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Apresentação
As células, na homeostase, são capazes de suprir as demandas fisiológicas, embora apresentem
certa limitação funcional e estrutural. No entanto, quando submetidas a condições adversas, como
um estresse fisiológico ou um estímulo nocivo, elas podem ajustar sua estrutura e função de forma
a garantir a sua sobrevivência nessas condições.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os diferentes tipos de adaptação celular e as
etapas da resposta celular ao estresse e a estímulos nocivos. Ainda, você vai conhecer algumas
alterações clínicas relacionadas a esses eventos.
Bons estudos.
Essas respostas adaptativas são importantes e estão envolvidas em uma diversidade de processos
fisiológicos. Entretanto, elas também podem induzir um processo progressivo de lesão celular, que
está envolvido em diferentes alterações clínicas.
No capítulo Adaptações celulares ao estresse, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você
vai encontrar a descrição dos diferentes mecanismos que a célula utiliza para se adaptar frente a
modificações em seu ambiente. Você também vai verificar o processo progressivo da resposta
celular que, eventualmente, pode resultar em lesões e, ainda, vai conhecer algumas condições
clínicas de grande relevância e que são associadas a essas respostas adaptativas.
Boa leitura.
PROCESSOS
PATOLÓGICOS
Adaptações celulares
ao estresse
Fernanda dos Santos Petry
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Em seu estado de equilíbrio, ou homeostase, as células suprem as necessidades
fisiológicas, mesmo que apresentem relativa limitação funcional e estrutural.
Essa limitação se dá pelo estado metabólico, de diferenciação e de especiali-
zação celular, pela disponibilidade de substratos e pelas restrições impostas
por células vizinhas. Entretanto, quando expostas a condições de estresse
fisiológico ou a estímulos patológicos, essas mesmas células são capazes de
responder e ajustar sua estrutura e sua função.
Adaptações são alterações reversíveis em tamanho, número, fenótipo, ati-
vidade metabólica ou função das células, desencadeadas por modificações em
seu ambiente. As células podem apresentar diferentes respostas adaptativas,
dependendo do estresse ou do estímulo a que estão submetidas. Em todos os
casos, as adaptações celulares permitem que se estabeleça um novo estado
de equilíbrio que, embora seja alterado, favorece a modulação da atividade
funcional da célula, assim como sua sobrevivência (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016).
2 Adaptações celulares ao estresse
Hipertrofia
A hipertrofia corresponde ao aumento no tamanho das células, o que resulta
em aumento do volume do órgão ou do tecido em que essa alteração é en-
contrada. É uma resposta característica de células com capacidade limitada
de divisão, como as musculares estriadas esqueléticas e cardíacas. Por isso,
é importante ter em vista que o órgão hipertrófico não apresenta novas
células, mas sim células maiores (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2018).
A hipertrofia pode ser induzida pelo aumento da demanda funcional
da célula e pela estimulação desencadeada por hormônios ou fatores de
crescimento. Com isso, a síntese e a incorporação de novos componentes
intracelulares (especialmente proteínas) são induzidas, levando ao aumento
do tamanho celular. Essa resposta adaptativa está envolvida em processos
fisiológicos, como você verá a seguir (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016, 2018;
REISNER, 2016).
Hiperplasia
A hiperplasia é definida como o aumento no número de células em um órgão
ou tecido. Diferentemente da hipertrofia, a hiperplasia ocorre somente em
células que apresentam a capacidade de se dividir. Assim, o aumento da
proliferação celular ocorre em resposta a um estímulo, como hormônios
ou fatores de crescimento, ou pelo surgimento de novas células a partir de
células-tronco teciduais.
4 Adaptações celulares ao estresse
Atrofia
Atrofia é a diminuição do tamanho e, em alguns casos, do número de células,
o que resulta na redução do volume do órgão ou tecido. Essa resposta se
dá pela tentativa da célula em ajustar sua necessidade metabólica frente à
Adaptações celulares ao estresse 5
Metaplasia
Metaplasia refere-se à alteração reversível em que um tipo celular diferenciado
(epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro. O fator desencadeante
para essa resposta pode ser um estímulo nocivo ou a irritação crônica, tanto
física quanto química. Nesse processo, ocorre a substituição de um tipo
celular mais sensível a um dado estímulo nocivo por outro tipo celular mais
resistente e que apresente vantagem de sobrevivência.
Essa resposta adaptativa ocorre a partir da reprogramação de células-
-tronco nos tecidos normais ou de células mesenquimais indiferenciadas no
tecido conjuntivo e não de alteração fenotípica (transdiferenciação) de um
tipo celular já diferenciado. O direcionamento para uma via de diferenciação
específica pode ser induzido por sinais gerados por citocinas, fatores de
crescimento e componentes da matriz extracelular.
Hipertrofia cardíaca
A hipertrofia cardíaca ocorre como consequência à hipertensão arterial ou à
doença valvar aórtica. Nesse caso, em compensação à sobrecarga de trabalho
cardíaco, os miócitos aumentam seu tamanho (Figura 3). Nessa etapa inicial,
a resposta hipertrófica é fisiológica, já que com ela ocorre o aumento da
força gerada pelo miócito, o que contribui para a capacidade de trabalho do
músculo cardíaco como um todo.
A B
Hiperplasia
A maior parte das formas patológicas de hiperplasia é atribuída à ação ex-
cessiva ou inapropriada de hormônios ou de fatores de crescimento sobre
suas células-alvo.
10 Adaptações celulares ao estresse
Hiperplasia endometrial
A hiperplasia endometrial (sangramento menstrual anormal) ocorre pela
perturbação do equilíbrio entre estrogênio e progesterona, responsáveis
pela regulação da proliferação epitelial uterina após o período menstrual.
Nesse quadro, o efeito inibitório da progesterona sobre a atividade prolife-
rativa dessas células é prejudicado, resultando em estimulação estrogênica
aumentada e, consequentemente, em hiperplasia das glândulas endometriais
(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016, 2018).
Atrofia
Formas patológicas de atrofia podem ter diversas causas e serem locais ou
generalizadas.
A B
Figura 5. (a) Atrofia por denervação do músculo esquelético. (b) Fibras musculares esque-
léticas normais.
Fonte: Reisner (2016, p. 26).
Metaplasia
Como abordado anteriormente, alterações metaplásicas costumam ser indese-
jáveis e estão associadas à predisposição ao desenvolvimento de neoplasias.
Isso ocorre pelo prejuízo de mecanismos protetores e pela instabilidade genética
decorrentes da exposição contínua das células ao fator estressor. Antes de
surgir a neoplasia, no entanto, é possível que as células metaplásicas retornem
a seu estado original se o estímulo lesivo for retirado, embora a recuperação
tecidual completa, nesse caso, provavelmente não seja possível (REISNER, 2016).
A B
Referências
BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo, patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina
clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
KIERSZENBAUM, A. L.; TRES, L. L. Histologia e biologia celular: uma introdução à pato-
logia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. Robbins e Cotran patologia: bases patológicas das
doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. Robbins, patologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2018.
REISNER, H. M. Patologia: uma abordagem por estudos de casos. Porto Alegre: AMGH,
2016.
SILBERNAGL, S.; LANG, F. Fisiopatologia: texto e atlas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Dica do professor
Quando submetidas a um estresse fisiológico ou a um estímulo nocivo, as células são capazes de
responder a essa situação, ajustando a sua estrutura e a sua função na tentativa de garantir a sua
sobrevivência.
Nesta Dica do Professor, você vai aprender sobre os tipos de adaptações celulares e vai conhecer
um exemplo prático de cada uma delas.
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Exercícios
Analise os itens a seguir e faça a correta associação entre os tipos de adaptação celular e a
sua respectiva definição:
I — Hipertrofia
II — Hiperplasia
III — Atrofia
IV — Metaplasia
Assinale, entre as alternativas a seguir, a que apresenta uma condição em que se esperaria
observar hipertrofia e hiperplasia ocorrendo simultaneamente:
A) Na desnutrição grave, como o marasmo, a atrofia muscular ocorre pelo aumento da síntese
proteica após o esgotamento das reservas energéticas.
B) A involução uterina gradual, observada após o parto, ocorre por atrofia induzida por
denervação.
C) Tecidos com atrofia significativa acumulam grânulos de lipofuscina, que podem ser
observados a partir da utilização da coloração hematoxilina-eosina.
E) A atrofia senil, que pode ser observada no cérebro de idosos, ocorre pelo aumento do
suprimento sanguíneo para esse órgão.
4) Um tecido ou órgão, quando submetido à irritação crônica, seja ela física ou química, pode
sofrer uma alteração reversível em que um tipo celular diferenciado é substituído por outro.
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) Apenas II e III.
Na prática
Adaptações celulares estão envolvidas em uma diversidade de alterações clínicas observadas
rotineiramente, inclusive na área da odontologia. A identificação e o diagnóstico corretos dessas
alterações são de fundamental importância para garantir a saúde e o bem-estar do paciente.
Neste Na Prática, você vai conhecer o caso observado pelo dentista Renato e a sua conduta frente
às características observadas no exame de seu paciente.
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Para diferentes situações que podem vir a acontecer, as células possuem alguns mecanismos de
adaptação. Você sabe quais são as características desses mecanismos? Teste seu conhecimento
abaixo!
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Anatomia patológica
Nesta página, você pode acessar um banco de imagens de lâminas representativas das principais
adaptações celulares.
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Patologia oral
Neste livro, você vai encontrar exemplos práticos de alterações clínicas envolvendo as adaptações
celulares na área da odontologia.
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