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[EE UNIDADE 3 - HIGIENE OCUPACIONAL I

Programa de Controle Médico de Satide Ocu-


pacional (PCMSQO) estabelece a obrigatoriedade de
elaboragio e implantagdo do PCMSO, por parte de
todos os empregadores e institui¢es, com o objeti-
vo de monitorar, individualmente, aqueles trabalha-
dotes expostos aos agentes quimicos, fisicos e biol6-
gicos definidos pela NR 9, Programa de Prevencio
de Riscos Ambientais (PPRA).
No campo da sade ocupacional, vejamos a
Higiene do Trabalho que é reconhecida como uma
ciéncia que trata do reconhecimento, da avaliagio e
do controle dos agentes agressivos passiveis de levar
o empregado a adquirir doenca profissional.
Tais agentes poderio ser identificados das se-
guintes maneiras, quais sejam:

- Agentes fisicos: ruido, calot, radiagdes, frio,


vibra¢des e umidade.
- Agentes quimicos: poeira, gases e vapores, né-
voas e fumos.
- Agentes bioldgicos: micro-organismos, virus
e bactérias.
- Mecinicos.
- Psicossociais de reconhecida e presumi-
da nocividade.

Podemos citar como exemplo, um empregado


exposto ao ruido, em certas condi¢es, pode adqui-
rir perda auditiva permanente.
Um dos principios da Higiene Ocupacional, a
ocorréncia de doenga profissional, leva em considera-
¢o, dentre outros fatores, a natureza, da intensidade e
do tempo e do tempo de exposi¢io ao agente agressivo.
Terdo que conseguir que o esforgo fisico e mental
exigidos de cada trabalhador para o exercicio do tra-
balho, estejam adaptados as suas necessidades e limi-
tacSes técnicas, anatdmicas, fisioldgicas e psicoldgicas.
Tendo como base esses fatores e foram estabe-
lecidos limites de tolerincia para os referidos agen-
tes, que, no entanto, representam um valor numérico
abaixo do qual se acredita que a maiotia dos traba-
Ihadores expostos a agentes agressivos, durante a sua
vida laboral, ndo contraird doenga profissional.
Contudo, do ponto de vista prevencionista, no po-
dem ser encarados com rigidez, e assim como parime-
tros para avaliagio e controle dos ambientes de trabalho.
Por se ratar de matéria técnica de higiene ocu-
pacional, a regulamentacio foi delegada ao TEM,
conforme dispbe o artigo 190 da CLT, como segue:

“Art. 190. O Ministétio do Trabalho aprovari o qua-


dro das atividades e operagSes insalubres e adotari
normas sobre os critérios de caracterizagio da insalu-
bridade, os limites de tolerincia aos agentes agressi-
vos, meios de prote¢io e o tempo maximo de exposi-
¢do do empregado 2 esses agentes,
obs.: dji. grau. 3: Art. 1.°, Capitulo V do Titulo II da
CLT - L-006.514-1977 - Alteragio
obs.: dji. grau. 4: Atividades Insalubres ou Perigosa.
Parigrafo nico. As normas referidas neste artigo in-
cluirfio medidas de prote¢io do organismo do traba-
Ihador nas operagdes que produzam aerodispersdides
tdxicos, irritantes, alérgicos ou incémodos.
obs.: dji. grau. 3: Art. 1.°, Capitulo V do Titulo IT da
CLT - 1-006.514-1977 — Alteragio.”

O Ministério do Trabalho aprovard o quadro


das atividades e operagdes insalubres ¢ adotara nor-
mas sobre os critérios de caractetizagio da insalubti-
dade, os limites de tolerincia aos agentes agressivos,
meios de protecio e o tempo maximo de exposi¢io
do empregado a esses agentes.
O Ministério do Trabalho e emprego regula-
mentou a matéria na Norma Regulamentadora —
NR-15 da Portatia n.° 3214/78. Portanto, a possivel
caractetiza¢do da insalubridade ocorrera somente se
0 agente estiver inserido na referida norma.
Neste sentido, a Simula 460 do STF (Superior
Tribunal Federal) dispde:

“STF Sumula n° 460 - 01/10/1964 - DJ de


8/10/1964, pig. 3647; DJ de 9/10/1964, pig. 3667;
DJ de 12/10/1964, pag. 3699- Adicional de Insalu-
bridade - Peticia Judicial em Reclamagio Trabalhista -
Enquadramento da Atividade - Para efeito do adicio-
nal de insalubridade, a pericia judicial, em reclamagio
trabalhista, nfo dispensa o enquadramento da ativi-
dade entre as insalubres, que é ato da competéncia do
Ministro do Trabalho e Previdéncia Social”

O entendimento do TST, também, é de que


hi necessidade de classificagio das atividades como
insalubres na relagio oficial elaborada pelo MTb
(Otientacio Jurisprudencial n.° 4 da SDI do TST).
Fica evidenciado que o perito no poderd ex-
trapolar situagbes nio previstas pela Norma Regula-
mentadora 15 da Portaria n.° 3214/78, na apuracio
de insalubridade.

3.1. ATESTADO DE SAUDE OCUPACIONAL

No Atestado de Satde Ocupacional (ASO)


deve-se fazer constar todos os itens previstos na
NR7, com atengio para: nome, nimero de identi-
dade, funcio, riscos ocupacionais especificos, tipos
de exames que foram realizados com data, nome do
médico coordenador e n.° de registro no Conselho
Regional de Medicina (CRM), definigio apto/inap-
to, nome do médico examinador e forma de contato
ou endereco, data e assinatura.
Deveri conter espago para a assinatura do tra-
balhador comprovando o recebimento de uma se-
gunda via do atestado.
‘Todas as atividades possuem riscos que devem
constar no ASO, por exemplo, riscos mecinicos, et-
gondmicos, entre outros inerentes 4 atividade.

3.2. CRITERIO ADOTADO PARA A CA-


RACTERIZAGAO DA INSALUBRIDADE

O MTE, na Portartia 3214/78, regulamentou toda


a matéria de Seguranga e Medicina do Trabalho através
de 34 normas regulamentadoras, estando inserido na
NR-15 e seus 14 anexos as atividades e operagSes insa-
lubres, assim consideradas que se desenvolvem:
- acima do limite de tolerincia previsto nos ane-
xos: 1,2,3,5,11 e 12.
- nas atividades mencionadas nos anexos: 6, 13, e 14.
- comprovadas através de laudo de inspegio do
local do trabalho, constantes do anexo: 7, 8, 9 e 10.
- abaixo dos minimos de iluminamento fixados
no anexo 4, exceto nos trabalhos de extragio de sal.
Esse anexo foi revogado pela Portaria n.® 3.751, de
23.11.90.
Embora, o artigo 189 da CLT estabelega que a
insalubridade ocorra quando a exposigio ao agente
superar o limite de tolerincia, o MTE estabeleceu trés
critérios para a caracterizacio da insalubridade: ava-
liagdo quantitativa, qualitativa e inerentes a atividades.
3.2.1. Avaliagdo quantitativa

Nos anexos 1, 2, 3, 5, 8,11 e 12, nestes casos, 0


petito teri que medir a intensidade ou concentragio
do agente e fazer a comparagio com os limites de to-
lerdncia; somente seri caractetizada a insalubridade
quando os limites forem ultrapassados. Para tanto,
o petito devera utilizar de técnicas e métodos esta-
belecidos pelas normas de higiene ocupacional em
conjunto com a NR15 e seus anexos.
Importante frisar que todos os limites fixados
foram estabelecidos nos limites de tolerdncia da AC-
GIH — (American Conference of Governmental
Industrial Higyenist), devidamente cotrigidos dos
patimetros da jornada de trabalho no Brasil.

3.2.2. Avaliacdo qualitativa

Nos anexos 7, 8, 9,10 e 13 da NR15, no fixou


limites de tolerdncia para agentes agtessivos, embora
a ACGIH os tenha estabelecido para praticamente to-
dos os agentes. Nesse tipo de avaliagio (qualitativa),
o perito devera analisar detalhadamente o posto de
trabalho, a funcio ou atividade do trabalhadot, utili-
zando os critérios técnicos da Higiene Ocupacional.
Leva-se em conta para avaliagdo, dentre outros, o
tempo de exposicio, a forma de contato com o agen-
te e o tipo de prote¢do usada, até mesmo limites in-
ternacionais para a fundamentagfo de parecer técnico.
No caso de substincias quimicas é importante se
observar a dilui¢io das mesmas, caso esteja em solugio.
A auséncia dos limites de tolerdncia fixados pela
NR15, para maioria dos agentes, nio significa que
somente por isso que qualquer exposicio seja peti-
gosa. Alids, 0 MTE, através da Portatia n.° 3.311/89,
tevogada pela Portatia n.° 546/2010, estabelecia cti-
térios para avaliagio qualitativa, definindo o contato
permanente ou intermitente e o eventual,
E o fato do MTE no fixar limites de tolerdn-
cia, ndo autoriza o perito a emitir pareceres pessoais
sem uma fundamentagio técnica para concluir que
qualquer exposi¢do é nociva a saide.
A Portaria n° 3.311/89 foi revogada pela
Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n.°
546/10, que pot sua vez, infelizmente, nada falou
sobre o tema.
Nesse “vacuo legal” predominante, entende-
mos que, apesar de revogada, a Portaria n.° 3.311/89
merece ser considerada quando o assunto for a
definigdo de trabalho eventual, intermitente e pet-
manente. Trata-se de uma forma menos subjetiva e
mais embasada de avaliaciio.
Merece destaque o contetido da Stimula 47 do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), que assim colo-
ca: “O trabalho executado, em cariter intermitente, em
condi¢Ges insalubres, nfo afasta, s6 por essa circuns-
tincia, o direito 4 percepgio do respectivo adicional”.
Na mesma esteira, temos a decisdo abaixo:

“EMENTA: ADICIONAL DE INSALUBRIDA-


DE. EXPOSICAO INTERMITENTE. SUMULA
47 DO TST. Nos termos da Simula 47 do TST, o tra-
balho executado em condigdes insalubres, em carater
intermitente, nfo afasta, sé pot essa circunstincia, o
direito 4 percepgio do respectivo adicional. Agravo
de instrumento conhecido e desprovido.” (AIRR
5868700-22.2002.5.04.0900)

Pelo texto sumulado, concluimos, por exemplo,


que os ministros do TST no obedecem 20 Anexo 14
da Norma Regulamentadora n.° 15, na parte que condi-
ciona a percepgio do adicional de insalubtidade por tis-
co biolégico ao “contato permanente” do trabalhador.
Observamos que os julgados do egrégio tri-
bunal, se fundamentados na Stimula n.° 47, nio
excluem o “contato intermitente” da percepgio do
respectivo adicional.
E uma breve anilise da periculosidade, o racio-
cinio é idéntico. Vejamos a Stimula 364 do TST:

“Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado


exposto permanentemente ou que, de forma intermi-
tente, se sujeita a condigSes de risco. Indevido, ape-
nas, quando o contato di-se de forma eventual, assim
considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, da-
-se pot tempo extremamente reduzido.”

Em sintonia com essa simula, observamos o


seguinte julgado:

“EMENTA: RECURSO DE REVISTA. ADICIO-


NAL DE PERICULOSIDADE. SUMULA 364, I/
TST. A jurisprudéncia desta Corte, consubstanciada
na Stamula 364, I/TST, é no sentido de que tanto o
contato permanente como o intermitente geram o
direito ao adicional de peticulosidade, Incidéncia da
Samula 364, I/TST. Recurso de revista provido.” (RR
22 22/1999-721-04-40.4)

Assim, por seguranga jutidica de todos os pe-


titos que confeccionam laudos de insalubridade/
periculosidade, devemos considerar que observam
também as Stimulas 47 e 364 do TST em todos os
seus documentos.
Sempre defendemos que a primeira medida é alte-
rar a norma, no entanto, a inércia do 6rgio competente
do MTb faz com essas fiquem cada vez mais defasadas.
Deste modo, os profissionais da irea deveriam
provocar o MTb a discutir 2 matéria e, consequente-
mente, adequar as normas pertinentes de caracteri-
zagio de insalubridade e periculosidade.
Outro aspecto importante é a ocorréncia ¢ ex-
posicdo permanente a determinado agente, ou seja,
a uma intermiténcia semanal (uma vez por semana),
essa situagdo os limites sdo fixados por se tratar de
jornada semanal e é considerada a baixo do limite
e quando for considerada de média ponderada nas
situacdes que possuem limite de “valor-teto” fixado
em normas internacionais.
Em termos de percepgio parcial do adicional
de insalubridade, dependeri da decisdo judicial de
cada caso, uma vez que a Stmula 47 do Tribunal Su-
petior do Trabalho nio define intermiténcia didria,
semanal ou mensal.

3.2.3. Avaliagdo qualitativa de riscos


inerentes a atividade

O subitem 15.13 da NR15 estabelece atividades


insalubres nos anexos 6, 13 ¢ 14.
Como nio se pode eliminar ou neutralizar a in-
salubridade, significa que ela é inerente a atividade.
Um exemplo € a do trabalho de contato com pacien-
tes nos hospitais (anexo 14 — agentes biolégicos), o
risco de contigio nio pode ser eliminado somente
com medidas no ambiente ou de uso de EPIs (Equi-
pamento de Prote¢do Individual).
No anexo 13, vem estabelecido que a caracteri-
zagio da insalubridade far-se-4 por inspegio no local
de trabalho.
Cabe a autoridade regional competente, em ma-
téria de segurancga e saide do trabalhador, compro-
var a insalubridade, por laudo técnico de engenheiro
de seguranga do trabalho ou médico do trabalho,
devidamente habilitado, fixar os adicionais devidos
aos empregados expostos a insalubridade, quando
impraticivel sua eliminagio ou neutralizaggo.

3.3. ANALISE DOS AGENTES QUi-


MICOS, FiSICOS E BIOLOGICOS
Sido passiveis de caracterizacio, conforme ane-
xo da NR15, Portaria n.° 3.214/78:
Ruidos: (anexo 1 e 2 — NR15), podem ser con-
tihuos ou intermitentes, e entende-se para esses fins
de aplicagio de limites de tolerdncia, o ruido que nio
seja de impacto.
Os niveis devem ser medidos em decibéis (dB),
com instrumento de nivel de pressio sonora e as lei-
turas devem ser feitas préximas do ouvido do traba-
Ihador. Verifica-se o tempo de exposigio durante a
jornada de trabalho.

Entende-se por Ruido Continuo ou Intermi-


tente, para os fins de aplicagdo de Limites de Tole-
rincia, o ruido que nfo seja ruido de impacto.
Os niveis de ruido continuo ou intermitente de-
vem ser medidos em decibéis (dB) com instrumen-
to de nivel de pressio sonora operando no circuito
de compensagio "A" e circuito de resposta lenta
(SLOW). As leituras devem ser feitas préximas ao
ouvido do trabalhador.
Os tempos de exposi¢ido aos niveis de ruido
nio devem exceder os limites de tolerdncia fixados
no Quadro deste anexo. (115.003-0/ 14)
Para os valores encontrados de nivel de ruido
intermediario seri considerada a méixima exposicio
didria permissivel relativa ao nivel imediatamente
mais elevado.
Nio é permitida exposigdo a niveis de ruido
acima de 115 dB (A) para individuos que ndo este-
jam adequadamente protegidos.
Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois
ou mais periodos de exposi¢io a ruido de diferentes
niveis, devem ser considerados os seus efeitos combi-
nados, de forma que, se a soma das seguintes fragGes:

Cl+C2+C3 +Ln
nn In Ii In

Exceder a unidade, a exposi¢io estard acima do


limite de tolerdncia.
Na equagio acima, Cn indica o tempo total que
o trabalhador fica exposto a um nivel de ruido especi-
fico, e Tn indica a maxima exposi¢do didria permissi-
vel a este nivel, segundo o Quadro deste Anexo.
As atividades ou operagles que exponham os
trabalhadores a niveis de ruido, continuo ou intermi-
tente, supetiores a 115 dB (A), sem prote¢io adequa-
da, oferecerdo risco grave e iminente.
Assim, por exemplo, se um empregado traba-
har sem protetor auricular, em local com ruido de
90 (dB), 2 insalubridade sera caracterizada quando o
tempo de exposi¢io didria for superior a quatro horas.
Observe a tabela que segue:

NORMA RECULAMENTADORA 15

ATIVIDADES E OPERAGOES INSALUSRES

ANEFC IT

LIMITES DE TOLERANCIA PARA RUIDO CONTINUD OU INTERMITENTE

NIVELDE KLM) ALAN IMA EXFUSICAD IMAKIA


DE (4) PERMISSIVEL
[H 9 hora:
26 7 horas
87 hone
i] 2 hore
pid A hers € 30 miruros
El 4 hora
kil 3 horas & 30 mivimas
42 J hora
03 2 horas £ 40 mirutes
od 2 hora: « 12 mirutos
LL] 2 hora
9 1 hora e 43 motos
LH 1 herae 1) moto:
109 Ihr
102 A> mmutoz
104 33 mimwios
103 30 mmutos
105 23 minimns
103 20 nmutos
110 15 minutos
112 10 wrinuius
11 8 mamtos
115 7 winulus

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