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Goste-se ou não, queira-se ou não, o fato é que o carro elétrico enfim chegou com força
ao mercado global, inclusive ao Brasil, e para ficar. É claro que, por aqui, ele ainda
engatinha. Enquanto esse tipo de veículo já representa 10% das vendas globais de
veículos, puxado por mercados como China, Europa e Estados Unidos, aqui eles
representam só 0,4% do mercado.
Todavia, embora ainda esteja longe do poder aquisitivo necessário para adquirir um
carro elétrico, o brasileiro já demonstra muita curiosidade a seu respeito. Afinal, como
funciona um carro elétrico? Ele é muito diferente de um carro a combustão? Como
funciona e quanto custa a recarga? Quanto tempo dura a bateria?
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Carro elétrico: por que andar mais rápido ajuda na autonomia
O carro elétrico tem lógica similar, sendo na verdade até mais simples do que um a
combustão. Em vez de um complexo motor térmico, ele conta com um ou mais dos
chamados motores de indução, muito mais compactos e com muito menos
componentes, conforme contamos neste outro artigo.
O motor elétrico é alimentado diretamente pelo banco de baterias, que substitui o tanque
de combustível. Cada motor se conecta às baterias de modo independente, de modo que
é possível incluir um ou até dois motores independentes por eixo, formando tração
integral ou 4x4 sem necessidade de diferencial central ou cardan.
Fios de alta tensão assumem o lugar do sistema de alimentação para levar a eletricidade
até um inversor, que fica acoplado ao motor elétrico e converte a corrente contínua
(DC) armazenada nas baterias para corrente alternada (AC), a que é efetivamente
aplicada ao motor.
Este, por sua vez, se conecta diretamente ao diferencial, dispensando o uso de caixa de
câmbio. Por isso, diz-se que um carro elétrico possui câmbio de “marcha única com
relações infinitas”. Uma central de controle é responsável por receber as informações do
pedal do acelerador e gerenciar a eletricidade gerada pela bateria.
Dessa forma, o sistema eletrônico define quanta energia será enviada ao motor,
controlando a velocidade do veículo. Como a transferência da energia é quase imediata
e dosada apenas pelo nível de aceleração, o torque máximo surge de modo praticamente
instantâneo.
Por ter muito menos componentes do que um carro a combustão, o elétrico possui um
nível muito mais alto de eficiência energética, aproveitando cerca de 80% ou 90% da
eletricidade acumulada, enquanto um carro térmico usa não muito mais do que 30% de
toda a energia gerada pelo motor. O resto acaba desperdiçado.
A principal distinção entre um automóvel elétrico e híbrido é que o híbrido utiliza todo
o sistema elétrico mencionado acima como elemento auxiliar de propulsão, em conjunto
com um motor a combustão. Suas baterias podem ser tão robustas quanto as de um carro
elétrico, ou também muito menores, a depender da proposta. Há três tipos básicos de
carros híbridos:
Em vez de cabeçote, coletor, válvulas, bloco, pistões, bielas, virabrequim, correia, velas
etc, o motor elétrico é formado basicamente por um rotor e um estator anexados em uma
carcaça. Eles podem operar de modo síncrono (girando em sincronia) ou assíncrono
(sem necessidade de sincronismo).
Em tempos recentes, vem se tornando cada vez mais padronizado o motor elétrico do
tipo síncrono com ímãs permanentes. Como o nome diz, ele utiliza placas
eletromagnéticas em volta do estator. O rotor gira em sincronia com o campo
magnético, tendo um aproveitamento ainda mais alto de energia e gerando mais torque.
Por isso, é mais leve e compacto.
Leia também: Adeus carro elétrico? Como funciona combustível artificial da Porsche
Como é a bateria de um carro elétrico
Os bancos de baterias costumam ser formados por módulos múltiplos. O tipo mais
conhecido de bateria é o de “íons de lítio”. Trata-se de um composto que na verdade se
chama óxido de cobalto, manganês, níquel e lítio (NMC).
Recentemente, tem-se disseminado o uso de baterias do tipo LFP (fosfato de ferro lítio),
um tipo diferente de íons de lítio, menos eficiente no aproveitamento energético, mas
mais baratas e com promessa de maior vida útil.
Como dissemos acima, as baterias são formadas por dezenas ou até centenas de lâminas
ou módulos, que podem ser substituídos individualmente quando danificados, a fim de
reduzir o custo e a complexidade de um eventual reparo.
Para o futuro, fabricantes já estão desenvolvendo baterias como as de estado sólido, que
promete reduzir o peso e o volume dos bancos, ao mesmo tempo em que aumentará a
densidade energética e a capacidade de armazenamento, além de reduzir
substancialmente o tempo de recarga.
Quanto tempo dura a bateria de um carro elétrico
A capacidade de armazenamento de energia de um banco de baterias é medida em kWh
(quilowatt-hora), de modo que o consumo será determinado em km/kWh. Por exemplo,
o BYD Yuan Plus que testamos recentemente possui 60,5 kWh de baterias e obteve um
consumo médio em nosso teste de 5,75 km/kWh. Isso perfez um alcance real de cerca
de 350 km.
Porém, para medir a autonomia de um carro elétrico, órgãos oficiais como o Inmetro
submetem os veículos a diferentes tipos de testes de duração da energia armazenada no
ato da homologação.
Agora, se a pergunta for em relação à vida útil de uma bateria de carro elétrico,
fabricantes estimam que elas são capazes de durar entre oito e dez anos sem a
necessidade de troca dos módulos, ou milhares de ciclos de carga. Oito anos costuma
ser, inclusive, o período de garantia oferecido para todo o conjunto de propulsão de um
carro elétrico.
Há dois tipos de recarga: a lenta, por corrente alternada (AC), que pode variar entre os
220V de uma tomada doméstica ou até 7 ou 8 ou 11 kW em um chamado wallbox.
Nesse caso, será necessário aguardar algumas horas, por vezes até um dia inteiro, para
se preencher os 100% de capacidade.
Já a recarga rápida utiliza corrente contínua (DC) e só pode ser encontrada em postos
especializados, por lidar com eletricidade de alta tensão. Nesse caso, é possível chegar a
100 ou até 150 kW de potência de recarga, e consegue-se ir de 10% a 80% da carga em
períodos como 30 ou 40 minutos.
Porém, antes de comprar um elétrico esperando pelas benesses de uma recarga rápida, é
preciso saber que o veículo desejado precisa ser apto a aceitar recargas do tipo. Modelos
mais simples, como um Renault Kwid E-Tech, não são preparados para tal.
Neste último cenário, a recarga completa de um BYD Yuan Plus sairia por R$ 120,
enquanto o preenchimento entre 10% e 80% da carga custaria aproximadamente R$ 85.
Leia também: Como EUA e Europa estão reagindo à invasão de carros elétricos
chineses
Como é a revisão e manutenção de um carro elétrico
Por ter menos componentes, o carro elétrico possui manutenção muito mais simples e
barata do que um veículo a combustão. Geralmente, os custos de revisão são mais que
50% menores em um veículo elétrico de porte similar.
Por exemplo, enquanto um Peugeot 208 1.6 demandará uma despesa de pelo menos R$
4.828 para as revisões básicas da garantia até 60.000 km, o dono de um e-208 gastará
apenas R$ 2.103 rodando a mesma quilometragem.