Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O coração fica pesado e hipercontrátil, suas pare- Hipertrofia miocárdica na ausência de causas car-
des estão espessadas. Na MCH, a função sistólica díacas, metabólicas, sistêmicas ou sindrômicas, des-
geralmente está preservada, mas o miocárdio não cantando-se estenose aórtica e a hipertensão.
relaxa e, portanto, apresenta disfunção diastólica
primária. Critérios diagnósticos
Doença cardiovascular monogênica mais comum. Espessura > 15 mm
Espessura > 13 mm
122 países
1 caso a cada 200-500 pessoas
Quando relacionados com familiares com história Quando há sobrecarga de pressão, a força con-
familiar de cardiomiopatia hipertrófica. trátil precisa aumentar, ela pode ter diversas fontes,
como por exemplo:
Fisiopatologia Hipertensão arterial;
Estreitamento de uma valva.
Os mecanismos que influenciam a hipertrofia cardí-
aca envolvem, pelo menos, dois tipos de sinais: Além disso, há aumento na tensão na parece. Os
miocardiócitos da parede cardíaca são submeti-
Desencadeantes mecânicos – como o estira-
dos a maior trabalho e se hipertrofiam na tentativa
mento;
de manter o fluxo e, conforme a lei de Laplace (T =
Desencadeantes tróficos – que tipicamente são
PR/2t, em que T = tensão, P = pressão na cavidade,
mediadores solúveis que estimulam o cresci-
R = raio da cavidade e t = espessura da parede),
mento celular, como fatores de crescimento e
diminuir a tensão.
hormônios adrenérgicos.
Enquanto isso, o volume da cavidade fica mantido
Esses estímulos acionam as vias de transdução de
ou, às vezes, discretamente diminuído. Ou seja, não
sinais que levam à indução de vários genes, os
é o comprimento da célula que aumenta, mas sua
quais, em torno, estimulam a síntese de numerosas
espessura, refletindo um aumento nos sarcômeros “em
proteínas celulares, incluindo fatores de crescimento
paralelo”, conhecida como hipertrofia concêntrica.
e proteínas estruturais.
Caso o miocárdio não tenha força para manter o
O resultado é a síntese de mais proteínas e miofila-
fluxo, há o acúmulo de sangue na cavidade, ge-
mentos por célula, o que aumenta a força gerada
rando uma dilatação.
com cada contração, permitindo que a célula al-
cance melhor desempenho. Essa é uma situação em que há sobrecarga de vo-
lume, que acontece também em outras doenças com
Independente dos mecanismos da hipertrofia, ela fi-
mau funcionamento do miocárdio:
nalmente alcança um limite depois do qual o au-
mento da massa muscular não pode mais compen- Bombeamento não efetivo (p. ex., miocardite);
sar a sobrecarga. Insuficiência valvar.
Quando isso acontece, ocorrem várias alterações Nessa situação, as células se hipertrofiam, tentando
“degenerativas” nas fibras miocárdicas, das quais as manter o fluxo e diminuir o estresse na parede, mas
mais importantes são a fragmentação e a perda a espessura é normal ou mesmo diminuída, assim
dos elementos contráteis das miofibrilas. como a dos cardiomiócitos, que sofrem aumento do
seu comprimento, com predomínio de adição de
Existem limites finitos da vascularização para suprir
sarcômeros dita “em série”.
adequadamente as fibras aumentadas, das mito-
côndrias para suprir o trifosfato de adenosina (ATP) Essa ocorrência, não muito apropriadamente, é de-
ou da maquinaria biossintética para produzir as nominada hipertrofia excêntrica, pois, neste caso,
proteínas contráteis ou outros elementos do citoes- apesar de ocorrer hipertrofia dos cardiomiócitos, a
queleto. cavidade ventricular é dilatada e suas pessoas dis-
tanciam-se igualmente de seu centro geométrico.
O resultado dessas alterações é a dilatação ven-
tricular e, finalmente, a falência cardíaca, uma se- Há casos em que a dilatação e a hipertrofia não
quência de eventos que ilustram como uma adap- se distribuem igualmente por todo o ventrículo – em
tação ao estresse pode progredir para lesão celu- geral, quando há perda de cardiomiócitos de uma
lar funcionalmente significativa, caso o estresse não região da parede.
seja atenuado.
Hipertrofia corresponde a uma alteração no meta-
A hipertrofia cardíaca é uma resposta a situações bolismo celular. Para que tal mudança ocorra,
locais ou sistêmicas que requerem alteração na ainda que fatores neuro-hormonais interfiram, o pa-
força contrátil. pel principal é do estímulo mecânico, que é de al-
gum modo convertido em sinais bioquímicos.
O acréscimo de sarcômeros por célula continua
sendo considerado o principal mecanismo de au- Nas células, ocorre a reprogramação, levando à
mento da massa cardíaca, tanto no crescimento expressão coordenada de genes envolvidos na sín-
normal quanto em situações patológicas. tese de mais componentes do sistema contrátil.
Em qualquer tipo de hipertrofia, a vascularização A hipertrofia cardíaca compensatória patológica
do órgão também aumenta, mantendo-se em geral, está correlacionada com a mortalidade maior; de
a proporção numérica capilar/fibra miocárdica. fato, a hipertrofia cardíaca é um fator de risco in-
dependente para morte súbita cardíaca.
Ainda que isso ocorra, como o volume dos miocar-
diócitos está aumentando, pode haver carência re- Por outro lado, a hipertrofia por sobrecarga de vo-
lativa do aporto de sangue (isquemia relativa). lume induzida pelo exercício físico aeróbico regular
(hipertrofia fisiológica) normalmente é acompa-
Essas ocorrência pode causar morte de pequenos nhada de aumento na densidade capilar, com re-
grupos de células e, posteriormente, surgir inúmeros dução da frequência cardíaca e da pressão arte-
focos de fibrose intersticial. rial em repouso.
Obesidade;
Características Clínicas Resistência à insulina;
Dislipidemia – LDL elevada e HDL reduzida;
Embora a MCH possa surgir em qualquer idade, ela Hipertensão;
normalmente se manifesta durante o estirão de cres- Hipercoagulabilidade;
cimento pós-puberal. Estado Inflamatório – que pode ser desencade-
ado por liberação de citocinas dos adipócitos.
Os sintomas clínicos podem ser mais bem compreen-
didos no contexto das anomalias funcionais: A dislipidemia, a hiperglicemia e a hipertensão são
fatores de risco para doenças cardíacas, por outro
Caracterizado pela hipertrofia maciça do ven-
lado, a hipercoagulabilidade sistêmica e o estado
trículo esquerdo que paradoxalmente fornece
pró-inflamatório podem contribuir para a disfunção
volume sistólico acentuadamente reduzido.
endotelial e/ou trombose.
Essa condição ocorre como consequência do en-
Em pacientes com síndrome metabólica, a presença
chimento diastólico deficiente e da redução global
de diabetes tipo 2 e obesidade é o melhor fator
do tamanho da câmara.
preditivo de fibrose grave e progressão da do-
25% dos pacientes apresentam obstrução dinâmica ença.
ao fluxo de saída do ventrículo esquerdo provo-
A resistência à insulina resulta do acúmulo de trigli-
cada pela válvula anterior da valva atrioventricular
cerídeos nos hepatócitos por pelo menos um dos
esquerda.
três mecanismos:
O débito cardíaco reduzido e o aumento secun-
Oxidação de ácidos graxos prejudicada;
dário da pressão venosa pulmonar provocam dis-
Aumento da síntese e da captura de ácidos
pneia aos esforços e sopro sistólico de ejeção ás-
graxos;
pero.
Diminuição da secreção hepática da lipoprote-
A combinação de hipertrofia maciça com aumento ína do colesterol de muita baixa densidade.
das pressões no ventrículo esquerdo e artérias in-
Essa expressão é aplicada a uma constelação de
tramurais comprometidas leva com frequência à is-
achados dominados pela obesidade visceral, que
quemia do miocárdio (com angina), mesma na au-
são acompanhados por resistência insulínica, into-
sência de doença arterial coronariana concomi-
lerância à glicose e fatores de risco cardiovascula-
tante.
res como, por exemplo, hipertensão e perfis lipídicos
PRINCIPAIS PROBLEMAS CLÍNICOS anormais.
OBESIDADE
A obesidade central está associada à resistência à
insulina e hiperinsulinemia, que são características
importantes do diabetes tipo 2 (anteriormente co-
nhecido como diabetes não insulino-dependente).
Retenção de sódio;
Expansão do volume de sangue;
Produção excessiva de noradrenalina;
Proliferação de células do músculo liso.
REFERÊNCIAS
1. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo - Patologia. 9. ed.
Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016.