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28/09/2018

ALCALOIDES
Prof. Me. João Paulo Bastos Silva

Generalidades e aspectos básicos


• O termo “alcaloide” - primeira vez no século XIX pelo
farmacêutico W. Meißner - metabólitos que foram
isolados no mesmo período e que apresentavam
características de álcali (base).
• Definição: moléculas que apresentam características
básicas, são derivados de aminoácidos e apresentarem
o nitrogênio na forma de heterociclo.
• A definição provavelmente mais aceita, apresentada
por Pelletier, diz que “[...] um alcaloide é uma
substância orgânica cíclica contendo nitrogênio em um
estado de oxidação negativo que possui uma
distribuição limitada entre os organismos vivos”.

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CLASSIFICAÇÃO
• Alcaloides verdadeiros: Derivados de AA e
possuem o nitrogênio em heterociclo.
• Protoalcaloides: possuem o nitrogênio fora de
um heterociclo.
• Pseudoalcaloides: não se originam de
aminoácidos, mas sim de outras vias (acetato,
chiquimato, mevalonato ou desoxixilulose
fosfato).

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Histórico
• 4.000 anos povo Assírio: uso de plantas como Papaver somniferum
L., Atropa belladonna L. e Mandragora officinarum L.
• Na China, na Índia, no Egito, na Grécia, para tratamento de
diferentes patologias.
• Idade Média: Emprego em assassinatos, feitiçaria e rituais
religiosos (coniina, atropina, estricnina e colchicina).
• Uso recreativo pelos hindus: efedrina, psilocina e psilocibina.
• Primeiro alcaloide isolado: farmacêutico francês Derosne em
1803.
• Morfina foi isolada pelo farmacêutico alemão Sertürner em 1806.
• Alcaloides isolados durante o século XIX: estricnina (1817),
cafeína (1819), colchicina (1820) e coniina (1820).

Biosíntese
• Alcaloides verdadeiros: AA aromáticos -
fenilalanina, tirosina e triptofano.
• Um mesmo precursor pode dar origem a
diferentes subclasses: alcaloides pirrolizidínicos e
os alcaloides tropânicos, ambos oriundos da
ornitina.
• Algumas reações são comuns a várias vias
biossintéticas.

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Biosíntese
• Participação de vias comuns na síntese de
alcaloides e outras classes de metabólitos (via
do acetato, chiquimato, mevalonato e
desoxixilulose-fosfato).
• Nitrogênio é incorporado por meio de reações
de transaminação - diferentes alcaloides,
recebendo a classificação de pseudoalcaloides
(alcaloides esteroidais).

Biosíntese
• Outros pseudoalcaloides, também conhecidos
como alcaloides purínicos, como as
metilxantinas cafeína, teobromina e teofilina,
possuem uma via sintética independente dos
aminoácidos
• Estabelecer uma única via biossintética para
os alcaloides é impossível.
• Devido à sua diversidade estrutural, diversas
rotas podem originar tais metabólitos.

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Distribuição
• Encontrados especialmente em plantas superiores, mas
também já foram descritos em organismos marinhos, fungos,
bactérias e animais.
• Os alcaloides encontram-se distribuídos sobretudo nas
angiospermas, sendo menos frequentes em pteridófitas e em
gimnospermas.
• Famílias que se destacam pela presença de alcaloides, podem-
se citar Amaryllidaceae, Annonaceae, Apocynaceae,
Asteraceae, Berberidaceae, Boraginaceae, Buxaceae,
Celastraceae, Fabaceae, Lauraceae, Liliaceae, Loganiaceae,
Menispermaceae, Papaveraceae, Piperaceae, Poaceae,
Ranunculaceae, Rubiaceae, Rutaceae e Solanaceae.

Metabolismo primário
• Cordel e colaboradores demonstraram que
mais de 160 gêneros são capazes de produzir
tanto alcaloides isoquinolínicos quanto
indólicos.
• Em alguns casos, os alcaloides são
extremamente específicos, como a morfina e
a tebaína.

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Localização nos vegetais


• Tendem a se acumular em tipos celulares
específicos.
• Estão presentes principalmente em tecidos
mais externos, como nas epidermes, nas
primeiras camadas corticais e no tegumento
das sementes.
• Eles se acumulam na forma de sal
hidrossolúvel ou em associação com taninos.
• Distribuição diferenciada em diferentes tecidos.

Papel fisiológico
• Estoque de nitrogênio e transporte deste
no organismo.
• Proteção à radiação ultravioleta.
• Defesa química das plantas contra os
predadores, desde vertebrados até
fungos e outras plantas.

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Propriedades físico-químicas
• Isolados - forma sólida, cristais, raramente
coloridos.
• Exceção - nicotina e coniina, são líquidos à
temperatura ambiente.
• Quando em sua forma básica, são insolúveis ou
pouco solúveis em água e solventes de alta
polaridade (solúveis em solv. de baixa
polaridade).
• Contudo, em meio ácido, poderão ficar
protonados e, como resultado, ser mais solúveis
em água e solventes de alta polaridade.

Propriedades físico-químicas
• Podem formar sais: cloridratos, sulfatos, maleatos
(permite dissolução em meio aquoso).
• A solubilidade dos alcaloides está relacionada
sobremaneira à sua basicidade.
• Quando disponível em meio básico, os alcaloides
serão mais solúveis em solventes orgânicos de
baixa polaridade.
• Quando pouco disponível e em meio ácido, serão
mais solúveis em solventes de alta polaridade.
• Algumas vezes os alcaloides apresentarão caráter
neutro ou até ácido.

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Métodos de extração e fracionamento


• A extração dos alcaloides em geral envolve duas
etapas:
– a primeira de extração dos metabólitos propriamente
• Métodos clássicos: maceração ou extração por Soxhlet.
– segunda etapa de fracionamento, ou clean-up
(limpeza), eliminar interferentes.
• Comumente partição líquido-líquido utilizando funis de
separação.
• Características de solubilidade desses metabólitos em meio
aquoso (na forma de sal) e em meio orgânico (em sua forma
de base).

Obtenção de fração enriquecida em


alcaloides – proposta 1
• Os alcaloides são obtidos na forma de sal.
1. Material vegetal pulverizado é previamente
desengordurado com um solvente de baixa
polaridade, como hexano ou éter de petróleo.
2. Extração com água acidificada (ou uma solução
hidroalcoólica acidificada) - extrato contendo sais de
alcaloides.
3. Purificação: alcalinização da fase aquosa e
particionamento com um solvente orgânico de baixa
ou média polaridade (alcaloides como bases livres).

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Obtenção de fração enriquecida em


alcaloides – proposta 2
• Extração do material vegetal com um solvente de
alta polaridade (MetOH ou misturas
hidroalcoólicas)
• O extrato já seco é retomado em água
acidificada, como HCl 1M, e submetido à partição
com um solvente de baixa polaridade.
• Em seguida, o extrato ácido é alcalinizado e
novamente particionado com um solvente
orgânico que, após evaporação, dará origem à
fração alcaloídica.

Obtenção de fração enriquecida em


alcaloides – proposta 2
• Na segunda situação os alcaloides são extraídos na sua forma de
base.
– Material vegetal pulverizado é desengordurado com um solvente
apolar.
– Umidificado com uma solução aquosa alcalina para liberar os
alcaloides.
– A mistura é submetida à extração com o uso de um solvente orgânico,
como clorados e éter etílico.
– Esse solvente orgânico é submetido a particionamento líquido-líquido,
utilizando-se como fase aceptora uma solução aquosa ácida,
(alcaloides na sua forma de sal).
– A porção aquosa ácida, contendo os sais de alcaloides, é alcalinizada e
particionada frente a um solvente de baixa polaridade, fazendo com
que novamente os alcaloides migrem na forma de base livre para a
fase orgânica.

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Reações de
caracterização/identificação
• Reativo de Bouchardat ou Wagner - solução de
iodo e iodeto de potássio
• Reativo de Mayer- solução de iodeto de potássio
e cloreto de mercúrio
• Reativo de Dragendorff- solução de iodeto de
potássio e subnitrato de bismuto
• Reativo de Bertrand - solução de ácido sílico-
túngstico
• Reativo de Hager - solução saturada de ácido
pícrico

Classificação
• Botânica
• Biosintética
• Química
• Farmacológica

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Classificação botânica
• Alcalóides da quina
– Cinchona oficinalis
– Quinina

• Alcaloides do ópio
– Papaver somniferum
– Morfina

Classificação química

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Classificação química

Ópio
• Papaver somniferum L.
• Família Papaveraceae
• Parte usada – cápsulas
contendo látex.
• Morfina.

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Coca
• Erythroxylon coca
Lamarck
• Família :
Erythroxylaceae
• Cocaína
• Parte usada - folhas

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