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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO
SENSU EM ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE –
PPGEMA

ANDRÉ LUIZ TEIXEIRA

RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE AMBIENTAL DE MANANCIAIS


DE ABASTECIMENTO DA REGIÃO SUL-METROPOLITANA DE
GOIÂNIA E SUA COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS
AQUÁTICOS

Orientadora: Prof.a. Dr.a Katia Kopp

Goiânia - GO
2015
ii
iii

ANDRÉ LUIZ TEIXEIRA

RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE AMBIENTAL DE MANANCIAIS DE


ABASTECIMENTO DA REGIÃO SUL-METROPOLITANA DE GOIÂNIA E SUA
COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS AQUÁTICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação


Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente da
Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de
Goiás, como parte das exigências para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia do Meio Ambiente.

Área de Concentração: Recursos Hídricos e


Saneamento Ambiental.
Orientadora: Prof.a. Dr.a Katia Kopp.

Goiânia, GO
2015
iv
v

Dedico este trabalho ao meu Pai Ruimar e


minha Mãe Vilda pelo amor incondicional.
vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus genitores: Ruimar e Vilda, por terem me dado
a vida, a educação, a oportunidade, e principalmente o amor. Amo vocês.
Muito agradecido também me sinto por Janaina, minha eterna namorada,
companheira, e esposa, que me acompanha, me acalenta, me traz paz, e mesmo
inconscientemente, me deixa mais responsável, estando presente nas primeiras páginas desde
a primeira monografia, na graduação. Te amo!
Agradeço também o meu irmão Tiago e sua esposa Ana Cláudia, por fazerem
parte desta família que nunca abandona um ao outro, qualquer que seja a situação. Aos meus
primos, amigos, colegas, professores...
Em especial agradeço a Professora Katia kopp, que me deu uma nova
oportunidade no mestrado, e confiou no meu trabalho, me dando responsabilidades sempre
com apoio. Ao professor Rogério Almeida pelos conselhos de elevada importância e pelas
oportunidades me apresentadas. Ao professor Paulo Sérgio Scalize pelos momentos de
aprendizado na minha primeira passagem pelo mestrado, pela oportunidade de trabalho, e
principalmente, por ter sido decisivo no meu crescimento, tanto pessoal, quanto profissional.
Agradeço também ao PPGEMA e todos os profissionais que sustentaram este
trabalho, Guilherme, Nayara, Deuzélia, etc.
Um abraço especial para minha companheira de jornada Maria Alciony, que
durante todo este percurso, sempre esteve presente, não importando com as dificuldades, com
os percalços e sempre forte, alicerçada pelo seu companheiro (marido) Ricardo, o qual
também sou muito grato.
Agradeço do fundo do meu coração também às pessoas que me ajudaram muito,
tanto nas coletas quanto nas triagens: Arisa, Erika, Karine, Karina, Eslan, Denise, Uendel,
Joquebede, Maria Samaritana, Laurinda e outros.
Agradeço à Universidade Federal de Goiás, especialmente ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente (PPGEMA), à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de mestrado, ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) (Processo nº 201210267001192) pelo financiamento
do projeto.
vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ x

RESUMO......................................................................................................................xi

ABSTRACT ............................................................................................................................. xii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

2. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 19

3. Resultados e discussão................................................................................................... 24

3.1 ANÁLISE DE INTEGRIDADE AMBIENTAL ............................................................... 24


3.2 COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE TAXONÔMICA ........................................................ 28
3.3 COMPOSIÇÃO TRÓFICA ........................................................................................ 35
3.4 INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE AS COMUNIDADES AQUÁTICAS ............... 37
3.5 ANÁLISE DO ÍNDICE MULTIMÉTRICO BENTÔNICO ............................................... 41
3.6 CORRELAÇÃO ENTRE PARÂMETROS FÍSICO-QUIMICOS E COMUNIDADE BENTÔNICA
45
4. Conclusões ..................................................................................................................... 52

5. Referências Bibliograficas............................................................................................. 53
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cidades da região Metropolitana de Goiânia onde estão localizadas as microbacias


amostradas durante o estudo. .................................................................................................... 20
Figura 2. Esquema de determinação dos pontos amostrais para coleta de macroinvertebrados
aquáticos. .................................................................................................................................. 21
Figura 3. Área de estudo no manancial Recando Dourado, em Abadia de Goiás. .................. 24
Figura 4. Área de estudo no manancial Ribeirão das lajes, em Aparecida de Goiânia. .......... 25
Figura 5. Área de estudo no manancial Córrego Veredas, em Aragoiânia. ............................ 25
Figura 6. Área de estudo no manancial Córrego Bom Sucesso, em Senador Canedo. ........... 26
Figura 7. Análise Cluster de Bray-Curtis para avaliar a similaridade entre os mananciais que
abastecem as cidades estudadas. ............................................................................................... 30
Figura 8. Análise Cluster de Bray-Curtis para avaliar a similaridade entre os micro-habitats
de areia e vegetação nos mananciais que abastecem as cidades estudadas. Legenda: AR:
Aragoiânia, AP: Aparecida de Goiânia, AB: Abadia de Goiás e SC: Senador Canedo. .......... 31
Figura 9. Composição trófica em Abadia de Goiás. ................................................................ 35
Figura 10. Composição trófica em Aparecida de Goiânia. ..................................................... 35
Figura 11. Composição trófica em Aragoiânia........................................................................ 35
Figura 12. Composição trófica em Senador Canedo. .............................................................. 35
Figura 13. Precipitação entre os meses de Julho de 2013 e Setembro de 2014 na região
metropolitana de Goiânia (INMET, 2015). .............................................................................. 38
Figura 14. Riqueza de macroinvertebrados comparando o período de chuva e seca. ............. 38
Figura 15. Abundância de macroinvertebrados comparando o período de chuva e seca. ....... 39
Figura 16. Resultados dos valores médios e desvio padrão para os parâmetros abióticos dos
mananciais de abastecimento das cidades de Senador Canedo, Aparecida de Goiânia,
Aragoiânia e Abadia de Goiás nos períodos chuvoso e de seca. .............................................. 45
Figura 17. Vazões médias nos mananciais de abastecimento das cidades de Senador Canedo,
Aparecida de Goiânia, Aragoiânia e Abadia de Goiás, durante as coletas nos períodos de
chuva e seca. ............................................................................................................................. 48
Figura 18. Precipitação entre os meses de Julho de 2013 e Setembro de 2014 na região
metropolitana de Goiânia (INMET, 2015). .............................................................................. 49
ix

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Cidades, mananciais e micro-habitats amostrados com suas respectivas


coordenadas UTM. ................................................................................................................... 20
Quadro 2. Parâmetros analisados no Protocolo proposto por Callisto et. al. (2002). ............. 21
Quadro 3. Métricas utilizadas no cálculo do Índice Multimétrico Bentônico (Ferreira, 2009).
.................................................................................................................................................. 23
Quadro 4. Levantamento de macroinvertebrados aquáticos dos quatro mananciais estudados e
suas classificações tróficas. ...................................................................................................... 28
Quadro 5. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Abadia de Goiás. ................. 32
Quadro 6. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Aparecida de Goiânia. ......... 33
Quadro 7. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Aragoiânia. .......................... 33
Quadro 8. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Senador Canedo. ................. 33
Quadro 9. Classificação de cada cidade (manancial) quanto ao Índice Multimétrico
Bentônico. ................................................................................................................................. 42
x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C Grau Celsius
μS/cm Microsiemens por centímetro
BIOESTAT Aplicações estatísticas nas áreas das Ciências Bio-Médicas
BMWP Biological Monitoring Working Party
BMWP-CETEC Biological Monitoring Working Party- Centro Tecnólogico de Minas Gerais
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CHOL Chiromidae + Oligochaeta
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EPT Ephemeroptera + Plecoptera + Trichoptera
FAPEG Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Goiás
H Índice de diversidade de Shannon-Wiener
IBM Índice Multimétrico Bentônico
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
IMB Instituto Mauro Borges
J Índice de Equitabilidade de Pielow
km Quilômetro
mg/L Miligrama por litro
L/s Litros por segundo
OD Oxigênio dissolvido
pH Potencial hidrogeniônico
SANEAGO Saneamento de Goiás S/A.
SDT Sólidos Totais Dissolvidos
xi

RESUMO
A maior parte da água utilizada para abastecimento vem de fontes superficiais (rios, riachos,
córregos e lagos) que sofrem intensa pressão humana e, em consequência disso, vem sofrendo
grandes alterações em sua qualidade. As atividades antrópicas, dentre elas a retirada de áreas
de preservação permanente, como mata ciliares, tem facilitado o processo de assoreamento e
lixiviação de contaminantes, comprometendo a qualidade da água tanto para a manutenção de
comunidades aquáticas e seus processos ecológicos, quanto para o abastecimento humano.
Nesse sentido, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar a qualidade da água de trechos de
quatro microbacias situadas na região sul metropolitana de Goiânia, nas cidades de Abadia de
Goiás, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia e Senador Canedo, que são utilizadas para o
abastecimento público, por meio da comunidade de macroinvertebrados aquáticos. Foi
avaliada a integridade ambiental por meio de um protocolo de avaliação rápida da diversidade
de habitats, correlacionou-se os parâmetros físico-químicos da água com a comunidade de
macroinvertebrados aquáticos, utilizou-se um Índice Multimétrico Bentônico para a
classificação dos corpos d’água. Foi utilizado também métricas ecológicas dos
macroinvertebrados aquáticos amostrados tais como, índices de riqueza, abundância,
equitabilidade e diversidade, comparando os pontos de amostragem e os micro-habitats
existentes. Foi verificada também a influência da sazonalidade climática nestes índices, assim
como a estruturação trófica da comunidade. Os resultados da avaliação das condições
ecológicas realizadas por meio do protocolo de avaliação rápida da diversidade de hábitats
indicaram que todas as microbacias estudadas neste trabalho estão sofrendo ou já sofreram
com impactos antrópicos provenientes de atividades agropecuárias e os ambientes foram
considerados alterados. Em relação as comunidades de macroinvertebrados, os mananciais,
em geral, apresentaram valores de diversidade semelhantes e consideravelmente altos. As
cidades estudadas apresentam mananciais de abastecimento relativamente semelhantes, tanto
nos microhabitats quanto no uso do solo. Apesar dos problemas que existem nas regiões,
como a criação de gado em áreas inadequadas, o índice analisando macroinvertebrados
aquáticos, afirma que a qualidade da água é boa, tanto pela elevada presença de táxons
sensíveis a distrúrbio, quanto pela pouca abundância de táxons indicadores de baixa
qualidade. A vazão apresentou correlação positiva com a riqueza, na maioria dos mananciais
estudados, embora a sazonalidade não tenha sido um fator que tenha alterado
significativamente a diversidade e equitabilidade. A composição trófica em todos os rios
amostrados foi muito similar apresentando grande quantidade de indivíduos coletores-
catadores e predadores.

Palavras-chave: qualidade da água, parâmetros físico-químicos, macroinvertebrados


aquáticos, biomonitoramento, Cerrado, Goiás.
xii

ABSTRACT

Most of the water used to supply comes from surface sources (rivers, streams and lakes)
human suffering severe pressure and, in consequence, has undergone significant changes in its
quality. Human activities, among them the removal of permanent preservation areas, as
riparian forests, has facilitated the process of silting and leaching of contaminants,
jeopardizing water quality for both the maintenance of aquatic ecological processes and their
communities, and for the supply human. In this sense, the main objective of this study was to
evaluate the water quality of four watersheds stretches located in the metropolitan area south
of Goiania, in the cities of Abadia de Goiás, Aparecida de Goiania, Aragoiania and Senador
Canedo, which are used for public supply by means of macroinvertebrate community. The
environmental integrity was assessed by means of a rapid assessment protocol of the diversity
of habitats, the physicochemical parameters of the water to the community of aquatic
macroinvertebrates correlated, we used a Benthic Multimetric index for classification of water
bodies . It was also used ecological metrics of the sampled aquatic macroinvertebrates such as
wealth index, abundance, diversity and evenness, comparing the sampling points and existing
micro-habitats. It was also verified the influence of seasonality in these indices as well as the
trophic structure of the community. The results of the ecological conditions made through
rapid assessment protocol of habitat diversity indicated that all watersheds studied in this
work are suffering or have suffered from human impacts from agricultural activities and
environments were considered abnormal. Regarding the macroinvertebrate communities, the
sources generally showed diversity values similar and considerably high. The cities studied
have relatively similar supply sources in both microhabitats as in land use. Despite the
problems that exist in regions such as livestock in inappropriate areas, the index analyzing
aquatic macroinvertebrates, states that the water quality is good, both for the high presence of
sensitive taxa to distrúrbio, as the low abundance of taxa indicators low quality. The flow was
positively correlated with wealth, in most studied sources, although seasonality has not been a
factor that has significantly changed the diversity and evenness. The trophic composition in
all rivers sampled was very similar showing lot of collectors-individuals scavengers and
predators.

Keywords: water quality, physical and chemical parameters, aquatic macroinvertebrates,


biomonitoring, Cerrado, Goiás.
13

1. INTRODUÇÃO

A água, constituinte inorgânico mais abundante nos seres vivos e presente em


mais de 60% do peso do homem, é fundamental para a vida, porém de todo o recurso
encontrado no mundo, apenas 0,8% está disponível para consumo, demonstrando a grande
importância de se preservá-la (VON SPERLING, 2005). Sabe-se que ha cerca de 10 mil anos
atrás, o homem já usufruía de obras hidráulicas para o abastecimento público, mas somente na
época atual houve uma maior preocupação com sua preservação (MAYS, 2005). Segundo Di
Bernardo (2003), as regiões que possuem água tratada apresentam maior expectativa de vida e
menor taxa de mortalidade infantil.
Nos últimos anos o uso dos recursos hídricos superficiais está aumentando, nas
mais variadas atividades humanas, devido ao crescimento e ao adensamento populacional,
desenvolvimento agrícola e industrial, alterando significativamente sua quantidade e
qualidade, representando um grande risco à proteção do meio ambiente, à saúde e ao
desenvolvimento sustentável (CAMPLESI, 2009). As sociedades não dependem dos recursos
hídricos somente para satisfazer suas necessidades domésticas, agrícolas e industriais, mas
também para ter uma condição de bem estar e saúde (COPATTI, SCHIRMES &
MACHADO, 2010).
A água superficial sem tratamento algum representa uma ameaça à saúde humana
(MORGADO, 2008), mas mesmo assim, estima-se que duas a cada dez pessoas no mundo
vivem sem água confiável para consumo, sofrendo com impactos sobre a saúde, como
mortalidade infantil e doenças de veiculação hídrica. A água é considerada um recurso
renovável, porém, com a degradação, sua utilização pelo ser humano torna-se cada vez mais
em um desafio tecnológico e operacional.
A qualidade da água depende de cuidado na fonte. As águas superficiais (rios,
riachos, córregos e lagos) vêm sofrendo alterações em sua composição por consequência de
ações antrópicas, deixando muitas vezes o recurso hídrico com ausência de matas ciliares e de
galeria, facilitando processos de assoreamento e lixiviação de contaminantes que
comprometem sua qualidade. Segundo Tucci (2000), a cobertura florestal é uma barreira
física ao carreamento de sedimentos e concentra suporte à mineralização de nutrientes na
solução do solo e à neutralização de compostos tóxicos e agentes patogênicos.
A integridade ecológica é um sinônimo de qualidade ambiental, sendo o ponto
crucial do conceito de gerenciamento de recursos naturais e proteção ambiental
14

(ANDREASEN et al., 2001). Toda ação de preservação e recuperação ambiental, deve ser
precedida de um diagnóstico, de preferência que tenha um baixo custo de aplicação e boa
qualidade, que caracterize o local a ser estudado (MINATTI-FERREIRA & BEAUMORD,
2006).
A área física terrestre de uma bacia hidrográfica é de suma importância na
qualidade dos mananciais como, por exemplo, o relevo, fator determinante na velocidade das
águas e consequentemente da concentração de oxigênio dissolvido, que pode determinar a
composição e estruturação da biota aquática (SOUZA, 2007). Os rios são caracterizados por
uma variabilidade de parâmetros bióticos e abióticos, sendo fundamentalmente estruturados
pelo regime climático e pelos ambientes físicos (luz, temperatura, correnteza, habitat) e
químicos (carbono, oxigênio, nutrientes), que interagem com as comunidades biológicas,
formando um sistema ecológico complexo (SILVEIRA, 2004).
Ao se analisar uma bacia hidrográfica, o uso do solo e a paisagem, relacionados
com indicadores de qualidade da água, pode-se ter o reflexo da intensidade das alterações
antrópicas naquele ambiente (GERGEL et al, 2002; HOULAHAN & FINDLAY, 2004). Hoje
um problema enfrentado na região central do Brasil é o crescimento desordenado do uso do
solo e a supressão de matas nativas.
O estado de Goiás teve, entre os anos de 1980 e 2004, uma taxa média de
desmatamento de 1,14% ao ano (ANTUNES, 2004), o que representou cerca de 11.590.000
hectares, equivalente a mais ou menos 34% do Estado (SANO et al, 2006). Até o ano de 2009
a taxa média anual foi de 0,47%, ou seja, 149,3 hectares ao ano, constituindo cerca de 10.454
km² do Estado (DA SILVA, COSTA & SILVA, 2013) e a estimatiava é de que até o ano de
2040 o desmatamento atinja 275.064,7 km² do Estado de Goiás (BROCHADO, 2014).
Além dos efeitos prejudiciais ao ser humano, alterações nos ambientes aquáticos e
seu entorno, representam uma queda acentuada da biodiversidade local, em função da
desestruturação do ambiente físico, químico e alterações na dinâmica e estrutura das
comunidades biológicas (CALLISTO et al., 2001). Algumas espécies aquáticas podem ser
bioindicadoras de qualidade do ambiente, devido ao seu comportamento ou simplesmente por
sua presença ou ausência naquele local, tudo influenciado por fatores químicos e físicos. O
estudo destas pode proporcionar uma boa estimativa das influências deletérias nestes
ambientes, possuindo um baixo custo, quando comparado a outros métodos, na detecção dos
efeitos da poluição em sistemas hídricos (THORNE & WILLIAMS, 1997).
Bioindicadores são espécies, grupos de espécies ou comunidades biológicas cuja
presença, quantidade e distribuição indicam magnitude de impactos ambientais em um
15

ecossistema (CALLISTO & GONÇALVES, 2002). Sua utilização permite a avaliação


integrada dos efeitos ecológicos causados por múltiplas fontes de poluição. Além disso, o uso
dos bioindicadores pode ser tão ou até mais eficiente do que as medidas instantâneas de
parâmetros físicos e químicos (ex: temperatura, potencial hidrogeniônico (pH) , oxigênio
dissolvido, teores totais e dissolvidos de nutrientes, etc) que são normalmente medidos no
campo e utilizados para avaliar a qualidade das águas. A Agência de Controle Ambiental dos
Estados Unidos (U.S. Environmental Protection Agency – USEPA) e a Diretriz da União
Européia (94C 222/06, 10 de agosto de 1994) recomendam a utilização de bioindicadores
como complemento às informações sobre a qualidade das águas, e os mais utilizados nestes
meios, são os macroinvertebrados.
Os métodos de avaliação da qualidade das águas com bioindicadores apresentam a
vantagem de refletir as condições locais existentes antes da coleta de amostras, com o
desaparecimento ou o surgimento de espécies no local. Alguns métodos como análises físico-
químicas com equipamentos especializados para determinação dos contaminantes (análises
fotométricas, cromatográficas e espectroscópicas) apresentam a situação existente no
momento da coleta. Por outro lado, o estudo com macroinvertebrados bentônicos pode
apresentar uma retrospectiva local, informando sobre alterações já ocorridas e mudanças na
qualidade da água. Segundo Alba-Tecedor (2006), seu uso se mostra muito vantajoso quando
observado o aspecto econômico (custo/benefício).
A preocupação com o biomonitoramento da qualidade da água surgiu no início do
século XX na Alemanha com os primeiros indicadores biológicos de poluição, desenvolvidos
por Kolkwitz e Marsson no ano de 1909 (MONTEIRO, OLIVEIRA & GODOY 2008). No
decorrer dos anos várias metodologias foram desenvolvidas para se avaliar a qualidade da
água (JUNQUEIRA, AMARANTE & DIAS 2000) utilizando-se dos macroinvertebrados e
sua capacidade bioindicadora. Nos Estados Unidos e na Europa: BMWP – Biological
Monitoring Working Party – no Reino Unido, por Armitage et al. (1983); RIVPACS – River
Inverterbrate Prediction and Classification System, por Wright & Armitage (1993); AusRivAS
– Australian River Assessment Scheme, por Smith et al. (1999) e IBI – Integrited Biotic Índex
- EPA-USA, por Stoddard et al. (2005), todos citados por Ferreira (2009).
No Brasil pode-se citar Junqueira & Campos (1998) que adaptaram o BMWP para
avaliar a qualidade do Rio das Velhas em Minas Gerais; Monteiro, Oliveira e Godoy (2008)
que adaptaram este mesmo índice na bacia do Rio Meia Ponte (Goiás); Guimarães et al.
(2009), que utilizaram o índice BMWP em Minas Gerais; Ferreira (2009) que desenvolveu
um índice para o Bioma Cerrado, chamado de Índice Multimétrico Bentônico (IMB) ou
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Índice Biótico Bentônico (IBB), que classifica os corpos d’água de acordo com os aspectos
ecológicos das comunidades de macroinvertebrados bentônicos e suas respostas aos impactos
no ambiente; Taniwaki & Smith (2011) utilizaram o BMWP em um reservatório na cidade de
São Paulo assim como Silva et al. (2011) no Paraná; Já Mugnai et al. (2011) avaliaram uma
adaptação do Índice Biótico Estendido (IBE-IOC) no Rio de Janeiro; e Ferreira & Flynn
(2012) no Rio Jaguari-Mirim em São Paulo.
Os macroinvertebrados que habitam os cursos de água apresentam adaptações a
determinadas condições ambientais e limites de tolerância às alterações das mesmas,
apresentando comportamentos indicadores (TANIWAKI & SMITH, 2011). Diante de
alterações ambientais alguns organismos não suportam as novas condições, podendo ter um
efeito letal, ou simplesmente o abandono daquela região alterada, abrindo espaço para
espécies tolerantes. Variações na composição e estrutura de comunidades de organismos
vivos de rios podem ser interpretadas como sinais de algum tipo de contaminação ou de sua
qualidade.
Segundo Rosenberg & Resh (1993) e Callisto et al. (2002), os macroinvertebrados
aquáticos bentônicos são excelentes indicadores de qualidade da água, por ter seu ciclo de
vida relativamente longo e metodologia bem desenvolvida. O tamanho de corpo relativamente
grande e de fácil amostragem, técnicas padronizadas e de custo relativamente baixo, alta
diversidade de espécies, também oferecem uma enorme gama de tolerância e amplo espectro
de respostas frente a diferentes níveis de contaminação (LENAT & BARBOUR, 1994;
ALBA-TECEDOR, 1996). Devido a estes fatores, Lazaridou-Dimitriadou (2002) considera-os
como os mais apropriados na avaliação da qualidade hídrica em ecossistemas aquáticos.
Os macroinvertebrados aquáticos são em sua maioria larvas de insetos e possuem
adaptações evolutivas e limites de tolerância a determinadas condições ambientais
(TANIWAKI & SMITH, 2011), variando de espécie para espécie, sendo algumas mais
tolerantes e outras intolerantes a impactos (ALBA-TECEDOR, 1996). Diante disso ganharam
importância em estudos de biomonitoramento, tanto pela oportunidade de compreender o seu
comportamento quanto à seleção de hábitats e a interação com outras espécies, quanto pela
flutuação de cada população às variações do ambiente, sendo elas físicas ou químicas
(TUNDISI, 2008).
Os macroinvertebrados aquáticos são considerados, neste ambiente, como o
segundo maior grupo de organismos existente (ALLAN, 1995) e são também o grupo
taxonômico mais utilizado nos programas de biomonitoramento, possuindo como ambientes
favoráveis à colonização as bordas de lagos e as seções de córregos e rios, podendo ser onde a
17

água flui rapidamente ou em remansos, isso tudo por possuírem adaptações que lhes conferem
grandes vantagens de ocupação do ambiente (BAPTISTA, 2008), embora tenham uma
mobilidade limitada (BIEGER, 2009).
Um fator importante na variação populacional e na heterogeneidade biológica dos
macroinvertebrados é a alternância de habitats ao longo de uma bacia hidrográfica
(BARRELA et al., 2002) o que também os distingue: planctônicos, nectônicos e pleustônicos
quando associados à coluna de água ou ao filme superficial; e bentônicos quando associados
ao fundo e substratos adjacentes (MUGNAI, NESSIMIAN & BAPTISTA, 2010). Dentre os
micro-habitats bentônicos destacam-se os espaços intersticiais dos substratos no leito do rio,
como areias, folhas depositadas e pedras, e também na vegetação: as macrófitas e raízes de
plantas terrestres que margeiam os rios e lagos e também aquelas que estão fixadas no leito
(KIKUCHI & UIEDA, 1998; BUSS et al., 2004).
Os macroinvertebrados bentônicos são de suma importância neste ecossistema,
pois disponibilizam biomassa a outros organismos aquáticos através de suas atividades, como
raspagem e fragmentação de sedimentos, filtração e oxigenação do substrato, facilitando a
ciclagem de nutrientes (BIEGER, 2009). Isso tudo por estarem no meio da pirâmide trófica do
ambiente aquático, consumindo produtores primários e liberando energia para consumidores
terciários, como os peixes (SILVEIRA, 2004), atuando diretamente no metabolismo do
ecossistema e participando também da ciclagem de nutrientes, reduzindo o tamanho de
partículas orgânicas, para facilitar a ação de bactérias e fungos (CALLISTO & ESTEVES,
1998).
A biomassa de cada guilda trófica e os itens alimentares fornecem indícios para o
monitoramento de energia dentro do sistema (AGUIARO & CARAMASCHI, 1998) sendo
então necessária, não uma análise de táxons como entidades separadas, mas como uma
unidade funcional de uma cadeia alimentar (ODUM, 1988), onde cada guilda trófica permite
entender a distribuição da energia dentro de um todo, tanto do ponto de vista da complexidade
quanto da diversidade (SILVA et al., 2009).
As adaptações deste grupo possibilitaram Cummins (1969) e Cummins & Merritt
(1996) a classificá-los baseando-se em seus mecanismos de adaptação: (1) Fragmentadores –
considerados mastigadores e mineradores, que se alimentam de matéria vegetal –, (2)
Coletores – que podem ser herbívoros ou detritívoros –, (3) Raspadores – que podem raspar
em busca de alimento tanto materiais minerais quanto orgânicos -, e (4) Predadores – sendo
engolidores ou perfuradores.
18

A manutenção da estrutura de comunidades depende da estabilidade de alguns


fatores, como a fonte de energia, qualidade da água e do habitat, sazonalidade e interações
bióticas (MINATTI-FERREIRA & BEAUMORD, 2006). As variações na diversidade de
macroinvertebrados bentônicos estão relacionadas com a frequência das perturbações e
distúrbios no ambiente em que vivem (COPATTI, SCHIRMES & MACHADO, 2010), e
assim como em várias outras comunidades bióticas, as estações do Cerrado, seca (maio a
setembro) e chuva (outubro a março), influenciam em sua distribuição, tendo sido bastante
relatado que no período chuvoso a abundância é menor que no período de seca (BISPO, 2001;
FERREIRA, MOREIRA & CARVALHO, 2011), muito pelo carreamento de organismos com
o aumento da vazão.
Silva et al. (2009), discutem grande importância dos insetos na estrutura trófica
dos ambientes aquáticos e que os dados disponíveis na literatura analisando estes fatores na
comunidade geral destes ambientes, até então eram escassos. Silva (2007) também fala da
carência de pesquisas com macroinvertebrados aquáticos, que comparem as diferenças físico-
químicas e biológicas com as populações aquáticas, tanto para áreas preservadas quanto
impactadas, no bioma Cerrado.
Baptista (2008) faz uma abordagem interessante acerca da importância do estudo
das comunidades aquáticas para um monitoramento mais preciso do estado da água. Segundo
o referido autor, a definição de estado ecológico, ou seja, a real situação que se encontra
aquele ambiente vai muito além de análises físico-químicas, pois somente com base nas
análises das comunidades aquáticas, é possível traduzir as condições ambientais verificadas
durante um período de tempo mais amplo, sendo possível refletir sobre condições críticas que
possivelmente ocorreram durante esse período.
Diante desse pressuposto, e de que a capacidade de resiliência de um ecossistema
é o resultado das interações da sua biota com o ambiente a sua volta, mantendo um meio mais
equilibrado ecologicamente (BAPTISTA, 2008), torna-se importante esse tipo de estudo na
região metropolitana de Goiânia, tanto pela sua importância no Centro-Oeste e no bioma
Cerrado, quanto pelos poucos dados referentes a este tema na região.
Dessa forma, este estudo propõe um conhecimento maior da biota de
microinvertebrados bentônicos na sul região metropolitana de Goiânia, nos mananciais de
abastecimento públicos, e sua correlação com os dados físico-químicos utilizados para o
monitoramento da qualidade e classificação da água conforme exigido pela Resolução 357 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (2005).
19

As empresas de Saneamento do Estado de Goiás (SANEAGO S.A.) e de Senador


Canedo (SANESC) realizam mensalmente análises físico-químicas e bacteriológicas nos
mananciais de abastecimento, porém ainda não implantaram, no sistema, avaliações e
monitoramento da comunidade de macroinvertebrados bentônicos, deixando para estudos
científicos e pesquisas o conhecimento deste parâmetro nos mananciais de abastecimento
público. O Cerrado, como já exposto anteriormente, possui uma carência em pesquisas que
enfoquem comparativamente as diferenças físico-químicas em seus mananciais, empregando
a metodologia que utiliza os macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores (Silva,
2007).
A legislação Brasileira, representada pela Resolução CONAMA 357/2005,
recomenda o uso de bioindicadores de qualidade da água para a classificação dos corpos
hídricos, e também é sustentado pela Legislação dos Recursos Hídricos (Lei 9433/97) em um
de seus preceitos: “Deve-se considerar que a saúde e o bem estar humanos, bem como o
equilíbrio ecológico aquático, não sejam afetados como consequência da deterioração da
qualidade das águas” (SILVEIRA, QUEIROZ e BOEIRA, 2004).
Buscando uma colaboração para a estruturação de um conhecimento maior na
região do central do Brasil, no Cerrado, os objetivos deste trabalho foram: (1) avaliar a
integridade ambiental dos trechos, por meio do Protocolo de avaliação de integridade
ambiental desenvolvido por Callisto et al. (2002); (2) fazer um levantamento da fauna de
macroinvertebrados aquáticos em trechos de quatro mananciais de abastecimento público
situados na região sul metropolitana de Goiânia, analisando a riqueza, abundância,
equitabilidade e diversidade, comparando os pontos de existentes; (3) descrever a estrutura
trófica das comunidades de macroinvertebrados aquáticos; (4) verificar se a sazonalidade
climática influência a riqueza e abundância das comunidades de macroinvertebrados
aquáticos; (5) avaliar a qualidade da água por meio do Índice Multimétrico Bentônico
proposto por Ferreira (2009), considerando que esta região está incluída no Bioma Cerrado, e
(6) avaliar os parâmetros físico-químicos da água e correlacioná-los com a comunidade de
macroinvertebrados aquáticos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado em quatro mananciais localizados em microbacias


situadas na região sul metropolitana de Goiânia, no Estado de Goiás, e utilizadas para o
abastecimento público das cidades onde estão localizadas (Figura 1 e
20

Quadro 1).

Figura 1. Cidades da região Metropolitana de Goiânia onde estão localizadas as microbacias amostradas durante
o estudo.

Quadro 1. Cidades, mananciais e micro-habitats amostrados com suas respectivas coordenadas UTM.
Coordenadas UTM – 22K
Cidades Manancial Micro-habitat
Ponto 1 Ponto 2
Recanto Areia, vegetação e
Abadia de Goiás 667610/8148408 667592/8148465
Dourado folhas
Ribeirão das Areia, vegetação,
Aparecida de Goiânia 685128/8136545 685216/8136592
Lajes pedras e folhas
Córrego Areia, vegetação e
Aragoiânia 667466/8129134 667467/8129218
Vereda folhas
Córrego Bom Areia, vegetação e
Senador Canedo 704576/8154800 704595/8154899
Sucesso folhas

Depois de definidas as microbacias, foram selecionados dois pontos de amostragem,


que distavam entre si aproximadamente 100 metros, e estavam localizados à montante do
ponto de captação utilizado pela estação de tratamento de água (ETA) do município. A
escolha destes pontos se deu devido a facilitar a logística de coleta e devido a profundidade
(não superior a 60 cm) dos cursos d’água, visando um melhor aproveitamento na coleta de
21

macroinvertebrados aquáticos e medida de vazão, seguindo recomendações da CETESB


(2011).
O esquema de amostragem pode ser visualizado melhor na Figura 2.

Figura 2. Esquema de determinação dos pontos amostrais para coleta de macroinvertebrados


aquáticos.
Para a classificação da qualidade ambiental dos trechos estudados ao longo de cada
manancial, foi aplicado um protocolo de caracterização rápida de condições ecológicas de
trechos de bacias hidrográficas proposto por Callisto et. al. (2002) (QUADRO 2).
Quadro 2. Parâmetros analisados no Protocolo proposto por Callisto et. al. (2002).
Parâmetros (Primeira etapa) Parâmetros (Segunda etapa)
1. Tipos de ocupação das margens; 11. Tipos de fundo (habitats);
2. Erosão próxima e/ou nas margens; 12. Extensão de rápidos;
3. Alteração antrópica; 13. Frequência de rápidos;
4. Cobertura Vegetal no Leito; 14. Tipos de substratos;
5. Odor da água 15. Deposição de Lama;
6. Oleosidade da água; 16. Depósitos sedimentares;
7. Transparência da água; 17. Alteração no canal do rio;
8. Odor do sedimento; 18. Características do fluxo das águas;
9. Oleosidade do fundo; 19. Presença de mata ciliar;
10. Tipo de fundo 20. Estabilidade das margens;
21. Extensão da mata ciliar;
22. Presença de plantas aquáticas.

Esta ferramenta é dividida em duas partes, tendo como a primeira o objetivo de


caracterizar trechos de bacias em estudo e também a intensidade dos impactos ambientais
decorrentes das atividades humanas em sua regiao ripária. Assim 10 parâmetros são avaliados
e têm um valor de 0 a 4 atribuído. Na segunda parte do protocolo acontece a avaliação das
condições dos habitats e o nível de conservação das condições naturais avaliando-se 12
parâmetros que recebem pontuações de 0 a 5. O resultado final do protocolo se dá pela soma
dos valores obtidoso que indicará algumas classificações ecológicas dos trechos estudados:
impactado (0 a 40 pontos), alterado (41 a 60 pontos) e natural (acima de 61 pontos).
Após a classificação dos trechos, os macroinvertebrados aquáticos foram
coletados nos habitats disponíveis nos trechos selecionados (pedras, areia, folhas e vegetação
22

marginal), com o auxílio de uma peneira de mão, com malha de 1 mm e um diâmetro de


15cm, seguindo os estudos de Francischetti et al. (2004); Godoy, Coelho & Oliveira (2009);
Da-Silva, Nessimian & Coelho (2010); Barbosa, Godoy & Oliveira (2011) e Santos (2014). O
substrato foi revolvido com a mão e em seguida o material colocado na peneira, posicionada
transversalmente no curso do rio, de forma a ter sua abertura direcionada para a montante,
contra o fluxo. A coleta em cada substrato teve duração de 10 minutos, estabelecendo assim
um esforço amostral padronizado.
Os organismos coletados foram retirados da peneira com o auxílio de pinça e
acondicionados em frascos de vidro incolor, contendo álcool a 70% para fixação, sendo que
os organismos de cada substrato amostrado foram acondicionados em frascos separados.
Optou-se pela metodologia de peneira, conforme indicações de Cetesb (2011), devido à
amostragem não apresentar desvio na composição da comunidade em relação a técnicas
amostrais mais exaustivas, como os amostradores Hess e o Surber (CHIASSON, 2009).
As coletas, dentro do período (seca e chuva), distaram uma da outra cerca de 1
mês, acreditando-se que neste tempo as populações já teriam se reestabelecido, já que
segundo Würdig et al. (1998) a variação das comunidades de macroinvertebrados se dá muito
mais por mudanças espaciais que temporais.
As amostras de cada trecho dos mananciais foram acondicionadas em caixas de
isopor. Em seguida encaminhadas para o Laboratório de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
da Universidade Federal de Goiás (LAMARH-UFG) para terem seus conteúdos identificados.
Em laboratório as amostras foram lavadas sobre peneiras e triadas com o auxílio do
microscópio estereoscópio.
Os macroinvertebrados foram identificados ao nível de família, quando possível.
Foram utilizadas as chaves de identificação de Silva et al. (2002) e Salles et al. (2004) para
Ephemeroptera, Wiggins (1977) e Oliveira (2006) para Trichoptera, Froehlich (1984) para
Plecoptera, Merritt & Cummins (1996) para outras ordens de insetos. Todos os demais
macroinvertebrados foram identificados com auxílio da chave de Lopretto & Tell (1995) e
Mugnai, Nessimian & Baptista (2010). Os táxons foram classificados em grupos funcionais
tróficos de acordo com Merritt et al. (2008): fragmentadores, raspadores, coletores-catadores,
coletores-filtradores e predadores, podendo assim indicar a estrutura trófica desta
comunidade.
Com os dados planilhados, foram calculadas a diversidade de Shannon para cada
ponto amostrado, a equitabilidade de Pielou e a Similaridade de Bray-Curtis entre as
23

comunidades amostradas, utilizando os programas BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007) e


Biodiversity-Pro (MC ALEECE, 1997).
Para a análise ambiental dos trechos dos mananciais foi aplicado o Índice Biótico
Bentônico Multimétrico desenvolvido por Ferreira (2009) (Quadro 3) que para sua aplicação
precisa também do cálculo anterior do BMWP-CETEC desenvolvido por Junqueira et al.
(1998).
Quadro 3. Métricas utilizadas no cálculo do Índice Multimétrico Bentônico
(Ferreira, 2009).
Escores
Métricas 5 3 1
Riqueza ≥9 8a6 5≤
% Oligochaeta ≤5 6 a 46 ≥ 47 ≤ 97
% CH+OL ≤ 73 74 a 86 ≥ 87 ≤ 100
% EPT ≥6 5a3 ≤2
% Coletor-catador ≤ 64 65 a 83 ≥ 84 ≤ 99
BMWP-CETEC ≥ 36 35 a 18 ≤ 17
LEGENDA: Riqueza taxonômica, % Oligochaeta, % CHOL – Chironomidae
+ Oligochaeta, % EPT – Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera,%
Coletores-catadores e BMWP – CETEC – Biological Monitoring Working
Party

O resultado do somatório dos escores é dividido em quarto categorias que


refletem as condições da qualidade da água, podendo ser “ruim” (6 a 12), “regular” (13 a 18),
“boa” (19 a 24) e “muito boa” (25 a 30).
As amostras de água para a realização das análises dos parâmetros fisíco-químicos
foram coletadas nos mesmos pontos de coleta dos macroinvertebrados e nos mesmos dias,
com um medidor multiparamétrico do modelo Hanna HI 9828/4-01. Foram aferidos in loco os
parâmetros: temperatura, potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica, sólidos totais
e oxigênio dissolvido. Já para a determinação dos parâmetros nitrogênio-total foram coletadas
amostras de água com uma garrafa coletora tipo Van Dorn, conforme indicações de CETESB
(2011), que foram acondicionas em caixa térmica a 4°C para então serem analisadas em
laboratório, segundo as instruções de APHA (2012). Também foi aferida a vazão, utilizando-
se de um flutuador e obtendo-se os valores seguindo a metodologia de Palhares et al (2007).
Para comparação dos parâmetros bióticos e abióticos, foi utilizado o coeficiente de Pearson
com o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05).
24

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise de integridade Ambiental

Na avaliação de integridade ambiental verificada por meio do protocolo de


avaliação rápida da diversidade de hábitats de trechos de bacias hidrográficas todos os
mananciais foram classificados como alterados. O manancial de Abadia de Goiás recebeu a
maior pontuação (60), seguido de Aragoiânia (59), Senador Canedo (50) e Aparecida de
Goiânia (47).
O Ribeirão Recanto Dourado em Abadia de Goiás sai de uma represa e conta com
uma queda d’água, que deixa um pequeno trecho rápido, fundo e curto, porém logo em
seguida, existe uma grande presença de animais e pasto, o que consequentemente provoca
assoreamento e o manancial fica raso e largo e com seu substrato argiloso. A principal fonte
de poluição neste local é a grande quantidade de bovinos, que utilizam desta água para a
dessedentação e, a ausência de mata ciliar.

Figura 3. Área de estudo no manancial Recando Dourado, em Abadia de Goiás.

O Ribeirão das Lajes em Aparecida de Goiânia encontra-se em uma região


bastante antropizada, também com a presença de gados. O curso d’água é raso e largo, com
correnteza rápida. Como leito do rio é profundo e o barranco é alto, a presença de vegetação
marginal é menor que nos outros mananciais estudados, o que colabora para o carreamento de
sedimentos, principalmente nos períodos chuvosos.
25

Figura 4. Área de estudo no manancial Ribeirão das lajes, em Aparecida de Goiânia.

Já o Córrego Vereda em Aragoiânia aparentemente é preservado, embora passe


embaixo de uma ponte, em uma estrada movimentada o que pode colaborar para o
lixiviamento de poluentes para o seu leito. A vegetação marginal (mata ciliar) está presente
em 18 hectares à montante dos pontos de coleta, embora nos pontos a região seja composta
basicamente por pasto e a presença de animais (bovinos e equinos) seja alta.

Figura 5. Área de estudo no manancial Córrego Veredas, em Aragoiânia.

O Córrego Bom Sucesso em Senador Canedo que passa por algumas fazendas
com presença de bovinos, tem um substrato com bastante argila e muita vegetação marginal
em um trecho anterior aos pontos de coleta, aproximadamente 12 hectares. Já nos locais onde
foram realizadas as amostragens, a vegetação diminui bastante e o curso d’água se divide,
26

tendo um de seus braços alagado para coleta de água de abastecimento e o outro fundo e
curto, com correnteza mais forte.

Figura 6. Área de estudo no manancial Córrego Bom Sucesso, em Senador Canedo.

Analisando conjuntamente todos os mananciais estudados, é notável a semelhança


quanto ao uso do solo e também na classificação da integridade ambiental. A principal
atividade na região é a agropecuária e a principal fonte de poluição detectada foi a presença
de animais, principalmente bovinos, que segundo Tundisi (1998) podem causar alteração na
condutividade elétrica da água e aumentar a quantidade de matéria orgânica, além da
compactação do solo, impedindo a infiltração da água pluvial, intensificando o escoamento e
o carreamento de sedimentos para os cursos d’água.
Segundo o Instituto Mauro Borges (2013), Goiás ficou classificado como o
terceiro maior criador de bovinos do Brasil no ano de 2012, sendo que as pastagens ocupam
cerca de 25% da área total do estado, ficando apenas atrás das monoculturas. Nos mananciais
estudados essa realidade se expressa consideravelmente, já que a bovinocultura foi detectada
em todas as áreas. Segundo Santos (2014), em um estudo na bacia do Ribeirão Sozinha na
região metropolitana de Goiânia, a degradação na qualidade ambiental de trechos estudados se
intensifica à medida que as atividades de agropecuária aumentam.
Um problema ambiental considerável em relação à formação de pastagens para a
criação bovina é a compactação do solo ocasionada pelo pisoteio dos rebanhos, impedindo a
infiltração da água e intensificando o escoamento superficial, o que gera erosão e
consequentemente no carreamento de sedimentos para os cursos hídricos, dentre eles
hormônios, metais pesados e organismos patógenos (SANTOS, 2014).
27

Para a criação de gado acontecer um pasto deve ser formado, e para isso a
vegetação tem de ser retirada. Com isso existe uma diminuição da diversidade vegetal e
animal, já que ocorre uma homogeneização das espécies (CARVALHO, SCHLITTLER &
TORNISIELO, 2000). A vegetação nativa é fator importante na regulação do regime natural
de chuvas, protegendo o solo de erosão e impedindo o assoreamento dos mananciais
(SANTOS 2014), além de que a supressão desta pode acarretar alterações de termperatura na
região (GOMES et al., 2009), alterando também o meio biótico.
Outro fator que também pode explicar o fato dos mananciais terem sido
classificados como alterados, é a proximidade das zonas urbanas. Segundo Finotti, Finkler &
Silva (2009) e Souza, Moraes & Borja (2013) as deficiências na drenagem urbana, a
impermeabilização dos solos e consequentemente o aumento do escoamento superficial,
aumentam consideravelmente a vazão nos mananciais próximos, implicando também numa
menor infiltração de água no solo gerando menor recarga do aquífero, reduzindo então a
capacidade deste absorver cargas poluidoras, elevando o risco à saúde da população.
A alta concentração populacional em áreas urbanas, na maioria das vezes sem
planejamento, resulta em grandes problemas, como o despejo de esgotos, aterramento de
nascentes, aumento de inundações e maior produção de sedimentos que são carreados aos
mananciais (SOARES, DOS SANTOS & CAVALCANTI, 2013). Crispim (2013) em seu
diagnóstico ambiental no Rio Piancó, próximo à cidade de Pombal-PB, apresentou várias
problemáticas devido à expansão urbana, como a elevada entrada de matéria orgânica, tanto
advindas de resíduos sólidos quanto liquídos, e principalmente pelas atividades ligadas à
recreação e práticas agropecuárias mal planejadas.
Situações semelhantes foram encontradas por Schneider (2011) no Rio Pirapó que
atravessa importantes cidades do Estado do Paraná, como Apucarana e Maringá, com a
grande presença de resíduos sólidos e liquídos, e alterações na estrutura física do manancial.
Nakamura (2012) em contrapartida, depois de analisar os impactos da expansão urbana em
mananciais e represas de abastecimento na região metropolitana de São Paulo, apresenta a
importância estratégica de intervenções que buscam reduzir os focos de poluição, e como
consequência apresentou uma melhoria significante na qualidade da água, com um
decréscimo nas cargas de fósforo total apresentados anteriormente ao estudo.
Muito se sabe sobre as alterações ocasionadas nas bacias hidrográficas pelo aporte
de material poluente advindo de zonas urbanas, e no presente trabalho, os cursos d’água
estudados além de sofrerem impactos com a agropecuária, são alvos diretos deste
crescimento, muitas vezes desordenado, das cidades.
28

3.2 Composição e diversidade taxonômica

Somando-se todos os mananciais, este trabalho encontrou 5.084 espécimes em 66


táxons, tendo Aparecida de Goiânia a maior Abundância (n= 1.902) e Aragoiânia a maior
riqueza (n= 44). A família Baetidae (Ephemeroptera) foi a mais representativa com 1.933
espécimes coletados, cerca de 38% de toda a amostragem. A segunda família mais
representativa foi Simulidae (Diptera) correspondendo a 6,2% do total amostrado.
Quadro 4. Levantamento de macroinvertebrados aquáticos dos quatro mananciais
estudados e suas classificações tróficas.
Aparecida
Abadia de Senador
Táxon Classificação trófica de Aragoiânia
Goiás Canedo
Goiânia

Tubellaria raspador 5 9 1
Oligochaeta coletor-catador 24 40 9 6
Hirundinida predador 1 1
Ampullariidae coletor-filtrador 1
Planorbidae raspador 2
Thiaridae raspador 1
Ancilidae raspador 1 2 44
Isopoda coletor-catador 1
Siphlonuridae coletor-catador 16
Baetidae coletor-catador 221 837 723 152
Oligoneuriidae coletor-catador 1
Leptophlebiidae coletor-catador 5 104 58 9
Polymitarcydae coletor-catador 1
Leptohyphidae coletor-catador 227 23 5 13
Caenidae coletor-catador 3 3
Calopterygidae predador 7 177 25 24
Coenagrionidae predador 7 46 29 34
Megapodagrionidae predador 7 52 18 6
Perilestidae predador 1 5 23 1
Gomphidae predador 15 110 45 38
Corduliidae predador 12 10 23 6
Libellulidae predador 26 87 57 31
Gripopterygidae predador 2
Perlidae predador 1 20
Ochteridae predador 6
Gelastocoridae predador 7 1
Corixidae raspador 7 7 112 8
Nepidae predador 3 2 4
Belostomatidae predador 8 15 17 6
Notonectidae predador 40 3 19 4
Helotrephidae predador 1
Naucoridae predador 11 178 47 4
Cerambycidae predador 1
29

Curculionidae fragmentador 2
Hidrophilidae predador 4
Girinidae predador 2
Hidroscaplidae predador 4 51 2 12
Haliplidae predador 2 5
Dytiscidae predador 1 6 82 6
Noteridae predador 1 5 3 10
Torridincolidae raspador 3
Scirtidae coletor-catador 1 1 1
Elmidae coletor-catador 2 10 14
Lutrochidae coletor-catador 1
Ptylodactilidae coletor-catador 1
Dryopidae fragmentador 1 1 1
Simulidae coletor-filtrador 201 7 108
Dixidae coletor-filtrador 8 2 23
Ceratopogonidae predador 2 1 3
Chironomidae coletor-catador 42 46 83 70
Blephariceridae coletor-catador 2
Culicidae coletor-catador 5 5
Psychodidae coletor-catador 1
Tabanidae predador 1 1 2 1
Empididae predador 2
Tipulidae predador 1 2 4 1
Limnephilidae coletor-catador 1 14 3
Hydrobiosidae coletor-catador 2
Polycentropodidae coletor-catador 5
Glossosomatidae coletor-catador 2
Hydropsychidae coletor-filtrador 63 29 32 26
Hydroptilidae coletor-filtrador 1
Helichopsychidae coletor-filtrador 3
Anomalopsychidae coletor-filtrador 1 5 3
Leptoceridae predador 1 14 4
Lepidoptera fragmentador 4 6 1
RIQUEZA 36 41 44 43
ABUNDÂNCIA 967 1902 1514 701

Para a diversidade o maior valor encontrado foi em Senador Canedo (H = 1,22)


assim como a maior equitabilidade (J = 0.752) e os menores valores foram em Aparecida de
Goiânia (H = 0,96; J = 0,595). Abadia de Goiás (H = 0,99; J = 0,63) e Aragoiânia (H = 0,98; J
= 0,59) tiveram valores próximos.
A maior riqueza em Senador Canedo contribuiu para que o manancial desta
cidade tivesse também o maior índice de diversidade e equitabilidade, enquanto a grande
abundância em Aparecida de Goiânia influenciou nestes valores para o seu manancial de
30

abastecimento. Devido ao grande número de indivíduos de um mesmo táxon, a equitabilidade


fica comprometida, indicando a dominância de algum destes, que no caso deste trabalho foi a
família Baetidae (38% da população).
A vegetação mais preservada à montante dos pontos de coleta colabora para uma
melhor preservação ambiental do local, influindo diretamente na qualidade da água e
consequentemente, na fauna bentônica (SILVA, 2014). Freitas (2010) e Santos (2014)
também encontraram resultados parecidos, com uma maior diversidade de organismos em
ambientes mais conservados.
Segundo Pimenta (2011) e Carmo-Araújo (2011) é esperado que a diversidade
diminua de ambientes mais preservados para menos preservados, e que essa diversidade se
favoreça de uma ampla distribuição de indivíduos tolerantes influenciados por fatores que
diminuem a probabilidade de dominância.
As cidades que apresentaram maior similaridade neste estudo foram
Aragoiânia e Aparecida de Goiânia (68% - 30 táxons em comum) e Senador Canedo e Abadia
de Goiás (56%) (Figura 7). Dentre todos os táxons, 26 foram exclusivos de algum dos
mananciais, Sendo 09 exclusivos de Senador Canedo, 09 de Aragoiânia, 05 de Aparecida de
Goiânia e 02 de Abadia de Goiás.

Figura 7. Análise Cluster de Bray-Curtis para avaliar a similaridade entre os mananciais que abastecem as
cidades estudadas.
31

Embora a similaridade entre Aragoiânia e Aparecida de Goiânia (68%) tenha sido


expressiva, Abadia de Goiás e Senador Canedo também apresentaram uma similaridade acima
de 50% entre si. Tal fato se deve por todos estarem presentes na mesma região, Bioma e
principalmente na mesma bacia (do Rio Meia Ponte). A similaridade de cerca de 30% entre os
dois clados formados foi baixa, porem este fato pode ter contribuído para uma maior riqueza
do estudo no geral, consequência da presença de táxons exclusivos a apenas um ou dois
desses mananciais.
Segundo Baptista (2014), existe uma importância em compreender que os rios de
uma mesma bacia sofrem influências diferenciadas e também a necessidade de avaliações
individuais dos efeitos antrópicos em cada microbacia, sendo portanto não recomendado a
comparação de corpos hídricos baseados em estudos de regiões distintas.
Entre os micro-habitats estudados apenas dois foram comuns para todos os
mananciais: areia e vegetação. Para o levantamento geral a vegetação apresentou a maior
abundância, com 3.768 indivíduos enquanto a areia apresentou 1.134. O micro-habitat
vegetação também apresentou a maior riqueza, com 53 táxons, enquanto a “areia” apresentou
47. Sendo assim um comparativo de similaridade entre os micro-habitats e entre os diferentes
pontos amostrais foi realizado, conforme Figura 8. Análise Cluster de Bray-Curtis para avaliar a
similaridade entre os micro-habitats de areia e vegetação nos mananciais que abastecem as cidades
estudadas..

Figura 8. Análise Cluster de Bray-Curtis para avaliar a similaridade entre os micro-habitats de areia e vegetação
nos mananciais que abastecem as cidades estudadas. Legenda: AR: Aragoiânia, AP: Aparecida de Goiânia, AB:
Abadia de Goiás e SC: Senador Canedo.
32

Nota-se a formação de três grupos dividindo as vegetações e as areias. A maior


similaridade se deu entre Aragoiânia e Aparecida, tendo a vegetação 68,52% e a areia 45%.
As demais similaridades foram baixas, tendo destaque àquelas dentro do mesmo manancial,
como em Abadia de Goiás, onde a areia apresentou 23% de similaridade com a vegetação,
enquanto em Senador Canedo os dois microhabitats tiveram 19% de semelhança em sua
composição.
Um parâmetro importante no estudo de colonização de insetos aquáticos é a
disponibilidade e a heterogeneidade dos substratos ali existentes (RAE, 2004), sendo que
aqueles mais complexos, como folhas, madeiras, musgos e hidrófitas, geralmente possuem
mais táxons do que substratos estruturalmente mais simples, como areia e rocha (VINSON &
HAWKINS, 1998). Nos mananciais estudados o micro-habitat vegetação obteve os maiores
valores de riqueza e abundância, porém quando se tratou de índices estatísticos, como a
diversidade e equitabilidade, a areia obteve também significante valor na cidade de Abadia de
Goiás. Segundo Ribeiro & Uieda (2005) uma maior abundância geralmente está ligada a uma
menor riqueza, e uma eudominância de poucos táxons.
No manancial que abastece Abadia de Goiás foi registrado 967 espécimes de
macroinvertebrados aquáticos, subdivididos em 36 táxons. Das famílias mais abundantes duas
foram da Ordem Ephemeroptera (Leptohyphidae – 23,47%, e Baetidae – 22,85%. Em relação
a diversidade e equitabilidade, a areia apresentou maiores valores que a vegetação, conforme
Quadro 5. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Abadia de Goiás.
Quadro 5. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Abadia de Goiás.
Abadia de Goiás
areia vegetação
Shannon H 1,102 0,829
Equitabilidade J 0,821 0,579

No manancial que abastece Aparecida de Goiânia foram registradas 1.902


espécimes de macroinvertebrados aquáticos, subdivididos em 41 táxons Dentre as famílias
mais abundantes a Baetidade (Ephemeroptera) representou 44% de toda a amostragem,
enquanto nenhuma outra chegou a 10% de abundancia relativa. A vegetação apresentou a
maior riqueza e abundância, tanto no ponto 1 quanto no ponto 2.
A diversidade foi maior no micro-habitat folha assim como a equitabilidade,
seguida pelo micro-habitat areia para a diversidade e pedra para equitabilidade. A vegetação
mesmo tendo apresentado a maior riqueza e abundância, apresentou baixos valores
diversidade (Quadro 6).
33

Quadro 6. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Aparecida de Goiânia.

Aparecida de Goiânia

areia vegetação folha pedra

Shannon H 0,979 0,776 1,037 0,749

Equitabilidade J 0,669 0,511 0,784 0,672

No manancial que abastece Aragoiânia foram registrados 1.514 espécimes de


macroinvertebrados aquáticos, subdivididos em 44 táxons. Assim como em Aparecida de
Goiânia, a família Baetidae (Ephemeroptera) representou a maioria da amostragem com 47%,
enquanto nenhuma outra família atingiu porcentagem maior que 8%. Quando se analisou a
diversidade e equitabilidae novamente os maiores valores encontrados foram na areia. (

Quadro 7).

Quadro 7. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Aragoiânia.

Aragoiânia
areia vegetação
Shannon H 1,202 0,830
Equitabilidade J 0,767 0,547

No manancial que abastece Senador Canedo foi registrado 701 espécimes de


macroinvertebrados aquáticos, subdivididos em 43 táxons. Das Famílias mais abundantes
Baetidade (21%) e Simulidae (15%) se destacaram na amostragem geral. Quando se analisou
a diversidade e equitabilidade os maiores valores encontrados foram na vegetação (Quadro
8), indo ao contrário dos outros mananciais.

Quadro 8. Diversidade e equitabilidade dos micro-habitats em Senador Canedo.


Senador Canedo
areia vegetação
Shannon H 0.905 1.16
Equitabilidade J 0.674 0.739
34

A maior abundância e riqueza na vegetação em todos os mananciais estudados já


eram esperadas, uma vez que este substrato confere uma maior proteção às espécies que
buscam abrigo em espaços intersticiais de raízes e folhas, tornando este um ambiente ideal
(ROSA, 2011). É importante salientar também que a estrutura da vegetação nas bordas dos
cursos d’água são áreas mais oxigenadas devido aos aerênquimas presentes nas raízes, o que
influência diretamente na colonização por macroinvertebrados (ROSA, 2011). Segundo Lima
et al. (2006) uma maior quantidade de substrato disponível aumenta a possibilidade de
ocorrência de espécies na vegetação marginal, pois esta evita o carreamento de indivíduos
pela correnteza.
Outro fator que colaborou para a grande abundância no ambiente de vegetação em
todos os mananciais estudados foi o elevado número de espécimes da Familia Baetidae que
representou 38% da amostragem no presente trabalho o que colaborou consideravelmente
para os elevados valores de EPTs. Dos 1.933 indivíduos coletados, 1.753 (cerca de 90%)
foram encontrados na vegetação marginal dos cursos d’água. Segundo Merrit & Cummins
(1996) algumas Famílias dos Ephemeroptera, como a Baetidae, possuem vantagens
morfológicas que reduzem o arraste da correnteza, como por exemplo, o corpo achatado, liso
e alongado, com pernas que se projetam lateralmente. Peiró et al. (2013) também afirmam que
as macrófitas (vegetação marginal) são utilizadas como habitat no período chuvoso, onde os
organismos se protegem também de predadores.
Embora a vegetação tenha apresentado a maior abundância e riqueza em todos os
mananciais estudados, nas cidades de Abadia de Goiás e Aragoiânia, a maior diversidade de
Shannon foi detectada no micro-habitat de areia. Isso se deve pelo índice levar em conta a
uniformidade das abundâncias dos táxons, assim como a equitabilidade (BARROS, 2007).
Então por mais que a vegetação ou outro substrato apresente maior riqueza e abundância, a
homogeneidade de táxons na areia nestes dois mananciais foi maior. Em Senador Canedo e
Aparecida de Goiânia a vegetação apresentou a maior diversidade e consequentemente a
maior equitabilidade, com exceção do micro-habitat folha de Aparecida, que apresentou
quantidades de táxons equivalentes à abundância destes, maior que em todos os outros
microhabitats estudados. Fica clara a importância de preservação de vários microhabitats, pois
favorecem a diversificação de organismos e a manutenção destes.
35

3.3 Composição Trófica

Para o levantamento geral a composição trófica teve em sua maioria


macroinvertebrados aquáticos coletores-catadores (54,94%), seguido dos predadores
(30,68%), coletores-filtradores (10,09%), raspadores (3,97%) e por último, fragmentadores
(0,31%). Observando cada cidade isoladamente e seu respectivo manancial de abastecimento,
os coletores foram maioria em todos os períodos de seca, com exceção de Senador Canedo,
que neste período do ano teve mais predador. Os raspadores e fragmentadores foram minoria
em todos os mananciais estudados.

Figura 9. Composição trófica em Abadia de Goiás. Figura 10. Composição trófica em Aparecida de
Goiânia.

Figura 11. Composição trófica em Aragoiânia. Figura 12. Composição trófica em Senador Canedo.

Uma teoria muito importante para o estudo da composição trófica de


macroinvertebrados foi criada por Vannote et al. (1980), denominada de Rio Continuo. Este
estudo relatou que o rio é dividido da nascente à foz com um gradiente continuo de condições
físicas e químicas que gera uma série de respostas dos organismos, estabelecendo assim
populações de acordo com os padrões de carga, transporte, utilização e estocagem de matéria
orgânica ao longo do corpo d’água. Sendo assim as comunidades apresentam padrões
36

previsíveis de organização estrutural e funcional. Segundo Baptista et al (1998) para se


utilizar a teoria do Rio Continuo deve-se ter cuidado quanto às generalizações propostas, pois
a estruturação de um rio e seus padrões variam dependendo da região onde ele se encontra.
Em Abadia de Goiás, durante o período chuvoso foi verificado um equilíbrio entre
os predadores, filtradores e coletores, porém no período de seca, os coletores foram mais
abundantes, assim como em Aparecida de Goiânia, embora os predadores tenham dominado o
período chuvoso.
Em Aragoiânia a abundância de predadores se manteve constante com a mudança
dos períodos sazonais e a variação na proporção de coletores foi baixa. A sazonalidade
pareceu não interferir na composição trófica dos macroinvertebrados neste manancial. Já em
Senador Canedo os coletores dobraram durante o período de seca, enquanto os filtradores e
raspadores aumentaram no período chuvoso.
Enquanto a correnteza, temperatura ou concentração de algum parâmetro
químico pode limitar a macrodistribuição dos macroinvertebrados aquáticos, o tamanho da
partícula do substrato e principalmente a oferta de alimento exercem influências na
microdistribuição primária (CUMMINS & LAUFF, 1969). As categorias tróficas são
utilizadas em estudos de impacto ambiental porque fornecem uma medida do que está
afetando a fauna local, em função da proporção e abundância de diversos organismos que
compõem a comunidade de macroinvertebrados daquele ambiente (SILVEIRA, 2004).
Os coletores-catadores foram a maioria neste trabalho (54,9%) assim como
observado por Santos (2014) em mananciais da mesma região metropolitana. Segundo
Marques et al. (1999) e Callisto, Moreno & Barbosa (2001) esta guilda trófica está presente
em grandes proporções em regiões com elevadas concentrações de matéria orgânica em
suspensão, tanto em lagoas (BASSET, GALUPPO & SABETA, 2006), córregos (PRINCIPE
et al, 2010), reservatórios (SILVA et al., 2009) e rios (OLIVEIRA & NESSIMIAN, 2007).
Segundo Krawazyk et al. (2013), estes organismos possuem uma plasticidade selvagem nos
recursos, além de possuirem características biológicas importantes, como por exemplo a
movimentação do corpo, que otimiza a captação de oxigênio do ambiente, mesmo em
concentrações baixas.
Com a grande presença de coletores nos mananciais estudados, os predadores
também foram bastante representativos (30,6%). Esta guilda trófica costuma ter abundâncias
constantes, pois dependem diretamente de outros macroinvertebrados para sobrevivência
(MARQUES et al., 1999; SILVA et al., 2009; BATISTA et al., 2010). A grande presença de
37

famílias da ordem dos Odonatas, cerca de 16% do levantamento geral, foi outro fator que
colaborou no aumento desta guilda trófica.
Segundo Oliveira Junior et al. (2013) a dominância de Odonatas está relacionada
diretamente com alteração ambiental, como ausência de vegetação marginal. Este fato
também pode ter acarretado na baixa presença de fragmentadores como também foi verificado
por Santos (2014), além da particularidade de alimentação destes, que segundo Cummins et
al. (1989) e Silva et al. (2009) se utilizam basicamente de vegetais em decomposição e isso
leva semanas ou meses para acontecer. Como foi observado em campo, a presença de folhas
nestes estados foram relativamente baixas.
Segundo Shimano et al. (2012), os raspadores são encontrados em maior
abundância nos trechos intermediários dos rios e com condições apropriadas de luminosidade,
onde ocorre o crescimento de perifiton. Sendo assim a maior presença destes em Senador
Canedo e Aragoiânia, que apresentam uma maior mata ciliar à montante, no período chuvoso,
se deve por tais características, já que o arraste de de materiais propícios à raspagens é maior.
Os fragmentadores, que transformam a matéria orgânica grossa em fina
(ALMEIDA, 2015), foram encontrados em minoria absoluta em todos os mananciais
estudados. Este grupo é mais escasso em ecossitemas tropicais, chegando a ter duas vezes
menos biomassa do que em regiões de zonas temperadas (BOYERO et al., 2011).
Baseando-se na Teoria do Rio Continuo, os mananciais estudados estão mais
próximos da foz do que da nascente, já que apresentam uma quantidade de filtradores maior
do que de raspadores e fragmentadores, o que consequentemente sugere uma maior presença
de particulas menores.

3.4 Influência da sazonalidade sobre as comunidades aquáticas

O Estado de Goiás e, consequentemente a região onde foi realizado o estudo,


possui uma sazonalidade definida pelo regime anual de chuvas. O Cerrado possui uma
sazonalidade bem definida, com chuvas que começam em meados de setembro, tem seu pico
em dezembro e diminui nos meses de março e abril, sendo um verão chuvoso e um inverno
seco (YOKOYAMA et al., 2012). Os dados de precipitação mensal (Figura 13. Precipitação
entre os meses de Julho de 2013 e Setembro de 2014 na região metropolitana de Goiânia (INMET, 2015).)

para o período amostrado confirmam essa sazonalidade e demonstram que o regime de


distribuição das chuvas durante o período de estudo pode ser considerado típico para a região.
38

Figura 13. Precipitação entre os meses de Julho de 2013 e Setembro de 2014 na região
metropolitana de Goiânia (INMET, 2015).

Considerando a sazonalidade um fator determinante para a distribuição do


macroinvertebrados aquáticos, gráficos comparativos de riqueza e abundância foram
elaborados (Figura 14 e 15).

Figura 14. Riqueza de macroinvertebrados comparando o período de chuva e seca.


39

Figura 15. Abundância de macroinvertebrados comparando o período de chuva e seca.

Pode-se notar que em todos os mananciais a riqueza foi menor durante o período
de seca. Obervando a abundância, esta foi maior durante a seca em Senador Canedo e
Aparecida de Goiânia. Quando a análise é feita com uma correlação usando o índice de
Pearson, apenas Abadia de Goiás teve uma correlação positiva significante (r= 0.02; p= 0,04)
entre a abundância e a vazão. Embora seja uma correlação pequena, quando a vazão aumenta
no manancial de Senador Canedo, a abundância de macroinvertebrados também aumenta. Os
demais mananciais não tiveram correlações significativas considerando o nível de p ≤ 0,05.
A manutenção da estrutura de comunidades também depende da estabilidade de
alguns outros fatores, como a fonte de energia, qualidade da água e do habitat, sazonalidade e
interações bióticas (MINATTI-FERREIRA & BEAUMORD, 2006). As variações na
diversidade de macroinvertebrados bentônicos estão relacionadas com a frequência das
perturbações e distúrbios no ambiente em que vivem (COPATTI, SCHIRMES &
MACHADO, 2010), e assim como em várias outras comunidades bióticas, as estações do
Cerrado, seca (maio a setembro) e chuva (outubro a março), influenciam na distribuição
destes.
Segundo Bispo et al. (2001) e Ferreira, Moreira & Carvalho (2011) no período
chuvoso a abundância é menor que no período de seca. Porém esse resultado foi encontrado
apenas em Senador Canedo e Aparecida de Goiânia. Segundo Bispo et al. (2001), a chuva
provoca uma desestabilização no sistema devido o aumento de vazão e o aumento da
velocidade da água, ocasionando um carreamento de organismos, enquanto na seca o
ambiente se encontra mais estável, e Pamplin, Almeida & Rocha (2006) destacam a maior
40

entrada de matéria orgânica alóctone no ambiente. Porém Diniz-Filho et al., (1998) afirmam
que o fato da abundância ser maior na seca, se dá pelo aumento da densidade no ambiente,
atribuído à redução de disponibilidade de habitat e ao crescimento da agregação entre os
indivíduos, devido a redução do nível d’água.
Os mananciais estudados apresentam estruturas físicas parecidas, mas Aparecida
de Goiânia e Senador canedo visivelmente possuem um encaixe maior no leito, com margens
(barrancos) mais altos, o que provavelmente propiciou os resultados de abundância menor
durante o período chuvoso, pelo aumento da vazão ser mais impactante. Em Aragoiânia e
Abadia de Goiás a área de alagamento do curso d’água é maior, ocasionando um aumento de
espaço e consequentemente de micro-habitats durante o aumento de vazão, por mais que este
possa carrear indivíduos ocasionalmente durante o aumento brusco de volume d’água.
Bispo & Oliveira (1998), estudando os EPT do Parque Ecológico de Goiânia,
verificaram que alguns fatores, como a cobertura vegetal, a ação antrópica e a classificação
hidrológica influenciaram significativamente somente na estação de seca, já que na estação
chuvosa a homogeneização da fauna mascara os padrões ecológicos. Silva et al., (2009)
encontraram em seu trabalho realizado no estado de São Paulo uma maior abundância de
macroinvertebrados bentônicos no período de seca, assim como Fusari (2006), no mesmo
Estado.
Relacionado apenas ao habitat dos macroinvertebrados e analisando o IQA (Índice
de Qualidade da Água) de vários mananciais em Goiás, Bonnet et al. (2008) concluíram que a
qualidade da água na chuva é pior que no período de seca e sendo assim a sazonalidade é fator
determinante para a distribuição de macroinvertebrados aquáticos, que se encontram em mais
abundância nos períodos de estiagem e em menor nos períodos de chuva (BOON et al., 1986;
OLIVEIRA, 1997; FLECKER & FEIFAREK, 1994).
No entanto alguns autores têm encontrado padrões diferentes. Silva et al.,
(2009) encontraram em seu trabalho, realizado no estado de São Paulo, uma maior abundância
de macroinvertebrados bentônicos no período de seca, assim como Fusari (2006), no mesmo
Estado. Santos (2014) também encontrou resultados onde valores na seca foram maiores que
no período chuvoso na região metropolitana de Goiânia, em Goiás.
Segundo Saito & Mazão (2012) a riqueza total é positivamente relacionada com a
abundância e está diretamente relacionada com o nível de perturbação causado pelas chuvas e
pelo estado ambiental do trecho em estudo. Assim como apresentado por Santos (2014),
apesar de uma variação na abundância, os microhabitats permaneceram estáveis, já que os
índices de diversidade e equitabilidade não variaram muito com a sazonalidade e os resultados
41

não foram semelhantes a outros estudos no bioma Cerrado, onde afirmam que as chuvas
diminuem a abundância e a riqueza de organismos no período chuvoso (OLIVEIRA; BISPO
& SÁ, 1997; BISPO & OLIVEIRA, 1998; BISPO et al., 2004; SAITO e MAZÃO, 2012;
YOKOYAMA et al., 2012).
Alem disso, Bispo et al. (2004) abordaram mecanismos que reduzem o impacto
negativo das inundações, como a busca por abrigos, recolonização rápida e histórias de vida
flexíveis, sendo estas estratégidas que compensam a certo ponto a influência das chuvas sobre
os macroinvertebrados aquáticos. Ramíres & Pringle (2001) também afirmaram que as
comunidades de macroinvertebrados em riachos tropicais têm a reprodução contínua ao longo
do ano, o que pode diminuir os efeitos das chuvas, já que é constante a aparição de novos
indivíduos na população.
Quando usa-se a correlação de Pearson, apenas em Senador Canedo, a vazão foi
inversamente proporcional à riqueza de macroinvertebrados aquáticos de modo significativo.
Isso demonstra a importância de um teste estatístico como a correlação, que vai além da
simples observação de valores e analisa os padrões de variação dos valores. No trabalho de
Buss et al. (2004), a riqueza dos macroinvertebrados aquáticos não variou entre o período de
chuva e seca, pois as espécies daquela região estavam bem adaptadas às variações dos
regimes hidráulicos, porém a abundância teve uma correlação negativa significativa pelas
chuvas.
Melo e Froehlich (2001) também observaram que não houve diferença estatística
na abundância de macroinvertebrados aquáticos entre as estações de seca e chuva em um
trabalho no estado de São Paulo. Segundo eles a fauna aquática está adaptada às enchentes
previsíveis e que somente uma vazão e uma inundação catastrófica ou muito incomum
poderia alterar a estrutura da comunidade. Segundo Pamplin, Almeida & Rocha (2006), as
chuvas rompem a estabilidade nos habitats e consequentemente acarretam uma maior entrada
de matéria orgânica alóctone, sendo esta diretamente relacionada com a comunidade e
estruturação trófica do local.

3.5 Análise do Índice Multimétrico Bentônico

Para a análise utilizando o Índice Multimétrico Bentônico todos os mananciais de


abastecimento apresentaram a qualidade “muito boa”, recebendo 30 pontos (Quadro 9).
42

Quadro 9. Classificação de cada cidade (manancial) quanto ao Índice Multimétrico


Bentônico.
Cidades
Abadia de Aparecida de Senador
Aragoiânia
Métricas Goiás Goiânia Canedo
Riqueza 36 41 44 43
% Oligochaeta 2,4 2,1 0,59 0,68
% CH+OL 6,8 4,5 6,0 10,8
% EPT 54,0 53,4 57,5 32,0
% Coletor-catador 55,4 58,9 60,1 40,6
BMWP-CETEC 122 127 132 140
Classificação Muito boa Muito boa Muito boa Muito boa

Foi possível observar uma alta riqueza taxonômica com a presença de organismos
sensíveis a distúrbios ambientais como larvas das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e
Tricoptera (EPT), que são muito utilizadas no biomonitoramento (ROSENBERG & RESH,
1993), pois são elementos comuns em ambientes lóticos de baixas e médias ordens, sendo
muito sensíveis às interferências ambientais (ROSEMBERG & RESH, 1993). Na região do
Brasil Central, os EPTs vêm sendo estudados desde o início dos anos 1990 (OLIVEIRA, et al.
1997; BISPO & OLIVEIRA, 1998), e para Marchant et al. (1995) os estudos de invertebrados
aquáticos deveriam se concentrar mais nestas ordens, já que elas representam os padrões
ecológicos de toda a comunidade e geralmente ocorrem associadas a ambientes bem
conservados.
Indivíduos destas famílias representaram 55% de todo o levantamento. A
metodologia utilizada pode estar diretamente ligada à elevada representatividade destes
grupos, já que no peneiramento e triagem ali mesmo no campo, a visibilidade e a
movimentação dos macroinvertebrados na malha são importantes na detecção e na captura
destes. Uma família que é muito utilizada em biomonitoramentos e também muito
representativa é a Chironomidae, porém a visualização em campo deste grupo é mais difícil,
pela baixa mobilidade e camuflagem destes no substrato, ficando então menos representada
neste trabalho.
A família Chironomidae pode viver em condições de anoxia por várias horas e
seus representantes são detritívoros, vivendo em ambientes com muita matéria orgânica
(GOULART e CALLISTO, 2003). Em água doce, as larvas desta família são consideradas
uma essencial ferramenta em estudos ecológicos (EPLER, 2001; ROQUE et al., 2007;
SIQUEIRA et al., 2008), por apresentarem elevada riqueza de espécies (EPLER, 2001;
43

ROQUE et al., 2007) amplamente distribuídas (FERRINGTON, 2008) em quase todos os


micro habitats disponívels em um manancial (EPLER, 2001; TAKEDA et al., 2004).
A ordem Diptera, a qual pertence esta família citada acima, é caracterizada por
possuir grupos muito resistentes a distúrbios na água e por suportarem baixas concentrações
de oxigênio dissolvido (SANSEVERINO, NESSIMIAN e CARVALHO, 1998) assim como
os Oligochaetas, já que sua presença indica situação de anoxia no ambiente (PIEDRAS et al.
2006).
Segundo Bubinas e Jaminiené (2001) a família Chironomidae e os Oligochaetas
são os invertebrados mais tolerantes a poluição, sendo excelentes bioindicadores. Estes grupos
possuem pouca mobilidade e são fortemente associados aos sedimentos, sendo então capazes
de refletir as alterações das variáveis físicas e químicas da água e sedimento (SURIANI-
AFFONSO et al., 2011; PETSCH et al., 2013).
Verificou-se em todos os mananciais estudados uma quantidade muito superior de
EPTs em relação aos Chironomidae e Oligochaetas (Ch+Ol). Em Abadia os primeiros
apresentaram cerca de 54% da população, enquanto os outros 6,8%. Em Aparecida de Goiânia
(EPTs – 53,4%, Ch+Ol – 4,5%) e Aragoiânia (EPTs – 57,5%, Ch+Ol – 6,0%) os valores
foram semelhantes, e em Senado Canedo o valor de EPTs (32%) foi um pouco menor e de
Ch+Ol maior (10,8%). Assim como no trabalho de Ferreira, Moreira & Carvalho (2011), que
estudaram a estrutura da comunidade de macroinvertebrados no Córrego Barreiro em
Anápolis, os mananciais estudados apresentam grande número de táxons das ordens EPT e
baixo de Ch+Ol, sugerindo que estão bem preservados, embora uma identificação em nível
mais específico seja necessária para tal conclusão.
Apesar dos ambientes se apresentarem como alterados, segundo o protocolo
utilizado, a presença de taxons considerados sensíveis a distúrbios ambientais foi grande. Para
Rios & Bailey (2006), a riqueza e diversidade de táxons de EPT aumentam
proporcionalmente com a quantidade de cobertura vegetal enquanto Couceiro et al. (2007)
comprovaram a redução destes organismos com a retirada de vegetação ciliar. Porém Souza
(2010) refutou em seu trabalho que ambientes mais íntegros possuem maior riqueza de
espécies quando verificou uma comunidade de Baetidae (Ephemeroptera), o que o levou a
considerar a teoria do distúrbio intermediário como explicação dos resultados encontrados.
A população de Baetidae representou 38% da amostragem no presente trabalho o
que colaborou consideravelmente para os elevados valores de EPTs. Para Souza (2010) esta
família deve ser estudada levando-se em consideração outros aspectos ecológicos, como
competição e preferência destes por determinados tipos de distúrbios. Connel (1978)
44

argumenta que raramente espécies de uma comunidade estão em equilíbrio, tendo assim altas
riquezas quando existem distúrbios intermediários em escala de frequência e intensidade,
sendo, portanto beneficiadas por uma maior variedade de recursos alimentares.
O mesmo fato aconteceu com Siegloch et al. (2008) que verificaram a influência
positiva de distúrbios intermediários sobre a riqueza de ninfas de famílias de Ephemeroptera
no Sudeste do Brasil. As cidades estudadas neste trabalho podem apresentar distúrbios
ambientais intermediários, como a presença de gado e o aporte de substâncias alóctones pela
baixa presença de mata favorecendo o predomínio de matéria orgânica particulada, porém
somente um estudo mais aprofundado, utilizado outras metodologias, pode concluir isso.
Estes distúrbios podem ter favorecido positivamente a população de organismos
da família Ephemeroptera, em especial a Baetidae, já que estes são organismos coletores-
catadores e, segundo Souza et al. (2011), apresentam tanto espécies indicadoras de ambientes
preservados quanto espécies de ambientes alterados. Como neste trabalho não houve o
objetivo de se chegar a uma identificação em menor grau, como no nível de gênero e espécie,
não se pode afirmar que os táxons registrados sejam indicadores de ambientes preservados
nem de alterados. Um trabalho utilizando um nível taxônommico mais específico se faz
necesário para uma conclusão mais precisa.
O uso de solo nas regiões estudadas é composto basicamente por agropecuária e
embora a presença de animais nos locais seja grande, foi baixa a presença de indivíduos da
família Chironomidae e da ordem dos Oligochaetas (6,29%), que são detritívoros e indicam
um ambiente rico em matéria orgânica (GOULART e CALLISTO, 2003). O manancial com
maior representatividade destes indivíduos foi Senador Canedo com 10,8%, seguido de
Abadia de Goiás (6,8%) e Aparecida de Goiânia (6,0%). Aragoiânia com 4,5% aparece com o
menor número de indivíduos de Chironomidae e Oligochaetas.
Com a grande presença de famílias das ordens EPT em comparação com
indivíduos da família Chironomidae e da ordem dos Oligochaeta a conclusão que podia-se
chegar era de que a qualidade ambiental dos locais de estudo é íntegra. No entanto, é
importante resaltar que a grande abundância de EPT se deu muito pela elevada quantidade de
indivíduos da família Baetidae, que não necessariamente é um bom indicador de ambiente
preservado (SOUZA et al., 2011), possuindo espécies menos sensíveis.
Outra questão a se levantar é a de que o índice utilizado neste estudo não foi
satisfatório. A explicação para tal fato pode ser o fato deste utilizar apenas o nível de família
em suas análises, enquanto algumas espécies, dentro de famílias indicadoras de ambientes
integros, são encontradas também em ambientes degradados, como já citado anteriormente.
45

3.6 Correlação entre parâmetros físico-quimicos e comunidade bentônica

As caracterizações ambientais dos usos do solo nas regiões dos pontos de coleta
foram refletidas nas análises físico-químicas que estão apresentadas, por período de coleta
(chuva e seca) e por cidade estudada (Figura 16).

Figura 16. Resultados dos valores médios e desvio padrão para os parâmetros abióticos dos mananciais de
abastecimento das cidades de Senador Canedo, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia e Abadia de Goiás nos
períodos chuvoso e de seca.
46

Ao comparar os valores dos parâmetros encontrados com os padrões estabelecidos


pela Resolução nº 357 do CONAMA (2005), que indica classificações aos corpos d’água,
todos os mananciais, analisando-se pH, nitrogênio e sólidos totais, tiveram valores
condizentes com a classe 1.
Ao se verificar o oxigênio dissolvido (OD), o manancial que abastece Senador
Canedo, tanto no período de seca quanto de chuva, apresentou valores enquadrantes também
na classe 1, assim como Aparecida de Goiânia na estação chuvosa, já que no período de
estiagem, o Ribeirão das Lajes apresentou valores condizentes a classe 2, com valor abaixo de
5 mg/L. Situação parecida aconteceu em Aragoiânia, enquanto no período chuvoso o valor de
oxigênio dissolvido foi compatível com o da classe 1, na estação seca o valor médio de 4,69
mg/L foi compatível com a classe 3.
A situação mais crítica, considerando a quantidade de oxigênio dissolvido por
litro de água, foi verificada no manancial que abastece Abadia de Goiás, já que durante o
período chuvoso o manancial apresentou valores condizentes a classe 2 e durante a seca, os
valores encontrados foram compatíveis com aqueles da classe 4. Este resultado pode ter sido
consequência de um despejo de restos de animais na margem do manancial no período entre a
primeira e a segunda coleta durante o período de seca, tendo o durado até a última coleta. A
grande quantidade de matéria orgânica consequentemente alterou a quantidade de oxigênio
dissolvido.
As variações no pH entre os períodos de chuva e seca foram baixas em todos os
mananciais estudados, sendo que em Senador Canedo e Aragoiânia ele diminuiu da chuva
para a seca, enquanto nos mananciais de Abadia de Goiás e Aparecida de Goiânia o pH
aumentou com a estiagem pluviométrica. Segundo Rosa (2011) o pH neutro variando
levemente para ácido, é característico das águas do Cerrado e Carvalho et al. (2000) diz que a
lavagem do solo e o carreamento de sedimentos presentes nos leitos dos mananciais nos
períodos chuvosos podem diminuir a acidez da água, ou seja, aumentar o pH, como nos casos
de Senador Canedo e Aragoiânia.
Como possuem uma maior mata ciliar à montande dos pontos de coleta, como dito
anteriormente, a presença de folhas e matéria orgânica se acumulam no solo e água durante o
período de seca pela característica de semidesciduidade da vegetação do Cerrado, estas na
água entram em decomposição produzindo ácidos húmicos fúlvicos que diminuem o pH.
Segundo Esteves (1998) no período de seca existe uma maior concentração de
íons H+ advindos da dissociação do dióxido de carbono eliminado na decomposição da
matéria orgânica concentrada. Como em Abadia de Goiás e Aparecida de Goiânia a presença
47

de vegetação ciliar é menor e o escoamento superficial no entorno do manancial é maior, o


acúmulo de matéria orgânica é abaixo do apresentado pelos outros dois mananciais, o que
sugere a diferença entre os períodos quando comparadas as quatro regiões de amostragens.
Os valores de condutividade não foram indicativos de poluição, já que não
apresentaram valores acima de 100 µS/cm, que indica ambiente com nível elevado de impacto
ambiental (CETESB, 2010), porém apresentaram os maiores valores nas cidades de Senador
Canedo e Abadia de Goiás, com destaque para a primeira, e embora nenhum tenha
apresentado um valor acima de, valores altos de condutividade indicam uma maior
concentração de poluentes (SANTOS, 2014). Em Senador Canedo pelo que já foi verificado
em relação ao pH, o acúmulo de folhas provenientes da mata ciliar à montante dos pontos de
coleta, assim como a presença de bovinos diretamente nestes locais, pode ter sido o fator
determinante destes valores, já que o constante pisoteio e o acúmulo de fezes e material
vegetal na água contribuí para uma maior condutividade.
Os altos níveis de oxigênio dissolvido (OD) podem ser fruto de cursos d’água
com correnteza rápida e embora a quantidade de nitrogênio, provavelmente advindo de
contaminações externas tenha sido alta, o balanço entre estes dois parâmetros condicionou
ambientes com alta diversidade de organismos aquáticos.
Variações na concentração do oxigênio dissolvido pode revelar uma excelente
medida de estado trófico daquele ambiente (HORNE & GOLDMAN, 1994) e caso este esteja
em baixa proporção em relação ao nitrogênio, aumenta-se a toxicidade de muitos elementos
químicos tornando-os mais solúveis, assim como os metais (BALLS et al., 1996)
selecionando organismos menos susceptíveis a alterações. O nitrogênio pode entrar no
sistema aquático de diversas formas, sendo principalmente pelo aporte de matéria orgânica
advindos dos ambientes terrestres.
Assim como o nitrogênio, os sólidos totais dissolvidos são carreados para os
cursos d’água de várias formas, como verificado por Saraiva (2003) que encontrou resultados
elevados destes dois parâmetros em efluentes. Nos locais estudados não foi detectado
nenhuma chegada de efluentes à montante dos pontos de coleta, portanto a principal forma de
contaminação dos manancias deve ter sido pela presença elevada de bovinos em contato com
a água e o carreamento de sedimentos pela pouca presença de mata ciliar, principalmente nos
municípios de Aparecida de Goiânia e Abadia de Goiás.
A temperatura variou muito pouco durante o estudo (7ºC), tendo a mínima sido
aferida em Senador Canedo durante a primeira coleta do período de seca (18,7ºC) e o maior
valor em Abadia de Goiás na última coleta, também no período de seca (25,9ºC). Os dois
48

mananciais que apresentaram a maior variação de temperatura da água entre os períodos de


chuva e seca foram Senador Canedo e Aragoiânia, e o fato que pode explicar isso é
justamente a presença maior de mata ciliar à montante dos pontos de coleta, apresentando
uma maior variação no ambiente, tendo mais folhas nas árvores durante o período chuvoso e
menos no período seco, variando o sombreamento do curso d’água. Em Aparecida de Goiânia
e Abadia de Goiás, tanto no período chuvoso quanto no seco, o sombreamento é o mesmo,
sendo portanto a variação baixa da temperatura consequência da variação desta no ambiente
externo.
Ao verificar os valores da vazão (Figura 17), estes seguiram o padrão esperado de
aumento durante o período chuvoso. Porém, assim como afirmado por Santos (2014), o
método de flutuadores não é preciso e estima vazões acima do que quando esta é aferida com
equipamentos mais eficientes. O método em si já limita o trabalho do pesquisador quanto a
necessidade de secções mais retilíneas nos trechos estudados, algo que algumas vezes se torna
dificil, assim como profundidades uniformes e declividades constantes nos trechos (CETESB,
2011).

Figura 17. Vazões médias nos mananciais de abastecimento das cidades de Senador
Canedo, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia e Abadia de Goiás, durante as coletas
nos períodos de chuva e seca.

A vazão, como era de se esperar, foi maior no período chuvoso. O manancial que
apresentou menores variações na vazão com a chegada das chuvas foi o de Senador Canedo
por apresentar uma mata ciliar maior e mais conservada à montante dos pontos de coleta. Já
em Aparecida de Goiânia a diferença de vazão foi muito grande entre o período seco e
chuvoso, demonstrando que a baixa presença de vegetação marginal e a profundidade do
encaixe do curso d’água influenciam diretamente neste quesito. Outro fator influente na vazão
é a declividade da bacia. Sendo assim foi verificado, em um trecho de cerca de 2,0 Km até os
49

pontos de amostragem, que Senador Canedo possui a menor declividade média, com 1,5%,
seguido por Abadia de Goiás com uma declividade média de 1,8%, Aragoiânia (2,0%), e
Aparecida de Goiânia (2,3%).
O Estado de Goiás e, consequentemente a região onde foi realizado o estudo,
possui uma sazonalidade definida, estando no Cerrado, com chuvas que começam em meados
de setembro, tem seu pico em dezembro e diminui nos meses de março e abril, sendo um
verão chuvoso e um inverno seco (YOKOYAMA et al., 2012). Os dados de precipitação
mensal (Figura 18) para o período amostrado corroboram essa sazonalidade e demonstram
que o regime de distribuição das chuvas durante o período de estudo pode ser considerado
típico para a região.

Figura 18. Precipitação entre os meses de Julho de 2013 e Setembro de 2014 na região
metropolitana de Goiânia (INMET, 2015).

A distribuição e diversidade da fauna estão diretamente condicionadas a fatores


abióticos, tais como temperatura, luminosidade, oxigênio, entrada de material alóctone,
sedimentos e vazão (TOMAS & BINI, 2003; CARVALHO & UIEDA, 2004; TOWSED, et
al., 2006). A vazão não teve correlação significativa com nenhum parâmetro ecológico
(riqueza e abundância), mas a sazonalidade pode afetar uma população aquática também na
alteração das condições físico-químicas, e tais resultados podem ser observados quando
correlacionados.
Em Senador Canedo o pH teve correlação negativa significativa em relação a
riqueza (r= -0,10; p= 0,01), ou seja, enquanto o pH subia o número de táxons de
macroinvertebrados diminuía. Em Aparecida de Goiânia abundância teve correlação negativa
significativa com OD (r= -0,008; p= 0,01), pH (r= -0,16; p= 0,004) e nitrogênio total (r= -
50

0,154; p=0,001), enquanto a riqueza apresentou correlação negativa com o pH (r= -0,06;
p=0,02).
Em Aragoiânia a abundância teve correlação negativa significativa com os sólidos
totais (r= -0,21; p=0,01) enquanto a riqueza teve correlação negativa significativa com a
temperatura (r= -0,27; p= 0,03). Abadia de Goiás teve a abundância influenciada
negativamente pelo pH (r= -0,18; p= 0,01), pelos sólidos totais (r= -0,06; p= 0,02), pelo
nitrogênio total (r= -0,23; p= 0,02) e positivamente pela condutividade (r= 0,037; p= 0,039),
enquanto a riqueza apresentou correlação negativa significativa com os sólidos totais (r= -
0,06; p= 0,02).
Segundo Couceiro et al. (2007) variações de pH na água determinam diferentes
composições na população de macroinvertebrados e em Senador Canedo, Aparecida de
Goiânia e Abadia de goiás, esta influenciou negativamente a abundância de índivíduos. Os
valores foram significativos (p<0,05) porém as correlações foram baixas, não ultrapassando -
0,27. O pH é alterado pela temperatura que foi um fator de influência negativa apenas para a
riqueza em Aragoiânia. Segundo Haidekker & Hering (2008) estes parâmetro são fatores
determinantes no ciclo de vida dos macroinvertebrados (desenvolvimento embrionário,
crescimento de ninfas e metabolismo) além de ser alterada e refletir os impactos sobre os usos
do solo as margens dos corpos hídricos.
O nitrogênio total teve relação negativa significativa com a abundância de Abadia
de Goiás e Aparecida de Goiânia. Este composto pode influenciar consideravelmente a
estrutura e composição das comunidades de macroinvertebrados aquáticos (SMITH, BODE E
KLEPPEL, 2007). Já o oxigênio dissolvido, que é fundamental para toda a biota (FULAN,
HENRY & DAVANSO, 2012), afetando as densidades dos macroinvertebrados (SATO &
RIDDIFORD, 2007; TULLOS & NEUMANN, 2006), teve correlação negativa com a riqueza
nestes mesmos mananciais. Segundo Corbet (1999), estudando Odonatas, o oxigênio
dissolvido exerce um papel fundamental na distribuição de larvas de macroinvertebrados
bentônicos.
Como já citado anteriormente, Aparecida de Goiânia e Abadia de Goiás
apresentam os dois mananciais com menores matas ciliares, em grande parte da área de
estudo, tendo então uma entrada de matéria alóctone maior, tornando assim estes dois
parâmetros bastante influentes na caracterização da comunidade já que alguns organismos são
sensíveis à poluição, e o nitrogênio é tóxico para diversos organismos, enquanto o oxigênio é
fator decisivo na manutenção de táxons sensíveis. Senador Canedo e Aragoiânia não
51

demonstraram qualquer relação da riqueza e abundância dos macroinvertebrados com estes


parâmetros.
Já a condutividade teve relação positiva significativa apenas com a abundância em
Abadia de Goiás. Thomazi et al. (2008), analisaram a sucessão ecológica sazonal de
macroinvertebrados bentônicos em diferentes tipos de atratores artificiais no Espírito Santo e
verificaram como resultados que a condutividade elétrica no período de chuva foi o único
parâmetro a apresentar correlação significativa com a abundância da comunidade local e que
os valores de riqueza e abundância do período de chuva foram menores que no período de
seca.
O aumento das chuvas causa alterações químicas na água e na quantidade de
sedimento, alterando a qualidade do hábitat (RIBEIRO & UIEDA, 2005). A explicação por
este resultado em Abadia de Goiás é pela susceptibilidade que o manancial ali presente tem
pelas alterações do ambiente externo, sem proteção florestal.
Segundo Honorato & Pelli (2011) e Souto et al. (2011), os valores de
condutividade estão relacionados com a quantidade de material carreado nas chuvas, e
maiores condutividades refletem indiretamente em uma maior concentração de poluentes. Em
Abadia de Goiás é clara a interferência da região de solo no entorno do curso d’água. Embora
tenha tido esta correlação positiva, apenas valores acima de 100 μS/cm indicam ambientes
impactados (CETESB, 2010), e em nenhum dos mananciais estudados os valores
ultrapassaram 58 μS/cm. A soma de todas as coletas em todos os mananciais obteve uma
média de 25 μS/cm.
O parâmetro de sólidos totais foi significantemente correlacionado com as
abundâncias em Aragoiânia e Abadia de Goiás. Este é outro fator que advem da entrada de
material alóctone no ambiente aquático. Nota-se claramente que o manancial que abastece
Abadia de Goiás teve sua população de macroinvertebrados mais afetada pela variação dos
parametros físicos e químicos.
Não houve qualquer correlação positiva significativa entre os parametros físico-
químicos e a comunidade de macroinvertebrados aquáticos neste trabalho. Embora tenha sido
apresentadas várias correlações negativas significativas, estas tiveram valores muito baixos,
indicando uma influência pequena nos valores finais de abundância e riqueza.
52

4. CONCLUSÕES

Levando em consideração o Indice utilizado, os manancias apresentaram uma


qualidade de água boa, tendo a presença maçante de táxons sensíveis a distúrbios e
diversidade alta, porém nota-se claramente os problemas que existem nas regiões, como a
criação de gado e pouca vegetação ciliar, principalmente na região de coleta.
Os mananciais em geral apresentaram valores de diversidade semelhantes, tendo
alta similaridade entre eles, principalmente em relação aos micro-habitats dos rios e uso do
solo realizado nas suas margens. Foi importante ver também relevância em se manter uma
maior heterogeneidade de micro-habitats, já que, por mais que a vegetação tenha apresentado
mais abundância e riqueza, a areia apresentou maior diversidade e melhor equitabilidade em
dois mananciais. Como algumas famílias, como a Baetidade, tiveram abundância grande em
quase todas as amostragens, a equitabilidade foi mais baixa.
A composição trófica foi semelhante a outros estudos que seguem a mesma linha
de pesquisa, tendo os coletores-catadores como sua maioria, seguidos pelos predadores. A
vazão apresentou correlação negativa com a riqueza apenas em Senador Canedo, e indica que
nos outros mananciais a sazonalidade não tenha sido um fator que tenha alterado
significativamente a diversidade e equitabilidade.
As análises mostram que, apesar da presença de bovinos nas áreas dos mananciais
de abastecimento público e a pouca vegetação ciliar nas margens dos rios, a qualidade da água
é considerada boa quando se leva em consideração a comunidade de macroinvertebrados
aquáticos e os parâmetros físico-químicos analisados. Porém o protocolo de avaliação de
integridade ambiental considera os ambientes estudados como alterados, sendo portanto
necessário tomar medidas de maior proteção, nas margens, como recomposição florestal e
cercamento para evitar entrada de animais domésticos.
Ao se analisar os parâmetros físico-químicos, os mananciais atendem a maioria
dos valores para águas doces classe II conforme a resolução CONAMA 357 (2005) para o
abastecimento urbano. O período chuvoso alterou drasticamente apenas a abundância de
indivíduos no manancial de Aparecida de Goiânia, enquanto nos outros estudados a diferença
foi menos evidente, apesar de em Abadia de Goiás e Aragoiânia terem invertido o período de
maior abundância para o chuvoso.
Houve resultados discrepantes entre os encontrados com o protocolo e os gerados
pela análise do IMB. Isso pode ser devido as diferenças metodológicas envolvidas em cada
53

uma das análises já que, o protocolo pode ser um pouco subjetivo em alguns aspectos e o
índice é mais específico em relação as métricas ecológicas da comunidade.
Outro fato que deve ser levado em consideração é que houve uma grande
proporção de indivíduos da família Baetidae nesse trabalho o que pode ter colaborado para os
altos valores encontrados no índice, mas não necessariamente pode refletir o grau de
preservação dos mananciais. Como nesse trabalho, os indivíduos não foram identificados em
nível específico, não se pode afirmar que esse taxon reflita boas condições ambientais na área.
Dessa forma, sugere-se o estudo futuro desses mananciais identificando-se os indíviduos em
níveis taxonômicos mais refinados para poderem ser feitas correlações mais finas entre a
composição da comunidade de macroinvertebrados e os parâmetros físico-químicos e
ambientais das áreas amostradas.

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