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Eletrônica analógica
UNIDADE 1 - FÍSICA DE
SEMICONDUTORES, DIODOS E
RETIFICADORES
Autoria: Sofia Maria Amorim Falco Rodrigues - Revisão técnica: Anderson Marcolino
Pereira de Oliveira
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Introdução
A eletrônica analógica proporcionou uma base
sólida para o desenvolvimento de uma série de
circuitos e equipamentos que fizeram parte de
avanços na indústria e em nosso cotidiano. No
entanto, você saberia responder o que estuda a
eletrônica analógica? O que são diodos
semicondutores? Como esses dispositivos são
aplicados na prática para o desenvolvimento de
projetos?
Nesta primeira unidade, estudaremos os principais pontos acerca dos materiais
semicondutores, assim como entenderemos considerações relevantes sobre os
diodos semicondutores e circuitos retificadores. Dessa maneira, poderemos
compreender em mais detalhes os materiais semicondutores, especialmente suas
propriedades físicas e químicas.
Em um segundo momento, focaremos nos diodos e em seu funcionamento geral,
conhecendo exemplos dos tipos mais comuns e comerciais, além de questões a
respeito dos circuitos de polarização para esses dispositivos.
Teremos, assim, não só uma visão geral desses importantes dispositivos
semicondutores, como também entenderemos diversas possibilidades de
implementação prática, premissas essenciais para os projetos e processo de leitura
das folhas de dados, por exemplo.
Por fim, analisaremos os principais detalhes sobre os circuitos retificadores não
controlados — baseados no uso de diodos retificadores — para circuitos monofásicos,
trifásicos e cargas resistivas ou indutivas.
Bons estudos!
1.1 Física de
semicondutores
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corrente elétrica.
Iniciaremos nossos estudos avaliando uma visão geral desse material, incluindo propriedades
físicas e químicas básicas. Em seguida, conheceremos os materiais ditos extrínsecos —
especialmente os e — e, por último, as principais características de uma junção .
Acompanhe o conteúdo!
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Podemos perceber que a energia aumenta de baixo para cima, de modo que se tem um gap e,
logo depois, uma banda de valência. Em seguida, há outro gap, que representa o valor de ,e
a banda de condução.
Entre os materiais, tem-se em destaque na indústria eletrônica o silício (Si) e o germânio (Ge)
por conta de diversas questões, desde a precisão e periodicidade de cristais e treliças destes
obtidos até itens mais específicos, como as capacidades visualizadas a partir da adição de
impurezas para alteração de características (outros tipos de materiais) (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013).
Dessa forma, surge a possibilidade de caracterizar duas classes distintas de materiais
semicondutores: intrínsecos e extrínsecos.
Os semicondutores intrínsecos são materiais altamente puros e, por isso, altamente
dependentes da temperatura para o estabelecimento da condução da corrente elétrica, o que os
torna menos utilizados no desenvolvimento de dispositivos eletrônicos (REZENDE, 2004). Além
disso, por tais motivos, denominamos os elétrons livres de portadores intrínsecos.
No próximo item, estudaremos com mais detalhes os semicondutores extrínsecos, fundamentais
para a formação de dispositivos como os diodos. Confira!
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1.1.3 Junção
A junção , obtida a partir do uso de materiais extrínsecos dos tipos e , é a base para a
formação de dispositivos eletrônicos, como é o caso dos diodos semicondutores e dos
transistores. Assim, tem-se que um diodo semicondutor é formado, basicamente, por uma
junção dos dois materiais anteriores com um terminal correspondente a cada um.
Sabe-se que, quando a união é feita, há uma combinação entre elétrons e lacunas na região
que a junção ocorre, levando à ausência de portadores livres próximo à ela. Além disso, de
acordo com Boylestad e Nashelsky (2013), a região descoberta formada por íons positivos e
negativos é denominada região de depleção por conta da relação de depleção de portadores.
Observa-se, ainda, que, dependendo da forma como a polarização da junção é estabelecida
— na prática, como o diodo é ligado —, temos três possibilidades: sem polarização externa,
polarização direta ou polarização reversa.
No caso da ausência de polarização, a tensão na junção será nula, ou seja, . Isso
por conta da não circulação de corrente estabelecida e, consequentemente, do fluxo de carga
em qualquer sentido também nulo.
Caso dado potencial externo de volts seja aplicado à junção de modo que o terminal positivo
seja conectado ao material do tipo , enquanto o negativo seja conectado ao material do tipo ,
o número de íons positivos não combinados aumentará na região de depleção devido ao grande
número de elétrons livres que serão carregados pelo potencial externo. De forma semelhante,
há um aumento de elétrons não combinados no material do tipo , elevando a região de
depleção (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).
A baixa corrente estabelecida nessa configuração recebe o nome de corrente de saturação (
) por conta do comportamento de saturação dado pelo dispositivo. Com isso, temos a relação
.
Por último, tem-se que uma junção é polarizada de forma direta por uma fonte externa
caso se associe o terminal positivo ao material do tipo , e o negativo ao do tipo , forçando à
recombinação dos elétrons do material tipo e das lacunas do tipo com íons que estão
próximos à fronteira, levando à redução da largura da região de depleção (BOYLESTAD;
NASHELSKY, 2013).
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É essa redução que leva a um fluxo mais intenso de portadores majoritários por meio da junção
e, por isso, tal configuração também é denominada forma de condução. A tensão é
estabelecida de modo que .
A próxima figura traz, do ponto de vista das formações e diminuições das regiões de depleção,
polarização e aspectos da condução, três possibilidades para a junção mencionadas até
aqui.
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com o material ligado ao terminal negativo, e o material ligado ao terminal positivo da fonte,
com corrente majoritária nula e uma pequena corrente de saturação circulando. Por último, na
parte de baixo, tem-se a polarização direta da junção, com o material ao terminal positivo, e o
ao negativo, permitindo a condução devido à diminuição da região de depleção na junção dos
materiais.
Sabe-se, ainda, que a corrente no diodo pode ser definida para as polarizações direta e reversa
uso do germânio, 2 para o uso do silício ou 1 em casos em que haverá maior circulação de
corrente. Já representa a temperatura em Kelvin (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2013).
Você sabia?
É a possibilidade de variação da condutividade em um
material semicondutor, a partir da presença de átomos
diferentes no cristal puro, que se tem a fabricação de
diversos dispositivos eletrônicos pelo mesmo material
semicondutor, como o silício.
A seguir, estudaremos com mais detalhes os diodos semicondutores, tendo uma visão geral
destes, os principais modelos comerciais e as formas de polarização. No entanto, antes de
passarmos para o assunto, vamos colocar nossos conhecimentos adquiridos até aqui em
prática?
Vamos Praticar!
Vamos entender na prática como podemos considerar, no projeto
do dispositivo, a circulação de corrente elétrica a qual ele estará
sujeito? Para tanto, suponha que, no projeto de um novo diodo de
silício, seja necessário estimar a capacidade de condução de
corrente desse material. O que você faria nesse caso? Perceba que
uma possibilidade é estimar a corrente no diodo, correlacionando
com todos os seus parâmetros construtivos. Crie um relatório
explicando o passo a passo e, depois, compartilhe com seus
colegas!
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1.2 Diodos
semicondutores
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Para o cálculo da resistência de corpo, é preciso levar em conta aspectos mais específicos da
folha de dados (data sheet) do dispositivo utilizado. Dessa forma, no próximo item, você verá
aspectos mais detalhados acerca dos diodos e, adicionalmente, como utilizar e interpretar a
folha de dados. Acompanhe!
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#PraCegoVer: no quadro, temos quatro colunas e quatro linhas. Na primeira linha, informa-se
com tensão reversa para 1 A de corrente, que valerá 1,1 V; na segunda linha, temos com
corrente máxima reversa à plena carga para a temperatura de 75°C, que é de 30 ; na
terceira linha, , que é a corrente reversa com para 25°C e 100°C, igual a 5 e 50 ,
respectivamente; e, na última linha, encontramos com capacitância total, 4 V e 1 MHz, dado
por 15 .
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entre a curva do próprio diodo e da reta de carga. Por outro lado, o ponto de corte do
dispositivo corresponde ao ponto no qual a corrente no diodo é nula. Para o exemplo, tem-se
.
O método das retas de carga para o exemplo é visto na próxima figura.
1.2.3 Aplicações
Sem dúvidas, um dos principais tipos de circuitos nos quais os diodos são utilizados são os
circuitos retificadores. Além destes, temos os circuitos ceifadores não polarizados, o ceifador
positivo e o ceifador negativo. Vamos conhecê-los de acordo com as explicações de Malvino e
Bates (2016)?
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Usados para retirar as partes negativas ou positivas de formas de onda, obtidos a partir
de diodos capazes de operar em altas frequências e com baixas potências (diodos de
pequenos sinais).
Ceifador positivo
Retira as partes positivas do sinal de entrada, formado por uma resistência de entrada
junto à uma fonte, senoidal por exemplo, com de tensão de pico, além do diodo
em paralelo com uma carga .
Ceifador negativo
Tratam-se de circuitos para aplicações em que se faz necessário controlar o sinal de saída para
que este se comporte de forma definida e esperada, como é o caso de circuitos para limitação
de amplitudes excessivas, por exemplo, ou a formação de certos tipos de sinais. Eles também
possibilitam o controle da quantidade de potência entregue à carga.
É fundamental, por isso, considerar a relação entre as resistências usadas e a própria
resistência do diodo (resistência de corpo), de modo que a seguinte relação geralmente será
válida para projeto de um ceifador, o mais próximo possível do comportamento ideal esperado:
.
O ceifador poderá ser aplicado, de fato, para a modelagem de formas de ondas, mas o mesmo
circuito pode ser utilizado de modo totalmente diferente, com mais um diodo, por exemplo.
Estes são os circuitos limitadores, também conhecidos como grampeadores de diodo, os
quais permitem a limitação da tensão em uma faixa específica.
Ademais, tem-se os circuitos ceifadores polarizados, que servem para variação do nível de
referência no qual será feito o “corte”, de ceifadores combinados e alguns circuitos de grampos
de diodos mais completos que permitirão aplicações mais abrangentes.
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Outro exemplo importante de classe de circuito é formado pelos circuitos grampeadores, que,
em suma, permitem o deslocamento da forma de onda para que o sinal seja totalmente positivo,
assumindo o máximo de valores possíveis em todos os ciclos dentro da região positiva
(grampeador positivo) ou, então, dentro da negativa, caso o deslocamento faça o contrário
(grampeador negativo). Malvino e Bates (2016) mencionam que esse tipo de circuito funciona
de modo semelhante aos retificadores de meia onda, com filtro de entrada com capacitor.
Por último, tem-se os detectores de pico a pico, úteis para a realização de medições (sinais
não senoidais, por exemplo) ou, até mesmo, em áreas como comunicações e processamento
de sinais. Esse tipo de circuito é obtido da conexão em cascata entre grampeador e detector de
pico (MALVINO; BATES, 2016).
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A próxima figura, por outro lado, traz um exemplo prático de um circuito regulador de tensão,
utilizando o diodo Zener.
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#PraCegoVer: na figura, temos uma fonte de alimentação com tensão ajustável, de amplitude
em série com um resistor para controle e interface . Em seguida, tem-se em paralelo o
diodo Zener, com o anodo ligado ao negativo da fonte, e o catodo ao positivo. Este está,
também, em paralelo com a carga, representada pelo resistor .
Visto a respeito disso, vamos colocar nossos conhecimentos em prática com uma atividade?
Assim, você poderá fixar o conteúdo e já praticar para quanto precisar responder a questões
mais complexas. Confira a seguir!
Partindo para a optoeletrônica, tem-se os LEDs (do inglês Light Emissor Diode) ou diodos
emissores de luz, os fotodiodos, os acopladores óticos e os diodos laser. Entre estes, tomando
como exemplo os LEDs, sabe-se que seu funcionamento básico pode ser explicado a partir de
um circuito simples, formado por uma bateria, um resistor e o LED em série, por exemplo. A
corrente no circuito será dada da mesma forma que no caso do uso de um diodo comum.
Além disso, os LEDs poderão estar associados aos mais diversos tipos de circuitos e
aplicações, pois servirão para alertas luminosos e até em casos de circuitos de potência, para
maior eficiência luminosa, por exemplo.
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Vamos Praticar!
Suponha que você é o responsável pelo projeto de um circuito
regulador simples de tensão. Em seu projeto, há uma fonte CC,
capaz de operar entre 20 e 40 V; um resistor associado à ela, com
800 Ω; e um diodo Zener, que possui 10 V de tensão de ruptura. Ao
analisar, você opta por utilizar para o circuito um resistor de saída
de 800 Ω. Deseja-se saber, então, para que seja possível prever as
condições de operação do circuito projetado, quais os valores
mínimo e máximo para a corrente nesse diodo. Tente fazer os
cálculos!
Solução: 12,5 e 37,5 mA. Isso porque a corrente mínima é dada
quando a tensão na fonte é mínima. Além disso, deve-se descontar
a tensão de ruptura do diodo. Assim, pela Lei de Ohm, tem-se
. Por outro lado, a corrente máxima é dada
quando a tensão na fonte é máxima, tal que se tem a seguinte
corrente máxima no diodo: .
1.3
Retificadores
A partir de agora, você conhecerá uma das principais classes de aplicações dos diodos: a
retificação CA/CC. Assim, ao longo deste tópico, abordaremos alguns dos circuitos eletrônicos
mais importantes utilizados para a transformação de um sinal de corrente alternada (CA) em um
sinal contínuo, tomando como exemplo os circuitos desenvolvidos com diodos (retificadores não
controlados).
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Você o conhece?
O surgimento de retificadores remonta ao século XVIII, de
grandes nomes como Conde Alessandro Giuseppe Antonio
Anastasio Volta, que já estudava as ideias de Luigi Galvani
para invenções de vários dispositivos, como a pilha. Químico
e físico, Volta é considerado um dos pioneiros da eletricidade
e da potência, sendo que outra descoberta bastante notável
do cientista foi a do gás metano (CHAGAS, 2000).
A potência em corrente alternada ( ) pode ser definida em função dos valores RMS —
também chamados de eficazes — da tensão e da corrente de saída, em que temos
.
O valor da potência de saída, potência CC, é dado a partir dos valores médios da tensão e
corrente da carga, resultando em , o que permite definir que a eficiência de um
retificador é, basicamente, dado por (RASHID, 2014).
Começaremos nossos estudos, então, pelos circuitos retificadores de meia onda e, em seguida,
veremos sobre os retificadores de onda completa, além dos retificadores trifásicos, juntamente
com os principais aspectos de projeto deles.
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#PraCegoVer: na figura, temos, do lado esquerdo, o circuito com a fonte senoidal (CA) em
série com o diodo retificador e o resistor, que representa a carga. As formas de onda são vistas
do lado direito, com as tensões de entrada e saída — de mesmo pico, somente com os
semiciclos positivos. A corrente de saída também é representada por semiciclos positivos, ao
passo que a tensão no diodo traz somente os semiciclos negativos.
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Para avaliar a qualidade da tensão de saída, além da própria eficiência, outras medidas são
sugeridas, como o fator de forma (FF), em que temos ; e o fator de ondulação
(RF), resultando em .
Note que é desejável que a tensão RMS seja igual à média. Considerando-se a carga resistiva,
Temos, ainda, que a quantidade de pulsos é dada pela frequência fundamental de ondulação,
dividida pela frequência da fonte.
Considerando-se, por outro lado, uma carga indutiva, o arranjo é similar. Nesse caso, observa-
se alguns comportamentos distintos por conta da presença do elemento passivo e da sua
relação de carregamento, em que será o ângulo de condução, a depender do valor do
indutor e do resistor, de forma que a tensão média na carga é dada pela expressão
. De forma similar, a corrente será .
Em aplicações de alta potência, os circuitos de um pulso possuem grandes limitações por
conta da baixa tensão fornecida na saída e da grande ondulação do sinal CC obtido na saída.
Dessa maneira, geralmente para cargas indutivas, utiliza-se o arranjo do retificador com um
diodo de roda livre, um diodo extra colocado para promover um novo caminho de circulação
da corrente.
Esse tipo de circuito retificador se destina ao uso em geral de aplicações de baixa potência,
alternativamente aos retificadores de meia onda, podendo ser escolhido frente a estes por
impedir o surgimento de uma tensão negativa na carga. Tal surgimento, por sua vez, deve ser
evitado por acarretar em aumentos no valor médio da tensão de saída e da corrente de saída
média.
Ademais, ressalta-se que, nesse tipo de circuito, há as mesmas formas de onda obtidas em um
circuito retificador de meia onda, com carga puramente resistiva.
Visto sobre os retificadores de meia onda, vamos passar ao estudo dos retificadores de onda
completa, que recebem tal denominação pela quantidade de diodos utilizada e por trabalhar
com o sinal de entrada “completo”.
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Rashid (2014) menciona que a tensão de saída é dada por . Note que o valor da
tensão é o dobro do valor estabelecido para um retificador de meia onda com a mesma carga.
Esse parâmetro também é válido para o cálculo da corrente, de modo que a corrente de saída
RMS é dada como .
Considerando um retificador de dois pulsos que utiliza um transformador com terminal central,
observa-se, ainda, que o valor nominal da relação de PIV será dada por , ao passo
que a corrente média do diodo é . Por último, a RMS é
.
Com relação à potência média entregue à carga, tem-se que esta será de . Já
²
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#PraCegoVer: na figura, do lado esquerdo, temos o circuito retificador de quatro pulsos com
carga resistiva, com os terminais da fonte ligados a um transformador elétrico de 1:1. Os
terminais do equipamento, por sua vez, estão ligados à uma ponte com quatro diodos. A carga
resistiva está no meio da ponte. Do lado direito, tem-se as formas de onda correspondentes da
tensão da fonte (pico ), da tensão de saída (pico ), das correntes no par de diodos 2 e 3,
bem como no par 1 e 4. A corrente de saída possui a mesma forma de onda de ciclos positivos
senoidais da tensão de saída. Ainda temos a tensão no par de diodos 2 e 3, e a corrente na
fonte, que é a mesma no diodo 2, menos a corrente do diodo 1.
Conforme nos explica Rashid (2014), as duas únicas diferenças com relação ao
equacionamento, no caso do retificador de quatro pulsos com carga resistiva, está no PIV
para os diodos, que é dada por . A corrente média em cada um deles se dá por
.
Assim, perceba que se trata de uma grande vantagem da configuração, já que, nesse caso, o
diodo deverá suportar somente , e não o dobro desta, como na configuração anterior.
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Para o caso de um retificador de quatro pulsos com carga indutiva, a corrente na carga não
será de meia onda senoidal, embora o valor médio da corrente permaneça o mesmo anterior. A
corrente AC na linha, nesse caso, não será mais senoidal, o que é denotado pela forma de onda
quadrada observada. Diferentemente da carga resistiva, a corrente na fonte é dada por
(RASHID, 2014).
Adicionalmente, a tensão média na carga é dada por , em que
. Já a corrente média é obtida pela divisão por R. Dessa forma, a corrente RMS é
dada por .
Como os diodos conduzem de forma alternada, tem-se que e .
Caso
Considere que você é o engenheiro responsável pela instalação
de um motor de corrente contínua em uma importante linha de
produção, a qual está somente aguardando a instalação do
equipamento. Considerando que a rede disponível é trifásica CA,
com 60 Hz e 220 V, e que o motor deverá receber 100 V em CC,
qual seria uma possível forma de instalar corretamente o
equipamento?
Bem, sendo a rede trifásica CA e que o equipamento opera em
CC, é evidente que será necessário o uso de um circuito
retificador. Como a rede é trifásica, o circuito também deverá ser.
Além disso, sugere-se o uso de um transformador. Mais ainda,
observando as características indutivas do motor, o caminho será
projetar um retificador de seis pulsos com transformador para
cargas indutivas.
Agora, vamos analisar alguns exemplos de retificadores não controlados destinados à rede
trifásica.
Existem, similarmente ao que foi apresentado para os monofásicos, retificadores de meia
onda — conhecidos como retificadores de três pulsos — tanto para cargas resistivas quanto
para cargas indutivas. Além deles, existem os retificadores trifásicos de onda completa —
conhecidos como retificadores de seis pulsos —, também para cargas resistivas e indutivas.
Tomando como exemplo um retificador de seis pulsos para uma carga resistiva, tem-se um dos
circuitos mais importantes de alta potência, que pode ser ligado diretamente à fonte trifásica ou
por meio de um transformador trifásico, similarmente ao que era feito nos retificadores
monofásicos.
De acordo com Ahmed (2008) esse tipo de circuito fornece uma saída com menor quantidade
de ondulações quando comparado ao retificador de três pulsos e, mais ainda, em comparação
aos retificadores monofásicos.
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A figura na sequência apresenta as formas de onda das tensões de entrada desse tipo de
circuito, dada uma fonte trifásica qualquer. Analise com atenção!
#PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração com gráficos da tensão trifásica de entrada. Na
parte superior, encontramos as três tensões de linha com a sequência de fase ABC, que são
, e , com pico máximo em . Na parte inferior, tem-se as tensões de linha
e somente, com tensão de referência no terminal B dada pela das defasagens.
O quadro seguinte, por sua vez, resume a operação dos seis diodos utilizados, mostrando qual
é a tensão positiva mais alta, qual é a negativa mais alta e quais são os pares de diodos ligados
para cada período de análise.
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Quadro 2 - Operação dos diodos nos períodos de alternância para o retificador de seis pulsos com carga resistiva
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em AHMED, 2008.
#PraCegoVer: no quadro, temos cinco colunas e oito linhas. Na primeira coluna, há o período
(de 0 a 360º), seguido da tensão positiva mais alta (de A a C), tensão negativa mais alta (de A a
C) e diodos ligados divididos entre impares e pares (de D1 a D6). No caso, o 0 a 60º está para
C, B, D5 e D6, respectivamente. 60 a 120º está para A, B, D1 e D6, respectivamente. 120 a
180º está para A, C, D1 e D2, respectivamente. 180 a 240º está para B, C, D3 e D2,
respectivamente. 240 a 300º está para B, A, D3 e D4, respectivamente. Por fim, 300 a 360º está
para C, A, D5 e D4, respectivamente.
A tensão média na carga para esse caso é dada a partir do valor do retificador de três pulsos,
aproximadamente . Similarmente, define-se a tensão em função da linha
.
A partir das correntes nos diodos, por outro lado, é possível calcular as correntes de linha, em
que temos , e .
Na figura a seguir, temos a forma de onda da saída desse circuito em comparação com a
entrada.
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Como vantagens gerais de retificadores trifásicos, com base em Ahmed (2008) e Rashid (2014),
é possível apontar:
maior valor da tensão de saída obtido a partir de uma mesma tensão de entrada;
menores amplitudes são vistas nas ondulações, o que permite, na prática, a obtenção de uma
tensão de saída mais limpa;
Perceba, ainda, que o processo de filtragem posterior poderá ser demandado. Uma boa opção é
o uso de filtros com indutor e capacitor, os quais devem ser dimensionados conforme aspectos
do próprio circuito.
Vamos Praticar!
Em muitos casos, poderá ser necessário especificar, adicionalmente ao
projeto do retificador, um circuito de filtro para que o sinal entregue à
carga se torne ainda mais próximo de um sinal CC. Para tanto, são
utilizados circuitos com indutores e capacitores, os quais farão a
“neutralização” de ripples. Dessa forma, disserte acerca de como esse
sinal de saída poderia ser tratado, na prática, especialmente
considerando o atendimento de circuitos mais sensíveis à variação da
tensão. Um exemplo é o filtro de entrada com indutor (bobina ou
choque), que terá em série com a fonte de entrada (tensão de saída do
retificador) um indutor e, em paralelo, um capacitor. Para escolher os
valores de parâmetros desse circuito ou outro tipo de filtro, o projetista
deve ter em mente a compatibilidade com o que se deseja para saída,
atentando-se sempre às possíveis sensibilidades da carga. Vamos
tentar?!
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Conclusão
Chegamos ao final da primeira unidade da disciplina de Eletrônica
Analógica. Aqui, pudemos compreender a importância do uso dos
materiais semicondutores para o desenvolvimento de uma série
de dispositivos, incluindo os diodos semicondutores, utilizados na
transformação de um sinal CA em um sinal contínuo, por exemplo.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Referências
AHMED, A. Eletrônica de potência. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2008.
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos
eletrônicos e Teoria de Circuitos. São Paulo: Prentice-Hall,
2013.
CHAGAS, A. P. Os 200 anos da pilha elétrica. Química Nova, São Paulo, v. 23, n. 3, p.
427-429, maio/jun. 2000. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/qn/v23n3/2832.pdf
(https://www.scielo.br/pdf/qn/v23n3/2832.pdf). Acesso em: 25 nov. 2020.
MALVINO, A. P.; BATES, D. J. Eletrônica. Porto Alegre: AMGH, 2016. v. 1.
RASHID, M. H. Eletrônica de potência: dispositivos, circuitos e aplicações. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2014.
REZENDE, S M. Materiais e dispositivos eletrônicos. São Paulo: Livraria da Física,
2004.
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