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PUC - Goiás

Curso de Direito — Jur.


Disciplina: DIREITO DO TRABALHO II
Prof.: Milton I. Heinen
Texto 7

SEGURANCA , HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO


(dentro das normas gerais de tutala)
1. FUNDAMENTACÃO LEGAL:
- Constituição Federal — art. 7º, incisos XIII (fixação da duração máxima normal do
trabalho), (XXll (redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança), XXIII (adicional de remuneração para atividades
penosas, insalubres ou perigosas), XXVIII (seguro contra acidentes, a cargo do
empregador...).
- CLT — Artigos 154 a 201 (com a redação dada pela Lei nº 6.514/77 e alterações
posteriores).
- Portaria n0 3.214/78, alterada pela Portaria 3.048/88 ( que aprovou as normas
regulamentadoras — NRs. Atualmente são 36 NRs (algumas com portaria específica)
sendo as mais recentes na área da saúde e do trabalho em frigoríficos.
- Portaria nº 86, de março de 2005, aprovou a Norma Regulamentadora nº 31 (NR-31),
a qual trata de normas de saúde e segurança no trabalho rural, com o que foram
substituídas as normas reguladoras rurais contidas na Portaria 3.067/88.
- Portaria MTE Nº 85, de 11/11/2005, aprova a NR 32, que trata de normas de saúde e
segurança do trabalho na área da saúde; e Portaria SIT 202/2006, referente à Norma
Regulamentadora NR 33, que trata do trabalho em espaços confinados.
- Lei nº 8.213/91 ( art. 118) – trata da estabilidade de 12 meses após o fim do auxílio
doença acidentário.
- Também Convenções da OIT, Legislação Estadual e Municipal e Acordos e
Convenções Coletivas.

2. NOCÕES GERAIS:
O capítulo V do Título II da CLT, sob a denominação de segurança e medicina do
trabalho, aparece na doutrina também com outras denominações, como segurança e
saúde, ou como segurança e higiene do trabalho.

Trata-se de conteúdo inserido no título referente às normas gerais de tutela do


trabalho. Faz parte, portanto, do Direito Tutelar do Trabalho, assim como as regras
especiais que, como veremos, são aplicáveis, além das gerais, a determinadas
categorias, em razão das especificidades de seu trabalho. O capítulo traz atribuições e
deveres do Estado, das empresas, dos trabalhadores, medidas preventivas e regras
referentes à insalubridade e periculosidade.

O Bem jurídico a proteger é a vida, integridade física, psíquica, biológica, etc =


que significa saúde. O que é saúde = conforme a OMS, é o completo bem-estar físico,
psíquico, mental e social.

O conteúdo aqui estudado, como se pode verificar, é um conjunto de condições


regidas pela legislação trabalhista e regulamentos do Executivo, relacionadas ao
ambiente de trabalho, englobando a qualidade das instalações, garantias à pessoa do
trabalhador, equipamentos de proteção, cuidados quanto à segurança pessoal do
trabalhador, questões relacionadas com a higiene do local de trabalho e do próprio
trabalhador, além de questões referentes à saúde do trabalhador. Discutir o conceito de

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saúde.

Lembrando Simonin, Amauri M. Nascimento ( in Iniciação ao Direito do Trabalho),


demonstra que o objeto do tema segurança e higiene do trabalho engloba os problemas
de convivência e relação ( manuseio) do homem com as máquinas, o homem relacionado
com o ambiente de trabalho, a sanidade do local de trabalho, os fatores psicológicos,
éticos e morais da relação empregador e empregado, além de aspectos previdenciários.

A higiene, por alguns denominada de medicina do trabalho, cuida da parte da


preservação da saúde do trabalhador, prevendo os perigos para a saúde física e
psíquica que se originam do trabalho. Assim, a higiene compreende a pessoal (vestuário,
banhos, armários, etc) e a higiene do ambiente ( do local de trabalho).

A segurança é o conjunto de medidas que versam sobre condições especiais de


instalação do estabelecimento e de suas máquinas, visando a garantia do trabalhador
contra a natural exposição aos riscos da atividade profissional.

O legislador não desceu a detalhes no tocante às normas de saúde e


segurança no trabalho, a serem observadas por parte das empresas. Por isso, o próprio
legislador incumbiu ao órgão específico competente a elaboração de normas específicas
e a coordenação de sua aplicação e fiscalização ( 155 e 200 da CLT). Trata-se de
competência do Ministério do Trabalho, através da Secretaria de Segurança e Medicina
do Trabalho - SSMT, de regulamentar as referidas normas. Cabe lembrar que a
fiscalização das condições de trabalho, que é competência do MT, pode ser delegada,
por convênio, a Estados e Municípios.

É oportuno lembrar que no campo da saúde e segurança no trabalho é


bastante comum e perfeitamente viável a negociação de regras específicas ( observadas
as regras legais) em relação a equipamentos e condições mínimas de locais de trabalho,
sempre com o objetivo de estabelecer condições mais dignas de trabalho. Tais
procedimentos se justificam principalmente porque as diversidades regionais não podem
ser perfeitamente contempladas nas regras de âmbito nacional.

A redução da jornada de trabalho pode ser forma de prevenção da fadiga e de


acidentes de trabalho. Muitos acidentes ocorrem após a 6a hora de trabalho.

Condições negativas (ou adversas) de trabalho geram: tensão, fadiga,


insatisfação, faltas, instabilidade, queda de qualidade e produtividade, stresse, síndrome
de Burnout (esgotamento). O ambiente, as tarefas, as posturas, o ritmo, a jornada
(excessiva), etc, influenciam positivamente ou negativamente no trabalho.

O descumprimento das normas de segurança no trabalho, ou de saúde e


higiene, leva à caracterização do trabalho degradante.

3. FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES: ( mt, srt, sindicato, cipa)


A fiscalização, nos exatos termos do disposto no artigo 156 da CLT, cabe às
Superintendências Regionais do Trabalho, assim como a imposição de penalidades ( art.
201). diante do descumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho. A
nível nacional, vinculada ao Ministério do Trabalho, existe a SIT – Secretaria de Inspeção
do Trabalho, que inclusive dispõe de grupos móveis de fiscalização, com competência
para atuação em todo o território nacional.

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Na sua normal atividade, a fiscalização das condições de trabalho também é
atribuição do sindicato da categoria profissional. Cabe a este, constatando
irregularidades, denunciar os fatos ao órgão fiscalizador, para que este faça a
constatação, a autuação e a aplicação de penalidade cabível.

Ainda na parte de fiscalização, cabe às SRTs, a inspeção prévia e a


aprovação das instalações de qualquer estabelecimento do campo da indústria ou do
comércio (art. 160), podendo, inclusive embargar a obra, caso contrarie as normas em
vigor. (art. 156 e161). Contudo, a lei foi omissa ao classificar como desobediência
(punível) apenas os casos de descumprimento da interdição ou embargo se do
procedimento do empregador resultarem danos a terceiros ( art. 161§4º).

Descumprimento e conseqüências: O descumprímento das normas de


segurança e saúde poderá acarretar a responsabilidade civil, penal e administrativa do
empregador, além de configurar motivo para a rescisão indireta do contrato de trabalho
nos termos do disposto no art. 483, letras “c” e “d”, da CLT. É claro que as empresas
podem e devem expedir instruções a seus empregados sobre os cuidados a tomar no
exercício das suas funções. Onde há regulamento interno de empresa as obrigações
referentes ao uso e conservação dos equipamentos de proteção individual, assim como
de uso das ferramentas e máquinas, podem ser nele inseridas.

Por outro lado, a recusa pelo empregado do uso dos equipamentos de


proteção individual, ou a inobservância das instruções de uso, poderá acarretar a
dispensa do empregado por justa causa ( art. 158, parág. Único e art. 482, letras “b”, “e” e
“h”, da CLT). É claro que o empregado deve receber as instruções necessárias para o
correto uso dos equipamentos, além de precisas informações quanto às vantagens de
uso do material. Em muitos casos, o uso do equipamento e a discussão dos problemas
dali resultantes, permitem a fabricação e divulgação de equipamentos mais adequados
para o exercício de determinada atividade ou profissão.

4. COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES e outros órgãos.


CIPA – CLT art. 163 a 165 e NR 5
CIPATR – NR 31
As empresas com mais de 20 empregados,e levando em conta o grau de risco
e exposição dos empregados a agentes nocivos, têm por obrigação a constituição de
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes — CIPA, conforme regulamentação
expedida pelo Ministério do Trabalho. Segundo o parágrafo único do art. 163 da CLT, o
MT tem como atribuição regulamentar a constituição, composição e funcionamento das
CIPAs. De resto, a matéria está regulada na NR-5 do MT, inserida na Portaria 3.214/78.
Anexo da referida NR-5 traz uma tabela indicando o risco da atividade e a exigência em
relação à criação de CIPA e o número de participantes. A composição é paritária e varia
de acordo com o número de empregados da empresa, sendo de 01 representante de
cada parte, até mais de 10 representantes de cada lado, dependendo do número de
empregados, mais os suplentes.

Os representantes dos empregados são eleitos pelo voto secreto para um


mandato de um ano (no caso urbano), pedendo o membro ser reeleito uma vez.

Nas atividades rurais, a matéria vem regulada pela NR n. 31, que trata das
normas de segurança e saúde no trabalho rural, dispondo que qualquer empreendimento
rural que tenha mais de 20 empregados (permanentes) devem criar a CIPATR, com
dimensão disciplinada nesta norma, sendo de 1 a 6 representantes de cada lado
(paritária), cujos integrantes tem mandato de 2 anos, com uma reeleição, sendo que as
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demais condições se equiparam aos outros cipeiros (urbanos).

O art. 164 da CLT refere-se à composição das CIPAs, cujos integrantes terão
mandato de um ano, permitida uma reeleição.

Os representantes dos empregados, titulares e suplentes (Cfe. Art. 10,II,”a” do


A.D.C.T. da CF/88 e interpretação feita pelo TST e STF, conforme Súmula 339 do TST e
Súmula 676 do STF),eleitos por voto secreto, têm a garantia provisória de emprego
contra despedida arbitrária, até um ano após o final do mandato, nos termos do art. 165 e
seu paragrafo único da CLT, combinado com o dispositivo constitucional acima referido.
As situações que caracterizam a justa causa, capaz de ensejar a dispensa do empregado
por justa causa, são as elencadas no art. 482 da CLT. ( Confrontar art. 10,II, letra a do
ADCT da CF, com art. 165 da CLT, o item 5.8 na NR 5 e as Súmulas 339 do TST e 676
do STF).

As CIPAS têm como tarefa fundamental o desenvolvimento de atividades de


conscientização e informação quanto ao uso de equipamentos de proteção e cuidados
em situações de risco, visando prevenir acidentes de trabalho. Nestas condições poderá
encaminhar problemas e buscar soluções junto às empresas.

4.1. Outros órgãos de prevenção: SESMT – NR 4 - Serviço Especializado em


Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Trata-se de órgão técnico, cuja
composição depende da dimensão da empresa, do número de empregados e do grau de
risco da atividade, tendo por atribuição a elaboração de mapa de riscos da atividade e a
busca de soluções, visando a segurança no trabalho.
No caso da atividade rural, a NR 31 prevê o SESTR – Serviço
Especializado de Segurança no Trabalho Rural, cuja composição também depende do
número de empregados da empresa.

Os órgãos de segurança e saúde no trabalho (CIPA e SESMT) têm a função de


elaborar mapa de riscos no trabalho, envolvendo agentes químicos, físicos, biológicos e
riscos de acidentes.

O SESTR - é obrigatório em empresas com mais de 50 empregados, podendo ser


interno ou externo. Entre 10 e 50 empregados, há dispensa do SESTR desde que o
empregador ou preposto tenha formação em prevenção de acidentes ou doenças.
A composição do SESTR varia de acordo com a dimensão do empreendimento (do
número de empregados), sendo que o SESMT varia também na sua composição de
acordo com o grau de risco da atividade.
Os técnicos que compõem o SESTR são: engenheiro de segurança ,médico de
segurança do trabalho (nível superior); técnico de segurança do trabalho, enfermeiro do
trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho (nível médio). Se a empresa (empregador)
possue de 51 a 150 empregados precisa ter no quadro um Técnico de Segurança do
Trabalho; de 151 a 300 empregados é obrigatória a contratação de um técnico de
Segurança e um Auxiliar de enfermagem; de 301 a 500 empregados precisa de 1 médico,
2 Técnicos de Segurança e um Aux. De Enfermagem; de 501 a 1000 empregados deve
ter o SESTR composto por 1 Engenheiro, 1 médico, 2 Técnicos, 1 enfermeiro e 1 Aux. De
Enfermagem; acima de 1000 empregados = 1 Engenheiro, 1 médico, 3 Técnicos, 1
enfermeiro e 2 Auxiliares de enfermagem.

A NR 31 ainda dispõe sobre a composição e funções da CPNR e as CPRRs.

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MEDIDAS PREVENTIVAS (específicas e individuais).

5. EXAMES MÉDICOS: ADMISSIONAL, DEMISSIONAL E EXAME PERIÓDICO.


PCMSO – NR 7
Nos termos do disposto no artigo 168 e 169 da CLT, é obrigatório o exame
médico, por conta do empregador, por ocasião da admissão (antes do trabalhador
assumir as suas funções), na demissão do empregado (realizado até a data da
homologação da rescisão contratual, a não ser que o último exame periódico tenha sido
realizado a pouco tempo - menos de 90 dias = NR-7) e periodicamente. A periodicidade
dos exames é estabelecida através de Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego para
atividades nelas discriminadas, em razão de circunstâncias especiais de exposição a
produtos nocivos, trabalho em atividades consideradas insalubres, etc. No caso das
atividades insalubres, a lei exige o exame médico semestral. (NR-7, item 7.1.3., “a”,I)

Para o menor de 18 anos e maior de 45 é exigido exame periódico anual, e


para os demais empregados, a periodicidade é de 02 anos. Contudo, nos casos de
contatos com substâncias especialmente nocivas, a NR-7 exige exames mais freqüentes.

Há, ainda, o exame médico de retorno ao trabalho, realizado no primeiro dia da


volta ao trabalho, exigido nos casos em que o empregado se ausenta da atividade por
mais de 30 dias em razão de doença ou acidente. Exigido também no caso de parto.

Outro exame médico previsto é o de mudança de função, necessário sempre


que o empregado altera a atividade passando a ser exposto a risco diferente. Em caso de
necessidade, a critério médico, poderão ser exigidos exames complementares, tanto no
ato da admissão, como na extinção do contrato e, ainda, periodicamente.

A CLT (art. 168,º 4º) exige, ainda, que todo empregador mantenha no seu
estabelecimento, os materiais necessários aos primeiros socorros, e, evidentemente, com
pessoas treinadas para o correto manuseio, de acordo com a realidade específica da
empresa.

6. EQUIPAMENTOS DE PROTECÃO INDIVIDUAL. (art. 166 e 167 e NR 6)

São obrigatórios nas situações em que as medidas de ordem geral não são
capazes de eliminar a situação de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à
saúde do trabalhador. Os equipamentos a serem utilizados devem ser certificados
pelo órgão competente. A FUNDACENTRO, órgão técnico vinculado ao MTE analisa
os equipamentos e emite o CA – Certificado de Aprovação.

Os equipamentos de proteção individual variam de acordo com a atividade


específica em questão, entre os quais botas (com bico de aço), Iuvas caneleiras,
máscaras, capacete, macacão, roupas especiais, cinto de segurança, etc. Conforme
disposto no art. 166, o equipamento deve ser adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento.

Os equipamentos de proteção devem ser fornecidos gratuitamente pelo


empregador, além do treinamento específico sobre a irmportância e o adequado uso. A
recusa quanto ao uso do equipamento pode acarretar a caracterização da desobediência
(insubordinação) e, consequentemente, a rescisão contratual por justa causa. É comum
as categorias, em acordos ou convenções, estabelecerem regras quanto ao treinamento
e uso dos equipamentos de proteção, além de conseqüências para o não uso.

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Ocorre, também, por vezes, que os equipamentos não são adequados e dificultam
a realização da atividade ou o rendimento do trabalhador, de forma que é possível, num
processo avaliativo se chegar a instrumentos mais modernos a partir de sugestões dos
próprios trabalhadores.

7. INSALUBRIDADE. (art. 189 a 197 da CLT)

São consideradas insalubres as atividades que afetam a saúde humana acima


dos limites de tolerância estabelecidos pelo Min. do Trabalho. São aquelas que, por sua
natureza, condição ou métodos de trabalho, expõe os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza, da intensidade do
agente e do tempo de exposição a seus efeitos (art. 189 CLT). A Norma
0
Regulamentadora n 15 (NR-15) relaciona as atividades e operações consideradas
insalubres. Os limites de tolerância, os meios de proteção e o tempo máximo de
exposição são fixados por Portaria, cfe. Art. 190 CLT.

A insalubridade (art. 189) é caracterizada pela incidência nociva de agentes físicos


(como ruídos excessivos), químicos (ex.: produtos que têm compostos de carbono), e
biológicos ( como os encontrados em hospitais), portanto, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição. A
insalubridade é estabelecida em grau mínimo, médio e máximo, cuja caracterização é
aferida in concreto pelas perícias.

Caracterizada a insalubridade, incidem os adicionais conforme o grau verificado =


grau mínimo — acréscimo de 10% sobre o S. Mínimo; Grau médio — acréscimo de 20%
sobre o S. Mínimo; e Grau Máximo — acréscimo de 40% sobre o S. Mínimo. Se o
empregado tiver Piso Salarial resultante de lei (Salário Profissional) ou de Instrumento
Coletivo,o percentual de acréscimo é calculado sobre este. A Súmula. 17 do TST –
restaurada em 2003 e novamente cancelada em 2008. O motivo foi a Súmula Vinculante
n. 4 do STF que proíbe qualquer vinculação a salário mínimo. Desta forma continua certo
impasse quanto ao salário base para o cálculo do adicional de insalubridade. Atualmente
vigora a referência do salário mínimo para o cálculo do Adicional de Insalubridade, exceto
condições mais favoráveis negociadas pela categoria.

O adicional de insalubridade é instrumento de monetarização da saúde?


O uso de adequados equipamentos de proteção, em termos gerais, minimiza os
efeitos da insalubridade ou do grau desta, podendo até mesmo resultar em eliminação
dos efeitos nocivos para a saúde humana, caso em que o adicional deixa de ser devido.
Em outras palavras, estando os efeitos dentro dos limites de tolerância previstos nos
instrumentos normativos, deixa de incidir o adicional de insalubridade. Conforme art. 166
da CLT, a 1ª obrigação da empresa é adequar o ambiente com medidas preventivas de
carater coletivo. Não sendo suficiente para a adequação do embiente, resulta na
obrigação de fornecer EPI’s e efetuar a orientação para o correto uso.

O Trabalho apenas em parte do dia em atividade insalubre, ou periodicamente,


não elimina o direito aos adicionais do período correspondente. Não há fracionamento ou
proporcionalidade deste adicional.

A fiscalização quanto à correta adoção das medidas necessárias ( equipamentos,


etc) por parte das empresas cabe à SRT(Superintendência Regional do Trabalho (art.
191).

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Há casos em que as categorias econômica e profissional negociam em
instrumentos coletivos a adoção de adicional fixo a título de insalubridade evitando a
necessidade de aferí-la em cada caso concreto. Por outro lado, em muitas situações
caracterizadas como insalubres, o empregado deixa de reclamar referidos adicionais por
causa da necessidade de exame pericial para verificar a incidência e o grau da
insalubridade.

8. PERICULOSIDADE (Art. 193 da CLT, com alteração pela Lei 12.740, de 8/12/2012)

São consideradas perigosas as atividades em que o empregado labora em


contato com explosivos, inflamáveis (NR 16), eletricidade (Lei n. 7.369/85 e Súmula 361 e
364 do TST) e radiações (art. 193 , portaria 3.393, de 1987 com redação da Portaria GM
518/03 do MTE).
O art. 193 da CLT foi alterado, de forma a não exigir o contato permanente, como
era a redação anterior, mas fazendo referência a risco acentuado em virtude de trabalho
com explosivos, inflamáveis, eletricidade. É assim a nova redação do art. 193:

"Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a:
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial.
...
§ 3º - Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza
eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo." (NR)
A lei nº 12.997/14 acrescentou parágrafo 4º no artigo 193 da CLT, considerando
perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta.

Conforme a súmula 364 do TST, somente não dá direito ao adicional de


periculosidade se houver a exposição apenas eventual ou o prazo de exposição for
extremamente reduzido. Ainda assim, é possível fixar o adicional proporcional ao tempo
de exposição em instrumento coletivo.

Nos termos da Súmula 361 do TST, sendo a exposição intermitente, o adicional é


garantido no período integral, porque a lei n. 7.369/85 não estabeleceu
proporcionalidade.

Aqui o uso de equipamentos de proteção em geral não elimina a caracterização


da periculosidade. Os produtos em si mesmos expõem o trabalhador ao risco. Assim, o
que visa o adicional é a compensação financeira do risco a que o empregado está
exposto. O Ministério do Trabalho, através de Portaria (3.214/78) fixou as atividades
consideradas perigosas, relação que sofreu alterações recentes. A caracterização da
periculosidade da atividade é verificada através de perícia.

O adicional de periculosidade é de 30% sobre o salário contratual ( incluídas as


comissões e os abonos, e não incluídos outros acréscimos como gratificação, prêmios ou
participação nos lucros), que se incorpora ao salário para todos os efeitos. Assim também
é pago nas férias, no repouso e no 13º salário. O contato eventual com atividade
perigosa não caracteriza o direito ao adicional.
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O adicional de insalubridade e de periculosidade não são acumuláveís. Por que
não ? É a interpretação predominante extraída do artigo 193 da CLT, de forma que o
empregado, na incidência dos dois, como agentes nocivos e perigosos, deveria optar por
apenas um adicional. No entanto, a natureza dos dois adicionais é diversa. Na atividade
insalubre tem-se como finalidade penalizar o empregador pela manutenção de situações
de exposição do empregado a agentes nocivos à saúde. Na periculosidade, dada a
natureza da própria atividade, o adicional é de caráter compensatório. Daí existirem
posições doutrinárias pela cumulatividade dos dois adicionais.

De qualquer forma, somente se consideram atividades insalubres e perigosas


aquelas integrantes da listagern oficiaI, o que tem sido objeto de controvérsias, uma vez
que a listagem não é exaustiva e deixa atividades nocivas excluídas, como ocorre com
diversas situações do trabalho rural.

Além das atividades consideradas insalubres e perigosas , a CF/88 inseriu no art.


70,XXIII, o direito ao adicional por atividades penosas. São atividades que trazem
desgaste físico, psicológico e mental, além do normal, na execução de outras atividades.
No entanto, não há relação específica de atividades consideradas penosas e, igualmente,
o dispositivo constitucional não foi regulamentado.

9. OUTRAS MEDIDAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO:

- Proteção do (meio) ambiente de trabalho:


O ambiente de trabalho protegido é o conjunto de condições regidas pela
legislação trabalhista.. E o conjunto de regras referentes ao ambiente de trabalho,
visando garantir condições dignas ao empregado. Na verdade abrange todas as normas
relacionadas na parte da segurança e medicina do trabalho.

O Ministério Público tem atuado na defesa do meio ambiente de trabalho, em caso


de violações, através de inquéritos e ações civis públicas.

- prevenção da fadiga: a CLT (ART. 198) permite ao empregado carregar peso


máximo de 60 quilos, lembrando que para a mulher e menor o peso máximo a
carregar é inferior ( 20 Kg). Outra garantia refere-se à colocação de assentos que
garantam postura correta e evitam posição incômoda (art. 199). Além disso, nos
locais e nas atividades onde é possível executar o trabalho sentado, este não
deverá ser feito em pé, devendo ser feito em posição ergométrica conforme
normatização do MT.

A CLT ainda estabelece regras específicas referentes a Edificações (artigos 170 a


174), iluminação (175) e instalações elétricas ( art. 179 a 181), altura do pé direito (3
metros – art. 171), ventilação (art. 176), entre outras.

- Trabalho a céu aberto – NR 21 – Abrigos e proteção contra insolação, calor, frio, etc.
A OJ 173, da SDI-1 do TST, com nova redação (inciso II), garante adicional de
insalubridade quando exposto a calor acima dos limites de tolerência (anexo 3 da
NR15), mesmo que em ambiente externo com carga solar.

- Condições sanitárias – banheiros, água potável, vestiários – art. 200 da CLT.

- Asbesto (amianto) – Convenção 162 da OIT. Decreto 126/91 trata do uso deste.
.x.x.
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