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Tópicos da aula:
Bioenergética
Enzimas
Glicólise
Via das Pentoses-Fosfato
Bioenergética
Definição de bioenergética: A bioenergética é o campo da biologia que se concentra no estudo dos
processos de conversão e utilização de energia nos sistemas biológicos. Ela examina como os
organismos vivos, como células e organismos inteiros, adquirem, armazenam, convertem e usam energia
para realizar suas funções vitais.
Primeira Lei da Termodinâmica (Lei da Conservação de Energia): Esta lei afirma que a energia não
pode ser criada nem destruída, apenas transformada de uma forma para outra. Na bioenergética, isso
significa que a energia contida nos alimentos (principalmente na forma de glicose) é convertida em
outras formas de energia, como a energia química armazenada em moléculas como o ATP.
Segunda Lei da Termodinâmica: A segunda lei da termodinâmica estabelece que qualquer processo
espontâneo aumenta a entropia (desordem) do universo.
A entalpia, ΔH, está relacionada à energia interna de um sistema e à pressão constante. Ela mede
a quantidade de energia que flui como calor durante um processo a pressão constante. Se ΔH for
positivo, o sistema absorve calor do ambiente (processo endotérmico), e se ΔH for negativo, o
sistema libera calor para o ambiente (processo exotérmico).
A entropia, ΔS, é uma medida da desordem ou aleatoriedade em um sistema. A variação de
entropia está associada à dispersão de energia térmica durante um processo. Quando ΔS é
positivo, significa que a desordem aumentou (processo espontâneo), e quando ΔS é negativo,
significa que a desordem diminuiu (processo não espontâneo).
Energia livre de Gibbs (ΔG): é uma combinação das leis da termodinâmica e é usado para determinar
se uma reação é espontânea ou não:
Se ΔG for negativo, a reação é espontânea, o que significa que a reação libera energia utilizável,
e é o princípio por trás das reações metabólicas que fornecem energia para as células.
Se ΔG for positivo, a reação não é espontânea, e a entrada de energia é necessária para que a
reação ocorra. Isso é importante em processos como a síntese de biomoléculas.
ΔG = ΔH - TΔS
Oxidação-redução
O ATP pode ser utilizado acoplado a uma reação endergônica tornando o processo geral exergônico.
Fosforilação a nível de substrato: Fosforilação de uma molécula de ADP à ATP pela energia química
liberada pela metabolização de um substrato de alto nível energético. Ocorre no citosol.
Enzimas
Enzimas são proteínas ou moléculas de RNA que atuam como catalisadores biológicos em sistemas
vivos. Elas desempenham um papel crucial na aceleração das reações químicas que ocorrem nas
células, permitindo que essas reações aconteçam a taxas compatíveis com a vida. Essas são algumas
características essenciais das enzimas:
Catalisadores: Enzimas são catalisadores, o que significa que elas aceleram reações químicas sem
serem consumidas no processo. Elas reduzem a energia de ativação necessária para que uma reação
ocorra, tornando-a mais eficiente e rápida.
Específicas: Cada enzima é altamente específica para uma reação química particular ou um grupo de
reações. Elas reconhecem moléculas de substrato específicas e facilitam as etapas da reação química
sem interferir em outras.
Reutilizáveis: Enzimas não são consumidas na reação, o que significa que uma única enzima pode
catalisar múltiplas reações. Elas podem ser usadas repetidamente.
Regulação: A atividade das enzimas pode ser regulada para controlar o fluxo de reações metabólicas
nas células. Isso permite que os organismos ajustem seu metabolismo de acordo com as necessidades.
Específicas para Temperatura e pH: A atividade das enzimas é influenciada pela temperatura e pelo
pH. Elas têm faixas de temperatura e pH em que funcionam de maneira ideal.
Energia de ativação
As enzimas atuam reduzindo a energia de ativação necessária para que uma reação química ocorra. A
energia de ativação é a energia mínima que as moléculas de substrato devem adquirir para que uma
reação ocorra. Ela representa a barreira energética que deve ser superada para que as ligações
químicas nos reagentes se quebrem e as ligações nos produtos se formem.
O modelo "ajuste induzido" descreve de maneira mais precisa como as enzimas interagem com seus
substratos. Ele sugere que a enzima e o substrato sofrem alterações conformacionais (ou mudanças em
sua estrutura tridimensional) à medida que interagem. Em outras palavras, a enzima não se encaixa
perfeitamente no substrato como uma chave em uma fechadura. Em vez disso, a interação entre a
enzima e o substrato induz mudanças conformacionais tanto na enzima quanto no substrato, permitindo
que eles se liguem de maneira mais específica.
Esse modelo destaca que a enzima não é estática, mas é flexível e pode mudar de forma para
acomodar o substrato e facilitar a reação. Essa mudança na forma da enzima é o que permite a
catálise da reação química.
CINÉTICA ENZIMÁTICA
A cinética enzimática é um ramo da bioquímica que estuda a velocidade e os mecanismos das reações
catalisadas por enzimas. Ela se concentra em entender como as enzimas funcionam, como elas
interagem com seus substratos e como a taxa de reação é afetada por diferentes fatores
Regulação Enzimática: Estuda como as enzimas são reguladas em células para atender às
necessidades metabólicas. Isso inclui feedback negativo e positivo, fosforilação e outros mecanismos de
controle.
Enzimas alostéricas: Alguns enzimas possuem sítios alostéricos que, quando ligados por moléculas
específicas, afetam a atividade catalítica da enzima.
INIBIÇÃO ENZIMÁTICA
Inibição Competitiva:
Mecanismo: O inibidor se assemelha estruturalmente ao substrato e compete com ele pelo sítio
ativo da enzima.
Efeito na Enzima: Diminui a taxa de reação da enzima, pois impede que o substrato se ligue ao
sítio ativo. Altera o Km sem alterar a velocidade máxima.
Reversibilidade: Geralmente é reversível.
Inibição Mista:
Inibição Irreversível:
Mecanismo: O inibidor forma ligações covalentes com a enzima, resultando em uma inibição
permanente.
Efeito na Enzima: A enzima é inativada e não pode mais catalisar reações.
Reversibilidade: Irreversível.
REGULAÇÃO ENZIMÁTICA
Regulação Alosterica: Muitas enzimas possuem sítios alostéricos, onde moléculas reguladoras se ligam
para alterar a conformação da enzima e afetar sua atividade, aumentando-a ou diminuindo.
Modificação Covalente: As enzimas podem ser ativadas ou inibidas por modificações covalentes,
como fosforilação ou desfosforilação. Essas modificações são frequentemente reguladas por quinases
e fosfatases.
Glicólise
A glicólise ocorre no citoplasma da célula e não requer oxigênio (é anaeróbica). Portanto, é uma das
principais vias metabólicas usadas para a produção rápida de energia em condições de baixa
disponibilidade de oxigênio. Esse metabolismo conta com a formação de intermediários fosforilados,
muito importantes para armazenar parcialmente a energia e para a regulação da via, uma vez que, ao
sofrerem fosforilação, não conseguem ultrapassar membranas.
Fase Preparatória: A glicólise começa com a quebra da glicose, um açúcar de seis carbonos, em duas
moléculas de três carbonos chamadas triose-P. Esta etapa requer um pequeno investimento de energia
2 ATP.
Fosforilação da glicose;
Conversão de glicose-6-P em frutose-6-P;
Fosforilação de frutose-6-P em frutose1,6-BiP;
Clivagem da frutose-1,6-BiP em Diidroxiacetona fosfato e Gliceraldeido-3-fosfato ;
Interconversão das trioses fosfato (Diidroxiacetona fosfato em Gliceraldeido-3-fosfato);
Fase de pagamento: Uma molécula de gliceraldeido-3-P (G3P) é oxidada por uma série de reações a
piruvato, rendendo 2 ATP e 2 NADH por cada piruvato.
DESTINOS DO PIRUVATO
Conversão em Lactato:
Em condições de falta de oxigênio, como durante exercício intenso, o piruvato pode ser
convertido em lactato em um processo chamado fermentação láctica. Isso regenera o NAD+
necessário para a continuação da glicólise e permite que a glicólise ocorra em condições de
baixa disponibilidade de oxigênio. O lactato é transportado para o fígado e outros tecidos
para posterior conversão em glicose (gliconeogênese) quando o oxigênio se torna disponível
novamente.
Gliconeogênese:
Em condições de baixa glicose no sangue, o piruvato pode ser convertido em glicose por meio
da gliconeogênese. Isso ocorre no fígado e é fundamental para manter os níveis de glicose no
sangue em equilíbrio.
O piruvato também pode ser um precursor para a síntese de ácidos graxos e aminoácidos.
REGULAÇÕES IMPORTANTES
Enzimas que catalisam passos exergônicos, limitantes de velocidade, são normalmente alvo de
regulação. Essas reações que sofrem regulação são chamadas de passos limitantes da via.
Inibição pelo ATP: O ATP é uma molécula rica em energia, e altas concentrações de ATP indicam
que a célula tem energia suficiente disponível. Nesse caso, o ATP atua como um inibidor alostérico
da PFK-1. Quando o ATP se liga a um sítio alostérico na PFK-1, ele inibe a atividade da enzima,
reduzindo a velocidade da glicólise.
Ativação pelo AMP: Por outro lado, o AMP é uma molécula que sinaliza níveis baixos de energia
na célula, uma vez que é produzido quando o ATP é gasto na produção de energia. Baixas
concentrações de ATP resultam em altas concentrações de AMP. O AMP atua como um ativador
alostérico da PFK-1. Quando o AMP se liga a um sítio alostérico na PFK-1, ele estimula a atividade
da enzima, aumentando a velocidade da glicólise.
Regulação da piruvato cinase: A piruvato cinase (PK) é uma enzima envolvida na glicólise, onde
catalisa a conversão do fosfoenolpiruvato (PEP) em piruvato, gerando ATP.
Fase Oxidativa:
Nesta fase, a glicose-6-fosfato é oxidada, gerando NADPH e ribulose-5-fosfato. Envolve várias reações,
incluindo a ação da glicose-6-fosfato desidrogenase.