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7 ELETRÔNICA BÁSICA
O transistor surgiu após a Segunda Guerra Mundial e valeu um prêmio Nobel aos
seus inventores: Bardeen, Brattain e Shockley, todos pesquisadores dos laboratórios da Bell
Telephone nos Estados Unidos. Os transistores nasceram da necessidade que surgiu durante
a guerra, de desenvolver novos sistemas de radar. Trata-se de substitutos ideais das válvulas
termo iônicas, com vida útil muito longa, menor desprendimento de calor, mais resistentes a
choques mecânicos e com pequeno volume.
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Apenas em algumas aplicações específicas as válvulas ainda sobrepujam os
dispositivos semicondutores, como nos cinescópios (tubos de imagem) dos receptores de
televisão. Hoje, com o avanço do desenvolvimento, os tubos de televisões já são substituídos
por uma placa fina e sólida, também elaborada a base de semicondutores. O funcionamento
dos transistores está intimamente ligado com o fenômeno da semicondutividade, que ocorre
em certas substâncias como é o caso do germânio e do silício.
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Figura 2- Distribuição dos elétrons na camada
É importante observar que, embora esse número não possa ser ultrapassado,
podem existir menos elétrons que este máximo, dizendo-se, então, que a camada não está
saturada. Veja na Tabela 1 as estruturas de alguns átomos.
CAMADA
ELEMENTO
K L M N O P R
Cobre 2 8 18 1
Prata 2 8 18 18 1
Carbono 2 4
Germânio 2 8 18 4
Silício 2 8 4
Índio 2 8 18 18 3
Fósforo 2 8 5
Alumínio 2 8 3
Fonte: Elaborada pelo autor (2014)
Dessa forma, pode-se concluir que alguns materiais têm elétrons facilmente
removíveis. Estes materiais são chamados de condutores. Os materiais que oferecem muita
dificuldade à remoção de elétrons são chamados de isolantes. Em circuitos eletrônicos, os
condutores mais usados são: o cobre, o alumínio e ouro. O cobre é usado principalmente sob
a forma de fios, cabo e pistas de circuitos impressos. O ouro é usado sob a forma de
camadas de proteção antioxidação, em pinos e superfícies de contato, em conexões
elétricas. O alumínio é usado em bombinhas móveis, onde é desejada pequena massa móvel.
Como isolantes são usados vários tipos de plásticos, borrachas e resinas sintéticas. Na
cobertura de cabos e fios, é utilizada a borracha sintética, borracha vulcanizada, borracha
acompanhada de trança de nylon e plásticos.
7.3.1 Classificação
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Ligações químicas:
Camadas
Gases nobres
K L M
Hélio (He) 2
Neônio (Ne) 2 8
Argônio (Ar) 2 8 8
Fonte: Elaborada pelo autor (2014)
K L M K L M
2 8 1 2 8 7
O que acontece é que o elétron de valência do Sódio é doado ao Cloro. Quando isto
ocorre o átomo de Cloro que era neutro, fica um íon negativo (ânion) e, o átomo de Sódio
que perdeu elétron fica um íon positivo (cátion).
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Ligação covalente:
K L M K L M M
2 8 4 2 8 18 4
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O conceito de lacuna descreve uma partícula fictícia, de propriedades análogas a do
elétron, mas, de carga positiva, esta aparece quando um elétron é libertado da rede, como
se pode observar na Figura 6 ilustrada a seguir.
Impurezas no semicondutor:
Impurezas doadoras:
K L M
2 8 5
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Figura 7- Condutividade
Impurezas aceitadoras:
K L M
Al
2 8 3
A inclusão deste átomo na rede deixa uma ligação covalente incompleta, o que
origina a lacuna, como se observa na Figura 8 abaixo.
Por isso essas impurezas são chamadas de aceitadoras e o cristal desejado com as
mesmas é chamado tipo P, devido à condutividade ser influenciada por lacunas (positivas),
como se observa no Quadro 1 a seguir.
Figura 10- Semicondutor tipo N obtido pelas impurezas com o átomo de fósforo
A junção PN:
O que ocorre ao longo da junção é que os elétrons do lado N, junto à junção, irão
migrar para a região P. Essa difusão de elétrons se deve à procura de estabilidade. Quando
isso ocorre, os átomos aceitadores viram íons negativos e os átomos doadores viram íons
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positivos. A região próxima à junção que passa a ser formada por íons é chamada de região
de transição, e a mesma é responsável pela anulação de processo de difusão. O acúmulo de
íons (positivos e negativos) gera uma diferença de potencial , como representado na
Figura 11 abaixo.
Polarização inversa:
A polarização inversa ocorre quando se coloca uma bateria externa, como mostra a
Figura 12 abaixo, com o positivo da bateria no lado N e o negativo no lado P da junção.
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Polarização direta:
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Diodo retificador:
Um diodo ideal age como uma chave. Quando o diodo está polarizado diretamente
é como se fosse uma chave fechada, e se estiver polarizado inversamente é como uma chave
aberta, como ilustra a Figura 15 a seguir.
Diodo zener:
O efeito consiste em elétrons livres, que vão sendo acelerados sob ação do campo
elétrico atuante na junção, e que ao atingirem energia cinética suficiente, irão arrancar
elétrons de valência quando se chocarem com eles. Esses novos elétrons livres passam a ser
acelerados e o processo vai, assim, desenvolvendo se formando uma avalanche de elétrons
que termina por ocasionar a ruptura. A Figura 17 a seguir ilustra a diferença entre o diodo
retificador e o diodo de zener.
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Figura 17- Diferenças básicas entre o diodo retificador e o diodo de zener
Circuitos retificadores:
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Quando acontece o semiciclo negativo da tensão senoidal (A negativo em relação a
B), o diodo está polarizado inversamente, não circulando corrente no circuito. Toda tensão
aparece agora por meio do diodo, conforme mostra o diagrama. Se se considerar o diodo
ideal, obter-se-ão as seguintes expressões.
Carga Diodo
Vdc = Vdc =
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Figura 20 - Esquema com dois diodos (1)
Carga Diodo
Vdc = Vdc =
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b) retificador de onda direta em ponte:
A ação do retificador em ponte pode ser mais bem entendida pelos circuitos
equivalentes para cada semiciclo, mostrado na Figura 23 abaixo.
Assim sendo, temos dois pulsos de corrente CC através de para cada ciclo
completo de fonte CA.
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Retificadores com filtro:
A saída dos retificadores sem filtro tem uma aplicação limitada à carga de baterias,
alimentação de motores CC e algumas outras. Para maioria dos circuitos eletrônicos é
necessária uma tensão CC constante. Há a necessidade do uso de um filtro. Neste sentido,
uma forma simples de filtro é o uso de capacitor, que é um elemento que armazena cargas
elétricas. O mesmo deve ser colocado após a retificação de meia onda e em paralelo com a
resistência de carga . Assim, obter-se-á o circuito ilustra pela Figura 24 a seguir, e as
respectivas formas de onda que iremos explicar.
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Dessa forma, o capacitor vai descarregar sua carga elétrica a partir do resistor . A
tensão Vr (tensão no resistor de carga ) vai caindo até atingir o valor correspondente ao
instante de tempo B do gráfico das figuras anteriores, onde a tensão senoidal aplicada ao
anodo do diodo se torna maior que a tensão no capacitor. O diodo, então, conduz e a tensão
senoidal passa a ser aplicada novamente ao capacitor, dando-lhe nova carga até atingir
Vmax.
Quanto maior for o valor do capacitor, mais carga ele poderá armazenar e mais
lenta é a descarga por meio do resistor de carga , e melhor será a filtragem (tensão mais
constante). Este tipo de filtro é chamado de “RC”. Existe um compromisso com a resistência
R: quanto menor o valor de R, mais rápida é a descarga do capacitor e, portanto, pior a
filtragem. O produto da resistência R pelo valor do capacitor C é chamado constante de
tempo, e quanto maior for esta constante de tempo, mais lenta é a descarga do capacitor e,
assim, melhor é a filtragem, como ilustra a Figura 26 a seguir.
Os dois desenhos relativos aos transistores NPN e PNP são apenas simbólicos e para
fins didáticos. Na verdade, existe uma diferença física entre as três camadas. Serão
apresentadas a seguir as principais diferenças e um desenho mais real das proporções em
um transistor, como ilustra a Figura 29.
a) a camada central (base) é muito mais estreita que duas camadas externas
(coletor e emissor);
b) a camada do coletor tem uma área de contato com a base maior que a do
emissor, a fim de permitir captar melhor os portadores vindos do emissor;
c) o coletor e o emissor é mais dopado que a base. E a camada que forma o emissor
é muito mais dopada que a do coletor.
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7.5.1 Polarização e Funcionamento
No caso da Figura 31, só irão circular correntes de fuga pelas junções e que são
totalmente independentes, o que leva a afirmar que não existe amplificação. Com este tipo
de polarização diz-se que o transistor está cortado.
Observando-se a Figura 32, vê-se que as lacunas que são emitidas em direção à
base, provenientes do emissor, sofrerão poucas recombinações, devido à base ser estreita e
pouco dopada, acarretando em uma grande corrente no coletor.
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Figura 32- Junção B-E direta e junção B-C inversa
Com esta explicação, pode-se verificar que aumentando V1, um número maior de
lacunas será emitido em direção à base, fazendo aumentar a corrente no coletor. Por outro
lado, abrindo a malha do emissor, nenhuma lacuna será emitida e a corrente do coletor será
igual a corrente de fuga.
Para o transistor PNP, têm-se as correntes indicadas no circuito da Figura 33. Com
este tipo de polarização o transistor obtém características de amplificação e diz-se que o
mesmo está operando na região linear ou ativa.
Convenções no transistor:
a) Veb > 0
b) Vcb < 0
c) Ie > 0, pois entra no dispositivo.
d) Ic e Ib < 0, pois saem do dispositivo.
Como Ie > Ic, pode-se concluir que < 1 e que esta configuração do transistor
(base-comum) não amplifica corrente. A relação entre a tensão de saída (Vcb) e a tensão de
entrada (Veb) é chamada de ganho de tensão estático (Av). Então: Av = = =
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Figura 36- Configuração do transistor
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Ic = . Ib Ic= .Ib
Resistência de saída: RO
4 3
antilog de 3 é a mesma coisa que 10 .
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Figura 42- Estágios de saída usados nos op-amps
Ad Ad
CMRR = CMRR = 20 log dB
Ac Ac
Ad CMRR(dB) 80
= antilog = antilog = 104 = 10.000
Ac 20 20
Ad 120
Solução: = antilog = antilog 6 = 106 = 1.000.000
Ac 60
1
VO = = 1V
1000
. .000
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Figura 43 (11)- Taxa de rejeição comum
Portanto, quando um op-amp for utilizado para operar com sinais muito baixos, deve-
se escolher um com tensão de offset desprezível ou que permita o ajuste desta tensão, como
no caso do op-amp LM357 mostrado na Figura 44 a seguir.
Desvio:
Banda passante: B:
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Figura 46- Banda passante B em um op-amp
O ganho está relacionado com a banda passante (B) e a faixa de passagem (FP). A
faixa de passagem representa a máxima frequência que um op-amp pode responder em
B B
função do ganho. Assim: G = FP =
FP G
875kHz
FP = = 8,75kHz
100
Isto significa que com ganho igual a 100, a máxima frequência fica limitada a
8,75kHz. Operando com um ganho menor, por exemplo, 20, a FP aumentará: FP = 875kHz =
20
47,75kHz. Observem-se os seguintes exemplos:
a) um op-amp tem um tr = 0,12s. Qual deverá ser o ganho para uma faixa de
passagem de 40kHz?
A taxa de variação é um parâmetro que indica quão rápido a tensão de saída muda
com o tempo. Os valores típicos vão de 0,5V/s a 50V/s, sendo que valores maiores
indicam maior velocidade de operação do dispositivo. Quando essa taxa de variação é muito
baixa, em frequências mais altas ocorre uma distorção entre os sinais de entrada e saída,
conforme ilustra a Figura 47 a seguir.
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Cálculo do ganho: AV
Vi Vd Vd Vo
Analisando o circuito equivalente tem-se: i1 = = i2 =
R1 R2
Vi _ Vo
Contudo, Vd = Vo/Ad e no op-amp ideal Vd = 0, logo: =
R1 R2
Vo _ R2
Ter-se-á, então: Av = =
Vi R1
Isto implica que a relação entre a tensão de entrada e a tensão de saída depende da
relação entre R2 e R1. Neste sentido, como exemplo, qual o ganho do circuito abaixo?
Solução: Av = 100k 2 k = 50
Impedância de entrada: ri
Vi
Tendo-se ri = ; aplicando LKT: Vi = R1i1 – Vd; levando-se em conta que num op-
i1
amp ideal Vd = 0, então: ri R1. A impedância de entrada pode ser calculada pela fórmula:
R2 Ro
ri = R1 +
1 Ad
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Impedância de saída: RO
Ro
ro =
1 ( R1 Ad )
( R1 R2)
Solução:
R2 50k
Av = - = = - 50
R1 1k
R2 Ro 50.000 100
ri = R1 + = 1.000 + = 1.000 + 0,5 = 1.005
1 Ad 1 100.000
Ro 100
ro = = = 0,05
1 ( R1 Ad ) 1 (1000
. x100.000)
( R1 R2) 51000
.
Ganho: Av
Av = 1 + R 2 R1
MÓDULO II ELETROTÉCNICA
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Neste caso, o ganho será sempre maior do que 1 (Av > 1). Para o ganho se tornar
igual a 1 (Av = 1), caracterizando, assim, um seguidor de tensão, R2 deve ser curto-circuitado
e R1 removido. O circuito a seguir, ilustrado pela Figura 50 mostra um seguidor de
tensão (Av = 1), muito útil como casador de impedâncias.
Impedância de entrada: ri
AdRi
ri =
R2
1
R1
Impedância de saída: ro
( R1Ad )
1 1 ( R1 R2) 1
= +
ro Ro R1 R2
Solução:
10.000
Av = 1 + R 2 R1 = 1 + = 1 + 10 = 11
1000
.
( R1Ad )
1 1 ( R1 R2) 1
= +
ro Ro R1 R2
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1 100.000 x100.00011000
. 1
= + = 9,1 x 103
100 11000
.
1
= 9,1 x 103 ro = 1/9,1 x 103 = 1,09 x 10-4 0
ro
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1- Com o auxílio do seu professor desenvolva uma fonte retificadora e execute outros experimentos
básicos de eletrônica.
a) 0V
b) +15V
c) -15V
d) 30V
e) n.r.a.
a) -15V
b) -1V
c) 0V
d) tende ao infinito
e) n.r.a.
a) -11
b) -10
c) 10
d) 11
e) 0
f) n.r.a.
6-
MÓDULO II ELETROTÉCNICA
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7- Qual é a tenso de saída (Vo) no circuito abaixo:
a) 8V
b) 5V
c) - 5V
d) 40V
e) - 40V
f) - 8V
g) n.r.a.
8- No circuito abaixo, sabe-se que Vi = 0,5V e Vo = 10V e o op-amp é ideal. Qual é o ganho em dB?
a) 20dB
b) 26dB
c) - 26dB
d) - 20dB
e) 52dB
f) n.r.a.
9- Qual é a finalidade do resistor de realimentação que liga a saída de um op-amp à sua entrada
inversora?
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REFERÊNCIAS
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ANOTAÇÕES:
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