Você está na página 1de 83

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas


Curso de Engenharia Civil

PRODUÇÃO DE BIOGÁS POR MEIO DA CODIGESTÃO DE


RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS EM REATOR
ANAERÓBIO

Andrew Davis Ja Xuen Zhu

Cascavel
2022/Ano Letivo 2021
Andrew Davis Ja Xuen Zhu

PRODUÇÃO DE BIOGÁS POR MEIO DA CODIGESTÃO


DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS EM REATOR
ANAERÓBIO

Trabalho apresentado ao Curso de Engenharia Civil da


Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil

Prof.ª Jackeline Tatiane Gotardo

Cascavel
2022/Ano Letivo 2021
A minha mãe Elaine Raquel Aguiar,
Dedico
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu pai Zhu Wei pela dedicação, incentivo, suporte, oportunidades oferecidas,
por seu meu pilar. Às minhas irmãs Alycia e Sophia e à minha madrasta Luciana pelo apoio e
carinho, por estarem presentes quando precisei.

À minha avó Terezinha por todos os cuidados, pelos ensinamentos, pela compreensão e por
tanto amor.

À minha melhor amiga, minha namorada, minha companheira, Danielle Sayuri, por toda
presença e ajuda principalmente na reta final, por deixar tudo mais leve, por me incentivar, pelo
carinho e por todo o amor.

Agradeço a Prof. Dra. Jackeline Tatiane Gotardo por aceitar ser minha orientadora, pela
disponibilidade, paciência e compreensão, pelo conhecimento compartilhado, por todo auxílio,
contribuição e amizade.

Aos amigos que foram importantes durante a graduação, em especial Lucas e Cleiton, pelo
incentivo e apoio. Também, ao Felipe, Cirilo e Luiz pela amizade e pelos momentos de
descontração. Ao Caio, Victor e Natalia por me ouvirem quando precisei e por toda amizade.

Agradeço aos professores que aceitaram ser minha banca examinadora, Prof. Dra. Simone
Damasceno Gomes e o Prof. Dr. Benedito Martins Gomes pela contribuição e aperfeiçoamento
deste trabalho.

Ao Prof. Edmar André Bellorini, meu antigo orientador de monitoria, pelas conversas e pelo
tempo.

Ao Luís Carlos Ribeiro, pelas conversas e por todo auxílio.

Às colegas de laboratório Luana e Aruani por deixarem os dias mais tranquilos e aos técnicos
Edison Barbosa da Cunha e Euro Kava Kailer por todo auxílio.
Sua tarefa é descobrir o seu trabalho, e, então,
com todo o coração, dedicar-se a ele.
Budha
RESUMO

ZHU, A. D. J. X. Produção de biogás por meio da codigestão de resíduos agroindustriais


em reator anaeróbio. 2022. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2022.

As agroindústrias têm expandido a produção nos últimos anos, acarretando num aumento
significativo na geração de resíduos do processo agroindustrial. A codigestão anaeróbia se
destaca como uma técnica promissora de tratamento de resíduos, promovendo uma otimização
do processo maximizando a produção de biogás, fonte de energia renovável para a
agroindústria. Este estudo teve o objetivo de avaliar a eficiência da produção de biogás por
meio da codigestão anaeróbia da água residuária de fecularia em associação com glicerol
proveniente da produção de biodiesel. O experimento foi composto por dois modelos de
reatores anaeróbios, sendo um destes em batelada e o outro, reator contínuo de leito fixo e fluxo
ascendente, preenchido com meio suporte em PEAD. O modelo em batelada consistiu na
quantificação da produção de biogás em experimento em triplicata, dos quais três reatores (30
dias de tempo de incubação) e dois reatores destrutivos (abertos no 7º e 14º dia), com objetivo
de avaliar a remoção de matéria orgânica e a estabilidade do processo. No reator contínuo de
leito fixo averiguou-se a produção de biogás e remoção da matéria orgânica, com um Tempo
de Detenção Hidráulica (TDH) de 12 horas; completando 20 TDH em 10 dias de experimento.
A codigestão anaeróbia demonstrou a otimização do processo metabólico de digestão anaeróbia
pela utilização de dois substratos associados. Pôde-se avaliar a eficiência de remoção de matéria
orgânica e a produção de biogás nas duas conduções experimentais utilizando um teor de
glicerol de 2,0% e verificou-se a viabilidade da associação dos dois substratos.

Palavras-Chave: Glicerol. Metano. Hidrogênio. Codigestão Anaeróbia. Carga Orgânica.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fases da digestão anaeróbia. ..................................................................................... 18


Figura 2: Maiores produtores de biocombustíveis em toneladas no ano de 2018. ................... 20
Figura 3: Localização do ponto de coleta de água residuária no processo produtivo. ............. 24
Figura 4: Modelo do aparato experimental em batelada. ......................................................... 26
Figura 5: Modelo do reator anaeróbio em batelada utilizado. .................................................. 26
Figura 6: Meio suporte utilizado – MBBRing 168 26 8 LIGHT. ............................................. 27
Figura 7. Modelo do aparato experimental contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. ............ 28
Figura 8: Aparato experimental contínuo de leito fixo e fluxo ascendente utilizado. .............. 29
Figura 9: Produção bruta de biogás dos reatores anaeróbios em batelada. .............................. 35
Figura 10: Produção real de biogás dos reatores anaeróbios em batelada. ............................... 36
Figura 11: Biogás produzido e DQO consumida ao longo de 20 dias de experimento do reator
anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. ............................................................... 37
Figura 12: Estabilidade do processo em termos de AV/AT, AI/AP e pH dos reatores anaeróbios
em batelada. .............................................................................................................................. 38
Figura 13: Estabilidade do processo em termos de AV/AT e pH do reator anaeróbio contínuo
de leito fixo e fluxo ascendente. ............................................................................................... 39
Figura 14: Produção de biogás dos reatores anaeróbios em batelada e a composição em termos
de concentração de CH4 e CO2 do gás. ..................................................................................... 41
Figura 15: Produção de biogás do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente e
a composição em termos de concentração de H2, CH4 e CO2 do gás. ...................................... 41
Figura 16: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea centrifugada dos reatores
anaeróbios em batelada. ............................................................................................................ 43
Figura 17: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea centrifugada do reator
anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. ............................................................... 44
Figura 18: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea bruta do reator anaeróbio
contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. ................................................................................ 45
Figura 19: Caracterização do biogás do reator em batelada R1 no 14º dia. ............................. 54
Figura 20: Caracterização do biogás do reator em batelada R1 no 21º dia. ............................. 55
Figura 21: Caracterização do biogás do reator em batelada R1 no 28º dia. ............................. 56
Figura 22: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 7º dia. ............................... 57
Figura 23: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 14º dia. ............................. 58
Figura 24: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 21º dia. ............................. 59
Figura 25: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 28º dia. ............................. 60
Figura 26: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 7º dia. ............................... 61
Figura 27: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 14º dia. ............................. 62
Figura 28: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 21º dia. ............................. 63
Figura 29: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 28º dia. ............................. 64
Figura 30: Caracterização do biogás do reator em batelada R5 dia único. .............................. 65
Figura 31: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 1. ......................... 66
Figura 32: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 2. ......................... 67
Figura 33: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 3. ......................... 68
Figura 34: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 4. ......................... 69
Figura 35: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 5. ......................... 70
Figura 36: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 6. ......................... 71
Figura 37: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 7. ......................... 72
Figura 38: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 8. ......................... 73
Figura 39: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 9. ......................... 74
Figura 40: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 10. ....................... 75
Figura 41: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 11. ....................... 76
Figura 42: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 13. ....................... 77
Figura 43: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 14. ....................... 78
Figura 44: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 15. ....................... 79
Figura 45: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 16. ....................... 80
Figura 46: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 18. ....................... 81
Figura 47: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 19. ....................... 82
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização Físico-Química do Glicerol. ............................................................ 21


Tabela 2: Caracterização Físico-Química da ARF. .................................................................. 21
Tabela 3: Parâmetros de análise físico-química dos substratos ARF e glicerol. ...................... 24
Tabela 4: Características técnicas do reator anaeróbio em batelada. ....................................... 25
Tabela 5: Características técnicas do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.
.................................................................................................................................................. 27
Tabela 6: Condições em termos de concentração de glicerol e tempo de operação do reator
anaeróbio em batelada e do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. ........ 30
Tabela 7: Periodicidade da realização das análises físico-químicas nos reatores anaeróbios em
batelada e no reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. ................................................ 31
Tabela 8: Tempo de Detenção Hidráulica para diferentes configurações de reatores anaeróbios
contínuos de leito fixo e fluxo contínuo em termos de substrato e biogás produzido.............. 34
Tabela 9: Carga orgânica volumétrica dos 20 Tempos de Detenção Hidráulica do reator de fluxo
contínuo. ................................................................................................................................... 34
Tabela 10: Comparativo da produção de biogás das duas conduções de reatores estudadas. .. 38
Tabela 11: Comparativo da concentração de hidrogênio, metano e dióxido de carbono do biogás
nas duas conduções de reatores estudadas. ............................................................................... 42
Tabela 12: Remoção de Sólidos do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente
em porcentagem. ....................................................................................................................... 46
Tabela 13: Remoção de Sólidos do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente
em gramas. ................................................................................................................................ 46
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 14
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 14
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 15
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 16
4.1 Digestão Anaeróbia.................................................................................................... 16
4.1.1 Hidrólise ............................................................................................................. 16
4.1.2 Acidogênese........................................................................................................ 17
4.1.3 Acetogênese ........................................................................................................ 17
4.1.4 Metanogênese ..................................................................................................... 17
4.2 Codigestão Anaeróbia ................................................................................................ 19
4.3 Glicerol ...................................................................................................................... 20
4.4 Água Residuária de Fecularia .................................................................................... 21
5 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 23
5.1 Localização do Experimento e Coleta de Efluente .................................................... 23
5.2 Caracterização Físico-Químico.................................................................................. 24
5.3 Condução do Experimento......................................................................................... 25
5.3.1 Reator em batelada ............................................................................................. 25
5.3.2 Reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente ............................................... 27
5.4 Condições Experimentais .......................................................................................... 30
5.5 Monitoramento e Análise do Biogás ......................................................................... 31
5.5.1 Monitoramento do processo ............................................................................... 31
5.5.2 Análise do biogás produzido .............................................................................. 31
5.6 Startup e Aclimatação do Reator de Leito Fixo e Fluxo Contínuo............................ 32
5.7 Tempo de Detenção Hidráulica e Carga Orgânica Volumétrica ............................... 33
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 35
6.1 Produção de Biogás ................................................................................................... 35
6.1.1 Produção de biogás dos reatores anaeróbios em batelada .................................. 35
6.1.2 Produção de biogás do reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente ........... 36
6.1.3 Produção de biogás entre as duas conduções de experimento............................ 37
6.2 Estabilidade do Processo e Comportamento do pH ................................................... 38
6.2.1 Estabilidade do processo e pH dos reatores em batelada ................................... 38
6.2.2 Estabilidade do processo e pH do reator contínuo de fluxo ascendente ............. 39
6.3 Composição do Biogás .............................................................................................. 40
6.3.1 Composição do biogás dos reatores em batelada ............................................... 41
6.3.2 Composição do biogás do reator contínuo de fluxo ascendente ......................... 41
6.3.3 Composição de biogás entre as duas conduções de experimento ....................... 42
6.4 Remoção da Matéria Orgânica Carbonácea ............................................................... 43
6.4.1 Remoção da matéria orgânica carbonácea dos reatores em batelada ................. 43
6.4.2 Remoção da matéria orgânica carbonácea do reator contínuo de fluxo
ascendente.. ....................................................................................................................... 44
6.5 Remoção de Sólidos................................................................................................... 45
7 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 47
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 48
APÊNDICES ............................................................................................................................ 53
APÊNDICE A Gráficos da Composição do Biogás Produzido nos Reatores Anaeróbios em
Batelada .................................................................................................................................... 54
APÊNDICE B Gráficos da Caracterização do Biogás Produzido do Reator Anaeróbio Contínuo
de Leito Fixo e Fluxo Ascendente ............................................................................................ 66
12

1 INTRODUÇÃO

No ano de 2020, o agronegócio contribuiu em 24,31% do Produto Interno Bruto – PIB


brasileiro encerrando o ano com quase 2 trilhões de reais, estudo realizado pelo Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No ano de 2021 o PIB do
agronegócio brasileiro atingiu uma taxa positiva de variação acumulada no período de janeiro
a setembro de 10,79%, demonstrando um crescimento em relação ao ano anterior (CEPEA,
2021). Assim, tem-se um importante destaque para as agroindústrias na produção nacional,
visto a grande participação no PIB. Contudo esse grande volume produzido resulta num
aumento na geração de resíduos que necessitam ter um destino adequado visando a
sustentabilidade do meio ambiente.
A mandioca como importante produto do agronegócio, além de poder consumi-la de
diversas maneiras utilizando-a após descascada e limpa como produto in natura, também pode-
se utilizá-la na indústria alimentícia produzindo farinhas, tapiocas, massa e outros. Um de seus
derivados é a fécula de mandioca, conhecida também como goma ou polvilho doce, pode ser
descrita como um pó fino de cor branca, sem cheiro e sem sabor, podendo ter variados usos.
O Estado do Paraná detém 70% da produção de fécula de mandioca do Brasil, dado
disponível no site do Governo do Estado do Paraná, sendo o processamento da mandioca para
extração do amido uma atividade que gera de 5 a 7 m³ de resíduos líquidos por tonelada de raiz
processada, o que acarreta a necessidade de um sistema de tratamento adequado.
Uma das principais vantagens da indústria de fécula e farinha de mandioca é a
autossuficiência. A raiz após chegar da lavoura passa por uma série de lavagens e é descascada,
está pronta para ser processada. A água da lavagem e a casca da raiz podem ser utilizadas para
a produção de biogás, utilizado como combustível para caldeiras das indústrias, contribuindo
para a redução do consumo de energia elétrica (PARANÁ, 2020).
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais junto às empresas atuantes
nas atividades de processamento de oleaginosas, como a soja, realizam um levantamento
mensal dos volumes de produção e entrega de biodiesel no Brasil. No ano de 2021 a produção
de biodiesel no país chegou a 6,2 milhões de metros cúbicos, demonstrando um aumento de
mais de 100% desde o ano de 2014. Tendo em vista que o uso desse novo combustível está em
13

ascensão e é previsto um crescimento de seu consumo, tem-se o aumento na geração do resíduo


glicerol, sendo um dos resíduos provenientes da produção deste combustível.
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel também se destaca na inclusão
do biodiesel na matriz energética brasileira, fixando um percentual mínimo obrigatório de
biodiesel ao óleo diesel de origem fóssil, sendo antes de 12% para 13%, a Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), permite elevar esse percentual para até 15%
até 2023 (Resolução 16, de 2018, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)). Com
essa alta produção necessita-se de estudos para o aproveitamento e otimização do uso do
glicerol, visando tornar mais sustentável e viável economicamente este subproduto.
Na Revista Pesquisa Fapesp um professor engenheiro químico do Instituto de Ciência
e Tecnologia de Alimentos da UFRGS, pesquisador do substrato glicerol, cita que em um dos
estágios de sua pesquisa foi identificado que determinados agentes biológicos eram capazes de
metabolizarem o glicerol residual. Dessa forma, com seu trabalho, por meio da operação de
biorreatores com o cultivo de microrganismos, buscava a otimização dessa metabolização.
Por meio do exposto, visando aprofundar o estudo do processo da codigestão
utilizando estes resíduos como substratos, esta proposta de trabalho demonstra importância ao
acompanhar os processos de um reator anaeróbio de fluxo contínuo e um reator de batelada em
triplicata, de água residuária de fecularia em associação com glicerol para potencializar a
produção biogás e quantificar o metano e hidrogênio.
14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a produção de biogás, em reatores de fase única, em batelada e de fluxo


contínuo, por meio da codigestão de água residuária de fecularia em associação com glicerol.

2.2 Objetivos Específicos

a) Quantificar a produção de biogás no processo de codigestão em reator anaeróbio


de leito fixo operado de forma contínua e em batelada na condição experimental
de 2% de adição de glicerol;
b) Determinar o percentual de metano e hidrogênio presente no biogás;
c) Quantificar a remoção da matéria orgânica total (Demanda Química de Oxigênio
- DQO) do processo de codigestão anaeróbia de efluente de fecularia e glicerol;
d) Acompanhar os parâmetros indicadores da estabilidade do processo de codigestão
anaeróbia: alcalinidade total, alcalinidade parcial e ácidos graxos voláteis, na
entrada e saída do reator e ao longo do processo.
15

3 JUSTIFICATIVA

O fator inicial que motivou este trabalho parte do princípio de sustentabilidade e


formas de energias renováveis. Podendo aliar a redução da emissão de poluentes com a
possibilidade de utilizar resíduos para produzir energia limpa, torna este trabalho, que se iniciou
como um Projeto de Iniciação Científica, preenchedor de lacunas existentes na área de produção
de biogás e tratamento adequado de resíduos.
Na obtenção da fécula são gerados resíduos líquidos de descarte como a água de
lavagem das raízes e água da extração da fécula. A água residuária de fecularia (ARF) é um
líquido resultante da prensagem da mandioca para a extração e purificação da fécula que contém
ácido cianídrico, uma substância venenosa e nociva à humanos e animais (EMBRAPA, 2011).
Trata-se de um resíduo que quando lançado de maneira indiscriminada em cursos d’água, pode
causar sérios problemas ao meio ambiente. Contudo, este líquido apresenta um grande potencial
para ser incluso como substrato em atividades de digestão anaeróbia devido suas características
físico-químicas favoráveis.
Um dos coprodutos do biodiesel é o glicerol, comercialmente chamado de glicerina
que pode ser utilizada em variados setores de produtos, farmacêutico, têxtil, limpeza, tintas,
plásticos, entre outros. Observa-se um crescimento na exportação deste produto desde 2013,
tendo em 2020 exportado um total de 144 mil toneladas, apresentando um acréscimo de 17%
em relação ao ano anterior, e ainda, uma receita de 59,4 milhões de dólares, 8% a mais que em
2019 (EPE, 2021).
Sendo um resíduo com variados destinos e em abundância, pode ser obtido sem um
custo tão elevado e apresenta características positivas ao ser utilizado como substrato em
associação com a água residuária de fecularia. Portanto pesquisas laboratoriais buscam
determinar as melhores concentrações dos dois substratos associados para obter o melhor
potencial de produção de biogás, analisando ainda a remoção de matéria orgânica.
16

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Digestão Anaeróbia

A digestão anaeróbia é um processo biológico metabólico para transformar material


orgânico em dióxido de carbono e metano por meio da atividade conjunta de uma associação
de microrganismos na ausência de oxigênio (KUNZ et al., 2019). Uma série de fatores podem
afetar sua eficiência, que vão desde as condições ambientais e de operação do sistema, natureza
do substrato, até as características do biodigestor (SOARES et al., 2017).
De acordo com Alves (2016), a digestão anaeróbia é um fenômeno natural que permite
dar uma resposta adequada aos problemas de tratamento de resíduos orgânicos. Esse processo
vem apresentando um grande potencial para aplicação em indústrias geradoras destes resíduos,
em especial as alimentícias. Pela valorização de seus efluentes utilizando-os como fertilizantes
e na produção de biogás como energia sustentável e reduzindo emissão de compostos orgânicos
voláteis, é interessante para as próprias indústrias e viável financeiramente o tratamento.
Sendo possível converter variados tipos de resíduos orgânicos em biogás, obtendo-se
energia limpa a um custo relativamente baixo, vem sendo considerada uma tecnologia viável
(SUN et al., 2016), também, de acordo com Fonoll et al (2016), produzindo um efluente de
ótima qualidade de adubação, por estabilizar a matéria orgânica digerida.
Buscando a otimização do processo de digestão anaeróbia, visto que muitos fatores
influenciam diretamente em diferentes etapas de seu decorrer, tais como pH, temperatura,
alcalinidade, ácidos gordos voláteis, podem ser direcionados a realizar procedimentos de pré-
tratamento com a finalidade de encontrar parâmetros adequados para melhores resultados
(FIORE et al., 2016).
Segundo Chernicharo (2007) o a digestão anaeróbia, pode ser caracterizado por um
processo bioquímico complexo que requer condições específicas, o autor sugere que o processo
anaeróbio é composto por 4 etapas sucessivas e dispostas na Figura 1.

4.1.1 Hidrólise

Nesta primeira fase da digestão anaeróbia, as bactérias degradam compostos de alta


massa molecular em substâncias orgânicas mais simples e solúveis pela ação de enzimas
extracelulares excretadas pelas bactérias hidrolíticas. A etapa de hidrólise tem grande
17

importância na velocidade de degradação, sendo esta dependente da característica do substrato


envolvido, como pH, temperatura, podendo ser considerada como etapa limitante da velocidade
da digestão anaeróbia (KUNZ et al., 2019). Essas simplificações possibilitam a transformação
de proteínas em aminoácidos, carboidratos em açúcares solúveis e lipídios em ácidos graxos de
longas cadeias de carbono e glicerina (MARIANO, 2016).

4.1.2 Acidogênese

Após a fase de hidrólise os monômeros na hidrólise são utilizados como substratos por
diferentes bactérias anaeróbias, sendo degradados a ácidos orgânicos de cadeia curta. Os
carboidratos, como glicose, são degradados em piruvato. Ácidos graxos são degradados na
forma de acetato. Já aminoácidos são degradados em pares onde um aminoácido serve como
doador de elétron e outro como aceptor, essa reação resulta na formação de acetato, amônia,
dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio. A pressão parcial de hidrogênio durante o processo
afeta diretamente o estado de oxidação dos produtos, se for muito elevada, resultarão em
produtos com maior quantidade de carbono (KUNZ et al., 2019).

4.1.3 Acetogênese

Essa etapa da digestão anaeróbia é considerada crítica, realizada por um grupo de


bactérias denominadas acetogênicas. Elas são responsáveis pela oxidação de compostos
orgânicos intermediários, produzidos na acidogênese, convertendo-os em acetato, hidrogênio e
dióxido de carbono, substratos essenciais para a produção de metano. Cerca de 70% da matéria
orgânica digerida pelas bactérias acetanogênicas resultam em acetato, enquanto a menor parte
resulta em hidrogênio (KHANALL, 2011). As reações acetogênicas ocorrem somente se o
hidrogênio e o acetato forem mantidos em baixas concentrações, para tal fim, os micro-
organismos consumidores de acetato e hidrogênio devem estar em sinergia no processo
(MARIANO, 2016).

4.1.4 Metanogênese

Sendo a última fase da digestão anaeróbia em condições estritamente anaeróbias,


ocorrem reações exotérmicas e produzem metano e dióxido de carbono por meio do consumo
de acetato, o gás hidrogênio e o dióxido de carbono, sendo os substratos primários desta etapa.
O acetato é utilizado como fonte de energia e carbono por bactérias acetoclásticas (SOARES et
18

al., 2017). Já as arqueias metanogênicas hidrogenotróficas utilizam o gás carbônico como fonte
de carbono e são aceptoras de átomos de hidrogênio para fonte de energia (CHERNICHARO,
2007).

Figura 1: Fases da digestão anaeróbia.


(Fonte: Adaptado de CHERNICHARO, 2007).

De acordo com Soares et al. (2017), a digestão anaeróbia consiste na associação de


microrganismos em atividade, sendo o produto desta interação diante de condições controladas
de operação. Tendo a temperatura como fator importante aliada a ausência de oxigênio, este
fenômeno busca a conversão biológica de material orgânico complexo em compostos químicos
simplificados, dentro deles o metano.
19

4.2 Codigestão Anaeróbia

A codigestão anaeróbia surge como uma alternativa para resolver problemas em


situações em que um substrato possui uma deficiência em determinado composto ou possui
alguns inibidores que impedem uma boa produção do que se deseja realizar (MATA-
ALVAREZ et al., 2014). Assim, descreve-se este fenômeno como sendo a união entre dois ou
mais substratos de forma que suas propriedades se complementem e melhorem a estabilidade
do processo de digestão anaeróbia, com um substrato fornecendo nutrientes deficientes a outros,
permitindo uma maior produção de biogás e reduzindo mais matéria orgânica (TAKEDA,
2018).
Tendo em vista algumas limitações da digestão anaeróbia, o processo metabólico
utilizando apenas um substrato, a codigestão anaeróbia combinando dois ou mais substratos
supera estas limitações e busca trazer equilíbrio às quantidades de nutrientes presentes nos
substratos a serem trabalhados. Possibilitando um aumento da carga orgânica, mantendo o
equilíbrio do processo, também regulando a relação carbono/nitrogênio, resulta num aumento
na quantidade de metano a ser produzido e ainda reduz custos de tratamento de vários resíduos
(MATA-ALVAREZ et al., 2014).
Belle et al. (2015) explicita como a codigestão anaeróbia pode aumentar o potencial
de produção de biogás em 100-500% e reduzi-los em variados compostos simples de acordo
com as diferentes associações de substratos, objetivando buscar os melhores substratos para a
produção de biogás.
Na pesquisa que buscava entender metodologias para otimizar a composição de rações
para a codigestão de resíduos agroindustriais, Álvarez et al. (2010) expõem que o principal fator
para um processo codigestão anaeróbia satisfatório está no equilíbrio entre vários parâmetros
na mistura de cossubstratos: relação C/N, o nível de pH, macro e micronutrientes, matéria
orgânica biodegradável, matéria seca e compostos tóxicos.
Segundo Hagos et al. (2017), a adição de diferentes substratos ecologicamente corretos
de serem utilizados, podem melhorar o desempenho do sistema codigestão anaeróbia e sua
estabilidade. Visando a otimização do processo e a melhoria da produção de biogás, tem-se
muito espaço para investigar diferentes resíduos. Além disso, utilizando métodos de
caracterização de resíduos orgânicos e abordagens de simulação, podem auxiliar em processos
20

industriais e aproveitar a melhora da produção de biogás como fonte renovável, sendo uma
energia economicamente viável e menos poluidora em países em desenvolvimento.

4.3 Glicerol

O glicerol é o principal subproduto no processo de transesterificação de gorduras


animais e óleos vegetais, representa cerca de 10% de todo o volume de biodiesel produzido.
Tendo em vista o aumento da produção de biodiesel comercial, consequentemente o glicerol
também tem um acréscimo substancial como resíduo (MEHRPOOYA et al, 2020).
O Brasil foi o segundo maior produtor de biocombustíveis no mundo, ficando atrás
apenas dos Estados Unidos da América com equivalente a 21,4 milhões de toneladas no ano de
2018 como pode ser observado na Figura 2. (CHONG et al, 2020).

Figura 2: Maiores produtores de biocombustíveis em toneladas no ano de 2018.


(Fonte: Adaptado de CHONG, 2020).

Segundo Takeda et al. (2020) e pelas análises de dissertação de mestrado realizadas


por Bottega (2019), tem-se na Tabela 1 os dados de caracterização Físico-Química do Glicerol.
Este, é um dos resíduos gerados na produção de detergentes, sabões e de biodiesel, tendo como
o utilizado para estudo pelos autores citados os advindos da produção do biodiesel.
21

Tabela 1: Caracterização Físico-Química do Glicerol.


Parâmetro Glicerol Autor
DQO 1661 ± 80,1 TAKEDA et al. (2020)
[gO2.L-1] 1.773,08 ± 7,89 BOTTEGA (2019)
pH [u] 3,8 ± 0,06 BOTTEGA (2019)

Acidez Volátil
1.990,20 ± 32,22 BOTTEGA (2019)
[mc HAc.L-1]

Foi relatado que substratos com menores concentrações de nutrientes inibem a


produção de biogás em comparação com cargas orgânicas maiores, sendo mais propícias a
produzirem; por esta perspectiva, o glicerol é colocado como um substrato de condições
favoráveis para a codigestão anaeróbia (DAR et al., 2021).

4.4 Água Residuária de Fecularia

Utiliza-se a tese de doutorado de Andreani (2017), a dissertação de mestrado de


Devens (2019) e a tese de doutorado de Fleck (2016) como base, em que foi coletado o líquido
extraído da mandioca em indústrias da região Oeste do Paraná e caracterizados alguns
parâmetros. Esse líquido é gerado no processo de fabricação da farinha de mandioca, para a
extração de seu amido e reutilizadas na lavagem das raízes. Os dados de caracterização Físico-
Química da Água Residuária de Fecularia (ARF) estão dispostos na Tabela 2.

Tabela 2: Caracterização Físico-Química da ARF.


Parâmetro ARF Autor
11,4 ± 1,1 DEVENS (2019)
DQO
11,82 ± 3,93 ANDREANI (2017)
[gO2.L-1]
6,01 FLECK et al. (2017)
5,2 ± 0,4 DEVENS (2019)
pH [u] 4,9 ± 1 ANDREANI (2017)
4,02 FLECK et al. (2017)
6,64 ± 0,5 DEVENS (2019)
Sólidos Totais
8,84 ± 2,42 ANDREANI (2017)
[g.L-1]
6,58 FLECK et al. (2017)
5,33 ± 0,6 DEVENS (2019)
7,62 ± 2,01 ANDREANI (2017)
22

Sólidos Totais 5,15 FLECK et al. (2017)


Voláteis
[g.L-1]

Acidez Volátil
373,9 DEVENS (2019)
[mc HAc.L-1]

Carboidratos
6,43 ± 3,52 ANDREANI (2017)
Totais [g.L-1]

Cappelletti et al. (2011) citam que, o Brasil sendo o maior produtor de mandioca do
mundo, para obter-se amido e farinha é produzida cerca de 7 litros de água residuária por Kg
de mandioca processada. Possui elevadas cadeias de carboidratos na sua composição com 5-15
g.L-1 de Demanda Química de Oxigênio (DQO), o que o caracteriza como um poluente
importante caso não receba o devido tratamento. Assim, este efluente qualifica-se como um
bom substrato em processos biotecnológicos devido seu alto teor de matéria orgânica.
23

5 MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia consistiu no acompanhamento do processo de codigestão anaeróbia,


em reator de fase única em batelada e contínuo de leito fixo e fluxo ascendente. A eficiência do
processo pôde ser analisada em função da quantificação da produção do biogás. A codigestão
procedeu por meio de dois substratos, água residuária de fecularia e glicerol.

5.1 Localização do Experimento e Coleta de Efluente

As análises do experimento foram realizadas no Laboratório de Saneamento


Ambiental da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Campus Cascavel e o
aparato experimental foi instalado no Laboratório de Reatores Biológicos (LAREB) da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Campus Cascavel.
Foi realizada coleta de água residuária de fecularia para a alimentação dos reatores,
conforme Figura 3. Após a coleta, as amostras foram transportadas em temperatura ambiente
até o Laboratório de Saneamento Ambiental.
As amostras de glicerol bruta para o reator em batelada, caracterizadas em função da
DQO, pH e acidez, foram disponibilizadas por indústria de biodiesel localizada no Paraná, que
utiliza óleo vegetal e animal para a produção de biodiesel e para o reator contínuo de leito fixo
e fluxo ascendente, disponibilizadas pelo Laboratório de Tecnologias Sustentáveis, que utiliza
substrato vegetal.
24

Figura 3: Localização do ponto de coleta de água residuária no processo produtivo.

5.2 Caracterização Físico-Químico

O efluente de fecularia foi caracterizado em função dos parâmetros descritos na Tabela


3, já o glicerol caracterizado em função somente da DQO.

Tabela 3: Parâmetros de análise físico-química dos substratos ARF e glicerol.


Parâmetro Unidade Método Referência
25

pH - Potenciométrico APHA (2012) 4500-H+ B


Alcalinidade mgCaCO3.L-1 Titulométrico RIPLEY et al. (1986)
Ácidos voláteis mg.L-1 Titulométrico DILALLO et al. (1961)
Sólidos totais mg.L-1 Gravimétrico 2540 - B
Sólidos dissolvidos mg.L-1 Gravimétrico 2540 - C
Sólidos voláteis mg.L-1 Gravimétrico 2540 - D
Sólidos fixos mg.L-1 Gravimétrico 2540 - E
DQO mgO2.L-1 Espectrofotométrico APHA (2012) 5220 D

Antes de alimentar os reatores, a água residuária de coleta teve seu pH corrigido para
6,50 utilizando bicarbonato de sódio.

5.3 Condução do Experimento

O experimento consistiu no acompanhamento de dois modelos de reatores anaeróbios


sendo o primeiro de modelo em batelada e o segundo, contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.

5.3.1 Reator em batelada

O modelo experimental foi instalado no LAREB da UNIOESTE Cascavel e consistiu


em reatores anaeróbios em triplicata no modelo batelada, de fase única, com características
técnicas apontadas na Tabela 5, esquematizado na Figura 4 e ilustrado na Figura 5.
Os reatores denominados de R1, R2 e R3 consistiam em frascos de vidro de 1000 mL
fechados com septos de silicone, que impede a saída dos gases produzidos no interior do reator.

Tabela 4: Características técnicas do reator anaeróbio em batelada.


Material Vidro
Formato Cilíndrico
Diâmetro Interno 15 a 20mm
Headspace 750mL
Volume Total 1000mL
Volume Total Útil 250mL
Volume de Meio Suporte 25mL
Volume Útil Real 225mL
26

Figura 4: Modelo do aparato experimental em batelada.

Figura 5: Modelo do reator anaeróbio em batelada utilizado.

O headspace de reatores pode variar de 10% a 75%, dependendo do modelo utilizado,


sendo o primeiro aplicado em reatores de fluxo contínuo e reatores em batelada no laboratório,
segundo alguns pesquisadores quanto maior o headspace menor a periodicidade de purga dos
reatores. Neste estudo optou-se por um headspace de 75%.
Os reatores foram preenchidos com 10% do volume útil do reator com meio suporte,
que corresponde a peças de PEAD de formato circular, vazadas e corrugadas, contendo três
27

círculos concêntricos equidistantes e 18 raios, formando uma geometria semelhante a uma


colmeia, de nome comercial MBBRing 168 26 8 LIGHT, conforme Figura 6.

Figura 6: Meio suporte utilizado – MBBRing 168 26 8 LIGHT.

Manteve-se na faixa mesofílica na temperatura de 37ºC com variação inferior e


superior máxima de 2 ºC, portanto mantida entre 35 e 39 ºC. O processo esteve monitorado por
um termostato que ativa e desativa o aquecedor de ar dentro da câmara onde foram inseridos os
reatores. Em intervalos de um dia foram agitados com o objetivo de promover o contato entre
os microrganismos e os substratos.
Utilizou-se três reatores sob mesmas condições dos reatores principais, dois destes
denominados destrutivos, sendo abertos nos dias 7 e 14 (RD7 e RD14) para monitoramento da
estabilidade do processo em termos de acidez volátil, alcalinidade e remoção da DQO e o outro
denominado de reator branco com objetivo de servir como grupo controle.

5.3.2 Reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente

O sistema esteve em operação no LAREB da UNIOESTE Campus Cascavel e


constituiu-se de um reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente, com
características dispostas pela Tabela 6, esquematizado pela Figura 7 e ilustrado pela Figura 8.

Tabela 5: Características técnicas do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.
Material Acrílico
Formato Cilíndrico
Diâmetro Interno 90 mm
Altura Total 610 mm
Altura Útil 445 mm
Altura Câmara de Distribuição 85 mm
Altura HeadSpace Biogás 80 mm
Volume Total 3880 mL
Volume Útil 2830 mL
28

Volume de Meio Suporte 260 mL


Volume Útil Real 2570 mL

Figura 7. Modelo do aparato experimental contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.


29

Figura 8: Aparato experimental contínuo de leito fixo e fluxo ascendente utilizado.

O fluxo de alimentação do reator ocorreu de forma ascendente e contínua, realizado


através de Bomba de dosagem magnética gamma/ X, GMXa com vazão regulada em função da
carga orgânica volumétrica estipulada. A saída do reator se deu em sua parte superior por meio
da abertura lateral, porém com dispositivo que manteve o nível de efluente acima do nível da
saída, de maneira que a saída seja afogada e não houvesse escape do biogás produzido pela
saída.
O tanque de alimentação ficou acondicionado em geladeira a temperatura constante de
4 ºC, evitando a degradação do afluente, e, também possuía uma bomba de aquário que realizou
a recirculação do afluente dentro do tanque, de maneira a evitar que haja separação física entre
o glicerol e a água residuária de fecularia, também diminuindo a sedimentação dos sólidos em
suspensão.
O reator foi mantido a temperatura de 37 ºC com variação inferior e superior máxima
de 2 ºC, ou seja, a temperatura será mantida entre 35 e 39 ºC, esse processo foi controlado por
um termostato que ativava e desativava o aquecedor de ar dentro da câmara onde esteve inserido
o reator. O processo de coleta do biogás ocorreu através de saída do headspace na parte superior.
30

A mangueira de saída do biogás foi conectada a um frasco Mariotte com volume de


dois litros, preenchido com solução selante: 30g de H2SO4 (d=1,84 g.ml-1), diluído em um litro
de água destilada e com adição de 200 g de sulfato de sódio decahidratado (Na2SO4.10H2O),
colorido com alaranjado de metila, de maneira que o volume de líquido deslocado era medido
por uma proveta graduada e corresponde ao volume de biogás produzido pelo reator no período
analisado (DIN 38414, 1985).
O reator foi preenchido com um volume de 260 mL de meio suporte, assim como nos
reatores em batelada, que corresponde a peças de PEAD de formato circular de nome comercial
MBBRing 168 26 8 LIGHT, conforme Figura X já apresentada.

5.4 Condições Experimentais

O experimento consistiu nos modelos de reatores anaeróbios de fase única em batelada


e contínuo de leito fixo e fluxo ascendente na condição experimental, em termos de
concentração de glicerol, de 2,0%.
O biogás foi quantificado diariamente e a qualificação nos reatores em batelada
ocorreu em períodos espaçados de 7 dias, sendo coletados nos dias 7, 14, 21 e 28 e no reator
contínuo de leito fixo e fluxo ascendente, durante os 10 dias de experimento. No reator de fluxo
ascendente, escolhido um Tempo de Detenção Hidráulica de 12 horas, ocorreram 20 TDH em
10 dias.
Estão organizadas na Tabela 6 as condições experimentais de concentração de glicerol
em porcentagem, o Tempo de Incubação em dias para os reatores em batelada e o Tempo de
Detenção Hidráulica em horas para o reator de fluxo ascendente.
As condições foram testadas por 30 dias no reator anaeróbio em batelada e por 20
ciclos de 12 horas de TDH em 10 dias no reator anaeróbio contínuo de fluxo ascendente.

Tabela 6: Condições em termos de concentração de glicerol e tempo de operação do reator anaeróbio


em batelada e do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.

Reator Concentração de TDH (horas) Tempo de


Glicerol (%) Incubação (dias)
Batelada 2,0 - 30
Fluxo ascendente 2,0 12 -
TDH- Tempo de Detenção Hidráulica.
31

5.5 Monitoramento e Análise do Biogás

5.5.1 Monitoramento do processo

O acompanhamento do processo de codigestão dos reatores em batelada foi realizado


por meio das análises físico-químicas descritas na Tabela 3, durante a abertura dos dois reatores
destrutivos no sétimo e décimo quarto dia de incubação, e ao final do processo.
Para o reator de fluxo ascendente, o monitoramento ocorreu por meio da realização
das análises físico-químicas por ciclo, conforme periodicidade indicada na Tabela 7.

Tabela 7: Periodicidade da realização das análises físico-químicas nos reatores anaeróbios em batelada
e no reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.

Reator de fluxo ascendente Reator em batelada


Parâmetro
Frequência (por ciclo) Quantidade Frequência (dia) Quantidade
pH 1 20 ciclos 7º, 14º e 30º 3 aberturas
Alcalinidade 1 20 ciclos 7º, 14º e 30º 3 aberturas
Ácidos Voláteis 1 20 ciclos 7º, 14º e 30º 3 aberturas
DQO 1 20 ciclos 7º, 14º e 30º 3 aberturas

Para o cálculo do desempenho do sistema na remoção dos parâmetros sob análise foi
utilizada a Equação 1:

𝑆0 − 𝑆 (1)
𝐸(%) = ( ) ∙ 100
𝑆0
Onde:
E – Eficiência de remoção do parâmetro sob análise, em %;
𝑆0 – Concentração do parâmetro no afluente em mg.L-1;
S – Concentração do parâmetro no efluente em mg.L-1.

Para o monitoramento da estabilidade do processo utilizou-se indicadores de estudo


de relação adimensional AV/AT, sendo a relação entre acidez volátil e alcalinidade total da
amostra do sistema em mg.L-1.

5.5.2 Análise do biogás produzido

O biogás foi quantificado por meio do deslocamento de líquido selante em um frasco


Mariotte, o volume de biogás produzido foi corrigido para as condições normais de temperatura
e pressão (CNTP) com temperatura de 20ºC (293,15 °K) e pressão de 1 atm (10322,72 mm de
32

H2O). Essa correção foi realizada através da Equação 2, proposta por Santos (2001), decorrente
da combinação das leis de Boyle e Gay-Lussac.

𝑉0 ∙ 𝑃0 𝑉1 ∙ 𝑃1
= (2)
𝑇0 𝑇1

Onde:
𝑉0 – Volume de biogás corrigido, m³;
𝑃0 – Pressão corrigida do biogás, 10.322,72 mm de H2O;
𝑇0 – Temperatura corrigida do biogás, 293,15 °K;
𝑉1 – Volume do gás medido, m³;
𝑃1 – Pressão do biogás no instante da leitura, em mm de H2O;
𝑇1 – Temperatura do biogás no instante da leitura, em °K.

Para a determinação da concentração dos principais componentes do biogás, sendo


estes o hidrogênio (H2), metano (CH4) e o gás carbônico (CO2), utilizou-se o método da
cromatografia gasosa. Esse processo consiste na coleta do biogás, com seringa específica para
coleta de amostras gasosas, e posterior injeção do cromatógrafo de gás.
Nesse estudo, foi utilizado o cromatógrafo de gás, modelo CG-2014 (Shimadzu
Scientific Instruments, Columbia, MD, EUA), equipado com um detector de condutividade
térmica (TCD) e coluna empacotada Plot Q com comprimento de 30 metros e diâmetro interno
de 0,32 milímetros. A vazão de 30 mL.min-1de Hélio (He) foi utilizada como arraste. A
calibração do cromatógrafo foi realizada com gás padrão de biogás contendo 2 ± 0,02% de 42
oxigênio, 8 ± 0,1% de nitrogênio, 55 ± 1,0% de metano e 35 ± 0,7% de dióxido de carbono.
A amostragem do biogás foi realizada em seringas de plástico nos dias 7, 14, 21 e 28
dos reatores em batelada e nos 20 ciclos no reator de fluxo contínuo próprias para gases.
Assim pôde-se obter a qualidade do biogás em termos da concentração de hidrogênio,
metano e dióxido de carbono.

5.6 Startup e Aclimatação do Reator de Leito Fixo e Fluxo Contínuo

O reator teve seu processo de startup no ano de 2018. O lodo utilizado como inóculo
para a partida do reator foi proveniente de um reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de
lodo (UASB), da estação de tratamento de esgoto sanitário (ETE). Em função da origem da
biomassa do inóculo, foi necessária uma fase de adaptação, haja vista que os microrganismos
33

não estavam adaptados ao substrato do estudo (lixiviado e glicerol), nem à temperatura utilizada
na pesquisa (mesofílica).
Para a inoculação do reator, inicialmente, foram utilizados dois litros de lodo, com
concentração média de 64 gramas de sólidos suspensos voláteis no total e 0,570 L de substrato
da mistura de lixiviado e glicerol na proporção, em volume, de 0,236%, com DQO total
esperada de 4,0 gO2.L-1, até que todo o volume útil do reator fosse preenchido.
A adaptação da biomassa foi conforme as diretrizes indicadas em Chernicharo (2016),
que recomendam cargas biológicas entre 0,05 e 0,5 gDQO.gSSV--1.d-1. O valor adotado foi de
0,5 gDQO.gSSV-1.d-1, alcançado pela redução da vazão de alimentação e consequente aumento
do tempo de detenção hidráulica, estimado em 30 horas.
Após adaptado o experimento rodou nos anos de 2018, 2019 e início de 2020 com os
substratos água residuária de aterro sanitário- lixiviado e adição de glicerol. Em março de 2020
o reator foi desativado.
No início de 2022, após dois anos sem atividade deu-se o início da aclimatação do
reator com os substratos água residuária de fecularia e adição de glicerol utilizando reatores em
batelada.
O valor adotado foi de 1 gDQO.gSSV-1.d-1, acima do recomendado, devido ao reator
já estar com a biomassa aderida ao material suporte, alcançado pela redução da vazão de
alimentação e consequente aumento do tempo de detenção hidráulica, estimado em 12 horas.

5.7 Tempo de Detenção Hidráulica e Carga Orgânica Volumétrica

Após o período de aclimatação do reator, visando proporcionar a adaptação dos micro-


organismos ao substrato empregado (ARF e glicerol), estabeleceu-se uma vazão de efluente de
alimentação igual a 212 ml.h-1 para o reator de fluxo contínuo utilizando a Bomba de dosagem
magnética, adotando um tempo de detenção hidráulica de 12 horas.
Conforme exposto na Tabela 8, os trabalhos que buscaram produzir em seus reatores
o hidrogênio como biogás aplicaram TDH de no máximo 7 horas, utilizando ARF e ARS. As
pesquisas que visaram o metano necessitaram de TDH maiores, ultrapassando 24 horas,
utilizando tanto ARF quanto lixiviado de aterro industrial.
34

Tabela 8: Tempo de Detenção Hidráulica para diferentes configurações de reatores anaeróbios


contínuos de leito fixo e fluxo contínuo em termos de substrato e biogás produzido.
Autor Substrato Biogás TDH (horas)
SOUZA (2020) ARF Hidrogênio 1, 2, 4, 6 e 7
TREVISAN (2020) ARS Hidrogênio 2e4
CASTRO (2018) LAI Metano 35,2
ARAUJO (2015) ARF Metano 8,17; 5,44 e 4,08 (dias)
ANDREANI (2012) ARF Hidrogênio 3e4
TDH – Tempo de Detenção Hidráulica; ARF – Água Residuária de Fecularia; ARS – Água
Residuária Sintética (à base de sacarose); LAI – Lixiviado de Aterro Industrial.

Com o Tempo de Detenção Hidráulica estipulado a 12 horas, utilizando a Equação 3


foi possível calcular a carga orgânica volumétrica (COV) para cada um dos 20 TDH e foram
dispostos os valores na Tabela 9.

[ ]𝐷𝑄𝑂 ∙ 𝑄 (3)
𝐶𝑂𝑉 =
𝑉

Onde:
𝐶𝑂𝑉 – Carga orgânica volumétrica, gDQO.L-1ciclo;
[ ]𝐷𝑄𝑂 – Concentração da DQO bruta de entrada, g.L-1;
𝑄 – Vazão de alimentação regulada pela Bomba de dosagem, 212mL.h-1;
𝑉 – Volume útil real do reator, 2570mL;

Tabela 9: Carga orgânica volumétrica dos 20 Tempos de Detenção Hidráulica do reator de fluxo
contínuo.

TDH COV TDH COV


(12 horas) (gDQO.L-1TDH) (12 horas) (gDQO.L-1TDH)

1 19,5 11 16,6
2 27,6 12 18,1
3 16,2 13 14,7
4 32,5 14 16,7
5 17,9 15 16,1
6 19,1 16 14,7
7 17,9 17 17,3
8 27,0 18 15,9
9 15,0 19 27,8
10 16,9 20 27,0
35

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Produção de Biogás

6.1.1 Produção de biogás dos reatores anaeróbios em batelada

As medições diárias de gás produzido nos reatores em batelada estão apresentadas na


Figura 9, sendo esta, produção bruta de biogás, portanto o valor medido diariamente nos
reatores 1 ao 3, mais o reator branco. Os valores apresentados já foram corrigidos conforme
Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), dados fornecidos pelo SIMEPAR.

3500
Produção de Biogás (L.m-3)

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dias
R1 R2 R3 Reator Branco

Figura 9: Produção bruta de biogás dos reatores anaeróbios em batelada.

A produção real de biogás em cada reator, a quantidade produzida em cada reator


excetuando-se a parcela referente aos reatores brancos, está apresentado na Figura 10.
Os reatores brancos representam grupo-controle, portanto a produção que apresenta
um incremento de atividade metabólica pela utilização da associação dos substratos é a
diferença entre o medido em cada reator e o medido nos reatores branco, diariamente.
36

3000
Produção Real de Biogás (L.m-3)

2500

2000

1500

1000

500

0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dias
R1 R2 R3

Figura 10: Produção real de biogás dos reatores anaeróbios em batelada.

Nota-se que ao final do processo de 30 dias, a produção dos três reatores ficou próxima
demonstrando uma similaridade da codigestão entre os reatores na produção de gás pela
associação dos substratos. Dentre estes, constata-se o de maior produção igual a 2771,1 L.m-³
para o R2 e o menor de valor igual a 2508,0 L.m-³ para o R1.
O trabalho de Prabhu et al. (2021) trabalhando com substratos de resíduos alimentares
e dejetos de laticínios, após 30 dias de incubação encontraram uma produção de biogás de
531L.kg-1 de inóculo. Kuczman et al. (2011), também utilizando a manipueira como substrato,
após 8 dias obtiveram uma produção de biogás de 650L.m-³. Cataneo et al. (2016) obtiveram
uma produção de 1562L.m-³ em 15 dias, adotando o glicerol como cossubstrato.

6.1.2 Produção de biogás do reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente

Na Figura 11, tem exposto a quantificação diária de biogás do reator contínuo de fluxo
ascendente m comparação com a remoção da DQO por TDH de 12 horas, com valores
corrigidos conforme Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), dados fornecidos
pelo SIMEPAR.
37

Produção de biogás (L.m-³dia)


16,0 1000
14,0 900
800
12,0
700
10,0
DQO (g.L-1)

600
8,0 500
6,0 400
300
4,0
200
2,0 100
0,0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas
DQO Consumida Biogás

Figura 11: Biogás produzido e DQO consumida ao longo de 20 dias de experimento do reator
anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.

Durante o experimento, ocorreu um período de pausa no andamento do processo, o


fluxo de 212 ml.h-1 foi reduzido para que não houvesse medição de gás, portanto os micro-
organismos reduziram o consumo de matéria orgânica e consequentemente produziram pouco
gás. No retorno do fluxo de vazão igual a 212 ml.h-1 no ciclo de número 12, houve uma redução
na produção de gás em comparação com ciclos anteriores, necessitando um curto período de
start dos micro-organismos novamente, assim retomando uma maior produção.
Pode-se observar associação da remoção da DQO com a atividade metabólica,
constatada no decréscimo de produção de biogás entre o ciclo 11 e 12, o qual a apresentou o
menor valor do processo com 0,1 g.L-1 de remoção e a menor produção de biogás com 216,15
L.m-3, acompanhando a tendência de queda de produção; assim com a retomada da atividade, a
remoção retornou a valores acima de 2 g.L-1, chegando até 7 g.L-1 de remoção da concentração
de DQO.

6.1.3 Produção de biogás entre as duas conduções de experimento

A Tabela 10 reúne a produção média de biogás dos reatores anaeróbios em batelada


para permitir a comparação com o contínuo de fluxo ascendente, expondo-a em L.m-³ de reator.
38

Tabela 10: Comparativo da produção de biogás das duas conduções de reatores estudadas.
Desvio
Reator Unidade Média
Padrão
Batelada L.m-³ 2681,1 149,92

Fluxo
L.m-³ 506,92 179,82
Ascendente

Nota-se que a produção dos reatores em batelada apresenta-se superior ao contínuo de


fluxo ascendente com uma média de 2681,1 L.m-3, enquanto a segunda situação exposta um
valor de 506,92 L.m-3. Takeda (2018) em sua pesquisa de reatores em batelada obteve uma
produção de 420,51 mL.g-1 SSV.

6.2 Estabilidade do Processo e Comportamento do pH

6.2.1 Estabilidade do processo e pH dos reatores em batelada

A Figura 12 apresenta os parâmetros indicadores da estabilidade do processo de


codigestão anaeróbia expondo as relações AI/AP e AV/AT de cada reator em batelada, tendo
RD7 e RD14 como dois destrutivos ao sétimo e décimo quarto dia de incubação, associado ao
seu pH e dos 20 TDH do reator contínuo de fluxo ascendente, respectivamente.

9,5 0,60

0,50 pH Entrada
9
AV/AT e AI/AP

0,40 pH Saída
8,5
0,30 AI/AP Entrada
pH

8
0,20 AV/AT Entrada
7,5 0,10 AI/AP Saída

7 0,00 AV/AT Saída


RD7 RD14 R1 R2 R3
Reatores

Figura 12: Estabilidade do processo em termos de AV/AT, AI/AP e pH dos reatores anaeróbios em
batelada.

Observa-se que o pH dos três reatores principais e os dois destrutivos apresentaram


valores iniciais de 8,2 demonstrando pouca variação. Valores iniciais de relação AV/AT de 0,02
e no final do processo de 0,17, permanecendo abaixo de 0,2. Hirata (1999) sugere que a relação
39

AV/AT permanecendo entre 0,06 e 0,2 indica que não há queda de pH, enquanto Silva (1997)
explicita que valores inferiores 0,3 são valores ótimos para manter a estabilidade.
Pôde-se analisar a relação AI/AP em que os reatores R1 e R2 demonstraram valores
de 0,56 considerados elevados. Ripley et al. (1986) explicita que valores da relação AI/AP
superiores a 0,3 indicam a ocorrência de distúrbios no processo de digestão anaeróbia, contudo
Chernicharo (2007) destaca que devido as particularidades dos efluentes, relações AI/AP
podem ser superiores a 0,3 e ainda estarem estáveis na produção de biogás.

6.2.2 Estabilidade do processo e pH do reator contínuo de fluxo ascendente

A Figura 13 apresenta os parâmetros indicadores da estabilidade do processo de


codigestão anaeróbia expondo a relação AV/AT associado ao pH dos 20 TDH do reator
contínuo de fluxo ascendente.

7,5 2,5

7
2,0
6,5

6 1,5

AV/AT
5,5
pH

1,0
5
0,5
4,5

4 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas
pH Saída pH Entrada AV/AT Entrada AV/AT Saída

Figura 13: Estabilidade do processo em termos de AV/AT e pH do reator anaeróbio contínuo de leito
fixo e fluxo ascendente.

O efluente de alimentação do reator de fluxo contínuo teve um incremento de


alcalinidade pela adição de bicarbonato de sódio (NaHCO3) para 6,5 e após os TDH de 12 horas
demonstraram valores inferiores a 5,75 indicando acidificação do reator.
De acordo com Ward et al. (2008) ácidos graxos de cadeia curta são a chave
intermediária no processo de digestão anaeróbia e são capazes de inibir a metanogênese em
altas concentrações. Também sugere que o acúmulo destes ácidos graxos reduz a capacidade
de elevar a alcalinidade por suplementação antes que o pH reduza.
40

Substratos com baixa quantidade de sólidos totais e alta de sólidos voláteis são
facilmente degradados na digestão anaeróbia; assim, a hidrólise consumindo rapidamente estes
pequenos estoques de alimento pode provocar a acidificação do reator e consequentemente
inibir a metanogênese (WARD et al., 2008).
Pode-se sugerir acúmulo de ácidos graxos voláteis no processo metabólico do reator,
indicando maior atividade de hidrólise e acidogênese, resultando em hidrogênio e dióxido de
carbono como produto.
Durante a digestão, a hidrólise e acidogênese podem dominar o processo anaeróbio,
causando acúmulo de produtos intermediários, sendo estes ácidos graxos voláteis. O consumo
de ácido pela arqueia metanogênica é sensível e tem potencial de ser inibida pelo acúmulo de
ácido, reduzindo o pH do reator produzindo gases provenientes da atividade acidogênica
(KOCH et al., 2015).

6.3 Composição do Biogás

Realizou-se coletas de biogás para a análise das concentrações dos gases produzidos
nos dias 3, 7, 17 e 24 da triplicata dos reatores em batelada e coletas diárias do reator de fluxo
contínuo.
Os gases que compõem o biogás analisado para as duas situações dos reatores são o
hidrogênio (H2), metano (CH4), dióxido de carbono (CO2). O acompanhamento do biogás dos
dias 7, 14, 21 e 28 em cada reator em batelada e um branco denominado R5 é ilustrado no
APÊNDICE A e cada ciclo do reator de fluxo contínuo é no APÊNDICE B.
A amostra coletada do dia 7 do R1 do experimento de reatores em batelada e as
amostras coletadas dos ciclos 12, 17 e 20 do reator de fluxo contínuo foram perdidas devido a
alguma interferência que as amostras possam ter sofrido na coleta, como acúmulo de umidade;
não sendo possível repetir o ciclo as amostras não puderam ser repetidas.
Dados relativos à produção de gás associando com a porcentagem de produção de cada
composto do reator em batelada e de fluxo contínuo estão ilustrados nas Figuras 14 e Figura 15
e um comparativo de composição do gás disposto na Tabela 11.
41

6.3.1 Composição do biogás dos reatores em batelada

2900 60,0
Produção de biogás (L.m-³)

2800

% Concentração do gás
2700 55,0
2600
2500
50,0
2400
2300
2200 45,0
2100
2000 40,0
R1 R2 R3
Reatores
Biogás %CH4 %CO2

Figura 14: Produção de biogás dos reatores anaeróbios em batelada e a composição em termos de
concentração de CH4 e CO2 do gás.

A concentração de metano foi encontrada em maior quantidade no R1 com valor de


53,32% e o menor no R2 com 45,68%. O R1 teve uma produção de 2508,02 L.m-3, dessa forma
representaria 1337,28 L.m-3 de metano, enquanto o R2 com produção de 2771,08 L.m-3, o de
maior produção total, teria 1265,82 L.m-3, quantidades muito próximas em valor absoluto.
Pode-se inferir que houve atividade metabólica concentrada na fase metanogênica sendo
possível verificar pela alta presença de CH4 na composição do gás produzido.

6.3.2 Composição do biogás do reator contínuo de fluxo ascendente

3000 100,0
% Concentração do gás
Produção de biogás (mL)

90,0
2500 80,0
2000 70,0
60,0
1500 50,0
40,0
1000 30,0
500 20,0
10,0
0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
TDH de 12 horas
Gás Total H2 CH4 CO2

Figura 15: Produção de biogás do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente e a
composição em termos de concentração de H2, CH4 e CO2 do gás.
42

A produção inicialmente apresentou uma concentração de até 90% de metano em sua


composição e 0% de hidrogênio, notado nos dois primeiros ciclos (TDH). Contudo, após o
terceiro dia, pôde ser verificado que o reator apresentou a atividade codigestão na fase
acidogênica pela inversão de concentração do H2 e do CH4, em que o hidrogênio demonstrou
concentrações de até 32,59% no 4º TDH e o metano atingiu uma concentração de 0%.

6.3.3 Composição de biogás entre as duas conduções de experimento

Tabela 11: Comparativo da concentração de hidrogênio, metano e dióxido de carbono do biogás nas
duas conduções de reatores estudadas.
Reator %H2 %CH4 %CO2

Batelada 0,5 48,64 50,85

Fluxo
17,47 12,36 70,16
Ascendente

Por meio deste comparativo, nota-se que os reatores em batelada apresentaram uma
taxa de metano em sua composição de quase 50%, enquanto o reator de fluxo contínuo
apresentou uma maior atividade metabólica durante a fase acidogênica, visto a taxa de 17,47%
de hidrogênio.
Verifica-se também uma porcentagem de 12,36 de CH4 para o reator de fluxo contínuo,
contudo este volume produzido foi concentrado durante os 3 primeiros ciclos como ilustrado
na Figura 16 já mencionada anteriormente.
Analisando a composição do gás após a atividade metabólica ter se concentrado na
fase acidogênica, pode-se inferir uma porcentagem de 19,80 de hidrogênio e 78,58 de dióxido
de carbono produzido.
De acordo com Cruz et al. (2021) em pesquisa sobre produção de biogás com resíduos
de mandioca, dependendo da origem do resíduo, o biogás produzido pode atingir de 50 a 75%
de metano, 25 a 50% de dióxido de carbono e o restante de outros gases, como pode ser
verificado nos reatores em batelada atingindo produção média de 48,64, próximo a 50%.
Samer et al. (2021) encontrou em pesquisa na produção de biogás pela digestão
anaeróbia de lama utilizando 5 condições, um valor de 57,5% de metano na composição do gás.
43

Zhu et al. (2021) propõe que o metano geralmente atua como o produto final da
digestão anaeróbia aceitando elétrons da oxidação do butirato e acetato sob condições
anaeróbias, contudo o nitrato e sulfato também podem aceitar estes elétrons no processo,
competindo com a metanogênese. Pode-se sugerir que tenha ocorrido o proposto pela presença
de nitrogênio na composição do gás e a ausência de metano a partir do 4º ciclo (TDH de 12
horas).

6.4 Remoção da Matéria Orgânica Carbonácea

A caracterização da matéria orgânica total do processo de codigestão anaeróbia de


efluente de fecularia e glicerol foi realizada por meio da análise na entrada e saída de cada um
dos reatores em batelada e do reator de fluxo contínuo.
Os valores de entrada e saída da DQO centrifugada em relação com a remoção em
porcentagem se encontram na Figura 16 de cada reator em batelada, tendo RD7 e RD14 como
dois destrutivos ao sétimo e décimo quarto dia de incubação e na Figura 17 para o reator de
fluxo ascendente.

6.4.1 Remoção da matéria orgânica carbonácea dos reatores em batelada

12,0 70

10,0 60
% Remoção da DQO
Concentração (g.L-1)

50
8,0
40
6,0
30
4,0
20
2,0 10

0,0 0
RD7 RD14 R1 R2 R3
Reatores
DQO Centrifugada Entrada DQO Centrifugada Saída % Remoção

Figura 16: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea centrifugada dos reatores
anaeróbios em batelada.

O reator destrutivo de sete dias apresentou uma remoção de DQO de 3,54 g.L-1 com
34% sendo a menor encontrada dentre as análises nos reatores em batelada e o de quatorze dias
5,38 g.L-1 com 53%, apresentando uma crescente ao longo dos dias de incubação na remoção
44

da matéria orgânica carbonácea. O R1 e R2 apresentou 57,06 e 56,69% de remoção


respectivamente, e o R3 a maior remoção de 64,30%.
Begum et al. (2018) expõe em sua pesquisa de digestão anaeróbia por reator em
batelada utilizando lixiviado de aterro sanitário obteve uma eficiência de remoção de DQO de
71%.

6.4.2 Remoção da matéria orgânica carbonácea do reator contínuo de fluxo ascendente

35,0 80,0

30,0 70,0

% Remoção da DQO
60,0
Concentração (g.L-1)

25,0
50,0
20,0
40,0
15,0
30,0
10,0
20,0
5,0 10,0
0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas - Reator Fluxo Contínuo
DQO Bruta Saída DQO Bruta Entrada % Remoção

Figura 17: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea centrifugada do reator anaeróbio
contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.

Como constatado anteriormente, a queda de produção de gás durante o período de


pausa entre os ciclos 11 e 12 pode ser relacionado à redução da remoção da DQO, evidenciando
o menor valor do experimento de 7,25%.
Foi analisada ainda a DQO de entrada e saída centrifugada do reator de fluxo contínuo
como está disposto na Figura 18.
45

25,0 80,0
70,0
20,0
60,0

% Remoção da DQO
Cconcentrção (g/L)

15,0 50,0
40,0
10,0 30,0
20,0
5,0
10,0
0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas - Reator Fluxo Contínuo
DQO Centrifugada Saída DQO Centrifugada Entrada % Remoção

Figura 18: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea bruta do reator anaeróbio contínuo de
leito fixo e fluxo ascendente.

Pela análise da remoção da DQO centrifugada, constatou-se que a remoção desta


variou entre 20 e 40% durante os 8 TDH no início e após o 12 TDH finais, não compreendendo
uma porcentagem de remoção de matéria orgânica carbonácea satisfatória. Isto pode ser
percebido durante os ciclos (TDH) 9 a 11 em que quase não houve remoção de DQO e
consequentemente redução de produção de biogás.
Com a porcentagem de remoção apresentada pode-se inferir uma faixa de remoção de
DQO compatível com reatores acidogênicos, ratificando a sugestão de atividade metabólica dos
micro-organismos do reator de fluxo ascendente concentrada na acidogênese.

6.5 Remoção de Sólidos

Na Tabela 12 e na Tabela 13 estão dispostos um compilado das análises da remoção


de sólidos do reator de fluxo contínuo, em relação à porcentagem removida e em relação à
massa removida em gramas, respectivamente.

Os valores de remoção de sólidos totais variaram entre 44,9 e 74,1% com uma média
de 59,6%, valor alto visto que em muitas amostras metade dos sólidos eram do tipo volátil;
sólidos dissolvidos variaram entre 50,8 e 78,5% com uma média alta de 63,5%; já os sólidos
suspensos apresentaram uma grande variação entre 20,8 e 84,4%.
46

Tabela 12: Remoção de Sólidos do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente em
porcentagem.
Média - % Mínimo - % Máximo - %
Sólidos Totais 59,6 ± 9,1 44,9 74,1
Sólidos Dissolvidos 63,5 ± 7,8 50,8 78,5
Sólidos Suspensos 48,9 ± 23,2 20,8 84,4

Tabela 13: Remoção de Sólidos do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente em
gramas.
Unidade Médias Mínimo Máximo
-1
Sólidos Totais g.L 5,4 ± 1,8 3,3 8,4
Sólidos Dissolvidos g.L-1 4,9 ± 1,3 3,4 8,6
Sólidos Suspensos g.L-1 1,2 ± 1,2 0,2 3,6
47

7 CONCLUSÕES

Constatou-se a atividade metabólica no reator em batelada utilizando a codigestão


anaeróbia de água residuária de fecularia em associação com o glicerol. Dado isto, o reator
contínuo de fluxo ascendente pôde estabelecer de maneira satisfatória a produção de biogás
utilizando os mesmos substratos dando sequência ao experimento, comprovando a capacidade
de produzir biogás por meio da codigestão anaeróbia em relação a digestão anaeróbia.
Pelo modelo em batelada foi possível uma produção de 48,64% de metano em sua
composição de biogás produzindo 1304,08 L.m-3 de CH4 atingindo uma remoção de DQO de
64,3%, evidenciando uma eficiência satisfatória de produção de metano.
Pela condução do reator de fluxo ascendente constatou-se uma produção média de
19,80% de hidrogênio após a inversão de CH4 para H2 no processo de acidificação do reator,
obtendo um valor de até 100,37 L.m-3 com 32,59% de hidrogênio no 4º TDH de 12 horas do
processo. Houve variações na remoção de DQO que se mantiveram na faixa de 20 a 40%,
corroborando com a situação de inversão da atividade metabólica, visto que essa faixa de
remoção de matéria orgânica é de processo acidogênicos.
Por meio do monitoramento do pH durante o experimento, o reator de fluxo ascendente
apresentou instabilidade em manter a alcalinidade, inibindo a metanogênese. Desviando o foco
da atividade metabólica para a hidrólise e acidogênese pela presença de ácidos graxos voláteis
fáceis de serem degradados, acidificando o processo. Como consequência apresentou uma
produção de hidrogênio que foi satisfatória.
Os reatores em batelada apresentaram pH alcalino e valores de AV/AT inferiores a 0,3
sendo a zona ótima para atividade metanogênica, como pôde ser evidenciado na caracterização
dos gases produzidos no experimento.
48

REFERÊNCIAS

ABIOVE. Biodiesel: entrega e produção. 2021. Disponível em:


https://abiove.org.br/estatisticas/biodiesel-entrega-e-producao/. Acesso em: 04 mar. 2022.

ALVAREZ, J.A.; OTERO, L.; LEMA, J.M. A methodology for optimising feed composition
for anaerobic co-digestion of agro-industrial wastes. Bioresource Technology, Santiago de
Compostela, v. 101, n. 4, p. 1153-1158, fev. 2010. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.biortech.2009.09.061.

ALVES, I. R. de F. S. Avaliação da codigestão na produção de biogás. 2016. 168f. Tese


(Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2016.

ANDREANI, C. L. (2012). Produção de hidrogênio a partir de água residuária de indústria


de fécula de mandioca. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia
em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

ANDREANI, C. L. (2017). Avaliação de reator anaeróbio operado em bateladas


sequenciais com biomassa imobilizada (AnSBBR) visando à produção de hidrogênio a
partir de água residuária de fecularia de mandioca. Tese de Doutorado, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

ARAUJO, I. R, C. (2015). Tratamento de água residuária de fecularia e produção de biogás


em reator anaeróbio de leito fixo e fluxo contínuo. Dissertação de Mestrado, Programa de
Pós-Graduação em Engenharia em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do
Paraná.

BEGUM, S; ANUPOJU, G. R.; SRIDHAR, S.; BHARGAVA, K. S.; JEGATHEESAN, V.;


ESHTIAGHI, N. Evaluation of single and two stage anaerobic digestion of landfill leachate:
Effect of pH and initial organic loading rate on volatile fatty acid (VFA) and biogas
production. Bioresource technology, v. 251, p. 364-373, 2018.

BELLE, A.; LANSING, S.; MULBRY, W.; WEIL, R. R. Anaerobic co-digestion of forage
radish and dairy manure in complete mix digesters. Bioresource Technology, v. 178, p. 230-
237, 2015.

BOTTEGA, L. D. (2019). Codigestão anaeróbia de lixiviado de aterro sanitário e glicerol em


reator de leito fixo visando o tratamento e a produção de biogás. Dissertação de Mestrado,
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
49

BRASIL. Governo do Brasil. Mistura de Biodiesel Ao Diesel Passa A Ser de 13%. Mistura de
biodiesel ao diesel passa a ser de 13%. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-
br/canais_atendimento/imprensa/noticias-comunicados/mistura-de-biodiesel-ao-diesel-passa-
a-ser-de-13-a-partir-de-hoje-1-3. Acesso em: 03 mar. 2022.

BRIDGEWATER, L. et al. Standard methods for the examination of water and wastewater.
American Public Health Association (APHA): Washington, DC, USA, 2012.

CAPPELLETTI, B. M.; REGINATTO V.; AMANTE E. R. & ANTONIO R. V. (2011).


Fermentative production of hydrogen from cassava processing wastewater by clostridium
acetobutylicum. Renewable. Energy, 36, 3367-3372.

CASTRO, M. T. (2018). Codigestão anaeróbio de lixiviado de aterro industrial e glicerina.


Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia em Engenharia Agrícola,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

CATANEO, Indianara. Comparativo do potencial de produção de metano utilizando


glicerol e sacarose como substrato orgânico, em reatores operados de forma descontínua
alimentada. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Confederação da Agricultura


e Pecuária do Brasil (CNA). PIB do Agronegócio: PIB do agronegócio estabiliza no terceiro
trimestre e setor cresce 10,79% de janeiro a setembro. São Paulo, 2021. 18 p.

CHERNICHARO, C. A. de L. Anaerobic reactors: biological wastewater treatment series.


Anaerobic reactors, biological wastewater treatment series, v. 4, 2007.

CHERNICHARO, C. A. L. Reatores anaeróbios. Departamento de Engenharia Sanitária e


Ambiental. Belo Horizonte: UFMG, 2016. V. 5.

CHONG, C. C.; AQSHA, A.; AYOUB, M.; SAJID, M.; ABDULLAH, A. Z.; YUSUP, S.;
ABDULLAH, B. A review over the role of catalysts for selective short-chain polyglycerol
production from biodiesel derived waste glycerol. Environmental Technology & Innovation,
Seri Iskandar, v. 19, n. 100859, p. 1-25, ago. 2020. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.eti.2020.100859.

CRUZ, Ianny Andrade et al. Valorization of cassava residues for biogas production in Brazil
based on the circular economy: An updated and comprehensive review. Cleaner Engineering
and Technology, v. 4, p. 100196, 2021.

DAR, R. A.; GUPTA, R. K.; PHUTELA, U. G. Enhancement of euryhaline Asterarcys


quadricellulare biomass production for improving biogas generation through anaerobic
co-digestion with carbon rich substrate. Biotech, Ludhiana, v. 11, n. 5, p. 1-21, maio 2021.
Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s13205-021-02792-x.
50

DEVENS, K. U. efeito da suplementação de alcalinidade no reator metanogênico ansbbr


a partir de água residuária de fecularia previamente acidificada. 2019. 63 f. Dissertação
(Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel,
2019.

DILALLO, R. et al (1961) Volatile acids by direct titration. Journal Water Pollution


Control Federation. 33, 356-365.

EMBRAPA. Manipueira, um líquido precioso. 2011. Disponível em:


https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/18147209/manipueira-um-liquido-
precioso?p_auth=m6Azvzcb. Acesso em: 07 mar. 2022.

EPE. Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis – Ano 2020. Brasília, 2021. 87 p.

FAPESP. Resíduos bem-vindos: subproduto do biodiesel pode ser usado para suprimir
poeira de vagões de minério. Subproduto do biodiesel pode ser usado para suprimir poeira de
vagões de minério. 2012. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/residuos-bem-
vindos/. Acesso em: 04 mar. 2022.

FIORE, S.; RUFFINO, B.; CAMPO, G.; ROATI, C.; ZANETTI, M.C. Scale-up evaluation of
the anaerobic digestion of food-processing industrial wastes. Renewable Energy, Turin, v. 96,
p. 949-959, out. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.renene.2016.05.049.

FLECK, L. et al (2017). Optimization of anaerobic treatment of cassava proccessing


wastewater. Journal of the Brazilian Association of Agricultural Engineering. 37, 574–590.

FONOLL, X.; ASTALS, S.; DOSTA, J.; MATA-ALVAREZ, J. Impact of paper and cardboard
suppression on OFMSW anaerobic digestion. Waste Management, Barcelona, v. 56, p. 100-
105, out. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.wasman.2016.05.023.

HAGOS, K.; ZONG, J.; LI, D.; LIU, C.; LU, X. Anaerobic co-digestion process for biogas
production: progress, challenges and perspectives. Renewable And Sustainable Energy
Reviews, Nanjing, v. 76, p. 1485-1496, set. 2017. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2016.11.184.

HIRATA, Y. S. Coleta, preservação e caracterização de efluentes. Apostila do IV Curso de


Tratamento Biológico de resíduos. Florianópolis: UFSC/Faculdade de Engenharia Química e
de Alimentos, 1999.

KHANAL, S. K. Anaerobic biotechnology for bioenergy production: principles and


applications. John Wiley & Sons, 2011.
51

KOCH, Konrad; HELMREICH, Brigitte; DREWES, Jörg E. Co-digestion of food waste in


municipal wastewater treatment plants: effect of different mixtures on methane yield and
hydrolysis rate constant. Applied Energy, v. 137, p. 250-255, 2015.

KUCZMAN, O.; GOMES, D. S.; TAVARES, M. H. F.; TORRES, D. G. B.; ALCANTARA,


M. S. Produção específica de biogás a partir de manipueira em reator de fase única. Engenharia
Agrícola, v. 31, p. 143-149, 2011.

KUNZ, A. Fundamentos da Digestão anaeróbia, purificação do biogás, uso e tratamento


do digestato. Concórdia: Sbera, 2019. 214 p.

MATA-ALVAREZ, J. et al. A critical review on anaerobic co-digestion achievements between


2010 and 2013. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 36, p. 412-427, 2014.

MARIANO, D. J. K. Proposta de utilização do modelo adm1 para prever a produção de


biogás derivado da digestão anaeróbia de lodos de esgoto. 64 f. TCC (Graduação) - Curso
de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

MEHRPOOYA, Mehdi; GHORBANI, Bahram; ABEDI, Hadi. Biodiesel production integrated


with glycerol steam reforming process, solid oxide fuel cell (SOFC) power plant. Energy
Conversion And Management, Tehran, v. 206, n. 112467, p. 1-17, fev. 2020. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enconman.2020.112467.

PARANÁ. Governo do Paraná. Agricultura e Abastecimento. Indústria paranaense produz


70% da fécula de mandioca do País. 2020. Disponível em:
https://www.agricultura.pr.gov.br/Noticia/Industria-paranaense-produz-70-da-fecula-de-
mandioca-do-
Pais#:~:text=Methodio%20Groxko%2C%20t%C3%A9cnico%20do%20Departamento,da%20
geada%20negra%20de%201975.. Acesso em: 03 mar. 2022.

PERNA, V.; CASTELÓ, E.; WENZEL, J.; ZAMPOL, C.; FONTES LIMA, D. M.;
BORZACCONI, L.; VARESCHE, M. B.; ZAIAT, M.; ETCHEBEHERE, C. Hydrogen
production in an upflow anaerobic packed bed reactor used to treat cheese whey. International
Journal of Hydrogen Energy, v. 38, p. 54-62, 2013.

PRABHU, A.; SIVARAM, A. R; PRABHU, N.; SUNDARAMAHALIGAM, A. A study of


enhancing the biogas production in anaerobic digestion. Materials Today: Proceedings, v. 45,
p. 7994-7999, 2021.

RIPLEY, L. E.; BOYLE, W. C.; CONVERSE, J. C. Improved alkalimetric monitoring for


anaerobic digestion of high-strength wastes. Journal Water Pollution Control Federation, v.
58, n. 5, p. 406-411, 1986.

SANTOS, T. M. B. Balanço energético e adequação do uso de biodigestores em galpões de


frangos de corte. 2001. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal - SP, 2001.
52

SAMER, M.; HIJAZI, O. ABDELSALAM, E.M.; HUSSEIN, A. E.; ATTIA, Y. A.; YACOUB,
I. H.; BERNHARDT, H. Life cycle assessment of using laser treatment and nanomaterials to
produce biogas through anaerobic digestion of slurry. Environ Dev Sustain. 23, 14683–14696
(2021).

SILVA, M. Análises físico-químicas para Controle das Estações de Tratamento de Esgotos. 1a


Edição. São Paulo: CETESB 225p, 1997.

SOARES, C. M. T.; FEIDEN, A.; TAVARES, S. G. Fatores que influenciam o processo de


digestão anaeróbia na produção de biogás. Pesquisas Agrárias e Ambientais, Marechal
Cândido Rondon, v. 5, p. 522-528, dez. 2017.

SOUZA, W, G. (2020). Produção de biohidrogênio com água residuária de fecularia de


mandioca em reator contínuo de tubos múltiplos. Dissertação de Mestrado, Programa de
Pós-Graduação em Engenharia em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do
Paraná.

SUN, S.; GE, Z.; ZHAO, Y.; HU, C.; ZHANG, H.; PING, L. Performance of CO2
concentrations on nutrient removal and biogas upgrading by integrating microalgal strains
cultivation with activated sludge. Energy, Jiaxing, v. 97, p. 229-237, fev. 2016. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.energy.2015.12.126.

TREVISAN, A. P. (2020). Atributos do reator anaeróbio contínuo de tubos múltiplos no


controle da carga orgânica volumétrica específica na fase acidogênica visando à produção de
hidrogênio. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia em Engenharia
Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

TAKEDA, P. Y.; GOTARDO, J. T.; GOMES, S. D. (2020). Anaerobic Co-digestion of


Leachate and Glycerol for Renewable Energy Generation, Environmental Technology, 1-29.

TAKEDA, P. Y. Tratamento de água residuária via codigestão anaeróbia de lixiviado de


aterro sanitário e glicerol. 83 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2018.

WARD, A. J; HOBBS, P. J.; HOLLIMAN, P. J.; JONES, D. L. Optimisation of the anaerobic


digestion of agricultural resources. Bioresource technology, v. 99, n. 17, p. 7928-7940, 2008.

ZHU, G.; CAI, G.; ZHAO, L.; TAO, W.; LV, N.; LI, J.; NING, J.; PAN, X. Variation of volatile
fatty acid oxidation and methane production during the bioaugmentation of anaerobic digestion
system: Microbial community analysis revealing the influence of microbial interactions on
metabolic pathways. Science of The Total Environment, v. 754, p. 142425, 2021.
53

APÊNDICES
54

APÊNDICE A Gráficos da Composição do Biogás Produzido nos Reatores


Anaeróbios em Batelada

Figura 19: Caracterização do biogás do reator em batelada R1 no 14º dia.


55

Figura 20: Caracterização do biogás do reator em batelada R1 no 21º dia.


56

Figura 21: Caracterização do biogás do reator em batelada R1 no 28º dia.


57

Figura 22: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 7º dia.


58

Figura 23: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 14º dia.


59

Figura 24: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 21º dia.


60

Figura 25: Caracterização do biogás do reator em batelada R2 no 28º dia.


61

Figura 26: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 7º dia.


62

Figura 27: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 14º dia.


63

Figura 28: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 21º dia.


64

Figura 29: Caracterização do biogás do reator em batelada R3 no 28º dia.


65

Figura 30: Caracterização do biogás do reator em batelada R5 dia único.


66

APÊNDICE B Gráficos da Caracterização do Biogás Produzido do Reator Anaeróbio


Contínuo de Leito Fixo e Fluxo Ascendente

Figura 31: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 1.


67

Figura 32: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 2.


68

Figura 33: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 3.


69

Figura 34: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 4.


70

Figura 35: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 5.


71

Figura 36: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 6.


72

Figura 37: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 7.


73

Figura 38: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 8.


74

Figura 39: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 9.


75

Figura 40: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 10.


76

Figura 41: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 11.


77

Figura 42: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 13.


78

Figura 43: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 14.


79

Figura 44: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 15.


80

Figura 45: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 16.


81

Figura 46: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 18.


82

Figura 47: Caracterização do biogás do reator de fluxo contínuo no Ciclo 19.

Você também pode gostar