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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DO TRABALHO, 2ª EDIÇÃO

CENTRO DE FORMAÇÃO CLÍNICA SAGRADA ESPERANÇA

TRABALHO DE CAMPO 2

FREQUÊNCIA E FATORES DE RISCOS PARA RAQUIALGIAS DA REGIÃO


LOMBAR

Fevereiro, 2024
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DO TRABALHO, 2ª EDIÇÃO

CENTRO DE FORMAÇÃO CLÍNICA SAGRADA ESPERANÇA

Frequência e fatores de riscos para raquialgias da região lombar


em trabalhadores do sector de divisão de regulamentação
aduaneira da TAAG no ano de 2024

Trabalho de Projecto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à


conclusão da 2ª edição do Curso de Especialidade em Medicina do Trabalho, realizado
sob a orientação científica de Professor Doutor Florentino Manuel dos Santos Serranheira.

Fevereiro, 2024
A Escola Nacional de Saúde Pública não se

responsabiliza pelas opiniões expressas nesta

publicação, as quais são da exclusiva

responsabilidade do seu autor.


EPIGRAFE

―A persistência é o menor caminho do êxito‖.

(Charles Chaplin)
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha filha e ao meu neto, pelo apoio incansável recebido.

i
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Dr. Rui Pinto pela oportunidade na realização deste curso

Aos professores da escola Nacional de saúde pública, em especial o professor Florentino


Serranheira

Ao departamento do Gabinete de Saúde ocupacional Dra. Sheila Cardoso, Dra. Ana Paula
Mendes e Dra. Yiudemila Alegria

Aos colegas do 2º Curso de especialização em medicina do trabalho pelo apoio, em


especial o Dr. João Tito, Dr. Romeu Aguiar e Dra. Isabel Eduardo

Ao estimado Dr. Guedes (Psicólogo), Manuel (Téc. De HSE da CSE)

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho

ii
RESUMO

Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) refere-se a um conjunto de


alterações que se traduzem em quadros clínicos de origem ou agravamento ocupacional
decorrentes de distúrbios funcionais, inflamatórios e/ou degenerativos resultantes de
fadiga localizada. As raquialgias ocupacionais são definidas como um conjunto de
distúrbios músculo-esqueléticos da coluna vertebral relacionados à actividade laboral.
Objectivo: O investigador tem como objectivo geral definir frequência de queixas e fatores
de riscos para ralquialgia, com enfoque na lombalgia postural ligada ao trabalho em
trabalhadores do sector de divisão de regulamentação aduaneira da taag no ano de 2023.
Métodos: realizou-se um estudo exploratório e descritivo com os trabalhadores da Divisão
de Regulamentação aduaneira da TAAG. A amostra do estudo foi constituída por 100%
dos trabalhadores do serviço, com a faixa etária dos 37 aos 61 anos, sendo que 53.3% são
contabilistas, 6.7% despachantes, 13.3 informáticos, 6.7% secretários e 20% trabalham em
operações. Resultados: Do estudo realizado 80% dos inquiridos realizada actividade
física, enquanto 20% não realiza nenhuma. Quanto a a caracterização da dor, 60% afirmou
já ter tido dor lombar, nenhum destes foi hospitalizado ou precisou mudar de trabalho pela
dor. Apenas 11,1% precisou mudar de posto de trabalho devido a dor. Relativamente a
intensidade da dor, 77,8% relataram dor leve, 11,1% moderada e 11,1 intensa.
Conclusão: Em função do estudo realizado podemos concluir a maior parte dos
trabalhadores inquiridos apresentou queixas relativamente as raquilgias, apesar de não
terem procurado atendimento médico, sendo que a adopção de posturas extremas,
degeneração fisiológica dos ossos, articulações e nervos como prováveis causas.

Palavras-chaves: LMELT, Raquilgias, TAAG, lombalgias.

iii
ABSTRACT

Work-related Musculoskeletal Injuries (WMSI) refers to a set of alterations that translate


into clinical conditions of occupational origin or aggravation arising from functional,
inflammatory and/or degenerative disorders resulting from localized fatigue. Occupational
spinal disorders are defined as a set of musculoskeletal disorders of the spine related to
work activity. Objective: The researcher's general objective is to define the frequency of
complaints and risk factors for spinal pain, with a focus on work-related postural lumbago in
workers in the customs regulation division of taag in 2023. Methods: An exploratory and
descriptive study was carried out with the employees of TAAG's Customs Regulation
Division. The study sample was made up of 100% of the service's workers, aged between
37 and 61, 53.3% of whom were accountants, 6.7% dispatchers, 13.3 IT workers, 6.7%
secretaries and 20% working in operations. Results: From the study carried out, 80% of
the respondents carried out physical activity, while 20% did not carry out any. As for the
characterization of pain, 60% said they had already had low back pain, none of whom had
been hospitalized or had to change jobs because of the pain. Only 11.1% had to change
jobs because of the pain. Regarding the intensity of the pain, 77.8% reported mild pain,
11.1% moderate and 11.1 severe. Conclusion: Based on the study carried out, we can
conclude that most of the workers surveyed had complaints of back pain, despite not
having sought medical attention, with the adoption of extreme postures, physiological
degeneration of the bones, joints and nerves as probable causes.

Keywords: LMELT, Sprains, TAAG, low back pain.


Índice

DEDICATÓRIA...................................................................................................................... i

Dedico este trabalho a minha filha e ao meu neto, pelo apoio incansável recebido. ................ i

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... ii

RESUMO ............................................................................................................................ iii

ABSTRACT ......................................................................................................................... iv

ABREVIATURAS .............................................................................................................. viii

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1

ENQUADRAMENTO TEÓRICO ...........................................................................................3

2. 1. Caracterização das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) ...3

2.2. Factores de risco ...................................................................................................6

a) Factores de risco relacionados com a atividade .....................................................7

b) Factores individuais ...............................................................................................9

c) Factores psicossociais/organizacionais ................................................................ 10

2.3. Fisiopatologia das LMELT .................................................................................... 11

2.4. Raquialgias: descrição e caracterização............................................................... 12

2.5. Localização das raquialgias ................................................................................. 13

2.6. Categorização das raquialgias ............................................................................. 13

2.7. Epidemiologia das raquialgias .............................................................................. 14

2.8. Factores de risco que contribuem para o seu desenvolvimento ............................ 14

2.9. Factores de risco ligados à atividade.................................................................... 15

2.10. Factores de risco individuais ................................................................................ 15

2.11. Factores de risco organizacionais e psicossociais ................................................ 17


2.12. Prevenção............................................................................................................ 18

2.13. Prevenção das LMELT – Diagnóstico e gestão de risco na ―perspetiva


ergonómica‖ ....................................................................................................................... 20

PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO .................................................................................... 22

3. OBJETIVOS ................................................................................................................ 23

Como objectivo específico pretende-se: ............................................................................. 23

4. DELINEAMENTO METODOLÓGICO .......................................................................... 24

4.2. LOCAL DE ESTUDO .................................................................................................. 24

4.3. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS ................................................................. 24

4.4. POPULAÇÃO DE ESTUDO ........................................................................................ 27

4.5. Métodos de recolha de dados ..................................................................................... 27

4.6. Métodos de armazenamento e tratamento dos dados: ................................................. 28

4.7. Ciclo produtivo de alfandegário ................................................................................... 28

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...................................................................... 29

.......................................................................................................................................... 29

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 33

7. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 34

8. RECOMENDAÇÕES ................................................................................................... 35

9. PROTOCOLO DE VILÂNCIA DA SAÚDE PARA PREVENÇÃO DE RAQUIALGIAS DA


REGIÃO LOMBAR NOS TRABALHADORES DA TAAG ............................................. 36

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 40


INDICE DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1. Tabela de operacionalização de Variáveis ................................................................. 24

Tabela 2. Caracterização do estado de saúde dos trabalhadores.............................................. 31

Tabela 3. Caracterização dos trabalhadores quanto ao carácter da dor lombar ......................... 32

Grafico 1. Distribuição da amostra segundo o sexo ................................................................... 29

Gráfico 2. Distribuição da amostra segundo a função............................................................... 30

Gráfico 3. Distribuição segundo a realização de actividades físicas ........................................... 30


ABREVIATURAS

ACT - Autoridade para as condições de Trabalho

LPLT - lombalgia postural ligada ao trabalho

LMELT - Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho

CSE –Clínica sagrada Esperança

HSE – Health Safety and Environment

TAAG - Linhas Aéreas de Angola.

DRA - Direção de Regulamentação Aduaneira


1. INTRODUÇÃO

As doenças ocupacionais não são recentes em 1717 Bernardino Ramazzini,


considerado o pai da medicina do trabalho, relatou que os movimentos violentos e
irregulares, bem como as posturas inadequadas durante o trabalho provocam lesões
ao longo do corpo (Przysiezny, 2000; Serranheira et al., 2008). A dor, incômodo ou
desconforto ao nível músculo-esquelético, as parestesias e a perda de força,
sobretudo devido a situações e/ou postos de trabalho com elevadas exigências ao
nível postural, com atividades que requerem a repetição de tarefas ou por incorreta
distribuição das pausas, são aceites como um dos indicadores de situações de risco
passíveis de se encontrarem na gênese de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao
trabalho (adiante designadas por LMELT) (Lieber et al., 2000; Serranheira et al., 2003;
Stock et al., 2005; Uva et al., 2008).

Considerando as implicações negativas associadas às raquialgias tanto na vida do


trabalhador quanto no desempenho das empresas, vários autores recomendam a
realização de estudos para a determinação da prevalência desta entidade nosológica
nas empresas (Staal et al., 2003). Tendo em conta esta premissa, este trabalho tem
por objetivo averiguar a existência de raquialgias, através da avaliação de sintomas e
principais atividades referido pelos funcionários do sector aduaneiro da TAAG – Linhas
Aéreas de Angola.

Pretendemos ainda verificar se existe alguma relação entre a presença de


sintomatologia de Lesões Músculo-Esqueléticas e diversas variáveis
sociodemográficos dos trabalhadores, nomeadamente a idade, género, total de anos
que se encontra a exercer a atividade, peso e altura, uma vez que estes trabalhadores
desempenham um trabalho que requer elevado esforço físico.

As raquialgias ocupacionais apresentam elevada prevalência, provocando grande


sofrimento na vida do trabalhador. Angola, encontra-se ainda numa fase embrionária,
de grosso modo, não se fazendo sentir o papel da medicina do trabalho.

Sendo a TAAG uma grande empresa estatal com serviços de saúde ocupacional em
fase inicial, despertou o interesse em realizar um estudo do género nos trabalhadores,
com o intuito de contribuir para a reflexão em torno da melhoria das condições de
trabalho e consequentemente contribuir para a prevenção das raquialgias.

Visto que no nosso meio existem poucos estudos disponíveis deste género,
propusemo-nos realizar o presente estudo para produzir conhecimento em relação a

1
sua magnitude e, que seja útil na elaboração de medidas preventivas que possam
beneficiar o trabalhador, as empresas e a sociedade em geral.

Consideramos importante a abordagem desta temática porque, durante a análise da


situação de trabalho, tivemos a oportunidade de observar adoção de posturas
inadequadas no manuseamento de bagagens, pesos elevados das bagagens,
repetitividade de gestos e acções técnicas assim como alguns outros fatores de risco
que, ao longo do tempo contribuem para o desenvolvimento de lesões na coluna
vertebral.

Deste modo, e tendo em conta o ―fio condutor‖que temos vindo adotar,


colocamo-nos à seguinte pergunta de partida:

- Será que os trabalhadores da Direcção de Regulamentação Aduaneira (DRA),


apresentam sintomas de raquialgias?

2
ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2. 1. Caracterização das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho


(LMELT)

Segundo Gonzalez et al. (2008), o trabalho é uma das dimensões fundamentais na


vida dos indivíduos. Pode ser compreendido como um território ambivalente, que tanto
pode dar origem a processos de alienação e mesmo de descompensação psíquica,
física e cognitiva, como pode ser fonte de saúde e instrumento de emancipação,
respondendo a uma série de necessidades.

Atualmente, as empresas necessitam competir tanto no mercado nacional como


internacional. Desta forma buscam grande produtividade e menor custo, o que gera,
muitas vezes ritmos de trabalho intensos, turnos prolongados, ambientes ergonômicos
inadequados, pressão imposta pelos superiores, entre outros factores que originam
stress no ambiente laboral e alta incidência de LMELT (Gonzalez et al., 2008).

Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) refere-se a um conjunto


de alterações que se traduzem em quadros clínicos de origem ou agravamento
ocupacional decorrentes de distúrbios funcionais, inflamatórios e/ou degenerativos
resultantes de fadiga localizada (Buckle e Devereux, 2002; Célia et al., 2004). Este
termo refere-se a lesões caracterizadas pela presença de vários sintomas,
nomeadamente dor, parestesias, perda de coordenação e perda de força
(Konijnenberg et al., 2001; Rietveld, 2007; Stock et al., 2005; Uva et al., 2008).

Outro aspeto importante, diz respeito às várias regiões do corpo afetadas por estes
distúrbios. Estes afetam tanto os músculos, como os tendões e os nervos dos
membros, sobretudo os dos superiores, mas também podem surgir noutras regiões
como pescoço e tronco, evoluindo para inflamações crónicas com consequências
funcionais (Buckle e Devereux, 2002; Maeno et al., 2001; Przysiezny, 2000;
Serranheira et al., 2008; Uva et al., 2008).

As LMELT podem ser agrupadas de acordo com a estrutura afetada, sendo tendinites
ou Tenossinovites (lesões localizadas ao nível dos tendões e bainhas tendinosas, por
exempla tendinite do punho, a tendinite da cabeça longa do músculo bíceps, a
tendinite do músculo supra espinhoso, a epicondilite); síndromes canaliculares (lesão
de um nervo; por exemplo, Síndrome do Túnel Cárpico); raquialgias (lesão
osteoarticular e/ou muscular ao longo de toda a coluna vertebral ou apenas numa
parte desta) e síndromes neuro vasculares (lesão nervosa e vascular em simultâneo)
(Przysiezny, 2000; Uva et al., 2008).

3
O primeiro relato de LMELT foi descrito por Bernardino Ramazzini. No entanto, atualmente,
existem diversas nomenclaturas para nomear estas condições, como Occupational
Cervicobrachial Disorder, no Japão; Repetitive Strain Injuries na Inglaterra e Austrália;
Cumulative Trauma Disorders, nos Estados Unidos e Doenças Osteomusculares
Relacionadas com o Trabalho (DORT) no Brasil (Gonzalez et al., 2008; Mozzini et al., 2008;
Przysiezny, 2000; Tyrer, 1999). As LMELT não têm origem, exclusivamente em movimentos
repetitivos, mas também em posturas extremas prolongadas, na sobrecarga muscular
estática, no excesso de força, nas temperaturas extremas, na utilização de instrumentos
vibratórios ou, muitas vezes, sem a presença de qualquer um destes requisitos,
predominando a presença de outros factores, nomeadamente os factores individuais e/ou
factores organizacionais/psicossociais (Cole et al., 2005; Lieber et al., 2000; Serranheira et
al., 2007; Tyrer, 1999; Uva et al., 2008). Os efeitos destes fatores dependem da sua
duração, frequência e intensidade (magnitude) (Li e Robbins, 1999). Por exemplo, assumir
a posição de sentado por períodos de tempo longos, em posições fixas e incorretas, terá
como consequência o aumento do stress biomecânico da coluna, pescoço e membros
superiores (Pillastrini et al., 2007).

Segundo Serranheira et al. (2005), nas duas últimas décadas do Século XX, as LMELT
adquiriram nos Estados Unidos, na Europa e no mundo em geral, uma importância
considerável. Este tipo de lesões destaca-se como um dos maiores problemas de
saúde pública da atualidade, devido ao custo e ao impacto na qualidade de vida das
pessoas, sendo das maiores causas de limitação funcional da população adulta
(Abasólo et al., 2005; Melzer, 2008; Miranda et al., 2003; Monteiro et al., 2006;
Serranheira et al., 2005; Serranheira e Uva, 2008; Walsh et al., 2004). Estas lesões
são responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho e pelos custos com
pagamentos de indemnizações na maior parte dos países industrializados. Além dos
gastos com o absentismo, indemnizações, tratamentos e processos de regresso ao
trabalho ou reintegração ao trabalho, a descriminação também é um aspeto relevante
(Buckle e Devereux, 2002; Walsh et al., 2004).

A partir da recidiva de queixas, o trabalhador é visto como um problema pela


supervisão e pela gerência da empresa. Também é comum que seja discriminado
pelos colegas de trabalho, que se sentem sobrecarregados pelo fato de o colega
doente reclamar de dor e faltar ao serviço. Segundo Abasólo et al. (2005), as LMELT
promovem perdas de produtividade equivalentes a 1,3% do produto bruto nacional nos

E.U.A. Esta incapacidade de trabalho é um desafio para a empregabilidade, para a

4
produtividade do negócio e para a capacidade dos sistemas de saúde e segurança
social.

Existem várias estratégias para lidar com este tipo de lesões, nomeadamente,
estratégias envolvendo legislação, gestão de riscos, ergonomia, prevenção e
educação. O número médio de dias de falta ao trabalho por causa das LMELT é o
triplo do número médio de dias de trabalho perdidos para todos os outros tipos lesões
associadas ao trabalho, e o total de custos diretos e indiretos para a sociedade foi
estimado em 1 trilião de dólares em 1995.

Segundo Serranheira e Uva (2008), na Europa, durante o ano de 1995, as LMELT


foram identificadas entre as dez doenças mais prevalentes de origem ocupacional e
nos Estados Unidos alguns autores caracterizaram esse número de casos com perfil
epidémico. Os estudos epidemiológicos mais exaustivos sobre doenças ocupacionais
são provenientes dos E.U.A. Estas doenças afetam cerca de 15 a 20% da população
norte americana (Costa et al., 1999). De acordo com o Labor Bureau of Statistics,
entre 1981 e 1994, houve nos Estados Unidos um aumento de vezes no número de
casos de LMELT, sendo que em 1994 correspondia a 65% de todas as doenças
ocupacionais. (Gonzalez et al., 2008).

De acordo com Costa et al. (1999), ao contrário do que seria de esperar, a relação
entre trabalho e as lesões músculo-esqueléticas não é uma relação recente. Tal
relação foi assinalada há 100 anos em trabalhos que associavam a atividade laboral e
o risco acrescido de aparecimento das tendinites. Numa análise retrospetiva
conseguiu-se demonstrar que o risco de tendinite do punho e mão aumenta 29 vezes
em trabalhos cuja atividade implique movimentos repetitivos e forçados, em
comparação com outros trabalhadores cuja profissão não envolva tais movimentos.

A Organização Internacional do Trabalho revela que os problemas de saúde estão


frequentemente relacionados com as condições de trabalho; 29% dos trabalhadores
consideram que o seu trabalho põe em risco a sua vida; 23% dos trabalhadores estão
ausentes do trabalho por razões de saúde relacionadas com o trabalho; 37% dos
trabalhadores realizam tarefas curtas e repetitivas; 57% efetuam gestos repetitivos da
mão ou do braço; 17% dos trabalhadores sentem dores musculares nos braços e nas
pernas; 30% dos trabalhadores sentem dores nas costas (Warming et al., 2009).

As lesões músculo-esqueléticas, principalmente as lombalgias, ocupam os primeiros


lugares entre as doenças crônico-degenerativas no que diz respeito ao perfil de
morbidade em diversos países, O custo anual com lesões músculo-esqueléticas tem
sido estimado entre 1.0% e 2.5% do produto nacional bruto de países como Inglaterra,

5
França e Austrália. A incidência é maior entre os trabalhadores jovens, prevalecendo
entre os 20 e 39 anos, em virtude de as pessoas iniciarem as suas atividades
profissionais mais cedo (Walsh et al., 2004).

A incidência é também maior nas mulheres devido a questões hormonais, ao duplo


trabalho (doméstico e profissional), ao aumento do número de mulheres no mundo do
trabalho e também pelo facto das mulheres ocuparem os postos de trabalho menos
diferenciados, portanto mais repetitivos e com elevadas cadências. Por outro lado,
existem ainda períodos do ciclo de vida da mulher em que há maior incidência das
LMELT, principalmente síndrome do túnel cárpico, como são os exemplos
paradigmáticos da gravidez e da menopausa (Serranheira et al., 2005).

Estudos desenvolvidos com a população britânica para determinar a prevalência de


dor na região cervical e a sua relação com as atividades ocupacionais assinalaram a
maior prevalência de sintomas entre trabalhadores da construção civil, seguida pelas
enfermeiras e pelos membros das forças armadas (Melzer, 2008; Monteiro et al.,
2006;). Segundo Ndetan et al. (2009), os fisioterapeutas também são considerados
outro grupo de risco, com uma alta incidência de dor ao nível da zona lombar devido a
algumas atividades realizadas, como a mobilização e a transferências dos pacientes.
Os dentistas também representam um grupo de risco, desenvolvendo principalmente
lesões do túnel cárpico.

2.2. Factores de risco

De acordo com Uva et al. (2008), um fator de risco é algo inerente ao trabalho, e que
pode provocar um efeito adverso (negativo), por exemplo nos tendões (tendinites).

A exposição ao fator de risco pode causar (ou não) doença ou lesão, dependendo de
vários outros fatores adicionais. Por exemplo, usar um alicate em que se aplica força
não significa obrigatoriamente que se venha a desenvolver uma lesão ou uma doença.
No entanto, se a utilização for prolongada (por exemplo, quatro ou mais horas diárias),
a probabilidade de vir a desenvolver uma doença ou lesão aumenta. Ou ainda, se a
utilização do alicate exigir uma posição esforçada da mão, a probabilidade de
desenvolver lesão pode aumentar. Na origem das diversas lesões destacam-se a
repetição de movimentos, a insistência de posturas incorretas, o esforço físico
despendido, o levantamento de cargas, a invariabilidade de tarefas, a pressão
mecânica sobre determinados segmentos corporais, em particular dos membros
superiores, o trabalho muscular estático, as percussões ou impactos com as mãos; as

6
vibrações; as baixas temperaturas, os vários factores organizacionais e os diversos
aspetos de natureza psicossocial (Li e Robens, 1999; Piligian et al., 2000; Uva et al.,
2008).

As lesões resultam consequentemente de um desequilíbrio entre as solicitações


biomecânicas e as capacidades funcionais do trabalhador, uma vez que os intervalos
de recuperação necessários são insuficientes ou inexistentes (Serranheira et al.,
2005). De acordo com Miranda et al. (2003), apesar de existir vários factores de risco
de LMELT, que têm de ser considerados na etiologia das lesões, não se pode perder a
noção que, embora expostos a condições laborais adversas semelhantes, nem todos
os trabalhadores irão desenvolver patologia. Assim, os estudos de base
epidemiológica que evidenciam um modelo multifatorial de risco para as LMELT
destacam, como foi anteriormente referido, contributos de:

- factores de risco relacionados com a atividade (factores de risco com origem nos
meios ou processos de realização da atividade de trabalho), insuficientemente
valorizados pelas organizações;

- factores de risco individuais ou relativos à suscetibilidade individual, também


chamados cofatores de risco,

- factores de risco organizacionais/psicossociais presentes no contexto do trabalho,


que embora sejam também factores de risco profissionais, são frequentemente
perspectivados de forma distinta dos factores profissionais clássicos (Miranda et al.,
2003; Piligian et al., 2000; Serranheira et al., 2008; Stock et al., 2005; Uva et al.,
2008).

Deste modo, podemos caracterizar os diferentes factores de risco da seguinte forma:

a) Factores de risco relacionados com a atividade

Nos factores de risco relacionados a atividade o risco será sempre aumentado com a
frequência e a aplicação de força, visto que, quanto maior for a força exercida ao
realizar uma atividade ex: operadores de máquina, maior a probabilidade de
desenvolver LMELT devido a pressão sobre os músculos envolvidos para realizar tal
atividade. Deste modo as forças exercidas nas tarefas ocupacionais podem ser
diretamente afetadas pelo peso dos objetos manuseados, pela maneira como
equipamento/ferramentas será manuseado e as características de fricção entre as

7
superfícies tocadas e a pele, outro bom exemplo que indica que a frequência com que
realizamos determinada tarefa poderá ser um fator de risco e uso do mouse do
computador que apesar de não ter um pesosignificativo costuma ser uma das
principais causas de LMELT em trabalhadores administrativos. (Uva et al., 2008).

Considera-se força elevada para o membro superior a manipulação de pesos (ou


cargas) acima dos 4 Kg. No entanto, uma força ligeira aplicada, por exemplo, com os
dedos e a mão numa tesoura, a cortar tecido, mesmo que este não ofereça
resistência, pode igualmente originar uma lesão músculo-esquelética relacionada com
o trabalho (LMELT) (Uva et al., 2008). O levantamento e o transporte de cargas
também são considerados fatores de risco de LMELT ou doença da coluna vertebral,
quando executados incorretamente. Os choques e os impactos também aumentam o
risco de desenvolver LMELT, por exemplo, o impacto das mãos (a fazer de martelo) e
impacto dos braços ou pernas contra um equipamento durante o processo de
montagem (Uva et al., 2008).

De acordo com Miranda et al. (2003), a repetição (gestos e/ou movimentos) é sem
dúvida um dos principais fatores desencadeantes de lesões músculo-esqueléticas. A
repetição de tarefas existe quando ocorre a realização de movimentos idênticos mais
de duas a quatro vezes por minuto, acima de 50% do tempo de ciclo de trabalho, em
ciclos de duração inferior a trinta segundos ou realizados durante mais de quatro
horas, no total de um dia de trabalho (Serranheira e Uva, 2006; Serranheira et al.,
2008). Avaliar se o trabalho é repetitivo exige saber se existem ciclos de trabalho ou
tarefas em linhas de produção onde se utilizem, por exemplo, movimentos idênticos,
posturas ou aplicações de força com as mesmas regiões anatómicas (ex.: os braços e
as mãos).

Em suma, a invariabilidade gestual também pode ser um fator de risco de LMELT (Uva
et al., 2008). A postura bípede humana pode ser definida como a organização de
segmentos corporais que cada indivíduo faz para garantir equilíbrio entre músculos e
ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano de
traumatismos e promover coordenação para as diversas necessidades de movimento
(Falcão et al., 2007; Serranheira et al., 2008).

Segundo Falcão et al. (2007), para a postura ser considerada normal, deve haver
ausência de forças assimétricas sobre os segmentos corporais e, consequentemente,
inexistência de dor. A exposição a vibrações é igualmente um fator de risco de LMELT
que está frequentemente associado à utilização de ferramentas elétricas ou
pneumáticas.

8
Quanto maior a força aplicada sobre a ferramenta, mais facilitada é a transmissão de
vibrações ao sistema mão-braço (Uva et al., 2008). Por fim, as temperaturas extremas
(elevadas ou baixas) também poderão ser consideradas um fator de risco para a
LMELT.

b) Factores individuais

O aumento da idade apresenta, sem dúvida, os resultados acumulados de uma


exposição que pode resultar na diminuição da tolerância dos tecidos, da força, da
mobilidade muscular e articular. Paralelamente ao avanço na idade observa-se,
também, o aumento do nível de experiência. Os trabalhadores mais jovens e/ou
inexperientes em situações com exigências de aplicação de força têm mais
dificuldades na realização de tarefas, exercem mais força, apresentam fadiga precoce
e, consequentemente, apresentam maior prevalência de lesões, comparativamente
aos trabalhadores experientes (Serranheira et al., 2008; Uva et al., 2008) A presença
de sintomas, nomeadamente dor a nível da região cervical e dos ombros, apresenta
valores de prevalência mais elevada nas mulheres. Em geral, a capacidade de
suportar carga física é inferior no sexo feminino, o que implica um aumento de esforço
para as mulheres quando se encontram em postos de trabalho semelhantes aos dos
homens e consequentemente um risco acrescido para o desenvolvimento de LMELT
(Uva et al., 2008).

Peso, altura e outras características antropométricas podem contribuir para a gênese


de lesões músculo-esqueléticas, principalmente quando se trata de indivíduos com
uma morfologia que se afasta dos valores médios da população (Serranheira e Uva,
2008). Frequentemente, os indivíduos altos ou baixos são confrontados com postos de
trabalho sem ajustabilidade e dimensionados para a média dos trabalhadores, o que
pode originar ou agravar a existência de doença ou lesão, em particular nas mulheres
(Uva et al., 2008). Algumas doenças como a diabetes, doenças do foro reumatológico,
certas doenças renais ou antecedentes de traumatismo, também podem constituir uma
susceptibilidade acrescida (Serranheira et al., 2005; Uva et al., 2008). A gravidez é
outro exemplo de uma situação que pode contribuir para o aumento da vulnerabilidade
a nível músculo-esquelético, designadamente por se verificarem, por exemplo,
alterações do equilíbrio osmótico devidas ao aumento do nível de circulação hormonal,
o que pode contribuir para a síndrome do túnel cárpico (Serranheira et al., 2008). Por
último, os estilos de vida não saudáveis: por exemplo, o tabagismo e o alcoolismo são
situações que podem aumentar o risco de LMELT (Serranheira et al., 2005;
Serranheira et al., 2008).
9
c) Factores psicossociais/organizacionais

A evidência científica de contributos procedentes da organização do trabalho e/ou das


suas influências psicossociais para o desenvolvimento de LMELT foi, ao longo dos
anos, de difícil aceitação. As dificuldades assentavam na complexa conceptualização,
na difícil quantificação dos conhecimentos, e na delicada identificação dos
mecanismos subjacentes a estes factores na saúde dos trabalhadores (Serranheira et
al., 2008).

A percepção de ritmos intensos de trabalho e/ou de elevadas exigências de


produtividade é considerada fator de risco de LMELT (Serranheira et al., 2008; Uva et
al., 2008). Segundo Miranda et al., (2003), a ausência de estímulos pode originar
stress que, por sua vez, pode vir a desencadear lesões músculo-esqueléticas. As
condições de vida, o envolvimento social e de trabalho podem constituir fontes de
motivação ou da sua ausência, o que é, com frequência, motivo para minimizar ou
maximizar a sintomatologia associada com a atividade de trabalho (Uva et al., 2008).

Por fim, os horários, os turnos, os ciclos de produção (principalmente as alturas de


picos de trabalho), o trabalho em linha, a ausência de pausas são alguns dos
elementos que podem aumentar a carga de trabalho, originando situações de
incompatibilidade com as capacidades do trabalhador (Serranheira et al., 2008; Uva et
al., 2008).

10
2.3. Fisiopatologia das LMELT

As LMELT caracterizam-se por sintomas como a dor (a maior parte das vezes
localizada, mas que pode irradiar para diversas áreas corporais); parestesias na área
afetada ou em áreas próximas; sensação de peso; fadiga ou desconforto localizado;
sensação de perda ou mesmo perda de força. (Cole et al., 2005; Uva et al., 2008).

Segundo Tyrer (1999), os grupos musculares mais frequentemente envolvidos incluem


os do pescoço e ombros, em particular o trapézio, tanto o flexor como o extensor do
antebraço e os pequenos músculos da mão. Segundo Serranheira et al. (2008), os
sintomas de LMELT surgem de modo insidioso, predominantemente ao fim do dia de
trabalho (ou nos picos de produção). Geralmente observa-se melhoria com o repouso
e nos períodos de afastamento do local de trabalho, como as folgas, os
fins-de-semana e os períodos de férias. A dor surge geralmente na região das
estruturas afetadas, como acontece nas tendinites e nas Tenossinovites, sendo
agravada pela mobilização da articulação subjacente ou pela pressão aplicada
localmente. No entanto, no caso das lesões por compressão nervosa, a dor irradia a
todo o território da região afetada (Serranheira et al., 2008). Caso a exposição aos
fatores de risco desencadeantes se mantenha, os sintomas, inicialmente intermitentes,
tornam-se gradualmente mais persistentes e continuados permanecendo durante a
noite, dificultando a conciliação do sono e prolongando-se até nos períodos de
repouso. Nesta fase os sintomas passam a ser desencadeados mesmo por esforços
ou estímulos mínimos, interferindo não só com o trabalho, mas também com as mais
simples atividades do quotidiano. Numa fase posterior podem aparecer
espontaneamente ou ser desencadeados por estímulos tão diversos como a
ansiedade ou as alterações de temperatura ambiente (Serranheira et al., 2008).

A atividade de levantamento de cargas realizada de forma incorreta pode ter como


consequência as LMELT, pois esta atividade faz com que os movimentos resultam em
grandes forças de compressão e cisalhamento da coluna vertebral, o que pode
resultar em lesão dos discos intervertebrais, músculos y ligamentos (González et al.,
2008). O mesmo autor defende ainda, a realização de uma história clínica e
ocupacional completa e um exame físico, com especial atenção aos membros
superiores. Os exames complementares devem ser solicitados de acordo com sua
hipótese diagnóstica e com a necessidade de se estabelecer possíveis diagnósticos
diferenciais, assim como para o correto estabelecimento do nexo causal com o
trabalho.

11
2.4. Raquialgias: descrição e caracterização

A doença relacionada com as atividades laborais implica grandes custos humanos –


principalmente causadores de absentismo, acidentes e queixas nas empresas (Falcão,
2007).

As raquialgias, designadas também por ―dores nas costas‖ ou ―das cruzes‖,


geralmente estão associadas com a atividade laboral e os sintomas variam de acordo
com a região da coluna vertebral atingida, podendo ser com ou sem irradiação. As
lombalgias (ou lumbago) e as Cervicalgia são as queixas mais frequentes. As posturas
prolongadas de pé, os movimentos frequentes de flexão e de extensão da coluna, o
manuseamento e transporte de cargas, a permanência sentada em trabalho com
computador, são causas possíveis de raquialgias. (Uva et al, 2008).

As raquialgias são, assim, lesões musculoesqueléticas descritas como um dos


principais problemas da Saúde Ocupacional. No contexto laboral, as raquialgias têm
afetado sobretudo os profissionais de saúde, em particular os enfermeiros (Warming et
al., 2009).

As raquialgias ocupacionais são definidas como um conjunto de distúrbios


músculo-esqueléticos da coluna vertebral relacionados à atividade laboral.
Clinicamente manifestam-se por dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. Essas
manifestações têm geralmente uma evolução insidiosa, o que faz com que o
trabalhador não se aperceba precocemente do seu início. Por ser intermitente, de
curta duração e de leve intensidade, a sintomatologia pode passar por cansaço
passageiro ou ‗mau jeito‘ e caso não sejam tomadas medidas de terapêuticas e
preventivas, os sintomas se intensificam e passam a aparecer de forma espontânea e
contínua, comprometendo a capacidade funcional do trabalhador (Maemo et al, 2005).

As raquialgias são um problema de saúde pública, especificamente da saúde


ocupacional, constituindo uma causa de afastamento temporário ou permanente do
trabalhador (Mostafa, 2000).

O desenvolvimento das raquialgias é multifactorial. Assim, a identificação dos fatores


de risco associados directa ou indirectamente ao seu desenvolvimento é relevante
para a elaboração e implementação de medidas preventivas. Essa preocupação
remonta desde o século XVII, quando em 1700 o médico italiano, Ramazzini (1613 –
1714), após observar doenças que ocorriam nos trabalhadores de mais de 50
ocupações, introduziu na anamnese a pergunta: qual é a sua ocupação? Essa

12
abordagem que tem permitido ao profissional de saúde chegar às causas da doença e
estabelecer tratamento e medidas preventivas eficazes (Mostafa, 2000).

As raquialgias estão associadas a algumas atividades laborais. Nesta perspectiva, as


atividades que colocam estresse excessivo sobre a coluna vertebral, constituem o
principal fator de risco para o desenvolvimento das raquialgias. Assim, funcionários
cujas as atividades laborais dependem de força física e trabalho manual para a sua
execução, correm o risco de sofrer de raquialgias, a principal causa de absentismo
(Maemo, 2005).

2.5. Localização das raquialgias

As raquialgias, de acordo com a localização, podem ser divididas em cervicalgia,


dorsalgia ou lombalgia. A cervicalgia comum é a mais frequente, diagnostica-se após
exclusão de outras causas e caracteriza-se por dores cervicais associadas a
perturbações estáticas ou posturais, mio fasciais ou osteoarticulares degenerativas.
Pode ser intermitente e envolver os segmentos cervicais superiores (tendo irradiação
para a região suboccipital) ou envolver os segmentos médios ou inferiores (com
irradiação frequente para a região dorsal alta) (Coelho et al., 2005).

A dorsalgia pode derivar de alterações locais do aparelho locomotor, bem como a


projeção dorsal de afecção de outros órgãos intratorácicos ou intra-abdominais. A
mobilidade limitada deste segmento, faz com que a patologia mecânica tenha menor
importância que a do segmento cervical e lombar. A grande maioria das dorsalgias é
de causa desconhecida, autolimitada no tempo e de prognóstico benigno (Coelho et
al., 2005).

2.6. Categorização das raquialgias

As raquialgias podem ser categorizadas em especifica, se a mesma deriva de um


quadro etiológico bem definido, ou inespecífica, se associada a uma súmula de
diversas variáveis bio morfológicas e psicossociais, que devem ser compreendidas
sobretudo como factores de risco e não causais. O profissional de saúde tende a
interpretar as dores da coluna sempre à face de um quadro clínico específico,
enquanto o profissional de saúde não médico, como o fisioterapeuta, tende a valorizar
fundamentalmente o quadro funcional da síndroma dolorosa, teoricamente enfatizando
as causas multifatoriais da raquialgia (Coelho et al., 2005). Assim sendo, pode ser dito
que existe uma forma diferente de categorizar a dor por parte dos médicos em relação
a outros profissionais de saúde. Mas ainda assim, no que diz respeito às metodologias
de prevenção e tratamento da raquialgia, ou seja, no respeitante à intervenção face à
dor raquidiana, a distinção conceptual entre médicos e não médicos deixa de existir,

13
acontecendo que em todos eles prevalece um conjunto elevadíssimo de mitos
relativos à forma como devem ser manipulados os estados de dor e as idiossincrasias
posturais mais singulares (Coelho et al., 2005). Ao considerarmos que a ―postura‖
pode ser trabalhada, devemos ter em conta a necessidade de realização de uma
reeducação postural para reequilibrar os desalinhamentos gerados; pois, é certo que
as alterações posturais são reequilibrar veis, mesmo que as deformidades vigentes
sejam do tipo estrutural. (Coelho et al., 2005).

2.7. Epidemiologia das raquialgias

A raquialgia é considerada um problema de saúde pública, afetando sobretudo a


população em idade ativa, uma vez que se relaciona em grande medida com as
atividades laborais. Estima-se que 70% a 80% da população podem chegar a ter um
episódio de dor forte nas costas ao longo da vida, principalmente na região lombar. No
contexto do trabalho as raquialgias podem ser a causa de absentismo laboral e
significativa quebra de produtividade.

Segundo estudos que têm vindo a ser realizados o número de invalidez por
raquialgias tem aumentado, de forma exponencial, nos países industrializados,
assumindo contornos de cronicidade (Vieira & Kumar, 2004).

2.8. Factores de risco que contribuem para o seu desenvolvimento

A identificação dos fatores de risco das raquialgias não é fácil e menos fácil ainda é a
compreensão da interação entre esses fatores. O que é decisivo para o aparecimento
da lesão é a existência de um desequilíbrio entre as solicitações do trabalho e as
capacidades do indivíduo, quando não se respeitam os intervalos de descanso e
recuperação do nosso corpo (Uva et al., 2008).

As características específicas de cada local de trabalho (condições ou condicionantes


do trabalho) e a atividade laboral exercida podem ser consideradas como elementos
fundamentais na gênese de elevadas prevalências de raquialgias (Serranheira et al.,
2008).

A perspetiva ergonómica permite destacar a importância da realização da análise da


atividade real de trabalho, nomeadamente ao integrar e procurar relações entre a
análise das condições de trabalho, a análise da atividade laboral (forma como o
trabalho é realizado) e as consequências da atividade sobre o trabalhador e sobre o
sistema (Serranheira et al., 2008).

14
Esta sistematização constitui um contributo fundamental para a compreensão dos
sistemas de trabalho e para o desenvolvimento dos sistemas de prevenção das
raquialgias (Serranheira et al., 2008). As lesões resultam consequentemente de um
desequilíbrio, sem necessários intervalos de recuperação, entre as solicitações
biomecânicas e as capacidades funcionais do trabalhador, uma vez que os intervalos
de recuperação necessários são insuficientes ou inexistentes (Serranheira e Uva,
2007).

2.9. Factores de risco ligados à atividade

Os factores de risco ligados à actividade são pouco valorizados pelas organizações e


responsáveis pela saúde dos trabalhadores (Serranheira et al., 2005). De acordo com
Uva et al., (2008) postura é definida tendo em conta o alinhamento biomecânico, a
orientação espacial das várias zonas corporais, a posição dos diferentes segmentos
anatómicos e a atitude corporal durante a atividade laboral. Serranheira & Uva (2008)
acrescentam ainda que em ergonomia considera-se que as tarefas realizadas durante
a atividade laboral, as ferramentas e utensílios usados, assim como as capacidades e
limitações dos trabalhadores, incluindo as características antropométricas, são
determinantes na postura que desenvolvem, (Serranheira et al., 2003). As posturas de
trabalho, gestos ou movimentos são analisados com recurso a vários métodos
observacionais (Serranheira et al., 2005). Estas incluem, entre outros, a flexão, a
extensão, a rotação e a inclinação em torno de cada articulação, e são extremamente
importantes e referidas na maioria dos estudos na área da Ergonomia.

2.10. Factores de risco individuais

Atendendo que os indivíduos não apresentam a mesma suscetibilidade para o


desenvolvimento de problemas de saúde, o desenvolvimento de raquialgias, segundo
alguns autores, pode estar relacionado com características individuais, como por
exemplo 6 o sexo, a idade, características antropométricas, existência de doenças
crónicas e obesidade (Bernard, 2001; Ranney, 2000). Verifica-se uma maior incidência
na mulher, uma vez que as mulheres ocupam frequentemente postos de trabalho mais
repetitivos e com elevadas cadências e são as mulheres responsáveis pela maioria
(senão mesmo todas) das atividades domésticas, onde as solicitações biomecânicas
dos membros superiores e da coluna são elevadas (Serranheira et al., 2005).

15
Para a maioria das mulheres, esta dicotomia associada à participação substancial nas
tarefas domésticas conduz com frequência a sobrecarga física e reduz a
oportunidades de recuperação após a jornada de trabalho, constituindo mais um
contributo para aumentar a suscetibilidade das mulheres às raquialgias (Serranheira et
al., 2005). No geral a capacidade física de trabalho é inferior no sexo feminino, o que
implica uma carga de trabalho acrescida para as mulheres quando se encontram em
postos de trabalho semelhantes aos dos homens e consequentemente um risco
acrescido (Lieber et al., 2000).

16
2.11. Factores de risco organizacionais e psicossociais

Para além dos factores de risco mencionados anteriormente, existem outros cujo
controlo é fundamental, nomeadamente os factores de natureza organizacional e
psicossocial. Estes factores de risco presentes no contexto do trabalho, embora sejam
também factores de risco profissionais, são frequentemente perspectivados de forma
distinta (Serranheira et al., 2005). Como fatores de risco psicossociais apontam-se
aspectos como por exemplo o trabalho monótono, a supervisão, a colaboração entre
os trabalhadores e a satisfação no trabalho. Entre os fatores organizacionais do
trabalho incluem-se as horas extras, períodos prolongados de trabalho, ausência ou
insuficientes intervalos de descanso, não rotatividade nas tarefas, exigências de
produtividade (Ranney, 2000).

Segundo Serranheira e colaboradores (2005) a organização do trabalho é apresentada


e discutida compreendendo seis grandes áreas das quais resultam os consequentes
factores de risco: a) Horário de trabalho (ex.: horas de trabalho, pausas, turnos) b)
Tipologia de tarefa (ex.: complexidade, monotonia, controlo processo); c) Relações
interpessoais (ex.: relacionamento com os superiores hierárquicos e com os colegas);

d) Progressão profissional (ex.: oportunidades de carreira); e) Estilo de chefias (ex.:


trabalho em equipa, gestão participativa); f) Características organizacionais (ex.:
cultura de trabalho). Estas grandes áreas podem ser consideradas variáveis de
referência na avaliação dos fatores de risco. Apesar de ser difícil conseguir-se uma
avaliação exata, estes podem ser explorados através de questionários ou entrevistas
efetuadas aos trabalhadores (Serranheira et al., 2005).

17
2.12. Prevenção

As raquialgias evoluem rapidamente para situações incapacitantes quer no plano


profissional, quer no plano individual, uma vez que atingem frequentemente jovens
adultos na fase ativa da vida, pelo que merecem uma maior atenção por parte dos
diversos agentes envolvidos no seu estudo e consequente prevenção (Serranheira et
al., 2005). A única forma eficaz de reduzir o número dos casos passa, inevitavelmente,
pela prevenção, que só se torna efetiva se for participativa e abrangente. (Serranheira
et al., 2005).

A prevenção das raquialgias é um problema de todos e não dos médicos e dos


trabalhadores com doenças ou lesões (Serranheira et al., 2005). Conhecer as lesões e
adotar medidas preventivas é o passo certo, após um maior investimento em locais (e
organizações) de trabalho mais saudáveis e, portanto, concebidos também em função
da garantia de uma boa condição física dos trabalhadores (Uva et al., 2008).

A integração de todos os contributos dos órgãos da administração/gestão da empresa,


das chefias intermédias e dos trabalhadores, que deveriam estar presentes desde o
momento da concepção da situação de trabalho até à sua implantação. Qualquer que
seja a natureza da intervenção no ambiente de trabalho e na atividade, existe sempre
a necessidade de centrar no indivíduo ações que permitam uma mais correta
avaliação do risco (Serranheira e Uva, 2007).

Segundo os autores, na última instância os fatores de risco de natureza individual são


os mais determinantes, já que o grande objetivo das medidas de prevenção não se
confina apenas a ter um ambiente de trabalho sem fatores de risco, mas sim um
trabalhador saudável, sem lesões e, se possível, cómodo e seguro. A prevenção das
raquialgias passa sempre pela existência de um conjunto de procedimentos que
sistematicamente reduzem a probabilidade do trabalho e das condições de trabalho
atuarem como fatores determinantes (Serranheira et al., 2005).

A prevenção das raquialgias consiste num modelo de gestão do risco que integra as
principais componentes (Uva et al., 2008): a) Análise do trabalho b) Avaliação do risco

c) Vigilância da saúde do trabalhador de) Informação e formação dos trabalhadores

Para prevenir os riscos de origem em fatores de risco considerados na área da


ergonomia no local de trabalho, a ACT (Autoridade para as condições de Trabalho),
considera ser necessário uma análise do posto de trabalho, a fim de se identificarem
os perigos e avaliar os riscos associados, implementar medidas de prevenção

18
adequadas a combater os riscos, vigiar a saúde dos trabalhadores, disponibiliza
informação e formação adequadas, de modo a permitir que o trabalhadores se tornem
agente ativo dessa prevenção e, finalmente, implica a reavaliação da eficácia das
alterações introduzidas.

19
2.13. Prevenção das LMELT – Diagnóstico e gestão de risco na “perspetiva
ergonómica”

Segundo Uva (2006), inicialmente, durante a revolução industrial na Europa, os


serviços de medicina do trabalho de empresa desenvolveram-se com a finalidade do
tratamento médico dos acidentes e doenças profissionais e, por vezes, envolvendo a
prestação de cuidados globais de saúde e abrangendo mesmo, em alguns casos, as
famílias dos trabalhadores. É nesse contexto que começa a ser desenvolvido algum
conhecimento médico, alargado mais tarde à área da Higiene Industrial, sobre as
interdependências entre a insalubridade dos ambientes de trabalho e determinadas
doenças profissionais «exclusivas», dada a sua prevalência.

Desenvolve-se então o conceito de exposição profissional que se encontra


intimamente relacionado com o conceito de dose de exposição, isto é, a quantidade de
um agente profissional que atinge um trabalhador exposto, e incrementam-se estudos
sobre os efeitos negativos desses fatores (profissionais) de risco para a saúde e
segurança e a consequente necessidade de uma abordagem de natureza preventiva
(Uva, 2006).

A necessidade de monitorizar e antecipar a possibilidade de ocorrência de LMELT


passa pela prevenção e pela existência de um conjunto de procedimentos, designados
na literatura como «programa ergonómico de prevenção de LMELT»: (1) análise do
trabalho; (2) avaliação e controlo do risco de lesões; (3) vigilância da saúde do
trabalhador; (4) acompanhamento médico; (5) formação e educação do trabalhador
(Serranheira et al., 2003).

A Organização Mundial de Saúde refere que a prevenção de lesões no sistema


músculo-esquelético deve ser realizada utilizando uma abordagem ergonômica,
mediante o melhoramento do ambiente, instrumentos, equipamentos e métodos de
trabalho (Célia e Alexandre, 2004).

Segundo Mozzini et al. (2008), em auxílio a estes aspetos, surgiu oficialmente em


1949 a Sociedade de Pesquisa em Ergonomia, preocupando-se com as condições de
trabalho, melhoria da produtividade e condições de vida da população. De acordo com
Célia e Alexandre (2004), a ergonomia é a ciência que estuda a adaptação do local de

20
trabalho à exigência do mesmo, avalia os problemas, os riscos e a satisfação; adapta
o ambiente e as tarefas a serem executadas ao trabalhador.

Pode fornecer o ponto de partida para avaliar se uma lesão está, ou não, relacionada
com o trabalho (Célia e Alexandre, 2004; Larotonda et al., 1999). Atualmente, a
ergonomia é chamada a intervir em situações cujas problemáticas variam desde a
concepção de salas de controlo extremamente automatizadas, até questões referentes
ao trabalho manual, passando por queixas relacionadas com o ambiente físico de
trabalho (Warming, 2009).

De acordo com Gonzalez et al. (2008), confirmado o diagnóstico de uma lesão


músculo-esquelética, o profissional deve empenhar-se para constatar a causa básica
da doença (deve sempre considerar o diagnóstico diferencial e conhecer o ambiente
de trabalho) e tratar a doença e o doente conjuntamente. É importante averiguar, em
todos os casos em investigação clínica de LMELT, a possibilidade de outros
diagnósticos. Também é fundamental reconhecer que muitos destes indivíduos podem
não ser portadores de lesões músculo-esqueléticas. Uma considerável proporção
destes pacientes pode apresentar outras doenças e o atraso no diagnóstico leva a
grandes custos para o paciente e para a sociedade.

Atualmente existem várias opções de tratamento conservador para as LMELT, apesar


da evidência inquestionável da sua eficácia; não existem provas de que as medidas de
intervenção ergonómicas e os exercícios sejam eficazes no alívio de sintomas ou no
melhor desempenho das atividades da vida diária (Konijnenberg et al., 2001).

21
PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO

1. Quais são as características sociodemográficas dos trabalhadores com lombalgias


postural ligada ao trabalho (LPLT)?

2. Estes trabalhadores possuem algum factor de risco que pode debilitar o seu estado de
saúde e aumentar a predisposição para a LPLT?

3. Como é a caracterização da dor nos pacientes com LPLT?

4. Que relação têm essas crises álgicas com o trabalho?

22
3. OBJETIVOS

O investigador tem como objectivo geral definir frequência de queixas e fatores de


riscos para lombalgia postural ligada ao trabalho (LPLT) em trabalhadores do sector de
divisão de regulamentação aduaneira da taag no ano de 2023.

Como objectivo específico pretende-se:

1. Caracterizar a amostra sociodemográficamente segundo o sexo, idade, peso, altura,


antiguidade, membro superior dominante, horas de trabalho por semana, tipo de
horário e actividades realizadas fora da empresa.

2. Caracterizar o estado de saúde dos trabalhadores quanto a: Realização de actividade


física; Consumo de tabaco; Consumo de café; consumo de álcool e presença de
doenças crônicas, uso de medicação habitual, tratamento de reabilitação em curso e
ida ao médico no último ano;

3. Identificar as presença e queixas de lombalgia quanto a: Necessidade hospitalização;


necessidade de mudança de emprego; periodicidade; intensidade; necessidade de
redução da intensidade;

4. Caracterizar a atividade de trabalho e sua relação com a presença de lombalgia.

5. Elaborar o protocolo de vigilância da Saúde.

23
4. DELINEAMENTO METODOLÓGICO

4.1. TIPO DE ESTUDO

Fez-se um estudo observacional, descritivo e transversal.

4.2. LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi realizado no sector a sector de divisão de regulamentação aduaneira da


TAAG.

4.3. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Tabela 1. Tabela de operacionalização de Variáveis

TIPO DE DEFINIÇÃO ESCALA/CATEGORIA


VARIÁVEL
VARIÁVEL DA VARIÁVEL S

Característica 1. Masculino
Sexo Nominal
biológica do
indivíduo 2. Feminino

Tempo em
anos
Média, Desvio pdrão,
completos
Médiana, Máximo e
Idade Numérica desde a
Mínimo.
nascença até a
data actual.

Numérica Peso corporal Média, Desvio pdrão,


Peso
do indivíduo Médiana, Máximo e
Mínimo

Numérica Tamanho do Média, Desvio pdrão,

Altura indivíduo dos Médiana, Máximo e


pés ao topo da Mínimo

cabeça em kg

Numérica Tempo que Média, Desvio pdrão,


iniciou
Médiana, Máximo e
actividade na
Tempo de trabalho
empresa até a Mínimo
data actual

24
Nominal Membro 1. Direito
Membro superior
habitual que 2. Esquerdo
dominante
executa as
actividades

Numérica Tempo de Média, Desv. Padrão,


serviço em mediana, máximo e
Antiguidade anos desde a
mínimo
admissão até a
data actual
Numérica Tempo de Média, Desv. Padrão,
Horas de trabalho por
mediana, máximo e
trabalho em
semana
horas mínimo
cumprido.

Nominal Tipo de
Tipo de trabalho
trabalhado
executado

Actividade Fora da Nominal Trabalho que Sim


empresa realiza fora da Não
empresa

Nominal Realização de Sim


Realização de act. Física
act. Física Não

voluntária
Nominal Uso de tabaco Sim
Uso de tabaco
Não

Nominal Consumo de Sim


Uso de bebida alcóolica bebida Não
alcoólica
Nominal Consumo de Sim
Uso de café
café Não

Presença de doença Nominal Presença de Sim


crónica doença crônica Não

Nominal Uso de Sim


Uso de medicação
Não
medicação
habitual
para doença
crônica

25
Tratamento de Nominal Tratamento Sim
reabilitação fisioterápico Não

Nominal última vez que Sim


Última ida ao médico
foi ao médico Não

Nominal Dor lombar em


Sim
algum
Não
momento
Presença de dor lombar desde que

iniciou a

trabalhar
Nominal Sim
Necessidade
de Não
Necessidade de hospitalização
por conta da
hospitalização
dor

Nominal Necessidade Sim


Necessidade de Mudança
de mudança
Não
de posto de trabalho por
conta da dor

Duração de dor lombar Numérica Duração da


nos últimos 12 meses dor

Nominal Leve; Moderada e


Intensidade da dor
Intensa

Nominal
Necessidade
Sim
de redução
Necessidade de redução intesidade Não
da actividade actividade por
conta da dor

Tempo de impedimento Tempo em Média, Desv. Padrão,


Nominal
de realização de
abstinência mediana, máximo e
actividade nos últimos 12
meses pela dor mínimo

26
Necessidade
Sim
Necessidade de de
Nominal Não
atendimento por um atendimento

profissional da saúde nos por um

últimos 12M por profissional da


lombalgia saúde nos

últimos 12M
por lombalgia

Presença de lombalgia Nominal Sim


nos últimos 7 dias Não

4.4. POPULAÇÃO DE ESTUDO

A população de estudo foi constituída por 15 trabalhadores da TAAG, uma empresa do


ramo da aviação civil localizada em Angola, província de Luanda, Município de
Luanda, admitidos até 31-12-2023.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídos todos os funcionários da TAAG que concordaram em participar do


estudo mediante a assinatura do consentimento informado.

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos todos os funcionários da TAAG que não concordaram em participar


do estudo.

4.5. Métodos de recolha de dados

A colheita de dados foi feita através de um questionário com perguntas abertas e


fechadas para a colheita de dados.

27
4.6. Métodos de armazenamento e tratamento dos dados:

Os dados foram armazenados e processados em uma base de dados criada no


software Excel do pacote office 2018. Em seguida serão descritas por método de
estatística descritiva sendo as variáveis nominais distribuídas em frequências
absolutas simples e relativas e representadas em gráficos de barra e circular. Já as
variáveis numéricas serão distribuídas utilizando as grandezas estatísticas média,
mediana, máximo, mínimo e desvio padrão.

4.7. Ciclo produtivo de alfandegário

Com a chegada da mercadoria nos armazéns inicia o ciclo produtivo:

● Verificação no sistema aeroportuário;

● Registo e facturação junto a ENANA;

● Constatação da existência da mercadoria no armazém;

● Levantamento da mercadoria dos armazéns;

● Revisão do processo pela AGT;

● Saída e distribuição da mercadoria para as áreas solicitantes.

As actividades iniciam com a recepção dos processos aduaneiros referente as


mercadorias existentes, e as mesmas são distribuídas com base no registo no SAP,
em seguida são redigidas a documentação para as áreas do registo e licenciamento. É
feito a confirmação física das mercadorias e encaminhadas para o armazém, mediante
o levantamento manual de carga por parte dos operacionais. A chegada ao armazém
é emitido as facturas corresponde das mercadorias pelo fiel do armazém e distribuídas
para as respectivas áreas de alocação. Por fim os despachantes encaminham para a
AGT para a devida confirmação e autorização.

Os dispositivos técnicos usados para as actividades são: computadores, impressoras,


resmas de papel, lapiseira, lápis, carrinhas, empilhadoras, porta-cargas, cadeiras,
secretárias, capas de documentos para arquivo.

28
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

O estudo foi constituído por 15 elementos que pertencem ao sector de divisão de


regulamentação aduaneira da TAAG. Quanto ao sexo 86,7% (n=13) da amostra era do
sexo masculino e 13,3% (n=2) pertenciam ao sexo feminino. Quanto a idade, a média
de idade foi de 44 anos com um desvio padrão de 7 e mediana de 42 anos. O máximo
de idade observado foi de 61 anos e mínimo 37 anos. A média entre o peso dos
indivíduos foi de 79,6 kg e com desvio padrão de 13. O peso máximo identificado foi
de 101 e mínimo de 61 kg. Quanto ao tempo de serviço a média foi de 13 anos, desvio
padrão de 4, máximo 23 mínimo 9 anos. A carga horária por semana era de 40
horas/semana. A média de pausa foi de duas (2) pausas, desvio padrão de zero (0)
máximos 3 mínimos 2. A média do tempo de duração entre as pausas foi de 30
minutos, desvio padrão de 16, mínimo 2minutos e máximo de 60 minutos.

Grafico 1. Distribuição da amostra segundo o sexo

29
Quanto a função, 53,3% dos trabalhadores deste sector exercem a função de contabilista,
enquanto os despachantes e secretários têm uma representatividade de 6,7% cada. Os
trabalhadores responsáveis pelas operações estão frequentemente expostos a fatores de
riscos importantes de raquialgias tais como o levantamento de cargas e têm uma
representatividade na amostra de 20%.

Gráfico 2. Distribuição da amostra segundo a função

Quanto à realização da atividade física, cerca de 80% da amostra realiza, enquanto


20% não realiza qualquer atividade física.

Gráfico 3. Distribuição segundo a realização de actividades físicas

30
Quanto ao estado de saúde dos trabalhadores, cerca de 86,7% dos trabalhadores
realizam alguma atividade física voluntária enquanto 13,3% não realizam atividade
física. Em relação ao consumo de álcool, cerca de 40% dos trabalhadores consomem,
enquanto 60% não consomem. Em relação ao uso do tabaco, 1,3% alegaram ser
usuários e 86,7% não. Quanto ao consumo de café, apenas 26,7% alegaram fazer
consumo habitual do café. Em relação a presença de doença crônica, cerca de 20%
têm alguma doença crônica, nomeadamente a HTA, não referindo outra patologia
crônica. Em relação ao tratamento de reabilitação, nenhum dos participantes referiu
estar sob tratamento de reabilitação. Quanto à visita ao médico nos últimos 12 meses
cerca de 86,7% referiram terem visitado o médico, As consultas realizadas foram de
clínica geral (10), oftalmologia (2) e ortopedia (1).

Tabela 2. Caracterização do estado de saúde dos trabalhadores

Actividades Resposta N %

Sim 13 86,7
Realizar actividade física
Não 2 13,3

Sim 6 40
Cons. Álcool
Não 9 60

Sim 2 13,3
Fuma
Não 13 86,7

Sim 4 26,7
Uso habit de café
Não 11 73,3

Sim 3 20
Tem doença crônica
Não 12 80

Sim 0 0
Faz tto de reabilitação
Não 15 100

Sim 13 86,7
Real.Cons Médica (12M)
Não 2 13,3

31
Em relação a dor, 60% da amostra referiram ter tido algum episódio de lombalgia, ao
contrário dos 40%. Dos trabalhadores que já experimentaram algum episódio de
lombalgia (n=9), nenhum necessitou de hospitalização nem mudança de trabalho por
conta da dor lombar. Em relação a necessidade de mudança de posto 11% (n=1)
necessitou de mudar de posto por conta da dor lombar. Quanto à intensidade da dor,
77,8% tinham dor leve, enquanto 11,1% tinham dor moderada e outros 11,1% (n=1)
tinham dor intensa (n=1). Em relação a necessidade de atendimento médico, nenhum
deles necessitou de atendimento médico por conta da dor. Em relação à presença da
dor nos últimos 7 dias, cerca de 86,7% referiram ter tido quadro de dor lombar nos
últimos 7 dias.

Tabela 3. Caracterização dos trabalhadores quanto ao carácter da dor lombar

Actividades Resposta N %

Sim 9 60
Teve dor lombar
Não 6 40

Sim 0 0
Foi hospitalizado (n=9)
Não 9 100

Sim 0 0,0
Nec. de mudar de W pela dor? (n=9)
Não 9 100,0

Sim 1 11,1
Nec. De mudar de posto (n=9)
Não 8 93,7

Leve 7 77,8

Qual a intensidade (n=9) Moderada 1 11,1

Intensa 1 11,1

Sim 0 0
Nec. De atendimento médico (n=9)
Não 9 100

Sim 9 100
Lombalgia nos últ. 7 dias (n=9)
Não 0 0

32
6. DISCUSSÃO

Apesar das queixas sobre raquialgias da região lombar ser muito frequente em nosso
meio, não foi encontrado em nehuma base de dados estudos publicados no nosso
meio e particularmente na TAAG sobre raquialgias da região lombar o que certamente
limitou a possibilidade de comparação com outros estudos.

O estudo foi constituído por 15 trabalhadores, 86,7% (n=13) do sexo masculino e


13,3% (n=2) do sexo feminino com uma média de idade de 44 anos, desvio padrão de
7 anos, mínimo de 37 anos e máximo de 61 anos de idade. A média de idade de 44
anos anos e com média de tempo de trabalhado de 13 anos faz pensar na
possibilidade de que a dor lombar já experimentado pelos 60% dos trabalhadores
poderá ser de ter como causa as posturas e a degeneração fisiológica dos ossos,
articulações e nervos na região lombar.

A realização de exercícios físicos, o controle de peso e adpoção de posturas corretas,


são formas de simples e práticas de reduzir a possibilidade de surgimento de quadros
de raquialgias da região lombar. O peso médio entre os trabalhadores de 79,6 kg que
não é um peso táo elevado, a região de actividade física e a inexistência de patologia
degenerativa da região lombar justifica o facto de esses trabalhadores não terem
quadros de dor intensa que justificaria um atendimento médico e/ou um tratamento
mais invasivo que poderia levar a necessidade de mudança de posto de trabalho ou
de trabalho. Apesar de que a maiordia destes trabalhadores a intesidada da dor foi
leve, 11% tiveram dor intensa e ainda assim enhum necessitou de tratamento médico
o que pensa-se que estes trabalhadores não tinham informação sobre os efeitos do
trabalho executado para raquialgias e suas consequencias para a saúde.

Um estudo decorrido em 2012, buscou caracterizar LMELT em assistentes


operacionais, no qual aplicou-se um questionário respondido por 95, 45%, com uma e
a média de idades de 44 anos, no qual todos referiram queixas músculo-esqueléticas.
Verificou-se associação entre queixas e a actividade de preparação e empacotamento
de matéria (Serranheira e tal, 2012).

Um ensaio piloto em 49 cantoneiros de diferentes zonas da grande Lisboa que aplicou


a adaptação do questionário nórdico músculo-esquelético em Outubro de 2011,
evidenciou uma prevalência significativa de sintomas músculo-esqueléticos em
diferentes zonas do corpo nos últimos 12 meses de 82%, região lombar (53%), região
cervical e dorsal (35%), região do joelho (33%) (Carrolo, 2011).

33
7. CONCLUSÃO

Podemos concluir que a maior parte dos trabalhadores apresentam queixas no que
tange as raquilgias, com especial enfoque as lombalgias. A maior relataram apenas
dor leve e um numero reduzido dor intermédia e apenas 1 com dor intensa. A maior
parte dos profissionais não procuram atendimento médico a apesar das queixas e
existe um número reduzido (um profissional) mudou ocupação devido a dor.

A ausência de um programa de detecção precoce de Lesões músculo-esqueleticas


relacionadas com o trabalho, falta de sensibilização com formação e informação por
parte dos profissionais, podem ser apontadas como razões para a falta de
acompanhamento médico e adopção de boas práticas por parte dos profissionais da
Divisão de Regulamentação aduaneira da TAAG.

Participaram no estudo 15 trabalhadores da divisão de regulamentação aduaneira da


TAAG, 86,7% do sexo masculino e 13,3% do sexo feminino. A média de idade foi de
44 anos com DP de 7 anos. A média do tempo de serviço foi de 13 anos com DP de 4
anos. Dos trabalhadores estudados 86,7% referiram ter tido algum episódio de dor
lombar nos últimos 7 dias. A dor lombar de grau leve teve uma prevalência de 77,8%.

34
8. RECOMENDAÇÕES

Após conclusão do trabalho, deixamos as seguintes recomendações:

Que seja feito uma análise ergonómica da actividade habitual neste posto de trabalho
com o objectivo de identificar os principais factores de riscos para LMELT, aplicação de
medidas de melhoria contínua;

Formação e informação dos trabalhadores sobre lesões músculo-esqueléticas ligadas


da ao trabalho, particularmente sobre os factores de riscos para as raquialgias da
região lombar, levantamento e mobilização de cargas e posturas;

Acompanhamento médico dos casos clínicos, incluindo o processo de ―readaptação‖


ao trabalho;

Criação de um programa de vigilância medica sobre lesões músculo-esqueléticas


ligada ao trabalho, particularmente as raquialgias da região lombar.

35
9. PROTOCOLO DE VILÂNCIA DA SAÚDE PARA PREVENÇÃO DE
RAQUIALGIAS DA REGIÃO LOMBAR NOS TRABALHADORES DA TAAG

9.1. Introdução

Este protocolo tem como objetivo definir as orientações técnico-profissionais que


deverão ser seguidos pela equipa médica e de enfermagem no sentido de guiar as
ações a se desenvolver no âmbito do exame médico perante trabalhadores com risco
de desenvolver raquialgias da região lombar. Serão incluídos no protocolo os
trabalhadores em processo de admissão na TAAG a uma função que tenha o como
factor de risco: Trabalho sentado, levantamento de cargas, trabalho que exige
aplicação de força, trabalhadores da TAAG com queixas de raquialgias e
trabalhadores com acidente de trabalho resultante em dor na região lombar.

Os principais sinais e sintomas de raquialgias da região lombar são:

- Dor na região lombar

- Parestesia nos membros inferiores

- Redução da capacidade da amplitude articular durante os movimentos de flexão e


extensão da coluna lombar

Com este protocolo a equipe médica e de enfermagem será capaz de:

1. Caracterizar a situação da do aparelho osteoarticular da região lombar em


trabalhadores da TAAG durante a admissão e demissão;

2. Identificar situações de suscetibilidade individual que possam aumentar o risco de o


trabalhador desenvolver raquialgias da região lombar;

3. Acompanhar a evolução das queixas de raquialgias da região lombar e ou doenças do


sistema osteoarticular associada ou agravada pelo trabalho;

4. Identificar precocemente qualquer situação de surgimento de raquialgias em


trabalhadores exposto;

5. Orientar as medidas de correção para prevenir riscos de raquialgia da região lombar;

6. Desenvolver ações de formação e informação sobre fatores de riscos para raquialgias,


método de prevenção e tratamento.

36
9.2. Exames médicos

Os exames médicos podem ser: Exames de admissão, exames periódicos, ocasionais


e exames demissionais.

1. Exames de admissão: Será realizado em todos os trabalhadores durante a admissão


ou nas duas primeiras semanas após início das funções da divisão de regulamentação
aduaneira da TAAG. Durante este processo será feito uma história clínica com
descrição detalhada dos antecedentes profissionais, exame físico e realização de
exames de raio x da coluna lombar para além dos exames complementares paara a
avliação da saúde global como: Hemograma, Glicémia, Função hepática e função
renal.

2. Exames periódicos: Será realizado anualmente em todos os trabalhadores da divisão


de regulamentação aduaneira TAAG. Durante este processo será feito novamente uma
história clínica, exame físico e realização de exames de raio x da coluna lombar para
além dos exames complementares para a avaliação da saúde global como:
Hemograma, Glicemia, Função hepática e função renal.

3. Exames ocasionais: Os exames ocasionais podem ser solicitados pelo próprio


trabalhador, pelas chefias e pelo médico do trabalho nas seguintes situações:

- Baixas médicas por mais de 90 dias, mudança de função, aquisição de novos


equipamentos e presença de queixas de dor lombar ou cervical.

4. Exames demissionais: Será realizado em todos os trabalhadores elegíveis para este


protocolo e com término da sua função na divisão de regulamentação aduaneira
TAAG. Nesta fase é necessário um raio x do tórax e da coluna lombar para
comparação com os exames de admissão.

9.3. Antecedentes profissionais

Nesta etapa deverá se fazer a recolha de dados relacionados a funções exercidas


anteriormente, com enfâse a funções em que houve exposição ao ruído. Se possível
deve se quantificar a exposição quanto ao tempo de exposição, quantidade e duração
em horas de exposição por dia.

37
9.4. Hábitos profissionais e pessoais

Neste capítulo visa a identificar a exposição não profissional a fatores de riscos para
raquialgias tais como: Prática de desporto, trabalho extra e trabalho doméstico com
exposição a fatores de riscos para raquialgias da região lombar.

9.5. Antecedentes familiares de saúde

Pesquisar por doenças familiares que podem causar e/ou aumentar a suscetibilidade
para raquialgias da região lombar.

9.6. Antecentes pessoais de saúde

Pesquisar por situações de doenças do aparelho osteoarticular, trauma ou outra


doença sistêmica que pode causar ou aumentar a suscetibilidade de raquialgias da
região lombar.

9.7. Anamnese

Pesquisa de queixas relacionadas a raquialgias da região lombar ou outra situação


patológica do aparelho osteomioarrticular da região lombar.

9.8. Exame Físico

No exame físico faz-se o recurso a inspecção, palpação e percussão, auscultação para


pesquisa de: deformidades estrutural da coluna lombar, crepitações ósseas, pesquisa
de pontos dolorosos.

9.9. Exame complementar

Para a vigilância médica das raquialgias da região lombar serão feitos os seguintes
exames: Exames hematológicos, imagiológicos, audiometria, visioteste, e o ECG para
os trabalhadores com idade superior a 40 anos.

Rx do tórax e da coluna vertebral, que será realizado bienalmente em trabalhadores


expostos;

TAC da coluna lombar em caso de estudo e resultado inconclusivo do Raio x

38
9.10. Formação e informação

1. Formação sobre fatores de riscos para raquialgias da região lombar em todos os


trabalhadores da divisão de regulamentação aduaneira TAAG

2. Orientação sobre posturas corretas

3. Orientação sobre levantamento de carga

4. Uso de equipamento de protecção individual adequado

39
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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