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Clínica
I. Introdução
A enzimologia clínica é a aplicação da ciência das enzimas ao diagnóstico e ao
acompanhamento de doenças. É uma das mais importantes contribuições da bioquímica
clínica contemporânea à clínica médica. Atualmente os ensaios enzimáticos correspondem
a cerca de 20 a 25% das dosagens executadas nos laboratórios de análises clínicas
hospitalares com, aproximadamente, 12 a 15 enzimas diferentes sendo analisadas.
A enzimologia clínica se originou da observação de que o nível das atividades enzimáticas
nos líquidos biológicos refletia a integridade dos diferentes órgãos. Cada tecido é equipado
de enzimas relacionadas com as suas funções, na sua maioria; determinada pela natureza
das reações químicas, que aí se processam. Assim, uma lesão tecidual provocará a
liberação, para os líquidos biológicos, de enzimas características deste tecido lesado. Este
“poder informativo” faz destas moléculas uma ferramenta indispensável ao diagnóstico e
ao prognóstico de numerosas patologias.
O início da aplicação das enzimas como marcadores tissulares data de 1908, quando
Wohlgemuth determinou a atividade da amilase na urina, aplicando-a ao diagnóstico da
pancreatite aguda. A medida da atividade enzimática sérica se iniciou com os estudos de
King, Kay, Bodansky e Roberts, entre 1920 e 1930, sobre a fosfatase alcalina nas doenças
ósseas e hepáticas. Após a cristalização da urease, em 1926, por Sumner, as pesquisas em
enzimologia clínica não cessaram de se multiplicar em benefício, em particular, da
biotecnologia e da saúde.
Os objetivos deste capítulo são:
definir os conceitos básicos sobre atividade enzimática;
conhecer os fatores que interferem sobre a atividade enzimática e como evitar a
interferência;
caracterizar as enzimas de interesse diagnóstico;
mostrar os métodos práticos para a determinação das atividades enzimáticas;
estudar as patologias nas quais a determinação da atividade enzimática tem valor
diagnóstico.
1. Enzima:
É uma proteína produzida pelos seres vivos, com efeitos catalíticos sobre uma dada reação
química, devido a uma ação ativadora. As enzimas são efetivas em pequenas quantidades,
permanecem inalteradas durante todo o tempo da reação e não alteram o equilíbrio de uma
reação reversível porém, aumentam a velocidade da reação para alcançar este equilíbrio. O
aumento da velocidade das reações químicas é cerca de 109 a 1020 vezes, permitindo que
uma molécula de enzima, na temperatura ambiente, transforme de 10 a 1.000 moléculas de
Energia X Reação
7
Ea1
6
Ea2 E
5
3 S
Energia
2
F
1
P
0
0 1 1,4 2,8 3 3,8 4 5 5,2
Reação
S = Substrato
P = Produto
Ea1= Energia de ativação necessária para uma reação química sem enzimas
Ea2 = Energia de ativação necessária para uma reação química com enzimas
E = Variação de energia de ativação entre Ea1 e Ea2
F = Variação de energia livre entre S e P
2. Estrutura da enzima:
As enzimas são macromoléculas de natureza essencialmente proteica e de arquitetura
globular e são formadas pelas seguintes estruturas:
estrutura primária: ditada pela seqüência de aminoácidos presentes na cadeia
polipeptídica;
estrutura secundária: constituída pelas pontes de hidrogênio internas, entre grupos CO e
NH dos aminoácidos, que conferem uma conformação helicoidal à molécula;
estrutura terciária: representada pela disposição espacial dos aminoácidos, através de
reações bissulfito e iônicas, formando uma estrutura tridimensional;
estrutura quaternária: corresponde à composição de grandes moléculas a partir da união
de subunidades, formando uma molécula protéica oligomérica (p.ex. LDH é um
tetrâmero, CK é um dímero).
3. Atividade Enzimática:
A atividade enzimática é definida como sendo a capacidade de uma enzima de transformar
um substrato em um determinado tempo e não serem consumidas neste processo. Para
atuarem as enzimas formam com o substrato a ser transformado um complexo enzima-
substrato. O substrato se liga à enzima em um local específico, o sítio ativo. Durante um
determinado tempo a enzima age sobre o substrato, transformando-o em um produto e,
sendo liberada, pode se ligar a outra molécula de substrato. Esta reação pode ser
exemplificada pelo seguinte esquema:
4,5
Velocidade da reação
4 V max
3,5 Reações de ordem zero
3
2,5
2 V max/2
1,5
1
0,5
0
0 1 2
Km 3 4 6 7 8
Concentração do substrato (mol/L)
Pelo gráfico se observa que a velocidade da reação enzimática se eleva com o aumento da
concentração do substrato, até um certo ponto no qual a concentração do substrato não é
fator limitante para o aumento da velocidade da reação. Neste ponto é atingida a velocidade
máxima da reação (Vmax) e a quantidade de substrato presente não mais influi sobre ela.
5,5611000
F= 1,85
130100
1 US = 1,85 UI
Transformar US em UI
1 US 1,85 UI
x = 98 UI/L
54 US x
Transformar UI em Katal
1 UI 16,67 nkat
x= 1634 nkat ou 1,6 kat/L
98 UI x
Assim, 53 US/100 mL = 98 UI/L = 1,6 µkat/L
+
+
Enzima + Substrato Complexo Produto + Enzima
[E-S]
A enzima se apresenta com o seu centro ativo onde se instala o substrato. O complexo [E-
S] é formado e, em um determinado tempo o produto da reação é liberado e o centro ativo
da enzima, livre, pode ligar-se a outra molécula de substrato. Em concentrações baixas de
Jane Maciel Almeida Baptista Faculdade de Farmácia da UFMG 8
substrato a enzima é envolvida, apenas, por um pequeno número de moléculas de substrato
e a probabilidade de que uma molécula encontre um centro ativo livre é menor do que a
uma concentração elevada de substrato. Com o aumento da concentração de substrato, o
tempo para que uma nova molécula encontre um local de ligação livre é diminuído. Em
concentração elevada de substrato a enzima fica envolvida por tantas moléculas que
qualquer ponto de ligação fica imediatamente ocupado, formando-se rapidamente o
produto da reação. Nestas condições a enzima está “saturada” de substrato e a velocidade
da reação atinge um máximo, dependendo apenas do tempo que a enzima precisa para
transformar o substrato.
6
Velocidade da
Reação linear
4
reação
2 Reação sem
linearidade
0
0 1 2 3 4 5
Concentração da enzima
c) Temperatura:
c) Temperatura:
Para que o complexo E-S se forme é necessária uma quantidade de energia, em forma de
calor. A temperatura exigida, para a maioria das enzimas, oscila em torno de 37ºC e é
chamada de temperatura ótima. Em condições de temperatura abaixo da temperatura ótima
a velocidade da reação diminui, observando-se um efeito acelerador até que a temperatura
ótima seja atingida, acima desta temperatura observa-se, novamente, uma diminuição da
velocidade da reação, devido a um efeito desnaturante. A temperatura crítica, de
desnaturação da enzima, é característica de cada enzima e está em torno de 50 a 60 ºC. A
inativação térmica depende, também do tempo em que a enzima é exposta a tal
temperatura.
6
Velocidade da reação
Efeito
5 Efeito desnaturante
acelerador
4
3 Temperatura
2 ótima
1
0
o
0 0,5 1 1,5 2 2,5
37 3C 3,5 4 4,5 o 5 5,5 6
50
Temperatura C
Velocidade da reação x pH
6
Velocidade da reação
2 pH
ótimo
1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
pH
15
Atividade da
GLDH (UI/L)
10
5 Concentração ideal
0
0 0,1 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6
Concentração de NADH (mmol/L)
Espectro de Absorção
1,4
1,2
Absorbância
1
0,8 NAD
0,6 NADH
0,4
0,2
0
0
0
2
0
2
A = abc
A = absorbância
a = coeficiente de extinção molar da substância a ser medida (cm2/M)
b = trajetória de energia radiante (espessura da cubeta) (cm)
c = concentração (atividade) UI/L
Para calcular a atividade:
A
c =
ab
Como a absorbância é medida em vários tempos, calcula-se o A/min:
A / min
c =
ab
Para que a fórmula seja usada deve-se ainda considerar a diluição da substância a ser
medida no sistema e a quantidade de amostra usada:
A/min Vol u me t o ta l
c=
ab Vol u me da a mo stra
A atividade enzimática é expressa em Unidade Internacional (UI), que corresponde à
quantidade de enzima que catalisa a transformação de 1 µmol de substrato, por minuto, por
litro de material biológico. Assim, deve-se multiplicar por 106, para transformar Mol em
µmol e por 103, para transformar cm3 (mL) em litro:
c= A/ min Vt ( mL) 106 103
a ( cm2/M) b (cm) Va (mL)
2. Localização Tissular:
Cada tecido possui enzimas relacionadas com a sua função. As proteínas enzimáticas são,
portanto, marcadores tissulares. Entretanto, esta organoespecificidade não é absoluta, a
AST e a LDH encontram-se em quantidades comparáveis em diferentes tecidos (coração,
fígado, músculos esqueléticos) mas a ALT é um bom marcador hepático e a CK é também
um bom marcador para o músculo cardíaco e o músculo esquelético. O quadro seguinte
mostra a atividade relativa das enzimas nos tecidos em relação ao soro:
1- -AMILASE :
- Símbolo : AMS
- Nome : -1,4-glucan-4-glucano hidrolase
- Classificação : E.C.3.2.1.1.
- PM : 45.000 daltons
Jane Maciel Almeida Baptista Faculdade de Farmácia da UFMG 23
- pH ótimo : 7,0 0,1
- Ativadores : íons Cloreto
- Inibidores : íons metálicos (Cu2+, Hg+, Ag+, Pb++), uréia, EDTA, citrato, fluoreto,
oxalato, NaCl > 10mmol/L
- Isoenzimas : existem duas formas, a pancreática (p-amilase, 1/3 do total) e a salivar
(s-amilase, 2/3 do total)
- Macroenzima : identificada em 1964 (Wilding e col.) corresponde a uma proteína de alto
peso molecular (100.000 daltons), resultante da complexação da amilase com
imunoglobulinas (IgG ou IgA) e/ou com seus substratos (glicoproteínas e polissacarídeos).
A macroamilase pode estar presente em 2% dos soros normoamilasêmicos e em 2 a 4% dos
soros hiperamilasêmicos. A sua importância clínica está relacionada à investigação da
pancreatite. A macroamilase é encontrada somente no soro, pois seu alto peso molecular
não permite a filtração renal, nem o clareamento. Assim, uma elevação da amilasemia pode
ser devida a presença desta macroenzima. Para um correto diagnóstico da pancreatite é
necessária a determinação da atividade da enzima no soro e na urina. A amilase estará com
sua atividade elevada, nestas duas amostras biológicas, nos casos de pancreatite.
- Fontes : pâncreas, parótidas, fígado, músculos, intestino, estômago e tecido adiposo.
- Reação catalisada : A AMS catalisa a reação de hidrólise das ligações -1,4-glicosídicas
do amido e glicogênio. A enzima atua sobre estes polissacarídeos promovendo a ruptura
progressiva das moléculas, que vão sendo fragmentadas em unidades menores. Assim o
amido se desdobra em dextrinas, estas são rapidamente hidrolisadas, liberando unidades
menores como maltose e glicose.
-Métodos de determinação da atividade :
a) Método Amiloclástico: A AMS hidrolisa o amido, liberando dextrinas, maltose e
glicose. O amido restante, não hidrolisado, forma um complexo coloidal azul, com a
solução de iodo adicionada. A intensidade de cor formada é medida
espectrofotométricamente e é inversamente proporcional a atividade da AMS.
-Valor de referência: - soro : 60 a 160 Unidades Caraway /100 mL
- urina : 140 a 1400 Unidades Caraway / 24 horas
b) Método Sacarogênico: A AMS hidrolisa o amido, liberando dextrinas, maltose e glicose.
A glicose liberada é dosada por um método específico. A intensidade de cor final é
diretamente proporcional a atividade da AMS.
-Valor de referência : - soro : 80 a 180 Unidades Somogy/100 mL, 150 a 340 UI/L
- urina : 65 a 700 Unidades Somogy/24 horas, 120 a 1300 UI/24 h
c) Método Cinético :
AMS
Maltotetraose 2 maltose
maltose fosforilase
2 maltose 2 glicose + 2 glicose 1-P
fosfoglicomutase
2 glicose 1-P 2 glicose 6-P
G6PDH
2 glicose 6-p + 2 NADP 2 6-P-gliconato + 2 NADPH + H+
20
Atividade (UI/L)
Aumento da
15
10
5
0
0 5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (horas)
O aumento dos níveis séricos de AMS pode ocorrer também nas seguintes patologias:
úlceras duodenais, perfuração de úlcera gástrica, obstrução intestinal, trombose entérica,
ruptura de trompa uterina, doenças malignas do trato genital, parotidite, insuficiência renal,
tumores do trato respiratório, apendicite aguda e uso de opióides. Nestas situações, os
valores de atividade de AMS estão inferiores aos observados na pancreatite aguda, não
ultrapassando, em geral, duas a três vezes o valor de referência do método utilizado para
mensurá-la. A diminuição da atividade da AMS pode ser encontrada nas hepatopatias
crônicas, como na cirrose e carcinoma hepático.
2- LIPASE :
- Símbolo : LPS
- Nome : Triacilglicerol acil-hidrolase
- Classificação : E.C.3.1.1.3
- PM : 40.000 daltons
- pH ótimo : 3,5 a 7,0
- Ativadores : Cl, Ca, Mg, albumina, colipase
- Inibidores : hemoglobina, Zn, Co, Fe +++, EDTA
- Isoenzimas : aliesterase, lipase e lipoproteína lipase
CH2-O-CO-R1 CH2OH
CH-O-CO-R2 + H2O LPS
CH-O-CO-R2 + 2 ácidos graxos
CH2-O-CO-R3 CH2OH
Triacilglicerol 2-monoglicerol
3- ELASTASE :
- Símbolo : ELS
- Classificação : E.C.3.4.21.11
- PM : 25.000 a 30.000 daltons
- Isoenzimas : existem duas formas, a ELS-1, aniônica com PM de 30.000, que existe no
soro, e a ELS-2, catiônica com PM de 25.000.
- Reação catalisada: a ELS catalisa a hidrólise da elastina, uma escleroproteína, que é a
base do tecido conjuntivo.
125
- Método de dosagem: é um método de RIE, que utiliza a I-elastase-1 e o anticorpo
contra elastase-1.
- Valor de referência : 1,3 a 4,3 g/L
- Interpretação clínica: a ELS-1 está com atividade elevada nas pancreatites agudas e nas
pancreatites crônicas recidivantes, em grau mais elevado que a AMS. A elevação persiste
por longo tempo e reflete o curso clínico da doença, melhor que AMS e LPS. Além disto,
Atividade x Tempo
Atividade (UI/L)
4000
3000
Amilase
2000 LPS
ELS
1000
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (dias)
Em casos de urgência, são feitas as medidas da atividade da amilase sérica e urinária. Para
o estudo da evolução da doença a lipase sérica aprecia melhor a cura ou o agravamento da
situação, já que permanece por mais tempo alterada. A introdução da elastase na rotina
TEMPO 60 MINUTOS
4
concentração
Variação da
3 Íons Metabólitos
2 Macromoléculas
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 20 22 24
Horas
As enzimas mais utilizadas para o diagnóstico do IAM, são a CK, e sua isoenzima CK-
MB, a AST, a LDH e a sua isoenzima 1 (HBDH).
1- CREATINO QUINASE:
- Símbolo : CK
- Nome : Creatino N-fosfotransferase
- Classificação : E.C.2.7.3.2.
- PM : 81.000 daltons
- pH ótimo : depende do sentido da reação, para a formação de ATP o pH é 6,8 ; para a
fosforilação da creatina o pH é 9,0.
- Ativadores : Mg++, Mn++, Ca++
- Inibidores : EDTA, citrato, oxalato, fluoreto, heparina, Zn++, Cu++, ADP em excesso,
NAD e a luz ( a CK é fotossensível).
Subunidade B CK-BB
CK-MM
ISOFORMAS
Carboxipeptidases séricas Quebra ligação peptídica terminal (Lys)
CK-MM1 CK-MB1
L L L
CK-MM2 CK-MB2
L
CK-MM3
CK-MB
A isoenzima MB da CK é considerada o marcador bioquímico de referência para o
diagnóstico do IAM, devido à sua localização, correspondendo a 22% da CK-Total, no
músculo cardíaco. Esta porcentagem é variável, depende do local do coração, ela pode ser
de 8 a 22% do total. Isto explica a variabilidade de alteração da atividade da CK-MB em
pacientes com IAM. No músculo esquelético encontra-se cerca de 1% de CK-MB.
Entretanto, após lesões ou regenerações musculares a atividade da CK-MB pode aumentar,
ISOFORMAS DA CK:
A CK apresenta isoformas, oriundas da quebra da ligação peptídica terminal da subunidade
M, por carboxipeptidases séricas, a Carboxipeptidase B ou N (arginina carboxipeptidase).
Esta hidrólise provoca a liberação de lisina, formando as isoformas CK-MM1, CK-MM2,
CK-MM3, CK-MB1 e CK-MB2. A perda desta carga positiva, da lisina, produz uma
molécula mais carregada negativamente, com grande mobilidade anódica. Este
conhecimento possibilitou a interpretação de que as isoformas CK-MM1 e a CK-MB1 são
as formas encontradas dentro das células cardíacas, os cardiomiócitos, e que as formas CK-
MM2, CK-MM3 e CK-MB2 são as formas circulantes no soro, que sofreram, portanto, a
hidrólise pelas carboxipeptidases séricas. No caso de um IAM, as formas séricas seriam
encontradas em maior concentrações no soro, do que as formas celulares. Por esta razão
são utilizadas as relações abaixo, para se ter uma avaliação sobre o IAM, utilizando as
isoformas da CK:
Relação MB2/MB1 e Relação MM3/MM1
Em indivíduos normais a relação MB2/MB1 está em torno de 1,5 e a relação MM3/MM1 é
igual a 0,33. Frente a um IAM estas relações estarão aumentadas. Trabalhos experimentais
demonstram que a relação MB2/MB1 eleva-se entre 2,0 e 4,0 horas após o IAM (média de
3,0 horas) e a relação MM3/MM1 eleva-se entre 2,0 e 4,75 horas após o IAM (média de 3,0
horas). Portanto, as elevações ocorrem mais precocemente do que o aumento da atividade
da CK-MB e aumento de concentração de CK-MB massa. A sensibilidade do método,
eletroforese em alta voltagem, para a relação MB2/MB1 é cerca de 60%, 90%, 100%, nas 2-
4 horas, 4-6 horas e 6-8 horas após o IAM, respectivamente. Pelos métodos convencionais
para a detecção da CK-MB estes valores são, 20%, 50% e 70%, respectivamente, nos
mesmos períodos.A sensibilidade diagnóstica média para a relação MB2/MB1 é de 95,7% e
a especificidade é de 93,9%. Entretanto, o ensaio para as isoformas requer técnicas
especiais como a eletroforese com gel de agarose em alta voltagem, HPLC, nefelometria ou
cromatofocalização, que são mais complicadas para manutenção em rotina laboratorial.
2- ASPARTATO AMINOTRANSFERASE
- Símbolo : AST, TGO
- Nome : Aspartato aminotransferase, Transaminase glutâmico oxalacética
- Classificação : E.C.2.6.1.1.
- PM : 110.000 daltons
- pH ótimo : 7,4
- Inibidores : oxalato, fluoreto
- Isoenzimas : a separação eletroforética demonstra a presença de cinco componentes.
Duas isoenzimas são mais distintas e têm maior valor patológico, a citoplasmática (60% do
total) e a mitocondrial (40% do total). As isoenzimas são similares em relação a sequência
de aminoácidos (50%) e na posição do sítio ativo. Cada isoenzima possue duas unidades
Jane Maciel Almeida Baptista Faculdade de Farmácia da UFMG 36
com a mesma cadeia polipeptídica. A forma mitocondrial corresponde a 12% da atividade
sérica.
- Macroenzima : AST + Imunoglobulinas (IgA ou IgG)
- Fontes : coração> fígado> músculo esquelético> rins> pâncreas
- Reação catalisada : a AST catalisa a transferência do grupamento amina de um -
aminoácido (ácido aspártico) para um -cetoácido (ácido -ceto glutárico), produzindo
ácido oxaloacético e ácido glutâmico, conforme ilustrado abaixo:
pH = 7,4 a 7,8
A diminuição da absorbância, em 340 nm, devido à formação de NAD, é proporcional a
atividade da LDH.
- Interpretação Clínica : devido a sua distribuição nos diversos tecidos, a determinação
isolada da LDH é de pouco valor clínico. Porém, com a avaliação, em conjunto, de outras
enzimas e também de suas isoenzimas é de grande utilidade para o diagnóstico de várias
patologias :
a) Infarto Agudo do Miocárdio : provoca elevação da atividade da LDH1 e LDH2. A
determinação da atividade da LDH é muito útil para o diagnóstico tardio do IAM. Seus
valores se elevam a partir da 8a hora após a isquemia, o pico máximo de atividade situa-se
entre 48 e 72 horas e a normalização ocorre entre 10 e 14 dias após o evento, devido a uma
meia vida mais longa.
Para o diagnóstico do IAM pode-se determinar também a atividade da LDH1. Esta
isoenzima é também conhecida como desidrogenase hidroxibutírica (-HBDH) e a
determinação é feita pelo seguinte método cinético :
ácido -cetobutírico + NADH + H+ -HBDH ácido -hidroxibutírico + NAD
O decréscimo de absorbância medido em 340 nm, devido à produção de NAD, é
diretamente proporcional a atividade da HBDH
-Valor de Referência : 60 a 140 UI/L
b) Doenças Hepáticas : provocam elevação da atividade da LDH4 e LDH5, que
apresentam-se alteradas nas hepatites agudas, cirrose e icterícia obstrutiva, mas são pouco
específicas.
8
Variação da atividade (xVR)
6 CK
5 AST
4 LDH
3
0
2
8
2
6
0
2
4
8
20
44
68
92
1
4
7
9
1
1
1
MIOGLOBINA
A mioglobina é uma hemoproteína ligadora de oxigênio, de peso molecular de 17.600
daltons, que está localizada no citoplasma das células dos músculos estriados esqueléticos
e cardíacos, correspondendo a 5 a 10% das proteínas citoplasmáticas destes tecidos. Esta
localização e seu baixo peso molecular a caracterizam como um marcador precoce do IAM,
pois a lesão celular que ocorre, provoca a sua rápida liberação para a circulação sanguínea.
A sua durabilidade no plasma é efêmera, rapidamente, entre 12 e 24 horas, ela é retirada da
circulação pela filtração glomerular.
- Cinética enzimática após IAM:
Elevação: 1 a 3 horas após início da dor
Pico máximo: 4 a 9 horas
Retorno: 24 a 36 horas (20 horas)
- Meia-vida: 3,3 a 16,9 horas (média de 6,3 horas)
- Interpretação Clínica: devido a sua localização nos músculos esquelético e cardíaco, a
dosagem da mioglobina perde em especificidade diagnóstica. A sua elevação no sangue
após o IAM pode ser detectada 1 a 1,5 horas após início dos sintomas, sendo que 25% dos
pacientes apresentam elevação após 2 horas e 90% dos pacientes apresentam elevação após
4 horas. Elevações de 10 a 20 vezes o valor de referência superior são descritos em casos
de IAM. Devido ao seu baixo peso molecular ela aparece precocemente e é clareada
rapidamente do plasma, entre 12 a 24 horas. São relatadas duas isoformas no músculo
cardíaco, entretanto ainda faltam estudos que demonstrem a presença de uma mioglobina
cardíaca específica em humanos. As metodologias disponíveis não diferenciam a
mioglobina cardíaca da mioglobina esquelética, portanto a dosagem da mioglobina não é
específica. Elevação de mioglobina no sangue são descritas nas seguintes situações: IAM,
lesões da musculatura cardíaca, lesões da musculatura esquelética (exercícios físicos
vigorosos, trauma, injeção intramuscular, cirurgias, convulsões, distúrbios metabólicos,
miopatias), doença renal e intoxicações por drogas ou toxinas. Um mecanismo que pode
TROPONINAS
As troponinas formam um complexo de três subunidades, localizado nos filamentos finos
das fibras musculares, ocupando espaço nos sulcos produzidos pelo entrelaçamento dos
monômeros de actina e associado com o sistema regulatório contrátil muscular. As três
troponinas são polipeptídeos envolvidos na contração da musculatura, tanto esquelética,
quanto cardíaca. Elas são denominadas de Troponinas C, I e T e se caracterizam por:
A Troponina C (TnC) tem grande afinidade por íons Ca++, ligando-se a quatro destes
íons no momento da contração muscular e possui um peso molecular de 18.000 daltons. A
TnC não é estrutura específica cardíaca.
A Troponina T (TnT) liga-se fortemente à Tropomiosina, mantendo a união do
complexo de troponinas e possui peso molecular de 37.000 daltons. Existem três tipos de
TnT, a cardíaca, codificada por um gene separado; a da fibra muscular esquelética tipo I, de
contração lenta e a da fibra muscular esquelética tipo II, de contração rápida. A forma
cardíaca existe em dois compartimentos intracelulares, 6% está no citosol e a maior parte
está ligada ao filamento fino do sarcômero. As três formas têm 90% de seqüência
homóloga. A forma cardíaca difere da esquelética por 6 a 11 aminoácidos residuais, o que
permite que a forma cardíaca (cTnT) e a forma esquelética (eTnT) possam ser
diferenciadas por anticorpo monoclonal. É importante esclarecer que pacientes com
insuficiência renal apresentam expressão de cTnT no músculo esquelético. Isto está
associado a uma maior concentração de cTnt no sangue destes pacientes e é devido à
miopatia periférica que estes pacientes apresentam e/ou a reexpressão do gene fetal. Valor
de referência: 0 a 0,1 g/L
A Troponina I (TnI) cobre o sítio ativo da actina e atua como inibidor da contração na
ausência de cálcio, possui peso molecular de 21.000 daltons. Existem três tipos de TnI,
codificadas por três genes distintos, a cardíaca, a da fibra muscular esquelética tipo I, de
contração lenta e a da fibra muscular esquelética tipo II, de contração rápida. A forma
cardíaca tem aproximadamente 40% de seqüência homóloga às formas esqueléticas e
apresenta 31 aminoácidos a mais na extremidade N-terminal, em relação às formas
esqueléticas. Portanto, as formas cTnI (cardíaca) e eTnI (esquelética) podem ser
diferenciadas por anticorpo monoclonal. Resultados falso-positivos para cTnI são raros, o
mais provável é um falso positivo analítico. Elevação de 10 a 100 vezes os valores de
referência são descritos no IAM. Valor de referência: 1 a 3 g/L.
- Cinética enzimática após IAM:
TnT:
Elevação: 4 a 8 horas após início da dor
150
% do aumento
de atividade
100
CK
50 AST
LDH
0
1 5 11 19 29 43 53 67
-50
Horas
O fígado é um órgão que possui muitas enzimas, cerca de 2/3 das proteínas hepáticas são
macromoléculas enzimáticas, que catalisam perto de 1.000 reações químicas diferentes.
Esta característica contribui para que uma patologia hepato-biliar seja muito rica em
variações de atividades enzimáticas séricas.
Para se obter um diagnóstico seguro e correto, recomenda-se, além de uma anamnese exata,
uma combinação de estudos clínicos, laboratoriais, imunológicos, morfológicos e
radiológicos.
Dentre as enzimas, de interesse clínico nas hepatopatias, se pode citar :
1- ALANINA AMINOTRANSFERASE
-Símbolo : ALT, TGP
-Nome : Alanina aminotransferase, Transaminase glutâmico pirúvica
-Classificação : E.C.2.6.1.2.
-PM : 101.000 daltons
-pH ótimo : 7,4
-Inibidores : oxalato, fluoreto
-Isoenzimas : no soro é encontrada uma fração de origem 100% citosólica. Nos tecidos
duas frações.
-Macroenzima : ALT + Imunoglobulinas (IgA e IgG)
- Fontes : fígado > rins > coração > músculo esquelético > pâncreas > baço > pulmão
- Reação catalisada : a ALT catalisa a transferência do grupamento amina da alanina para
o ácido -cetoglutárico, formando ácido pirúvico e ácido glutâmico:
2- GLUTAMATO DESIDROGENASE
- Símbolo : GLDH
- Nome : L-glutamato NAD-oxidoredutase
- Classificação : E.C. 1.4.1.3.
- PM : 2.200.000 daltons
- pH ótimo : 8,5-8,6
- Inibidores : Ag+, Hg++, Zn++, Fe++
- Fontes : fígado, coração e rins. Sua localização subcelular é 100% mitocondrial.
- Reação catalisada : a GLDH catalisa a reação de aminação redutiva do ácido glutárico,
tendo como coenzima o NAD :
ácido 2-oxoglutárico + NADH + H+ GLDH ácido glutâmico + NAD
- Método de Determinação da Atividade :
a) Método Cinético : Método de Schmidt
2-oxoglutarato + NADH + NH4+ GLDH L-glutamato + NAD+ + H2O
3- DESIDROGENASE ISOCÍTRICA
- Símbolo : ICD
- Nome : D-isocitrato NADP-oxidoredutase
- Classificação : E.C.1.1.1.42.
- PM : 58.000 daltons
- pH ótimo :7,0-7,5
- Reação catalisada : a ICD é uma enzima que atua no ciclo do ácido cítrico, catalisando a
seguinte reação :
ácido isocítrico + NADP+ ICD ácido oxoglutárico + NADPH + H+
- Método de Determinação da Atividade :
a) Método Cinético :
D-isocítrato + NADP+ ICD 2-oxoglutarato + NADPH + H+
O aumento de absorbância, em 340 nm, devido a produção de NADPH, é proporcional a
atividade da ICD
- Valor de Referência : 1 a 11 UI/L
- Interpretação Clínica : a ICD é de localização mitocondrial, é, portanto, indicadora de
lesão hepática crônica. Existe dificuldade em determiná-la por estar inativa no plasma.
3- LEUCINA AMINOPEPTIDASE
- Símbolo : LAP
- Nome : Leucina aril-amidase
- Classificação : E.C.3.4.1.1.
- pH ótimo : 7,2 a 7,5
- Inibidores : EDTA
- Isoenzimas : duas frações foram isolada, a enzima circulante no soro é de origem
hepato-biliar.
- Fontes : o fígado, os ductos biliares intra e extra hepáticos e o pâncreas têm o mais alto
teor da enzima.
- Reação catalisada : a LAP é uma aminopeptidase que hidrolisa péptides no grupamento
carboxílico terminal da L-leucina.
- Métodos de Determinação da Atividade :
a) Método Cinético : Método de Nagel e col.
4- 5'- NUCLEOTIDASE
- Símbolo : 5'NT
- Nome : 5'-ribonucleotídeo fosfohidrolase
- Classificação : E.C.3.1.3.5.
- Inibidores : EDTA, concanavalina
- Isoenzimas : são isoladas 3 frações, NTP1, NTP2, NTP3, as frações 1 e 3 estão envolvidas
com as doenças hepatobiliares, principalmente com colestase.
- Fontes : a 5'NT participa do catabolismo dos ácidos nucleicos, portanto está presente em
todos os tecidos. A sua localização sub-celular é intrínseca à membrana glicoprotéica.
- Reação catalisada : a 5'NT participa da quebra de nucleotídeos, com liberação de fosfato
inorgânico e produção de adenosina.
- Método de Determinação da Atividade : Método Cinético :
1- COLINESTERASE
- Símbolo : CHE
- Nome : acil colina acil-hidrolase
- Classificação : E.C.3.1.1.8.
- pH ótimo : 7,8 a 8,6
- Isoenzimas : existem de 7 a 12.
- Fontes : soro, fígado, cérebro, rins, intestino, pâncreas
- Reação catalisada : a CHE catalisa a hidrólise da acetil colina em ácido acético e colina,
de acordo com a seguinte reação:
CH3 CH3 OH
C=O CHE C=O (CH2)2
(CH2)2 O- +N (CH3)3
+N (CH3)3 acetato colina
Acetil colina
Existem duas enzimas que catalisam a hidrólise da acetil colina, a "colinesterase
verdadeira", que existe nos eritrócitos e no tecido nervoso, e a "pseudo colinesterase" do
plasma.
- Métodos de Determinação da Atividade :
a) Método Cinético : Método de Rapaport, Fischl e Pinto
CHE
Acetil colina colina + ácido acético
m-nitrofenol
colorido incolor
O decréscimo de absorbância, em 420 nm, devido a acidificação do meio pelo ácido acético
formado, é proporcional a atividade da CHE.
- Valor de Referência : 40 a 80 UR/mL ; 0,8 a 2,0 x10-4 kat/L
- Interpretação Clínica :
diminuição de atividade da CHE :
a) Doenças hepáticas crônicas : a atividade da CHE estará diminuída porque o fígado não é
capaz de sintetizá-la, ocorre então deficiência de síntese hepática da enzima. Uma
diminuição de 30 a 40% da atividade é observada na hepatite aguda e hepatite crônica de
400
Atividade (UI/L)
350
300 ALT
250 AST
200 PAL
150 GGT
100 GLDH
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Semanas após icterícia
2- HEPATOPATIAS CRÔNICAS
Nas lesões crônicas determinam-se as atividades das mesmas enzimas usadas para o
diagnóstico das doenças agudas, além da determinação da GLDH. São observadas as
seguintes características :
ENZIMAS Hepatite crônica persistente Hepatite crônica agressiva
AST e ALT 2 a 5 Valor de Referência até 10 Valor de Referência
Relação AST/ALT 1 >1
GLDH
GGT moderada
PAL normal normal ou
10
8
atividade (X)
Aumento de
6
4 Hepatite
Crônica
2 Cirrose
0
-2
AST ALT GLDH GGT CHE
3- COLESTASES
As colestases são provocadas por qualquer fator que impeça a excreção da bile, assim,
nestas alterações fisiológicas se observa um aumento da atividade das enzimas ligadas à
600
Atividade (UI/L)
500
ALT
400 Cólica AST
biliar
300 PAL
200 GGT
GLDH
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Dias
4- ALDOLASE
- Símbolo : ALS
- Classificação : E.C.4.1.2.13.
- Reação catalisada :
Frutose 1,6-di P ALS dihidroxiacetona-P + gliceraldeído -P
- Valor de Referência : 4 a 14 UI/L
- Interpretação Clínica : os níveis de ALS sérica estão muito elevados na distrofia
muscular de Duchenne, sendo mais elevados nos estados precoces e decrescendo
progressivamente com o avanço do processo patológico. Ela se eleva devido a um aumento
de permeabilidade das células musculares. A ALS se eleva também nos estágios
preliminares da hepatite virótica ou tóxica; na presença de tumores com crescimento ativo
e, no IAM, acompanha a atividade da AST.
6- ADENOSINA DEAMINASE
-Símbolo : ADA
-Classificação : E.C.3.5.4.4.
-Reação catalisada :
Adenosina ADA inosina + amônia
-Valor de Referência : -soro: 11 a 30,5 UI/L
-líquor: 4,6 a 18 UI/L
-Interpretação Clínica : esta enzima é uma hidrolase presente na maioria dos tecidos
animais, especialmente na mucosa intestinal, baço e nos leucócitos, notadamente nos
linfócitos, donde advém sua importância diagnóstica. A principal função biológica da ADA
está relacionada com a proliferação e diferenciação dos linfócitos. As doenças envolvendo
estimulação, proliferação e ativação linfocitária são acompanhadas de elevados níveis da
ADA. Esta enzima é importante no diagnóstico do derrame pleural tuberculoso, da
meningite tuberculosa, da mononucleose e da AIDS. Quando a atividade da ADA está
acima de 60 UI/L, no líquido pleural, indica tuberculose pleural ativa, com sensibilidade de
100% e especificidade de 91,4%.
BIBLIOGRAFIA
a) HENRY, JB. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 18a edição,
Editôra Manole, 1995
c) BURTIS, CA & ASHWOOD, ER. Tietz Textbook of Clinical Chemistry. 2a edição,
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d) MOSS, DW & ROSALKI, SB. Enzyme Tests in Diagnosis. 1a Edição, Londres,
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c) CALBREATH, DF. Clinical Chemistry. A Fundamental Textbook. 1a edição, Filadélfia,
WB Saunders Company, 1992
d) ADOLPH, L. Diagnóstico enzimático das doenças do coração, fígado e pâncreas.
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