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Bioenergética e Metabolismo

Parâmetros Termodinâmicos

Energia Livre de Gibbs (G)

Expressa a quantidade de energia capaz de realizar trabalho durante


uma reação.

1. Endergônica - o sistema ganha energia livre, ou seja, em uma reação,


os produtos possuem mais energia que os reagentes. (G>0).

2. Exergônica - O sistema perde energia, ou seja, há uma menor


quantidade de energia livre após uma reação. (G<0).

Entalpia (H)

A quantidade de calor em um sistema reagente. Representado pelo


número e tipo das reações químicas nos reagentes e produtos.

1. Exotérmica - Há a liberação de calor nos produtos (H<0).

2. Endotérmica - Há absorção de calor na reação (H>0).

Entropia (S)

Quantifica a desordem de um sistema.

Em um reação, as moléculas mais simples são mais desordenadas e as


reações que tendem a elas possuem um maior grau de entropia.

▲G = ▲H − T ▲S
Os sistemas reagem espontaneamente somente quando a reação é
exergônica, pois há o aumento da entropia.

Existem inúmeras reações que são endergônicas, mas são extremamente


necessárias para que haja o metabolismo da célula. Dessa forma, o
organismo possui artifícios para driblar esse viés. A célula acopla reações
endergônicas com uma reação bastante exergônica através dos
intermediários comuns. Assim, o resultado final de ▲G é <0 e a reação
pode ocorrer espontaneamente. Por exemplo, se uma reação 1 é
endergônica, mas seu produto é reagente de uma reação 2 que é muito
exergônica, a célula acopla essas duas reações para ter uma reação 3

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global na qual seu ▲G é a soma do ▲G da reação 1 e da reação 2. Como
o resultado é <0, a reação acoplada pode ocorrer espontaneamente.

A organização intracelular ocorre, porque a célula compensa a energia que


retira do meio devolvendo-a em forma de calor para manter a entropia do
meio.

Fonte de energia

A célula só consegue aproveitar a energia livre e não consegue aproveitar o


calor, pois a célula somente trabalha sob condições de temperatura
constante e o calor só realiza trabalho quando há a diferença de
temperatura.

As células transformam a energia livre em ATP e outros compostos ricos em


energia e capazes de realizar trabalho biológico.

Categorias Gerais de Reações in vivo

Apesar do grande número de reações químicas que ocorrem no organismo


vivo, existe um padrão entre elas que permite agrupá-las em 5 categorias.
Contudo, elas não são excludentes, uma mesma reação pode ter
características de mais de uma categoria.

Reações que criam ou quebram ligações C - C

Essas reações constroem ou clivam ligações entre dois átomos de


carbono.

Essa reação é praticamente impossível de acontecer, por causa da


formação dos carbocátions e carbânions que são extremamente
instáveis. Dessa forma, um grupo carbonila é conjugado na estrutura
química para melhor estabilizar os carbocátions e carbânions para
permitir a existência deles.

Rearranjos internos, isomerizações e eliminações

Esse tipo de reação ocorre através da redistribuição de elétrons, mas


sem alterar o estado global de oxidação da molécula.

Os efeitos do rearranjo de elétrons podem ser visualizados na mudança


de posição de uma ligação dupla, mudança de função orgânica,
mudança da configuração cis-trans de uma ligação.

Reações com radicais livres

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Ocorre uma clivagem homolítica de uma ligação covalente para gerar
radicais livres.

Esses radicais livres gerados são necessários para iniciar outros tipos
de reações com o intuito de formar outras moléculas

Transferência de grupos

Nesse tipo de reação, ocorre uma substituição nucleofílica, ou seja, a


entrada de um nucleófilo na molécula, para formar uma molécula
intermediária.

A partir da molécula intermediária, haverá um grupo que irá deixar a


molécula para ser transferido para outra (grupo de saída) e iniciar uma
nova reação.

O grupos organofosfatos abusam desse tipo de reação, sendo ela


extremamente presente nas transformações do ATP, ADP e sob ação
da família cinase de enzimas.

Oxidação-redução

Os átomos de carbono podem existir em 5 estados de oxidação. A


transição entre esses estados através da doação e acepção de elétrons
promove a transferência de energia e a realização de reações químicas
vitais para a célula.

As desidrogenações são reações de oxidação onde há a saída de um


par de elétrons e um par de íons H. São catalisadas pelas
desidrogenases.

A família das oxidases e oxigenases também catalisam oxidações, mas


naquelas moléculas onde o carbono está ligado covalentemente ao
oxigênio.

ATP e Transferência de Pi

O ATP é formado através do catabolismo para que a sua hidrólise gere a


energia necessária para os processos bioquímicos.

A energia do ATP é acoplada no intermediário de reações endergônicas


para permitir que elas possam ser realizadas, além de ser necessária para a
realização de processos contra gradientes de concentração.

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o ▲G para a hidrólise do ATP é de -30,5 J/mol. Contudo, esse valor não
ocorre necessariamente na célula, pois ele depende de fatores que são
variáveis entre cada tipo celular: concentraçaõ de ATP, ADP, AMP, Pi, H+,
Mg.

Existem vários outros compostos fosforilados que também possuem o ▲G


grande e negativo. A acetil-CoA é um desses compostos muito importantes
para o metabolismo. É importante ressaltar que alguns desses compostos
de alta energia são usados para serem acoplados às reações endergônicas
de reconstrução do ATP e torná-las possíveis de ocorrer.

A geração de energia pelo ATP não ocorre somente como uma hidrólise
simples, pois isso apenas liberaria calor que não poderia impulsionar uma
reação química em um sistema isotérmico. Nesse caso, ocorre um processo
de substituição de grupos no qual um grupo Pi é transferido do ATP e se
liga covalentemente com o aminoácido da enzima responsável por esse
processo. No final, o Pi se torna o grupo de saída.

Há alguns processos que utilizam a hidrólise direta de ATP para ocorrerem.


Como exemplo, a alternância de conformação das proteínas da contração
muscular. O deslocamento dos ribossomos ao longo do RNAm.

Muitas reações do ATP também ocorrem através de substituição nucleofílica


na qual o nucleófilo pode atacar qualquer uma das moléculas de fosfato.
Inclusive, muitas reações envolvem a ligação do AMP com a molécula e
liberação de PPi, sobretudo na formação anabólica como a formação do
DNA e RNA. (AMP, GMP, CMP, UMP e TMP).

Todos os nucleosídeos trifosfatos (NTPs) são equivalentes energeticamente


ao ATP.

Em casos de extrema demanda por ATP, a enzima adenilil-cinase consegue


converter ADP em ATP + AMP para suprir a demanda. Extinguida a
demanda, a enzima recicla o AMP em ADP que será posteriormente
fosforilado em ATP na mitocôndria.

2ADP < − > ATP + AMP


A fosfocreatinina possui uma grande importância como reservatório de Pi
para formar ATP em situações de extrema necessidade dessa molécula, já
que a formação de ATP pelo catabolismo não é tão rápida. Tanto que em
locais onde isso ocorre frequentemente, como no músuclo esquelético, a
concentração da PCR é 10x maior que a de ATP. A enzima que catalisa

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essa reação é a creatina-cinase e, quando a demanda é extinguida, o ATP
produzido pelo catabolismo regenera a fosfocreatina.

ADP + PCr < − > ATP + Cr

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