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Bioquímica Aplicada à Saúde

Prof. MSc. André B. da Silveira


 Unidade de Ensino 2: Carboidratos

● Seção 2.3: Bioenergética: função do ATP. Oxidação


biológica. Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa. Vias
das pentoses-fosfato e outras vias do metabolismo das
hexoses.
 Nesta seção, daremos continuidade ao estudo das vias
metabólicas, abordaremos os componentes e o
mecanismo de funcionamento da cadeia respiratória e
veremos como os elétrons gerados em várias reações
oxidativas de diferentes vias metabólicas são utilizados
para a produção de energia na cadeia respiratória pelo
processo de fosforilação oxidativa.

 Inicialmente, vamos estudar a bioenergética, que


aborda a transferência e a utilização da energia pelas
células.

 Antes de nos aprofundarmos nesse conceito, vamos


definir energia.

 Você, provavelmente, tem uma noção do conceito de


energia.
 Por exemplo: os equipamentos eletrônicos dependem da
energia elétrica para o seu funcionamento, mas
também podemos citar a luz, o calor, a correnteza de
um rio e tantos outros exemplos.

 O que acabamos de citar são as diferentes


manifestações da energia, mas a verdade é que definir
energia é muito difícil, sendo bem mais fácil identificar
as suas manifestações, como energia elétrica, energia
luminosa, energia térmica, energia cinética, energia
potencial etc.
 Mas como precisamos de uma definição, geralmente,
associamos ela a conceitos físicos, então, a energia pode
ser definida como a capacidade de realizar trabalho
durante uma reação química ou fenômeno físico, ou
seja, a energia é capaz de deslocar algo ou se opor às
forças contrárias.

 Por exemplo: a energia tem a capacidade de organizar


a matéria, deslocando as moléculas para organizá-las
em células, que, posteriormente, podem ser deslocadas
para a organização de sistemas biológicos cada vez
mais complexos, como tecidos, órgãos, até chegar a um
organismo.
 Além disso, a energia é necessária para a manutenção
da composição dos meios intracelular e extracelular, a
movimentação do sistema biológico (flagelo e cílios, no
caso da movimentação de células, e um sistema
proteico que permite a contração de fibras musculares
para a movimentação de um corpo), as vias de
biossíntese (ou anabólicas), o movimento de moléculas
e íons por meio da membrana plasmática e tantas
outras funções biológicas.

 A manutenção da vida depende da capacidade da célula


em transformar uma forma de energia em outra.
 Essas transformações de energia que acompanham as
reações químicas do sistema biológico (célula ou
organismo) são estudadas pela bioenergética e são
condicionadas às leis da termodinâmica.

 Inicialmente, vamos definir alguns conceitos


importantes da termodinâmica.

 O sistema é o nosso objeto de estudo, podendo ser um


tubo de ensaio com uma determinada reação química
ou uma célula; já e o que está ao redor do sistema e não
pertence a ele, chamamos de entorno ou vizinhança.

 O universo, por sua vez, é o conjunto formado pelo


sistema e pela vizinhança ou entorno.
 O sistema pode ser classificado em aberto (troca
energia e matéria com o entorno), fechado (só troca
energia com o entorno) e isolado (não troca nada com o
entorno).

 As células são exemplos de sistemas abertos, pois


trocam energia e substâncias com o meio circundante.

 Os conceitos de trabalho e energia já foram abordados


anteriormente no texto, então, faltou definirmos calor,
que é a energia em movimento devido à diferença de
temperatura entre dois meios.
 Outros parâmetros importantes para a termodinâmica
são: energia interna, entalpia, entropia e variação de
energia livre (ou de Gibbs).

 A energia interna (U) corresponde ao conteúdo total de


energia do sistema, ou seja, a soma das energias
cinética e potencial das moléculas constituintes do
sistema.
 A entalpia (H) é o parâmetro que mede a quantidade
de energia de um sistema que pode ser transformada
em calor à pressão constante.

 Já a variação de entalpia, ou seja, a diferença entre as


entalpias final e inicial de um sistema, reflete a energia
liberada e absorvida de um sistema em pressão
constante.

 A depender do valor da variação de entalpia, podemos


classificar as reações químicas e os fenômenos físicos
em exotérmicos e endotérmicos.
 Em um processo exotérmico, a variação de entalpia do
sistema é negativa, pois o sistema transfere energia na
forma de calor para o entorno, enquanto em um
processo endotérmico, a variação de entalpia do
sistema é positiva, pois recebe energia do entorno na
forma de calor.
 Precisamos diferenciar dois processos importantes: a
transformação física e a transformação química
(também chamada de reação química).

 Na transformação física, as moléculas continuam


intactas, o que altera é a relação entre elas, isto é, as
ligações intermoleculares e a liberdade de
movimentação das moléculas.

 Como exemplo, temos o gelo (forma sólida), a água


(forma líquida) e o vapor de água (forma gasosa).

 Todas essas formas são constituídas pela mesma


molécula, então, o que muda?
 Apenas a relação entre as moléculas de água.

 Já na transformação química ou reação química, as


moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são
transformadas em novas moléculas, diferentes das
iniciais, chamadas de produtos.

 Por exemplo: a queima da madeira, uma reação


química chamada de combustão.

 Nesse exemplo, a madeira, constituída por moléculas


orgânicas (presença do átomo de carbono), ao reagir
com o gás oxigênio (02) origina o gás carbônico (C02),
então, nessa reação química, temos os reagentes
carbono e gás oxigênio e o produto gás carbônico.
Estrutura do ATP e a reação de hidrólise do ATP para liberar energia
 Um homem adulto com cerca de 70 kg necessita de,
pelo menos, 2000 quilocalorias por dia para a
manutenção das suas funções orgânicas.

 Em termos energéticos, essa quantidade de energia


corresponde a 83 kg de ATP, porém as pessoas dispõem
de apenas 250 gramas de ATP a qualquer momento, e
isso mostra que a nossa capacidade de regenerar o ATP
tem que ser bem elevada.

 Cada molécula de ATP é regenerada cerca de 300 vezes


por dia, e a principal fonte de regeneração de ATP é a
fosforilação oxidativa que ocorre na mitocôndria.
 As reações de oxirredução (ou redox) estão
presentes em muitas vias metabólicas, em espe-
cial as relacionadas com a produção de energia.

 Na oxidação, ocorre perda de elétrons, ou seja, há


aumento do valor do número de oxidação; já na
redução, há ganho de elétrons, ou seja, há a
diminuição do valor do número de oxidação.

 O número de oxidação está relacionado à carga elétrica,


real ou parcial, dos átomos constituintes das moléculas
reagentes.
 Oxidante é a molécula que provoca oxidação de outra
molécula e sofre redução; redutor é a molécula que
provoca redução de outra molécula e sofre oxidação.

 Nas reações de oxirredução, temos a transferência de


elétrons do redutor para o oxidante; por exemplo: na
descarboxilação oxidativa do piruvato, o que resulta na
formação de acetil-CoA, o piruvato é o redutor, pois
perde elétrons e os transfere para o NAD+, que age
como oxidante.
 Apesar de o termo oxidação remeter ao gás oxigênio,
muitas reações de oxidação ocorrem sem a participação
dessa molécula.

 O conjunto das reações de oxirredução que


ocorrem nos sistemas biológicos é denominado
de oxidação biológica.
Equação resumida da respiração celular e o
processo redox da mesma
 A energia presente na glicose, nos ácidos graxos e nos
aminoácidos é liberada aos poucos, em várias etapas,
cada uma catalisada por uma enzima específica.

 Nessas etapas, a energia dessas fontes energéticas


pode ser transferida diretamente para o ADP por meio
da sua fosforilação, originando o ATP.

 A outra possibilidade é a transferência de elétrons


dessas fontes energéticas para os carreadores de
elétrons NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e
FAD (flavina adenina dinucleotídeo), e esses elétrons
serão, posteriormente, transferidos para a cadeia
respiratória ou cadeia de transporte de elétrons, onde
serão utilizados para o processo de fosforilação
oxidativa.
 As oxidações da glicose, dos ácidos graxos e
aminoácidos e a fosforilação do ADP para formar ATP
estão acoplados por um gradiente de prótons, por meio
da membrana interna da mitocôndria.

 A seguir, veremos como ocorre esse acoplamento de


reações na cadeia respiratória.
Representação dos componentes e do mecanismo de
funcionamento da cadeia respiratória
Representação das reações químicas envolvidas na redução
do gás oxigênio (O2) à molécula de água
 A via das pentoses-fosfato é um conjunto de
reações químicas que ocorre no citosol e cujo
substrato inicial é a glicose-6-fosfato e o produto
final é a ribose-5-fosfato.
Esquema representativo da via das pentoses-fosfato
 Existem vias metabólicas que envolvem outras hexoses,
como a galactose e a frutose.

 No caso da frutose, esse monossacarídeo é


substrato para glicólise, especialmente no fígado.

 Uma dieta rica em frutose pode desencadear um


aumento da taxa de glicólise no fígado, resultando em
aumento da taxa de síntese de ácidos graxos devido à
maior disponibilidade de di-hidroxiacetona, um
intermediário da glicólise.
 Com maior produção hepática de ácidos graxos, há
maior secreção de VLDL, o que resulta em
hipertrigliceridemia (maior concentração plasmática de
triacilgliceróis ou triglicérides).

 A galactose obtida da dieta é convertida em


glicose no fígado.

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