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QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE

E SEGURANÇA DO TRABALHO
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5 QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA (QSMS)

A qualidade, a saúde, o meio ambiente e a segurança do trabalho são por leis e


normas, e constam dos direitos garantidos aos cidadãos pela Constituição da República
Federativa do Brasil, de 1988, que dispõe em seu Capítulo II, os Direitos Sociais,
representados nesta apostila pelos Art. 6º e 7º, a seguir listados.

Capítulo II
Dos Direitos Sociais

Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a


segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
a melhoria de sua condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitraria ou sem justa causa,


nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho;

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de


revezamento, salvo negociação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVI -


remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do
normal;

XVII - gozo de ferias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que
o salário normal;

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas, na forma da lei;

XXIV - aposentadoria;

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento ate 5 (cinco)
anos de idade em creches e pré-escolas;

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XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a


indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, ate o limite de dois anos
apos a extinção do contrato de trabalho;

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de


admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de


admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre


os profissionais respectivos;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito


e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de quatorze anos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício


permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os


direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX,
XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 72, de 2013).

 Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT):

Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, atualizado e acompanhado de notas a


Legislação Correlata, de Legislação Trabalhista Especial, de Regimento Interno do TST, de
Súmulas do STF, STJ e outros.

A Lei no 6.514, de 22 de dezembro de 1977 - Altera o Capítulo V do Título II da


Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Portaria no
3.214, de 08 de junho de 1978 - Aprova as Normas Regulamentadoras - NR – do Capitulo V
do Titulo II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho.

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 Lei No 6.514/77:

Lei de No 6.514, de 22 de dezembro de 1977 altera o Capítulo V do Titulo II da


Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho e dá outras
providências, as quais serão descritas a seguir.

CAPÍTULO V
Da Segurança e Medicina do Trabalho
Seção I - Disposições Gerais (Art. 154 a 159):

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma lei trabalhista do Brasil, onde estão
incluídas normas que regulam relações de trabalho entre o empregador e os empregados.

Na CLT podemos encontrar os direitos e deveres, tanto do empregador quanto do


empregado, e lá são determinadas as relações de trabalho e regras dos processos
trabalhistas na Justiça.

As normas da CLT são válidas tanto para as relações individuais de trabalho como
para as relações coletivas, protegendo tanto o trabalhador urbano quanto o rural. É
importante destacar que foi a CLT que serviu de base legal para a criação das Normas
Regulamentadoras

As Normas Regulamentadoras foram criadas a partir da lei N° 6.514 de 1977 que


alterou o Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à
Segurança e Medicina do Trabalho. As NRs foram posteriormente aprovadas pela Portaria N°
3.214, em 08 de junho de 1978.

Entre os principais artigos da CLT, e que regem sobre segurança do trabalho,


podemos destacar os seguintes:

Art. 157 - Cabe às empresas:

I - Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;


II - Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a
tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III- Adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV - Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Art. 158 - Cabe aos empregados:

I - Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções


de que trata o item II do artigo anterior;
II- Colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo;

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Seção II - Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição (Art. 160; 161):

Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem previa
inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em
matéria de segurança e medicina do trabalho.

Seção III - Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas (Art.
162 a 165):

Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério
do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados de segurança e em
medicina do trabalho.
Art. 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho,
nos estabelecimentos ou locais de obra nela especificadas.

Seção IV - Do Equipamento de Proteção Individual (Art. 166; 167):

Art.166 - A empresa e obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,


equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação
e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção
contra os riscos de acidentes e danos a saúde dos empregados.

SEÇÃO V - Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho (Art. 168; 169):

Art. 168 - Será obrigatório exame medico, por conta do empregador, nas condições
estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho.

Além dos artigos mencionados anteriormente, podemos ainda destacar os


seguintes:

Seção VI - Das Edificações (Art. 170; 171; 172; 173; 174).


Seção VII - Da Iluminação (Art. 175).
Seção VIII - Do Conforto Térmico (Art. 176; 177; 178).
Seção IX - Das Instalações Elétricas (Art. 179; 180; 181).
Seção X - Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais (Art. 182;
183).
Seção XI - Das Máquinas e Equipamentos (Art. 184; 185; 186).
Seção XII - Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão (Art. 187; 188).
Seção XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas (Art. 189; 190; 191; 192; 193;
194; 195; 196; 197).
Seção XIV - Da Prevenção da Fadiga (Art. 198; 199).
Seção XV - Das Outras Medidas Especiais de Proteção (Art. 200).
Seção XVI - Das Penalidades (Art. 201).

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 Portaria No 3.214/78:

Esta Portaria aprova as Normas Regulamentadoras (NR) descritas a seguir.

 Normas Regulamentadoras:

 NR - 1 - Disposições Gerais;
 NR - 2 - Inspeção Previa;
 NR - 3 - Embargo ou Interdição;
 NR - 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (ESMT);
 NR - 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa);
 NR - 6 - Equipamento de Proteção Individual (EPI);
 NR - 7 – Programa de Controle Medico de Saúde Ocupacional;
 NR - 8 – Edificações;
 NR - 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;
 NR -10- Instalações e Serviços em Eletricidade;
 NR -11- Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais;
 NR -12- Máquinas e Equipamentos;
 NR -13- Caldeiras e Vasos de Pressão;
 NR -14- Fornos;
 NR -15- Atividades e Operações Insalubres;
 NR -16- Atividades e Operações Perigosas;
 NR -17- Ergonomia;
 NR -18- Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção;
 NR -19- Explosivos;
 NR -20- Líquidos Combustíveis e Inflamáveis;
 NR -21- Trabalho a Céu Aberto;
 NR -22- Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração;
 NR -23- Proteção Contra Incêndios;
 NR -24- Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho;
 NR -25- Resíduos Industriais;
 NR -26- Sinalização de Segurança;
 NR -27- Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTPS
(REVOGADA);
 NR -28- Fiscalização e Penalidades
 NR -29- Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
 NR -30- Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
 NR –31- Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, pecuária, silvicultura,
exploração florestal e aquicultura
 NR -32- Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde
 NR-33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
 NR 34 - Condições Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção,
Reparação e Desmonte Naval;
 NR 35 - Trabalho em Altura;

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 NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento


de Carnes e Derivados;
 NR 37 - Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo.

 Norma Brasileira:

As de Normas Brasileiras, ou NBR, é a sigla aprovada pela ABNT (Associação


Brasileira de Normas Técnicas), de caráter voluntário, fundamentada no consenso da
sociedade, que se torna obrigatória quando essa condição é estabelecida pelo poder público.
Suas aplicações vão desde setores da indústria, passando pela construção civil e segurança
do trabalho. São importantes, pois a sua aplicação proporciona que diversos profissionais
possam executar procedimentos técnicos de engenharia de forma correta e segura. Entre as
principais NBR relacionadas à segurança do trabalho, destacamos:

 NBR – 7195 – Cores para Segurança;


 NBR – 9077 – Saídas de emergência em Edifícios;
 NBR – 8995 – Iluminação de Ambientes de Trabalho;
 NBR – 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

5.1 Aspectos Históricos da Higiene e Segurança no Trabalho/Evolução da Legislação


Brasileira sobre Acidente do Trabalho

Desde seu aparecimento na Terra, o homem está exposto a riscos. Como ele não
tem controle sobre esses riscos, ocorre sobre ele todo tipo de acidente. O homem inventou
a roda d‘água, os teares mecânicos, as máquinas a vapor, a eletricidade e até os
computadores. É um longo aprendizado tecnológico. No entanto, se por um lado o progresso
científico e tecnológico facilita o processo de trabalho e produção, por outro trazem novos
riscos, sujeitando o homem a acidentes e doenças decorrentes desse processo (CAMPOS,
2001 apud SANTOS, 2010).

De acordo com Santos (2010), a preocupação com os acidentes e doenças


decorrentes do trabalho humano surgiu na Grécia Antiga, quando Hipócrates (considerado o
Pai da Medicina) fez algumas referências aos efeitos do chumbo na saúde humana.
Posteriormente, outros estudiosos, como Plínio (o Velho) e Galeno, descreveriam algumas
doenças a que estavam sujeitas as pessoas que trabalhavam com o enxofre, o zinco e o
chumbo. No Antigo Egito e no mundo greco-romano já existiam estudos realizados por leigos
e médicos, relacionando saúde e ocupações.

O primeiro livro a abordar a questão surgiu em 1556, da autoria de Georgius


Agrícola, que publicou seu trabalho De Re Metálica, onde eram estudados diversos
problemas relacionados à extração e à fundição do ouro e da prata, enfocando, inclusive, os
acidentes de trabalho e as doenças mais comuns entre os mineiros. Porém, a primeira
monografia a abordar especificamente a relação trabalho e doença foi publicada em 1567,
por Paracelso, e versava sobre vários métodos de trabalho e inúmeras substâncias
manuseadas, dedicando especial atenção às intoxicações ocupacionais por mercúrio.

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No ano de 1700, o italiano Bernardino Ramazzini publica seu livro De Morbis


Artificum Diatriba (As Doenças dos Artesãos), com a descrição de 53 tipos de enfermidades
profissionais, sendo que para algumas delas eram apresentadas formas de tratamento e até
mesmo de prevenção. Por esta obra, Ramazzini passou a ser considerado como o Pai da
Medicina do Trabalho, e a estabelecer definitivamente a relação entre saúde e trabalho.

Contudo, apesar dos trabalhos consagrados de Agrícola, Paracelso e Ramazinni, o


interesse pela proteção do operário no seu ambiente de trabalho só ganharia força e ênfase
no século XIX com o impacto da Revolução Industrial (MIRANDA, 1998 apud SANTOS, 2010).

Com o surgimento crescente de inventos mecânicos que multiplicariam


consideravelmente a produtividade do trabalho, uma nova formação capitalista mercantil
surgia e dava origem a uma nova classe dirigente, interessada na aplicação de capitais em
sistemas fabris de produção em massa, utilizando a nova tecnologia que surgia. A questão da
força de trabalho tomava um novo enfoque, pois tornava possível e vantajosa a conversão
de toda a mão de obra, inclusive a escrava, em força de trabalho assalariado.

De acordo com Rodrigues (1993 apud SANTOS, 2010), a partir da Revolução


Industrial e com a expansão do capitalismo industrial, o número de acidentes do trabalho
cresceu assustadoramente, devido às péssimas condições de trabalho existentes. A situação
ficou tão grave, que se temeu pela falta de mão de obra, tal era a quantidade de
trabalhadores mortos ou mutilados (RODRIGUES, 1993 apud SANTOS, 2010).

Os locais de trabalho eram os piores possíveis. As fábricas eram instaladas em


galpões improvisados, estábulos e velhos armazéns, principalmente nas grandes cidades,
onde havia maior quantidade de mão de obra disponível, constituída principalmente de
mulheres e crianças. A situação acabou por provocar indignação na opinião pública, gerando
várias comissões de inquérito no Parlamento Inglês (SANTOS, 2010).

Naquela época, o conhecimento acumulado até então passou a dar origem à


formação de leis voltadas à proteção à saúde e à integridade física dos trabalhadores, de
acordo com Rodrigues (1993 apud SANTOS, 2010, p. 7). De acordo com Santos (2010), as
duas primeiras leis a entrarem em vigor foram:

A Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes (1802), na Inglaterra, que


estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho
noturno e tornava obrigatória a ventilação do ambiente e a lavagem das
paredes das fábricas duas vezes por ano;
A Lei das Fábricas (1833), também na Inglaterra, considerada a primeira
norma realmente eficiente no campo da proteção ao trabalhador, e que
fixava em 9 anos a idade mínima para o trabalho, proibia o trabalho
noturno para menores de 18 anos e exigia exames médicos de todas as
crianças trabalhadoras.

No ano seguinte, em 1834, o governo britânico nomeia o primeiro Inspetor Médico


de Fábricas, o Dr. Robert Baker; e em 1842, na Escócia, a direção de uma fábrica têxtil
contratou um médico que deveria submeter os menores trabalhadores a exames médicos

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admissionais e periódicos. Surgiam, então, as funções específicas do médico de fábrica.

Já no século XX, em parte, decorrente do desenvolvimento da administração


científica, a preocupação com os acidentes do trabalho passou a ser incorporada pelos
gestores dos estabelecimentos industriais, que lançaram mão de técnicas de engenharia
para a criação de sistemas de prevenção ou controle de infortúnios, tais como equipamentos
de proteção individual, sistema de ventilação industrial, etc.

No Brasil, durante os primeiros três séculos de nossa história, as atividades


industriais ficaram restritas aos engenhos de açúcar e à mineração. Em 1840 surgiram os
primeiros estabelecimentos fabris no Brasil. A primeira máquina a vapor surgiu em 1785 na
Inglaterra, enquanto no Brasil surgiu em 1869 na Província de São Paulo, numa fábrica de
tecidos de Itu, a Fábrica São Luiz. Portanto, 84 anos depois.

Em 1890 é criado pelo governo o Conselho de Saúde Pública, que começava


timidamente a legislar sobre as condições de trabalho no Brasil, que já começavam a
preocupar. No entanto, desde o fim do Império até o ano de 1930, a organização capitalista
brasileira era praticamente agroexportadora, especialmente de café. A partir de 1930,
então, com uma política governamental de substituição das importações, portanto, com 145
anos de atraso em relação ao surgimento da primeira máquina a vapor no mundo, iniciou-se
a passagem do modelo agroexportador para a industrialização, o que se consolidou nos anos
50.

De acordo com Santos (2010), a primeira lei de acidentes do trabalho no Brasil


surgiu em 1919, com o Decreto Legislativo nº. 3.724, de 15 de janeiro, como ponto de
partida da intervenção do Estado nas condições de consumo da força de trabalho industrial
no País. Essa lei não considerava acidente de trabalho a mesopatia, ou seja, a doença
ocasionada por determinado tipo de trabalho. Exigia apenas a reparação em caso de
moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho.

Essa lei instituía o pagamento de indenização proporcional à gravidade das


sequelas. Nesse sentido, abriu-se, então, a possibilidade de as empresas contratarem o
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), junto às seguradoras da iniciativa privada, que o
sustentou até 1967, quando este passou a ser prerrogativa da Previdência Social, reforçando
sua obrigatoriedade.

Em 1920 surgiu o primeiro médico de empresa brasileira, quando a Fiação Maria


Zélia, situada no bairro do Tatuapé, na Cidade de São Paulo, contratou um médico para dar
atenção à saúde dos seus trabalhadores (MIRANDA, 1998). Como parte das reformas
conduzidas por Carlos Chagas, em 1923, promulga-se o Regulamento Sanitário Federal, que
inclui as questões de higiene profissional e industrial no âmbito da Saúde Pública, criando a
Inspetoria de Higiene Industrial, órgão regulamentador e fiscalizador das condições de
trabalho.

O Decreto n. 19.433, de 26 de novembro de 1930, criou o Ministério do Trabalho,


Indústria e Comércio, passando as questões de saúde ocupacional para o domínio deste

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ministério, ficando sob sua subordinação, até hoje, as ações de higiene e segurança do
trabalho. O Decreto-lei n.º 7.036, de 10 de novembro de 1944 manteve o sentido de risco
profissional, mas foi ampliado pela teoria do risco da autoridade, isto é, pregava que a
autoridade é fonte (ou causa) de responsabilidade pelos acidentes havidos.

Outras leis foram sancionadas, conforme descrito a seguir:

 Lei 5.316, de 14 de setembro de 1967, que determinou o seguro obrigatório como


prerrogativa da Previdência Social, adotou o conceito de acidente ocorrido no
trajeto entre residência e o trabalho e vice-versa (risco social). A Previdência Social
adotou programas de reabilitação profissional.
 Lei 6.367, de 19 de outubro de 1976, regulamentada pelo Decreto 79.037 de 24 de
dezembro de 1976, ao lado dos acidentes de trabalho, contemplava as chamadas
doenças profissionais ou doença do trabalho.
 Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, que estabeleceu que a empresa é responsável
pela adoção das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde
do trabalhador; assegurou a estabilidade no emprego do segurado que se
incapacita para o trabalho por mais de 15 dias.

É importante salientar, ainda, que o parágrafo 10º do Art. 21 da Constituição


Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional no 20, de 16 de dezembro de 1998,
estabeleceu que a lei disciplinará “a cobertura do acidente de trabalho, a ser entendida
concorrentemente pelo regime geral de previdência sócia e pelo setor privado”.

De acordo com dados obtidos pelo Sesi (2000 apud DREHER, 2004), alguns fatores
demonstram a reduzida eficácia na Segurança e Saúde do Trabalhador (SST), tais como:

a) trabalhadores informais, setor público, domésticos, entre outros, não têm


proteção;
b) esforços preventivos e resultados reais na redução de acidentes nas não são
levados em consideração;
c) serviços médicos não são remunerados pelo seguro acidentário;
d) discriminação entre empresas com alto e baixo risco é diminuta;
e) a presença não coordenada entre organizações nas áreas federal, estadual e
municipal é favorecida pela ausência de comando consolidado.

5.2 Ambiente de Trabalho

Para Dreher (2004), pode-se adotar como definição de ambiente de trabalho “um
conjunto de fatores interdependentes, materiais ou abstratos, que atua direta e
indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados dos seus trabalhos”
(WADA, 1990, p. 0). Portanto, no ambiente de trabalho é preciso encontrar condições
capazes de proporcionar o máximo de proteção e, ao mesmo tempo, satisfação com o
trabalho que se realiza. Esta combinação resulta em aumento da produtividade e qualidade
dos serviços, redução do absenteísmo, redução das doenças e acidentes de trabalho.

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O ambiente de trabalho é composto por um conjunto de fatores. Quando um destes


fatores ou o conjunto deles foge ao controle, seja pelos níveis permitidos ou pelos processos
que desencadeia, torna o ambiente de trabalho suscetível ao desenvolvimento das
chamadas patologias do trabalho que podem ser citadas como doenças profissionais ou
doenças do trabalho. De acordo com Dreher (2004), a segurança e a higiene não podem
mais ser consideradas apenas como domínios de especialistas, dado que ambas integram-se
a outras áreas do conhecimento, com vistas a objetivos mais amplos e maior eficiência.

5.3 Reflexão e Formação de Consciência

Os programas de segurança e saúde do trabalhador geralmente concebidos e


implementados nas empresas do Brasil têm a orientação de atendimento à legislação que
dispõe sobre esta matéria. Programas fundamentados nesse princípio são, em geral, pobres
e de baixo desempenho, pois, entre outras razões, privilegiam as situações de risco que se
apresentam em desacordo com a legislação.

O pior é o comportamento de gerentes de empresas, que acreditam ser o


cumprimento das notificações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a forma de
restabelecer a conformidade legal da empresa. Muitos dos gerentes ou supervisores não
assumem a responsabilidade pelas ocorrências anormais. Outro empecilho é a contratação
de serviços por resultados, onde um “bom” planejamento é prejudicado.

As normas de segurança e saúde no trabalho devem ser implementadas


conjuntamente com as de produtividade, qualidade, responsabilidade social e lucratividade.
A participação ativa dos trabalhadores, principalmente das gerências e supervisão, no
programa de prevenção de acidentes e garantia de saúde, só será atingida quando os
mesmos tiverem consciência da importância da segurança e saúde em sua vida pessoal e
profissional. Isto ocorre:

a) na fábrica, na empresa, na prefeitura, na escola;


b) na rua, no bar, na festa;
c) no lar, na praia, no carro, na moto;
d) em quaisquer lugares e circunstâncias.

Os trabalhadores cometem atos inseguros, principalmente por:

a) não planejaram corretamente o serviço que será realizado; (falha na analise de


riscos)
b) não estarem avisados que o que fazem errado;
c) não considerarem as instruções importantes;
d) não entenderem as instruções que foram dadas;
e) não serem dadas as instruções específicas;
f) acharem incômodo seguir as instruções;
g) desrespeitarem deliberadamente as normas, inclusive as de segurança.

Trabalhador é todo ser social que produz, seja algo material, cultural ou intelectual.

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O dono da empresa é um trabalhador, o aluno é um trabalhador, o gerente é um


trabalhador, a dona de casa é uma trabalhadora, etc. Muitos dos acidentes e doenças do
trabalho são devido à falta de conhecimento ou habilidade do “acidentado” em fazer seu
trabalho seguro e adequadamente. Isto é uma das causas mais frequentes dos acidentes
com lesão e de doenças potencializadas pela atividade. Podem ser consideradas, para tanto,
algumas das razões a seguir:

a) o trabalhador pode nunca ter aprendido a fazer seu trabalho de maneira correta,
muito menos analisar previamente os riscos aos quais estará exposto;
b) pode ter aprendido uma vez, mas não tão bem para fixar os hábitos corretos e
seguros de trabalho;
c) pode ter aprendido como trabalhar seguramente sob condições normais, mas
não compreendeu completamente o perigo de certos atos inseguros,
possivelmente envolvendo algumas condições não usuais no trabalho.

5.4 Campanhas de Segurança, Contato Pessoal e Avaliações

As campanhas de segurança, contato pessoal e avaliações buscam a divulgação de


conhecimentos acerca do tema e auxiliar na educação dos trabalhadores quanto à segurança
no ambiente de trabalho, desenvolvendo sua consciência crítica para eliminar acidentes e
proteger a sua saúde, criando atitudes de vigilância, que permitam corrigir condições e
práticas que podem provocar acidentes. Neste sentido, algumas campanhas regidas por lei
foram criadas, tais como:

 Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Canpat): criada pelo


Decreto 68.255/71 e regulamentado pela Portaria 3.233/71, tem a finalidade de
divulgar conhecimentos técnicos e ministrar ensinamentos práticos de segurança,
higiene e medicina do trabalho.
 Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Conpat): criado pelo
Decreto 811/62, com a finalidade de divulgar conhecimentos técnicos relativos à
segurança, higiene e medicina do trabalho, para aperfeiçoamento de técnicas de
produção, com a humanização do trabalho, por meio da prevenção de acidentes e
doenças do trabalho.
 Semana de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SPAT): é promovida anualmente
pelo Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho (DNSHT), em
colaboração com as Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs).
 Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat): acontece no
âmbito das empresas que possuem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(Cipa).

Há ainda algumas campanhas específicas promovidas pelas empresas, de forma


objetiva e participativa, sempre com o envolvimento da alta administração. É importante
salientar que a conscientização dos trabalhadores, em todos os níveis, desde o presidente
até o mais simples membro dentro da hierarquia, somente será atingida mediante
campanhas educativas em longo prazo, que ressaltem como elemento mais importante o
contato pessoal, frequente, do supervisor com os trabalhadores que lhe são subordinados.

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Isto deve ser feito em cadeia, do dono do negócio com os supervisores ou mestres, e destes
com os subordinados.

Os supervisores devem fazer periodicamente avaliações, com preenchimento de


lista de verificações, checklist, e encaminhá-las para a estância superior, com a ações
tomadas em caso de desconformidade. Este material ficará arquivado por certo período e
deve ser utilizado em atividades futuras, inclusive em caso de litígio trabalhista. É
importante, ainda, que sejam feitas reuniões mensais com os empregados, sobre assuntos
de segurança e saúde, visando à eliminação da prática de atos inseguros.

As empresas devem promover constantemente palestras e treinamentos junto aos


seus colaboradores. As palestras devem ser curtas e incisivas, fazendo usos de estudos casos
de empresas similares ou mesmo de casos do passado na empresa, salvaguardadas as
questões de sigilo para com os envolvidos ou, ainda, sobre fatos de relevância do momento.
Quanto aos treinamentos, estes podem versar sobre:

a) riscos aos quais o trabalhador estará exposto;


b) permissão para determinados tipos de serviços;
c) análise de acidente do ponto de vista prevencionista;
d) causas de acidentes;
e) qualidade de vida;
f) prevenção de acidentes nos locais de trabalho;
g) ordem, limpeza e quedas;
h) eletricidade;
i) operação com máquinas;
j) uso correto de ferramentas manuais;
k) prevenção e combate a principio de incêndio;
l) equipamentos de proteção individual;
m) noções de primeiros socorros;
n) inspeção de segurança, investigação e comunicação de acidentes;
o) custo de acidentes, cadastro de acidentes;
p) formação da mentalidade prevencionista;
q) aspectos legais do acidente do trabalho;
r) informações sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa);
s) análise de um acidente de simulado;
t) atuação em caso de sinistro.

As empresas devem fazer uso dos veículos comunicacionais para promover a


conscientização dos seus colaboradores acerca da segurança no ambiente de trabalho. Estes
podem ser impressos (cartazes, manual ou regulamentos internos de segurança; revistas;
jornais internos, folhetos, etc.); há também as caixas de sugestões, onde se incentivam os
trabalhadores a colaborar com a campanha de qualidade de vida e prevenção de acidentes;
e quaisquer outros meios que possam auxiliar na melhoria da segurança e da higiene no
ambiente de trabalho e proteção à saúde.

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
57

5.5 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – NR-


4

As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e


indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) manterão, obrigatoriamente, Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de
promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. O
dimensionamento destes serviços vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao
número total de empregados do estabelecimento constantes dos Quadros I e II, observadas
as exceções previstas na Norma Regulamentadora.

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho


deverão ser integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem do
Trabalho. São atribuições dos profissionais dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho:

a) aplicar os conhecimentos de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho


ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e
equipamentos, de modo a reduzir e até eliminar os riscos ali existentes à saúde
do trabalhador;
b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do
risco e este persistir, mesmo reduzidos, a utilização, pelo trabalhador, de
equipamentos de proteção individual (EPI), de acordo com o que determina a
NR-6, desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim
o exija;
c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações
físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta na alínea
“a”;
d) responsabilizar-se, tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do
disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus
estabelecimentos;
e) manter permanente relacionamento com a Cipa, valendo-se ao máximo de suas
observações, além de apeá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR-5;
f) promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação
dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e de doenças
ocupacionais, tanto por meio de campanhas, quanto de programas de duração
permanente;
g) esclarecer e conscientizar os empregados sobre acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;
h) analisar e registrar em documentos específicos todos os acidentes ocorridos na
empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença
ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da
doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as
condições dos indivíduos portadores de doença ocupacional ou acidentado;

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
58

i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças


ocupacionais e agentes de insalubridade, devendo a empresa encaminhar um
mapa contendo a avaliação anual dos mesmos dados à Secretaria de Segurança e
Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro, por meio do órgão regional do MT;
j) manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou
facilmente alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o
método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas
condições de acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser
guardados somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas “h” e
“i” por um período não inferior a 5 (cinco) anos;
k) as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente
prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, quando
se torna necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle de efeitos de
catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios e ao
salvamento e de imediata atenção à vítima, deste ou de qualquer outro tipo de
acidente, está incluída em suas atividades.

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho


deverão ser registrados no órgão regional do MT. O Quadro 1 a seguir apresenta o grau de
risco do trabalhador, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE).

Quadro 1 - Grau de risco do trabalhador, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades


Econômicas (CNAE)

Código de atividades Grau de risco


A- Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 3
B- Pesca 3
C- Indústrias extrativas 4
D- Indústrias de transformação Varia de 2 a 4
E- Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 3
F- Construção Varia de 3 a 4
G- Comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos Varia de 2 a 3
H- Alojamento e alimentação 2
I- Transporte, armazenagem e comunicações Varia de 1 a 4
J- Intermediação financeira 1 ou 2
K- Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas Varia de 1 a 3
L- Administração pública, defesa e seguridade social Varia de 1 a 2
M- Saúde e serviços sociais Varia de 1 a 3
N- Educação Varia de 1 a 3
O- Outros serviços coletivos, sociais e pessoais Varia de 1 a 3
P- Serviços domésticos 2
Q- Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais 1
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
59

Com base nas informações obtidas no Quadro 1, da NR 4, como grau de risco, e


somando-se a isso o número de funcionários da empresa, vamos ao Quadro 2 e procedemos
o dimensionamento do SESMT da empresa, realizando o cruzamento dessas informações,
grau de risco e número de funcionários.

Quadro 2- Dimensionamento do SESMT

Fonte: Alterado pela Portaria SSMT n. 34, de 11 de dezembro de 1987

Seguindo o raciocínio mostrado anteriormente, teremos as seguintes situações para


a empresa que possui um número de funcionários de 367:

 Grau de Risco 1: Dispensada de ter um SESMT;


 Grau de Risco 2: Dispensada de ter um SESMT;
 Grau de Risco 3: SESMT composto por dois técnicos de segurança do trabalho;
 Grau de Risco 4: SESMT composto por dois técnicos de segurança do trabalho, 1
engenheiro de segurança do trabalho em tempo parcial mínimo de 3 horas e um
médico do trabalho em tempo parcial de 3 horas.

5.6 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

Todas as empresas regidas pela CLT deverão possuir dois órgãos de Segurança e
Medicina do Trabalho: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa – NR-5); b) Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
60

5.6.1 Cipa

A Cipa é uma comissão constituída por representantes indicados pelo empregador e


membros eleitos pelos trabalhadores, de forma paritária, em cada estabelecimento da
empresa, cuja finalidade é prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a
torná-lo compatível, permanentemente, com a preservação da vida e a promoção da saúde
do trabalhador.

É importante destacar que quando uma empresa é dispensada de constituir o


SESMT, ou até mesmo a Cipa em alguns casos específicos, como mostra o Quadro 1 da NR 5,
é muito importante que as empresas dimensionem suas Cipas, com o objetivo de promover
a segurança e saúde entre os trabalhadores. Nesse caso, a Cipa deverá ter o suporte de um
profissional da área, que pode ser um dos profissionais que compõem o quadro do SESMT.

5.6.1.1 Objetivos da Cipa

A Cipa apresenta os objetivos descritos a seguir:

a) reconhecer os riscos à segurança e à saúde relacionadas ao trabalho;


b) sugerir medidas de controle desses riscos;
c) obter a implementação dessas medidas,
d) prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho.

O reconhecimento dos riscos é feito por meio do Laudo de Técnico das Condições
do Ambiente do Trabalho, que fornecerá os dados necessários para a execução do Programa
de Controle Medico e Saúde Ocupacional (PCMSO) e do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) e, ainda, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais chamado de
PPRA e por meio destes será elaborado o Mapa de Riscos. O Mapa de Riscos devera conter
as seguintes etapas:

a) conhecer o processo de trabalho no local analisado;


b) identificar os riscos existentes no local analisado: agentes físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e de acidentes;
c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: proteções coletivas,
individuais, de higiene, etc.;
d) identificar os indicadores de saúde: queixas, acidentes de trabalhos ocorridos,
doenças diagnosticadas, etc.;
e) elaborar o mapa de riscos sobre o layout da empresa, indicando por meio de
círculos o grau de risco encontrado (grave, médio e leve).

Na Figura 1 a seguir, observa-se um modelo de um mapa de risco e de suas


respectivas representações gráficas dos riscos existentes em determinado local de trabalho.

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
61

Figura 1- Mapa de risco de uma indústria

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

Eventualmente, por questões de espaço na planta baixa de determinado local de


trabalho, é possível que as representações possam vir num mesmo circulo, dividido
conforme a quantidade de riscos ali existentes, conforme ilustra a Figura 2 a seguir.

Figura 2- Representação gráfica da divisão de riscos num mesmo círculo

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

5.6.1.2 Composição e organização da Cipa

A Cipa deve ser composta por representantes do empregador e dos empregados, de


acordo com o dimensionamento previsto no Quadro 1 (10) da NR-5, ressalvadas as
alterações disciplinadas em atos normativos para setores econômicos específicos.

Depois de eleita e organizada, a Cipa deverá ser protocolada em até dez dias, na
unidade descentralizada do Ministério do Trabalho, com cópias das atas de eleições e de
posse, e o calendário anual das reuniões ordinárias. A composição da Cipa deverá obedecer
a critérios que permitam estar representada a maior parte dos setores do estabelecimento,
não devendo faltar em qualquer hipótese a representação dos setores que ofereçam maior
risco ou apresentem maior número de acidentes.

Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em


escrutínio secreto e assumirão a condição de membros titulares os candidatos mais votados.
Em caso de empate, assumirá o candidato que tiver maior tempo de serviço no
estabelecimento. Os demais candidatos votados assumirão a condição de suplentes,
obedecendo à ordem decrescente de votos recebidos.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
62

O mandato dos membros eleitos da Cipa terá a duração de um ano, permitida uma
reeleição. É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo
de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato. O Quadro 3 a seguir ilustra o
agrupamento de setores econômicos pela classificação nacional de atividades econômicas
(CNAE), como por exemplo: CNAE 10.00-6 – Extração de carvão mineral; CNAE 52.11-6 –
Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios,
com área de venda superior a 5000 metros quadrados – hipermercados.

Quadro 3 - Relação da classificação nacional de atividades econômicas (CNAE), com correspondente


agrupamento para dimensionamento da Cipa
CNAE Descrição das Atividades Grupo
14.22-2 Extração e refino de sal marinho e sal-gema C-1
15.21-0 Processamento, preservação e produção de conservas de frutas C-2
17.64-7 Fabricação de tecidos especiais – inclusive artefatos C-3a
29.25-4 Fabricação de aparelhos de ar-condicionado C-14
Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos
52.12-4 alimentícios, com área de venda inferior a 300 e 5000 metros quadrados – C-21
supermercados
Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

5.6.1.3 Atribuições da Cipa

A Cipa terá as seguintes atribuições:

a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a


participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde
houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de
problemas de segurança e saúde no trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de
prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos
locais de trabalho;
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho
visando trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu
plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e à saúde no
trabalho;
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo
empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de
trabalho relacionados à segurança e à saúde dos trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de
máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e à
saúde dos trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros
programas relacionados à segurança e à saúde no trabalho;

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
63

j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como


cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e
à saúde no trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de
solução dos problemas identificados;
m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham
interferido na segurança e saúde dos trabalhadores:
n) requisitar a empresa as cópias das CAT emitidas;
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat);
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de
Prevenção da AIDS.

5.7 Controle Estatístico de Acidentes/Acidentados

O controle estatístico de acidentes pode ser entendido como método de organizar e


estudar os dados e fatos levantados nas investigações de acidentes para se chegar a
conclusões que possam servir como subsídios à segurança do trabalho. Muitos acidentes não
resultam em acidentados. Porém, outros podem resultar em mais do que um.
No controle estatístico, devem-se considerar tanto acidentes como acidentados,
para possibilitar:

a) controle do desempenho da segurança em relação às ocorrências de acidentes;


b) quantificação dos fatores das causas de acidentes;
c) identificação da incidência de causas de acidentes por setor de atividade ou por
operação;
d) divulgação de informações corretas sobre o comportamento geral das atividades
prevencionistas.
Os dados estatísticos exercem influências benéficas em três campos:

a) no campo técnico - são fontes de subsídios as pessoas que estudam o assunto e


decidem sobre medidas corretivas de condições impróprias à segurança e de
melhoria de outras condições;
b) campo administrativo - servem de veículo de informação detalhada do
desempenho da segurança para pessoas e setores envolvidos no assunto dentro
da organização;
c) no campo motivacional - revelam fatos que indicam como direcionar esforços e
campanhas promocionais de segurança, fatos que podem ser, eles próprios,
instrumentos de motivação.

Observação: os dados descritos nas reuniões da Cipa poderão ser utilizados como
base de provas em situações de acidentes do trabalho, podendo ser requeridos pelos peritos
de segurança do trabalho, nas situações onde se deseja encontrar as causas que motivaram
aquele acidente.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
64

5.8 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Em muitos serviços, o trabalhador precisa usar proteção especial, a fim de se


proteger contra a agressividade dos elementos ou dos materiais com os quais está lidando.
Estes equipamentos, que podem ir desde um simples avental até a complexa máscara
protetora do aparelho respiratório, estão sujeitos a métodos de ensaios especificados em
normas que testam a sua eficiência, com o objetivo de evitar a utilização de material de
qualidade inferior, que venha arriscar a integridade física do trabalhador, sua saúde, e
mesmo em certos casos, sua morte. Define-se, então, como Equipamento de Proteção
Individual (EPI) como “todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade
física do trabalhador”.

Os aspectos legais atribuídos aos EPIs estão descritos na CLT, em seu capítulo V, nas
seções I, IV e XIII; e pela Portaria 3.214/78, das Normas Regulamentadoras, conforme
ilustrado a seguir:

 CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) - Cap. V:


 Seção I - Disposições Gerais
Art. 158 - Cumpre aos empregados usar obrigatoriamente equipamentos de proteção
individual e demais meios destinados à sua segurança.
 Seção IV - Do Equipamento de Proteção Individual
Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de origem geral não ofereçam
completa proteção contra os riscos de acidente e danos à saúde dos empregados.

 Seção XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas


Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Art.191-A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:
I - com a adoção de medida que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites
de tolerância;
II- com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
 Portaria 3.214/78 - Normas Regulamentadoras
 NR - 1 - Disposições Gerais
Item 1.8 - Cabe ao empregado: b) usar o EPI fornecido pelo empregador.
Item 1.8.1-Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento
das disposições do item anterior.
Item 1.9 - O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre
segurança e medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das
penalidades previstas na legislação pertinente.
 NR - 6 - Equipamentos de Proteção Individual
Item 6.1 - Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se
Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
65

individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de


ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Item 6.1.1 - Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo
aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um
ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Item 6.3 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI
adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes
circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os
riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.

5.8.1 Aquisição do EPI

O EPI deve ser utilizado em lugares onde existam riscos à saúde e à integridade
física do trabalhador no serviço, nos quais esses riscos não possam ser removidos por outros
meios, mediante o uso de equipamentos de proteção coletiva ou por medidas
administrativas, ou em situações emergenciais. A seguir, temos algumas situações para as
quais é obrigatório o uso de EPI:

a) Onde houver fumos metálicos;


b) Na presença de névoas e vapores tóxicos ou irritantes;
c) No manuseio de cáusticos, corrosivos, ácidos, materiais inflamáveis;
d) Onde houver calor excessivo;
e) Onde houver risco de choques elétricos;
f) Onde houver perigo de impacto de partículas ou estilhaços que voam;
g) Perigo de queda de objetos sobre os pés;
h) Onde houver trabalho em altura;
i) Onde houver perigo de queimaduras;
j) Onde houver ruído excessivo, etc.

Em geral, há resistência por parte do trabalhador em usar EPIs. Esta resistência


pode ser superada, se, por ocasião da compra e distribuição do equipamento, forem levadas
em conta as seguintes condições:

a) O EPI deve ser indicado ao risco existente em determinada atividade;


b) Deve ter o seu tamanho comodamente adequado a quem vai usá-lo;
c) Os trabalhadores devem ser treinados no uso e conservação dos equipamentos.

5.8.2 Qualidade do EPI

No que tange à qualidade, os EPIs devem:

a) oferecer proteção efetiva contra os riscos para os quais foram fabricados;


b) sua eficiência deve ser realizada por órgãos credenciados pela Secretaria de
Segurança e Saúde no Trabalho (SSST);
ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
66

c) duráveis, levando-se em conta a agressividade das condições em que serão


empregados.

5.8.3 Considerações ao Uso do EPI

O uso dos equipamentos de proteção individual deve levar em consideração:

a) o aspecto técnico: deve-se determinar a necessidade do uso do EPI e selecionar o


tipo adequado a cada situação;
b) o aspecto educacional: deve-se preparar e ministrar instruções para que EPIs
sejam usados corretamente; e,
c) o aspecto psicológico: consiste em preparar as pessoas para que os Ipês sejam
aceitos espontaneamente e não como imposição.

5.8.4 Critérios para Indicação de EPIs

Os critérios para a indicação de EPIs devem levar em consideração:

a) a identificação do risco: constatar a existência ou não de elementos da operação,


de produtos, das condições do ambiente, etc., que sejam, ou que possam vir a
ser, agressivos ao trabalhador;
b) a avaliação do risco constatado: determinar a intensidade ou extensão do risco,
com que frequência ele se expõe ao risco e quando estão sujeitos aos mesmos
perigos; e,
c) a indicação do EPI apropriado: escolher entre vários, o EPI mais adequado para
solucionar o problema.

5.8.5 Tipos de EPIs

Dentre os tipos de EPI encontram-se o de proteção ao crânio e rosto; óculos de


segurança; protetor auricular; proteção respiratória; proteção para membros superiores;
proteção ao tronco; proteção para membros inferiores; e proteção contra queda com
diferença de nível. Cada um destes tipos de equipamentos será descrito a seguir.

Nesse aspecto, é muito importante que tanto as empresas como os profissionais de


segurança obedeçam ao disposto no anexo I da NR 6 (LISTA DE EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL), que dispõe sobre os tipos de equipamentos de proteção individual
existentes e a proteção específica que cada um se destina.

Podemos dividir os EPIs da seguinte forma:

a) Proteção para cabeça;


b) Proteção para olhos e face;
c) Proteção auditiva;
d) Proteção respiratória;
e) Proteção do tronco;
f) Proteção dos membros superiores;
MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
67

g) Proteção dos membros inferiores;


h) Proteção do corpo inteiro;
i) Proteção contra quedas com diferença de nível.

5.8.5.1 Proteção para a cabeça

Os EPIs mais adequados para a proteção da cabeça são:

a) capacete para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio;


b) capacete para proteção contra choques elétricos;
c) capacete para proteção do crânio e face contra agentes térmicos.

 Capuz ou balaclava:

a) capuz para proteção do crânio e pescoço contra riscos de origem térmica;


b) capuz para proteção do crânio, face e pescoço contra agentes químicos (Alterada
pela Portaria MTE n.º 505, de 16 de abril de 2015);
c) capuz para proteção do crânio e pescoço contra agentes abrasivos e escoriantes;
d) capuz para proteção da cabeça e pescoço contra umidade proveniente de
operações com uso de água (Inserida pela Portaria MTE n.º 505, de 16 de abril de
2015).

Os capacetes estão divididos em três classes, conforme o tipo de risco a que o


trabalhador está exposto: agentes meteorológicos – trabalho a céu aberto; impacto
proveniente de queda ou projeção de objetos; e queimaduras ou choque elétrico. Os tipos
de capacetes de segurança mais utilizados para a proteção do trabalhador são:

a) classe A: capacete para uso geral, exceto em trabalhos com energia elétrica;
b) classe B: capacete para uso geral, inclusive para trabalhos com energia elétrica;
c) classe C: capacete para bombeiros.

Observação: os trabalhadores com cabelos compridos que trabalham próximo a


pontos rotativos de máquinas devem usar, também, redes de prender cabelo ou touca.

Os capacetes de segurança têm como principais características:

a) construção sólida - casco em plástico rígido, resinas prensadas com tecido, fibra
de vidro reforçada com poliéster e ligas de alumínio;
b) alta resistência ao impacto e penetração;
c) propriedades dielétricas - para a classe B - nas condições de ensaios de rigidez
dielétrica não devem apresentar descarga elétrica na tensão de 20.000 volts
durante 3 minutos, não devendo a corrente de fuga neste intervalo de tempo
exceder a 9 mA;
d) outras - peso máximo - classe A = 425 gramas e classe B = 439 gramas.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
68

5.8.5.2 Proteção para olhos e face

Os óculos de segurança são considerados equipamentos de proteção individual de


grande importância nas atividades laborais, pois evitam acidentes de trabalho envolvendo
operações de riscos que possam afetar o globo ocular do trabalhador: impactos de
estilhaços e cavacos de operações de rebarbarão e usinagem; poeiras provenientes de
operações industriais ou impelidas pelo vento; borrifos de líquido e de metal em fusão; e,
brilho excessivo e irradiações ultravioletas e infravermelhas. São inúmeros os tipos de
acidentes de trabalho pelo não uso adequado de óculos de proteção. Os tipos mais comuns
de óculos de segurança são descritos a seguir:

a) óculos de segurança contra partículas - para trabalhos que possam causar


ferimentos nos olhos, provenientes do impacto de partículas. Suas principais
características são:
i) lentes - cristal ótico, sem distorções, riscos, com grau correto, e temperadas para
resistir a impactos;
ii) armação - composta de: aros, hastes, plaquetas, proteção lateral, dobradiças.

b) óculos de segurança contra gases/vapores e respingos - para trabalhos que


possam causar irritações nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de
líquido agressivos e metais em fusão. Suas principais características são:
i) lentes - mesma do tipo anterior;
ii) armação - para líquidos agressivos - borracha de boa qualidade, resistente e flexível a
ponto de permitir perfeito ajuste aos mais diferentes tipos de rosto;- devem possuir
dispositivo para ventilação – aplicação: trabalhos em laboratório, galvanoplastia,
operações com ácidos e demais líquido agressivos - para metais em fusão - mesmas
características para os líquido

c) óculos de segurança contra poeiras - trabalhos que possam causar irritação nos
olhos provenientes de poeiras. Suas características são as mesmas que o tipo
anterior;
d) óculos de segurança contra radiações perigosas - trabalhos que possam causar
irritação nos olhos e outras lesões devido às ações de radiação: óculos para
radiações perigosas. Suas principais características são:
i) lentes internas - com tonalidade que funcione como filtro de luz;
ii) lentes externas - vidro ou resina incolor para proteger a lente filtrante.

e) máscara para soldador - para uso nas operações de solda: máscara para
soldador;
f) protetores faciais e para os olhos - para proteção de partículas, respingos
químicos, contra impacto e calor radiante: proteção facial.

5.8.5.3 Protetor auditivo

O protetor auricular é um equipamento de proteção individual e deve ser usado


quando da orientação de um profissional da área de segurança do trabalho, baseado no
Laudo Ambiental e no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Porém, antes do uso o
médico do trabalho deverá fazer os exames clínicos necessários para indicar o tamanho do
MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
69

protetor. Os protetores auriculares podem ser:

a) protetores circum-auriculares - são os protetores do tipo fone ou concha –


protetor do tipo concha;
b) protetores de inserção - são os protetores do tipo pelo ou tampão – protetor do
tipo pelo.

5.8.5.4 Proteção respiratória

A proteção respiratória está classificada basicamente em dois tipos: a) proteção


dependente e b) proteção independente. As proteções dependentes são utilizadas de
acordo com as condições do ambiente onde o trabalhador vai executar suas tarefas e as
independentes não importam as condições em que os equipamentos serão utilizados, pois
as condições ambientais não vão interferir no seu funcionamento.

Os equipamentos de proteção dependentes são sempre os equipamentos filtrantes,


não importando como são constituídos, pois apenas eliminam do ar que se respira os
contaminantes ali presentes. Podem-se classificar os equipamentos de proteção dependente
como:

a) filtros para retenção mecânica de aerodispersóides: classe P1 – são utilizados


contra aerodispersóides gerados mecanicamente com partículas sólidas ou
líquidas geradas de soluções ou suspensões aquosas. São indicados para
proteção de poeiras vegetais, como algodão, babaçu de cana, madeira, celulose
e carvão vegetal, grãos e sementes, poeiras minerais (sílica, cimento, carvão
mineral, negro de fumo, bauxita, coque, fibra de vidro, ferro, alumínio entre
outros metais; névoas aquosas de inorgânicos, névoas de ácido sulfúrico e soda
cáustica). São utilizados para os seguintes tipos de proteção:
i) respiradores contra poeiras;
ii) máscara respiratória para trabalhos de limpeza por abrasão;
iii) respiradores e máscaras de filtro químico;
iv) aparelhos respiratórios de isolamento - locais onde o teor de oxigênio seja inferior a
18% em volume.

b) aparelhos purificadores - purificam o ar ambiente antes de este ser respirado;


c) aparelhos de isolamento - fornecem ao indivíduo uma atmosfera respirável,
conseguida independentemente do trabalho.

Na Figura 3 a seguir, observam-se os EPIs referentes à proteção da cabeça, visual e


facial, auditiva e respiratória.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
70

Figura 3- EPIs utilizados para a proteção da cabeca, proteção visual e facial, auditiva e respiratória

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

5.8.5.5 Proteção para o tronco

O trabalhador pode estar exposto aos riscos de acidente de trabalho em quaisquer


partes do seu corpo, advindos de, por exemplo: projeção de partículas; calor radiante,
chamas; respingos de ácidos, abrasão; substâncias que penetram na pele; umidade
excessiva; temperaturas extremas; radiações perigosas; riscos noturnos; trabalhos de pátio e
campo. Nestes casos, os equipamentos de proteção podem ser:

a) aventais;
MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
71

b) jaquetas;
c) macacões;
d) roupas especiais para calor;
e) roupas acolchoadas;
f) blusões com camadas de material fluorescente;
g) capas;
h) conjuntos aluminizados.

5.8.5.6 Proteção para membros superiores

Nos membros superiores as lesões podem ser causadas por: materiais ou objetos
escorchantes, abrasivos, cortantes, etc.; produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos,
etc.; materiais e objetos aquecidos; equipamentos energizados; radiações perigosas, etc. Os
tipos de proteção mais comuns neste são:

a) luvas;
b) protetores da palma da mão;
c) protetores de punho;
d) mangas e mangotes;
e) pomadas protetoras.

5.8.5.7 Proteção para membros inferiores

No que diz respeito aos membros inferiores, o trabalhador pode estar exposto ao
risco de acidentes por: superfícies cortantes e abrasivas; substâncias químicas; frio ou calor
excessivo; perigos elétricos; impacto de objetos pesados; umidade. Como equipamentos de
proteção nestes casos, encontram-se:

a) calçados com biqueira de aço;


b) calçados com palmilha de aço;
c) calçados com solado antiderrapante;
d) calçado isolante;
e) botas de borracha;
f) perneiras.

5.8.5.8 Proteção contra queda com diferença de nível

Há ainda equipamentos que previnem quedas, como o cinturão de paraquedista,


um equipamentos para proteção contra queda com diferença de nível, de alturas superiores
a 2 metros de altura. O cinturão do tipo paraquedista deve ser conjugado com outros
equipamentos de segurança como o talabarte simples, talabarte Y, talabarte ajustável, trava
quedas para cordas, trava quedas para cabo de aço, devendo ser utilizado em todas as
atividades em altura.

Na Figura 4, observam-se os equipamentos relativos à proteção do tronco,


membros superiores, inferiores e proteção com diferença de nível.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
72

Figura 4- EPIs para proteção de tronco, membros superiores, inferiores e protecao com diferença de
nível

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

5.9 Sistemas de Proteção Coletiva (EPC)

Nenhuma proteção será eficiente se não forem adotadas medidas de ordem geral.
Os ambientes de trabalho, quer sejam fechados, como salas, salões, galpões, galerias, quer
sejam abertos, como pátios, campos, ruas, estradas, deveriam sempre possuir um mínimo
satisfatório de segurança por intermédio de recursos convencionais que abrangessem desde
simples dispositivos de proteção até os mais complexos meios de segurança. Do ponto de
vista dos aspectos legais, deve-se atentar para o descrito no capítulo V (Segurança e Higiene
MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
73

do Trabalho), seções X e XI.

Equipamentos de Proteção Coletiva (MPCs ou EPCs) são todos os dispositivos


instalados ou decisões gerenciais tomadas com o objetivo de proteger a integridade física e
a saúde dos trabalhadores, mediante eliminação, isolamento ou diminuição dos efeitos de
um agente de risco agressivo, permitindo como máxima exposição os níveis legalmente
aceitos.

As medidas ou equipamentos de proteção coletiva devem ser sempre prioritários


em relação à adoção de equipamentos de proteção individual e devem possuir caráter
técnico, administrativo e/ou educacional.

Ao contrário dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que visam proteger a


integridade física do trabalhador que os utiliza, as Medidas ou Equipamentos de Proteção
Coletiva têm por objetivo proteger a coletividade dos trabalhadores, visitantes, da
comunidade e do meio ambiente, quando aplicável. Geralmente os EPCs atuam de duas
maneiras básicas:

a) Na fonte: agindo diretamente sobre a origem do problema. Por exemplo, a


substituição de peças de um equipamento ruidoso, para torná-lo mais silencioso;
e,
b) Na trajetória: impedindo que o agente atinja os trabalhadores. Por exemplo, a
utilização de cabines acústicas em ambientes ruidosos.

São exemplos de EPCs ou MPCs:

a) Adequação das instalações para a atividade (MEDIDA DE PROTEÇÃO);


b) Distribuição física dos equipamentos (MEDIDA DE PROTEÇÃO);
c) Linha de vida (EPC);
d) Iluminação eficiente (MEDIDA DE PROTEÇÃO);
e) Sinalização de segurança (EPC);
f) Proteção contra incêndio (EPC);
g) Manutenção, limpeza e conservação do ambiente e dos equipamentos (MEDIDA
DE PROTEÇÃO);
h) Treinamento de segurança (MEDIDA DE PROTEÇÃO);
i) Programas de prevenção (MEDIDA DE PROTEÇÃO);
j) Corrimões: que são fabricados com materiais rígidos e resistentes e têm uma
altura mínima de 90 cm (EPC);
k) Protetores: são os componentes de uma máquina que são utilizados como uma
barreira material para garantir a proteção. Por exemplo, tampas, coberturas,
painéis, muros, carcaças e barreiras (EPC).

É importante salientar que, diferentemente dos equipamentos de proteção


coletiva, que estão fisicamente nos locais de trabalho, as medidas de proteção coletiva (ou
medidas administrativas) são ações realizadas nos locais de trabalho, cujo objetivo é o de
instruir e capacitar os trabalhadores quanto aos riscos existentes nos locais de trabalho.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
74

Apresentam-se a seguir exemplos de equipamentos de proteção coletiva e algumas


medidas de proteção utilizadas na prevenção dos riscos profissionais.

 Distâncias de segurança:

Uma das situações que mais causam acidentes entre os trabalhadores diz respeito à
proximidade a partes móveis de máquinas e equipamentos, que podem causar uma série de
acidentes graves ou fatais, que incluem esmagamento, perfuração e amputação de
membros.

Neste sentido, como forma de prevenção, são recomendadas as chamadas


distâncias de segurança, que impedem que o trabalhador se aproxime das partes móveis das
máquinas, o que pode ser feito com barreiras físicas (grades e telas), mediante sistemas
ativos como cortinas laser de segurança, que interrompem o funcionamento da máquina
quando a distância de segurança é ultrapassada, evitando acidentes, ou por meio dos
chamados acionamentos bimanuais, que exigem que o funcionário utilize as duas mãos para
acionar a máquina ou equipamento.

Para maiores esclarecimentos, é importante consultar a NR 12 (SEGURANÇA NO


TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS) e todas as recomendações de segurança
exigidas pelo Ministério do Trabalho no que tange ao trabalho com máquinas e
equipamentos. As Figuras 5 a 7 ilustram os tipos de EPC/MPC.

Figura 5- Barreiras físicas

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

Figura 6- Cortina laser

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
75

Figura 7- Comando bimanual

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

 Sinalização de segurança:

Um dos principais equipamentos de proteção coletiva de um ambiente de trabalho,


e que tem o objetivo de garantir e preservar a segurança de todos os colaboradores e
pessoas que se encontram no ambiente de trabalho é a sinalização de segurança. É um dos
itens mais importantes no que se refere à segurança do trabalho, servindo para alertar e
orientar os profissionais a respeito dos riscos existentes no local, oferecendo orientações às
pessoas que o frequentam.

O uso dos sinais de segurança é garantido pela Norma Regulamentadora 26 (NR 26),
orientando sobre as cores para sinalização de segurança, a obrigatoriedade de informar os
riscos existentes nos locais de trabalho, além de alertar para a necessidade de prevenir
acidentes que podem colocar em risco a integridade física dos trabalhadores.

Podemos dividir, basicamente, a sinalização de segurança em sinalização de aviso


ou perigo, sinalização de emergência e sinalização de obrigatoriedade. Além dessas,
podemos destacar os pictogramas, que nada mais é do que a representação de objetos e
conceitos, traduzidos em uma forma gráfica, extremamente simplificada, mas sem perder o
significado essencial daquilo que representa.

As sinalizações de segurança deverão ser adotadas obrigatoriamente, e sob a


supervisão de um profissional capacitado, em todos os ambientes de trabalho, indicando e
orientando sobre os riscos ali existentes, sejam eles ambientais (Físicos, Químicos e
Biológicos), de perigo, de orientação ou de obrigatoriedade.

Outra questão que a sinalização de segurança aborda diz respeito ao emprego das
cores, como está disposto na NR 26, conforme diz o seu item 26.1.

[26.1] Cor na segurança do trabalho


26.1.1 Devem ser adotadas cores para segurança em estabelecimentos ou
locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes.
26.1.2 As cores utilizadas nos locais de trabalho para identificar os
equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar tubulações
empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos,
devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
76

26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de


prevenção de acidentes.
26.1.4 O uso de cores deve ser o mais reduzido possível, a fim de não
ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador.

As Figuras 8 a 11 a seguir dão exemplos de sinalizações de segurança.

Figura 8- Sinalização de aviso ou perigo

Fonte: Disponível em https://www.epi-tuiuti.com.br/blog/seguranca-do-trabalho/conhecendo-os-


principais-tipos-de-sinalizacao-de-seguranca-e-suas-funcoes/ Acessado em 25/10/2019

Figura 9- Sinalização de emergência

Fonte: Disponível em https://www.epi-tuiuti.com.br/blog/seguranca-do-trabalho/conhecendo-os-


principais-tipos-de-sinalizacao-de-seguranca-e-suas-funcoes/ Acessado em 25/10/2019

Figura 10- Sinalização de obrigatoriedade

Fonte: Disponível em https://www.epi-tuiuti.com.br/blog/seguranca-do-trabalho/conhecendo-os-


principais-tipos-de-sinalizacao-de-seguranca-e-suas-funcoes/ Acessado em 25/10/2019

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77

Figura 11- Pictogramas

Fonte: Disponível em http://www2.iq.usp.br/iqrecicla/pdv_0705.htm Acessado em 25/10/2019

5.10 Higiene e Segurança do Trabalho

A Higiene do Trabalho é uma das ciências que atuam no campo da Saúde


Ocupacional, aplicando os princípios e recursos da Engenharia e da Medicina, no controle e
prevenção das doenças ocupacionais. Estas, chamadas também de doenças do trabalho ou
moléculas profissionais, são estados patológicos característicos, diretamente atribuíveis às
condições ambientais ou de execução de determinadas atividades remuneradas.

Classicamente, a Higiene do Trabalho costuma ser definida como sendo a ciência e a


arte dedicadas à antecipação, reconhecimento, avaliação, e controle de fatores e riscos
ambientais originados nos postos de trabalho e que podem causar enfermidade, prejuízos
para a saúde ou bem-estar dos trabalhadores, também tendo em vista o possível impacto
nas comunidades vizinhas e no meio ambiente em geral.

A Higiene do Trabalho é encarada por muitos como a área onde se unem e


completam mutuamente a Medicina do Trabalho e a Segurança do Trabalho, que passam a
atuar com um único objetivo comum: prevenir os danos à saúde do trabalhador,
decorrentes das condições do trabalho.

É importante destacar que a identificação dos riscos ambientais, sua análise e a


determinação das medidas de controle são de responsabilidade dos profissionais de
segurança do trabalho, especialmente os técnicos de segurança e engenheiros de segurança
do trabalho. No que se refere à Higiene do Trabalho, em um sentido amplo, deverá o
profissional de segurança, estar apto a:

a) Reconhecer os riscos profissionais capazes de ocasionar alterações na saúde do


trabalhador, ou afetar o seu conforto e eficiência;
b) Avaliar a magnitude desses riscos, por meio da experiência e treinamento, e com
o auxilio de técnicas de avaliação quantitativa;
c) Prescrever medidas para eliminá-los ou reduzi-los a níveis aceitáveis.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
78

A Higiene do Trabalho se relaciona direta ou indiretamente com diversos ramos


Profissionais, tais como:

a) Direito – a Higiene do Trabalho fornece subsídios técnicos para solução de


conflitos trabalhistas envolvendo insalubridade. No campo do direito
previdenciário e civil, os dados de avaliação de exposição a riscos ambientais
auxiliam na concessão de aposentadoria especial e indenização por incapacidade
e/ou doenças do trabalho;
b) Engenharia – a Engenharia está presente em todas as etapas de um programa de
higiene do trabalho. Desse modo, esta ciência é essencial no reconhecimento,
avaliação e controle dos riscos ambientais;
c) Ergonomia – a Higiene do Trabalho não visa apenas à detecção de atividades
e/ou operações insalubres, mas também a melhoria do conforto e qualidade de
vida do trabalhador no seu ambiente de trabalho;
d) Saneamento e Meio Ambiente – a importância da higiene do trabalho, ou seja,
da avaliação e controle de riscos ocupacionais ultrapassa os limites do ambiente
de trabalho; não só este é parte do meio ambiente em geral mas, por meio da
prevenção adequada dos riscos ocupacionais, o impacto negativo da
industrialização no meio ambiente pode ser apreciavelmente reduzido;
e) Psicologia e Sociologia – a psicologia e sociologia tratam de harmonizar as
relações entre o processo produtivo, o ambiente de trabalho e o homem. A
higiene do trabalho, a partir de suas etapas, fornece dados essenciais para
melhor interpretação do universo do trabalho;
f) Medicina do Trabalho – o controle biológico, por meio de exames médicos, é um
dos parâmetros utilizados para verificar a eficiência e subsidiar um programa de
controle de riscos ambientais;
g) Toxicologia – a toxicologia fornece dados técnicos sobre os contaminantes
ambientais, facilitando o reconhecimento dos riscos ambientais nos locais de
trabalho. Pode-se, então, afirmar que a toxicologia, na maioria das vezes,
antecede as etapas clássicas de um programa de higiene do trabalho;
h) Segurança do Trabalho – a higiene do trabalho, mediante análise dos agentes
agressivos nos postos de trabalho, muitas vezes previne também riscos
operacionais capazes de gerar acidente do trabalho.

Assim, a higiene do trabalho, por se tratar de uma ciência que tem como objetivo
principal a relação entre o homem e o meio ambiente de trabalho, necessita para o bom
desenvolvimento e prática de ações multidisciplinares de educação dos trabalhadores, no
sentido de prevenir riscos ambientais, obtendo-se melhor organização do trabalho.

5.10.1 Riscos Ocupacionais e Ambientais

O ideal seria a ausência dos riscos no ambiente de trabalho, porém, com o advento
da tecnologia, novas substâncias e materiais são constantemente criados, sendo necessárias
máquinas mais potentes e processos produtivos cada vez mais complexos. O termo “Risco
Ocupacional” possui várias formas de classificação e interpretação no campo da segurança
do trabalho. O que se pode concluir de imediato é que os riscos ocupacionais podem

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
79

provocar efeitos adversos à saúde e à integridade física do trabalhador.

Os Riscos Ocupacionais apresentam-se da seguinte forma:

a) riscos operacionais ou mecânicos - são as condições adversas no ambiente de


trabalho, apresentadas por aspectos administrativos ou operacionais, que
aumentam a probabilidade de ocorrer um acidente. Estes riscos se originam das
atividades mecânicas, que envolvem máquinas e equipamentos, responsáveis
pelo surgimento das lesões nos trabalhadores quando da ocorrência dos
acidentes do trabalho. Como exemplo, citam-se: máquinas e equipamentos sem
proteção, ferramentas defeituosas, ferramentas inadequadas ou ainda a
ausência de procedimento de permissão para trabalho perigoso ou treinamento;
b) riscos comportamentais - envolvem os aspectos individuais do trabalhador,
motivados por um despreparo técnico, desequilíbrio psíquico ou de saúde. Estes
aspectos são fatores limitantes para o trabalhador no exercício de uma tarefa,
independente da qualidade e da frequência do treinamento.
c) riscos ambientais - estão definidos pela Norma Regulamentadora NR-9 –
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e NR-15 – Atividades e
Operações Insalubres, como sendo os agentes potenciadores de atividades e
operações insalubres, tais como: agentes físicos, agentes químicos e agentes
biológicos;
d) riscos ergonômicos - estão definidos pela Norma Regulamentadora NR -17 –
Ergonomia, como agentes decorrentes das condições de trabalho, envolvendo
fatores biomecânicos (postura, esforço e movimento), exigências psicofísicas do
trabalho (esforço visual, atenção e raciocínio), deficiência do processo (ritmo de
produção, trabalho monótono e repetitivo, trabalho noturno ou em turno) ou,
até mesmo, condições ambientais como ventilação, iluminação e ruído, que
podem acarretar grande desconforto ou estresse ocupacional.

Por definição dos radicais, tem-se Ergon, que significa trabalho e Nomos que
significa leis. A palavra origina-se do latim e significa leis que regem o trabalho. Entende-se,
então, por Ergonomia o conjunto de parâmetros que devam ser estudados e implantados de
forma a permitir a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.

Destaca-se que os Riscos Ergonômicos não estão abordados pela Norma


Regulamentadora NR-9 como Riscos Ambientais e não são utilizados na sua elaboração.
Entretanto, tais Riscos fazem parte para a elaboração do Mapa de Riscos de acordo com a
Norma Regulamentadora NR-5.

Riscos Ambientais são os agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos


ambientes de trabalho, capazes de produzir danos à saúde, quando superados os
respectivos limites de tolerância. Estes limites são fixados em razão da natureza,
concentração ou intensidade do agente e tempo de exposição.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
80

Os riscos ambientais são decorrentes das condições precárias, inerentes ao


ambiente ou ao próprio processo operacional das diversas atividades profissionais. São,
portanto, as condições inseguras do trabalho, capazes de afetar a saúde, a segurança e o
bem-estar do trabalhador.

As condições inseguras relativas ao processo operacional, como por exemplo,


máquinas desprotegidas, pisos escorregadios, empilhamentos precários, etc., são chamados
de riscos de operação. As condições inseguras relativas ao ambiente de trabalho, como por
exemplo, a presença de gases e vapores tóxicos, o ruído e o calor intensos, etc., são
chamados de riscos do ambiente. Os riscos profissionais dividem-se em dois grupos, os riscos
de operação e de riscos de ambiente.

Tradicionalmente, dedica-se a Segurança do Trabalho a prevenção e controle dos


riscos de operação e a Higiene do Trabalho aos riscos de ambiente. Como ilustras o Quadro
4, os riscos ambientais se classificam em:

a) agentes físicos: são as diversas formas de energia a que possam estar expostos
os trabalhadores, tais como ruído, vibração, pressões anormais, temperaturas
extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, bem como o infrassom e o
ultrassom;
b) agentes químicos: são as substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo por meio da
pele ou por ingestão;
c) agentes biológicos: são as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,
vírus, entre outros.

Quadro 4- Classificação dos riscos ambientais


Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos
Calor Poeiras Vírus
Frio Gases Bactérias
Umidade Névoas Protozoários
Radiação ionizante Neblinas Fungos
Radiação não ionizante Vapores Parasitas
Pressões anormais Substâncias químicas em geral Bacilos
Vibração * *
Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

5.10.2 Acidentes do Trabalho

A Constituição Federal de 1988 fortaleceu a questão da responsabilidade civil do


empregador e a garantia ao seguro do trabalho para os trabalhadores urbanos e rurais. O
acidente de trabalho pode acarretar varias consequências jurídicas ao empregador,
resultando, inclusive, na indenização ou, até mesmo, numa ação criminal.

O acidente de trabalho encontra-se definido em vários documentos legais. O Art. 19

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
81

da Lei 6.367/76, vide decreto nº 3.048, de 1999, regulamentado pelo Decreto 79.037/76, e
apresentado como segue.

Art. 19. Os litígios relativos a acidentes do trabalho serão apreciados:

I - na esfera administrativa, pelos órgãos da previdência social, segundo as regras e


prazos aplicáveis às demais prestações previdenciárias, mas com prioridade absoluta para
conclusão;

II - na via judicial, pela justiça comum dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, segundo o procedimento sumaríssimo.

Para caracterizar o acidente de trabalho, é importante considerar os seguintes


aspectos:

a) o evento causador do acidente;


b) a existência do dano pessoal;
c) estabelecer o nexo causal entre o dano e o evento.

Do ponto de vista prevencionista, entretanto, o acidente do trabalho pode ser


definido como uma ocorrência inesperada, que interrompe ou interfere no processo normal
de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores, e/ou
danos materiais. Portanto, mesmo ocorrências que resultem unicamente em perda de
tempo, devem ser encaradas como acidentes do trabalho.

Sob qualquer ponto de vista, contudo, acidentes do trabalho são ocorrências


altamente indesejáveis, que devem ser evitadas e controladas por meio das varias técnicas
prevencionistas. É importante observar que:

 “A doença ocupacional é considerada legalmente como um acidente de trabalho,


muito embora seus efeitos possam se manifestar após anos de exposição”;
 “Os efeitos nocivos causados pelo calor (sobrecarga térmica), embora menos
divulgados, são tão nocivos quanto aqueles causados pelo ruído, merecendo um
estudo diferenciado e não menos importante”;
 “A perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional é um exemplo de doença
ocupacional que traz grande prejuízo social e econômico para o Estado”;
 “Os procedimentos administrativos para registrar a doença ocupacional como, por
exemplo, a emissão da CAT (Comunicação do Acidente de Trabalho), devem ser os
mesmos utilizados para outros tipos de acidentes de trabalho”.

5.10.3 Causas do Acidente

Tecnicamente existem duas causas de acidentes: atos inseguros e condições


inseguras. De acordo com a Norma Brasileira NB-18 da ABNT existem vários aspectos que
decorrem dessas causas. Deve-se entender, no entanto, que o acidente sempre ocorre como
resultado da soma de atos e condições inseguras que são oriundos de aspectos psicossociais

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
82

denominados Fatores Pessoais de Insegurança.

Esse é um dos motivos que determina, hoje em dia, durante uma investigação e
análise de acidentes, que os profissionais envolvidos, não utilizem os termos Atos Inseguros
ou Condições Inseguras. Na busca das causas dos acidentes recomenda-se descrever o risco
sem que haja necessidade de classificá-lo como Ato ou Condição.

 Ato inseguro:

O ato inseguro é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes que,


conforme o local, possui definições diferentes, porém com o mesmo significado. Entende-se
como ato inseguro como sendo as causas de acidentes do trabalho que residem
exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução de tarefas de
uma forma contrária às normas de segurança. Exemplos bastante comuns de atos inseguros,
frequentemente observados na indústria são: utilizar de maneira incorreta ou imprópria
ferramentas manuais; não obedecer a sinais ou instruções de segurança entre outros.

 Condição insegura:

A condição insegura tem como definição as circunstâncias externas da quais


dependem as pessoas para realizar seu trabalho, que sejam incompatíveis ou contrárias com
as normas de segurança e prevenção de acidentes.

Como essas condições estão nos locais de trabalho, pode-se deduzir que foram
instaladas por decisão e/ou mau comportamento de pessoas que permitiram o
desenvolvimento de situações de risco àqueles que lá executam suas atividades. Portanto,
pode-se dizer que as condições inseguras são, via de regra, geradas por problemas
comportamentais do homem, independente do seu nível hierárquico dentro da empresa.

 Fator pessoal de insegurança:

O fator pessoal de insegurança é o nome dado às falhas humanas decorrentes, na


maior parte das vezes, de problemas de ordem psicológica (depressão, tensão, excitação,
neuroses, etc.), social (problemas de relacionamentos, preocupações com necessidades
sociais, educação, dependências químicas, etc.), congênitos ou de formação cultural que
alteram o comportamento do trabalhador permitindo que cometa atos inseguros. Como
exemplo, o indivíduo que é distraído terá atitudes, predominantemente, desatentas. A falta
de atenção é um ato inseguro.

5.10.4 Consequências do Acidente

Evidentemente, a extensão e gravidade das lesões que sofrem os trabalhadores irão


depender da natureza do acidente. Basicamente, entretanto, é possível dividi-las em duas
categorias: a) lesões imediatas e b) lesões mediatas, descritas a seguir.

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
83

 Lesões imediatas:

São aquelas em que os traumas físicos ou estados patológicos se observam


imediatamente, ou no espaço de algumas horas, após a ocorrência do acidente. É o caso, por
exemplo, das lesões traumáticas como, cortes, fraturas e escoriações; das queimaduras e
choques elétricos e também das intoxicações agudas com substâncias nocivas.

Convém observar que as intoxicações agudas com substâncias tóxicas no trabalho


podem levar rapidamente a estados patológicos que também devem ser considerados
doenças profissionais. Em tais casos as doenças do trabalho passam a constituir lesões
imediatas.

 Lesões mediatas (lesões tardias):

São aquelas em que os estados patológicos demoram meses, às vezes anos, para se
manifestarem. É o caso das intoxicações crônicas e da maioria das doenças profissionais que
decorrem de exposições constantes e prolongadas e agentes ambientais agressivos.
Exemplos bastante conhecidos são: a silicose, que resulta da exposição à poeira de sílica livre
e cristalina, o benzolismo, que resulta da exposição a vapores de benzeno, entre outros.

5.11 Avaliações Ambientais

As avaliações ambientais levam em conta os aspectos técnicos e legais da


insalubridade. O trabalho insalubre é aquele que pode causar efeitos adversos à saúde
devido à exposição habitual e permanente aos agentes de risco considerados insalubres pela
legislação. A Constituição garante tanto ao trabalhador urbano, como ao rural, condições
mínimas de segurança que possam assegurar sua integridade física e mental. O exercício do
trabalho insalubre penaliza o empregador a pagar o adicional de insalubridade. O
pagamento do adicional não exime o empregador de suas responsabilidades na adoção das
medidas preventivas, nem tão pouco o livra de ações cíveis e criminais.

A proteção contra os riscos do trabalho constitui um aspecto importante


apresentado no Capítulo V da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. O texto legal, além
de determinar a eliminação ou redução do risco, prevê pausas e até mesmo a redução da
jornada de trabalho ou do tempo de exposição a alguns riscos ambientais. O Art. 189 da CLT
apresentado com a redação dada pela Lei 6.514/77 define o princípio da atividade insalubre
como:

 Art. 189 - serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos a sua saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
 O Art. 190 - determina que o Ministério do Trabalho é o responsável pela
elaboração dos critérios que possibilitem a caracterização da insalubridade, em
particular os limites de tolerância (LT).

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
84

A caracterização das atividades e operações insalubres tem sua regulamentação


definida pela Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho em sua Norma Regulamentadora
NR-15. A palavra insalubre, de origem latina, significa doentio ou tudo que pode gerar
doença. Os agentes nocivos à saúde são definidos pela NR-9 – PPRA, que considera riscos
ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho
que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são
capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

Embora a legislação defina insalubridade em função dos limites de tolerância


fixados em razão da natureza, da intensidade e do tempo de exposição, a NR-15, estabelece
os critérios quantitativo e qualitativo para caracterizar as condições de insalubridade nos
ambientes de trabalho, tais como:

a) critério quantitativo – é aquele em que a intensidade (concentração) do agente


nocivo é superior aos limites de tolerância;
b) critério qualitativo – é aquele em que o agente nocivo não tem limite de
tolerância estabelecido e a insalubridade é caracterizada pela constatação de sua
presença por meio de laudo de inspeção técnica do local de trabalho.

Observação: a NR-15 define o Limite de Tolerância (LT) “a concentração ou


intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao
agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral”.

5.12 Exercícios Propostos

1 – Fazer uma redação com um mínimo de 30 (trinta) linhas sobre a História da Higiene,
Segurança e Medicina do Trabalho.

2 – Como identificar a participação do governo na prevenção dos acidentes?

3 – Analisar os acidentes de trabalho sob os aspectos técnico e legal.

4 – Fazer uma classificação dos acidentes do trabalho.

5 – Quais as consequências dos acidentes do trabalho?

6 – Quais são as causas dos acidentes do trabalho?

7 – Quais são os custos dos acidentes do trabalho para todos os segmentos da sociedade?

8 – Quais são as plenas condições ambientais de trabalho?

9 – Quais são os órgãos de segurança e medicina do trabalho nas empresas?

10 – Citar os principais Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
85

11 – Citar os principais Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).

12 – O que são atividades e operações insalubres?

13 – Qual a diferença entre insalubridade e periculosidade?

14 – Como deve se portar o trabalhador dentro da empresa com relação à questão de


prevenção de acidentes?

15 – Pesquisar e descrever o que significa “Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho”.

5.13 Prevenção de Combate a Incêndio e Primeiros Socorros

O fogo é conhecido desde a pré-história e desde então tem trazido inúmeros


benefícios ao homem, nos aquecendo e servindo para o preparo dos alimentos. Mas,
quando este foge ao controle do homem, recebe o nome de Incêndio, e causa inúmeros
danos para as pessoas, exigindo pessoas preparadas e material especializado para extingui-
lo.

O fogo é um processo químico de transformação, também chamado combustão,


dos materiais combustíveis e inflamáveis, que, se forem sólidos ou líquidos, serão
primeiramente transformados em gases, para se combinarem com o comburente
(geralmente o oxigênio), e, ativados por uma fonte de calor, iniciarem a transformação
química, gerando mais calor e desenvolvendo uma reação em cadeia. O produto dessa
transformação, além do calor, é a luz. Nessa definição, diz-se que os gases provenientes da
combustão combinam-se com um comburente, geralmente o oxigênio, porque existem
combustíveis que queimam sem a presença dele, como o antimônio em atmosfera de cloro.

O triângulo do fogo, ilustrado pela Figura 12 a seguir, corresponde à tríade: calor,


comburente e combustível.

Figura 12- Triângulo do fogo

Fonte: Lima (2010)

 O calor: é o elemento que fornece a energia de ativação necessária para iniciar a

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
86

reação entre o combustível e o comburente, mantendo e propagando a


combustão, como a chama de um palito de fósforos.
 O comburente: normalmente, o oxigênio combina-se com o material combustível,
dando início à combustão. Genericamente, o comburente é definido como
(mistura gasosa que contém o oxidante em concentração suficiente para que em
seu meio se desenvolva a reação de combustão);
 O combustível: é o elemento que serve de propagação do fogo, pode ser sólido,
líquido ou gasoso. Entre os combustíveis sólidos temos a madeira e o carvão. Entre
os combustíveis líquidos temos a gasolina, o álcool entre outros. Entre os
combustíveis gasosos temos os gases obtidos a partir do refino de petróleo, como
o propano e o butano.

Ao se inserir um quarto elemento, a reação química em cadeia, observa-se o


tetraedro do fogo, conforme ilustra a Figura 13 a seguir.

Figura 13- Tetraedro do fogo

Fonte: Lima (2010)

 Reação em cadeia: torna a queima autossustentável. O calor irradiado das chamas


atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se
combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o
combustível, formando um ciclo constante.

A combinação dos três elementos do triângulo do fogo sob condições propícias


permite a ignição e a continuação das reações químicas, dando origem à combustão. A
combustão pode ser definida como sendo uma reação química que libera luz e calor e que se
processa entre um combustível e um comburente. Para que esta reação aconteça e se
mantenha, são necessários quatro elementos: o combustível, o comburente, o calor e a
reação em cadeia.

5.13.1 Formas de Propagação do Fogo

Podemos definir a propagação do fogo como sendo a transferência de calor entre


objetos de maior para os de menor temperatura e, e dessa forma, o objeto mais frio deverá
absorver calor até que esteja com a mesma quantidade de energia do outro. Esta
transferência de energia ocorre por condução, convecção e/ou irradiação.

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
87

 A condução é um método de propagação em que a transferência de calor é feita


de molécula para molécula, a partir de um corpo contínuo, como uma barra de
ferro que se aquece gradualmente quando uma de suas extremidades é exposta
ao calor.
 A convecção é um método de propagação na qual a transferência de calor é
realizada num fluido (líquido ou gases). Nesse caso, o que ocorre é uma
movimentação entre fluidos mais densos (frios) e menos densos (quentes),
gerando uma corrente ascendente e descendente entre os fluidos, tal como
ocorre numa panela de água sendo aquecida no fogão.
 A irradiação é um método de propagação em que a transferência de calor ocorre
por ondas de energia que se deslocam através do espaço. Estas ondas se deslocam
em todas as direções e sua intensidade (temperatura) diminui à medida que se
aumenta a distância entre a fonte geradora do calor e o receptor. Um exemplo
disso é o calor proveniente do sol.

5.13.2 Métodos de Extinção de Incêndio

Tendo como base o tetraedro do fogo e seus componentes, os métodos de extinção


do fogo irão se basear na eliminação de um ou mais desses componentes que o compõem.
Dessa forma, métodos de extinção do fogo são o refriamento, o abafamento, o isolamento e
a quebra da reação em cadeia.

 O resfriamento é uma forma de extinção que consiste em se reduzir a


temperatura do combustível em questão, reduzindo o calor e diminuindo a
liberação dos gases inflamáveis. A forma mais comum de se fazer o resfriamento é
com o emprego da água.
 O abafamento é um método de extinção que consiste em interromper o
fornecimento do comburente da reação. Vários agentes extintores podem ser
utilizados para este fim, como a areia, cobertores, vapor d’água, espumas, pós,
gases especiais, entre outros.
 O isolamento é um método de extinção do fogo que consiste em se retirar o
material combustível que ainda não pegou fogo do local onde está ocorrendo o
incêndio. Desta forma, sem mais combustível, a combustão irá se encerrar.
Exemplos de isolamento são o fechamento de válvula ou interrupção de
vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais combustíveis
do ambiente em chamas, realização de aceiro, entre outros.
 A quebra da reação em cadeia é um processo no qual são introduzidas substâncias
que irão inibir a capacidade reativa do comburente com o combustível, e, dessa
forma, não haverá o fogo, realizando, portanto, uma extinção química das
chamas.

5.13.3 Classes de Incêndio e Agentes Extintores

Os materiais combustíveis têm características diferentes e, portanto, queimam de


modos diferentes. Conforme o tipo de material, existem quatro classes de incêndio, como
ilustra o Quadro 5 a seguir.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
88

Quadro 5- Classes de incêndio


Classe Simbologia Descrição
Incêndio em materiais sólidos, como madeira, papel, tecido, etc. Esses
materiais apresentam duas propriedades: deixam resíduos quando
Classe A
queimados (brasas, cinzas, carvão) e queimam na superfície e em
profundidade.
Incêndio em líquidos inflamáveis, como óleo diesel, gasolina, querosene,
Classe B etc. Esses materiais apresentam duas propriedades: não deixam resíduos
quando queimados e queimam somente na superfície.
Incêndio em equipamentos elétricos energizados, como máquinas
Classe C elétricas, quadros de força, etc. Ao ser desligado o circuito elétrico, o
incêndio passa a ser de classe A.

Compreende os incêndios em metais pirofóricos, tais como magnésio,


Classe D
titânio, zircônio entre outros.

Classe K Compreende os incêndios em óleos e gorduras de cozinha.

Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Lima (2010)

Com base na identificação da classe de incêndio, podemos selecionar o tipo de


agente extintor mais adequado para realizar a extinção do fogo. Cada agente extintor está
adaptado a um ou mais tipos de fogos nos diversos materiais. É importante destacar que um
determinado agente extintor que poderá provocar danos graves quer ao utilizador quer ao
ambiente se empregado de forma errada ou indevida. Deste modo torna-se aconselhável
conhecer os diversos agentes extintores. Os principais agentes extintores são a água, o
dióxido de carbono (CO2), o pó químico seco ou BC, pó químico seco ABC, pó especial D e a
espuma.

 Água:

 A água tem indicação específica para combater incêndios de classe A.


 Atua como agente de resfriamento dos materiais, tornando a sua temperatura
inferior ao seu ponto de ignição.
 A penetração e a camada de água acumulada na superfície do material dificultam
a propagação do fogo.
 Este agente extintor não deve, de maneira alguma, ser utilizado em equipamentos
energizados (classe C), bem como não deve ser usado em incêndios de líquidos
inflamáveis.

 Dióxido de Carbono (CO2):

 O gás Carbônico (dióxido de carbono) é um agente extintor indicado para


incêndios das classes B e C.
 Atua por abafamento, produzindo uma camada gasosa que provoca o isolamento
do oxigênio.
 Seu efeito provoca o resfriamento dos materiais, permitindo, ainda, que seja

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
89

usado como elemento auxiliar em incêndios de classe A.


 O gás carbônico é um agente limpo, não tóxico, inodoro, que não gera resíduos e
não danifica equipamentos.
 Desvantagens: asfixiante, requer cilindros pesados, distância curta do jato, alta
pressão e pode produzir queimaduras.

 Pó Químico Seco BC:

 Pó extintor compatível com espuma.


 Com base de bicarbonato de sódio.
 Grande eficiência na extinção de incêndios.
 Executa uma ação inibidora com reações em cadeia que ocorrem no centro do
fogo.
 Especialmente indicado para fogos das classes B e C, até mesmo na presença de
corrente elétrica.

 Pó Químico Seco ABC:

 Com base numa combinação de fosfato de monoamônio e sulfato de amônio.


 Pó especialmente indicado para fogos da classe B, porém igualmente apropriado
para as classes A e C.
 Altamente econômico.
 Contém componentes retardantes de fogo, que evitam qualquer combustão
subsequente.
 Ao ser aplicado, as partículas fundem-se e dilatam-se, formando uma barreira que
evita a entrada de oxigênio completando todo o processo de extinção.

 Pó Especial D:

 Pó de excelente qualidade com base no sal de sódio.


 M28 é um inerte que em contato com metais incandescentes, impede a difusão de
oxigênio extinguindo assim o incêndio.
 Altamente eficaz em fogos de metais.

 Espuma:

 Produzida a partir de uma mistura de água e substâncias tensoativos por injeção


mecânica de ar, sendo indicada para os incêndios classes A e B.
 Vantagens: muito boa para líquidos extremamente inflamáveis, podendo ser
utilizada em situações de incêndio iminente com ação preventiva e cobertura de
espuma; evita novas ignições.
 Desvantagens: deixa resíduo úmido, não adequado para fogos elétricos e requer
uma instalação fixa.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
90

Os agentes extintores são armazenados em unidades extintoras portáteis, cujas


capacidades podem variar de 3 kg a 12 kg. Existem extintores portáteis de 10 litros e carretas
de vários tamanhos, com cilindro de gás externo ou internos de CO2 ou ar comprimido. As
válvulas de comando se localizam nos cilindros de gás onde possuem manômetros e
redutores de pressão para tipos maiores. As carretas possuem mangueiras de 8 a 15 metros
com esguichos.

Os tipos de extintores são ilustrados na Figura 14 a seguir, com suas especificações.

Figura 14- Tipos de extintores

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)


Legenda: (A) modelo de extintor para água, pó químico e espuma; (B) modelo de extintor de CO2.

Os aparelhos devem ser distribuídos de modo que o seu emprego seja o mais fácil
possível, levando-se em consideração os elementos que poderão manejá-los e as condições
do trabalho e local para as instalações dos aparelhos, leva-se em conta que o operador não
percorra, em caso de princípio de incêndio, uma distância maior do que:

a) 20 m para local de pequeno risco;


b) 15 m para local de risco médio;
c) 10 m para local de risco elevado.

 Inspeção e manutenção dos extintores:

a) semanalmente: verificar acesso ao aparelho;


b) mensalmente: verificar se o extintor está carregado, observando o nível de água
dos extintores de água pressurizada;
c) semestralmente: pesar a cápsula de gás carbônico, substituindo-a caso o peso
esteja baixo do indicado;
d) anualmente: esvaziar e levar o extintor para testá-lo hidraulicamente, e
examinar o vasilhame, verificando se o mesmo está corroído ou acidentado.
Trocar a cápsula se estiver corroída ou selo de válvula violado. Verificar o
mangontinho contra obstruções e o substituir, se for o caso;

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
91

e) cada três anos: descarregar fazendo funcionar e inspecionar. Recolocar nova


cápsula de gás e recarregar, neste extintor colocar uma etiqueta com a data e
nome de quem fez a verificação e peso da cápsula. Verificar se o mecanismo de
percussão ou a válvula, segundo o tipo, estão funcionando bem;
f) cada cinco anos: submeter os extintores a testes hidrostáticos NBR 142/70 ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Observam-se a seguir os procedimentos gerais em relação ao manuseio dos


aparelhos extintores portáteis, conforme ilustram a Figura 15.

Figura 15- Procedimentos para manuseio dos extintores

Fonte: Lima (2010)

5.14 Noções de Primeiros Socorros

Os procedimentos de primeiros socorros têm como objetivos específicos preservar


as condições vitais e transportar a vítima sem causar traumas iatrogênicos durante sua
abordagem, como, por exemplo, danos ocorridos durante manipulação e remoção
inadequada. O socorrista deve ter como princípio básico evitar o agravamento das lesões e
procurar estabilizar as funções ventilatórias e hemodinâmicas do paciente.

Como o próprio nome diz, primeiros socorros ou serviço de Atendimento Pré-


hospitalar (APH) envolve todas as ações efetuadas com o paciente, antes da chegada dele ao
ambiente hospitalar. Compreende, portanto, três etapas:

1) Assistência ao paciente na cena (no local da ocorrência);


2) Transporte do paciente até o hospital;
3) Chegada do paciente ao hospital.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
92

O APH divide-se, ainda, basicamente em duas modalidades de atendimento:

 Suporte Básico à vida (SBV): caracteriza-se por não realizar manobras invasivas.
 Suporte Avançado à Vida (SAV): tem como característica a realização de
procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório, como, por
exemplo, a intubação orotraqueal, acesso venoso e administração de
medicamentos. Geralmente, o suporte avançado é prestado por equipe composta
por médico e enfermeiro.

Lembramos que a função de quem está fazendo o socorro é:

1- Contatar o serviço de atendimento emergencial do Samu.


2- Fazer o que deve ser feito no momento certo, afim de:
a) Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento.
b) Manter a calma e a serenidade frente à situação, inspirando confiança.
c) Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado.
d) Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-
as do local do acidente, evitando, assim, causar o chamado "segundo trauma",
isto é, não ocasionar outras lesões ou agravar as já existentes.
3- Ser o elo das informações para o serviço de atendimento emergencial.
4- Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento.
5- Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento. Não tentar transportar um
acidentado ou medicá-lo.

O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapas básicas que


permitem a maior organização no atendimento e, portanto, resultados mais eficazes.

1- Avaliação do local do acidente: é importante observar rapidamente se existem


perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro nas
proximidades da ocorrência.
2- Proteção do acidentado: deve ser realizada simultânea ou imediatamente à
"avaliação do acidente e proteção do acidentado". O exame deve ser rápido e
sistemático, observando prioridades, como estado de consciência, condição
respiratória, existência de hemorragia, estado das pupilas e temperatura do
corpo.

A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica ou


traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Deve-se ter
sempre uma ideia bem clara do que se vai fazer, para não expor desnecessariamente o
acidentado, verificando se há ferimentos, com o cuidado de não movimentá-lo
excessivamente.

 Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc.).


 Respiração: movimentos torácicos e abdominais. com entrada e saída de ar
normalmente pelas narinas ou boca.
 Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se perde.

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
93

Se é arterial ou venoso.
 Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas).
 Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e extremidades
 Cabeça e pescoço: sempre verificando o estado de consciência e a respiração do
acidentado, apalpar, com cuidado, o crânio a procura de fratura, hemorragia ou
depressão óssea. Correr os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio até
os ombros, procurando alguma irregularidade. Solicitar que o acidentado
movimente lentamente o pescoço, verificar se há dor nessa região. Em caso de dor
pare qualquer mobilização desnecessária.
 Coluna dorsal: perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal correr a
mão pela espinha do acidentado desde a nuca até o sacro. A presença de dor pode
indicar lesão da coluna dorsal.
 Tórax e membros: verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há
dor quando o tórax é levemente comprimido. Solicitar ao acidentado que
movimente de leve os braços e verificar a existência de dor ou incapacidade
funcional. Localizar o local da dor e procurar deformação, edema e marcas de
injeções.

Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios
que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o
funcionamento do corpo humano que devem ser compreendidos e conhecidos são:

 Temperatura,
 Pulso,
 Respiração,
 Pressão arterial.

Os sinais vitais são aqueles que podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se,
assim, que na ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo. A variação da
temperatura do corpo pode ser observada no Quadro 6.

Quadro 6- Variações da temperatura do corpo


Estado térmico Temperatura (oC)
Subnormal 34-36
Normal 36-37
Estado febril 37-38
Febre 38-39
Febre alta 39-40
Febre muito alta 40-41
Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

5.14.1 Ressuscitação Cardiorrespiratória

Deve-se saber identificar se a pessoa está respirando e como está respirando. A


respiração pode ser basicamente classificada por tipo e frequência. O Quadro 7 a seguir
apresenta a classificação da respiração quanto ao tipo.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
94

Quadro 7- Classificação quanto ao tipo de respiração


Pulso Normal Faixa Etária
60-70 bpm Homens adultos
70-80 bpm Mulheres adultas
80-90 bpm Crianças acima de 7 anos
80-120 bpm Crianças de 1 a 7 anos
110-130 bpm Crianças abaixo de 1 ano
130-160 bpm Recém-nascidos
Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax, se o acidentado for


mulher, ou do abdome, se for homem ou criança. Pode ser feita ainda contando-se as saídas
de ar quente pelas narinas. A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios
varia com a idade, se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal de saúde.

 Procedimentos iniciais para reanimação cardiorrespiratória:

 Avalie a capacidade de resposta do acidentado: chame-o pelo nome!


 Avalie a respiração e pulso, simultaneamente, por 10 segundos.
 Em caso de detecção de ausência de resposta, respiração (ou gasping) e pulso,
solicite a outro profissional, de forma clara e objetiva, que acione a equipe médica
de emergência (se houver no local);
 Caso no local não exista equipe de emergência, ou pessoa devidamente
capacitada, os seguintes procedimentos deverão ser cumpridos:

A - Abertura das vias aéreas;


B - Ventilação artificial;
C - Suporte circulatório.

 Procedimentos para compressões torácicas (Figura 16):

1- Ajoelhe-se ao lado da vítima;


2- Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima;
3- Coloque a base da outra mão em cima da primeira mão;
4- Enlace os dedos das duas mãos. Posicione-as na porção inferior do osso esterno
(linha média dos mamilos). Atenção para não comprimir costelas ou apêndice
xifoide, pois há risco de fratura.
5- Certifique-se que os seus ombros estão diretamente acima do centro do tórax da
vítima. Com os braços esticados, exerça pressão cinco a seis centímetros
diretamente para baixo.
6- Cada vez que pressionar para baixo, deixe que o tórax se eleve totalmente. Isto
permitirá que o sangue flua de volta ao coração. As suas mãos devem manter-se
sempre em contato com o tórax, sem sair da posição inicial;
7- Execute 30 compressões torácicas desta forma, a um ritmo de cerca de 100
compressões por minuto. Isto é equivalente a pouco menos de duas
compressões por segundo (levando em consideração duas pessoas no

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
95

atendimento). Caso esteja sozinho, iniciar apenas as compressões por 2 min.

Figura 16- Procedimento para compressões torácicas

Fonte: Manual de Primeiros Socorros da Fiocruz (MS, 2003)

5.14.2 Transporte do Acidentado e Técnicas de Imobilização

O transporte de acidentados é um determinante da boa prestação de primeiros


socorros. Um transporte mal feito, sem técnica, sem conhecimentos pode provocar danos
muitas vezes irreversíveis à integridade física do acidentado. Existem várias maneiras de se
transportar um acidentado.

Cada maneira é compatível com o tipo de situação em que o acidentado se


encontra e as circunstâncias gerais do acidente. Cada técnica de transporte requer
habilidade e maneira certa para seja executada. Quase sempre é necessário o auxílio de
outras pessoas, orientadas por quem estiver prestando os primeiros socorros.

É importante destacar que antes de remover um acidentado, os seguintes


procedimentos devem ter sido observados:

 Restauração ou manutenção das funções respiratória e circulatória;


 Verificação de existência e gravidade de lesões;
 Controle de hemorragia;
 Prevenção e controle de estado de choque;
 Imobilização dos pontos de fratura, luxação ou entorse;
 A maca é a melhor forma de transportar uma vítima.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
96

 Equipamentos de imobilização:

 Colar cervical e imobilizador lateral:

Em situações de trauma, é importante não mexer na vítima sem algumas


imobilizações que são necessárias para que algumas lesões na cabeça e na coluna cervical
não sejam agravadas. Nesse caso, é importante o uso de dispositivos que imobilizem tanto o
pescoço como a coluna, e essa é a função do colar cervical e do imobilizador lateral. Em
alguns casos é importante que o uso desses equipamentos seja feito de forma conjunta, pois
o uso apenas do colar cervical não imobiliza o pescoço, apenas limita os movimentos de
flexão, sendo importante a utilização de um imobilizador lateral (bachal) fixado a uma
prancha.

 Prancha longa:

É um equipamento indispensável para um adequado transporte da vítima,


principalmente aquelas encontradas em decúbito (deitadas). Deve possuir saliências para
que o socorrista possa introduzir os dedos e elevar a prancha durante o transporte da
vítima. Cada prancha deve ser construída de material resistente (capacidade para 150 kg),
possuir fitas de fixação (3 no mínimo, posicionadas nos ombros, no quadril e acima dos
joelhos) e ter uma superfície lisa para facilitar o deslizamento da vítima.

 Técnicas de imobilização:

O transporte de um acidentado, dependendo de fatores como riscos existentes no


local do acidente e o tipo de trauma, pode ser realizado por uma, duas ou mais pessoas, mas
sempre levando-se em consideração todas as medidas listadas anteriormente. Existem
rolamentos de 90 e 180 graus, cujo princípio básico é o de inicialmente estabilizar cabeça e
pescoço, por meio de tração manual, posteriormente alinhando os membros e por fim
rolando a vítima, de preferência para o lado que estiver menos lesado.

 Rolamento de 90 graus (Figura 17):

Figura 17- Rolamento de 90o

Fonte: Adaptada pelos autores (2020)

MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
97

Esse tipo de manobra é utilizado quando as vítimas estão em decúbito dorsal


(deitada com a barriga para cima), devendo o socorrista se posicionar ajoelhado por trás da
cabeça do socorrido, executando a estabilização manual da coluna cervical. Com a prancha
posicionada paralelamente à vítima, do lado oposto ao rolamento, dois outros socorristas
ajoelhados ao nível dos ombros e quadris irão promover o rolamento do socorrido até a
prancha, que é deslizada até encostar-se ao corpo da vítima. Com uma nova movimentação
a prancha volta à posição horizontal, a vítima é ajustada em cima da prancha, devidamente
imobilizada e transportada para uma viatura de transporte ou para o local onde serão
realizados os procedimentos médicos.

 Rolamento de 180 graus:

Figura 18- Rolamento de 180o

Fonte: Adaptada pelos autores (2020)

Como ilustra a Figura 18, trata-se de um procedimento similar ao rolamento de 90o,


mas, nesse caso, a vítima encontra-se em decúbito ventral (deitada com a barriga para
baixo). Os mesmos procedimentos do rolamento de 90 graus serão realizados, e os
socorristas, devidamente ajoelhados e nas mesmas posições, irão movimentar o corpo da
vítima colocando-a em cima da prancha. Para isso, enquanto um dos socorristas promove a
estabilização do pescoço, os outros dois posicionados ao nível dos ombros e dos quadris
ficarão responsáveis por girar o corpo da vítima até a prancha, devidamente colocada de
forma paralela às costas da vítima, onde é realizada a movimentação de rolamento até a
posição horizontal, mas, dessa vez, com a vítima em decúbito dorsal. Por fim, são realizados
os ajustes em cima da prancha, imobilizações e transporte da vítima.

 Elevação a cavaleiro:

É um procedimento de socorro indicado para locais estreitos e onde não é possível


fazer o rolamento da vítima como mostrado nos procedimentos das Figuras 17 e 18. Nesse
caso, o socorrista se posiciona a cavaleiro da vítima, no nível dos ombros, estabilizando
manualmente sua cabeça e pescoço, enquanto outro socorrista aplica o colar cervical, com
outros socorristas posicionados a cavaleiro na altura do quadril e dos pés da vítima, como
ilustra a Figura 19.

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
98

Figura 19- Elevação a cavaleiro

Fonte: Adaptada pelos autores (2020)

É feito o alinhamento dos membros no eixo do corpo e, ao comando, a vítima é


elevada cerca de 20 cm, enquanto o socorrista próximo aos seus pés desliza a prancha
embaixo dela, que é ajustada, imobilizada e transportada.

 Imobilização com a vítima sentada:

É um procedimento que deve ser realizado com o auxílio do KED (colete de


imobilização dorsal), onde é feito o acesso para se chegar à vítima, promovendo-se a
estabilização manual da cabeça e pescoço com a colocação do colar cervical. É um
procedimento muito comum em acidentes automobilísticos e, nesse caso, o KED é
posicionado entre o banco e as costas da vítima, sendo preso pelos tirantes médio e inferior
das coxas e por último o do tórax. É realizada uma rotação, deixando a vítima de costas para
a porta e com os pés apoiados sobre o banco do carro. A vítima é, então, deitada sobre a
prancha, que é deslizada, os tirantes das coxas são liberados para que as pernas da vítima
possam ser estendidas e em seguida a vítima é fixada à prancha para o transporte.

5.15 Meio Ambiente

Jean J. Rousseau afirmava que o homem primitivo vivia feliz, em perfeito equilíbrio
com a natureza, pelas técnicas de conservação e práticas conservacionistas, garantindo a
saúde do ambiente que o rodeava. As primeiras comunidades, cedo, desenvolveram práticas
de um bom uso da terra, porém em número muito reduzido, tais como os Hebreus (Bíblia,
ano sabático), Fenícios, Incas, Egípcios, alguns povos do Sudeste Asiático. Algumas crônicas
da Idade Média dão conta das primeiras leis de preservação diante da crescente onda de
urbanização e problemas de contaminação decorrentes. Apontam também para os
primeiros ensaios de degradação e agressão ao meio ambiente. Numa linha do tempo, se
pode observar:

 1273 - Inglaterra - Lei: redução do fumo nas cidades.


 1306 - Inglaterra - Lei: executaram o 1º homem por queimar carvão na cidade de
Londres.
MÓDULO 1 ELETROTÉCNICA
99

 1600 - mundo: 500 milhões de pessoas - hoje se chega quase aos 6 bilhões.
 Não careciam de muitos recursos energéticos, nem dispunham de equipamentos
capazes de grandes alterações ambientais.
 1500 - navegadores: europeus iniciaram suas descobertas, viagens e conquistas,
começando, então, o início da erosão de solos pela destruição de fauna e flora
naturais na América, notadamente no Brasil, África e Austrália.
 1660 - grandes extrações de madeira para combustível, finalidades industriais,
fizeram surgir na França e Inglaterra ações destinadas à conservação de Bosques.
 1700 - século 18: nos Estados Unidos da América, Tomas Jefferson lançou as
primeiras ideias de conservação do ambiente, manejo ambiental e conservação da
vida selvagem.
 1838 - N. América: o ensaísta e artista George Catlin lançou as primeiras ideias e
proposta de criação de Reserva Indígena e vida natural.
 1860 - N. América: George Perkins Marsh publicou o 1º livro sobre conservação
"HOMEM E NATUREZA".
 1872 - N. América: o estado da Califórnia constituiu o Parque Nacional no Vale do
Yosemite e o Congresso Nacional Americano proclamou a região do Yellowstone,
em Wyoming como Parque Nacional, sendo assim a 1ª vez no mundo onde um
governo nacional assumia as funções de preservação, proteção e administração de
tais áreas.
 1924 - URSS: a Rússia estabelecia seu 1º sistema extensivo de grandes reservas
naturais chamando-as de "ZAPOVEDNIK".
 1933 - EUA: Aldo Leopold escreveu nos EUA o 1º livro sobre conservação e manejo
da vida silvestre. Apoiou-se nos estudos realizados na Grã-Bretanha, por Charles
Sutherland sobre ecologia animal.
 1945 - Após a 2ª Guerra: alteram-se os processos de conservação ambiental. A
explosão populacional exerce uma grande pressão sobre os recursos naturais e a
própria terra. Na busca de produção de alimentos próximos às áreas de consumo,
começam a usar agrotóxicos, pesticidas sintéticos de grande eficiência e uns cem
números mais de práticas, inicialmente com ótimos resultados, pois não só
aumentavam a produção de alimentos, como também davam cabo a endemias
provocadas por mosquitos e outras pragas. Rapidamente, foram sendo
observados alguns efeitos e consequências sobre o meio ambiente.
 962 - EUA: Rachel Carson publicou o livro "Primavera Silenciosa", onde alertava a
todos sobre os riscos dos pesticidas sobre o meio ambiente.
 1970 - Brasil e Mundo: o problema ambiental passa adquirir dimensão
internacional, com permanente inter-relacionamento de oceanos, rios, lagos,
florestas e o próprio ar, mostrando sintomas de contaminação e em situação de
não poderem mais ser controlados sem uma grande cooperação internacional.

Ao longo dos anos, os problemas vêm crescendo, mesmo com muitas iniciativas de
melhorias. E não se pode considerá-los de forma localizada. A abrangência existe e é preciso
que se posicionem sobre ela para o bem da humanidade. O Agrotóxico despejado no Rio Ijuí,
no Rio Grande do Sul, por exemplo, não é mais um problema só Gaúcho, é também um
problema Argentino, quando se sabe que estão destruindo a flora e fauna do Rio da Prata,
além de outros prejuízos causados à região agrícola de Corrientes. O Mercúrio de garimpo

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
100

destrói o alimento do Pantaneiro e Paraguaio, embora tenham sido despejados no Alto


Piquiri ou São Lourenço. Os venenos que a indústria joga no Reno não afetam nunca um só
país. Chernobyl conseguiu atingir até o Brasil, embora ocorresse o problema na URSS. Tantos
são os exemplos que seria um desperdício de tempo enumerá-los.

Muitas conferências internacionais têm sido realizadas para tratar do assunto.


Nenhuma delas abriu mão da necessidade de tratados e convenções a níveis internacionais
governamentais, definindo um poder regulador sobre o ambiente em escala mundial.

As organizações mundiais para a saúde e a organização meteorológica mundial


iniciaram um programa de controle mundial dos níveis de contaminação. A Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) patrocinou um programa
científico de grande envergadura para enfrentar a problemática do "HOMEM e a BIOSFERA".
Além de uma conferência internacional sobre problemas ambientais, realizados em
Estocolmo em 1972. Finalmente a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu um
programa para o meio ambiente, baseado nas ações sugeridas na conferência de Estocolmo.
Ainda resistem, porém, muitos governos em dar recursos e delegar autoridades às
organizações internacionais, para que possam diante os problemas ambientais, alcançar
soluções e resultados eficientes e globais.

5.15.1 Conservar é Saber Usar

A preservação do ambiente é papel de todo cidadão. Não se deve esperar apenas


pelas ações das autoridades. O Quadro 8 a seguir, ilustra alguns comandos de ação
importantes que podem colaborar para salvar o planeta.

Quadro 8- Ideias que podem salvar o mundo (continua)


Comandos de ação O que fazer?
Acompanhando as notícias sobre o meio ambiente, atualizando-se e
Informar-se
estudando acerca dos aspectos que mais interessantes sobre o tema.
Pensando a respeito de como colaborar na família, na vizinhança, na
Agir localmente escola dos filhos e na comunidade; participando ativamente de tudo e
difundindo ideias sobre um mundo melhor.
Estabelecendo vínculos entre temas locais e globais. Apesar de
Pensar localmente
magnitudes diferentes, os dois universos se correlacionam.
Procurando organizações não governamentais na qual se possa
Somar
engajar, antes de intencionar formar uma.
Envolvendo-se de maneira criativa e divertida. Ao desejar atrair outras
Ser otimista
pessoas, deve-se pensar em discursos e eventos positivos.
Envolvendo-se, tornando-se ativo, mas não duplicando suas
Ser efetivo
obrigações. Trabalhando para ampliar sua efetividade.
Identificando temas que possam interessar a muitas pessoas,
Criar notícias
escrevendo para jornais, revistas, redes de rádio e TV.
Se a população da terra, em 2050, ficará em 7,9 ou 10,9 bilhões de
Planejar a família pessoas, conforme projeta a ONU, a diferença será de um filho por
casal.
Não poluir Não jogando pilhas e baterias de celular no lixo comum. Mantendo

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Comandos de ação O que fazer?


bacias hidrográficas, rios e represas e lagoas livres de lixo ou qualquer
tipo de resíduo. Lembrando-se: o cano que sai da casa, provavelmente,
deságua num rio, numa lagoa ou no mar.
Plantando árvores, que produzem oxigênio e são abrigos para as aves.
Preservar a biodiversidade
Espécies animais e vegetais merecem respeito.
Economizando energia, água; preferindo equipamentos e não
prejudicando a camada de ozônio; reutilizando materiais; reciclando o
Ser coerente
lixo caseiro; usando menos o carro; andando mais a pé; evitando
produtos de origem animal.
Revendo o estilo de vida; pensando num padrão condizente com o
Passar a vida a limpo
mundo sustentável.
Engajando-se em movimentos de boicote a produtos que não
Boicotar
respeitam o meio ambiente.
Fiscalizando o trabalho e a postura dos deputados e senadores ligados
Eleger e cobrar à comunidade em que vive ou cidade, escrevendo para eles, fazendo
sugestões ou cobranças.
Nunca houve acesso a tanta informação e a tanas diferentes opiniões,
Separar o joio
portanto, deve-se procurar fazer a coisa certa.
Preparando as novas gerações à luz de princípios ecológicos. Isto é a
Ensinar as crianças
garantia de um mundo mais redondo futuramente.
Estimulando ideias inovadoras, investindo em grupos não
Acreditar no futuro governamentais, renovando crenças. Quanto mais pessoas
acreditarem na paz, mais ela será possível.
Fonte: Adaptado de Super Especial: como salvar a terra (2001)

A ecologia vem preocupando pensadores e governos há muitos séculos, mas


somente nos últimos anos passou a ser tema de importância coletiva, até mesmo como uma
ciência da moda. Momentos de sua evolução poderiam ser classificados pela
preponderância da economia utilitarista, por milênios, onde o radicalismo do lucro exclusivo
colocou os homens como instrumento de uso dos recursos ambientais e de si mesmo. Para
combater este radicalismo, no início da década de 60 iniciaram-se movimentos ecológicos
que, paradoxalmente, também se caracterizaram pelo radicalismo, por meio da ecologia
imobilista da crítica e denúncia, sem propor ou viabilizar soluções.

Hoje, mesmo ainda existindo correntes da economia utilitarista ou da ecologia


imobilista, especialmente nos países em desenvolvimento, a conservação da natureza,
mediante uso racional e sustentado dos recursos naturais e meio ambiente, é representado
pela ecologia ativa, de soluções, onde o principal elemento é o ser humano, tanto como
fator de desequilíbrio e consequente ajuste, como também de objeto para a manutenção de
sua qualidade de vida.

Mas, para que se compreenda a verdadeira ecologia, é preciso superar o


desconhecimento sobre o tema, até mesmo em relação aos princípios fundamentais, e
aceitar a condição básica de que a solução inicia-se na própria pessoa, desde a postura
pessoal, até a crítica coletiva consciente.

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5.15.2 E o que Vem a Ser Ecologia?

Em 1866, um cientista alemão chamado E. Haeckel utilizou pela primeira vez a


palavra “ecologia”. Sendo uma palavra originária da Grécia, é fácil entender seu significado
dividindo-a da seguinte forma: ECO = Habitat lugar de Vida de um Organismo; LOGIA =
Estudo e/ou Ciência. Pode-se, então, dizer de forma simples que a ecologia é a ciência que
estuda as relações entre os seres vivos e o lugar onde eles vivem (habitat), e, em
consequência, as influências que uns causam aos outros.

Com esta definição, fica clara a compreensão que se tem à frente um vasto campo
de conhecimento, e que na realidade não se compõe de uma ciência isolada, mas está
presente em todas as ações e disciplinas de estudo. Pode se limitar aos seus conceitos
específicos, mas sua magnitude fica clara nas relações com a física, química, botânica e no
dia a dia, principalmente com a economia e relações sociais. Mesmo não sendo especialista
em nenhuma área específica, pode-se dar uma parcela de ajuda, especialmente enquanto
"ser vivo" a se relacionar com o resto do universo e nesta equação simples o "eu" irá garantir
a importância do "nós" e o universo pode ser visto como a somatória dos "ecossistemas".

5.15.3 A Ecologia Deve ser Entendida como Algo Pessoal para o Bem Coletivo

Não somente os animais e vegetais relacionam-se entre si e o ambiente em que


vivem, o homem também faz parte desta comunidade. Infelizmente, ao longo do tempo, o
homem provocou mudanças nos diversos ecossistemas, a maior parte das vezes de uma
maneira negativa.

Contudo, devido a sua inteligência e habilidade, possui também capacidade


suficiente para solucionar os problemas que ele mesmo criou, gerando soluções, propondo
modelos e aplicando estes conceitos. Sendo assim, a ecologia deve ser entendida como algo
pessoal, por meio de uma verdadeira participação. Cada indivíduo pode lutar por ela de uma
forma positiva, agindo nos diversos ecossistemas. Mas o que é um Ecossistema?

Ecossistema é uma comunidade (conjunto) que possui elementos físicos (ar, água,
solo, rocha, etc.) e elementos vivos (animais e vegetais, dos grandes até os microscópicos).
Em um ecossistema, os elementos físicos e os elementos vivos estão unidos numa mesma
área, coexistindo num processo de dependência. Por exemplo, em uma floresta, a energia
do sol permite que os vegetais vivam. Isto é de importância comprovada pelo fato de que os
animais herbívoros (que se alimentam exclusivamente de vegetais) morreriam de fome caso
não existissem os vegetais.

A natureza é muito interessante. Alguns animais alimentam-se somente de vegetais


e outros, alimentam-se de outros animais. Todo este processo forma um ciclo que inicia da
terra e retorna a ela. Pode-se, então, considerar como ecossistema uma floresta, um lago,
um rio, uma casa e seus moradores, uma rua... O UNIVERSO! Observa-se, assim, que existem
diversos ecossistemas e que a ecologia estuda todos eles. Então, se se deseja o bem da
ecologia, nada melhor do que "DESENVOLVER OS ECOSSISTEMAS", começando por aquele
pertinente a cada um.

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103

Uma pessoa é um ecossistema (até pode ser discutível), mas nela existem
elementos vivos e elementos físicos. E, como indivíduo, precisa ter o seu próprio
ecossistema em equilíbrio para sentir-se bem. Podem-se escolher diversos caminhos, mas,
primeiramente, deve-se cultivar a saúde mental e física.

É preciso cultivar a saúde mental. Pessoas e situações difíceis são, na verdade, como
"professores" que ensinam a evoluir cada vez mais. É importante ler, pesquisar, estudar,
conversar, fazer parte da comunidade em que vive e dos acontecimentos. É preciso
participar intensamente.

Ao falar em saúde física, o primeiro pensamento que vem à cabeça é o exercício do


corpo, cujo benefício é indiscutível. Os velhos conselhos de não beber ou fumar e comer em
excesso, ainda são muito úteis. Além disso, a visita ao médico e ao dentista certamente
poderão evitar inúmeros aborrecimentos, afinal, prevenir é o melhor remédio.

A camada de Ozônio está cada vez mais enfraquecida, expondo a humanidade a


raios solares nocivos. É importante selecionar os horários para tomar banhos de sol.
Recomenda-se, pela manhã, até às 10h00, e, à tarde, a partir das 15h00, não se esquecendo,
é claro, de utilizar um protetor solar adequado. Deve-se ser cuidadoso, tanto com a
qualidade dos alimentos, a água e tudo quanto se precisa para se alimentar, bem como com
a higiene pessoal, do ambiente e a saúde.

Deve-se observar a importância do planejamento familiar. O aumento da população


no mundo todo é algo assustador. Os produtos que a natureza criou, como as árvores,
animais, água, entre outros, estão sendo explorados com muita rapidez. Nesse sentido, é
preciso estudar meios de fazer com que a população cresça de maneira tal que sempre
exista alimento para todos. Este equilíbrio populacional só pode ser feito através do
mediante planejamento, de acordo com expectativa seus recursos de cada família. Mesmo
que a humanidade, no futuro, não venha a sofrer de fome ou de doença, sua qualidade de
vida pode diminuir devido aos problemas psicológicos provocados pela superpopulação.

Uma vez cada indivíduo tenha seu próprio ecossistema (sua casa), cuidar bem dele
já pode ser um meio de lutar positivamente pela ecologia, transformando-o num ambiente
de excelente qualidade de vida. Para tanto, práticas simples podem ser seguidas, como
limpeza, o trato correto para com os animais domésticos, uso de materiais biodegradáveis,
adotar a prática da reciclagem, economizando energia, água, verificando os sistemas de
esgoto, exercendo cuidados relativos ao combate à dengue, cuidando bem do solo, em caso
de áreas verdes disponíveis no terreno, colaborando para a limpeza no entorno, não
espalhando lixo pelas vias públicas, evitando a poluição sonora, verificando o bom
funcionamento dos veículos próprios, incentivando a prática da educação ambiental nas
escolas, etc.

5.15.4 Os Cuidados com a Agricultura, a Utilização dos Solos e a Florestas

A agricultura pode se transformar num problema ambiental se for mal conduzida.


Se alguns agricultores utilizarem pesticidas, fungicidas, herbicidas de maneira errada e talvez

ELETROTÉCNICA MÓDULO 1
104

desnecessária, isto pode causar graves aborrecimentos. Na verdade, pequena quantidade


desses produtos acaba com as pragas e ervas daninhas. O restante polui o meio ambiente.
Eles podem ficar atuantes no solo e na água durante muitos anos, afetando gerações de
seres vivos.

Quando o solo é mal utilizado, é fácil ocorrer a sua poluição e erosão, fazendo com
que se perca o bem mais precioso da humanidade. Técnicas adequadas para sua utilização
envolvem um plano de curva de nível, uso correto de produtos químicos, análise da vocação
da área (agricultura, pecuária, floresta, etc.). Infelizmente os solos vêm sendo poluídos e
destruídos de diversas maneiras: pelo lixo, esgotos domésticos, resíduos industriais, erosão,
desmatamento, queimadas. A erosão também é um problema muito sério, eliminando um
recurso que necessitará milhões de anos para ser reposto ou com custo inviável de
reposição pelo ser humano.

O desmatamento, por sua vez, deixa o solo exposto aos ventos e às chuvas, além de
deixá-lo sensível à erosão. Os animais sofrem e perdem seu ecossistema de vida com o
desmatamento, onde as aves são as mais atingidas, sem contar os grandes mamíferos. Em
nome do progresso, o homem está destruindo indiscriminadamente imensas florestas, sem
pensar nas consequências de suas ações. As florestas são importantes para manter a
qualidade do ar, do solo, da água, a umidade e temperatura do planeta. Em alguns casos, os
indivíduos são obrigados a derrubar árvores para obtenção do papel, fabricação de móveis,
etc., mas este problema pode ser resolvido de um modo simples: plantar mais árvores do
que derrubá-las. A floresta é um recurso natural renovável, economicamente viável, precisa
ser manejada de forma sustentada pelo homem.

Frequentemente os noticiários dão conta das queimadas realizadas


indiscriminadamente. Elas são muito perigosas, pois causam incêndios que tanto prejudicam
as plantações, destroem as florestas, matando animais, empobrecendo o solo, destruindo o
ecossistema como um todo. As queimadas são muito utilizadas nos pastos e restos de
cultura, mas geralmente acabam causando sérios problemas devido à falta de cuidado das
pessoas. É preciso observar, no entanto, que, quanto a sua "incorporação", embora
trabalhosa, é segura e rentável.

Um cuidado que também deve ser observado diz respeito às pessoas que fumam
dentro das florestas ou em áreas de vegetação em época de seca, ou pessoas que fazem
acampamentos nesta mesma época, que podem causar incêndios sem querer.

Campanhas educativas podem ajudar a informar as pessoas sobre a queimada, o


desmatamento e a correta utilização do solo. Não com intuito de deixá-las assustadas, mas
para mostrar que se cada pessoa fizer um pouco em favor da natureza, começando pelo
ecossistema do próprio indivíduo, muita coisa pode mudar e para melhor. Além disto, saindo
um pouco do ecossistema ‘casa’ de cada um, há muito que se pode fazer pelo ecossistema
‘País’.

Se todos os estados estiverem atuando plenamente na sua política de meio


ambiente, com suas populações conscientes de sua participação, com os políticos

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preocupados em elaborar leis que sejam boas, tanto para o progresso quanto para a
ecologia, é possível ter uma união entre o estado. Com esta aliança forte, se pode ter um
país com o meio ambiente saudável, onde todas as pessoas entenderão o que é Ecologia e
saberão que fazer para ajudá-la.

A preocupação das condições ambientais de um estado precisa ser cuidada de


forma coletiva pelo País, e posteriormente pelas nações. A população de um Estado pode
causar consequências no estado vizinho, e este dano não será menor por estar longe de nós.
A consciência quanto a melhores condições de vida não deve possuir limites de fronteiras
físicas ou geopolíticas. É a união de todos os países que pode melhorar o Ecossistema como
um todo.

Uma ação conjunta de todas as nações, elaborando uma equilibrada distribuição de


alimentos, uma utilização consciente dos recursos naturais, um desenvolvimento científico-
tecnológico, que não agrida o meio ambiente, fará muito a todos, indistintamente. É possível
viver com moderação, piedade, justiça, todos unidos - povos dos mais diferentes países com
um objetivo em comum: melhorar cada vez mais a vida do Planeta Terra.

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REFERÊNCIAS

AYRES, D. de O.; C. Jose A. Manual de prevenção de acidentes do trabalho. São Paulo. Editora Atlas.
2001.

PIZA, F. de T. Informações básicas sobre saúde e segurança no trabalho. São Paulo, 1997.

PEREIRA, F. J. & FILHO, O. C. Manual prático - como elaborar uma perícia de insalubridade e
periculosidade. São Paulo. LTR. 1998.

OLIVEIRA, J. C. de O. Segurança e saúde no trabalho uma questão mal compreendida. São Paulo em
Perspectiva: Fundacentro, 2003.

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ANOTAÇÕES: ____________________________________________________________
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