UNIVERSIDADE FEDERAL DE Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem

UBERLÂNDIA Laboratório de Usinagem Convencional

USINAGEM II - FEMEC41064

CAPÍTULO 9 – USINAGEM
ELETROQUÍMICA

(Electrochemical Machining – ECM)

1
Curso de Graduação em Engenharia Mecânica – Prof. Dr. Rosemar Batista da Silva
SOBRE DIREITOS AUTORAIS DESTA APRESENTAÇÃO E DESDOBRAMENTOS

◼ A LEI No. 9610/98 Art. 33 sobre DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR estabelece

que:
- “Ninguém pode reproduzir obra que não pertence ao domínio público, a pretexto de anotá-las,
comentá-la ou melhorá-la, sem permissão do autor”
- O Art. 29 preconiza que: a distribuição para uso ou exploração da obra depende da
autorização prévia e expressa do autor.
◼ É importante chamar a atenção para a Lei de Direitos Autorais e de Imagem, onde o leitor assume,
exclusivamente, a responsabilidade pela liberação de toda e qualquer obre de titularidade de
terceiros, mediante prévia e expressa autorização do autor ou detentor dos Direitos Autorais e
Copyrights.
◼ Cabe a responsabilidade pelo uso regular de obras de terceiro, incluindo o direito autoral e de
imagem e assumindo a total responsabilidade pelas informações prestadas e documentos
apresentados e suas autenticidades, no que couber, para todos os fins de direito perante as leis
vigentes.
◼ Embora este seja um material elaborado com base em artigos do próprio autor e de terceiros,
dissertações, teses e outras fontes devidamente referenciadas, como também em aulas práticas do
próprio autor, ele é para fins didático e de pesquisa. Grande parte da apresentação não É
DOMÍNIO PÚBLICO.
◼ Desta forma, eu AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE MATERIAL, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE (e-mail para contato: rosemar.silva@ufu.br).

2
USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

USINAGEM ELETROQUÍMICA

TÓPICOS

1) Introdução
2) Características
3) Aplicações
4) Vantagens e desvantagens
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

INTRODUÇÃO

• Eletroquímica é a ciência que trata das relações entre química e eletricidade de

forma a descrever os fenômenos que ocorrem na interface de um condutor elétrico, o
eletrodo, e um condutor iônico (eletrólito).
• Dois processos complementares ocorrem durante a reação eletroquímica:
- Transferência de carga elétrica na interface eletrodo/eletrólito
- Transporte de massa das espécies redox (oxidação-redução) dentro do eletrólito, que
pode ocorrer por difusão, convecção ou migração.

• USINAGEM ELETROQUÍMICA: é um processo que tem como princípio básico a

eletrólise.
Definição: “Processo elétrico baseado em reação eletroquímica que envolve a corrosão
por meio da dissolução eletroquímica de materiais metálicos em meios úmidos condutores
(Wolynec, 2013).

....“remoção de material metálico por meio da dissolução anódica em uma célula

eletrolítica, na qual a peça é o anodo (+) e a ferramenta é o catodo” (-), conforme.

- Cátions são íons positivos (que apresentam mais prótons do que elétrons)
4
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS
▪ ECM: outra terminologia - galvanoplastia reversa, ou seja, remove o material da peça, em
vez de adicioná-lo.
▪ Similar ao processo de descarga elétrica (EDM), em que uma alta corrente passa entre um
eletrodo e a peça, através de um processo eletrolítico de remoção de material com um
eletrodo carregado negativamente (cátodo), um líquido condutor (eletrólito) e uma peça
condutora (ânodo).
▪ A ferramenta de corte é guiada ao longo da peça, em toda a região a ser usinada, mas sem
tocar na peça
▪ Ao contrário da EDM, FAÍSCAS NÃO SÃO CRIADAS.
▪ Algumas diferenças entre ECM e EDM:
- Desgaste da ferramenta na ECM é bem inferior
- Remoção é por reações químicas + eletricidade, e não por fusão
- Gera menor ZTA que a EDM

▪ O sistema é composto por: Fluxo de elétrons

- fonte de potência de baixa tensão e de
Anodo Catodo
alta corrente elétrica (peça): aço (ferramenta)
- eletrólito e um circuito eletrolítico
composto de tubulações, bombas e sistema
de armazenamento
- cuba eletrolítica (onde ocorre a
usinagem) PEÇA Geração
de
Dissolução hidrogênio
Célula eletrolítica - Usinagem do aço no 5
no catodo
eletroquímica anodo Hidróxidos de ferro Ferramenta
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS ETAPAS
▪ A forma do eletrodo geralmente define a área pela qual
ocorrerá a corrosão, determinando, então, a forma
resultante da peça;
▪ A peça é posicionada na máquina ECM e conectada em
um dos polos de uma fonte de corrente contínua ou
pulsada (polo positivo +).
▪ Um eletrodo (ferramenta), com a forma negativa da
cavidade que deve ser impressa na peça, é conectado ao
polo negativo);
▪ A ferramenta e a peça são então posicionadas de tal forma
que uma pequena distância (conhecida como gap) entre
ambas seja mantida.
▪ Para fornecer uma alta intensidade de corrente na região (Fiocchi, 2017)
do gap, um fluido condutor (eletrólito) é bombeado entre a
ferramenta e a peça;
Exemplos de operação de ECM

6
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

Exemplo de Processo de ECM

Ferramenta usinando

Ferramenta fora da
peça

https://www.youtube.com/watch?v=zLD9FxEhzRw
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

▪ O processo: a diferença de potencial (ddp) entre a peça e a ferramenta faz com corrente
elétrica (intensidade de corrente) circule.
▪ Em seguida, o eletrólito fecha o circuito entre a peça (ânodo) e a ferramenta (cátodo).
▪ Junto com a passagem de corrente elétrica através do eletrólito há transferência de
massa: os cátions se movimentam em direção ao cátodo, e os ânions em direção ao ânodo
(Benedict, 1987).
▪ Na interface metal-eletrólito ocorre a oxidação do ânodo com consequente transferência
ou remoção dos átomos do metal, na forma de íons, para o eletrólito e os óxidos formados
podem ser removidos pelo fluxo.
▪ Os valores intensidade de corrente são da ordem de ampères
▪ A distância entre a peça e a ferramenta (gap) varia de centésimo a décimos de milímetros.
▪ Somente quanto houver aproximação suficiente entre ferramenta e peça é que ocorrerá
remoção de material (passagem de corrente entre os eletrodos e o eletrólito).
▪ As velocidades de remoção de material são elevadas: depende da densidade eletrólito
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

ECM é limitada a usinagem de materiais condutores elétricos. As operações são capazes de

produzir peças com geometria complexa em um único passe e, em muitos casos, a
ferramenta não apresenta qualquer desgaste.

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS
O ELETRÓLITO é uma solução aquosa de sais inorgânicos como NaCl, KCl,
NaNO3 (Nitrato de Sódio); NaClO3 (Clorato de Sódio); NaOH (Hidróxido de Sódio).
- Soluções altamente ácidas ou básicas podem ser empregadas para aplicações especiais. As
principais funções do eletrólito são:
• 1) Conduzir a corrente elétrica; 2) Eliminar resíduos; 3) Controlar a temperatura.
▪ Alguns eletrólitos para usinagem eletroquímica:
eletrólito
peça

10
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

▪ Na ECM, a ferramenta (eletrodo) pode ser fabricada em cobre, latão ou aço

inoxidável.
▪ De forma semelhante ao processo EDM, haverá uma fenda (gap) entre a ferramenta e a
peça.

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS
▪ Na ECM, a taxa de remoção de material ocorre conforme a Primeira Lei de Faraday
(Lei da Eletrólise), físico-químico inglês Michael Faraday (1791-1867):
▪ “A massa de uma substância formada ou transformada por eletrólise (por causa da
presença da corrente elétrica) é diretamente proporcional à quantidade de carga elétrica
que atravessa o sistema de um eletrodo a outro (corrente x tempo).” (Fogaça, 2019)

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS
▪ A eficiência real está entre 90% e 100% e depende da forma do eletrodo-
ferramenta, da tensão elétrica e densidade da corrente (corrente/área a ser
usinada), dentre outros.
▪ A seguir a TRM específica (q) para vários materiais

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

(Fiocchi, 2017)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

CARACTERÍSTICAS

• Ao utilizar máscara para proteger regiões que não devem ser usinadas:
▪ Pode ser empregada uma máscara, adicionada aos substratos por
fotolitografia.
▪ O material deve ser isolante elétrico que será removido após a usinagem:
nylon e poliestireno (algumas podem ser as mesmas da Usinagem
Química, inclusive o procedimento para aplicação)
▪ A máscara visa encobrir certas áreas para que o ataque seja seletivo
(proteger contra ataque corrosivo)
▪ As regiões com máscara faz com que as linhas de corrente do ataque
eletroquímico sejam direcionadas para as áreas descobertas.
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

APLICAÇÕES
1. FURAÇÃO MÚLTIPLA: quando muitos furos precisam ser produzidos simultaneamente, ao contrário da
furação convencional em que provavelmente exigiria furos sequencias (um por um).
2. MATRIZES profundas: envolve usinagem e geometrias e formas complexas, formas irregulares, e
contornos de matrizes de forjamento, moldes para injeção de plástico e outras ferramentas de
moldagem
3. FUROS NÃO CIRCULARES OU CILÍNDRICOS: não se utiliza brocas rotativas ou fresas. A ferramenta-
eletrodo tem a seção transversal desejada conforme projeto
4. Fabricação de componentes aeroespaciais (peças para turbinas a gás, injetores, etc.).

▪ Ferramentas (soquetes) ▪ Ferramentas para estampagem/cunhagem de moedas,

pingentes e chaves

http://stankofinexpo.com/application-field-en/historical-war-
reconstruction-religion
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

APLICAÇÕES

▪ Ferramentas para estampagem/cunhagem de pingentes e outros itens de joalheria

http://stankofinexpo.com/application-field-en/historical-war-
reconstruction-religion
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

APLICAÇÕES

Joelhos artificiais mostrando os implantes

metálicos e o inserto de polietileno de ultra-alta
densidade molécula (Biomet, Inc.)

Desrebarbação por abrasão de

palheta do compressor da
turbina após usinagem ECM ou
EDM.

Eletrodos para usinagem da palheta

do compressor da turbina por ECM
(http://www.winbrogroup.com/applica
tions/compressors/)
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

APLICAÇÕES

a)

f)
g)
d)
b)

c)

e) h)

24
 USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ECM
- Vantagens
▪ Causa poucos danos à superfície da
peça em relação a EDM
▪ Pouca probabilidade de formação de
rebarbas
▪ Inexistência de forças de corte
▪ ZTA é menor que por outros processos
▪ Processo frio
▪ Utilizado para conformação de
ferramentas, dispositivos complexos e
perfurações
▪ Baixa taxa de degaste da ferramenta
(ocorre somente pelo fluxo do
eletrólito)
▪ Alta TRM para materiais endurecidos e
de baixa usinabilidade
- Desvantagens
▪ Não aplicável para materiais não
condutores de eletricidade
▪ Elevado custo com energia elétrica
▪ Custo com descarte da borra do
eletrólito
▪ Ambiente altamente corrosivo pela
presença dos sais (eletrólitos) o que
faz com que sejam utilizados materiais
com elevada resistência à corrosão
(paredes, tetos, piso)
▪ Manuseio dos sais exige cuidado
USINAGEM II – UFU - Prof. Rosemar B. Silva

▪ Sugestão para iniciar um processo ECM – ajustes de parâmetros:

- Considerando que a usinagem de materiais condutores elétricos e com elevada dureza

e/ou com geometria complexa a ser gerada:
- Elevada densidade de corrente (200 - 800 A/cm²)
- Baixa intensidade de corrente elétrica: 10 a 30 A (similar aos valores para EDM)
- Fenda-gap: 0,025 a 0,75 mm
- O eletrólito é normalmente forçado a fluir através do espaço entre os eletrodos com alta
velocidade:  5 m/s e assim remover os produtos de dissolução, calor e bolhas de gás
gerados durante a usinagem (Altena, 2000).
 Referências
ABRÃO, A. M., 2007, “Processos Não Convencionais de Usinagem”, Apostila, Escola de Engenharia, UFMG, Belo Horizonte,
MG, 75 p.
Altena, H. S. J. Precision ECM by process characteristics modelling. Glasgow Caledonian University: 155. 2000
ANUSREE, T.G., GOVINDAN, P., 2014, ANALYSIS OF CHEMICAL MACHINING FOR PRACTICAL APPLICATIONS, BEST:
International Journal of Management, Information Technology and Engineering Vol. 2, Issue 3, pp. 77-86.
ASM HANDBOOK, 1989, Machining. Vol. 16. ASM International.
BENEDICT, G.F., 1987, “Nontraditional Manufacturing Processes”, Marcel Dekker, New York.
Black, S. Nacelle manufacturers optimize hand layup and consider closed molding methods. High Performance Composites,
Gardner Business Media, Inc. 2014. Disponível em: http://www.compositesworld.com/articles/nacelle-manufacturers-optimize-
hand-layup-and-consider-closed-molding-methods
BOHME, R., 2004, “Precise etching of fused silica for refractive and diffractive micro-optical applications”, D-04318 Leipzig
Germany.
CRUZ, C.; da SILVA, E. M.; FERNANDES, L. A., 1999, “Introdução à Usinagem Não Tradicional”, Universidade Federal de
Uberlândia, 47 p.
Dawson, D., 2014. High-Performance Composites. Airframers vie for shares in growing short-haul market OEMs of aircraft with
150 or fewer seats exploit composites’ appeal to fuel efficiency-conscious regional air carriers. Available at:
http://www.compositesworld.com/articles/airframers-vie-for-shares-in-growing-short-haul-market.
Diniz, A.E., Marcondes, F.C., Coppini, N.L., 2006, “Tecnologia da Usinagem dos Materiais, 5ª. Edição, Editora Artliber, São
Paulo, SP, 255 P.
FIOCCHI, A.A., 2017. Notas de aula de Usinagem II, Faculdade de Engenharia Mecânica. Universidade Federal de
Uberlândia. Uberlândia, MG. 586 p.
Fogaça, J.R.V.2019. Leis da eletrólise. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/leis-eletrolise.htm
Kalpakjian, S. and Schmid, S. R., Manufacturing Engineering and Technology, 4th ed., 2001, ISBN 0-201-36131-0, pp. 791-
792.
Telecurso 2000, Processos de Fabricação – várias aulas. Editora Globo – Fundação Roberto Marinho.
Wolynec, S. Técnicas Eletroquímicas em Corrosão, Edusp. 2013.