de massa entre as resinas e solventes
para ter resultados satisfatórios, uma vez que utilizar apenas uma resina alquídica curta na
formulação, por exemplo, por causa da sua secagem mais rápida não é vantagem, porque nesse
tipo de resina há uma menor porcentagem de óleo, o qual é um dos responsáveis pela cura da
tinta, pois são as duplas ligações do óleo que promovem a formação das ligações cruzadas entre
as moléculas, dando rigidez a estrutura polimérica.
37
Figura 23: Gráfico comparativo do custo do litro da tinta com e sem solvente de limpeza
R$ 7,32
R$ 7,36
R$ 7,11
R$ 7,15
R$ 6,83
R$ 6,82
R$ 6,83
R$ 6,80
R$ 6,72
R$ 6,67
R$ 6,40
R$ 6,38
R$ 6,32
R$ 6,31
R$ 6,13
R$ 6,12
R$ 5,92
R$ 5,91
R$ 5,87
R$ 5,91
R$ 5,88
R$ 5,82
R$ 5,87
R$ 5,85
R$ 5,85
R$ 5,82
R$ 5,76
R$ 5,79
R$ 5,75
R$ 5,73
R$ 5,56
R$ 5,58
R$ 5,56
R$ 5,53
R$ 5,58
R$ 5,54
R$ 5,43
R$ 5,44
R$ 5,27
R$ 5,25
R$ 5,26
R$ 5,30
R$ 5,23
R$ 5,20
R$ 4,47
R$ 4,48
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12 T13 T14 T15 T16 T17 T18 T19 T20 T21 T22 T23
O custo por litro da tinta foi retirado das próprias planilhas de formulações que fazem parte do
banco de dados da empresa. Pelo que se pode observar na tabela 6, percebe-se que a economia
por litro de tinta gira em torno de alguns centavos, sendo que a maior diferença de preço foi nos
tipos T11 e T18 que foi de R$ 0,05. Isso, quando falado em pequena escala não é tão
significativo, mas quando se imagina em grandes proporções, pode-se se obter uma boa
economia ao final de cada período.
Além dessa possível economia que pode ser obtida na produção da tinta, tem também o fato de
poder reduzir custos quando se pensa em destilar o solvente de limpeza para poder recuperá-lo.
No caso da Tecnocoat, ela paga para destilar seu solvente de limpeza e incinerar a borra da
tinta, e isso é um custo para ela. Sendo possível usar esse solvente de limpeza, a empresa poderia
deixar de pagar para destilar e incinerar ou até mesmo reduzir o volume de solvente de limpeza
enviado para recuperação limitando seus custos, compreendendo que o solvente destilado pode
voltar a sua função, mas sabe-se que seu poder de limpeza depois de destilado não é o mesmo,
de acordo com o que é visto na literatura.
39
5. CONCLUSÃO
Com os testes realizados em laboratório pode-se perceber que a porcentagem de solvente de
limpeza, ou melhor, a porcentagem de solvente A interferiu claramente na secagem da tinta,
uma vez que, com a diminuição da fração de solvente de limpeza, consequentemente do
solvente A, obteve-se um tempo de secagem mais rápido, tanto a secagem ao toque quanto a
cura total da tinta. Entre os seis testes realizados, os dois últimos obtiveram os resultados mais
satisfatórios quando se fala em secagem (ao toque e cura total), sendo o último o melhor de
todos. Esse resultado é justificado pelo fato do solvente A ser menos volátil, em relação ao B.
Já em relação ao brilho, houve um aumento do mesmo à medida que o solvente de limpeza foi
reduzido, sendo o último resultado bastante adequado para uma tinta de acabamento da linha
econômica. Esse solvente de limpeza é composto por dois tipos solventes (A e B), sendo que o
solvente A, quando está em excesso, é também responsável pelo fosqueamento da tinta, uma
vez que ele provoca a degradação da estrutura polimérica da resina reagindo com o grupo éster
do óleo.
Além da análise em relação ao solvente de limpeza, percebeu que a porcentagem de água
também interferiu na secagem da tinta, sendo isso observado no primeiro teste do esmalte
sintético amarelo, no qual não pode identificar a cura total, a qual é justificada pela volatilidade
inferior da água em relação aos solventes orgânicos. Além do tempo de secagem, a água
provocou um fosqueamento nesse teste, uma vez que a mesma ocasiona a hidrólise do polímero.
As resinas utilizadas também foram muito importantes para se ter uma conclusão dos
resultados, uma vez que se observou que nos quatro últimos testes a secagem ao toque foi mais
acelerada por conta do uso da resina alquídica modificada (fenolada), sendo que essa entrou na
tinta com uma maior proporção em relação a resina alquídica longa.
Com a análise comparativa de custo por litro das tintas vendidas nos últimos três meses de
2017, percebeu-se que a economia girava em torno de alguns centavos, o que não parece
significativo quando se pensa em pequena escala, mas em grande escala esses pequenos
números tornam-se bastante relevantes, isso porque abre-se a oportunidade para empresa deixar
de pagar a destilação do seu solvente de limpeza, incineração da borra da tinta e reduzir custos
com matérias primas limpas.
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REFERÊNCIAS
BARRIOS, Silmar Balsamo. Síntese de resinas alquídicas via catálise enzimática. 162 f.
Dissertação (pós graduação). Programa de Pós Graduação em Química. Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
HARTMANN, Daniela. Resinas alquídicas base água emulsionadas por inversão de fase.
2011. 104 f. Dissertação (Mestrado). Pós Graduação em Química. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
PIRES, Guilherme de Souza. Tintas & vernizes: fundamentos e aplicativos. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Vera Barros, 2006. 619 p.
ROBERTS, Aaron Gene. Organic coatings: properties, selection, and use. United States. 1968.
216 p.
SALAZAR, Vera Lúcia Pimentel. Produção mais limpa (P+L). Pesquisa & Tecnologia, vol.
10, 2013.
SOUZA, Patrícia Aparecida Ferreira de. Recuperação do solvente dos resíduos do processo
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