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Cascavel
2022/Ano Letivo 2021
Andrew Davis Ja Xuen Zhu
Cascavel
2022/Ano Letivo 2021
A minha mãe Elaine Raquel Aguiar,
Dedico
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu pai Zhu Wei pela dedicação, incentivo, suporte, oportunidades oferecidas,
por seu meu pilar. Às minhas irmãs Alycia e Sophia e à minha madrasta Luciana pelo apoio e
carinho, por estarem presentes quando precisei.
À minha avó Terezinha por todos os cuidados, pelos ensinamentos, pela compreensão e por
tanto amor.
À minha melhor amiga, minha namorada, minha companheira, Danielle Sayuri, por toda
presença e ajuda principalmente na reta final, por deixar tudo mais leve, por me incentivar, pelo
carinho e por todo o amor.
Agradeço a Prof. Dra. Jackeline Tatiane Gotardo por aceitar ser minha orientadora, pela
disponibilidade, paciência e compreensão, pelo conhecimento compartilhado, por todo auxílio,
contribuição e amizade.
Aos amigos que foram importantes durante a graduação, em especial Lucas e Cleiton, pelo
incentivo e apoio. Também, ao Felipe, Cirilo e Luiz pela amizade e pelos momentos de
descontração. Ao Caio, Victor e Natalia por me ouvirem quando precisei e por toda amizade.
Agradeço aos professores que aceitaram ser minha banca examinadora, Prof. Dra. Simone
Damasceno Gomes e o Prof. Dr. Benedito Martins Gomes pela contribuição e aperfeiçoamento
deste trabalho.
Ao Prof. Edmar André Bellorini, meu antigo orientador de monitoria, pelas conversas e pelo
tempo.
Às colegas de laboratório Luana e Aruani por deixarem os dias mais tranquilos e aos técnicos
Edison Barbosa da Cunha e Euro Kava Kailer por todo auxílio.
Sua tarefa é descobrir o seu trabalho, e, então,
com todo o coração, dedicar-se a ele.
Budha
RESUMO
As agroindústrias têm expandido a produção nos últimos anos, acarretando num aumento
significativo na geração de resíduos do processo agroindustrial. A codigestão anaeróbia se
destaca como uma técnica promissora de tratamento de resíduos, promovendo uma otimização
do processo maximizando a produção de biogás, fonte de energia renovável para a
agroindústria. Este estudo teve o objetivo de avaliar a eficiência da produção de biogás por
meio da codigestão anaeróbia da água residuária de fecularia em associação com glicerol
proveniente da produção de biodiesel. O experimento foi composto por dois modelos de
reatores anaeróbios, sendo um destes em batelada e o outro, reator contínuo de leito fixo e fluxo
ascendente, preenchido com meio suporte em PEAD. O modelo em batelada consistiu na
quantificação da produção de biogás em experimento em triplicata, dos quais três reatores (30
dias de tempo de incubação) e dois reatores destrutivos (abertos no 7º e 14º dia), com objetivo
de avaliar a remoção de matéria orgânica e a estabilidade do processo. No reator contínuo de
leito fixo averiguou-se a produção de biogás e remoção da matéria orgânica, com um Tempo
de Detenção Hidráulica (TDH) de 12 horas; completando 20 TDH em 10 dias de experimento.
A codigestão anaeróbia demonstrou a otimização do processo metabólico de digestão anaeróbia
pela utilização de dois substratos associados. Pôde-se avaliar a eficiência de remoção de matéria
orgânica e a produção de biogás nas duas conduções experimentais utilizando um teor de
glicerol de 2,0% e verificou-se a viabilidade da associação dos dois substratos.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 14
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 14
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 15
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 16
4.1 Digestão Anaeróbia.................................................................................................... 16
4.1.1 Hidrólise ............................................................................................................. 16
4.1.2 Acidogênese........................................................................................................ 17
4.1.3 Acetogênese ........................................................................................................ 17
4.1.4 Metanogênese ..................................................................................................... 17
4.2 Codigestão Anaeróbia ................................................................................................ 19
4.3 Glicerol ...................................................................................................................... 20
4.4 Água Residuária de Fecularia .................................................................................... 21
5 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 23
5.1 Localização do Experimento e Coleta de Efluente .................................................... 23
5.2 Caracterização Físico-Químico.................................................................................. 24
5.3 Condução do Experimento......................................................................................... 25
5.3.1 Reator em batelada ............................................................................................. 25
5.3.2 Reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente ............................................... 27
5.4 Condições Experimentais .......................................................................................... 30
5.5 Monitoramento e Análise do Biogás ......................................................................... 31
5.5.1 Monitoramento do processo ............................................................................... 31
5.5.2 Análise do biogás produzido .............................................................................. 31
5.6 Startup e Aclimatação do Reator de Leito Fixo e Fluxo Contínuo............................ 32
5.7 Tempo de Detenção Hidráulica e Carga Orgânica Volumétrica ............................... 33
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 35
6.1 Produção de Biogás ................................................................................................... 35
6.1.1 Produção de biogás dos reatores anaeróbios em batelada .................................. 35
6.1.2 Produção de biogás do reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente ........... 36
6.1.3 Produção de biogás entre as duas conduções de experimento............................ 37
6.2 Estabilidade do Processo e Comportamento do pH ................................................... 38
6.2.1 Estabilidade do processo e pH dos reatores em batelada ................................... 38
6.2.2 Estabilidade do processo e pH do reator contínuo de fluxo ascendente ............. 39
6.3 Composição do Biogás .............................................................................................. 40
6.3.1 Composição do biogás dos reatores em batelada ............................................... 41
6.3.2 Composição do biogás do reator contínuo de fluxo ascendente ......................... 41
6.3.3 Composição de biogás entre as duas conduções de experimento ....................... 42
6.4 Remoção da Matéria Orgânica Carbonácea ............................................................... 43
6.4.1 Remoção da matéria orgânica carbonácea dos reatores em batelada ................. 43
6.4.2 Remoção da matéria orgânica carbonácea do reator contínuo de fluxo
ascendente.. ....................................................................................................................... 44
6.5 Remoção de Sólidos................................................................................................... 45
7 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 47
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 48
APÊNDICES ............................................................................................................................ 53
APÊNDICE A Gráficos da Composição do Biogás Produzido nos Reatores Anaeróbios em
Batelada .................................................................................................................................... 54
APÊNDICE B Gráficos da Caracterização do Biogás Produzido do Reator Anaeróbio Contínuo
de Leito Fixo e Fluxo Ascendente ............................................................................................ 66
12
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 JUSTIFICATIVA
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1.1 Hidrólise
4.1.2 Acidogênese
Após a fase de hidrólise os monômeros na hidrólise são utilizados como substratos por
diferentes bactérias anaeróbias, sendo degradados a ácidos orgânicos de cadeia curta. Os
carboidratos, como glicose, são degradados em piruvato. Ácidos graxos são degradados na
forma de acetato. Já aminoácidos são degradados em pares onde um aminoácido serve como
doador de elétron e outro como aceptor, essa reação resulta na formação de acetato, amônia,
dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio. A pressão parcial de hidrogênio durante o processo
afeta diretamente o estado de oxidação dos produtos, se for muito elevada, resultarão em
produtos com maior quantidade de carbono (KUNZ et al., 2019).
4.1.3 Acetogênese
4.1.4 Metanogênese
al., 2017). Já as arqueias metanogênicas hidrogenotróficas utilizam o gás carbônico como fonte
de carbono e são aceptoras de átomos de hidrogênio para fonte de energia (CHERNICHARO,
2007).
industriais e aproveitar a melhora da produção de biogás como fonte renovável, sendo uma
energia economicamente viável e menos poluidora em países em desenvolvimento.
4.3 Glicerol
Acidez Volátil
1.990,20 ± 32,22 BOTTEGA (2019)
[mc HAc.L-1]
Acidez Volátil
373,9 DEVENS (2019)
[mc HAc.L-1]
Carboidratos
6,43 ± 3,52 ANDREANI (2017)
Totais [g.L-1]
Cappelletti et al. (2011) citam que, o Brasil sendo o maior produtor de mandioca do
mundo, para obter-se amido e farinha é produzida cerca de 7 litros de água residuária por Kg
de mandioca processada. Possui elevadas cadeias de carboidratos na sua composição com 5-15
g.L-1 de Demanda Química de Oxigênio (DQO), o que o caracteriza como um poluente
importante caso não receba o devido tratamento. Assim, este efluente qualifica-se como um
bom substrato em processos biotecnológicos devido seu alto teor de matéria orgânica.
23
5 MATERIAL E MÉTODOS
Antes de alimentar os reatores, a água residuária de coleta teve seu pH corrigido para
6,50 utilizando bicarbonato de sódio.
Tabela 5: Características técnicas do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.
Material Acrílico
Formato Cilíndrico
Diâmetro Interno 90 mm
Altura Total 610 mm
Altura Útil 445 mm
Altura Câmara de Distribuição 85 mm
Altura HeadSpace Biogás 80 mm
Volume Total 3880 mL
Volume Útil 2830 mL
28
Tabela 7: Periodicidade da realização das análises físico-químicas nos reatores anaeróbios em batelada
e no reator contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.
Para o cálculo do desempenho do sistema na remoção dos parâmetros sob análise foi
utilizada a Equação 1:
𝑆0 − 𝑆 (1)
𝐸(%) = ( ) ∙ 100
𝑆0
Onde:
E – Eficiência de remoção do parâmetro sob análise, em %;
𝑆0 – Concentração do parâmetro no afluente em mg.L-1;
S – Concentração do parâmetro no efluente em mg.L-1.
H2O). Essa correção foi realizada através da Equação 2, proposta por Santos (2001), decorrente
da combinação das leis de Boyle e Gay-Lussac.
𝑉0 ∙ 𝑃0 𝑉1 ∙ 𝑃1
= (2)
𝑇0 𝑇1
Onde:
𝑉0 – Volume de biogás corrigido, m³;
𝑃0 – Pressão corrigida do biogás, 10.322,72 mm de H2O;
𝑇0 – Temperatura corrigida do biogás, 293,15 °K;
𝑉1 – Volume do gás medido, m³;
𝑃1 – Pressão do biogás no instante da leitura, em mm de H2O;
𝑇1 – Temperatura do biogás no instante da leitura, em °K.
O reator teve seu processo de startup no ano de 2018. O lodo utilizado como inóculo
para a partida do reator foi proveniente de um reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de
lodo (UASB), da estação de tratamento de esgoto sanitário (ETE). Em função da origem da
biomassa do inóculo, foi necessária uma fase de adaptação, haja vista que os microrganismos
33
não estavam adaptados ao substrato do estudo (lixiviado e glicerol), nem à temperatura utilizada
na pesquisa (mesofílica).
Para a inoculação do reator, inicialmente, foram utilizados dois litros de lodo, com
concentração média de 64 gramas de sólidos suspensos voláteis no total e 0,570 L de substrato
da mistura de lixiviado e glicerol na proporção, em volume, de 0,236%, com DQO total
esperada de 4,0 gO2.L-1, até que todo o volume útil do reator fosse preenchido.
A adaptação da biomassa foi conforme as diretrizes indicadas em Chernicharo (2016),
que recomendam cargas biológicas entre 0,05 e 0,5 gDQO.gSSV--1.d-1. O valor adotado foi de
0,5 gDQO.gSSV-1.d-1, alcançado pela redução da vazão de alimentação e consequente aumento
do tempo de detenção hidráulica, estimado em 30 horas.
Após adaptado o experimento rodou nos anos de 2018, 2019 e início de 2020 com os
substratos água residuária de aterro sanitário- lixiviado e adição de glicerol. Em março de 2020
o reator foi desativado.
No início de 2022, após dois anos sem atividade deu-se o início da aclimatação do
reator com os substratos água residuária de fecularia e adição de glicerol utilizando reatores em
batelada.
O valor adotado foi de 1 gDQO.gSSV-1.d-1, acima do recomendado, devido ao reator
já estar com a biomassa aderida ao material suporte, alcançado pela redução da vazão de
alimentação e consequente aumento do tempo de detenção hidráulica, estimado em 12 horas.
[ ]𝐷𝑄𝑂 ∙ 𝑄 (3)
𝐶𝑂𝑉 =
𝑉
Onde:
𝐶𝑂𝑉 – Carga orgânica volumétrica, gDQO.L-1ciclo;
[ ]𝐷𝑄𝑂 – Concentração da DQO bruta de entrada, g.L-1;
𝑄 – Vazão de alimentação regulada pela Bomba de dosagem, 212mL.h-1;
𝑉 – Volume útil real do reator, 2570mL;
Tabela 9: Carga orgânica volumétrica dos 20 Tempos de Detenção Hidráulica do reator de fluxo
contínuo.
1 19,5 11 16,6
2 27,6 12 18,1
3 16,2 13 14,7
4 32,5 14 16,7
5 17,9 15 16,1
6 19,1 16 14,7
7 17,9 17 17,3
8 27,0 18 15,9
9 15,0 19 27,8
10 16,9 20 27,0
35
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3500
Produção de Biogás (L.m-3)
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dias
R1 R2 R3 Reator Branco
3000
Produção Real de Biogás (L.m-3)
2500
2000
1500
1000
500
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dias
R1 R2 R3
Nota-se que ao final do processo de 30 dias, a produção dos três reatores ficou próxima
demonstrando uma similaridade da codigestão entre os reatores na produção de gás pela
associação dos substratos. Dentre estes, constata-se o de maior produção igual a 2771,1 L.m-³
para o R2 e o menor de valor igual a 2508,0 L.m-³ para o R1.
O trabalho de Prabhu et al. (2021) trabalhando com substratos de resíduos alimentares
e dejetos de laticínios, após 30 dias de incubação encontraram uma produção de biogás de
531L.kg-1 de inóculo. Kuczman et al. (2011), também utilizando a manipueira como substrato,
após 8 dias obtiveram uma produção de biogás de 650L.m-³. Cataneo et al. (2016) obtiveram
uma produção de 1562L.m-³ em 15 dias, adotando o glicerol como cossubstrato.
Na Figura 11, tem exposto a quantificação diária de biogás do reator contínuo de fluxo
ascendente m comparação com a remoção da DQO por TDH de 12 horas, com valores
corrigidos conforme Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), dados fornecidos
pelo SIMEPAR.
37
600
8,0 500
6,0 400
300
4,0
200
2,0 100
0,0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas
DQO Consumida Biogás
Figura 11: Biogás produzido e DQO consumida ao longo de 20 dias de experimento do reator
anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.
Tabela 10: Comparativo da produção de biogás das duas conduções de reatores estudadas.
Desvio
Reator Unidade Média
Padrão
Batelada L.m-³ 2681,1 149,92
Fluxo
L.m-³ 506,92 179,82
Ascendente
9,5 0,60
0,50 pH Entrada
9
AV/AT e AI/AP
0,40 pH Saída
8,5
0,30 AI/AP Entrada
pH
8
0,20 AV/AT Entrada
7,5 0,10 AI/AP Saída
Figura 12: Estabilidade do processo em termos de AV/AT, AI/AP e pH dos reatores anaeróbios em
batelada.
AV/AT permanecendo entre 0,06 e 0,2 indica que não há queda de pH, enquanto Silva (1997)
explicita que valores inferiores 0,3 são valores ótimos para manter a estabilidade.
Pôde-se analisar a relação AI/AP em que os reatores R1 e R2 demonstraram valores
de 0,56 considerados elevados. Ripley et al. (1986) explicita que valores da relação AI/AP
superiores a 0,3 indicam a ocorrência de distúrbios no processo de digestão anaeróbia, contudo
Chernicharo (2007) destaca que devido as particularidades dos efluentes, relações AI/AP
podem ser superiores a 0,3 e ainda estarem estáveis na produção de biogás.
7,5 2,5
7
2,0
6,5
6 1,5
AV/AT
5,5
pH
1,0
5
0,5
4,5
4 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas
pH Saída pH Entrada AV/AT Entrada AV/AT Saída
Figura 13: Estabilidade do processo em termos de AV/AT e pH do reator anaeróbio contínuo de leito
fixo e fluxo ascendente.
Substratos com baixa quantidade de sólidos totais e alta de sólidos voláteis são
facilmente degradados na digestão anaeróbia; assim, a hidrólise consumindo rapidamente estes
pequenos estoques de alimento pode provocar a acidificação do reator e consequentemente
inibir a metanogênese (WARD et al., 2008).
Pode-se sugerir acúmulo de ácidos graxos voláteis no processo metabólico do reator,
indicando maior atividade de hidrólise e acidogênese, resultando em hidrogênio e dióxido de
carbono como produto.
Durante a digestão, a hidrólise e acidogênese podem dominar o processo anaeróbio,
causando acúmulo de produtos intermediários, sendo estes ácidos graxos voláteis. O consumo
de ácido pela arqueia metanogênica é sensível e tem potencial de ser inibida pelo acúmulo de
ácido, reduzindo o pH do reator produzindo gases provenientes da atividade acidogênica
(KOCH et al., 2015).
Realizou-se coletas de biogás para a análise das concentrações dos gases produzidos
nos dias 3, 7, 17 e 24 da triplicata dos reatores em batelada e coletas diárias do reator de fluxo
contínuo.
Os gases que compõem o biogás analisado para as duas situações dos reatores são o
hidrogênio (H2), metano (CH4), dióxido de carbono (CO2). O acompanhamento do biogás dos
dias 7, 14, 21 e 28 em cada reator em batelada e um branco denominado R5 é ilustrado no
APÊNDICE A e cada ciclo do reator de fluxo contínuo é no APÊNDICE B.
A amostra coletada do dia 7 do R1 do experimento de reatores em batelada e as
amostras coletadas dos ciclos 12, 17 e 20 do reator de fluxo contínuo foram perdidas devido a
alguma interferência que as amostras possam ter sofrido na coleta, como acúmulo de umidade;
não sendo possível repetir o ciclo as amostras não puderam ser repetidas.
Dados relativos à produção de gás associando com a porcentagem de produção de cada
composto do reator em batelada e de fluxo contínuo estão ilustrados nas Figuras 14 e Figura 15
e um comparativo de composição do gás disposto na Tabela 11.
41
2900 60,0
Produção de biogás (L.m-³)
2800
% Concentração do gás
2700 55,0
2600
2500
50,0
2400
2300
2200 45,0
2100
2000 40,0
R1 R2 R3
Reatores
Biogás %CH4 %CO2
Figura 14: Produção de biogás dos reatores anaeróbios em batelada e a composição em termos de
concentração de CH4 e CO2 do gás.
3000 100,0
% Concentração do gás
Produção de biogás (mL)
90,0
2500 80,0
2000 70,0
60,0
1500 50,0
40,0
1000 30,0
500 20,0
10,0
0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
TDH de 12 horas
Gás Total H2 CH4 CO2
Figura 15: Produção de biogás do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente e a
composição em termos de concentração de H2, CH4 e CO2 do gás.
42
Tabela 11: Comparativo da concentração de hidrogênio, metano e dióxido de carbono do biogás nas
duas conduções de reatores estudadas.
Reator %H2 %CH4 %CO2
Fluxo
17,47 12,36 70,16
Ascendente
Por meio deste comparativo, nota-se que os reatores em batelada apresentaram uma
taxa de metano em sua composição de quase 50%, enquanto o reator de fluxo contínuo
apresentou uma maior atividade metabólica durante a fase acidogênica, visto a taxa de 17,47%
de hidrogênio.
Verifica-se também uma porcentagem de 12,36 de CH4 para o reator de fluxo contínuo,
contudo este volume produzido foi concentrado durante os 3 primeiros ciclos como ilustrado
na Figura 16 já mencionada anteriormente.
Analisando a composição do gás após a atividade metabólica ter se concentrado na
fase acidogênica, pode-se inferir uma porcentagem de 19,80 de hidrogênio e 78,58 de dióxido
de carbono produzido.
De acordo com Cruz et al. (2021) em pesquisa sobre produção de biogás com resíduos
de mandioca, dependendo da origem do resíduo, o biogás produzido pode atingir de 50 a 75%
de metano, 25 a 50% de dióxido de carbono e o restante de outros gases, como pode ser
verificado nos reatores em batelada atingindo produção média de 48,64, próximo a 50%.
Samer et al. (2021) encontrou em pesquisa na produção de biogás pela digestão
anaeróbia de lama utilizando 5 condições, um valor de 57,5% de metano na composição do gás.
43
Zhu et al. (2021) propõe que o metano geralmente atua como o produto final da
digestão anaeróbia aceitando elétrons da oxidação do butirato e acetato sob condições
anaeróbias, contudo o nitrato e sulfato também podem aceitar estes elétrons no processo,
competindo com a metanogênese. Pode-se sugerir que tenha ocorrido o proposto pela presença
de nitrogênio na composição do gás e a ausência de metano a partir do 4º ciclo (TDH de 12
horas).
12,0 70
10,0 60
% Remoção da DQO
Concentração (g.L-1)
50
8,0
40
6,0
30
4,0
20
2,0 10
0,0 0
RD7 RD14 R1 R2 R3
Reatores
DQO Centrifugada Entrada DQO Centrifugada Saída % Remoção
Figura 16: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea centrifugada dos reatores
anaeróbios em batelada.
O reator destrutivo de sete dias apresentou uma remoção de DQO de 3,54 g.L-1 com
34% sendo a menor encontrada dentre as análises nos reatores em batelada e o de quatorze dias
5,38 g.L-1 com 53%, apresentando uma crescente ao longo dos dias de incubação na remoção
44
35,0 80,0
30,0 70,0
% Remoção da DQO
60,0
Concentração (g.L-1)
25,0
50,0
20,0
40,0
15,0
30,0
10,0
20,0
5,0 10,0
0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas - Reator Fluxo Contínuo
DQO Bruta Saída DQO Bruta Entrada % Remoção
Figura 17: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea centrifugada do reator anaeróbio
contínuo de leito fixo e fluxo ascendente.
25,0 80,0
70,0
20,0
60,0
% Remoção da DQO
Cconcentrção (g/L)
15,0 50,0
40,0
10,0 30,0
20,0
5,0
10,0
0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
TDH de 12 horas - Reator Fluxo Contínuo
DQO Centrifugada Saída DQO Centrifugada Entrada % Remoção
Figura 18: Concentração e remoção da matéria orgânica carbonácea bruta do reator anaeróbio contínuo de
leito fixo e fluxo ascendente.
Os valores de remoção de sólidos totais variaram entre 44,9 e 74,1% com uma média
de 59,6%, valor alto visto que em muitas amostras metade dos sólidos eram do tipo volátil;
sólidos dissolvidos variaram entre 50,8 e 78,5% com uma média alta de 63,5%; já os sólidos
suspensos apresentaram uma grande variação entre 20,8 e 84,4%.
46
Tabela 12: Remoção de Sólidos do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente em
porcentagem.
Média - % Mínimo - % Máximo - %
Sólidos Totais 59,6 ± 9,1 44,9 74,1
Sólidos Dissolvidos 63,5 ± 7,8 50,8 78,5
Sólidos Suspensos 48,9 ± 23,2 20,8 84,4
Tabela 13: Remoção de Sólidos do reator anaeróbio contínuo de leito fixo e fluxo ascendente em
gramas.
Unidade Médias Mínimo Máximo
-1
Sólidos Totais g.L 5,4 ± 1,8 3,3 8,4
Sólidos Dissolvidos g.L-1 4,9 ± 1,3 3,4 8,6
Sólidos Suspensos g.L-1 1,2 ± 1,2 0,2 3,6
47
7 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
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