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SUMÁRIO
importância/prevalência
u Sobre Dengue
• Dengue é uma doença de notificação compulsória. Na suspeita e na confirmação, sempre notificar.
Endêmica em nosso país e em várias localidades tropicais do mundo. É um dos assuntos mais cobrados
em infectologia nos exames de residência. Campeã em prevalência no Brasil das arboviroses.
• Vetores: Aedes aegypti (áreas urbanas) e Aedes albopictus. Vírus: flavivirus (quatro sorotipos: DEN 1, 2,
3 e 4).
• Período de incubação: 3-15 dias (média de 7-10 dias).
• Testes para detecção de anticorpos (IgM e IgG) devem ser solicitados a partir do 6º dia da doença para
realizar o diagnóstico. Antes disso, a sorologia tem baixa acurácia para o diagnóstico. Leucopenia e
plaquetopenia podem ocorrer, assim como linfocitose relativa, mas são achados inespecíficos para o
diagnóstico definitivo.
• A maioria dos casos tem evolução benigna e se apresenta classicamente como uma SÍNDROME FEBRIL
MIÁLGICA, cursando com febre alta abrupta, mal-estar generalizado, mialgia e cefaleia retro-orbitária.
Apesar de a maioria ter curso benigno, deve-se sempre ficar atento aos sinais de alarme que sugerem
uma progressão para formas mais graves da dengue, dentre eles a dor abdominal, letargia/lipotimia,
aumento do hematócrito, vômitos, sangramentos, edemas e hepatomegalia.
• Os casos com gravidade, geralmente se manifestam com aumento de permeabilidade vascular, sangra-
mentos, derrames cavitários, associados à plaquetopenia severa e hepatite. Hemoconcentração é um
grande achado para suspeitar do espectro de maior gravidade da doença (grupos 3 e 4).
• A prova do laço é uma importante manobra propedêutica de triagem para avaliar fragilidade endotelial,
sendo positiva quando houver mais de 20 petéquias em adultos por polegada quadrada (adultos). Para
diagnóstico especifico na fase aguda, é possível fazer o isolamento viral ou solicitar antigenemia NS1
da dengue. Após soroconversão (7 dias), pede-se sorologia. NS1 tem melhor performance até 72hs do
início dos sintomas.
• O manejo dos pacientes é feito a partir da classificação do consenso do Ministério da Saúde mais recente,
que divide os pacientes em 4 grupos (A, B, C e D) a partir das anamneses, do exame físico e de exames
complementares. O uso de sintomáticos e hidratação (oral ou endovenosa) compõem o tratamento para
os casos de menor gravidade (A e B). Não há antiviral específico para o vírus da dengue que possa ser
utilizado no manejo dos casos. Nos grupos C e D, deve haver a internação, a hidratação endovenosa e
a monitorização clínica.
• É importante fazer o diagnóstico diferencial com zika e chikungunya. Esta se apresenta com clínica mais
importante nas articulações (artralgia e edema), enquanto aquela com febre baixa ou afebril, além de
exantema importante e hiperemia conjuntival.
• A principal medida de prevenção atual é o combate a esse vetor, tarefa difícil e sem sucesso definitivo nas
últimas 2 décadas em nosso país. Urbanização e aquecimento global são grandes fatores relacionados
à expansão dessa doença para mais de 110 países no mundo. Temos uma vacina para dengue, porém
com muitos problemas e sem disponibilidade no SUS.
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
DENGUE
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
A dengue voltou a ser uma ameaça no Brasil nos mortes devido à infecção por dengue, enquanto no
anos 1990 e 2000. Em 2017, foram notificados mesmo período, em 2018, foram 160 mortes, cerca
113.381 casos prováveis de dengue em todo o de 1/3 em relação a 2019.
país, uma redução de 90,3% em relação ao mesmo
período de 2016 (1.180.472). No entanto, dados
mais recentes são alarmantes, pois, em 2019, até DIA A DIA MÉDICO
o final do mês de agosto, foram registrados cerca
de 1,5 milhão de casos! Este número representa um A doença está na lista das doenças de notificação compul-
aumento de 7 vezes em relação ao mesmo período sória! Tanto a suspeita quanto a confirmação da doença
de 2018, segundo o Ministério da Saúde. Neste devem ser notificadas! Na prática, existe uma grande
subnotificação, especialmente em pronto-socorro.
mesmo período de 2019, foram confirmadas 591
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
Uma pessoa que tenha entrado em contato com um Portanto, a doença só pode ocorrer se 3 situações
sorotipo pode se infectar com um novo sorotipo e adquirir epidemiológicas forem preenchidas: 1) existência
a doença mais de uma vez. A imunidade é sorotipo-es- do agente transmissor no local; 2) presença do
pecífica, com a possibilidade, inclusive, de desenvolver
homem infectado; 3) presença do indivíduo sadio.
formas mais graves, devido a uma ativação imunológica
pela reexposição nos que já possuem alguma imunidade A transmissão ocorre quando o mosquito se ali-
prévia (Teoria de Halsted). menta (repasto sanguíneo) do sangue de uma pes-
soa em período de viremia. Isso faz com que ocorra
a contaminação do mosquito. Após um período
O vírus da dengue é um RNA vírus, do gênero Fla-
entre 8-12 dias, a fêmea irá fazer um novo repasto
vivírus, pertencente à família Flaviviridae. Existem
sanguíneo e estará apta a transmitir a doença a um
4 sorotipos distintos: DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN
indivíduo sadio.
4. Há alguns anos, foi descrito um 5º tipo, detec-
tado apenas em um surto na Malásia, em 2007, O A. aegypti vive aproximadamente 45 dias e, neste
e previamente classificado como DEN 4. Porém, curto período de vida, ele faz de 3 a 4 repastos. No
acredita-se que este quinto tipo circule somente primeiro repasto, ele se infecta e, após a primeira
entre locais específicos, com apenas esse único semana, poderá transmitir a doença por 3 vezes.
caso registrado em humano. A literatura continua
O homem infectado apresenta um período de vire-
a tratar apenas dos 4 tipos circulantes.
mia desde o início da sintomatologia, com seu pico
O genoma do vírus codifica várias proteínas virais, máximo em 3 a 5 dias.
a NS1 está presente na fase aguda da infecção e a
sua antigenemia está associada a apresentações
clínicas de maior gravidade. Além disso, a detecção 3. FISIOPATOGENIA
laboratorial dessa proteína é base de testes diag-
nósticos na fase aguda.
Os vetores são os mosquitos do gênero Aedes. Nas BASES DA MEDICINA
Américas, o vírus da dengue persiste na natureza,
mediante o ciclo de transmissão homem → Aedes Após a inoculação, o vírus se replica, inicialmente nas
aegypti → homem. células mononucleares dos linfonodos locais ou nas
células musculares esqueléticas, produzindo viremia.
Seus hábitos são diurnos (início da manhã) e ves-
No sangue, o vírus penetra nos monócitos, onde sofre a
pertinos (final da tarde). O mosquito tem autonomia segunda onda de replicação. No interior dessas células ou
de voo limitada, afastando-se não mais de 200 livre no plasma, ele se dissemina por todo o organismo.
metros do local de oviposição. Isso significa que a Ocorre intensa replicação em células musculares, justifi-
eliminação dos criadouros peridomiciliares impede cando a mialgia que, geralmente, acompanha a doença.
totalmente o contato intradomiciliar com o vetor
da dengue.
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
curso da doença levando diretamente ao período progressiva melhora clínica, com normalização ou
de recuperação. aumento do débito urinário, podendo ocorrer, ainda,
bradicardia e mudanças no eletrocardiograma.
4.3. FASE DE RECUPERAÇÃO Alguns pacientes podem apresentar um rash cutâ-
neo acompanhado ou não de prurido generalizado.
Nos pacientes que passaram pela fase crítica, haverá
reabsorção gradual do conteúdo extravasado, com
Quadro clínico
Diarreia
Manter vigilância quanto
aos sinais de alarme
Dor abdominal intensa
Vômitos persistentes
Exantema maculo-papular Acúmulo de líquidos
Letargia/irritabilidade
Hipotensão postural
Hepatomegalia (>2cm)
Sangramento de mucosa
Aumento de HT
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
Estadiamento
A B C D
O manejo adequado dos pacientes depende do 4 grupos de risco, de acordo com as informações
reconhecimento precoce dos sinais de alarme, do colhidas pela anamnese e pelo exame físico. Essa
contínuo acompanhamento, do reestadiamento dos avaliação deve ser dinâmica e contínua, tendo em
casos (dinâmico e contínuo) e da pronta reposição mente que o paciente pode passar de um grupo
volêmica. Com isso, torna-se necessária a revisão para outro rapidamente.
da história clínica, acompanhada de exame físico
No Fluxograma abaixo, as condutas preconizadas
completo a cada reavaliação do paciente, com coleta
pelo consenso do Ministério da Saúde para cada
de exames adequados para cada grupo.
grupo.
Não há antiviral específico para o vírus da dengue.
A terapia se baseia no alívio sintomático (analgési-
cos, antitérmicos, antieméticos e antipruriginosos),
com ênfase na hidratação (oral nos casos brandos,
intravenosa nos casos graves). Em casos de choque
(grupo D), iniciar imediatamente fase de expansão
rápida parenteral, com solução salina isotônica: 20
mL/kg em até 20 minutos. Reavaliação clínica a
cada 15-30 minutos e de hematócrito em 2 horas.
Estes pacientes necessitam ser continuamente
monitorados, com grande potencial de morbidade.
O manejo desses casos deve ser feito em unidade
de terapia intensiva.
Assim, quando há suspeita, mesmo sem a confir-
mação etiológica, deve-se estratificar o paciente em
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
Suspeita de Dengue
Relato de febre, usualmente entre 2 e 7 dias de duração, e 2 ou mais das seguintes manifestações: náusea, vômitos; exantema;
mialgias, artralgia; cefaleia, dor retro-orbital; petéquias; prova do laço positiva; leucopenia. Também pode ser considerado caso suspeito
toda criança com quadro febril agudo, usualmente entre 2 e 7 dias de duração, e sem foco de infecção aparente.
NÃO SIM
Iniciar hidratação dos pacientes de imediato de acordo com a classificação, enquanto aguarda exames laboratoriais.
Hidratação oral para pacientes do grupo A e B. Hidratação venosa para pacientes dos grupos C e D.
Condições clínicas especiais e/ou risco social ou comorbidades: lactentes (< 2 anos), gestantes, adultos com idade > 65 anos, com hipertensão arterial
ou outras doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, Dpoc, doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia falciforme), doença renal crônica,
doença ácido péptica e doenças autoimunes. Estes pacientes podem apresentar evolução desfavorável e devem ter acompanhamento diferenciado.
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
Tratamento
Dipirona e/ou
Conduta do Grupo A
paracetamol Reposição volêmica
+ observação Reposição volêmica
para controle imediata (10mL/kg
clínica imediata (20 mL/kg
dos sintomas de SF na primeira
de SF em até 20 min)
hora) + internamento
+ internamento em
sala de emergência
Hidratação oral
60mL/kg/dia em adultos
25mL/kg em 6h,
Tratar paciente
posteriormente,
como Grupo D
25 mL/kg em 8h
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
u Diminuição do murmúrio vesicular ou outros si- Importante: Nenhuma alteração destas define o
nais de gravidade. diagnóstico etiológico da dengue. O diagnóstico é
u Impossibilidade de seguimento ou retorno à uni- dado pela sorologia com detecção de anticorpos
dade de saúde. contra os sorotipos existentes.
u Comorbidades descompensadas como diabetes
mellitus, hipertensão arterial, insuficiência car- 10.2. ESPECÍFICO – VIROLÓGICO
díaca, uso de dicumarínicos, crise asmática etc.
u Outras situações a critério clínico. Tem por objetivo identificar o patógeno e monitorar
o sorotipo viral circulante. Para realização da técnica
de isolamento viral e reação em cadeia da polimerase
9. CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR (PCR), a coleta do sangue deve ser realizada até o
5º dia do início dos sintomas. Raramente utilizado
na prática clínica.
Os pacientes precisam preencher todos os 6 cri-
térios a seguir: Sorológico: a sorologia é utilizada para detecção de
anticorpos antidengue e deve ser solicitada a partir
u Estabilização hemodinâmica durante 48 horas. do 6º dia do início dos sintomas. Importante lembrar
u Ausência de febre por 48 horas. do cruzamento sorológico da dengue com outras
arboviroses como zika e febre amarela(flavivírus).
u Melhora visível do quadro clínico.
u Hematócrito normal e estável por 24 horas. Importante: Se coletada antes do 6º dia, os resul-
tados podem ser falso-negativos.
u Plaquetas em elevação e acima de 50.000/mm3.
O NS1 é a mais recente das ferramentas diagnós-
ticas. Trata-se de um teste qualitativo usado na
10. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL detecção da antigenemia NS1 da dengue. Tem
valor se colhido até o 3º dia do início dos sintomas;
depois desse período, perde muito em sensibilidade.
10.1. EXAMES INESPECÍFICOS
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
do choque tóxico) e meningites/encefalites virais a partir de 2014, e de infecções pelo vírus zika, em
ou bacterianas. 2015, algumas particularidades a respeito do diag-
nóstico diferencial entre dengue e essas doenças
No atual cenário epidemiológico do Brasil, com
merecem destaque e estão descritas nos quadros
confirmação de casos autóctones de chikungunya,
3 e 4.
Mialgia ++ +
Artralgia +/- +
Sangramentos ++ -
Choque -/+ -
Leucopenia/trombocitopenia +++ -
Mialgia ++ +
Sangramentos ++ -/+
Choque -/+ -
Plaquetopenia +++ +
Leucopenia +++ ++
Linfopenia ++ +++
Neutropenia +++ +
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
12.2. VACINA
12. PREVENÇÃO
A Dengvaxia® foi registrada em 2015 no Brasil, com
alguns problemas definidos em 2017, sendo uma
12.1. CONTROLE DO VETOR
medida controversa e não recomendada em áreas
não endêmicas, pelo risco de desencadear formas
As medidas de controle se restringem ao vetor A.
graves. Trata-se de vacina atenuada, composta pelos
aegypti, pois não há drogas antivirais específicas.
4 sorotipos vivos do vírus dengue, obtidos sepa-
O combate ao vetor, portanto, deve ser o foco das
radamente por tecnologia de DNA recombinante.
ações, envolvendo inspeções domiciliares, elimi-
nação e tratamento de criadouros, associadas a A vacina não está disponível no SUS, apenas na
atividades de educação em saúde e à mobilização rede privada, estando indicada para pacientes com
social, de caráter continuado. A finalidade das ações idade entre 9 e 45 anos. Seu esquema posológico
de rotina é manter a infestação do vetor em níveis consiste em 3 doses subcutâneas com intervalo de
incompatíveis com a transmissão da doença. A 6 meses entre cada dose (0, 6 e 12 meses).
intensificação das ações de controle na vigência de
epidemias deve ocorrer, priorizando a eliminação de
criadouros e o tratamento focal. Além disso, deve DIA A DIA MÉDICO
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
ZIKA E CHIKUNGUNYA
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
Casos
Assintomáticos Formas típicas
Infecção
A fase aguda ou febril da doença é caracterizada quando presente, é, em geral, de intensidade leve
principalmente por febre de início súbito e sur- a moderada.
gimento de intensa poliartralgia, quase sempre
Na fase subaguda, a febre normalmente desaparece,
acompanhada de dores nas costas, rash cutâneo
podendo haver persistência ou agravamento da
(presente em mais de 50% dos casos) cefaleia e
artralgia, incluindo poliartrite distal, exacerbação da
fadiga, com duração média de 7 dias.
dor articular nas regiões previamente acometidas
A poliartralgia tem sido descrita em mais de 90% na primeira fase e tenossinovite hipertrófica suba-
dos pacientes com chikungunya na fase aguda. guda em mãos, mais frequentemente em falanges,
Essa dor normalmente é poliarticular, bilateral e punhos e tornozelos. Síndrome do túnel do carpo
simétrica, mas pode haver assimetria. Acomete pode ocorrer como consequência da tenossino-
grandes e pequenas articulações e abrange, com vite hipertrófica (sendo muito constante nas fases
maior frequência, as regiões mais distais. Pode subaguda e crônica). O comprometimento articular
haver edema, e este, quando presente, normalmente costuma ser acompanhado por edema de intensi-
está associado à tenossinovite. Na fase aguda tam- dade variável. Há relatos de recorrência da febre.
bém tem sido observada dor ligamentar. A mialgia,
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
Quando a duração dos sintomas persiste além dos e monoarticular. Também há relatos de dores nas
3 meses, atinge a fase crônica. Nesta fase, algumas regiões sacroilíaca, lombossacra e cervical. Ocasio-
manifestações clínicas podem variar de acordo com nalmente, articulações incomuns, como temporo-
o sexo e a idade. Exantema, vômitos, sangramento mandibulares (dor à movimentação mandibular) e
e úlceras orais parecem estar mais associados ao esternoclaviculares, são acometidas. Em frequência
sexo feminino. Dor articular, edema e maior duração razoável, são vistas manifestações decorrentes da
da febre são mais prevalentes quanto maior a idade síndrome do túnel do carpo, tais como dormência
do paciente. e formigamento das áreas inervadas pelo nervo
mediano. Alguns pacientes poderão evoluir com
O sintoma mais comum nesta fase crônica é o
artropatia destrutiva semelhante à artrite psoriática
acometimento articular persistente ou recidivante
ou à reumatoide.
nas mesmas articulações atingidas durante a fase
aguda, caracterizado por dor com ou sem edema, Alguns trabalhos descrevem que essa fase pode
limitação de movimento, deformidade e ausên- durar até 3 anos, outros descrevem casos com até
cia de eritema. Normalmente, o acometimento é 6 anos de duração.
poliarticular e simétrico, mas pode ser assimétrico
Fluxograma 2. Clínica
Quadro clínico
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
O acometimento articular na chikungunya, nas suas devendo ser efetivo desde os primeiros dias de
diferentes fases, pode causar importante incapaci- sintomas.
dade física, impactando de forma significativa na
A prevalência da fase crônica é muito variável entre
qualidade de vida dos pacientes. A incapacidade
os estudos, podendo atingir mais da metade dos
pode atingir uma faixa etária economicamente ativa,
pacientes. Os principais fatores de risco para a
ampliando ainda mais a magnitude do problema
cronificação são: idade acima de 45 anos, signi-
para a população atingida.
ficativamente maior no sexo feminino, desordem
O tratamento da dor envolve todas as fases da doen- articular preexistente e maior intensidade das lesões
ça, e não apenas as fases subagudas e crônicas, articulares na fase aguda.
Tratamento
AINEs e corticoide
Controle dos sintomas com Hidroxicloroquina associada
paracetamol e dipirona ou ou não à sulfassalazina
codeína se necessário.
Asssociar amitriptilina ou
gabapentina se dor neuropática
2.4. COMPLICAÇÕES
DIA A DIA MÉDICO
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
franca regressão; 2) aqueles cujo quadro clínico se Outra estratégia para confirmação sorológica é a
mantém inalterado, em que os sinais e sintomas sorologia pareada. Nesse caso, 2 amostras devem
persistem praticamente na mesma intensidade da ser coletadas, a primeira na fase aguda da doença
fase subaguda; e 3) um grupo menor de doentes, e a segunda aproximadamente 15 dias após a pri-
nos quais se observa o aumento da intensidade meira. O aumento de 4 vezes no título dos anticorpos
das manifestações inflamatórias e dolorosas. Para demonstra a reatividade específica.
os 2 últimos grupos, o diagnóstico laboratorial
Por ser da família Togaviridae, diferente da dengue
para comprovação da infecção pelo CHIKV deve
e zika, que são da família Flavivírus, a sorologia não
ser solicitado, o que será realizado por meio da
tem cruzamento entre os principais diagnósticos
sorologia. Não é necessário repetir o exame caso
diferenciais.
já exista o diagnóstico laboratorial confirmatório na
primeira fase da doença. É importante o diagnós-
tico diferencial com outras doenças que causam
DIA A DIA MÉDICO
acometimento articular.
Mães que adquirem chikungunya no período intra- Os achados laboratoriais são bem inespecíficos, e o
parto podem transmitir o vírus a recém-nascidos quadro clínico é bem parecido com outras arboviroses.
por via transplacentária ou transmissão perinatal. Neste cenário, não será incomum solicitar sorologias para
dengue, zika e chikungunya, todas ao mesmo tempo, para
A taxa de transmissão, nesse período, pode chegar
chegar ao diagnóstico definitivo (e demorar muito tempo
a aproximadamente 50%, e cerca de 90% podem para saber os resultados).
evoluir para formas graves. Não há evidências de
que a cesariana altere o risco de transmissão. O
vírus não é transmitido pelo aleitamento materno.
Não há descrição de malformações associadas. 2.6. TRATAMENTO
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
É causada pelo vírus Zika, um vírus RNA da famí- 3.1. QUADRO CLÍNICO
lia Flaviviridae, a mesma do vírus da dengue e da
hepatite C.
BASES DA MEDICINA
Desde 2014, casos de circulação do vírus Zika foram
detectados no continente americano.
Esse vírus possui o que chamamos de “neurotropismo”,
No Brasil, casos de doença exantemática têm sido ou seja, é um vírus que gosta do tecido nervoso, o que
reportados desde o final de 2014 e, no começo do pode levar a uma série de complicações graves, sendo as
ano de 2015, pacientes da cidade de Natal, estado de mais comuns: a) Síndrome de Guillain-Barré, uma doença
desmielinizante que cursa com dor e fraqueza muscular
Rio Grande do Norte, apresentaram sintomas com-
progressiva, além de perdas motoras e paralisia flácida;
patíveis com a febre da dengue. Nesse mesmo ano, e b) microcefalia, que é uma má-formação do sistema
foram identificados os primeiros casos do vírus Zika nervoso central devido ao ataque do vírus a células ainda
em amostras de soro de pacientes dessa cidade. em fase de migração e diferenciação, de modo que a
criança se apresenta com redução do perímetro cefálico,
Houve grande número de casos, sendo o país res- além de comprometimento neuropsicomotor significativo.
ponsável por grande número de publicações rela-
cionadas, visto que os casos da África e Ásia não
haviam sido muito estudados. O período de incubação em mosquitos é cerca de
10 dias e, no homem, de 3 a 6 dias. Os hospedei-
A principal forma de transmissão é vetorial, pelos
ros vertebrados do vírus incluem macacos e seres
mosquitos do gênero Aedes, de forma semelhante à
humanos.
dengue e à chikungunya. Não obstante, o que chama
atenção no zika vírus é a transmissão congênita, O quadro clínico é semelhante ao de outras arbovi-
responsável pelo aumento do número de casos de roses, entretanto chama atenção o fato de a febre
microcefalia no Brasil desde o aparecimento da ser baixa – diferentemente da febre da dengue e da
doença no país. Foram registradas transmissões chikungunya – e, na maior parte dos casos (>80%),
sexual e transfusional do vírus Zika. ser acompanhada de hiperemia conjuntival, ademais
de exantema (que pode ou não ser pruriginoso),
Em 2019, consoante dados do Ministério da Saúde,
que, ao contrário das outras arboviroses, pode ser
foram notificados 10.715 casos prováveis (taxa de
intenso. Assim, há grande semelhança clínica com
incidência de 5,1 casos por 100 mil habitantes) de
essas doenças.
infecções pelo vírus Zika no país. A região Nordeste
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
Com menos frequência, há dor retro-orbital, anorexia, Na prova, o diagnóstico diferencial de dengue,
vômitos, diarreia e dor abdominal, aftas. Astenia chikugunya e zika pode ser facilitado por palavras-
pós-infecção é frequente. Os sintomas desaparecem -chave no texto. Quando se falar de mialgia e dor
em até 7 dias. A dor articular pode estar presente retro-orbitária, pense em dengue; quando forem
até 1 mês antes do início da doença; a artralgia não mencionadas fortes dores articulares – ou mesmo
é tão intensa como a que ocorre em chikungunya e artrite –, pense em chikungunya; quando se falar de
não apresenta a mesma cronicidade característica hiperemia conjuntival e exantema, pense em Zika.
desta. Em alguns pacientes, pode ocorrer hema- No entanto, tome cuidado para não confundir as
toespermia. arboviroses com sarampo e com outros diferenciais.
Mialgia ++ + +
Exantema + ++ ++++
Sangramento ++ +/- -
Choque +/- - -
Leucopenia +++ ++ -
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
Mapa mental
Raras manifestações de
sangramentos e hemoconcentração
Zika
Neurotropismo: caso de Síndrome
de Guillain Barré descritos
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 ⮧ Grupo B.
Questão 4
Questão 2
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FAMEMA - 2021) Um paciente
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - 2021) Pacien- do sexo masculino com 25 anos de idade procura
te do sexo feminino, 33 anos, sem comorbidades, uma UPA apresentando há 3 dias quadro agudo de
iniciou há 5 dias quadro febril, com cefaleia, mialgia febre de 40 ºC associada a cefaleia, mialgia e pros-
e artralgias. Nesse período, iniciou vômitos, dor ab- tração. O exame físico mostra petéquias localizadas
dominal e epistaxe. Procurou Pronto Atendimento esparsamente em membros superiores. O resulta-
Médico e foi avaliada, apresentando-se consciente, do da pesquisa sorológica para dengue mostra-se
orientada, normotensa, diurese pouco concentrada. positiva. Nesse caso clínico, o diagnóstico é de
Exantema presente em todo o corpo. Por residir em
área endêmica, com casos de dengue em elevação, ⮦ caso suspeito de dengue.
foi considerado o diagnóstico clínico e epidemioló- ⮧ dengue clássico.
gico. De acordo com os dados apresentados, em
⮨ febre hemorrágica da dengue.
qual classificação de risco a paciente se encontra?
⮩ dengue na fase pré-choque.
⮦ Grupo A.
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: Questão que traz paciente febril, A paciente pertence ao grupo C, devido ao relato
com mialgia e cefaleia. Trata-se de uma apresenta- de sangramento de mucosas (epistaxe). Vale lem-
ção sugestiva de dengue, que compõe as arboviro- brar que o grupo A não tem prova do laço positiva
ses, infecções virais transmitidas por artrópodes. ou comorbidades (ambos caracterizam o grupo
No Brasil, são representadas majoritariamente pela B), não tem sinais de alarme (grupo C) ou choque
dengue, que circula no país há mais de um século, (grupo D). A prova do laço deve ser realizada em
e pela Chikungunya e Zika, que foram introduzidas todos os pacientes sem sangramento espontâneo
no país há poucos anos. Têm quadro clínico mui- e, se positiva, classifica o paciente como grupo B
to similar, na fase aguda, e seguem curso clínico (recebe hidratação oral e é reavaliado diariamente),
diferente: a Chikungunya pode causar artralgia se não houver sinais de alerta que o classifiquem
crônica, enquanto a Zika pode causar comprome- como grupo C ou choque (grupo D). Ela é feita da
timento neurológico (Síndrome de Guillain-Barré, seguinte forma: um manguito é inflado até a pressão
Zika congênita). Vale ressaltar que alguns sinais e de (PAS+PAD)/2 por 5 min em adultos e 3 min em
crianças. Após isso, é delimitado um quadrado com
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
2,5 cm de lado no antebraço. É positiva se >= 20 14 dias para área com ocorrência de transmissão
petéquias em adultos e >= 10 em crianças. de dengue (ou presença de Ae. aegypti). Deve apre-
✔ resposta: C sentar febre, usualmente entre dois e sete dias, e
duas ou mais das seguintes manifestações: Náu-
sea, vômitos; Exantema; Mialgias, artralgia; Cefaleia,
Questão 3 dificuldade: dor retro-orbital; Petéquias; Prova do laço positiva;
Leucopenia. Também pode ser considerado caso
Y Dica do professor: A dengue é uma doença causada
suspeito toda criança proveniente de ou residente
por um arbovírus, do gênero Flavovírus, comum em
em uma área com transmissão de dengue, com
países subtropicais, como o Brasil. São conhecidos
quadro febril agudo, usualmente entre dois e sete
quatro sorotipos dessa doença: 1, 2, 3 e 4. A trans-
dias, e sem foco de infecção aparente. Caso confir-
missão ocorre pelo mosquito hematófago Aedes
mado: É todo caso suspeito de dengue confirmado
aegypti através do contato com sangue infectado
laboratorialmente (sorologia IgM, NS1teste rápido
de algum indivíduo. A realidade da transmissão da
ou ELISA, isolamento viral, PCR, imuno-histoquí-
dengue revela as práticas sociais e ambientais da
mica). No curso de uma epidemia, a confirmação
população, além da vigilância dos setores epidemio-
pode ser feita por meio de critério clínico-epide-
lógicos, sanitários e educacionais. Clinicamente, a
miológico, exceto nos primeiros casos da área,
dengue se manifesta através de febre alta, manchas
que deverão ter confirmação laboratorial. Os casos
vermelhas pelo corpo, dor retro-orbitária, mialgia,
graves devem ser preferencialmente confirmados
fadiga, náuseas, vômitos e hepatomegalia dolorosa.
por laboratório (sorologia IgM, NS1 teste rápido ou
Alternativa A: INCORRETA. O exame laboratorial de ELISA, isolamento viral, PCR, imuno-histoquímica).
dengue NS1 é um ensaio cromatográfico rápido Na impossibilidade de realização de confirmação
para detecção qualitativa do antígeno NS1 do vírus laboratorial específica, considerar confirmação por
da dengue em amostras de sangue. vínculo epidemiológico com um caso confirmado
Alternativa B: INCORRETA. É o método mais especí- laboratorialmente.
fico para detecção do sorotipo do vírus da dengue Alternativa A: INCORRETA. Não é um caso suspeito
responsável pela infecção. A coleta de sangue deve porque já tem a confirmação com um teste soro-
ser feita em condições de assepsia, de preferência lógico positivo.
no terceiro ou quarto dia do início dos sintomas.
Alternativa B: CORRETA. É um caso de dengue clás-
Alternativa C: INCORRETA. Os testes sorológicos sica, com todos os comemorativos clínicos asso-
complementam o isolamento do vírus e a coleta ciado a uma sorologia positiva.
de amostras de sangue deve ser realizada após o
Alternativa C: INCORRETA. Não há critérios de dengue
sexto dia da doença.
hemorrágica (atual classificação dengue grupo C
Alternativa D: CORRETA. Os anticorpos da classe IgG e D) do MS.
podem ser detectados a partir do 9º dia na infecção
Alternativa D: INCORRETA. O paciente não se encon-
primária e já estar detectável desde o primeiro dia
tra numa fase pré-choque nesse caso.
nas infecções secundárias.
resposta: B
resposta: D
✔
✔
Questão 5 dificuldade:
Questão 4 dificuldade:
Y Dica do professor: Antes que ocorra o agravamento
Y Dica do professor: Questão avaliando um quadro
da dengue, alguns sinais de alarme podem surgir.
febril miálgico com teste sorológico positivo para
Por meio destes sinais se tem conseguido identifi-
dengue. Importante conhecer as definições de caso
car os pacientes que podem evoluir para uma for-
suspeito e de caso confirmado. Definição de caso
ma grave da doença, com a intenção de prevenir
suspeito: Pessoa que viva em área onde se registram
gravidade e reduzir a mortalidade por dengue. Os
casos de dengue, ou que tenha viajado nos últimos
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Dengue, zika e chikungunya Cap. 3
sinais de alarme devem ser rotineiramente pesqui- abaixo de 20 mil, que indicam internação e reposi-
sados e valorizados, bem como os pacientes devem ção de concentrado de plaquetas.
ser orientados a procurar a assistência médica na Alternativa D: INCORRETA. Pacientes idosos, mesmo
ocorrência deles. A maioria dos sinais de alarme é sem sinais de alarme, se enquadram em pacientes
resultante do aumento da permeabilidade vascular, com condição especial, enquadrando-os no grupo B.
a qual marca o início do deterioramento clínico do
Alternativa E: CORRETA. Exato. Além do controle sinto-
paciente e sua possível evolução para o choque por
mático e evitar complicações, aumenta a sobrevida.
extravasamento de plasma. São sinais de alarme:
dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e ✔ resposta: A
contínua; vômitos persistentes; acúmulo de líqui-
dos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); dificuldade:
Questão 7
hipotensão postural e/ou lipotimia; hepatomegalia
maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal; san- Y Dica do professor: Questão clássica da banca do
gramento de mucosa; letargia e/ou irritabilidade; REVALIDA avaliando o conhecimento do candidato
aumento progressivo do hematócrito. As formas sobre a classificação do MS a respeito da dengue
graves da doença podem manifestar-se com ex- e as condutas relacionadas a essa norma. Nesse
travasamento de plasma, levando ao choque ou caso, temos um escolar com febre há 5 dias, acom-
acúmulo de líquidos com desconforto respiratório, panhada de cefaleia, dor retro-orbital, mialgia e rash
sangramento grave ou sinais de disfunção orgânica maculopapular, com prova do laço positiva e NS1
como o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o positiva. Não apresenta nenhum sinal de alerta
sistema nervoso central (SNC). As petéquias cor- (prova do laço é um sinal de sangramento induzido).
respondem ao sangramento espontâneo da pele e Assim, a classificação é do grupo B, cujas carac-
podem estar presentes no quadro de dengue, mas terísticas e condutas são: caso suspeito/confirma-
não são indicativas de gravidade. do de dengue, ausência de sinais de alarme, com
✔ resposta: D sangramentos espontâneos de pele (petéquias)
ou induzido (prova do laço positiva) ou que tenha
condições clínicas especiais e/ou de risco social ou
Questão 6 dificuldade: comorbidades. A conduta nesse grupo é: solicitar
exames complementares:
Y Dica do professor: A estratificação de gravidade,
a dengue se divide em quatro grupos: A, B, C e D. O • Hemograma completo, obrigatório para todos
grupo D representa a dengue grave e é caracteriza- os pacientes;
da por sangramento grave, disfunção orgânica ou • Colher amostra no momento do atendimento.
sinais de choque, como: taquicardia; extremidades
✔ resposta: C
frias, pulso fraco e filiforme, tempo de enchimen-
to capilar aumentado, PA convergente, taquipneia,
oligúria, hipotensão arterial, cianose e insuficiência Questão 8 dificuldade:
respiratória.
Y Dica do professor: Quadro clínico de febre associa-
Alternativa A: CORRETA. A oligúria é um dos sinais
da a exantema com artralgia difusa, que permane-
mais precoces de choque e caracteriza dengue
ce em mãos e pés após quatro semanas, deve nos
grave (grupo D).
fazer pensar em Chikungunya. O Chikungunya é um
Alternativa B: INCORRETA. A cefaleia persistente não arbovírus de RNA fita única pertencente ao gênero
constitui nem como sinal de alarme ou sinal de gra- Alphavirus, da família Togaviridae.
vidade da dengue.
Alternativa A: INCORRETA. Na artrite gonocócica o
Alternativa C: INCORRETA. Plaquetopenia por si só paciente abre o quadro com manifestações sis-
não constitui sinal de alarme ou gravidade, mas têmicas de febre alta, calafrios e lesões de pele,
sim uma queda abrupta ou plaquetopenia cursando acompanhadas de envolvimento poliarticular. As
com sangramentos. A exceção se dá para valores
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Dengue, zika e chikungunya Infectologia
lesões cutâneas ocorrem em 75% dos casos e têm É um dos quadros de acometimento articular com
preferência pelas extremidades, especialmente as o caráter mais intenso, sendo chamado de Artrite
mãos, apresentando-se como pústulas ou vesículas Explosiva também.
indolores, com base eritematosa, frequentemente Alternativa A: INCORRETA. O início dos sintomas ar-
com centros necróticos ou hemorrágicos. ticulares ocorre 1 a 2 dias antes do início da febre.
Alternativa B: INCORRETA. A artrite reumatoide é doen- A febre é de início súbito sendo concomitante ao
ça progressiva e seu curso é tipicamente intermiten- quadro articular.
te, marcado por períodos de remissão e atividade. Alternativa B: CORRETA. A presença de dor articular
Outra característica é que AR geralmente assume sem edema ou rigidez foi associada a maior pro-
a sua forma clássica, caracterizada por artrite si- babilidade de recuperação.
métrica de pequenas articulações das mãos e dos Alternativa C: CORRETA. Acomete grandes e peque-
punhos. Outro diferencial é que a doença tende a nas articulações e abrange com maior frequência
preservar as interfalangianas distais e as pequenas as regiões mais distais.
articulações dos pés.
Alternativa D: CORRETA. Os principais fatores de risco
Alternativa C: INCORRETA. A artrite reativa costuma para a cronificação são: idade acima de 45 anos,
cursar com um quadro de oligoartrite assimétrica significativamente maior no sexo feminino, doen-
de grandes articulações dos membros inferiores, ça articular preexistente e maior intensidade das
predominando em pacientes mais velhos e sendo lesões articulares na fase aguda.
geralmente precedida por uma infecção venérea
Alternativa E: CORRETA. A poliartralgia tem sido des-
(por Chlamydia trachomatis) ou gastrointestinal (por
crita em mais de 90% dos pacientes com chikun-
uma série de patógenos diferentes, como Shigella,
gunya na fase aguda. Essa dor normalmente é po-
Salmonella, Campylobacter e Yersinia).
liarticular, bilateral e simétrica.
Alternativa D: CORRETA. A fase aguda é marcada
✔ resposta: A
pelo início abrupto de febre alta de até 40º C, que
dura no máximo dez dias. Por volta do 2º ao 5º
dia, sobrevém um quadro de intensa poliartralgia,
que predomina em mãos, punhos e tornozelos.
O acometimento tende a ser simétrico e distal, e
em 30-50% das vezes o esqueleto axial também é
envolvido. O exame físico costuma revelar edema
periarticular, sendo os derrames sinoviais volumo-
sos menos frequentes. A dor articular associada à
chikungunya pode ser intensa e até incapacitante.
Queixas gastrointestinais e linfadenopatia são ou-
tras manifestações que podem ser encontradas.
✔ resposta: D
Questão 9 dificuldade:
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