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DESENVOLVIMENTO ELETROELETRÔNICO DE UMA MÁQUINA


DE ELETROEROSÃO POR PENETRAÇÃO

Marcus Aurélio Cardoso1


Rafael de Oliveira Silva2

RESUMO

Eletroerosão é um processo de usinagem não convencional, que se baseia na remoção do


material, por sucessivas descargas elétricas. O seguinte artigo trata-se dos princípios básicos
de funcionamento e construção de uma máquina de eletroerosão por penetração. O trabalho
apresenta-se de forma sucinta os conceitos históricos, os principais componentes
eletroeletrônicos utilizados na fabricação da máquina e os respectivos métodos adotados.
Após a montagem da máquina foram efetivados testes que provaram o funcionamento da
mesma, ao observar o corpo de prova percebe-se a remoção de material.

Palavras chave: Usinagem não convencional. Dielétrico. Capacitor.

1
Graduando de Engenharia Mecânica pela Universidade de Rio Verde, Faculdade de Engenharia
Mecânica.
2
Orientador, Professor Mestre da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade de Rio Verde –
UniRV.
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1 INTRODUÇÃO

O processo de usinagem pode ser caracterizado como um método de fabricação, que


confere formato, dimensão e acabamento da superfície de uma peça. Atualmente podem ser
identificadas algumas formas de usinagem, que são divididos em grupos. Os métodos mais
conhecidos como torneamento, brochamento, aplainamento, entre outros, são denominados de
usinagem convencional, há também, os métodos de usinagem não convencionais, como a
eletroerosão, remoção química, remoção por ultrassom, entre outros. Este projeto, trata-se de
um meio de usinagem não convencional, eletroerosão, por penetração.
A eletroerosão é o método de usinagem não convencional mais utilizado, devido
empregar a energia térmica, para usinar peças condutoras eletricamente independentemente,
da dureza do material. É amplamente utilizada na confecção de matrizes, moldes,
componentes automotivos, aeroespaciais, que geralmente apresentam características
geométricas de difícil usinagem, por um método convencional. O método de usinagem por
penetração é o método que o eletrodo reproduz a imagem ou geometria da peça.
O presente artigo tem como objetivo principal o desenvolvimento de uma máquina
de eletroerosão, por penetração, com foco na parte eletroeletrônica. A construção da máquina
foi uma forma de apresentar o conhecimento adquirido no decorrer da graduação, bem como
será usado, para novos estudos, que envolvam este método de usinagem.

1.1 PRINCÍPIOS FÍSICOS DO PROCESSO

Eletroerosão, também conhecido como usinagem por descarga elétrica, ou ainda


Electrical Discharge Machining (EDM) é um dos processos de usinagem não convencional,
mais utilizado, baseia-se na remoção de material através do efeito térmico das descargas
elétricas entre o eletrodo e a peça a ser usinada (LIMA, 2006). O processo permite a usinagem
de furos, ranhuras, matrizes e superfícies, com formas complexas e dimensões mínimas, em
materiais de elevada dureza, desde que sejam condutores elétricos, que dificilmente seriam
usinados, por processos convencionais (ARANTES, 2001).

A peça, geralmente está associada ao polo positivo, recebendo o impacto dos


elétrons, ao passo que o eletrodo recebe o impacto dos íons positivos, devido serem mais
pesados, que os elétrons, são menos velozes, transferindo menor energia ao eletrodo. Desta
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forma, calor de menos intensidade é gerado no eletrodo reduzindo assim, o material removido
do mesmo, como mostra na Figura 1 (LIMA, 2006).

FIGURA 1 - Representação do Processo

Fonte: LIMA, 2006

Com bons ajustes na máquina, é possível controlar a erosão de modo que se obtenha
até 99,5 % de erosão na peça e 0,5 % no eletrodo. Uma forma de controle é o espaçamento
entre o eletrodo e a peça, que é denominado de gap (gap = folga). Esse espaçamento é
preenchido com fluido dielétrico (CRUZ JUNIOR, 2015). Na figura 2, nota-se a distinção
entre o chamado gap lateral e o gap frontal.

FIGURA 2 - Gap lateral e frontal

Fonte: CRUZ JUNIOR (2015).


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O tamanho do gap pode determinar a rugosidade da superfície da peça e a taxa de


remoção de material, quanto maior, menor será o tempo de usinagem, porém, maior será a
rugosidade. Já um gap menor, implicará em um tempo maior de usinagem e uma menor
rugosidade na superfície (CRUZ JUNIOR, 2015).

Com o intuito de controlar o gap ajustado, são usados servomecanismos na máquina,


para que o processo seja eficiente é importante que se tenha estabilidade e velocidade na
reação do sistema, pois folgas nos mecanismos de deslocamento são indesejadas (CRUZ
JUNIOR, 2015).

1.2 HISTÓRICO

Segundo Ho (2003), citado por Cruz Junior (2015), os primeiros estudos sobre
eletroerosão datam antes de 1770, quando o químico inglês Joseph Priestly verificou o efeito
erosivo em um material condutor originado, por descargas elétricas. Na década de 1930,
foram feitas tentativas de usinar metais e diamantes, com descargas elétricas, o método
consistia em um sistema alimentado, por uma fonte de corrente contínua, porém não era muito
preciso devido ao superaquecimento da peça.

Apenas em 1943, na universidade de Moscou, iniciou-se a aplicação dos efeitos


verificados por Priestly. Eles utilizaram um sistema resistivo-capacitivo, como mostra a figura
3 como fonte de energia, para usinagem controlada de materiais de difícil usinabilidade,
através da vaporização de material, na superfície do metal (CRUZ JUNIOR, 2015).

FIGURA 3 - Circuito RC para Eletroerosão

Fonte: CRUZ JUNIOR (2015).


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1.3 DIELÉTRICO

Um fluído dielétrico é caracterizado como um isolante elétrico, que sob a influência de


um campo elétrico externo superior, ao limite de sua rigidez dielétrica, possibilita o fluxo de
corrente elétrica (ARANTES, 2001).

No processo de eletroerosão, suas principais funções são: remover as pequenas


partículas da erosão da peça e do eletrodo, refrigeração do eletrodo para evitar a fusão do
mesmo com a peça e a refrigeração da peça para manter o controle dimensional correto
(SILVA, 2004).

O fluído dielétrico circula através da região das descargas elétricas alimentadas por
furos ou rasgos na peça ou no eletrodo, muitas vezes, ambos ficam submersos. No circuito de
circulação o fluído é constantemente purificado através de filtros apropriados, não se faz
necessário apenas quando é uma operação de desbaste, com distâncias relativamente grandes
entre o eletrodo e a peça, as partículas do dielétrico facilitam a passagem de maior corrente
elétrica, sem aumentar a tensão (SILVA, 2004).

As principais características que um bom fluído dielétrico apresenta são: baixa


viscosidade, alto ponto de inflamação, boa resistência dielétrica, não corroer o equipamento e
não afetar o operador. Os fluídos dielétricos mais utilizados no processo são: óleos à base de
silicone, querosene, óleos minerais, água desionizada e líquidos polares, tais como soluções
aquosas de glicóis etilênicos (SILVA, 2004).

1.4 CAPACITORES

Os capacitores também conhecidos como condensadores, são dispositivos de circuito


elétrico, que possuem a função de armazenar cargas elétricas e consequentemente energia
eletrostática, ou elétrica. Essa capacidade de armazenar cargas elétricas em forma de campo
eletrostático é denominada capacitância (SANTOS, 2017). Podem ser amplamente utilizados
também, para filtrar ou remover sinais de corrente alternada de vários circuitos (CIPELLI,
MARKUS, 2004).
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De forma estrutural simples, considere duas placas condutoras paralelas A e B, chamadas de


armaduras, isoladas, por um material dielétrico, como apresentado na Figura 4 (CIPELLI, MARKUS,
2004).

FIGURA 4 - Estrutura do Capacitor

Fonte: CIPELLI, MARKUS, 2004

A capacitância de um capacitor de placas paralelas pode ser calculada pela Equação


(1).

C = ε. (1)

Onde (ε) representa a permissividade absoluta do material dielétrico; (S) é a área das
placas e (d) distância entre as placas.

No vácuo, ε0 = 8,9. 10-12 F/m. Para os demais materiais, essa característica pode ser
dada em relação à permissividade do vácuo, conforme Tabela 1.

TABELA 1 - Permissividades de alguns materiais


Dielétrico Permissividade – ε [F/m]
Ar ε0
Polietileno 2,3. ε0
Papel 3,5. ε0
Baquelite 4,8. ε0
Mica 6. ε0
Porcelana 6,5. ε0
Fonte: CIPELLI, MARKUS, 2004
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1.5 CONSTANTE DE TEMPO

Embora seja muito pequeno o tempo de carga de um capacitor alimentado diretamente


por uma fonte de tensão, isso não ocorre instantaneamente. Com o propósito de retardar o
tempo de carga, liga-se um resistor em série, com o capacitor, fazendo com que a tensão entre
os seus terminais cresça mais lentamente, como apresentado na Figura 5 (CIPELLI, MARKUS,
2004).

FIGURA 5: Representação de um circuito Resistivo-Capacitivo

Fonte: Adaptado de CIPELLI, MARKUS, 2004

Em um circuito Resistivo-Capacitivo, quanto maior a constante de tempo, maior será o


tempo necessário, para que o capacitor carregue. Essa constante é representada pela letra
grega τ (tau), e pode ser expressa matematicamente, de acordo a Equação (2) (CIPELLI,
MARKUS, 2004).

τ=R.C (2)

Onde, R representa a resistência do resistor e o C a capacitância do capacitor.

O τ é o tempo gasto para que o circuito atinja 63% da tensão de entrada como mostra a
Figura 6. O tempo gasto para que o capacitor atinja 99% de carga pode ser calculado pela
Equação (3).

t = 5. τ (3)
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FIGURA 6 - Gráfico do carregamento exponencial do carregador

Fonte: Adaptado de CIPELLI, MARKUS, 2004

1.6 CARGA DO CAPACITOR

Considere um circuito Resistivo-Capacitivo série ligado a uma fonte de tensão


contínua E e a uma chave S aberta, com o capacitor completamente descarregado, como
ilustra a Figura 7.

FIGURA 7 - Circuito RC com chave

Fonte: CIPELLI, MARKUS, 2004

Ao ligar a chave S no instante t = 0, nota-se que a tensão do resistor (vr) cai


exponencialmente de E até zero. Para calcular a tensão no resistor usa-se a Equação (4).

Vr (t) = E.e-t/τ (4)


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Em que, e ≅ 2,72 = algarismo neperiano.

A tensão no capacitor (vc) apresenta um crescimento exponencial de zero até a tensão


E, quando sua carga é total, como apresentado na Figura 6. Deste modo, a tensão no capacitor
é uma exponencial crescente que é deduzida pela equação (5).

Vc (t) = E. (1- e-t/τ) (5)

Observa-se que o termo (1- e-t/τ) aumenta com o aumento do instante t.

1.7 DESCARGA DO CAPACITOR

Considera-se um circuito Resistivo-Capacitivo série ligado a uma fonte de tensão E e a


chave S inicialmente na posição 1, com o capacitor já completamente carregado, como mostra
a Figura 8.

FIGURA 8: Circuito RC

Fonte: CIPELLI, MARKUS, 2004

Ao mudar a chave S para a posição 2 no instante t = 0, a fonte de alimentação é


desligada, ficando o circuito Resistivo-Capacitivo em curto. O capacitor se descarrega sobre o
resistor, de modo, que a sua tensão descreva uma curva exponencial decrescente, como ilustra
a Figura 9.
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FIGURA 9 - Exponencial de descarga

Fonte: CIPELLI, MARKUS, 2004

A tensão no resistor (vr) acompanha a corrente, pode ser calculada pela equação (6):

Vr (t) = - E.e-t/τ (6)


A equação (7) demostra a descarga do capacitor de acordo com sua tensão (vc).

Vr (t) = E.e-t/τ (7)

1.8 TRANSFORMADORES

Transformadores ou trafos, como também são conhecidos, são dispositivos elétricos


que têm a finalidade de elevar ou diminuir tensão, ou isolar um circuito. Existem diversos
tipos de transformadores, cada um com uma finalidade, construção e tamanho específico.

Um transformador é constituído no mínimo por dois enrolamentos, o enrolamento


que aplica-se a tensão, que deseja transformar é chamado de primário, e o que se obtêm, a
tensão desejada é chamada de secundário. A tensão do enrolamento secundário depende da
relação de espiras entre o primário e o secundário e também da tensão aplicada, no primário.

A Figura 10 apresenta um exemplo de transformador, a bobina da esquerda é o


enrolamento primário e a da direita enrolamento secundário. N1 representa o número de
espiras no enrolamento primário, N2 o número de espiras no secundário (MALVINO, 1995).
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FIGURA 10 - Transformador

Fonte: MALVINO, 1995

Os transformadores classificam-se de acordo com o número de espiras, no


enrolamento secundário, se a relação N2/N1 apresenta resultado maior que um, é chamado de
transformador elevador, por outro lado, se apresentar resultado menor que um é chamado de
transformador abaixador. (MALVINO, 1995)

1.9 MICROCONTROLADOR

O micro controlador caracteriza-se como um circuito integrado capaz de efetuar


processos lógicos, com extrema rapidez e precisão. Uma das grandes vantagens deste circuito
é a sua capacidade de programação, o que o torna ajustável à finalidade desejada e possibilita
programá-lo, de acordo com a tarefa requerida (ASSIS, 2004).

Os micros controladores são de forma geral utilizados na automação, no


gerenciamento de processos lógicos, no controle de produtos e periféricos, entre outras
aplicações.

A Figura 11 apresenta o esquema de um micro controlador com os seus elementos


básicos e ligações internas.
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FIGURA 11 - Parte principal de um micro controlador

Fonte: ASSIS, 2004

A seguir apresenta-se um breve comentário dos principais blocos, que compõem um


micro controlador.

A unidade série é o bloco que possibilita a comunicação, permitindo receber e enviar


dados simultaneamente, uma vez que tenha linhas separadas. O nome série é devido ao tipo de
comunicação, diferente da transmissão em paralelo dessa unidade os dados movem-se bit,
após bit.

O bloco memória tem a função de armazenar dados, ele é constituído, por um conjunto
de locais de memória, para escolher onde armazenará esses dados é necessário fazer o
endereçamento.

A unidade central de processamento é o bloco, que apresenta mais 3 locais de


memória nomeados como registro, neste bloco é possível ter a capacidade de dividir, subtrair,
multiplicar e mover os seus conteúdos de um local de memória, para o outro. Os registros são
locais de memória cuja a função é ajudar a executar várias operações matemáticas ou outras
operações com dados (ASSIS, 2004).
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2 MATERIAL E MÉTODO

2.1 CIRCUITO EDM

O circuito de potência EDM é o responsável pela geração das faíscas. A unidade é


composta por componentes elétricos e eletrônicos comuns. As ligações dos componentes
elétricos do circuito foram feitas de acordo com o esquema elétrico mostrado na Figura 12.

FIGURA 12 – Esquema elétrico do circuito EDM.

Fonte: PROVED BY PRACTICE PUBLICATIONS, 2000

O funcionamento do circuito é descrito da seguinte maneira: um transformador com


corrente máxima de trabalho de 8A reduz a tensão do sistema para 40V (T1), em seguida uma
ponte retificadora (BR1) transforma a corrente alternada em contínua e o capacitor (C1) filtra
esta tensão deixando-a mais pura. Para limitar a corrente do curto-circuito a um valor abaixo
da corrente máxima admissível pelo transformador foram utilizadas quatro lâmpadas
halógenas (L2) realizando a função de resistor, evitando sobre corrente e consequentemente o
aquecimento do transformador. A Figura 13 apresenta um banco de capacitores (C2, C3, C4,
C5 e C6) cuja função é aumentar o tempo de duração do arco elétrico gerado, pela saída do
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circuito EDM, e ainda controlar a intensidade da descarga elétrica a qual influenciará no


acabamento final da peça. O controle dos capacitores é realizado através de chaves as que
permitem que o usuário do equipamento faça os ajustes necessários, conforme o corpo de
prova.

FIGURA 13 – Banco de capacitores

Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017

A Tabela 2 apresenta os componentes, a quantidade e a descrição dos mesmos, para a


realização da montagem do circuito.

TABELA 2 – Componentes do circuito EDM

Sigla Quantidade Componente Descrição

T1 1 Transformador 40V; 8 Amp.


T2 1 Transformador 12V; 1 Amp.
C1 1 Capacitor 3000uF; 150V; eletrolítico
C2 1 Capacitor 56uF; 150V; eletrolítico
C3 1 Capacitor 100uF; 150V; eletrolítico
C4 1 Capacitor 220uF; 150V; eletrolítico
C5 1 Capacitor 330uF; 150V; eletrolítico
C6 1 Capacitor 470uF; V; eletrolítico
L2 4 Lâmpada Tensão de rede;70W
BR1 2 Retificador de Ponte 100V; 35Amp
F1 1 Fusível + Suporte Tensão de rede; 3 Amp.
S1 1 Interruptor Tensão de rede; 3Amp.
S2 4 Interruptor 100V; 10 Amp.
V1 1 Ventilador 12V
Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017
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A montagem do circuito foi realizada em um gabinete de computador padrão ATX,


com intuito de reduzir os custos e o tempo gasto, com a fabricação de uma caixa para
acomodação dos componentes, já que o mesmo oferece as características estruturais e
estéticas necessárias, para o projeto, como pode ser observado na Figura 14.

FIGURA 14 – Circuito EDM

Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017

2.2 CIRCUITO DE REALIMENTAÇÃO OU FEEDBACK

O circuito responsável pela leitura de tensão proveniente da carga dos capacitores,


com a finalidade de controlar o GAP. Quando o eletrodo se aproxima do corpo de prova abre
um arco elétrico e com isso a tensão dos capacitores diminui, o circuito de realimentação
realiza a leitura desta tensão e envia um sinal, para o micro controlador, que através de um
motor de passo com guias, afasta o eletrodo da peça, até que os capacitores recarreguem, após
os mesmos recarregarem o eletrodo volta a se aproximar da peça, tornando assim, um
processo contínuo.

Para um monitoramento da tensão e posteriormente um melhor ajuste do gap um


circuito foi criado de acordo com o diagrama representado pela Figura 15.
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FIGURA 15 – Circuito de realimentação

Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017

Conforme apresentado na Figura 15, o circuito é composto por três etapas, sendo que a
primeira contempla uma fonte de alimentação contínua contendo uma ponte retificadora
(BR1), um capacitor de filtro (C1) e um regulador de tensão de 12V (U1). A segunda etapa
traz uma grande relevância, pois esta é responsável pela leitura da tensão do arco elétrico e a
comparação com um valor de referência ajustado através de um resistor variável (RV1)
configurado como divisor de tensão. Já a última parte inicia-se pela saída de sinal do
amplificador operacional configurado como comparador de tensão, de modo que a sua entrada
não inversora monitora a tensão do arco elétrico e enquanto esta for maior que a tensão de
referência presente na entrada inversora, a saída do comparador estará em nível baixo (0V)
fazendo com que o transistor (Q1) fique em estado de corte, sendo assim, o sinal presente no
terminal (FB) será alto (5V) autorizando a descida do eletrodo para a abertura do arco
elétrico. A medida que o eletrodo se aproxima da peça (corpo de prova) a tensão no capacitor
diminui até um valor menor que a tensão de referência, invertendo assim a saída do
comparador para nível alto (12V) e consequentemente saturando o transistor (Q1) e
invertendo o sinal de (FB) para nível baixo (0V) autorizando a subida do eletrodo. O objetivo
da comparação de tensão, é permitir o controle de altura entre o eletrodo e a peça, ou seja, o
GAP. Um fotoacoplador (U3) foi adicionado ao circuito para promover a isolação galvânica
entre o sinal do circuito EDM e o controlador, evitando assim, possíveis ruídos oriundos das
descargas elétricas geradas.
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2.3 DRIVER DO MOTOR DE PASSO

O driver foi utilizado para energizar e controlar o motor de passo. Neste trabalho
utilizou-se o modelo TB6560AHQ como mostra a Figura 16, cuja especificações são: tensão
de operação de 10-35VDC e corrente nominal de 3A (pelo fato do motor de passo requerer
apenas 1,2A de corrente nominal), opto-acoplador de alta velocidade 6N137 sem perda de
passos e proteção contra sub-tensão e sobrecorrente. Para enviar comandos para o driver foi
utilizado um microcontrolador arduino modelo UNO, por apresentar as características
necessárias de projeto como baixo custo e a quantidade de portas de entradas/saídas
suficientes, para a conexão de todos os componentes pertencentes a máquina.

FIGURA 16 – Driver do motor de passo

Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como resultados obtidos, teve-se uma corrente de arco de 1A equivalente a 12,5% da
corrente máxima do transformador, o que possibilita novos ajustes e testes afim de estudar
quais os efeitos, tais mudanças acarretariam. O motivo pelo qual o valor da corrente da
descarga elétrica permanecer no valor mencionado foi ocasionado devido a inserção de
lâmpadas halógenas. Para um melhor funcionamento poderia ser utilizado lâmpadas
incandescentes devido ao comportamento mais próximo, de uma resistência ôhmica, porém
estas não são mais comercializadas atualmente.

No circuito EDM verificou-se ao realizar medições com o uso de um voltímetro que a


tensão nos capacitores varia entre 0V (quando o eletrodo toca o corpo de prova) e 56V
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(eletrodo afastado do corpo de prova). O limite inferior dessa faixa corresponde aos
capacitores totalmente descarregados, enquanto o limite superior corresponde a carga total
dos capacitores que é equivalente a tensão de pico do transformador do circuito EDM.

Para o circuito de realimentação foram realizadas duas montagens, sendo que a


primeira não ofereceu ajuste de sensibilidade necessária, para manter a abertura do arco
elétrico. Posteriormente testou-se a segunda montagem a qual ofereceu uma faixa maior de
ajustes, o que permitiu a manutenção de abertura do arco elétrico (Figura 17), evitando que o
mesmo fosse extinto, quando o eletrodo toca o corpo de prova.

FIGURA 17 – Teste

Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017

Para a constatação do processo de eletroerosão deixou-se a máquina operando por


aproximadamente 15 minutos com abertura contínua do arco elétrico, no corpo de prova.
Como resultado obteve-se uma remoção de material considerável como ilustra a Figura 18.
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FIGURA 18 – Corpo de prova

Fonte: MARCUS AURELIO CARDOSO, 2017

4 CONCLUSÕES

Conclui-se que o objetivo geral do trabalho foi alcançado de maneira satisfatória, pois
pode-se observar pelos testes que houve retirada de material. Durante o desenvolvimento do
projeto aplicou-se diversos conhecimentos de áreas e subáreas de conhecimento como:
eletrônica, eletricidade, programação e processos de fabricação.

Com os conceitos básicos e essenciais de eletrônica, foi possível a criação de um


circuito de realimentação simples, porém primordial para o funcionamento da máquina. Por se
tratar de componentes eletrônicos o custo foi satisfatório visto que tais componentes possuem
preços acessíveis.

Por se tratar de um método de usinagem não convencional, o conhecimento desse


processo ainda é pouco explorado no meio acadêmico. Desta forma, a máquina será de grande
relevância para as disciplinas, que envolvem métodos de usinagem.
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REFERÊNCIAS

ARANTES, Luciano José et al. Avaliação do desempenho de fluidos dielétricos no


processo de usinagem por descargas elétricas. 2001.

ASSIS, Pietro Diovane Keoma Bergamaschi de. Microcontrolador. 2004. Dissertação para
obtenção do Título de Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Presidente
Antônio Carlos.

CIPELLI, Marco; MARKUS, Otávio. Circuitos em corrente contínua. 5ª Edição, Ed. Érica
Ltda. São Paulo 2004.

CRUZ JUNIOR, Eli Jorge da. A influência do tamanho de grão ferrítico da peça na
integridade superficial de peças erodidas. 2015.

LIMA, Francisco Elicivaldo; CORRÊA, Maurício. Efeitos da eletroerosão sobre a


superfície de peças usinadas. Revista Tecnologia, v. 27, n. 1, 2006.

MALVINO, Albert Paul. Eletrônica. 4ª Edição, Editora Afiliada. São Paulo 1995.

SANTOS, Marco Aurélio da Silva. "Capacitores"; Brasil Escola. Disponível em


<http://brasilescola.uol.com.br/fisica/capacitores.htm>. Acesso em 16 de maio de 2017.

SILVA, J.C. Sistema Especialista Aplicado à Técnica de Usinagem por Eletroerosão.


2004. 76p. Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Mecânica pela
Universidade de Taubaté, Taubaté.

STORR, M. Important facts about spark erosion. Stuttgart: Oelheld, 2007. 44


p. Disponível em: < www.oelheld.de>. Acesso em: Acesso em 17 de maio de 2017.

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