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UNIVERSIDADE PRIVADA DA ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


LICENCIATURA DE MEDICINA

BIOFÍSICA
BIOENERGÉTICA
AUTORES:
1. Aline De Miranda
2. Amasias Marcelino
3. Celestino Quemba
4. Edith Sebastião
5. Edmilson Da Rosa
6. Géssica Canáda
7. Jocínia Muzinga
8. Madalena Nunes
9. Manuela Caeiro
10.Nívaldo Rodrigues
11.Sweny Maria

PROFESSOR
_______________________________

Luanda, Junho 2023


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4
1.2. OBJECTIVOS ................................................................................................................... 5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 6
2.1. Generalidades da Bioenergética ...................................................................................... 6
2.2. Conceito de energia livre e leis da termodinámica .......................................................... 6
2.3. Trabalhos Biológicos que demandam energia ................................................................. 9
2.4. O ATP e a transferência de energia química ................................................................... 9
2.5. Ciclos da matéria na biosfera......................................................................................... 11
2.6. A energia no metabolismo ............................................................................................. 14
2.7. Função do ATP e do NAD no metabolismo .................................................................. 16
3. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 19
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1. INTRODUÇÃO
O presente estudo fez uma abordagem bibliográfica sobre a bioenergética. A príncipio é
importante emendar que a parte da física que estuda as trocas de energia entre os sistemas
materiais conhece-se como termodinâmica. O mesmo estudo quando realizado nos seres vivos
recebe o nome de bioenergética. As leis físicas da termodinâmica se aplicam de igual forma
aos seres vivos do que aos sistemas materiais. Os seres vivos precisam produzir energia para
poder manter o equilíbrio de sua estrutura, para se locomover, para a reprodução, para manter
as funções normais nos diferentes processos, tais como crescimento, gestação, lactação,
oviposição, ciclicidade reprodutiva, etc. Esta energia é obtida a partir de processos químicos
que ocorrem no interior das células, denominado por metabolismo celular. Assim sendo para
entendermos tudo sobre a bioenergética, delimitamos temáticas que nos permitiram
compreender a mesma, que foram desde a conceituação e generalidades, trabalhos biológicos
que demandam energia, o ATP e a transferência de energia química, ciclos da matéria na
biosfera, ciclo do carbono, oxigênio e nitrogênio, a energia no metabolismo, função do ATP e
NAD no metabolismo.
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1.2. OBJECTIVOS
Objectivo Geral

 Estudar a bioenergética

Objectivos Específicos

 Identificar as leis da termodinámica que se aplicam na bioenergética

 Identificar os compostos químicos que participam nos processos de transformação e


transferência de energia à nível dos seres vivos.

 Explicar a energia no metabolismo.


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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Generalidades da Bioenergética
Dentro da biologia, a bioenergética é uma área que está muito ligada à bioquímica e
que estuda as transformações de energia nos seres vivos. A cada minuto do dia milhares
de reações químicas ocorrem por todo o organismo, essas reações são denominadas de
metabolismo. Os processos celulares do organismo necessitam de energia tanto para serem
iniciados como para terem continuidade. Essa energia vem dos nutrientes alimentares, mas ela
não é aproveitada diretamente dos alimentos. Ela é recolhida e conduzida como uma forma
acessível de energia através de um composto rico em energia (ATP – adenosina trifosfato) por
meio das vias metabólicas celulares, que são estudadas pela bioenergética.

2.2. Conceito de energia livre e leis da termodinámica


A energia capaz de produzir um trabalho denomina-se energia livre. Existem várias formas
de energia, as quais podem ser inter-convertidas entre si: energia potencial, cinética, térmica,
elétrica, radiante, química, nuclear, calórica, hidráulica, eólica, etc. No processo de inter-
conversão de uma forma de energia a outra, sempre há uma perda de energia útil; nas máquinas
é aproveitável até 25% da energia em uma inter-conversão, enquanto que nos processos
biológicos a eficiência de conservação da energia em uma inter-conversão é da ordem de 38%.
Nos animais, a energia é obtida a partir da oxidação de compostos orgânicos.
Em termodinâmica se define um sistema do ponto de vista físico, como uma parte limitada do
universo caracterizada por um conjunto finito de variáveis que o identificam. Um sistema pode
ser um organismo, uma célula, uma organela citoplasmática ou bem, os componentes de uma
reação química. O sistema é “aberto” quando está em contato com um meio com o qual tem
troca de matéria e energia, como é o caso dos sistemas vivos. Entretanto, os sistemas vivos
nunca estão em equilíbrio com seu meio, pois o nível de organização interna dos sistemas é
maior que o do meio.

A primeira lei da termodinâmica é o princípio da conservação da energia, isto é,


estabelece que em qualquer mudança física ou química, a energia do sistema mais a energia do
meio, isto é, a energia do universo, permanece igual. Em outras palavras, a energia pode
transformar-se de uma forma a outra, mas não pode ser criada nem destruída.
A segunda lei da termodinâmica assinala que todas as mudanças físicas ou químicas tendem a
se realizar, de forma espontânea, naquela direção que leve a energia do universo a se degradar
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para uma forma mais dispersa; ou seja, as reações físico-químicas que acontecem na natureza
tendem ao aumento da entropia.

Em todos os processos, a entropia do universo (sistema + meio) tende a aumentar até


atingir o equilíbrio, isto é, até que a energia do sistema seja igual à energia do meio. De certo
modo, a entropia pode ser interpretada como a tendência à desordem ou à aleatoriedade dos
processos. A entropia é uma forma de energia não utilizável, ou seja uma energia “inútil”. A
segunda lei da termodinâmica estabelece que o que movimenta os processos físico-
químicos no universo é a tendência para atingir um valor máximo de entropia.
As mudanças de energia em um sistema ou em uma reação química, podem ser medidas
a partir da variação de energia livre ou variação de energia útil, definida na equação da energia
livre de Gibbs:

Conforme Gibbs, a variação da energia livre (G) do sistema depende diretamente da


variação da entalpia (H) do sistema e indiretamente da temperatura na qual se realiza o
processo e da variação da entropia (S) do sistema. A entalpia se define como o conteúdo
calórico de um sistema; em sistemas químicos refere-se ao número e ao tipo de ligações entre
os átomos de uma molécula, de forma que quanto mais ligações tiver a molécula e quanto maior
for a energia dessas ligações, maior é a entalpia do sistema.

Quando uma reação química é termodinamicamente favorável, isto é, quando ela pode
ocorrer espontaneamente, a reação se realiza até atingir o seu ponto de equilíbrio aumentando
a entropia do sistema. Isto significa que toda reação com tendência a ocorrer de forma
espontânea terá uma variação de entropia (S) com valor positivo, isto é, a entropia do sistema
aumenta quando a reação se realiza. Ora, segundo a equação de Gibbs, concomitante com o
aumento da entropia há diminuição da energia livre do sistema, ou seja, que G (variação
de energia livre) terá um valor negativo.

Por outra parte, numa reação favorável, o sistema diminui a sua energia interna (entalpia),
pois perde organização interna. Desta forma, aumenta a “desordem” do sistema, isto é, aumenta
a entropia. Em compensação, a reação libera energia que pode ser aproveitada em algum
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trabalho (energia útil = G). Se a energia livre não for utilizada para um trabalho, pode se dissipar
na forma de calor.

Por exemplo, as reações de oxidação da glicose, que são a forma como os animais
superiores tomam energia do meio, com 6 moléculas de O2 para produzir CO2 e H2O, são
termodinamicamente favoráveis pois a energia contida na glicose (entalpia) é maior que a
energia do CO2 e da água. Essas reações acontecem com maior velocidade nas células por causa
das enzimas, que são catalisadores biológicos. No processo, uma molécula de glicose (C6H12O6)
e 6 de O2 se convertem em 6 moléculas de CO2 e 6 de H2O, com produção de energia livre.

A energia produzida no processo de oxidação é utilizada para sintetizar biomoléculas


complexas e para realizar outros trabalhos biológicos. Ou seja, a glicose aumentou sua entropia,
pois 7 moléculas foram transformadas em 12, mas o organismo ganhou organização estrutural
ao sintetizar biomoléculas (diminuiu sua entropia).

Conforme a segunda lei da termodinâmica, a tendência ao aumento da entropia no universo


é o que direciona os processos físico-químicos, e por causa disso, os organismos vivos podem
manter sua estrutura organizada, pois é a partir de essas reações que podem obter a energia
necessária para os processos requeridos na manutenção da sua organização, embora isso ocorra
a expensas do aumento da desordem do meio.

Quando os produtos de uma reação são menos complexos ou mais “desordenados” do que
os substratos, a reação ganha entropia, isto é, libera energia. Nesse caso trata-se de
uma reação exergônica, que sempre terá um G negativo, pois o sistema perde energia. Uma
vez que, conforme a segunda lei da termodinâmica, a tendência natural dos processos é a ganhar
entropia, as reações termodinamicamente favoráveis são aquelas que têm G negativo. Por outro
lado, as reações com G positivo devem ganhar energia para que possam acontecer, isto é, devem
perder entropia, não sendo termodinamicamente favoráveis, a menos que ocorra ingresso de
energia ao sistema. Trata-se das reações endergônicas.
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2.3. Trabalhos Biológicos que demandam energia


 Trabalho químico: biossíntese de moléculas complexas como DNA, RNA e proteínas.

 Trabalho osmótico: transporte ativo através de membranas e atividade elétrica na


condução de impulsos nervosos. O trabalho de transporte inter-membranal é um dos que
mais consome energia; a bomba Na-K-ATPase em todas as células do organismo
mantém constante a concentração desses íons (Na+ está mais concentrado no exterior
das células, enquanto que K+ está mais concentrado no interior).

 Trabalho mecânico: contração de músculos, cílios e flagelos.

Os anteriores trabalhos biológicos são processos irreversíveis, devido a que provocam


aumento da entropia, causando dissipação da energia ao meio.

2.4. O ATP e a transferência de energia química


O ATP constitui o vínculo entre as reações produtoras e as reações consumidoras de
energia; durante o catabolismo, a produção de energia livre obtida mediante a oxidação dos
substratos disponíveis é conservada na formação de ATP a partir de ADP + Pi (reação de
fosforilação do ADP); depois, no anabolismo, quando se requer energia para os diferentes
trabalhos biológicos, o ATP é hidrolisado em ADP + Pi, sendo transferida a energia desta reação
para as reações acopladas que assim o requerem.

A reação de hidrólise do ATP possui uma variação de energia livre altamente negativa (Go´=
-30,5 kJ/mol), o que significa que tem uma alta tendência a que a reação se realize no sentido
da direita, fato que se vê favorecido por vários fatores:

 O ATP possui em média 3,5 cargas negativas no pH celular (7,4) em seus grupos
hidroxilas dissociáveis e os produtos da hidrólise tendem a se repelir por causa de suas
cargas.
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 Os produtos, especialmente o íon fosfato, tendem a estabilizar-se como híbridos de


ressonância (dupla união com caráter de simples e vice-versa) contendo portanto menos
energia livre (maior estabilidade).

 Os complexos de Mg2+, cofator participante da reação, são mais afins pelo ATP do que
pelo ADP.

A energia da união fosfato não está determinada pelo quebra da união fosfato, e sim pela
diferença entre a energia livre dos produtos e a energia livre dos substratos. O ATP, entretanto,
não é o composto fosfatado de maior energia: ele ocupa um lugar intermediário entre eles.
Considera-se que aqueles compostos fosfatados cuja energia livre de hidrólise seja menor de -
25 kJ/mol são de baixa energia, e aqueles com maior valor, são de alta energia (caso do ATP).
O ATP e o ADP são reagentes obrigatórios em quase todas as reações enzimáticas de
transferência de grupos fosfato, servindo como intermediários entre os compostos fosfatados
de alta energia (como receptor de grupos fosfato) e os de baixa energia (como doador de grupos
fosfato). As reações endergônicas ou consumidoras de energia que têm a ver principalmente
com os processos de síntese, podem ser realizadas no metabolismo devido a que estão acopladas
com reações exergônicas como a reação de hidrólise do ATP. Desta forma, as reações acopladas
servem para conservar a energia da oxidação, que se encontra sob a forma de ATP.
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Variação de energia livre da hidrólise de compostos fosfatados de alta energia

Composto fosfatado G°’ kJ/mol)

Fosfoenolpiruvato -61,9

1,3-Difosfoglicerato -49,4

Fosfocreatina -43,1

ATP -30,5

Glicose-1-fosfato -20,9

Frutose-6-fosfato -15,9

Glicose-6-fosfato -13,8

Glicerol-3-fosfato – 9,2

As reações acopladas representam processos de duas etapas: na primeira etapa, o grupo


fosfato é transferido a um substrato, mediante união covalente, conservando a alta energia da
união fosfato; na segunda etapa, o grupo fosfatado é deslocado para render Pi e a energia livre
desta hidrólise é aproveitada para direcionar a reação endergônica acoplada. Isto implica que
as enzimas participantes neste tipo de reações tenham sítios de união tanto para o ATP, quanto
para os demais substratos.
2.5. Ciclos da matéria na biosfera
O fluxo de energia na biosfera é de via única, isto é, a energia solar é captada pelos
organismos autótrofos, os quais a aproveitam para realizar a fotossíntese, mas na passagem
pelos organismos heterótrofos ocorre dissipação da energia, especialmente em forma de calor
em cada reação. A matéria (C, H, O, N) se recicla, mas a energia livre se dissipa, se degrada.
Em outras palavras: C, O, N e H2O se reciclam na biosfera entre os seres autótrofos e os
heterótrofos, tendo à energia solar como força direcional dos processos. Os ciclos
biogeoquímicos se referem à retirada e devolução dos elementos químicos dentro da biosfera.
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Ciclo do carbono

A vida na biosfera depende do sol e dos organismos autótrofos, os quais utilizam a


energia lumínica para sintetizar compostos orgânicos a partir do CO2 da atmosfera e da H2O,
únicas fontes de C utilizáveis pelos seres vivos. Exemplos de organismos autótrofos são as
bactérias fotossintéticas e as folhas verdes das plantas. Esses organismos reduzem o CO2 para
sintetizar carboidratos. Os organismos heterótrofos não podem utilizar o CO2 da atmosfera,
devendo utilizar como fonte de energia os compostos sintetizados pelos organismos autótrofos,
oxidando-os graças ao oxigênio atmosférico. Neste processo libera-se CO2 e H2O ao meio. O
CO2 se recicla sendo reutilizado pelos organismos autótrofos. O anterior representa o ciclo do
carbono na biosfera.

Aproximadamente 3,5×1011 toneladas de CO2 são liberadas anualmente na atmosfera


pelos organismos heterótrofos, a maior parte do qual é reciclada pelos organismos autótrofos.
Muito do C pode ficar retido por longos períodos de tempo na forma de combustíveis fósseis
(carvão, petróleo) havendo por tanto uma troca demorada de C na biosfera, diferente da troca
rápida que existe entre o CO2 utilizado na fotossíntese pelas plantas e o liberado na respiração
pelos animais. A combustão completa dos compostos orgânicos libera dióxido de carbono
(CO2) enquanto que a combustão incompleta, como a que ocorre nos motores de combustão
interna, libera monóxido de carbono (CO) o qual é tóxico para os animais. A concentração de
CO2 na atmosfera é de 0,03%. Com a poluição essa concentração tende a aumentar havendo
uma previsão de 0,04% para o ano 2.000. A consequência desse aumento de CO2 prevê um
aumento da fotossíntese em 5-8%. O problema é que haja suficiente número de plantas que
possam retirar esse CO2 do ar.

Ciclo do oxigênio

O oxigênio representa 21% da atmosfera, estando principalmente como O2, CO2 e H2O.
Outras fontes são nitratos e sulfatos. O mais importante processo formador de O2 é a
fotossíntese. O ciclo do oxigênio está diretamente relacionado o ciclo do carbono. Os animais
e vegetais fixam diretamente o O2 da atmosfera, mas os vegetais, diferentemente dos animais,
também liberam O2 no processo da fotossíntese (fotólise da água). No caso dos animais, o
oxigênio liberado sai combinado e não livre, como é o caso dos vegetais. A fotossíntese e a
respiração por serem cíclicas se contrabalançam uma à outra, não havendo alteração na
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quantidade de O2 na atmosfera. A maior parte do O2 atmosférico é produzido pelos organismos


marinhos e outra grande parte pelas florestas.

Ciclo do nitrogênio

O nitrogênio é o maior componente atmosférico (78% do ar). Entretanto, o nitrogênio


em forma solúvel, isto é, na forma como que é biologicamente útil, é escasso na natureza. Sua
forma mais abundante é como nitrogênio molecular (N2) presente no ar e a partir dele deve
incorporar-se nos seres vivos. Alguns microrganismos podem utilizar esse nitrogênio volátil
através do processo denominado fixação do nitrogênio, no qual o N2 atmosférico é reduzido a
amônia (NH3). Entre esses organismos estão as bactérias dos gêneros Nitrobacter e Rhizobium,
este último associado a raízes de leguminosas, e as algas cianofíceas. Um número relativamente
abundante de bactérias do solo, por exemplo as bactérias Nitrossomonas, as quais obtêm sua
energia mediante a oxidação da NH3, assimila a amônia oxidando-a para formar nitritos (NO2-
). Posteriormente as bactérias Nitrobacter oxidam os nitritos a nitratos (NO3-). O processo de
oxidação da amônia até nitrato é conhecido como nitrificação, e constitui a forma como se
conserva praticamente toda a NH3 presente no solo, que de outra forma se volatilizaria.

Contudo, a fixação biológica do nitrogênio contribui com cerca de 90% do N2 fixado na


biosfera. Os nitratos e nitritos produzidos pelas bactérias nitrificantes são captados pelas
plantas, as quais os reduzem de novo a NH3 por ação das enzimas nitrato-redutases, no processo
conhecido como desnitrificação. A NH3 dentro das células vegetais é utilizado para a
biossíntese de aminoácidos e de proteínas. Estas proteínas vegetais são depois usadas pelos
animais para cobrir as demandas de aminoácidos (essenciais e não essenciais). Com a morte
dos animais, suas proteínas são degradadas, dando como produto nitrogenado a NH3, que é
devolvida ao solo para ser convertida de novo em nitratos e nitritos, pelas bactérias nitrificantes,
fechando assim o ciclo do nitrogênio planta-animal-atmosfera. O nitrogênio pode excretar-se
nos animais na forma de ureia (mamíferos), ácido úrico (aves e répteis) ou amônia (peixes). De
qualquer forma, o produto final da decomposição sempre é a amônia. O nitrato também pode
reduzir-se a amônia pela ação das bactérias desnitrificantes (Pseudomonas spirilium) e o
N2 retornar à atmosfera por volatilização da NH3. Calcula-se que 80 milhões de toneladas de
N2 circulam entre a atmosfera e a biosfera anualmente.
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2.6. A energia no metabolismo

O metabolismo se refere ao total de reações químicas que ocorrem em uma célula ou em


um organismo, reações que se realizam em forma perfeitamente coordenada e que conduzem à
troca de matéria e de energia entre a célula e seu meio, para a manutenção dos processos vitais
do organismo. Nas diferentes vias metabólicas existem geralmente os compostos precursores,
vários metabólitos intermediários e os produtos finais. O termo metabolismo intermediário é
frequentemente utilizado para referir-se a todas as reações intermediárias das diferentes etapas
que compõem as vias metabólicas. As funções específicas do metabolismo são:

1 Obtenção de energia química a partir de moléculas combustíveis (no caso dos


organismos heterótrofos) ou a partir da absorção de luz solar (no caso dos organismos
autótrofos). Os primeiros requerem de formas reduzidas de carboidratos como fonte
básica de energia (por exemplo, glicose) enquanto que os segundos requerem somente
de CO2 como fonte de carbono exógeno mais a energia solar.

2 Conversão das moléculas exógenas (nutrientes) em unidades estruturais das


biomoléculas componentes do organismo animal.

3 Montagem destas unidades para formar biomoléculas mais complexas (proteínas, ácidos
nucleicos, lipídios, polissacarídeos).

4 Formação e degradação de biomoléculas funcionais (enzimas, hormônios, receptores,


transportadores, coenzimas, etc.).

O metabolismo, apesar de sua aparente complexidade de vias e reações, pode ser resumido
em duas fases: catabolismo e anabolismo.
O catabolismo também é chamado de fase degradativa ou oxidativa; nas vias catabólicas as
moléculas exógenas ou as moléculas de reserva são degradadas mediante oxidação para dar
moléculas mais simples, tais como acetil-CoA, lactato, CO2, NH3, ureia, etc. Este processo está
acompanhado de produção de energia química mediante reações oxidativas que conduzem à
conservação da energia na forma de ATP e de coenzimas reduzidas (NADH e NADPH).
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No anabolismo, também conhecido como fase biossintética ou redutiva, ocorre a


biossíntese enzimática de moléculas complexas a partir de unidades simples. Neste processo
consome-se energia química, a qual é fornecida pelo ATP, e ocorrem reações de redução, para
o que se utilizam as coenzimas reduzidas NADH e NADPH.

As múltiplas etapas presentes nas vias metabólicas são necessárias para fazer mais
flexível e versátil o metabolismo intermediário e realizar inter-conversões. Se as rotas
ocorressem em uma etapa só, o metabolismo seria muito rígido e irreversível. Também, através
destas etapas, é possível maximizar a produção de ATP, com a energia específica requerida em
cada estágio. De outra forma, se ocorresse uma etapa só ou umas poucas etapas, se liberaria
energia demais em poucas reações, produzindo-se muito calor e ocorrendo grande perda de
energia. As vias metabólicas podem ser lineares, cíclicas ou ramificadas. Estas últimas podem
ser convergentes (catabolismo) ou divergentes (anabolismo).

As rotas catabólica e anabólica geralmente têm diferentes enzimas embora às vezes


compartilham caminhos (enzimas) comuns. No controle do metabolismo observa-se que as vias
degradativa e de síntese têm rotas diferentes, o qual é necessário porque: (a) o reverso da rota
catabólica é um impossível energético; (b) a regulação do anabolismo e do catabolismo é
diferente e independente, o que significa que se uma rota estiver ativa, a outra deve estar
interrompida; e (c) as rotas ocorrem geralmente em diferentes compartimentos celulares. Por
exemplo, a oxidação dos ácidos graxos ocorre na mitocôndria, enquanto que a síntese dos
mesmos ocorre no citossol.
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2.7. Função do ATP e do NAD no metabolismo

A grande maioria da energia livre obtida pela oxidação dos nutrientes durante o
catabolismo é conservada mediante reações acopladas conducentes à síntese de ATP a partir de
ADP e de fosfato inorgânico. Tanto ATP, quanto ADP e Pi estão presentes em todos os seres
vivos e servem universalmente como sistemas de transmissão de energia. A energia presente
no ATP é utilizada posteriormente nos processos celulares que requerem de energia
(biossíntese, contração e motilidade, transporte ativo e transmissão da informação genética),
pois o ATP transfere sua energia quando ocorre a perda (hidrólise) de seu grupo fosfato e
quando esta reação se acopla com aquelas reações que demandam energia. O ADP resultante
da hidrólise do ATP é fosforilado de novo em reações acopladas do catabolismo que produzem
energia suficiente para regenerar ATP (fosforilações oxidativa e a nível de substrato). Desta
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forma cria-se um ciclo de energia na célula, no qual o ATP serve de transmissor de energia que
liga as reações produtoras de energia com as reações consumidoras de energia.

Uma segunda forma de conduzir a energia química do catabolismo para o anabolismo,


simultânea com a fosforilação de ADP, é mediante o transporte de átomos de H ou de
elétrons. Os hidrogênios (ou os elétrons) são obtidos a partir da oxidação dos substratos
alimentícios por desidrogenases específicas que os recebem dos substratos reduzidos e os
transferem às coenzimas oxidadas NAD+ e NADP+.

Essas coenzimas ao ficarem em forma reduzida (NADH e NADPH) servem de


transportadores de elétrons energizados, os quais são transferidos das reações catabólicas às
reações de síntese que demandam elétrons nos processos redutivos. A concentração total de
NAD+ + NADH na maioria dos tecidos está por volta de 10-5 M e a de NADP+ + NADPH é de
10-6 M. Quando a relação NAD+/NADH é alta na célula, são favorecidos os processos
oxidativos para obter a transferência de elétrons para NAD+ e assim aumentar a concentração
de NADH. Inversamente, quando a relação NAD+/NADH é baixa, favorecem-se os processos
redutivos, isto é, a transferência de elétrons a substratos oxidados. Hoje são conhecidas mais de
200 enzimas óxido-redutases ou desidrogenases que requerem de NAD+ ou de NADP+ em
reações de oxidação de substrato ou de NADH ou NADPH em reações de redução de substrato.
Outras coenzimas que participam em reações de transferência de elétrons são os nucleotídeos
flavínicos FMN e FAD, derivados da riboflavina, cujas formas reduzidas são FMNH2 e FADH2.
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3. CONCLUSÃO
A presente pesquisa fez uma abordagem bibliográfica sobre a bioenergética, e numa priemira
fase para compreensão da mesma determinamos temáticas que foram desde a conceituação e
generalidades, trabalhos biológicos que demandam energia, o ATP e a transferência de energia
química, ciclos da matéria na biosfera, ciclo do carbono, oxigênio e nitrogênio, a energia no
metabolismo, função do ATP e NAD no metabolismo. Assim sendo concluímos que a
bioenergética é uma maneira de entender a personalidade em termos do corpo e de seus
processos energéticos que estão relacionados ao seu estado de vitalidade. Neste sentido, a
produção de energia por meio da respiração e do metabolismo e descarga de energia por meio
dos movimentos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOKING- BIOENERGÉTICA, (2023), Disponível em: www.bokingbioenergetica.com.


Acessado em: 26/06/2023.

DICINÁRIOPORTUGUESONLINE, (2022), (2023), Disponível em:


www.dicionarioportuguesonline.com. Acessado em: 26/06/2023.

PATOLOGIAMÉDICA, (2023), Disponível em: www.patologiamedica.com.


Acessado em: 12/06/2023.

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Acessado em: 26/06/2023.

FÍSICA- TERMODINÁMICA, (2023), Disponível em: www.fisícatermodinamica.com.


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www.todamateriaenergiaquímica.com. Acessado em: 26/06/2023.
20 | P á g i n a
UM ESTUDO SOBRE A BIOENERGÉTICA

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