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PROCESSOS BIOLÓGICOS

CAPÍTULO 3 - DE ONDE VEM A ENERGIA


PARA AS CÉLULAS FUNCIONAREM?

Nícolas Murcia / Vinicius Canato Santana


Introdução
Nas unidades anteriores, abordamos as principais macromoléculas e processos biológicos que ocorrem
nas células, os quais possibilitam nossa sobrevivência. Entretanto, para que todos esses processos
ocorram, as células necessitam de energia. Você já parou para pensar de onde vem a energia que as
células utilizam para sobreviver? De onde vem a energia que nosso organismo necessita para realizar
nossas atividades diárias, como caminhar, escovar os dentes e ir ao trabalho? A resposta para essas
questões é simples: nossa energia vem da quebra dessas macromoléculas e sua oxidação completa, até
a formação de CO2 (gás carbônico) e (H2O) água. Nós obtemos lipídios, monossacarídeos e
aminoácidos a partir da nossa alimentação ou do consumo dos estoques do próprio organismo.
Para entendermos de forma mais simples, os aminoácidos, monossacarídeos e lipídios que ingerimos
na nossa alimentação são macromoléculas complexas, compostas por muitos átomos de carbono. A
energia liberada, na forma de elétrons, durante a quebra dessas macromoléculas, e, consequente, a
formação de moléculas menores, pode ser utilizada para a síntese do ATP (adenosina trifosfato). O ATP
possui ligações, que quando hidrolisadas (quebradas) têm a capacidade de transferir grande quantidade
de energia livre, funcionando como uma “moeda energética” da célula (RODWELL, 2017).
Nosso organismo é capaz de utilizar a energia armazenada em ligações do ATP para realizar diversos
processos celulares e reações químicas que necessitam de energia. Há uma rede bastante complexa
que descreve o conjunto de reações químicas que ocorrem em nossas células. O conjunto dessas
reações químicas é conhecido como metabolismo. Nosso metabolismo funciona como um sistema que
engloba dois processos distintos: o catabolismo e o anabolismo. Marzzoco (2015) desenvolve alguns
conceitos sobre o tema:
Metabolismo - pode ser definido como o conjunto de transformações que as substâncias químicas
sofrem no interior dos organismos vivos, ou seja, todos os processos de síntese e degradação dos
nutrientes na célula.
Catabolismo - geralmente, pode ser definido como a quebra de macromoléculas em compostos
menores, com liberação de energia.
Anabolismo  - ocorre síntese de compostos mais complexos, a partir de moléculas mais simples,
geralmente envolvendo o consumo de energia.
Nesse capítulo, iremos estudar as principais reações, ou conjunto de reações, chamadas de vias
metabólicas, envolvidas com produção de energia, degradação e síntese de macromoléculas no
organismo humano. Aprender sobre essas reações irá ajudá-lo a entender melhor como nosso corpo se
comporta no estado de jejum e no estado alimentado. Além disso, você terá subsídios para responder a
algumas questões, tais como: acumulamos gordura quando exageramos na alimentação? Por que o
exercício físico auxilia na perda de peso? Como somos capazes de regular a concentração de glicose na
corrente sanguínea, mesmo em jejum?
Esperamos que você aproveite o conteúdo apresentado neste capítulo. Bons estudos!

3.1. Glicólise e gliconeogênese


Como você viu, nossas células produzem ATP a partir da energia liberada pela quebra de ligações
químicas de macromoléculas. Em linhas gerais, as macromoléculas (monossacarídeos, ácidos graxos e
aminoácidos), que possuem muitos átomos de carbono, podem ser quebradas em compostos mais
simples. Esses vão sendo oxidados, em diversas reações que ocorrem em sequências, chamadas de
vias metabólicas. Como exemplo, podemos citar a glicose, o principal monossacarídeo da nossa dieta.
Nossas células iniciam a quebra da glicose por meio da Glicólise e, posteriormente, finalizam sua
oxidação no Ciclo do ácido cítrico ou Ciclo de Krebs. Essa oxidação completa dá origem ao  CO2, que
será eliminado em nossa respiração. Ainda, possibilita a formação direta de ATP para as células e
origina carreadores (coenzimas), ativados como NADH (nicotinamida adenina dinucleotídeo)
e  FADH2  (flavina adenina dinucleotídeo). Esses últimos irão doar essa energia (na forma de ligações
químicas) durante um processo chamado de Cadeia Respiratória, que conta com a participação do
oxigênio como aceptor final dos elétrons. 

VOCÊ QUER VER?


Você sabe quanto os processos metabólicos celulares são complexos? Acesse o
site <http://biochemical-pathways.com/#/map/1 (http://biochemical-
pathways.com/#/map/1)>  e explore um pouco a grandiosidade de reações
químicas que ocorrem em nossas células. Você vai se surpreender!

Na Cadeia Respiratória, ocorre a transferência da energia dessas ligações químicas de “baixa energia”
do NADH e FADH2 para ligações de “alta energia”, possibilitando a síntese do ATP.
Por outro lado, quando estamos em um estado de jejum, e nossos estoques de glicose estão baixos,
nosso organismo é capaz de produzir novas moléculas de glicose a partir de compostos não glicídicos,
num processo chamado de gliconeogênese. Essa é uma importante forma de regular a concentração
sanguínea de glicose, chamada de glicemia, visto que alguns órgãos funcionam quase exclusivamente
por meio de glicose. 
Agora, assista a videoaula abaixo.
Antes de darmos início ao estudo das vias metabólicas propriamente ditas, precisamos definir alguns
conceitos sobre esses carreadores e moléculas energéticas, NADH, FADH2 e ATP. Fique atento ao
próximo tópico!

3.1.1. ATP (adenosina trifosfato)


O ATP é formado por três grupos fosfato e uma adenina ligada a uma ribose (formando uma adenosina).
Em especial, os dois últimos fosfatos da cadeia são de alta energia, e, quando suas ligações sofrem
hidrólise (quebra), ocorre a liberação de um fosfato inorgânico (Pi) para o meio, ou, então, um grupo
fosfato pode ser transferido para algum composto, formando-se o ADP e energia livre. O ATP é a
principal “moeda energética” das células, para que moléculas de ATP sejam formadas se faz necessário
unir um ADP e um Pi por meio da energia gerada pela quebra das macromoléculas, como
monossacarídeos e lipídios. Uma vez formado o ATP, a célula poderá utilizar a energia armazenada
nessas ligações entre os grupos fosfato de alta energia para realizar processos bioquímicos que
necessitam de energia. Quando uma molécula de ATP sofre hidrólise, e um Pi é liberado, uma grande
quantidade de energia livre poderá ser transferida para outra molécula, tornando possível diversos
processos celulares, que até então eram termodinamicamente desfavoráveis.

Figura 1 - Estrutura da molécula de ATP. Em vermelho destaca-se uma das ligações de alta energia entre
os fosfatos.
Fonte: Adaptada de Harvey (2015, p. 73).

Talvez você já tenha ouvido falar no ATP, porém NADH e FADH2 podem ser conceitos novos para você.
Vamos explorar o que são essas moléculas? Mantenha-se atento e siga em frente!

3.1.2. NADH e FADH2


NAD+ e FAD+ são agentes oxidantes, ou seja, que tem a capacidade de receber elétrons e agem como
coenzimas em diversas reações químicas envolvendo desidrogenases (enzimas que removem
hidrogênios). Muitas vezes esses elétrons são recebidos acoplados a um átomo de hidrogênio (H).
Esses átomos de hidrogênio liberados podem ser captados pelo NAD+ e FAD+. Estes então passam a
ser chamados de NADH e FADH2 (NAD+ é capaz de receber um átomo de Hidrogênio e FAD+, dois).
Veremos mais adiante que NADH e FADH2 doam seus elétrons sob a forma de átomos de hidrogênio.
Esses, por sua vez, irão reagir com oxigênio, em um processo chamado de Fosforilação Oxidativa,
culminando com a síntese de ATP (RODWELL, 2017).
Isso não é fantástico? Na imagem a seguir, visualize a forma reduzida e oxidada de NAD+/NADH. O
mesmo raciocínio serve para FAD e FADH2.

Figura 2 - Nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+ / NADH). À esquerda da figura, observamos a forma
oxidada de NAD+, já à direita a forma reduzida de NADH. Destaca-se em vermelho o sítio de ligação ao
átomo de hidrogênio (H).
Fonte: OpenStax (2019).

Você sabe por que as vitaminas B3 e B2 são importantes? 


Fique atento e aprenda mais sobre essas vitaminas.
VOCÊ SABIA?
NAD+ e FAD+ são compostos derivados de vitaminas! As vitaminas niacina
(vitamina B3) e riboflavina (vitamina B2), são precursores de NAD+ e FAD+,
respectivamente. A ingestão adequada desses compostos na dieta auxilia na
manutenção do metabolismo energético do organismo. O consumo
inadequado desses compostos pode levar a doenças graves! As vitaminas do
complexo B são muito importantes para a saúde. Conheça mais sobre elas,
lendo o texto Vitaminas Hidrossolúveis (GONÇALVES, 2013).

Em breve, iremos iniciar o estudo sobre uma das principais vias metabólicas envolvidas com produção
de energia em nosso organismo: a Glicólise. Entretanto, você sabe como os carboidratos da alimentação
(doces, massas, grãos, frutas e laticínios, por exemplo) chegam até nossas células? Fique atento!

3.1.3. Digestão e absorção de carboidratos


O processo de digestão e absorção de carboidratos se inicia pela boca, com a ação da mastigação e de
enzimas chamadas de amilase. Elas digerem o amido, polissacarídeo de origem vegetal encontrado em
grãos, massas, etc. A ação da amilase continua no intestino delgado. Lá também há outras enzimas,
como sacarase e lactase, que degradam os dissacarídeos sacarose e lactose, deixando os
monossacarídeos frutose, glicose e galactose na sua forma isolada. A glicose presente no amido e na
sacarose é o principal carboidrato da nossa dieta. Dessa forma isolada, os monossacarídeos são
absorvidos pelas células intestinais e são direcionados para a corrente sanguínea, podendo chegar aos
músculos, fígado e cérebro, principalmente. Nas células os monossacarídeos, inclusive a glicose,
precisam de auxílio de transportadores específicos chamados de GLUT, pois eles não se difundem
livremente pela membrana plasmática. Esses transportadores de membrana são classificados como
GLUT-1 a GLUT-14 e possuem certa especificidade tecidual (HARVEY, 2015). Clique nos itens a seguir e
aprenda mais sobre o tema.


O GLUT-3 é o principal transportador da glicose no sistema nervoso central.


Já o GLUT-4 é abundante no tecido adiposo, coração e no músculo esquelético.


O GLUT-2, encontrado no fígado, pode tanto transportar a glicose para dentro dessas célula
(quando os níveis de glicose no sangue estão altos) quanto transportar a glicose das célula
para o sangue (quando os níveis sanguíneos de glicose estiverem baixos, por exemplo, n
jejum).

As células do tecido hepático, neurônios e eritrócitos não necessitam de insulina para transportar a
glicose. Já as células que têm GLUT-4, como tecido adiposo e músculos, necessitam da insulina para
que o transportador seja capaz de internalizar a glicose (NAVALE; PARANJAPE, 2016). A insulina é um
hormônio produzido pelo pâncreas, quando a concentração de glicose no sangue se eleva. Quando
produzida, sensibiliza as células musculares e adipócitos a captar glicose, removendo-a da corrente
sanguínea. Outro hormônio, também produzido pelo pâncreas, glucagon, tem efeito contrário,
estimulando a liberação de moléculas de glicose para a corrente sanguínea, quando a glicemia começa
a baixar. Essa liberação ocorre principalmente em condições de jejum, pela quebra do glicogênio
hepático. A manutenção da glicemia é fundamental para nosso organismo, visto que alguns órgãos,
como o cérebro, necessitam de um aporte constante de glicose para sua manutenção.
Vamos dar início ao estudo da via glicolítica, uma das vias metabólicas mais importantes em nosso
organismo!

3.1.4. Glicólise
A Glicólise é um processo que ocorre integralmente no citoplasma celular e pode ser definida como a
quebra de moléculas de glicose (6 carbonos) em 2 moléculas de piruvato (um composto mais simples
de 3 carbonos). De acordo com Nelson (2014):

Na glicólise (do grego glykys, “doce” ou “açúcar”, e lysis, “quebra”), uma molécula de glicose é
degradada em uma série de reações catalisadas por enzimas, gerando duas moléculas do
composto de três átomos de carbono, o piruvato. Durante as reações sequenciais da
glicólise, parte da energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH (NELSON,
2014, p. 544).

Na verdade, a Glicólise é um conjunto de dez reações químicas, que possui como produto final duas
moléculas de piruvato. Ainda, durante essas reações químicas são liberados ATP e NADH. O ATP pode
ser imediatamente utilizado pela célula como fonte de energia. Já o NADH seguirá para a fosforilação
oxidativa quando houver oxigênio disponível. Classicamente, as cinco primeiras reações da via glicolítica
são chamadas de Fase de Preparação, sendo que ao custo de 2 moléculas de ATP, ocorre a fosforilação
da glicose e sua conversão a gliceraldeído-3-fosfato. Já as cinco últimas reações são chamadas de
Fase de Pagamento, pois ocorre a conversão oxidativa do gliceraldeído-3-fosfato em piruvato e
formação de 4 ATPs e 2 NADH. Na imagem abaixo, pode ser observada uma representação esquemática
da Glicólise.
Figura 3 - Representação esquemática de Glicólise. Perceba que há uma divisão didática em Fase de
Preparação e Fase de Pagamento.
Fonte: Adaptada de Marzzoco (2015, p. 120).

No objeto interativo abaixo, você poderá aprender mais sobre etapas da Glicólise. Acompanhe!
Um ponto importante a ser observado, é que o saldo líquido de moléculas de ATP é igual a dois (2 ATP).
Isso se deve ao fato de que embora sejam produzidas quatro moléculas de ATP (4 ATPs) durante as
etapas finais, duas moléculas de ATP (2 ATPs) são consumidas nas etapas iniciais de preparação. Essas
duas moléculas são essenciais para a ativação da molécula de glicose, o que possibilita o início da
glicólise. Na imagem abaixo, temos um resumo das moléculas consumidas e produzidas na glicólise.
Figura 4 - Resumo da via glicolítica, na parte superior os compostos consumidos e na parte inferior os
compostos produzidos.
Fonte: Elaborada pelo autor (2018).

VOCÊ QUER VER?


Assista ao vídeo Steps of Glycolysis Reactions Explained - Animation - SUPER EASY,
para uma experiência incrível! Nesse vídeo, você irá visualizar de uma maneira
baste interativa as moléculas envolvidas em cada reação da glicólise.  Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=uWOURkrxpH4
(https://www.youtube.com/watch?v=uWOURkrxpH4)>.

Os demais monossacarídeos da dieta, galactose e frutose, que representam a minoria dos carboidratos
consumidos diariamente, são convertidos em grande parte no fígado, em intermediários da glicólise e
assim são oxidados na via. A galactose é convertida em glicose 6-fosfato e a frutose é convertida a di-
hidroxiacetona fosfato e gliceraldeído 3-fosfato. Ambos produtos formados seguem a via glicolítica.
3.1.5. Destinos do Piruvato
Após a produção de Piruvato, essa molécula pode ter três destinos. Clique nas abas abaixo e aprenda
mais sobre o tema.

Destino 1
Em tecidos com disponibilidade de oxigênio, a glicólise é apenas
a primeira etapa de oxidação completa da glicose. Nesses
tecidos, o piruvato irá sofrer uma descarboxilação (perder um
carbono), na forma de CO2, dando origem ao Acetil-CoA. Esse
processo ocorre na mitocôndria e direciona o Acetil-CoA para o
Ciclo de Krebs para sua oxidação completa. Iremos abordar o
Ciclo de Krebs mais adiante. 

Em tecidos com restrição de oxigênio (hipóxia), como, por


Destino 2 exemplo, o músculo em contração vigorosa, o piruvato será
reduzido a lactato por meio da fermentação láctica. Nesse
processo, o NADH produzido durante a glicólise, pode ser
reoxidado a NAD+, e desse modo a célula consegue continuar
realizando glicólise. Essa é a chamada glicólise anaeróbia que
ocorre em nosso organismo. Esse processo é pouco eficiente, o
rendimento de energia (2 ATP por glicose) é muito menor frente
ao que pode ser obtido pela oxidação completa do piruvato,
passando pelo Ciclo de Krebs (cerca de 30 ATP por glicose). 

Destino 3

Principalmente em microrganismos como leveduras, na


fabricação de cerveja e pão, o piruvato é convertido, em
condições de hipóxia, em etanol e  CO2, um processo chamado
de fermentação alcoólica (NELSON, 2014).

Até agora, pudemos perceber o papel fundamental da glicose no metabolismo. Alguns tecidos
dependem, quase exclusivamente, da glicose para produção de energia. São exemplos desses órgãos o
cérebro, eritrócitos, testículos e medula renal. Somente o cérebro consome em média 120 g de
glicose/dia! Essa quantidade representa mais da metade das moléculas de glicose que temos
estocadas na forma de glicogênio hepático e muscular (NELSON, 2014). 
VOCÊ QUER LER?
A fadiga muscular relacionada ao exercício muscular intenso é associada às
cãibras, por muitos esportistas. Essa associação é equivocadamente realizada com
base no excesso de ácido lático produzido, a partir do lactato, em condições de
exercício físico extenuante, em que o músculo não é suprido por oxigênio
adequadamente. Ou seja, alguns praticantes de exercícios atribuem suas câimbras
ao ácido lático acumulado nos músculos após um exercício extenuante. Acesse o
site e leia o texto produzido por Bordoni e Varacallo, intitulado MuscleCramps
(Cãibras Musculares, do inglês). Descubra as verdadeiras causas dessa condição!
Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK499895/
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK499895/)>.

Em períodos de jejum, nosso organismo precisa suprir a necessidade de moléculas de glicose,


independentemente dos estoques de glicogênio. Nosso organismo é capaz de regular a glicemia
basicamente através de dois processos. Um deles é a Glicogenólise, quebra do glicogênio em glicose e
liberação para corrente sanguínea. O outro é a Gliconeogênese! Temos a capacidade de produzir novas
moléculas de glicose a partir de compostos não glicídicos (que não são carboidratos). Em nossa
corrente sanguínea, mesmo após um período de jejum, ou exercício físico prolongado, a concentração
plasmática de glicose, chamada de glicemia, é sempre mantida dentro de um faixa ideal. A via
metabólica chamada de Gliconeogênese é capaz de produzir novas moléculas de glicose a partir do
piruvato e outros compostos. Vamos conhecer mais sobre a Gliconeogênese?

3.1.6. Gliconeogênese
Essa é uma via bioquímica que em mamíferos ocorre majoritariamente no fígado e utiliza quase o
mesmo aparato enzimático da glicólise. 

Após as refeições, a absorção dos alimentos faz aumentar a glicemia (concentração de


glicose plasmática). Neste período, a liberação de insulina pelo pâncreas permite a absorção
de glicose por todos os tecidos. Gradativamente, a glicemia diminui e, ao ser atingido um
nível basal, ocorre uma alteração na secreção pancreática: a insulina é substituída por
glucagon. Este hormônio estimula a degradação do glicogênio hepático e a liberação de
glicose do fígado mantém a glicemia basal. No entanto, a reserva hepática de glicogênio é
limitada e insuficiente para manter níveis glicêmicos normais além de 8 horas de jejum.
Depois deste período, a contribuição do glicogênio hepático decresce, ao mesmo tempo em
que é acionada outra via metabólica de produção de glicose: a gliconeogênese (MARZZOCO,
2015, p. 174). 

As principais moléculas precursoras para a síntese de novas moléculas de glicose são: lactato, glicerol e
aminoácidos. Há três pontos, das dez reações da glicólise, que se faz necessário a realização de um
“contorno”. Isso se deve ao fato de que sete enzimas catalisam reações reversíveis, tanto na glicólise
quanto na gliconeogênese, porém, três delas catalisam reações irreversíveis, sendo necessária ação de
outras enzimas para que o processo ocorra. Abaixo temos uma imagem que compara as etapas da
glicólise e gliconeogênese. Observe que alguns pontos da glicólise utilizam enzimas diferentes das
reações correspondentes da gliconeogênese:

• Glicose – Glicose 6-fosfato;


• Frutose 6-fosfato – Frutose 1,6-bifosfato;
• Fosfoenolpiruvato – Piruvato.
Figura 5 - Etapas da glicólise (setas pretas) e gliconeogênese (setas azuis). As setas vermelhas mostram
as necessidades energéticas da gliconeogênese.
Fonte: Harvey (2015, p. 121).

Para que novas moléculas de glicose se formem, a primeira reação que precisa ocorrer é a conversão de
piruvato a fosfoenolpiruvato. Na glicólise, o fosfoenolpiruvato é convertido a piruvato pela enzima
piruvato-cinase, porém essa enzima não é capaz de realizar a reação contrária. Sendo assim, ao passo
que na glicólise, em apenas uma reação o fosfoenolpiruvato é convertido em piruvato, na
gliconeogênese, são necessárias duas reações para converter o piruvato em fosfoenolpiruvato (número
1 e 2 em azul, na imagem acima). É necessário o transporte do piruvato do citoplasma para a
mitocôndria, pois aí se encontram as enzimas que catalisam a reação. Uma vez na mitocôndria, o
piruvato sofre ação da piruvato-carboxilase (1), e é convertido em oxaloacetato. Em seguida, o
oxaloacetato é convertido em fosfoenolpiruvato (2) pela fosfoenolpiruvato-carboxicinase. Cada uma
dessas duas reações consome um fosfato de alta energia, sendo gastos, ao todo, duas dessas
moléculas, por piruvato formado. Ao passo que na glicólise, a conversão de fosfoenolpiruvato em
piruvato gerou apenas um ATP por piruvato. O segundo desvio refere-se à etapa de fosforilação da
frutose-6-fosfato pela fosfofrutocinase-1 (número 3 em azul na imagem acima). A geração de frutose-6-
fosfato a partir de frutose-1,6-bifosfato é catalisada por uma enzima diferente, a frutose-1,6-bifosfatase.
Por fim, o terceiro contorno é a reação final da gliconeogênese, a desfosforilação da glicose-6-fosfato
para formar glicose (número 4 em azul na imagem acima). O inverso da reação da hexocinase e
catalisado pela glicose-6-fosfatase. 
Como visão geral, é possível converter piruvato em moléculas de glicose novamente, porém esse
processo é desfavorável energeticamente para a célula, em outras palavras, a célula gasta mais energia
para realizar a gliconeogênese, do que efetivamente a glicólise forneceu. 
Como dito anteriormente, além do piruvato há outros precursores para síntese de glicose. De acordo
com Marzzoco (2015) esses compostos podem ser de diferentes tipos. Clique nas abas e confira!

O glicerol produto da quebra de triacilglicerol nos adipócitos é utilizado pelo fígado


para produzir glicose. A fosforilação do glicerol pela glicerol-cinase, seguida pela
Glicerol
oxidação do carbono central pela glicerol 3-fosfato-desidrogenase, gera di-
hidroxiacetona-fosfato, intermediário da gliconeogênese no fígado.

O lactato produzido pela glicólise nos eritrócitos ou no músculo em anaerobiose


(por exemplo, em exercício vigoroso) é transportado pela corrente sanguínea até o
Lactato fígado, em um processo conhecido como Ciclo de Cori. No citoplasma dos
hepatócitos ele é convertido em piruvato pela ação da lactato-desidrogenase. O
piruvato produzido segue a via gliconeogênica descrita acima.

No fígado, grande parte dos aminoácidos são convertidos em piruvato e outros


intermediários da gliconeogênese. Um dos mais importantes é a alanina, que
através da remoção de seu grupo amino (desaminação), no interior das
Aminoácid mitocôndrias dos hepatócitos, produz diretamente moléculas de piruvato. Este
os então segue a via gliconeogênica descrita acima. Outro aminoácido relevante para
gliconeogênese é a glutamina, que é convertida até oxalacetato e posteriormente
em fosfoenolpiruvato. O catabolismo de aminoácidos será melhor detalhado nas
próximas seções.
Acompanhe, na imagem abaixo, os precursores não glicídicos na gliconeogênese hepática.

Figura 6 - Precursores não glicídicos na gliconeogênese hepática. Lactato é convertido em piruvato; muitos
aminoácidos são catabolizados, direta ou indiretamente, em piruvato; glicerol e convertido em Di-
hidroxiacetona-fosfato.
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

A seguir, leia o caso clínico e compreenda na prática o que foi estudado até o momento. 
CASO
Homem de 56 anos vai à consulta médica de acompanhamento do diabetes
tipo 1 que tem desde os 12 anos e sempre foi tratada com o uso de insulina.
Relata sentir tremores e sudorese às 2 horas da madrugada com açúcar
sanguíneo muito baixo, na ordem de 40 mg/dL. Sua esposa relata sentir um
hálito com leve cheiro de acetona. Entretanto, nota que pela manhã, ao
levantar em jejum, os níveis de açúcar no sangue estão altos, mesmo sem
ingerir qualquer carboidrato. Seu médico explicou que os níveis altos de
açúcar ao amanhecer eram o resultado de processos bioquímicos em
resposta à hipoglicemia noturna. Essa pessoa apresenta a manifestação
clássica do efeito de Somogyi, que se constitui em hiperglicemia ao acordar
em jejum como resposta à hipoglicemia na madrugada e ao amanhecer. A
recomendação médica foi que o paciente reduzisse a dose noturna de insulina
que tomava e monitorasse a glicemia na madrugada e ao acordar, pela manhã,
por alguns dias. A conduta surtiu efeito positivo, com melhora dos sintomas. 
Feedback: O fígado é um órgão altamente especializado que desempenha um
papel central no metabolismo da glicose do corpo todo. Durante os períodos
de grande disponibilidade de glicose, o fígado aumenta a captação, o
armazenamento e a utilização de glicose. De maneira oposta, quando a
disponibilidade de glicose exógena diminui (por exemplo, durante o jejum
noturno) o fígado aumenta a produção de glicose, auxiliando a manter os
níveis sanguíneos de glicose. O fígado usa dois mecanismos para a produção
endógena de glicose, a mobilização do glicogênio intracelular (glicogenólise) e
a síntese de glicose a partir de outros precursores que não os carboidratos
(gliconeogênese). A insulina é secretada pelas células β das ilhotas do
pâncreas durante períodos de alta disponibilidade de glicose. Esse hormônio
peptídico ajuda a diminuir a glicose sanguínea para a faixa normal ao
estimular a glicogênese e a glicólise e, ao mesmo tempo, inibir a glicogenólise
e a gliconeogênese. Por outro lado, a secreção de glucagon pelas células α
das ilhotas do pâncreas é estimulada quando a disponibilidade de glicose
sanguínea reduz. O glucagon tem como alvo primário o metabolismo hepático
da glicose, aumentando a produção de glicose (via gliconeogênese e
glicogenólise). Além disso, da mesma maneira que o glucagon, a secreção de
adrenalina aumenta durante os períodos de baixa disponibilidade de glicose. O
diabetes tipo 1 é causado por uma deficiência severa ou total na produção de
insulina. Essa doença, também conhecida como diabetes de aparecimento
precoce, é geralmente causada por destruição autoimune de células β
pancreáticas. A falta de insulina, somada aos níveis elevados de glucagon e
adrenalina, leva a uma alta taxa de liberação de glicose pelo fígado, mantida
pela β-oxidação dos ácidos graxos. Essa alta taxa de β-oxidação de ácidos
graxos resulta em uma produção excessiva de corpos cetônicos e cetoacidose
subsequente. O tratamento do diabetes tipo 1 envolve o monitoramento
regular dos níveis de glicose no sangue e a administração de insulina. A
terapia com insulina associada com o jantar leva a uma diminuição nos níveis
de glicose no sangue. Essa baixa glicemia dispara a liberação dos hormônios
contrarregulatórios, glucagon e adrenalina, estimulando assim a produção
hepática de glicose. Inadvertidamente, isso resulta em níveis elevados de
glicose ao amanhecer (o efeito Somogyi). 
Fonte: adaptado de TOY, E., C. et al. Casos Clínicos em Bioquímica.  3 ed.
AMGH, 2016, p. 227-233.

Nossos estudos sobre a glicólise e gliconeogênese nos permitiram até agora saber que nosso
organismo é capaz de produzir ATP e coenzimas (NADH), a partir da glicólise. Além disso, aprendemos
que, em situações de jejum, nosso organismo é capaz de sintetizar novas moléculas de glicose a partir
de outros compostos. No próximo tópico, vamos dar início ao estudo sobre o Ciclo de Krebs e
Fosforilação Oxidativa. Esse conjunto de reações permite a oxidação completa de carboidratos,
aminoácidos e lipídios. 
Antes de seguirmos em frente, vamos testar seu conhecimento sobre os princípios gerais da
gliconeogênese? Para tanto, realize a atividade proposta abaixo.
Para dar sequência aos seus estudos, fique atento ao tema a seguir: Cliclo de Krebs e cadeia
respiratória.

3.2. Ciclo de Krebs e Cadeia respiratória


Quando nossas células estão em condições aeróbias e oxidam os combustíveis orgânicos dióxido de
carbono e água, a glicólise é apenas a primeira etapa para a oxidação completa da glicose. Quando
nessas condições, o piruvato produzido pela glicólise é convertido em Acetil-CoA (um composto central
no metabolismo energético) e posteriormente oxidado a H2O e CO2 com consumo de Oxigênio. A esse
processo damos o nome de Respiração Celular. Veremos que o primeiro passo para continuação da
oxidação do piruvato é o Ciclo de Krebs, também chamado de Ciclo do Ácido Cítrico.
Segundo Nelson (2014), a respiração celular acontece em três estágios principais:

No primeiro, moléculas combustíveis orgânicas – glicose, ácidos graxos e alguns


aminoácidos – são oxidadas para produzirem fragmentos de dois carbonos, na forma do
grupo acetil da acetil-coenzima A (acetil-CoA). No segundo estágio, os grupos acetil entram
no ciclo do ácido cítrico, que os oxida enzimaticamente a CO2; a energia liberada é
conservada nos transportadores de elétrons reduzidos NADH e FADH2. No terceiro estágio
da respiração, estas coenzimas reduzidas são oxidadas, doando prótons (H+) e elétrons. Os
elétrons são transferidos ao O2 – o aceptor final de elétrons – por meio de uma cadeia de
moléculas transportadoras de elétrons, conhecida como cadeia respiratória (NELSON, 2014,
p. 633).
Figura 7 - Processo geral da respiração celular, pelo qual, macromoléculas são oxidadas totalmente em
CO2 e H2O, com produção de ATP. Entre parênteses está destacado o número de carbonos de cada
composto e em vermelho as etapas de saída de NADH/FADH2.
Fonte: Adaptada de Nelson (2014, p. 634).

O piruvato, produto final da glicólise, deve ser transportado para o interior da mitocôndria antes que
possa entrar no Ciclo de Krebs. Esse transporte é efetuado por um transportador específico para o
piruvato, que o ajuda a cruzar a membrana mitocondrial interna. Uma vez na matriz, o piruvato é
convertido em acetil-CoA pelo complexo da piruvato-desidrogenase, um complexo formado por três
enzimas (HARVEY, 2015). A ação do complexo enzimático ocorre na membrana interna da mitocôndria e
a conversão de Piruvato em Acetil-CoA libera um CO2 e um NADH num processo de descarboxilação.
Figura 8 - Reação de conversão realizada pelo complexo da piruvato desidrogenase. Destacado em rosa
são os átomos removidos do piruvato que formam o CO2. Em verde, Coenzima A que irá se ligar ao Acetil
(molécula de dois carbonos que resulta da remoção de CO2), formando Acetil-CoA.
Fonte: Adaptada de Nelson (2014, p. 634).

Agora, assista a videoaula abaixo e amplie seus conhecimentos sobre o tema.


Veremos nos próximos tópicos que os lipídios também podem ser convertidos em Acetil-CoA, e o
mesmo ocorre com alguns aminoácidos. Outros aminoácidos vão dar origem a compostos
intermediários do Ciclo de Krebs. Por enquanto, vamos focar nas reações que ocorrem no Ciclo de
Krebs, e posteriormente vamos abordar de forma integrada como os diferentes combustíveis orgânicos
alimentam o ciclo. 
VOCÊ QUER LER?
Um cofator importante para o complexo da piruvato-desidrogenase na conversão
de piruvato em Acetil-CoA é a Tiamina Pirofosfato (TPP). Ele é sintetizado a partir
da vitamina tiamina (vitamina B1). Deficiências de tiamina na dieta podem levar a
uma doença grave chamada de Beribéri. Entre as causas associadas à deficiência
de tiamina, destaca-se a alimentação monótona, com base no consumo de arroz
polido, e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Os sinais e sintomas que
inicialmente são leves como insônia, nervosismo, irritação, fadiga, perda de apetite
e energia e evoluem para quadros mais graves como paralisia, edema de membros
inferiores, dificuldade respiratória e cardiopatia. Para saber mais, leia o texto
Deficiência de Tiamina como Causa de Cor Pulmonale Reversível. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/abc/v91n1/a13v91n1.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/abc/v91n1/a13v91n1.pdf)>.

Agora que já sabemos de onde vem o composto de partida para o Ciclo de Krebs, vamos explorar um
pouco mais as reações que permitem a oxidação completa do Acetil-CoA? Fique atento!

3.2.1. Ciclo de Krebs


O Ciclo de Krebs, ou Ciclo do Ácido Cítrico, ocorre nas mitocôndrias e se inicia pela condensação do
acetil (2 carbonos), proveniente do Acetil-CoA, com oxaloacetato (4 carbonos) para formar citrato (6
carbonos). Essa reação é catalisada pela enzima citrato-sintase e possui caráter irreversível (RODWELL,
2017).
Figura 9 - Reação de condensação entre Acetil-CoA e Oxaloacetato formando Citrato, primeiro composto
do Ciclo de Krebs. Reação catalisada pela enzima citrato-sintase, consumindo uma molécula de água e
liberando a coenzima A para o meio.
Fonte: Nelson (2014, p. 640).

Após a formação do citrato, ocorre uma série de reações que levam a liberação de dois CO2, três NADH,
um ATP e um FADH2. Após essa sequência de reações forma-se novamente um oxaloacetato, pronto
para ser condensado novamente com um novo Acetil-CoA. O processo é um tanto quanto lógico, visto
que um composto com quatro carbonos (oxaloacetato) se condensa com outro, de dois carbonos
(Acetil-CoA), formando um composto de seis carbonos (citrato). Então, após duas descarboxilações,
volta a se formar um composto com quatro carbonos novamente (oxaloacetato).
VOCÊ O CONHECE?
Você sabe por que o Ciclo de Krebs recebe esse nome? Ele se deve a Hans Krebs,
médico e bioquímico alemão (1900-1981). Ele foi o grande responsável por
desvendar a sequência das reações do Ciclo do Ácido Cítrico. Essa descoberta lhe
rendeu o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1953 (compartilhado com Fritz
Lipmann). Para conhecer mais sobre a história e os feitos desse cientista fantástico
acesse: <https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1953/krebs/biographical/
(https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1953/krebs/biographical/)>.

Navegue pelo objeto interativo abaixo e aprenda mais sobre o Ciclo de Krebs. Confira! 
Chegamos então ao final do Ciclo de Krebs, no qual a partir da oxidação de um Acetil-CoA pode-se obter,
3 NADH, 1 FADH2, 1 ATP e 2 CO2. O ATP poderá ser utilizado como fonte de energia pela célula, já as
moléculas de NADH e FADH2 serão posteriormente direcionados para a cadeia respiratória, para síntese
de mais moléculas de ATP.
Agora, vejamos se você compreendeu os conceitos mais importantes sobre o Ciclo de Krebs. Para isso,
resolva com atenção a atividade proposta na sequência.
Pudemos verificar até agora a capacidade de nossas células em metabolizar carboidratos,
especialmente, a glicose, em uma via metabólica chamada de glicólise. O piruvato, produto da glicólise,
é convertido em Acetil-CoA que avança para o Cliclo de Krebs e é totalmente oxidado. Não devemos
esquecer que pela glicólise são produzidas duas moléculas de piruvato. Portanto, a partir de uma
glicose, conseguimos “girar” o Ciclo de Krebs duas vezes.
Então, temos que:

• Da glicólise: são liberados 2 ATPs (4 liberados, menos 2


consumidos) e 2 NADH.
• Da descarboxilação do piruvato e síntese de acetil-CoA: 2 NADH
(uma para cada piruvato).
• Do Ciclo de Krebs (2 voltas): 2 ATP (ou GTP),6 NADH,2 FADH2.
• No total, a partir de uma glicose: 4 ATP, 10 NADH, 2 FADH2.
Iniciamos este capítulo enfatizando a importância do ATP como fonte de energia para as células. Fica
claro que, até agora, foram produzidas moléculas de ATP efetivamente, certo? Entretanto, para onde se
destinam e qual a finalidade das coenzimas oxidadas NADH e FADH2?
Elas são direcionadas para a cadeia respiratória, nas mitocôndrias. Veremos que a partir de uma
molécula de glicose poderemos aumentar o número de moléculas de ATP produzidas para algo em
torno de 30 ATPs, muito mais do que os 4 ATPs já produzidos. Fique atento ao próximo tema.

3.2.2. Cadeia respiratória


A Cadeia Respiratória é basicamente a combinação de eventos que ocorrem em dois processos: Cadeia
transportadora de elétrons e Fosforilação oxidativa. A Fosforilação oxidativa é precedida pela
transferência de elétrons provenientes de NADH e FADH2, através da Cadeia transportadora de elétrons.
Basicamente, para que a Fosforilação oxidativa ocorra é necessária uma força, chamada de próton-
motriz. Essa força só é formada graças a Cadeia de transportadora de elétrons.
Vamos recordar que um átomo de hidrogênio é composto por um próton (no núcleo com carga positiva)
e um elétron (na periferia com carga negativa). Aquilo que chamamos de H+, na verdade, não é um
átomo de hidrogênio completo, mas, sim, apenas o próton. É possível, também, que o hidrogênio exista
na forma de um íon com carga negativa, chamado de hidreto, que possui um próton e dois elétrons (:H-).

Figura 10 - Hidrogênio na sua forma atômica neutra (ao centro) e íon hidreto (a direita).
Fonte: Naming [s.d].

A maior parte dos elétrons transportados pela cadeia de transporte de elétrons é proveniente da doação
dos elétrons de íons hidretos (:H-) removidos do NADH, que ao perderem seus dois elétrons, se tornam
prótons (H+), e são bombeados para fora da matriz mitocondrial. Esse bombeamento de prótons gera
uma diferença de concentração entre a matriz e o espaço intermembrana. Isso faz com que os H+
retornem a matriz por meio de canais específicos, fornecendo a energia necessária para a síntese de
ATP.
Vamos entender melhor como esses processos ocorrem?
• Cadeia transportadora de elétrons: é formada por um conjunto de
quatro complexos de transporte inseridos na membrana interna
da mitocôndria. Os complexos I e II catalisam a transferência de
elétrons para a ubiquinona (coenzima Q, ou apenas “Q”) a partir
de dois doadores de elétrons diferentes: NADH (complexo I) e
succinato-FADH2 (complexo II). O complexo III carrega elétrons da
ubiquinona reduzida para o citocromo c, e o complexo IV completa
a sequência, transferindo elétrons do citocromo c para o O2. Os
complexos, I, III e IV, além de funcionarem como transportadores
de elétrons, atuam também como bombeadores de prótons (H+)
da matriz mitocondrial para o espaço intermembrana (RODWELL,
2017).
• Fosforilação oxidativa: De acordo com o modelo quimiosmótico
proposto por Peter Mitchell,

[...] a energia eletroquímica inerente à diferença de concentração de prótons e a separação


de cargas através da membrana mitocondrial interna – a força próton-motriz – impulsiona a
síntese de ATP, à medida que os prótons fluem passivamente de volta à matriz, por meio de
um poro para prótons na ATP-sintase (NELSON, 2014, p. 747). 

A ATP-sintase (também chamada de complexo F0F1) é a enzima que catalisa a formação de ATP, a partir
de ADP + Pi. Em outras palavras, os prótons que foram bombeados para o espaço intermembrana,
retornam para a matriz. Durante sua passagem pela ATP-sintase, acoplada a membrana interna, eles
fornecem a energia livre necessária para síntese de moléculas de ATP.

VOCÊ QUER LER?


Os compostos de cianeto são utilizados em diferentes setores da indústria, sendo a
maior parte utilizada na produção de tecidos, plásticos e fármacos. Uma pequena
parte também é utilizada na indústria de mineração. Pode ser quimicamente
sintetizado, mas também é encontrado em plantas naturalmente! Em 1924, um
composto a base de cianeto, chamado de Zyklon B, foi desenvolvido, inicialmente
utilizado como pesticida. Porém, esse composto passou a ser utilizado como arma
química em campos de concentração na Alemanha Nazista. O cianeto bloqueia a
cadeia transportadora de elétrons, podendo levar a morte indivíduos expostos a
elevadas concentrações desse composto. Leia o texto A avaliação dos efeitos
tóxicos do cianeto e do tiocianato no período perinatal. Estudo em ratos, e aprenda
mais sobre esse composto. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-21052007-
171727/publico/Altair_Benedito_Sousa.pdf
(http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-21052007-
171727/publico/Altair_Benedito_Sousa.pdf)>. 
Na figura a seguir, podemos observar que o início da Cadeia transportadora de elétrons ocorre com a
transferência de elétrons para o Complexo I e Complexo II pelo NADH e FADH2, respectivamente. NADH
e FADH2 são provenientes do Ciclo de Krebs e outros processos metabólicos, como a glicólise.
Concomitante a essa transferência há bombeamento de H+ para fora da matriz, a partir dos Complexos I,
III e IV.

Figura 11 - Etapas da Cadeia transportadora de elétrons e Fosforilação oxidativa. As setas indicam o fluxo
de transporte dos elétrons e o bombeamento de H+.
Fonte: Oxidative [s.d.]

Esses primeiros elétrons que chegam ao Complexo I e II são transferidos para a Coenzima Q, que, por
sua vez, através do Complexo III os transfere para o citocromo c. Por fim, o citocromo c transfere esses
elétrons ao Complexo IV. Em conjunto com átomos de oxigênio (que será o aceptor final desses
elétrons) e H+  da matriz mitocondrial, esses elétrons irão possibilitar a síntese de moléculas de H2O no
Complexo IV. Os H+ bombeados para o espaço intermembrana, irão retornar pelo poro da ATP-sintase e
fornecer a energia necessária para a síntese de ATP a partir de ADP + Pi, num processo chamado de
Fosforilação Oxidativa.
VOCÊ QUER VER?
Assista ao vídeo Electron Transport Chain [HD Animation] e visualize o processo de
transporte dos elétrons pelos complexos I – IV e a síntese de ATP (fosforilação
oxidativa).  Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rdF3mnyS1p0
(https://www.youtube.com/watch?v=rdF3mnyS1p0)>.

A força próton-motriz, gerada a partir da oxidação completa de uma molécula de glicose durante a
glicólise aeróbica é suficiente para formar muitas moléculas de ATP. A razão entre ATP sintetizado é de
cerca de 2,5 quando os elétrons entram na cadeia respiratória pelo complexo I, e 1,5 quando os elétrons
entram através da ubiquinona (Complexo III) (NELSON, 2014). Sendo assim cada NADH rende 2,5 ATP e
cada FADH2 rende 1,5 ATP. Retomando o raciocínio da quantidade de ATP gerado por molécula de
glicose completamente oxidada, temos que:
Figura 12 - Quantidade de ATP formado na oxidação da glicose e seus intermediários.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Nessa seção, você aprendeu que a partir dos doadores de elétrons iniciais NADH e FADH2 gera-se um
fluxo de elétrons pelos complexos I, II, III e IV, o que resulta no bombeamento de prótons através da
membrana mitocondrial interna. Esse bombeamento torna a matriz mitocondrial alcalina em relação ao
espaço intermembrana (ácido, rico em prótons H+). Esse gradiente de prótons fornece a energia (na
forma de força próton-motriz) para a síntese de ATP a partir de ADP e Pi pela ATP-sintase.

3.3. Metabolismo de lipídios e corpos cetônicos


Até o momento, vimos que a glicose é um importante combustível energético para nosso organismo.
Através dela, nossas células realizam a glicólise, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa, produzindo
ATP. Entretanto, além da glicose, é possível produzir ATP, a partir dos ácidos graxos. Os ácidos graxos
são os lipídios mais abundantes em nosso organismo.
Eles são estocados na forma de triacilglicerol em nossos adipócitos. Os ácidos graxos são formados
por longas cadeias carbônicas e por meio da união de três ácidos graxos à uma molécula de glicerol,
forma-se o triacilglicerol. Em alguns órgãos como coração, os ácidos graxos fornecem até 80% da
energia necessária para as células (NELSON, 2014). 
A partir dos ácidos graxos, podemos obter Acetil-CoA, e ele será oxidado no Ciclo de Krebs. O processo
pelo qual os ácidos graxos são convertidos em Acetil-CoA chama-se β-oxidação. Além disso, o Acetil-
CoA obtido pode ser convertido em outros compostos, como os corpos cetônicos.
Em condições de baixas concentrações de glicose no sangue, e síntese de corpos cetônicos pode suprir
parte da necessidade cerebral por glicose. A β-oxidação e o metabolismo de corpos cetônicos serão
nossos próximos objetos de estudo. 
Agora, assista a videoaula abaixo e amplie seus conhecimentos sobre o tema.
Antes de iniciarmos o conteúdo de metabolismo dos ácidos graxos, vamos explorar como eles são
digeridos, absorvidos e transportados em nosso organismo.

3.3.1. Digestão, absorção e transporte de lipídios


Basicamente, há três formas de obtenção de lipídios pelas células: obtêm gorduras na dieta, mobilizam
gorduras armazenadas em tecidos especializados (tecido adiposo, consistindo em células chamadas
adipócitos) e, no fígado, convertem o excesso dos carboidratos da dieta em gordura para a exportação
aos outros tecidos (NELSON, 2014). A absorção de lipídios provenientes da dieta se inicia no intestino,
com ação dos sais biliares e enzimas lipases que convertem as gorduras da dieta (na forma de
triacilgliceróis) em glicerol e ácidos graxos livres para serem absorvidos. Eles são absorvidos e
convertidos novamente em triacilgliceróis, incorporados em quilomícrons e transportadas para diversos
órgãos pela corrente sanguínea e sistema linfático. Ao chegar aos tecidos periféricos, enzimas lipase
presentes nos capilares sanguíneos, converte os triacilgliceróis em ácidos graxos livres e glicerol, para
que os mesmos sejam absorvidos pelas células. Nas células, eles podem ser consumidos na produção
de energia (como nos músculos) ou serem estocados na forma de triacilgliceróis novamente (como nos
adipócitos). A imagem abaixo ilustra esse processo.

Figura 13 - Digestão, absorção e transporte de lipídios provenientes da dieta.


Fonte: Nelson (2014, p. 668).
Em situações de jejum, ou quando a glicemia começa a baixar, há liberação do hormônio pancreático
glucagon. Nesse cenário, há ativação de enzimas lipases no tecido adiposo (hormônio sensíveis) que
fazem a quebra de triacilgliceróis em ácidos graxos livres e glicerol. Os ácidos graxos são liberados do
adipócito para a corrente sanguínea, onde se liga a proteína plasmática albumina. Ligados a essa
proteína solúvel os ácidos graxos são transportados aos órgãos como coração e músculo. Já o glicerol,
liberado pela ação das lipases é utilizado como precursor da gliconeogênese no fígado.
Aproximadamente 95% da energia disponível nos triacilgliceróis se concentra nos ácidos graxos e
apenas 5% no glicerol (NELSON, 2014). 
Uma vez transportados pela membrana plasmática, os ácidos graxos livres (provenientes da dieta ou
dos estoques do tecido adiposo) chegam ao citoplasma das células. Entretanto, as enzimas necessárias
para a degradação de ácidos graxos nas células encontram-se nas mitocôndrias. Os ácidos graxos mais
comuns em nosso organismo possuem 16 átomos de carbono ou mais (ex. ácido palmítico, 16
carbonos, e ácido esteárico, 18 carbonos), e não conseguem passar pela membrana mitocondrial
livremente. Portanto, se faz necessária uma série de reações através do Ciclo da Carnitina. O ácido
graxo é inicialmente convertido em Acil-CoA graxo. Nesse processo, o ácido graxo é ligado a uma
coenzima A pela ação da enzima acil-coa sintetase com consumo de 1 ATP. 

Figura 14 - Conversão de um Ácido Graxo em um Acil-CoA graxo.


Fonte: Construída pelo autor, adaptada de Baggot [s.d].

A membrana interna da mitocôndria é impermeável a Acil-CoA graxo, por isso através da ligação a uma
molécula de Carnitina, ele consegue ser transportado para a matriz mitocondrial, voltando a sua forma
original de Acil-CoA graxo posteriormente, liberando a Carnitina para realizar outros transportes. Sendo
assim a Carnitina desempenha papel essencial no metabolismo dos ácidos graxos para produção de
energia (MARZZOCO, 2015). Uma vez na matriz mitocondrial pode-se iniciar a β-oxidação, na qual a
cadeia do ácido graxo (agora acil-CoA graxo) poderá ser oxidada.
VOCÊ SABIA?
Você sabia que algumas pessoas utilizam suplementos a base de Carnitina
para perder peso? Será que isso é eficiente?
A Carnitina é um composto produzido pelo próprio organismo, a partir dos
aminoácidos lisina e metionina, sendo considerado um micronutriente não
essencial. Alguns indivíduos fazem uso de suplementos a base de Carnitina (L-
carnitina ou derivados), buscando acelerar a perda de peso ou melhorar
desempenho esportivo. De acordo com a International Society of Sports
Nutrition, em uma publicação recente (KERKSICK, 2018), esse assunto ainda é
um tanto quanto controverso no meio científico, não havendo consenso entre o
real benefício da suplementação de Carnitina para perda de peso e/ou melhora
no rendimento esportivo.
Leia o texto que se encontra no link abaixo e saiba mais sobre esse assunto e
sobre outros suplementos comumente utilizados por praticantes de
esportes!  Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6090881/
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6090881/)>.

A β-oxidação, ou Ciclo de Lynen, é um processo de oxidação dos ácidos graxos que ocorre na matriz
mitocondrial. Muitos tecidos utilizam ácidos graxos como fonte de produção de energia na forma de
ATP, como, por exemplo, os músculos e coração. O Cérebro e as hemácias não utilizam lipídios, fazendo
uso exclusivamente de carboidratos para produção de energia.
Graças ao transporte, com auxílio de Carnitina, o Acil-CoA, agora no interior da matriz mitocondrial,
sofrerá uma série de reações que culminarão com a formação de múltiplas moléculas de Acetil-coA,
com liberação de FADH2 e NADH. Segundo Marzzoco (2015, p. 198), “Esta via consta de uma série
cíclica de quatro reações, ao final das quais a acil-CoA é encurtada de dois carbonos, que são liberados
sob a forma de Acetil-CoA, com produção de FADH2 e NADH”.
O objeto abaixo você poderá aprender outros aspectos relacionados ao Ciclo de Lynen ou β-oxidação.
Fique atento e confira!
Sendo assim, perceba que, em cada volta do ciclo de Lynen, há produção de 1 FADH2, 1 NADH, 1 acetil-
CoA e 1 acil-CoA com dois átomos de carbono a menos que o ácido graxo original. Sempre que o
número de átomos de carbono do ácido graxo for par, a última volta do ciclo de oxidação inicia-se com
uma acil-CoA de quatro carbonos. Neste caso, são produzidas 2 acetil-CoA (além de FADH2 e NADH). O
número de voltas percorridas por um Acil-CoA graxo dependerá do número de carbonos que ele possui.
Os ácidos graxos com número ímpar de carbonos (menos comuns em nossa dieta) possuem um
mecanismo extra para a última volta no clico de Lynen, quando restam 3 carbonos na cadeia. Para
aprender mais sobre o tema, sugerimos que você consulte as indicações de leitura deste tópico.
Vamos tomar como exemplo o ácido palmítico, um ácido graxo de 16 carbonos. São necessárias sete
voltas no ciclo, gerando um total de 8 Acetil-CoA, já que na última volta formam-se duas moléculas de
Acetil-CoA. Assumindo que no Ciclo de Krebs sejam formados 3 NADH, 1 FADH2 e 1 ATP por Acetil-CoA
oxidado, nesse caso, temos o resultado final apresentado no quadro abaixo.

Quadro 1 - Quantidade de ATP formado na oxidação (β-oxidação e ciclo de Krebs) do ácido palmítico e
seus intermediários.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Fica evidente que o rendimento em mols de ATP é muito maior a partir de uma molécula de ácido graxo
do que a partir de uma molécula de glicose. Mesmo que esse ácido graxo tivesse apenas 6 carbonos (o
mesmo número de carbonos que a glicose) ainda assim, seriam produzidos mais ATPs que os 32
produzidos pela oxidação total da glicose. 
A seguir, você estudará acerca da síntese de ácidos graxos. Além disso, também conhecerá sobre o
metabolismo de corpos cetônicos. Fique atento!

3.3.2 Síntese de ácidos graxos e Metabolismo de corpos cetônicos


Como visto até agora, o Acetil-CoA é um composto chave nos processos metabólicos celulares. A partir
dele é possível produzir energia na forma de ATP, porém ele também pode ser utilizado para síntese “de
novo” de macromoléculas. De forma geral, a célula poderá se deparar com um excesso de Acetil-CoA em
duas situações quase que opostas: 1) Quando ingerimos muito carboidrato e 2) quando estamos em
jejum prolongado. 
1. Ingestão elevado de carboidratos na dieta: em dietas muito ricas em carboidratos, a glicólise irá levar
a produção de muitas moléculas de piruvato, que serão descarboxiladas a acetil-CoA e endereçadas ao
ciclo de Krebs. Ao se unir com oxaloacetato, formam citrato em grande quantidade. O excesso de citrato
por sua vez inibe a continuação do ciclo de Krebs, através da inibição das enzimas que participam do
ciclo. Além disso, nessas condições há um balanço elevado de NADH e ATP nas células o que favorece
esse processo. Com isso o excesso de citrato passa a ser deslocado para o citoplasma das células,
onde é convertido em Acetil-CoA e então servirá como base para síntese de ácidos graxos, alongando a
cadeia de dois em dois carbonos (MARZZOCO, 2015). Esse processo de síntese ocorre majoritariamente
no fígado, e então os ácidos graxos são enviados ao tecido adiposo, pela corrente sanguínea, para
serem armazenados na forma de triacilglicerol (gordura). O Acetil-CoA serve ainda como precursor para
síntese de colesterol. Ele é produzido em partes pelo nosso organismo e em partes obtido da dieta.
Embora seja um componente importante para nosso organismo, altos índices de colesterol,
especialmente o colesterol LDL, são associados a doenças cardiovasculares (SORAN, 2017).

Figura 15 - Mecanismo de síntese de ácidos graxos a partir do excesso carboidratos da dieta.


Fonte: Elaborada pelo autor (2018).

2. Em caso de ingestão limitada de nutrientes, principalmente de carboidratos (como num estado de


jejum prolongado ou em dietas restritivas), mediante a liberação do hormônio glucagon nosso corpo
inicia um processo de lipólise (quebra dos triacilgliceróis acumulados na forma de gordura) e liberação
acentuada de ácidos graxos livre. Nesse sentido, o metabolismo dos ácidos graxos se acelera, dada a
alta disponibilidade desses compostos nas células. Nas mitocôndrias das células hepáticas, esse
catabolismo acentuado de ácidos graxos, gera muitas moléculas de Acetil-CoA. Nessa situação, ocorre
a conjugação de 3 Acetil-CoA em um composto chamado de Acetoacetato. Esse composto poderá ser
exportado do fígado para corrente sanguínea, e ser utilizado como fonte de energia (sendo quebrado em
acetil-CoA novamente) por outros órgãos como músculo e cérebro. Particularmente, o Acetoacetato é
importante para o cérebro, pois, ele é produzido quando o organismo está em escassez de glicose,
podendo ser uma forma alternativa de produção de energia para o sistema nervoso, já que esse não faz
uso de lipídios. Do Acetoacetato, deriva a acetona, um composto volátil, eliminado na respiração. O
acetoacetato e seus derivados (acetona e β-hidroxibutirato) são chamados de corpos cetônicos. Quando
a produção de corpos cetônicos ultrapassa o aproveitamento pelos tecidos extra-hepáticos, estabelece-
se uma condição denominada cetose, caracterizada por uma concentração elevada (até centenas de
vezes maior do que a normal) de corpos cetônicos no plasma (cetonemia) e na urina (cetonúria),
podendo levar a um quadro de cetoacidose e até a morte (MARZZOCO, 2015).
Nesse tópico, você pôde entender melhor como funciona o metabolismo dos lipídios provenientes da
dieta ou dos estoques corporais. Através da oxidação dos ácidos graxos é possível produzir energia na
forma de ATP. Além disso, nosso corpo é capaz de estocar lipídios, formados a partir de carboidratos da
dieta e também produzir corpos cetônicos em condição de jejum ou dieta restritiva.

3.4. Catabolismo de aminoácidos e ciclo da Ureia


Além de carboidratos e lipídios, um terceiro grupo de macromoléculas se destaca do ponto de vista
metabólico e energético. Os aminoácidos talvez sejam as moléculas mais versáteis em nosso
organismo. Podem ser oxidados para produção de energia assim como as anteriores, e também são os
blocos de construção de nossas proteínas, servem como precursores para diversos outros compostos.
Além disso, funcionam como transportadores e sinalizadores celulares e auxiliam na manutenção e no
equilíbrio osmótico/iônico nas células. Nosso organismo obtém a maior parte dos aminoácidos
necessários a partir das proteínas da dieta, embora alguns sejam possíveis de serem sintetizados de
forma endógena a partir de outros compostos. Em geral, os aminoácidos são classificados como
essenciais e não essenciais. Os aminoácidos essenciais são aqueles que nosso organismo não é capaz
de sintetizar, sendo seu consumo através da dieta nossa única forma de obtenção. 
Quadro 2 - Aminoácidos essenciais e não essenciais. Aqueles chamados de essenciais condicionais, são
usualmente classificados como não essenciais.
Fonte: Nelson (2014, p. 709).

A oxidação de aminoácidos para produção de energia ocorre em nossas células quando:

• o aporte de aminoácidos diário excede a necessidade de do


organismo para síntese proteica;
• durante a “reciclagem” normal de proteínas celulares, quando
proteínas que estão perdendo suas funções biológicas estão sendo
degradadas e outras estão sendo sintetizadas, os aminoácidos
remanescentes são oxidados para produzir energia;
• durante o jejum ou no diabetes não controlado, quando está
indisponível uma fonte de carboidrato para ser oxidado, sendo
utilizadas as proteínas celulares (NELSON, 2014).
Agora, assista a videoaula abaixo e amplie seus conhecimentos sobre o tema.
Nessa seção, iremos explorar principalmente o mecanismo de catabolismo dos aminoácidos para
produção de energia. Veremos ainda que, apenas os esqueletos carbônicos dos aminoácidos são
utilizados para produção de energia. Quando os aminoácidos são mobilizados para serem oxidados, o
grupo amino deve ser removido da molécula, e será convertido em um composto excretado na urina, a
ureia.

3.4.1. Digestão e absorção de aminoácidos


O processo de digestão de proteínas da dieta se inicia no estômago com ação do ácido clorídrico (HCl).
Esse age como um potente agente desnaturante, desfazendo boa parte dos dobramentos internos das
cadeias polipeptídicas, deixando-as mais susceptíveis as próximas etapas de degradação. Ainda no
estômago sob a ação da enzima pepsina inicia-se a quebra das ligações peptídicas e as proteínas são
convertidas em peptídeos curtos e aminoácidos livres. Conforme segue o trânsito gastrointestinal, ao
chegar no intestino delgado, sob ação das enzimas tripsina, quimotripsina e outras enzimas líticas, o
processo de degradação de peptídeos em aminoácidos se completa. Esse “pool” de aminoácidos pode
então ser absorvido pelas células da mucosa intestinal, sendo direcionados para os capilares
sanguíneos. Independentemente do tipo ou fonte de proteínas consumidas, elas sempre serão
totalmente hidrolisadas e os aminoácidos disponibilizados para o organismo somente na sua forma
isolada (HARVEY, 2015). Uma vez na corrente sanguínea eles podem ser transportados para dentro das
células. Para isso, existem sistemas de transporte específicos para aminoácidos na membrana
plasmática das células. Para que qualquer aminoácido possa ser utilizado com finalidades oxidativas é
necessário que seu grupo amino seja removido, sendo esta uma etapa obrigatória para o catabolismo de
todos os aminoácidos. A seguir, vamos explorar um pouco mais esse mecanismo.

3.4.2. Transaminação e Desaminação


A presença do grupo amino mantém os aminoácidos a salvo da degradação oxidativa. O primeiro passo
no catabolismo da maioria dos aminoácidos é a transferência de seus grupos amino para o α-
cetoglutarato, formando glutamato. Esse processo é chamado de Transaminação e é realizado por uma
classe de enzimas chamadas de Transaminases. Cada enzima Transaminase possui especificidade para
um ou poucos aminoácidos. Entretanto, todas, ao realizar a transferência do grupo amino, formam um α-
cetoácido correspondente ao aminoácido utilizado (NELSON, 2014). Todas as Transaminases
necessitam de um derivado da vitamina B6 (piridoxal-fosfato) como coenzima dessa reação. Os α-
cetoácidos são moléculas bastante diversas, caracterizados pela presença de uma carbonila e um grupo
ácido carboxílico. São exemplos de α-cetoácidos: Piruvato e Oxalacetato. Na imagem abaixo, temos uma
representação geral desse processo: 
Figura 16 - Transaminação de um aminoácido hipotético, formando glutamato e um α-cetoácido
correspondente.
Fonte: Harvey (2015, p. 250).

Mais adiante, vamos apresentar quais os destinos possíveis dos esqueletos carbônicos liberados na
forma desses α-cetoácidos. Por enquanto, vamos focar no destino do grupo amino transferido ao α-
cetoglutarato, que deu origem ao glutamato.
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As Transaminases são enzimas intracelulares. A presença de níveis plasmáticos
elevados de aminotransferases indica lesão em células ricas nessas enzimas. Por
exemplo, traumas físicos ou processos patológicos podem causar lise celular,
resultando na liberação de enzimas intracelulares para o sangue. Duas
aminotransferases – AST (alanina aminotransferase) e ALT (aspartato
aminotransferase) – são de especial valor diagnóstico quando aparecem no
plasma, sendo úteis no diagnóstico de doenças hepáticas, infarto do miocárdio e
doenças musculares.  Acesse o link e saiba mais:
<https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26834/000758693.pdf
(https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26834/000758693.pdf)>.

Como descrito anteriormente, os grupos amino da maioria dos aminoácidos são, no final, afunilados na
síntese de glutamato, por meio de transaminação com o α-cetoglutarato. O glutamato sofre uma
desaminação oxidativa final, que nada mais é do que a remoção do grupo amino, numa reação
catalisada pela enzima glutamato-desidrogenase. Essa desaminação forma novamente o α-
cetoglutarato, que poderá ser novamente utilizado para a reação de transaminação com outros
aminoácidos. Essa desaminação culmina com a produção de uma molécula de amônia livre (NH4+). A
amônia produzida nos tecidos extra-hepáticos é transportada até o fígado, onde será convertida em
ureia, que é a principal forma de eliminação dos grupos amino através da urina (HARVEY, 2015).

3.4.3. Ciclo da Ureia


A conversão de amônia em ureia ocorre no fígado, em parte no citoplasma, em parte na mitocôndria da
célula hepática, por um processo chamado de Ciclo da Ureia. Resumidamente, a amônia combina-se
com bicarbonato (HCO3-) formando um composto chamado de carbamoil-fosfato, em uma reação
química que consome 2 ATP. Por sua vez, o carbamoil-fosfato combina-se com ornitina, formando
citrulina. A partir da citrulina ocorrem diversas reações químicas, que culminam com a liberação de ureia
e formação de nova molécula de ornitina (recomeçando o ciclo). Na imagem a seguir, podemos observar
as reações gerais do ciclo da ureia:
Figura 17 - Ciclo da ureia. Após a ligação de uma amônia (NH4+) e um bicarbonato (HCO3-), forma-se
carbamoil-fosfato, que então se combina com ornitina, formando citrulina. Após diversas reações
químicas, libera-se uma ureia.
Fonte: Marzzoco (2015, p. 226).

Na figura, a numeração indica a ação das enzimas (1) carbamoil-fosfato sintetase I e (2) ornitina
transcarbamoilase, ambas encontradas nas mitocôndrias, e (3) argininossuccinato sintetase, (4)
argininossuccinato liase e (5) arginase, enzimas citoplasmáticas. Como podemos observar, ocorre o
transporte mediado por translocases da ornitina e da citrulina entre o citoplasma e o interior das
mitocôndrias, sendo o ciclo da ureia, um conjunto de reações que ocorrem em partes no citoplasma, e
em partes na mitocôndria.

3.4.4. Destino dos esqueletos carbônicos dos aminoácidos


Em conjunto os 20 α-cetoácidos produzidos a partir da transaminação dos 20 aminoácidos, podem
convergir na produção de 6 produtos, entre eles Acetil-CoA, Piruvato, Oxaloacetato e outros
intermediários do Ciclo de Krebs. Nesse ponto, eles podem ser consumidos e oxidados totalmente a gás
carbônico e água, ou então, podem ser convertidos em outras macromoléculas. Aqueles aminoácidos os
quais seus esqueletos carbônicos (na forma de α-cetoácidos) se destinam a síntese de Acetil-CoA são
chamados de cetogênicos, pois posteriormente, esse Acetil-CoA vai dar origem a corpos cetônicos. Já
aqueles aminoácidos os quais seus esqueletos carbônicos (na forma de α-cetoácidos) se destinam a
síntese de Piruvato, Oxaloacetato e outros intermediários do Ciclo de Krebs são chamado de
glicogênicos, pois podem ser convertidos em glicose pela gliconeogênese (HARVEY, 2015). A imagem
seguinte ilustra esse processo:
Figura 18 - Destino dos esqueletos carbônicos dos 20 aminoácidos.
Fonte: Nelson (2014, p. 711).

Sendo assim, comprova-se a versatilidade metabólica dos aminoácidos em nosso organismo. Elas
podem ser muito mais do que apenas blocos de construção das proteínas.
Vamos verificar se você foi capaz de compreender os principais conceitos associados ao metabolismo
energético? Para tanto, realize a atividade proposta na sequência.
Para complementar seus estudos sobre os Processos Biológicos Básicos, a seguir, você verá sobre a
regulação hormonal do ciclo absortivo e de jejum. Fique atento!

3.5 Regulação hormonal do ciclo absortivo e de jejum


Basicamente, os processos bioquímicos vistos até agora são regulados a depender do momento que
seu organismo se encontra: alimentado ou em jejum.
No estado alimentado, o hormônio predominante é a insulina. Nesse estado, a glicose advinda da
alimentação é absorvida no intestino, e pela corrente sanguínea chega ao fígado onde poderá ser
estocada na forma de glicogênio. Ainda no fígado, sob influência de insulina, essa glicose é degradada
pela glicólise até piruvato, formando acetil-CoA, que será utilizado como substrato para síntese de
ácidos graxos (lipogênese), para serem estocados no tecido adiposo. Ainda, no estado alimentado, a
glicose é o principal combustível para o cérebro, e também é captada pelos músculos para produção de
energia. Já os lipídios são absorvidos pelo sistema linfático e direcionado ao fígado. Então, serão
acondicionados nas lipoproteínas (VLDL, LDL e HDL), transportadas pelo organismo até o tecido
adiposo para serem estocados e até os músculos para serem consumidos como fonte de energia. Já os
aminoácidos advindos da dieta, são absorvidos no intestino e via corrente sanguínea direcionados
também ao fígado, utilizados principalmente como fonte para síntese proteica. Em linhas gerais, sob
influência da insulina, as vias glicólise, lipogênese e glicogênese (síntese de glicogênio) estão ativadas. 
 

Figura 19 - Metabolismo geral no estado Alimentado (absortivo).


Fonte: Nelson, (2009, p. 931).

No estado de jejum, nosso organismo está sob influência do glucagon majoritariamente. Nesse
momento, os estoques de lipídios e carboidratos são mobilizados. Os triacilgliceróis estocados no
tecido adiposo sofrem lipólise intensa, liberando ácidos graxos livres na corrente sanguínea (lipólise).
Esses ácidos graxos são captados pelos músculos para produção de energia e pelo fígado, onde sofrem
beta-oxidação. No fígado, esse processo dá origem aos corpos cetônicos, posteriormente consumidos
pelo cérebro e outros tecidos. Ainda, o glicerol liberado da quebra dos triacilgliceróis, serve como
precursor da gliconeogênese, bem como muito aminoácidos provenientes da proteólise endógena no
fígado. Associado à gliconeogênese, a glicogenólise hepática (quebra de glicogênio) auxilia na
manutenção da glicemia, afim de garantir um aporte de glicose constante ao cérebro. 

Figura 20 - Metabolismo geral no estado de Jejum.


Fonte: Nelson (2009, p. 934).

Como observado, em linhas gerais, no estado de jejum, as vias da lipólise, da gliconeogênese e da


glicogenólise estão ativadas, provendo substratos que nas células serão convertidos em energia para
manutenção das suas funções.
Agora, antes de continuar seus estudos sobre os processos biológicos, reveja os principais temas
abordados neste capítulo.

Síntese
Concluímos o terceiro capítulo sobre o metabolismo energético. Agora, você já conhece as principais
macromoléculas energéticas e as principais vias metabólicas produtoras de energia em nosso
organismo. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:

• conhecer o conceito de metabolismo e de como nossas células


obtém energia através dos alimentos;
• identificar os principais intermediários energéticos relacionados a
conservação de energia nas células: ATP, NADH e FADH2;
• identificar as principais macromoléculas que podem ser
utilizadas para produção de energia;
• conhecer como ocorre a digestão, absorção e transporte das
principais macromoléculas;
• conhecer o rendimento energético e as etapas para a completa
oxidação de carboidratos, lipídios e aminoácidos;
• conhecer as principais vias metabólicas na manutenção da
glicemia nos períodos de jejum e alimentado.

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