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ATUALIDADES EM QUÍMICA

Roselena Faez, Cristiane Reis, Patrícia Scandiucci de Freitas, Oscar K. Kosima,


Giacomo Ruggeri e Marco-A. De Paoli

Este artigo discute o que são os polímeros condutores e como eles conduzem eletricidade. Também apresenta
os métodos de obtenção e as principais aplicações deste importante tipo de polímero.


plástico condutor, materiais, polímeros

O
termo polímero representa um contribuído muito para uso em diversas catalisador 1000 vezes maior que a ne-
grande número de substân- aplicações. Estes polímeros conduzem cessária.
cias, algumas de ocorrência corrente elétrica sem a incorporação Em 1977, Shirakawa, trabalhando
natural e outras sintéticas. O início de de cargas condutoras. em colaboração com MacDiarmid e 13
sua utilização pelo homem se con- Heeger na Universidade da Pensilvâ-
funde com a história. No entanto, o A descoberta da propriedade nia, EUA, verificou que após a dopa-
desenvolvimento sintético teve início condutora em polímeros gem do poliacetileno com iodo, o filme
em princípios do século 20, sob base Por muito tempo, as tentativas para prateado flexível tornou-se uma folha
ainda empírica. Apenas às vésperas da obter um polímero condutor foram frus- metálica dourada, cuja condutividade
Segunda Guerra Mundial, os polímeros tradas. Somente no início da década elétrica era sensivelmente aumentada.
começaram a ser preparados e os con- de 70, uma classe de polímeros foi pre- Na década de 80, os pesquisadores
ceitos que envolvem esta classe de parada com significativa capacidade Naarmann e Theophilou da BASF AG,
materiais começaram de conduzir eletricida- em Ludwingshafen, Alemanha, conse-
a ser estudados. A Os polímeros condutores de, embora a idéia de guiram incrementar ainda mais a
idéia de associar pro- são geralmente chamados que sólidos orgânicos condutividade do poliacetileno. Usan-
priedades elétricas de “metais sintéticos” por apresentassem alta do um novo catalisador e orientando o
dos metais às proprie- possuírem propriedades condutividade elétrica, filme por estiramento, conseguiram,
dades mecânicas dos elétricas, magnéticas e comparável à dos me- após dopagem, condutividade seme-
polímeros ocorreu por ópticas de metais e tais, tenha sido pro- lhante à do cobre metálico à tempera-
volta dos anos 50, pe- semicondutores posta há mais de meio tura ambiente (106 S cm-1). A desco-
la incorporação de século. A descoberta berta do poliacetileno condutor mos-
cargas condutoras dos polímeros condutores teve início trou que não havia nenhuma razão
(negro de fumo, fibras metálicas ou fi- acidentalmente no laboratório de Hi- para que um polímero orgânico não
bra de carbono) a estes, produzindo deki Shirakawa do Instituto de Tecnolo- pudesse ser um bom condutor de ele-
os chamados “polímeros condutores gia de Tóquio, em 1976. Na tentativa tricidade. Desta forma, outros políme-
extrínsecos” (extrínsecos pois a carga de sintetizar o poliacetileno (um pó pre- ros condutores foram preparados.
condutora é adicionada). Recente- to), um estudante de Shirakawa produ-
mente, uma outra classe de materiais ziu um lustroso filme prateado, pareci-
Estrutura molecular e propriedades
condutores, os “polímeros condutores do com uma folha de alumínio. Reven- de condução
intrínsecos”, vem sendo estudada e do a metodologia, o estudante verificou Os polímeros condutores são geral-
suas propriedades específicas têm que havia utilizado uma quantidade de mente chamados de “metais sintéti-
cos” por possuírem propriedades elé-
tricas, magnéticas e ópticas de metais
A seção “Atualidades em química” procura apresentar assuntos que mostrem como a química é uma ciência viva, seja com e semicondutores. O mais adequado
relação a novas descobertas, seja no que diz respeito à sempre necessária revisão de conceitos. seria chamá-los de “polímeros conju-

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Tabela 1: Estrutura dos principais polímeros intrinsecamente condutores. elétrons na banda de condução. Isso
forma bandas semipreenchidas, como
Polímero condutor Condutividade / S cm-1 no caso dos metais. No entanto, esse
modelo não explica o fato de que a
103 a 106 condutividade está associada a porta-
n
Poliacetileno dores de carga de spin zero e não a
elétrons deslocalizados.
H H
Da mesma forma que em qualquer
N N N N 10 a 103
sólido, em um polímero o processo de
n
Polianilina ionização resulta na criação de uma la-
H H
cuna no topo da banda de valência.
N N
Neste caso, três observações podem
N N 600 ser feitas:
H H n 1. Pela definição exata do processo
Polipirrol nenhuma relaxação geométrica
(distorção do retículo) ocorre na
S S cadeia polimérica.
200
S S 2. A carga positiva gerada perma-
n nece deslocalizada sobre toda a
Politiofeno cadeia polimérica.
3. A presença da lacuna (nível deso-
500 cupado) no topo da banda de va-
n
lência confere um caráter metá-
lico ao processo.
Poli(p-fenileno)
Contudo, em sólidos unidimensio-
14 nais dos quais os polímeros condu-
1
tores fazem parte, pode ser energe-
n ticamente favorável localizar a carga
Poli(p-fenileno vinileno) que aparece sobre a cadeia (criando
um defeito) e ter ao redor desta carga
gados” porque são formados por ca- A condutividade elétrica dos polí- uma distorção local do retículo (rela-
deias contendo duplas ligações C=C meros foi primeiramente explicada xação) - Teorema de Peierl. Esse pro-
conjugadas (vide Tabela 1). Esta con- com base no “modelo de bandas”, se- cesso resulta no aparecimento de esta-
jugação permite que seja criado um melhante aos semicondutores inor- dos eletrônicos localizados no interior
fluxo de elétrons em condições especí- gânicos. Num cristal, como em um do band-gap.
ficas, como discutido a seguir. polímero, a interação da cela unitária Considerando-se o caso da oxida-
Os elétrons π da dupla ligação po- com todos os seus vizinhos leva à for- ção, isto é, a remoção de um elétron
dem ser facilmente removidos ou adi- mação de bandas eletrônicas. Os da cadeia, há a formação de um cátion
cionados para formar um íon, neste níveis eletrônicos ocupados de mais radical (também chamado de polaron
caso polimérico. A oxidação/redução alta energia constituem a banda de em química de sólidos). Esta pode ser
da cadeia polimérica é efetuada por valência (BV) e os níveis eletrônicos va- interpretada como a redistribuição de
agentes de transferência de carga zios de mais baixa energia, a banda elétrons π, que polariza a cadeia poli-
(aceptores/doadores de elétrons), con- de condução (BC). Estes estão sepa- mérica apenas localmente, produzindo
vertendo o polímero de isolante em rados por uma faixa de energia proibi- uma modificação de curto alcance na
condutor ou semicondutor. Esses da chamada de band- distribuição espacial
agentes são chamados de “dopantes” gap (também chama- A condutividade elétrica dos átomos. Em ter-
em analogia com a dopagem dos da de “hiato”), cuja lar- dos polímeros foi mos químicos, um
semicondutores, porém são adiciona- gura determina as pro- primeiramente explicada polaron consiste em
dos em quantidades muito superiores, priedades elétricas com base no “modelo de um íon radical com
pois a massa do dopante pode chegar intrínsecas do mate- bandas”, semelhante aos carga unitária e spin
a até 50% da massa total do composto. rial. Esse “modelo de semicondutores = 1/2, associado a
Nos semicondutores inorgânicos, a bandas” foi discutido inorgânicos uma distorção do retí-
condutividade só é alcançada pela por Toma em Química culo e à presença de
inserção de elementos (dopantes) que Nova na Escola de no- estados localizados
possam doar ou receber elétrons a fim vembro de 1997. no band-gap (vide Figura 1). No pro-
de proporcionar um fluxo de elétrons No caso do poliacetileno, uma oxi- cesso de formação do polaron, a ban-
e assim gerar portadores de corrente dação remove elétrons do topo da ban- da de valência permanece cheia e a
elétrica. da de valência e uma redução adiciona banda de condução vazia, e não há o

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dutores devem ser dopados para apre- dação, dos quais a forma esmeraldina,
sentar maior condutividade. Entretanto, 50% oxidada, é a mais estável (vide
de forma diferente dos semiconduto- Tabela 2).
res, os portadores de carga não são A forma base esmeraldina (isolante)
elétrons ou buracos localizados no in- do polímero pode reagir com ácidos
terior de bandas e sim defeitos carre- (HCl) resultando na forma sal esme-
gados, os polarons e bipolarons, locali- raldina (condutora). A reação de proto-
zados ao longo da cadeia polimérica. nação ocorre principalmente nos nitro-
Essa particularidade influencia direta- gênios imínicos da polianilina (-N=).
mente o mecanismo de transporte no Este estado contém duas unidades re-
interior da cadeia do polímero. petitivas, a amina-fenileno e a imina-
Na maioria dos polímeros condu- quinona. Além da elevada condutivi-
Figura 1: Modelo de bandas para um polí- tores, como polipirrol e politiofeno, o dade elétrica, que chega à ordem de
mero condutor: a) polarons e b) bipolaron. processo de dopagem ocorre simulta- 102 S cm-1, outra propriedade interes-
neamente com a oxidação da cadeia. sante da polianilina é exibir diferentes
Elétrons são retirados da cadeia duran- colorações quando se variam as con-
aparecimento do caráter metálico, uma te a oxidação e há inserção de contra- dições de pH ou o potencial elétrico.
vez que o nível parcialmente ocupado íons (dopantes) para balancear a car-
está localizado no band-gap. ga. Os mais conhecidos aceptores e Síntese
Quando um segundo elétron é re- doadores de elétrons, incluindo-se Os polímeros condutores podem
movido da cadeia, pode-se ter duas agentes fortes e fracos, são: AsF5, I2, ser sintetizados por três métodos de
situações: ou o elétron é removido da Br2, BF3, HF, Li, Na e K, respectivamen- polimerização: química (vide quadro
cadeia polimérica ocasionando a cria- te. O processo de dopagem pode ser na página seguinte), eletroquímica e
ção de mais um estado polaron ou é realizado por métodos químicos ou fotoeletroquímica. Dentre estes mé-
removido do estado polaron já exis- apenas pela exposi- todos, a síntese quími-
tente. No último caso, ocorre a forma- ção dos polímeros Como nos semicondutores ca é a mais utilizada e 15
ção de um bipolaron, que é definido condutores aos vapo- inorgânicos, os polímeros industrialmente é a
como um par de cargas iguais (dicá- res dos agentes de condutores devem ser mais vantajosa por
tion com spin = 0, associado a uma transferência de car- dopados para apresentar possibilitar a produ-
forte distorção do retículo). A formação ga. maior condutividade ção de grandes quan-
de um bipolaron é favorecida em rela- A polianilina e seus tidades de material.
ção à formação de dois polarons, uma derivados formam uma outra classe de Algumas rotas de síntese são muito
vez que o ganho de energia decorrente polímeros condutores em relação ao simples e podem ser adaptadas para
da interação de duas cargas com o processo de dopagem. Ela pode ser escala piloto ou industrial (poli(p-fenil
retículo é maior do que a repulsão cou- dopada por protonação, isto é, sem vinileno), polipirrol e polianilina). Outras
lômbica entre as cargas de mesmo si- que ocorra alteração do número de elé- requerem ambientes isentos de umi-
nal. trons (oxidação/redução) associados dade (polifenilenos e politiofenos).
Portanto, assim como nos semicon- à cadeia polimérica. A polianilina pode O produto da oxidação da anilina
dutores inorgânicos, os polímeros con- ocorrer em diferentes estados de oxi- foi primeiramente preparado em 1862,

Tabela 2: Os três estados de oxidação mais importantes da polianilina: leucoesmeraldina, esmeraldina (isolante e condutora) e pernigranilina.

Estado de oxidação Estrutura Cor* Característica


H H H H
Leucoesmeraldina N N N N amarela isolante completamente
n
310 reduzida

H H H H condutora parcialmente
Sal de esmeraldina N N N N verde oxidada
+ +
n 320, 420, 800
H H H H
isolante parcialmente
Base esmeraldina N N N N azul oxidada
n 320, 620
H H H H
Pernigranilina púrpura isolante completamente
N N N N
+ + 320, 530 oxidada
n
* Os valores numéricos referem-se ao comprimento de onda (em nanometros) onde a absorção é máxima.

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Vamos sintetizar polianilina? piente contendo o gelo e o
Se você tem interesse em conhecer mais de perto um sal grosso, procure manter
polímero condutor, aqui é mostrado como se preparar a o sistema a -10 °C. Sepa-
polianilina, um dos polímeros condutores mais conhecidos. radamente dissolva o
Antes de começar o experimento tenha certeza de que (NH4)2S2O8 no restante da
você dispõe de um laboratório seguro, com capela equipa- solução de HCl. Adicione
da com exaustor e equipamentos de segurança pois have- lenta e cuidadosamente a
rá evolução de vapores corrosivos e irritantes durante a solução de (NH4)2S2O8 ao
dissolução dos reagentes. Também é necessário o uso de balão contendo a anilina,
avental, óculos de segurança, luvas e sapato fechado, cui- sob agitação. Mantenha a
dados que devem ser usuais em um laboratório para se agitação por 2 h. O meio
evitar ferimentos em caso de acidente. Lembre-se: o áci- reacional deverá mudar de
do é corrosivo e pode queimar a pele e a anilina é tóxica, coloração, podendo passar
pode conter um subproduto que causa câncer e o persul- por tons de vinho, roxo e
fato de amônio, (NH4)2S2O8, é altamente oxidante, portanto azul até começar a se depo-
evite contato com os reagentes. sitar o precipitado. Filtre o Montagem do sistema para síntese
Você vai precisar de: precipitado em funil de da polianilina.
• balão de fundo redondo de 250 mL Büchner sob vácuo, lavan-
• termômetro do-o com solução de HCl 1 mol/L. Seque em dessecador
• haste de agitação e agitador mecânico ou barra de contendo CaCl2. Monitore a secagem pesando o sólido
agitação (peixinho) e agitador magnético (o peixinho periodicamente até massa constante, o que pode levar
pode não girar constantemente com a deposição de alguns dias. O material obtido será um pó com coloração
sólido) escura, quase preta e tonalidade esverdeada e não se parece
• recipiente onde será colocado o balão em banho com com os polímeros utilizados em embalagens, utensílios do-
16 gelo e sal grosso mésticos, carcaças de equipamentos, entre outros. Quando
• funil de Büchner
o polímero estiver seco, faça uma pastilha em um pastilhador
• Kitazato
para pastilhas para infravermelho. Meça a condutividade com
• trompa de vácuo
• dessecador com CaCl2 um multímetro e compare com vários tipos de plásticos e
• balança borrachas. Separe uma parte da polianilina e coloque em
• multímetro um meio básico (solução de NaOH, por exemplo), a
Reagentes: coloração muda de esverdeado para azulado. Filtre, lave
• 100 mL de solução de HCl 1 mol/L com água destilada e seque (desta vez pode ser em estufa).
• 2 mL de anilina Faça uma nova pastilha e meça a condutividade com o mul-
• 6 g de (NH4)2S2O8 tímetro. Compare com a amostra anterior. A primeira amos-
Monte o balão. Dissolva a anilina em 20 mL de solução tra estava dopada com HCl, sendo condutora, na segunda
de HCl dentro do balão. Mantenha o balão dentro do reci- o dopante foi removido, tornando a polianilina isolante.

porém suas propriedades foram reco- por apresentar bons resultados, como imersos em uma solução que conte-
nhecidas somente cerca de 100 anos rendimento e condutividade (vide Fi- nha o monômero e o eletrólito (os âni-
depois (década de 80 do século 20), gura 2). O politiofeno e seus derivados ons dopantes). No caso da anilina, é
despertando um interesse particular podem ser obtidos por polimerização necessário acidificar o meio. O meio
devido ao baixo custo de produção, com FeCl3 ou CuClO4. reacional pode ser aquoso ou orgâni-
facilidade de síntese e alto rendimento. Os polímeros condutores também co, dependendo da solubilidade do
As sínteses da polianilina e do polipirrol podem ser depositados eletroquimi- precursor polimérico e da estabilidade
podem ser realizadas de maneiras se- camente na forma de filmes sobre ele- do produto. As dimensões do filme for-
melhantes sob a ação de um agente trodos metálicos ou semicondutores. mado são limitadas pela área geomé-
oxidante. No caso da polianilina, é es- A célula eletroquímica consiste de um trica do eletrodo e pela densidade de
sencial manter um meio com pH ≈ 1,0. eletrodo de trabalho (o eletrodo onde carga utilizada na síntese. Industrial-
Alguns dos agentes oxidantes estu- o filme do políme-
dados para a polianilina foram K2Cr2O7, ro vai ser deposi-
KMnO4 ou H2O2. Para o polipirrol usa- tado), um contra-
se Br2, I2, CuCl2. Agentes oxidantes co- eletrodo e um ele-
muns a ambos são o FeCl 3 ou trodo de referên-
(NH4)2S2O8, este último muito utilizado cia. Estes são Figura 2: Principal método de síntese da polianilina.

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mente esta técnica é utilizada na pre- alteração de coloração induzido em al- qual o eletrodo eletrocrômico é sepa-
paração de filmes poliméricos para a guns materiais por processos eletro- rado do contra-eletrodo por um eletró-
produção de baterias recarregáveis ou químicos reversíveis. A aplicação de lito líquido ou sólido e a mudança de
para polimerização in situ, utilizando- um potencial externo nos polímeros coloração ocorre pela carga/descarga
se outros materiais como matriz. condutores faz com que estes passem da célula eletroquímica quando uma
A preparação eletroquímica de fil- da forma condutora para a isolante pequena diferença de potencial é apli-
mes de polipirrol em larga escala foi com grande contraste cromático (va- cada (vide Figura 5). Um dispositivo
desenvolvida pela BASF AG (Ludwi- riação de cor). Estas propriedades tor- eletrocrômico é utilizado comercial-
gshafen) através de dois métodos de nam os polímeros condutores candi- mente em embalagens de pilhas alca-
produção contínua usando-se eletro- datos promissores para aplicação em linas para avaliar a carga da bateria e
dos cilíndricos, conforme esquema da dispositivos eletrocrômicos. Um dis- em espelhos retrovisores de automó-
Figura 3. Os principais fatores que afe- positivo eletrocrômico é essencial- veis para evitar o ofuscamento do mo-
tam a produção contínua são o tempo mente uma célula eletroquímica na torista.
de residência no anodo ou a velocida-
de de rotação do eletrodo, a concen-
tração do monômero, a concentração Tabela 3: Algumas aplicações dos polímeros condutores.
dos sais eletrolíticos e a densidade de
Aplicação Fenômeno Uso
carga. Na prática, o processo consiste
na retirada do filme polimérico direta- Eletrodos transferência de carga baterias recarregáveis,
mente do eletrodo à medida que vai sensores, capacitores
se depositando a partir do eletrólito que Dispositivos variação de cor com janelas inteligentes
contém o monômero. Dependendo eletrocrômicos aplicação de potencial
das condições de reação é possível
produzir filmes flexíveis de 30 m x Músculos movimentação mecânica de um transdutor mecânico para
artificiais filme pela aplicação de potencial robótica
150 m. O mecanismo da reação é
17
mostrado na Figura 4. LEDs emissão de luz monitores e mostradores
Aplicações
Protetor eliminação de carga estática microeletrônica
Os polímeros condutores podem antiestático
ser utilizados em muitas aplicações co-
mo mostrado na Tabela 3. No entanto, Anticorrosivos proteção contra corrosão tintas
eles só vão conseguir entrar no merca-
Células transformação de energia fonte alternativa de energia
do quando oferecerem “algo mais” que solares luminosa em energia elétrica
os compostos já existentes. A seguir
será discutido um exemplo de aplica- Blindagem absorção de radiação marinha, aeronáutica e
ção. eletromagnética (diminui interferência nos telecomunicações
equipamentos eletrônicos)
Dispositivos eletrocrômicos
Eletrocromismo é o fenômeno de

Figura 3: Processo de produção contínua


de polipirrol. O anodo tem a forma de um
tambor rotativo e permite a remoção do fil-
me da solução. Figura 4: Mecanismo de reação da eletropolimerização do pirrol.

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Tabela 4: Instituições onde há grupos de pesquisadores de polímeros condutores no Brasil.

Empresa Brasileira de Pesquisa Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento


Agropecuária - EMBRAPA de Instrumentação Agropecuária- CNPDIA -
São Carlos
Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos
Instituto de Química de São Carlos
Instituto de Química (São Paulo)
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Química
Instituto de Física Gleb Wataghin
Instituto de Química
Universidade Estadual Paulista Departamento de Física da Faculdade de
Figura 5: Esquema de um dispositivo eletro- Engenharia de Ilha Solteira
crômico. Universidade Federal da Paraíba Departamento de Engenharia Química
Universidade Federal de Minas Gerais Departamento de Química

Grupos de pesquisa no Brasil Universidade Federal de Pernambuco Departamento de Química Fundamental

Existem vários grupos de pesquisa Universidade Federal de Piauí Departamento de Química


no mundo inteiro que trabalham com Universidade Federal de São Carlos Departamento de Engenharia de Materiais
pesquisas básica e aplicada na área Departamento de Física
de polímeros condutores. Aqui no Bra- Departamento de Química
sil, há também vários grupos de pes- Universidade Federal do Paraná Departamento de Química
quisa nesta área, enumerados na Departamento de Física
Tabela 4. Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa
Mano
18 Roselena Faez, bacharel e licenciada em química pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação
UNESP-Ararquara e doutora em ciências pela UNI- em Engenharia Química
CAMP, é pesquisadora do Departamento de Materiais Instituto de Química
do Centro Técnico Aeroespacial do lTA. Cristiane Reis
Martins, engenheira química pela UNICAMP, é douto- Universidade Federal do Escola de Engenharia
randa em química no Instituto de Química da UNI- Rio Grande do Sul Instituto de Química
CAMP. Patrícia Scandiucci de Freitas, bacharel em quí-
mica pela UNICAMP, é doutoranda em química no
Instituto de Química da UNICAMP. Oscar K. Kosima é Para saber mais ca Nova, v. 19, n. 4, p. 388-399, 1996.
bacharel em química pela UNICAMP. Giacomo TOMA, H.E. Ligação química: abor-
Ruggeri, é docente do Dipartimento di Chimica e Chi-
ZOPPI, R.A. e DE PAOLI, M.-A. Apli- dagem clássica ou quântica. Química
mica Industriale da Universidade de Pisa, na Itália, e cações tecnológicas de polímeros con- Nova na Escola, n. 6, p. 8-12, 1997.
professor visitante do Instituto de Química da UNI- dutores: perspectivas atuais. Química SIMIELLI, E.R. Aspectos históricos
CAMP. Marco-A. De Paoli (mdepaoli@iqm.unicamp. Nova, v. 16, n. 6, p. 560-569, 1993. de ciência e tecnologia de polímeros
br), doutor em ciências pela USP, é professor titular MATTOSO, L.H.C. Polianilinas: sín- no Brasil. Polímeros: Ciência e Tecnolo-
do Instituto de Química da UNICAMP e membro titu- tese, estrutura e propriedades. Quími- gia, v. 8, n. 4, p. 6-8, 1998.
lar da Academia Brasileira de Ciências.

Nota
Educación Química completa dez anos Para seu 10º volume foi planejada a blicações da área” foi escrito por Nelson
publicação de uma série de artigos Rui Ribas Bejarano e Anna Maria Pessoa
especiais, em uma seção denominada de Carvalho, da Faculdade de Educação
de “De aniversário”. Infelizmente, dada da Universidade de São Paulo. Neste
a longa greve ocorrida na UNAM em artigo de oito páginas, além de exa-
1999/2000, em 1999 só foram publicados minarem as dissertações/teses defen-
dois dos seis números previstos. Recen-
A revista Educación Química, editada didas na área de ensino de ciências e
temente, foi retomada a publicação da
pela Faculdade de Química da Universi- de educação química (1972 a 1996), os
revista, sendo que para 2000 estão pla-
dade Nacional Autônoma do México nejados quatro números. autores analisaram o que foi publicado
(UNAM), completou dez anos em 1999. O primeiro número de 2000 (http:// na seção Educação Química de Química
Segundo seu editor, Andoni Garritz, ela www.fquim.unam.mx/eq/index111.html) Nova (95 a 98) e nos primeiros oito nú-
“pretende ser um fórum de orientação e contém, entre outros, artigos sobre a si- meros de Química Nova na Escola, seção
análise que propicie a melhoria do tuação do ensino de Química na Venezu- por seção. Cópia do artigo pode ser
processo de ensino-aprendizagem da ela, Panamá, Chile, Brasil e México. O obtida no sítio de internet de Educación
química, para o bem dos alunos e da so- artigo “A educação química no Brasil: Química .
ciedade”. uma visão através das pesquisas e pu- (RCRF)

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